ATUALIDADES
Ano:
Nos últimos dias tem-se evidenciado através dos meios de comunicação a crise envolvendo a Ucrânia e a Rússia. O
assunto requer nossa atenção, pois é muito rico em informações e traz novamente à tona as relações Oriente/Ocidente, que
nos remete a um tempo recente, a Guerra Fria, envolvendo EUA e URSS. Para melhor entendimento da crise atual, vamos
conhecer os envolvidos, e posteriormente o seu desencadeamento.
Crimeia
A Crimeia localiza-se no sudeste da Ucrânia e foi parte da Rússia até 1954, quando o então dirigente soviético Nikita
Kruschev decidiu "dá-la de presente" à Ucrânia em gesto simbólico de amizade. Assim, a Crimeia tornou-se parte da Ucrânia, apesar de possuir certa autonomia. Sua população é de maioria étnica russa, o que faz com que esses russos ou seus
descendentes queiram anexar-se à Rússia, deixando de fazer parte da Ucrânia. A região abriga muitos militares russos aposentados, e fica geograficamente distante de Kiev (capital da Ucrânia). A península da Crimeia é um ponto estratégico para
os russos, porque eles têm lá uma base naval importante situada em Sevastopol, onde está a maior parte da sua frota. O
Mar Negro constitui-se em uma espécie de trampolim em direção ao Sul, ou seja, para o Mar Mediterrâneo e Oriente Médio.
Ucrânia
A Ucrânia é um país que resultou do desmembramento da União Soviética. Situa-se em uma posição estratégica na
fronteira entre a Europa e a Rússia, entre o Ocidente e a Ásia, estabelecendo laços econômicos com a Rússia e a União
Europeia. Recentemente, tentativas de acordo para estreitar as relações com a EU aumentaram a tensão com a Rússia. A
Ucrânia possui um amplo território e é um grande produtor de grãos, açúcar e minerais não ferrosos. O país está entre os
maiores exportadores de grãos do mundo. Mas, apesar disso, atualmente a Ucrânia precisa de empréstimos urgentes para
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evitar a sua falência estatal, pois vive uma crise econômica e política. O país, desde o colapso da União Soviética em 1991,
tem estado dividido entre leste e oeste, o que se reflete na língua e na cultura. No sul e leste do país, o russo é o idioma
mais falado. No centro e oeste e em regiões próximas a Europa, o ucraniano é a língua principal e existe muita identificação
com a Europa central.
Rússia
A Rússia estende-se por grande parte da Ásia (norte) e Europa (leste), sendo o maior país do mundo em extensão territorial. Possui o maior arsenal nuclear do mundo e o maior número de armas de destruição em massa. Encontra-se entre as 10
maiores economias do mundo, sendo responsável por 20% da produção mundial de gás natural e petróleo. A Rússia, depois
da queda da União Soviética, vem tentando estabelecer uma economia de livre mercado. Em 1998 sofreu uma grave crise,
na qual o rubro (moeda oficial) desvalorizou e causou sérios problemas à população. Em maio de 2012 assumiu a presidência
da Rússia Vladimir Putin, e o PIB do país voltou a crescer, com taxas médias de 6% ao ano; entretanto, a economia é ainda
extremamente dependente da exportação de petróleo, responsável por cerca de 80% das exportações do país.
A crise
As manifestações na Ucrânia tiveram início em novembro
de 2013, quando o governo do presidente Viktor Yanukovich
desistiu de assinar um acordo de livre-comércio e associação
política com a União Europeia. Diante dessa desistência do
governo e da intenção de manter-se aliado da Rússia, parte
da população pró-ocidente foi às ruas protestar contra a decisão, o que resultou em manifestações violentas, e uma forte
repressão por parte do governo que levou à morte muitos
civis. As manifestações culminaram em fevereiro de 2014 com
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o afastamento de Yanukovich da presidência pelo parlamento
do país. Yanukovich foi eleito democraticamente em 2010, mas
a população ucraniana está cada vez mais insatisfeita com a
dependência ucraniana em relação a Moscou e com o excesso
de poder que o presidente concentra em suas mãos. Nesse
contexto, a oposição ucraniana assumiu o governo.
A saída do presidente Yanukovich fez com que manifestações
em favor da Rússia ocorressem na Crimeia (aliada de Moscou).
O parlamento local foi tomado por um comando que instituiu
sua independência e posterior anexação
à Rússia.O governo não é considerado
legítimo pelas forças internacionais e pelo
governo da Ucrânia. Com as tensões,
a Rússia enviou tropas para a Crimeia,
dominando bases militares e aeroportos.
O presidente Vladimir Putin justificou sua
atitude alegando estar defendendo os
interesses e a segurança dos cidadãos
da Crimeia e também da Ucrânia.
O parlamento da Crimeia realizou
em 16/03/14 um referendo popular que
resultou em mais de 95% da população
votando pela anexação à Rússia e a
consequente separação da Ucrânia.
União Europeia e EUA manifestaram-se
contrários ao referendo e não reconhecem sua legalidade.
A Rússia e a Crimeia assinaram dia
18/03/14 um tratado de anexação da península ucraniana à Federação Russa.
Vladimir Putin declarou na oposição que
"A Crimeia sempre foi parte da Rússia
nos corações e mentes das pessoas."
Prometeu também defender os direitos
da Rússia na região, criticou o novo
governo ucraniano e disse não temer
sanções internacionais.
No dia 21/03/2014 Vladimir Putin
tornou a Crimeia oficialmente parte
do território russo, assinando a lei de
anexação. Após a anexação formal, foi
anunciada a suspensão do desconto
fornecido para a Ucrânia na compra de
gás em troca do aluguel da base de sua
frota no Mar Negro.
Reação do mundo a crise
Depois de Moscou anexar a Crimeia (março/2014), o Ocidente impôs sanções à Rússia relacionadas à proibição de
vistos para algumas autoridades e oficiais da Rússia e da Crimeia, banindo a entrada em seus territórios. Existe, porém, a
possibilidade de serem impostas sanções mais duras contra a economia russa caso Moscou envie mais tropas à Ucrânia.
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Em entrevista à revista alemã Focus em 02/04/14, o
secretário-geral da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), general Andres Fogh Rasmussen, declarou que:
“Ao cometer esses atos, a Rússia abalou nossa parceria
e foi contra seus próprios engajamentos internacionais.
Não podemos continuar como se nada tivesse acontecido”,
referindo-se à anexação da Crimeia ao território russo.
Argumentou ainda que: "Tememos que não seja o suficiente para ele (Putin). Tememos não estarmos lidando com
um pensamento racional e sim com emoções, o anseio de
reconstruir a antiga esfera de influência da Rússia em sua
vizinhança."
Em contrapartida, a Rússia acusou a OTAN de usar a
linguagem da Guerra Fria ao suspender a cooperação com
Moscou: "A linguagem dos comunicados se assemelha às
disputas verbais da era da 'Guerra Fria'", disse o porta-voz
do Ministério das Relações Exteriores russo Alexander
Lukashevich em comunicado.
Esse assunto com certeza não acaba aqui, terá continuidade; por isso precisamos ficar atentos a todas as notícias referentes a ele.
Para o vestibular, algumas dicas de como explorar esse assunto:
• Conflitos Estados Unidos e Rússia;
• A anexação da Crimeia à Ucrânia em período significativo da Guerra Fria em 1954;
• O memorando de Budapeste;
• Ucrânia: situação do país após queda da União Soviética;
• Comunidade dos Estados Independentes (CEI);
• A perda da influência da Rússia no contexto mundial e a possível tentativa de recuperá-la, garantindo a primazia de
poder e influência sobre seus vizinhos. Putin teme que as vantagens do capitalismo atraiam os países que ele considera
satélites da Rússia.
Algumas questões relacionadas ao tema:
01)(UFLA/MG) A charge abaixo demonstra o clima tenso e as condições de desgaste geradas
entre dois países em determinado contexto
histórico recente. Indique a alternativa que
nomeia corretamente o período em questão.
(FONTE: História para o Ensino Médio: história geral e
do Brasil: volume único. São Paulo: Scipione, 2001 (série
parâmetros. p.519)
a)O período em atenção é a Guerra do Golfo.
b)A ilustração indica a rivalidade entre Aliados
e Nazistas na 2ª Guerra Mundial.
c)Indica a chamada "Invasão da Baía dos
Porcos", em Cuba.
d)Trata-se da Guerra Fria.
e)A charge ironiza as rivalidades existentes
entre diversos grupos étnicos no leste europeu.
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02)Qual das opções a seguir apresenta características da República
Soviética da Ucrânia?
a)Pequena ocupação humana, numa fase de ocupação por frentes
pioneiras. Conflitos opondo cristãos e muçulmanos. Jazidas de
petróleo e cultivo de cana-de-açúcar.
b)Relevo montanhoso de formação recente. Importantes recursos
minerais como o cobre e a bauxita. Cultivo do algodão.
c)Solos pobres. Presença de dobramentos antigos. Baixas densidades demográficas e pequena produção agrícola.
d)Solos ricos de "terras negras". Importante atividade agrícola,
principalmente de cereais. Diversificação industrial ligada às
jazidas minerais de ferro e carvão.
e)Grande diversidade étnica. Importância da criação e da pesca.
Grandes portos, no mar Báltico, relacionados ao comércio exterior.
03)Depois de um período inicialmente conturbado, as antigas repúblicas da ex-União Soviética formaram um bloco denominado
Comunidade dos Estados Independentes. Essa nova composição
do espaço estratégico ex-soviético tende a
a)dar início a outro período da Guerra Fria, opondo esta Comunidade ao Bloco da União Europeia.
b)se reagrupar em torno da Rússia, que ainda mantém a liderança
econômica e geopolítica sobre a região.
c)excluir a Rússia, uma vez que esse país, mergulhado em crises
econômicas, deixou de exercer a tradicional liderança.
d)excluir a Rússia, pois com os atuais conflitos étnicos enfrentados pelas antigas repúblicas não é mais possível qualquer
associação com aquele país.
e)se isolar do restante da Europa, para preservar a identidade
étnica e impedir a penetração de capitais transnacionais nas
economias ainda em crise.
04)Considerando a Rússia na nova ordem mundial, assinale a opção incorreta:
a)Tem uma economia mais significativa que a dos países emergentes, igualando-se aos países centrais
no setor industrial e tecnológico.
b)Acumulou-se um extraordinário arsenal nuclear ao
longo dos anos, capaz de destruir várias vezes a
Terra.
c)A crise russa gerou impacto nos mercados emergentes e redirecionou os interesses das finanças
internacionais.
d)Os reflexos da instabilidade econômica refletem-se
nas bolsas de valores e geram turbulências em
países centrais e periféricos.
e)Passa por graves transformações políticas e seus
programas governamentais têm dificuldade de atender às necessidades da nação.
1)Com a crescente interdependência entre as economias, a questão é concorrer e, ao mesmo tempo, se
associar, crescer conjuntamente, pois a crise em um
lugar pode afetar outros. Por esse motivo, a disputa
atual não mais consistiria em produzir armamentos
ou anexação de novos territórios (seja militar ou ideologicamente, como na época da Guerra Fria), e sim
produzir mais e melhores bens e serviços, ampliando
a produtividade, o nível tecnológico e educacional e
o padrão de consumo de toda a população.
2)Inexistem relações no papel da mídia com a política
internacional pelo fato de as sociedades avançadas
pouco utilizarem os meios de comunicação como um
instrumento de estratégia militar.
3)Nada indica que a guerra militar acabou ou sequer
que ficou menos frequente no mundo pós-Guerra Fria.
Mas existem inúmeras evidências que sinalizam mudanças nos seus objetivos e na sua estratégia, como
concepção de inimigo, armamentos, preparação dos
soldados e logística.
4)No mundo pós-Guerra Fria, os conflitos não são mais
ideológicos e nem mesmo econômicos, mas fundamentalmente culturais. A exemplo disso, podem-se
destacar os princípios da civilização ocidental contra
a islâmica, e esta contra a hinduísta.
05)(Puccamp-SP) Considere o mapa com os limites e
as expectativas da parte europeia da antiga União
Soviética:
Com a desintegração da União soviética, no final de
1991, muitas das repúblicas que a constituíam associaram-se à Comunidade de Estados Independentes
(CEI), exceto as assinaladas no mapa com os números:
a)1, 2 e 3.
b)1, 3 e 5
c)2, 4 e 6
d)5, 7 e 9
e)6, 8 e 9.
06)“Afinal, quem tem razão? Os conflitos mundiais na atualidade são caóticos, sem lógica, ou direcionam-se no
sentido da progressiva implementação da democracia
liberal em todo o globo? Ou eles são essencialmente
competições econômicas, envolvendo Estados e/ou
megablocos? Ou eles seriam antes de tudo choques
culturais, confrontando diferentes civilizações? Ou ainda, não permaneceriam basicamente enfrentamentos
militares como sempre foram, ou seja, a força bruta é
que determina em última instância quem domina uma
região do mundo ou todo o globo?”.
(VESENTINI, José William. Novas geopolíticas. São Paulo: Contexto,
2000. p.111).
O enunciado anterior coloca-nos alguns questionamentos sobre as origens dos conflitos mundiais. A
partir disso, analise as afirmativas a seguir e assinale
a alternativa que condiz com sua análise.
Assinale a alternativa considerada verdadeira.
a)Apenas as afirmativas 1, 2 e 4 estão corretas.
b)Apenas a afirmativa 3 está correta.
c)Apenas a afirmativa 4 está correta.
d)Todas as afirmativas estão corretas.
07)Os conflitos na Ucrânia que ocupam os noticiários
recentemente são o resultado de uma divisão interna
histórica no país acirrada pelo abandono de um acordo
de associação à União Europeia (UE) e de manutenção
das tradicionais relações com a Rússia. A desistência
do governo em se aliar à UE levou milhares de pessoas
às ruas. As manifestações foram reprimidas pelo Estado
com violência, e o número de mortos aumenta a cada
dia.
Sobre o conflito na Ucrânia é correto afirmar que:
I. conforme o Memorando de Budapeste, de 1994, os
EUA, o Reino Unido e a Rússia comprometeram-se
a garantir a independência e as atuais fronteiras da
Ucrânia. Em troca, a Ucrânia concordou em assinar
o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares,
desmantelando seu arsenal nuclear herdado da União
Soviética.
II. A Rússia anexou a Crimeia, que fazia parte da Ucrânia, após referendo popular realizado em 16/03/14
com cerca de 95% da população votando pela anexação à Rússia e a consequente separação da Ucrânia.
União Europeia e EUA manifestaram-se contrários ao
referendo e não reconhecem sua legalidade.
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III.A Ucrânia situa-se numa posição estratégica na fronteira entre a Europa e a Rússia, entre o Ocidente e a Ásia, estabelecendo laços econômicos com a Rússia e a UE.
IV.Estabeleceu-se na Ucrânia como legado do fim da Guerra Fria uma divisão. De um lado é representada pelos manifestantes que pedem o estreitamento das relações do país com a UE, e outro é representado pela população com
vínculos fortes com a Rússia, tanto étnica como culturalmente.
Assinale a alternativa correta:
a)I, II e III
b)III e IV
c)I, II, III e IV
d)II e III.
08)Observe a charge abaixo e responda:
A charge nos remete à crise atual entre Rússia e Ucrânia, na qual se evidencia o interesse da Rússia pela Crimeia. Assinale abaixo as alternativas que justifiquem os motivos da anexação da Crimeia pela Federação Russa:
I. A Crimeia é um ponto estratégico para os russos, pois eles têm lá uma base naval importante situada em Sevastopol,
onde está a maior parte da sua frota.
II.A península da Crimeia possui posição estratégica para acesso ao Mar Negro constituindo-se em uma espécie de
trampolim em direção ao Sul, ou seja, para o Mar Mediterrâneo e Oriente Médio.
III.A anexação de antigos países pertencentes à URSS, na tentativa de reafirmar o poder da Rússia e seu fortalecimento
em oposição à União Europeia. O presidente russo nunca ocultou que, segundo ele, a desintegração da URSS foi "o
maior desastre político do século passado".
Pela análise das afirmativas, conclui-se que somente está(ão) correta(s):
a)as alternativas I e II.
b)as alternativas II e III.
c)apenas a alternativa I.
d)todas as alternativas.
GABARITO
Exercícios
01)D
02)D
03)B
04)A
05)A
06)B
07)C
08)D
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