nossos relatos, lembrando o quanto aprendemos a
cada segundo, a cada instante de convivência com
esses pequenos grandes alunos.
Só temos que agradecer a oportunidade desse
encontro.
MÚSICA
Prof Jean
Essa é a turminha que vem pela primeira vez à
escola e, nesse segundo semestre, continuaram
chegando novos alunos. Na verdade nos encontramos sempre diante do desafio de atender às demandas de cada criança na sua individualidade e ainda
deixá-las bem à vontade no novo contexto grupal. A
música possui esse poder socializante e aglutinador,
podendo provocar as mais diversas reações, indo da
mais arrebatadora euforia, passando pela espontaneidade da dança e do movimento, e podendo, por
que não, embalar uma ou outra criança até cair no
sono. O fato é que é impossível ser indiferente à
música. Notei maior disponibilidade para as brincadeiras de roda e brinquedos cantados – um reflexo,
talvez, do próprio amadurecimento da visão de grupo. Muitas vezes a roda se faz sozinha quando começamos a cantar Atirei o pau no gato, Ciranda Cirandinha ou a Linda Rosa Juvenil. O trabalho com
repertório continua sendo a tônica dos nossos encontros. A capacidade de aprender e cantar uma
canção, de reconhecer a sua letra e melodia, bem
como a incorporação do seu ritmo são alguns desdobramentos que procuramos com as crianças. Jacaré
tá na Lagoa com preguiça de acordar(...) Acorda,
jacaré! Bate palma, jacaré! Bate o pé, jacaré! Dá
uma voltinha, Jacaré! Joga beijinho, jacaré! A turminha, junto com toda a Pereirinha, está se preparando
para a apresentação de final de ano. Vamos ver o
que os pimpolhos irão aprontar!!
EXPRESSÃO CORPORAL
Profa Aninha
O semestre foi cheio de novidades. Em nossos
encontros semanais tentamos oferecer uma vivência
corporal de acordo com o interesse das crianças,
estimulando sua movimentação e coordenação motora de forma lúdica e criativa.
Atividades preferidas foram repetidas, dando
oportunidade a realização novos desdobramentos a
partir de estímulos já conhecidos. Os que chegaram
no segundo semestre foram, aos poucos, entendendo a dinâmica das aulas, participando cada vez mais
ativamente, estimulados pelos colegas que já demonstravam intimidade com as atividades propostas.
Através da observação, percebiam gestos e movimentos com olhos de surpresa e curiosidade e, em
seguida, manifestavam seu desejo de participar,
mostrando que estavam à vontade para ousar com
movimentos corporais de acordo com suas possibilidades.
Brincadeiras cantadas, imitações de bichos,
gestos de ninar ou falar ao telefone, já fazem parte
do ritual de integração das crianças.
Os materiais são sempre utilizados. O túnel de
pano e a sensação de atravessá-lo pela primeira
vez, vendo no final do “escurinho” um rosto familiar,
é um desafio para todos. Depois da primeira experiência, a sensação gostosa de ficar lá dentro sozinho
ou com um amigo, no “quentinho” “como se fosse a
barriga da mamãe”, a vontade era repetir inúmeras
vezes. Cambalhotas são requisitadas e executadas
por algumas crianças com uma alegria vibrante,
especialmente quando da primeira vez. Outros preferem utilizar os colchões para rolar estirados de um
lado para o outro. A cama elástica, os bolões, bambolês e pranchas de equilíbrio são freqüentemente
dispostos de modo a oferecer um circuito de movimento que estimula o desenvolvimento motor das
crianças. O equilíbrio, a força do impulso e as estratégias de deslocamento e orientação espacial, são
descobertas na hora de passar por cima ou por baixo
dos obstáculos que compõem estas propostas. Os
baldinhos de andar também já são experimentados
por todos os alunos que conseguem subir e ficar
equilibrados por bastante tempo. Alguns já ensaiam
alguns passinhos.
Essas experiências estimularam o desenvolvimento de sua linguagem corporal, imprescindível
para se comunicarem com o mundo e adquirirem
autonomia e autoconfiança.
Relatório do Segundo Semestre 2001
Educação Infantill
Rua Capistrano de Abreu, 29 - Botafogo
Rua Cesário Alvim, 15 - Humaitá
Tels.: 2535-2434 / 2527-6234
www.sapereira.com.br
Turma da Pulguinha, do Esquilo e do Cavalo / Profa Erika
No reinício das aulas, uma surpresa: a turma
cresceu! Chegaram Maria Eduarda, Ana Carolina,
Laura, Antônia, e, um pouquinho depois, Pedro e
Dora.
Num primeiro momento, passamos por um
processo parecido com o semestre anterior. A nova
turma precisou de um tempo para dispensar a presença dos pais e, aos poucos, construir um vínculo
afetivo com os professores e as outras crianças. Seu
desafio: estar em um novo ambiente sem as referências de casa. Ultrapassar a insegurança e conquistar
maior independência para realizar as tarefas cotidianas fazendo parte de um grupo, o que é bem diferente do dia-a-dia em família.
O grupo formado desde o início do ano já estava entrosado e integrado dentro do espaço escolar.
Rosa, Júlia, Letícia, Helena, Maria Rita e Bento itnham toda uma história vivida e agora precisavam
superar o ciúme de ter que dividir seu espaço, suas
professoras, seus brinquedos e seus amigos com
outras crianças.
Como acolher com carinho os novos integran-
tes da turma, atender às solicitações dos pais novos
e, ao mesmo tempo, garantir a tranqüilidade e o
afeto aos nossos antigos alunos?
Para agilizar a rotina e melhorar o nosso atendimento, ganhamos mais uma auxiliar na turma: a
Rose. Restringimos a presença dos pais novos ao
horário de entrada (no pátio) e combinamos que,
depois desse tempo, eles permaneceriam em outro
local. Assim, asseguramos a tranqüilidade dos novos
e também o espaço dos antigos. Mantivemos a estrutura da rotina: conservamos os horários, as salas
e as atividades do mesmo jeitinho de sempre.
Nas atividades diárias procuramos incentivar a
integração das crianças. Além das brincadeiras coletivas já conhecidas, acrescentamos a "Batatinha
Frita 1,2,3", o "Esconde-esconde" e "Dois patinhos
na lagoa" que é feita em dupla. Aumentamos o repertório e a freqüência das brincadeiras de roda. Um
rodão, por sinal, contando com a participação de
todos! Convidamos os alunos que já estavam familiarizados com o ambiente para serem nossos ajudantes na organização e arrumação das salas e na dis-
tribuição dos materiais. Procuramos, ainda, incentivar o contato e a troca entre as crianças em todos os
momentos do dia: levar a mamadeira para um colega, pegar o papel para assoar o nariz do amigo,
descer do escorrega no colo do outro, dar as mãos
para irem juntos à sala do lanche, cantar a música
da pipoquinha para alguém pular na cama elástica...
Assim, fomos rearrumando o espaço e o tempo
para construirmos uma nova história. Nesse movimento de integração, uma música ficou muito forte
no grupo: "A pulguinha". A qualquer hora do dia, em
qualquer lugar da escola, quando começamos a
cantar: "Mas eu estava dormindo quando algo aconteceu..." Imediatamente todas as crianças se deitam
no chão. Seja na cozinha, no meio do corredor, ou
durante o lanche, como num desmaio coletivo, todos
se aquietam, imóveis, aguardando a próxima estrofe:
"Veio uma pulguinha e a danada me mordeu! Pula
pulguinha. Pula danada. Pula pulguinha. Essa pulguinha é assanhada." A partir daí, como num conto
de fadas, de repente todos despertam, eufóricos,
pulando sem parar e gargalhando durante a cantoria.
Tinha que ser Turma da Pulguinha o nome dessa
turminha, não é mesmo? E foi. Só que, enquanto
escolhíamos um nome, apareceram outras idéias. E
para esses pequenos, não tem muito essa história
de é esse ou aquele. Tem que ser esse e aquele.
Por isto, somamos todas as idéias e incorporamos
os esquilos, vistos no passeio ao Jardim Botânico, e
o cavalo do "Upa, upa, cavalinho", tão dançado e
curtido na festa junina, nas aulas do Jean e no pátio.
Nos tornamos a Turma da Pulguinha, do Esquilo e
do Cavalo.
No nosso primeiro projeto, "Minha casa e minha
escola", tentamos formalizar e estender, para todas
as crianças, algo que já estava acontecendo. Trazer
objetos de casa e mostrar, brincar, trocar, emprestar
e experimentar as novidades dos amigos.
Todos trouxeram bonecos. As roupinhas, fraldas, mamadeiras, chapéus... tudo era observado,
mexido e remexido pelas crianças, que em poucos
dias já sabiam de quem era cada um deles. De manhã cedo, quando um colega chegava à escola, todos corriam para entregar seu boneco e imediatamente começava uma divertida brincadeira de "fazde-conta". No início, era um tal de "É meu! É meu!" E
um puxava daqui, outro puxava de lá. Depois, o nosso incentivo e o interesse pelo boneco do vizinho
permitiram alguns momentos de troca: – "Cuida do
meu bebê prá eu subir no escorrega, cuida?" Pedidos de ajuda ao amigo para tirar uma camiseta ou
calça e também alguns empréstimos, só para dar
uma voltinha pelo pátio. Cafezinho, mingau, feijão,
bolo, sorvete, tudo era servido com muito carinho.
Depois, embalados em canções de ninar, adormeciam nos braços de "mamães" e "papais" zelosos.
Muitas vezes, tomavam banho de chuveiro, onde
eram ensaboados com bastante espuma para ficar
bem cheirosos. Também brincavam de esconder e
de roda. Uma companhia e tanto! Quando chegaram
os lençóis e os travesseiros de casa, a farra foi completa! Além de esconde-esconde naquele monte de
pano, uma boa preguiça uniu a criançada e a
"bonecada" pelos colchonetes do salão, ao som do
Cd "Acalanto", de Bia Bedran. No final da atividade,
a turma ajudava a colocá-los na caixa para dormir
até o dia seguinte.
Construímos uma grande Calanga (boneca feita
de cabaça, cabo de vassoura e jornal) e também
fizemos a silhueta do corpo de cada criança. Colocamos olhos, boca, nariz, cabelo... Um trabalho que
durou muitos dias e encheu os pequenos de alegria
ao verem suas imagens de certa forma, reproduzidas
no papel . Foi um processo de muitas descobertas.
Um dia, Júlia terminava de pintar nas mesinhas
do pátio e ao me ver recortando algumas silhuetas
no chão, perguntou: – “Essa é a Júlia?" e diante da
resposta afirmativa, exclamou: –" Que linda!" Em
seguida, dirigiu-se para a caixa de papéis de secar
mãos, rasgou um pedacinho, fez uma bolinha e perguntou: –”Eu posso botar um umbiguinho nela?"
Satisfeita com seu feito, ajudou alguns colegas interessados a colocarem também em seus bonecos.
Nos pratos para comida, também trazidos de
casa, muitos se orgulhavam de dar suas colheradas
com suas próprias mãozinhas na hora do almoço.
Isto incentivou os menores a fazerem o mesmo.
Assim, no final do ano, boa parte da turma já se
mostrava mais independente.
O grupão reunido gosta muito de ouvir histórias.
E nesses momentos se concentravam bastante.
"Quem tem medo do lobo?", "Que bicho será que
botou um ovo?", "O Almoço" e " o Barquinho" foram
as preferidas. Havia até um revezamento: um dia a
professora contava, no outro, apenas virava as páginas para que os alunos narrassem. Acontecia ta mbém de uma criança pegar o livro e fazer o relato
para um ou dois colegas interessados. Esse universo
da invenção e da imaginação também foi vivenciado
através das fantasias e adereços vestidos na biblioteca. Super-homem, bruxa, sereia se alternavam
com a caracterização de personagens do cotidiano.
Com sapato alto, bolsa a tiracolo, colares e chapéu,
se fantasiavam também de mãe, de pai, de professora. Passavam horas em frente ao espelho experimentando gestos, falas, poses e caretas.
Ao longo do semestre, a turma cresceu. E não
foi só no tamanho, não. A criançada amadureceu.
Muitos passaram a organizar as brincadeiras e a
cantar para o grupo dançar. Nas atividades de artes,
já corriam para forrar a mesa com jornal, distribuíam
pincéis e reclamavam quando o nome de algum
aluno não estava escrito no papel. Alguns já freqüentavam o banheiro e muitos reconheciam e pegavam
seus potes de lanche sozinhos. A turma ampliou
suas possibilidades de cuidar de si e de seus colegas.
Um dia, na hora da saída, Helena e Duda disputavam um cachorro de brinquedo. Depois de nossa intervenção, Rosa se aproximou de Helena e
falou: –”Não machuca a Duda não, que ela chora,
tá?" E em seguida dirigiu-se para Duda e disse: –
”Não briga com a Helena não que ela fica triste, tá
bom?"
Em outra ocasião, Letícia chegou com dois
bichinhos de plástico nas mãos e sentou-se para
desenhar. Passado algum tempo, ela deu um para
sua amiga e falou: –”Eu emprestei a camela prá
Heleninha." E soltou uma gostosa gargalhada.
Naturalidade, tolerância e parceria são preciosidades que vão além das palavras. Como diz Drummond : "Amar se aprende amando". E viver só se
aprende convivendo. Mesmo pequenino, no contato
com o outro, tem-se a oportunidade de lidar com os
sentimentos de ciúme, raiva, frustrações e também
despertar cooperação e solidariedade; cultivar a
amizade.
E, assim, nossos filhotes vão crescendo e nos
surpreendendo. Não são mais nossos, são do mundo. Não aprendem apenas o que lhes ensinamos,
mas o que a vida lhes proporciona e o que cada um
busca e conquista.
É sempre com muita emoção que fechamos
Download

Turma da Pulguinha, do Esquilo e do Cavalo