Série: “FOME DE DEUS”
Grupos Pequenos Batista Gênesis
Autor: Pr. Harry Tenório
Lição 9 – NOS ALTOS E BAIXOS DA VIDA
Texto:
(Salmo 42.2) – “A minha alma tem fome de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e estarei na
presença de Deus?”.
____PONTO SALIENTE
A vida não demarca os momentos de alto risco, mas Deus sempre nos estende a mão para que possamos
vencê-los.
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OBJETIVOS DO ESTUDO
Aprender a olhar para Deus e não para o problema nas horas de crise.
Alimentar a alma de esperança é o que nos leva a vitória.
Descobrir Deus nas crises, para sair de um ponto baixo na vida e alcançar pontos altos.
Comentário
O Salmo 42 nos traz uma experiência fantástica de vida. Sua música é parte integrante de uma oração
feita por um exilado. Na hora que compôs este Salmo estava com o coração esmagado pela saudade,
pela falta de oportunidade de adorar a Deus da forma livre e em comunidade como acontecia quando
estava na sua pátria.
Em seu conteúdo o Salmo apresenta uma característica marcante, e ela é aquela que muitas vezes
embora tenha certeza de que Deus está cuidando de tudo, muitas vezes eu tenho a sensação de estar
sozinho. Nestes momentos uma pergunta incidente arde no nosso coração: “Por que Deus me
abandonou em uma hora tão difícil?” Esta angústia foi sentida pelo próprio Jesus quando estava sendo
sentenciado de morte por estar carregando sobre si os pecados da humanidade (Mt 24.46).
Na nossa experiência de vida, como acontecia com o Salmista, muitas vezes passamos por caminhos,
perdas, sofrimentos que parece não haver razão de existir. Estas coisas acontecem porque estamos
passando por aqui para ser preparados para uma vida eterna na presença de Deus. Estas experiências
dolorosas só são compreendidas se entendermos o que Deus está desejando gerar em nós quando
através delas. O Jó nos dá um indício de como entendermos estas circunstâncias, quando diz: (Jó 42.5) “Antes te conhecia de ouvir falar, mas agora os meus olhos te veem”. Ele justifica o lado positivo da
crise, do momento ruim e das angustias que havia passado. É como ele estivesse afirmando: “De todo
não foi ruim, saí ganhando muito com o que passei”. Você consegue enxergar os benefícios que as
crises pelas quais passamos produzem na sua vida? Poderíamos fazer uma pausa aqui para pensarmos
em quantos e quais benefícios as crises nos permite vivenciar? Sim, porque somos tendenciosos a pensar
que só existem coisas ruins a serem garimpadas dos momentos sofridos. Não podemos esquecer o que
acontece com a ostra. Acidentalmente um dia ao abrir a concha um grão de areia se infiltrou produzindo
um terrível desconforto, e ela para resolver o problema fabrica uma pérola de alto valor em volta do grão
de areia. A superfície da pérola não é áspera nem rugosa, assim ela resolve um problema enorme
produzindo uma joia muito cobiçada. Deveríamos fabricar pérolas em volta das experiências que nos
causam dor.
O início do Salmo é bastante poético, pois o Salmista usa a figura alegórica da corça correndo na direção
das águas para saciar sua sede. Ao afirmar que sente uma necessidade da presença de Deus equivalente
a que sente a corça ao buscar água, ele nos permite basicamente duas reflexões:
1. Precisamos descobrir onde encontrar Deus nos momentos sofridos, porque só assim suportaremos
a dor intensa. Até parece que Ele se esconde nestas horas para testar nossa resistência.
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2. O sentimento da ausência de Deus não deve produzir revolta ou indignação, senão que deve nos
instigar a procura-lo a todo custo como a corça busca água quando sente sede.
A ansiedade de estar na presença de Deus durante aquela crise pela qual passa, revela que sua alma
está cheia de vigor. O grande rei Salomão nos ensinou assim em seu livro de Provérbios 24.10 – “Se te
mostrares fraco no dia da angústia, é que a tua força é pequena”. Ele não permite que sua alma viva
depressiva, estagnada apenas por estar exilado vivendo a fase mais difícil da sua vida. Se crises vividas
na presença de Deus são difíceis de ser suportadas, imaginem na ausência dele? Quando estamos em
comunhão com Deus nas horas difíceis, a nossa alma fica estável. Mesmo que estejamos na igreja, sem a
presença de Deus em horas ruins a nossa alma se angustia. Está aqui uma explicação para tanta angústia
sem explicação na vida das pessoas.
A sensação de exílio, de estar vivendo fora do seu habitat ideal é experimentada por todo cristão que vive
sua experiência cristã pensando no dia que irá vencer a morte e ir morar no céu. É como se não fôssemos
deste mundo, como de fato não somos.
A expressão “minha alma” não quer dizer, aqui, apenas a parte espiritual do escritor. É uma figura usada
para representar o homem todo. Assim, ele anseia por Deus de todo coração, com todas as forças. E não
se satisfaz com o que tem. Deseja sempre mais – por isso, seu desejo será coroado no encontro futuro
com Deus: “Quando irei e me verei diante de Deus?” Ele olha para o futuro e revigora sua alma na
certeza de que dias melhores virão.
Entretanto, ele também olha para as circunstâncias problemáticas ao seu redor, pois atravessa um ponto
baixo da vida, e diz (v.3): “As minhas lágrimas se tornaram pão para mim dia e noite”. Essa é uma
descrição terrível. Em primeiro lugar, revela a intensa tristeza do autor do salmo, a ponto de se desfazer
em lágrimas. Em segundo lugar, ele não conseguia se alimentar direito, como se um fastio tivesse tomado
conta da sua alma, tamanha sua tristeza. Era como se seu pranto fosse o alimento dos seus dias. Que
aflição profunda! E o que causaria tamanho desgosto?
1. “Em dizerem para mim o dia todo: Onde está o teu Deus?” O texto não revela a dor de um
exilado. O escritor do salmo era zombado pelos outros por algum sofrimento que perdurava. Tudo
leva a crer que era, também, acusado de ter sido abandonado pelo Deus a quem servia. Isso, pelo
visto, o abateu sobremaneira.
2. Ele se volta ao passado, e diz com saudosismo: “Sinto uma dor no coração quando lembro que
no passado ia com a multidão para a casa de Deus louvar e adorá-lo”. Vivendo agora em
terras estrangeiras, longe do lugar onde todos adoravam ao Deus verdadeiro, ele permite que seu
coração sinta a dor da falta deste hábito. Porém, uma coisa boa está acontecendo, ele conta para
Deus que sente saudade de adorá-lo nestas circunstâncias.
A recordação do louvor a Deus, do culto no Templo, da alegria da multidão por servir ao Senhor e do papel
que exercia de promotor de um culto verdadeiro fez com que o salmista, mais uma vez, fosse transportado
a um ponto alto da sua vida.
Apesar do bom momento, seus olhos voltam para o presente e o que ele contempla é um homem abatido
pelo peso das circunstâncias. Ele se pergunta (v.5): “Por que a minha alma se abate?” Ele se sente
sobrecarregado a ponto de encurvar-se diante das agruras que enfrenta. O v.7 dá conta de que, apesar de
tentar por todos os meios se livrar do mal, ele sente que está caminhando “de abismo em abismo, como se
fosse atropelado pelas correntezas destruidoras das experiências dolorosas da vida: “Todas as tuas vagas
e tuas ondas passaram sobre mim”. É como se estivesse se afogando sem forças para resistir por mais
tempo.
Porém, mais uma vez o humor do salmista sai do fundo do poço, e vencendo a tristeza sobe até o céu de
esperanças. Se há pouco ele declarou chorar dia e noite, agora afirma (v.8): “Que me mostres todos os
dias o seu amor. Durante a noite eu lhe canto louvores e oro ao Deus que me dá vida”. Que
transformação!
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As lágrimas que alimentam o salmista são convertidas em estrofes de cânticos de louvor e em declarações
de confiança e esperança naquele que é poderoso acima de todos os males que afligem seus servos. A
impressão que se tem desse ponto do salmo é que, não importa o que aconteça, o salmista está pronto
para enfrentar todas as lutas tendo à mão a fidelidade do Senhor para protegê-lo como um escudo.
Entretanto, uma nova linha do salmo é escrita. Por meio dela percebemos o escritor novamente abatido,
escrevendo do fundo do vale da tristeza. Ele pergunta a Deus (v.9): “Por que se esqueceste de mim?” É
de surpreender que ele faça tal pergunta à pessoa sobre a qual declarou ser fiel todos os dias. Não é,
claro, gratuita a mudança de ânimo. Ele se vê ainda sobrecarregado, conforme diz, (v.10) “até os meus
ossos envelhecem quando os meus inimigos perguntam: Onde está o teu Deus?”. Esta frase
misteriosa parece indicar que as zombarias e ataques por parte dos homens que o perseguem o atingiram
profundamente como se, com um barulho ensurdecedor, lhe abalassem os ossos e lhe tirassem a
capacidade de permanecer de pé.
Sua conclusão é a de um homem dividido entre a opressão que sente e a confiança que tem. Ele escreve
(v.11): “Por que a minha alma se encurva? E por que se agita contra mim? Espera em Deus, pois
ainda o louvarei, o meu salvador pessoal e meu Deus”. O salmista sofre, mas ministra uma palavra de
cura para sua alma claudicante, e agora confia.
À primeira vista, parece se tratar de um salmo cheio de contradições. Ou melhor, que o próprio salmista é
contraditório e, talvez, uma pessoa instável. Mas, na verdade, não há contradições. Deus não era fiel em
um dia e infiel no outro. Também a situação não era boa em um dia e ruim no seguinte. O que parece
mudar ao longo da experiência do salmista é a perspectiva com que ele vê os acontecimentos. Quando ele
olha para os problemas, deixa-se abater e vive um momento baixo da vida, em meio à angústia e às
incertezas. Mas, quando olha para Deus, vive um ponto alto por saber que Deus é maior que as
circunstâncias, que é fiel apesar das nossas falhas e que tem um amor que nunca acaba. Por isso, ele se
enche de esperança e de alegria. Os altos e baixos da vida do salmista, afinal de contas, não vêm das
circunstâncias em si, mas da sua perspectiva pessoal quando olha para os problemas ou de quando olha
para Deus. Para quem você olha quando atravessa problemas difíceis?
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Nos altos e baixos da vida