ESPIRITISMO E CIDADANIA
INTRODUÇÃO
O QUE É CIDADANIA?
Cidadania é o conjunto de direitos e deveres ao qual um indivíduo está sujeito em relação à
sociedade em que vive. …
A etimologia da palavra cidadania vem do latim civitas, cidade. Diz da condição do individuo
pertencente a uma comunidade, sociedade, e nela tem papeis a ser representados, tanto quanto
direitos e deveres.
QUEM É O CIDADÃO?
É o indivíduo que, por pertencer a determinada sociedade, tem seus direitos e deveres estabelecidos
pelas leis que regem essa sociedade.
Cidadania tem íntimas conexões com a política, pois esses direitos e deveres são definidos, numa
democracia, pelos representantes eleitos pelo povo.
É preciso, então, buscar reflexões sobre outros termos que estão implicados nesse contexto:
IDEOLOGIA - Conjunto de ideias, pensamentos,doutrinas ou de visões de mundo de um
indivíduo ou de um grupo, orientado para suas ações sociais e, principalmente, políticas. Existem
muitas ideologias e, por isso mesmo, confrontos ideológicos. Consequentemente, há ideologias
dominantes (hegemônicas) e dominadas (subordinadas).
MORAL E ÉTICA - a palavra moral vem do latim mores, que significa costume. Ética vem do
grego ethos, que significa conduta, modo de agir, é identificada como uma filosofia moral, onde se
busca entender os sentidos dos valores morais. A ética está associada ao estudo fundamentado dos
valores morais que orientam o comportamento humano em sociedade, enquanto a moral são os
costumes, regras, tabus e convenções estabelecidas por cada sociedade.
Há condutas moralmente aceitas em uma cultura e rejeitadas em outras. A definição de direitos e
deveres do cidadão devem atender ao imperativo ético.
QUAIS SÃO OS DIREITOS DO CIDADÃO BRASILEIRO?
Esses direitos são representados pelos direitos civis, a exemplo: direito à vida, à liberdade, à
propriedade, à igualdade perante a lei. Também direitos políticos: participar de decisões referentes à
sociedade, votar, ser votado. E direitos sociais, por exemplo, o direito à educação, ao trabalho justo,
à saúde, ao lazer, a uma infância e velhice tranquila, reforçadas pela constituição e direitos humanos.
Na prática, observamos que nem sempre esses direitos que já são garantidos pelas leis do nosso país
são efetivamente atendidos. Deolindo Amorim, conferencista muito apreciado que viveu no Rio de
Janeiro no século XX, propunha que não falássemos em ideologia espírita, por causa da conotação
crítica do termo. Sugeria a expressão ideário espírita. Assim, dizemos que há um conjunto de ideias,
ou um ideário, no Espiritismo que podem orientar o entendimento do tema cidadania.
DESENVOLVIMENTO
O que o Espiritismo tem a ver com o tema CIDADANIA?
O Espiritismo traz ao mundo moderno uma visão nova, fundamentada em leis naturais ainda não
consideradas pelo contexto cultural em que vivemos. Essas leis orientam a retomada do código de
ética proposto no Evangelho de Jesus.
O cidadão, segundo a orientação espírita, deve ser um homem de bem, que entende o progresso
como lei divina e percebe a importância da vida social para sua própria evolução, por isso coloca o
interesse coletivo à frente do seu interesse pessoal.
Apresentamos, a seguir, algumas orientações pertinentes em O Livro dos Espíritos:
Cap, VII – Da Lei de Sociedade, cap. XI – Da Lei de Justiça, Amor e Caridade. Algumas questões
são bem específicas: q. 877 – a vida social outorga direitos e impõe deveres recíprocos; 895 – o
sinal mais característico da imperfeição é o interesse pessoal.
Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, aprendemos que Deus estabeleceu a igualdade em face da
dor como uma sublime providência, que quer que todos os seus filhos, instruídos pela experiência
comum, não pratiquem o mal, alegando ignorância de seus efeitos.
A autoridade, tanto quanto a riqueza, é uma delegação de que terá de prestar contas aquele que se
ache dela investido.
Os espíritos recomendam: “Vivei com os homens da vossa época, como devem viver os homens.
Sacrificai às necessidades, mesmo às frivolidades do dia, mas sacrificai com um sentimento de
pureza que as possa santificar.”
O cidadão participa da vida política do país pelo direito do voto. Para escolher com adequação deve
analisar se o candidato e sua possibilidade de, efetivamente, trabalhar pelo interesse coletivo.
O Brasil atualmente ocupa, no cenário mundial, uma posição muito distante dos chamados países
desenvolvidos - o que indica que muito precisa ser feito para a melhora das condições de vida da
população brasileira. O crescente estado de miséria, as disparidades sociais, a extrema concentração
de renda, os salários baixos, o desemprego, a fome que atinge milhões de brasileiros, a desnutrição,
a mortalidade infantil, a marginalidade e a violência são expressões do grau a que chegaram as
desigualdades sociais no Brasil.
É pelo exercício da cidadania que podemos conhecer melhor o país em que vivemos e definir o país
em que queremos viver. Cada um tem um papel a cumprir na promoção da cidadania,
principalmente, apoiando a população mais fragilizada pelas condições de pobreza. Muitas vezes, o
indivíduo nem sabe os direitos que tem. Esse esclarecimento pode e deve ser dado àqueles que
buscam a casa espírita.
Exercer a cidadania é, portanto, o conjunto de ações que a pessoa pode e deve realizar, tanto
individualmente ou em grupos, com o proposito de zelar pelo próprio bem estar dentro da sociedade
e pelo dos demais, assegurando o direito e dever de todos, não aceitando injustiças, abusos e
intolerâncias.
CONCLUSÃO
A democratização de nossa sociedade deve ter como objetivo maior liberar e catalisar energias
sociais, para a conquista de novos patamares de cidadania. Ainda estamos aprendendo a viver a
democracia. Na prática, ainda não há a experiência desse ideal, por isso há muito trabalho pela
frente. O espírita, esclarecido pelo conhecimento que a Doutrina propicia, deverá aprimorar-se
como cidadão participativo e integrar-se a uma instituição, para que seu esforço também seja
agregado ao conjunto de ações.
O movimento espírita deve buscar a formalização e a organização que dê conta de articular os
esforços que buscam objetivos comuns. Em relação aos fundamentos doutrinários, todos estamos de
acordo, mas no que diz respeito ao como fazer, as discordâncias aparecem. É pela constatação de
que a política, como arte de administrar, também faz parte do movimento espírita é que poderemos
alcançar a melhor forma de articulação dos atores desse processo. Política partidária não deve ser
incluída em nosso movimento, mas a política no seu sentido lato, naquilo que nos oferece de
ferramentas de articulação, sim. Bezerra de Menezes propõe a unificação do movimento espírita e já
orientou que isolados somos apenas ponto de vista, mas unidos seremos a força necessária a
produzir as mudanças que são aguardadas.
Temas tratados em O Livro dos Espíritos que são relacionados com a visão de mundo que a
Doutrina institui e que pode orientar o cidadão espírita
Escravidão – 829
Liberdade de pensar – 825
O trabalho – 674
Reprodução e aborto – 358/693
Divórcio – 697/940
Pena de morte – 760
Ecologia – 702/728
Proteção dos animais – 735
Reforma agrária – 711
Direito de propriedade – 885/808
Violência - 746
Distribuição da riqueza – 803
Guerra – 742
Igualdade entre o homem e a mulher – 817
Família – 208/582/890
Combate as drogas – 893
Egoísmo – 913
Suicídio – 943
Morte prematura - 934
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