UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO
DEPARTAMENTO DE LETRAS, ARTES E COMUNICAÇÃO
Comunicação não-verbal
A influência da indumentária e da gesticulação na credibilidade do
comunicador
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO
MARIA DE FÁTIMA MOURA RIBEIRO
VILA REAL, 2011
UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO
DEPARTAMENTO DE LETRAS, ARTES E COMUNICAÇÃO
Comunicação não-verbal
A influência da indumentária e da gesticulação na credibilidade do
comunicador
Orientador: Professor Doutor Galvão dos Santos Meirinhos
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO
MARIA DE FÁTIMA MOURA RIBEIRO
VILA REAL, 2011
“A verdadeira aprendizagem acontece quando temos a certeza que ela será útil. E que
nos tornará mais capacitados para actuarmos numa sociedade que exige prontidão,
habilidades e competência”
Ana Fraga - Ivaiporã
iii
À minha mãe e irmãos
iv
AGRADECIMENTOS
No término deste trabalho de investigação não poderia deixar de manifestar o
meu sincero e profundo agradecimento a todos aqueles que com o seu apoio,
conhecimento, colaboração, críticas e sugestões contribuíram para a realização do
presente estudo. Assim, gostaria de agradecer,

A todos os alunos que voluntariamente participaram neste estudo;
dispondo do seu precioso tempo para responder aos instrumentos de
recolha de dados apresentados, sem eles não seria possível a realização
desta investigação;

À minha mãe e irmãos, que sempre acreditaram na minha dedicação,
pela força, apoio e carinho transmitidos;

Ao Prof. Doutor Galvão dos Santos Meirinhos que orientou este
projecto, pela competência, seriedade e firmeza com que contribuiu
para a realização deste trabalho de investigação.

Às colegas de trabalho, Célia, Catilina e Isabel, pela compreensão,
incentivo e apoio demonstrados ao longo desta etapa da minha vida;

A todos os colegas de mestrado;

Ao docente Carlos Cardoso pela fantástica representação
dos
tratamentos experimentais, pela simpatia e disponibilidade;

Aos docentes Mário Sérgio e Daniela Fonseca pela simpatia, apoio e
disponibilidade na recolha de dados;

A todos os meus amigos, em especial à Celeste, Marisa, Ricardo e Nuno
que me ajudaram e me apoiaram ao longo desta etapa da minha vida;

Ao meu namorado Fábio, pelo carinho, compreensão, amor, estímulo e
companheirismo em todas as horas.
A todos o meu sincero agradecimento!
v
RESUMO
O objecto de estudo deste trabalho de investigação é a comunicação nãoverbal. O principal objectivo foi verificar se a credibilidade do comunicador junto do
receptor é influenciada pela indumentária e gesticulação. Este estudo científico implica
a relação interdependente entre o acervo bibliográfico e o desenho experimental do
tipo factorial 2x2 de grupos independentes, onde submetemos quatro grupos
independentes a quatro tratamentos distintos, por forma a verificar em que medida as
variáveis independentes influenciavam a dependente (credibilidade).
A amostra do estudo é uma amostra não probabilística por conveniência e é
constituída por 40 alunos universitários seleccionados aleatoriamente dos ciclos de
estudos em Ciências da Comunicação. O instrumento de recolha de dados é
constituído por perguntas fechadas com escalas do tipo diferencial semântico. Como
instrumentos estatísticos de análise, utilizámos medidas de tendência central, cujos
resultados indicam que: a gestualidade lenta acompanhada de uma indumentária
informal gera um efeito neutro na credibilidade do comunicador; a gesticulação brusca
conjugada com uma indumentária informal proporciona um efeito negativo; por sua
vez, a gestualidade lenta acompanhada de uma indumentária formal tem um efeito
positivo em termos de credibilidade, e por último, a gesticulação brusca conjugada
com uma indumentária formal gera um efeito neutro.
Palavras-chave: Comunicação não-verbal; Indumentária; Gesticulação; Credibilidade
do comunicador.
vi
ABSTRACT
The object of this research study is the non-verbal communication. The
main objective was to verify the credibility of the communicator with the receptor
is influenced by the costumes and gestures. This scientific study involves the
interdependent relationship between the bibliographic and experimental design of
the type 2x2 factorial independent groups, where four independent groups to
submit four different treatments in order to ascertain to what extent the
independent variables influenced the dependent (credibility).
The study’s sample is a non-probability convenience sample and consists
of 40 randomly selected college students of the courses in Communication
Sciences. The data collection instrument consists of questions with closed-type
semantic differential scales. As statistical tools of analysis, we used measures of
central tendency, the results indicate that: a gesture accompanied by a slow casual
attire creates a neutral effect on the credibility of the communicator, the sudden
gestures coupled with an informal dress gives a negative effect; turn the slow
gestures accompanied by a formal dress has a positive effect in terms of
credibility, and finally, combined with a sudden gesture formal attire generates a
neutral effect.
Keywords: Non-verbal communication, Clothes, Gestures, credibility of the
communicator
vii
ÍNDICE GERAL
AGRADECIMENTOS………………………………………………………………………………………………………V
RESUMO………………………………………………………………………………………………………………..……VI
ABSTRACT………………………………………………………………………………………………………………….VII
ÍNDICE GERAL……………………………………………………………………………………………………………VIII
ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES………………………………………………………………………………………………X
ÍNDICE DE TABELAS………………………………………………………………………………………………………X
ÍNDICE DE GRÁFICOS………………………………………………………………………………………………….XII
ÍNDICE DE ABREVÍATURAS………………………………………………………………………………………….XII
1. INTRODUÇÃO……………………………………………………………………………………………………………1
2. REVISÃO DA LITERATURA………………………………………………………………………………………...4
2.1. COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL………………………………………………………………………..4
2.2. COMUNICAÇÃO NÃO-VERBAL…………………………………………………………………………..5
2.2.1. Noções Conceituais, Características e Tipologias da Comunicação Nãoverbal……………………………………………………………………………………………………………………5
2.2.2. Comunicação Não-verbal: a Descoberta de um Novo Mundo……………………….9
2.2.2.1. O Tacto…………………………………………………………………………………………………10
2.2.2.2. O Olfacto………………………………………………………………………………………………12
2.2.2.3. Cronémica…………………………………………………………………………………………….12
2.2.2.4. Proxémica…………………………………………………………………………………………….14
2.2.2.5. Paralinguagem……………………………………………………………………………………..17
2.3. CINÉSICA…………………………………………………………………………………………………………19
2.3.1. Maneiras……………………………………………………………………………………………………21
2.3.2. Posturas…………………………………………………………………………………………………….21
2.3.3. Gestos……………………………………………………………………………………………………….24
2.3.3.1. A Função dos Gestos…………………………………………………………………………….27
2.3.3.2. A Expressividade dos Gestos Corporais…………………………………………….….30
2.3.3.3. Tipologias dos Gestos…………………………………………………………………………..36
viii
2.3.3.4. Gesticulação lenta vs Gesticulação brusca……………………………………………40
2.4. INDUMENTÁRIA………………………………………………………………………………………………42
2.4.1. A Comunicação através das Roupas…………………………………………………………..42
2.4.2. Indumentária e Status...................................................................................44
2.4.3. Indumentária e Identidade………………………………………………………………….…….45
2.4.3.1. Aparecer é Ser – O Corpo e a Roupa como a Imagem de si……….………….45
2.4.3.2. A Camuflagem de “um ser” para um “querer parecer”……………..………….46
2.4.4. Da Cabeça aos Pés …………………………………………………………………………………….48
2.4.5. Cor ……………………………………………………………………………………………………………50
2.4.6. Indumentária Formal e Informal …………………………………………………….…………51
2.4.6.1. Indumentária Formal …………………………………………………………………………..53
2.4.6.2. Indumentária Informal ……………………………………………….……………………....57
2.5.CREDIBILIDADE DO COMUNICADOR ……………………………………………………………….60
2.5.1. A Construção da Credibilidade ……………………………………………………………..…..66
2.5.5.1. O Processo de Credibilização – Leis Fundamentais……………………………….71
2.5.2. Factores Não-verbais de Credibilidade …………………………………………………..…72
3. METODOLOGIA ………………………………………………………………………………………..………….76
3.1.Desenho da Investigação ………………………………………………………………..…………….77
3.2. Problema de Conhecimento ……………………………………………………………..…………77
3.3. Hipóteses de Trabalho …………………………………………………………………………………78
3.4. Desenho Experimental……………………………………………….…………………………………81
3.5. Sujeitos do Estudo ………………………………………………………..……………………………..84
3.6. Instrumento de Recolha de Dados ………………………………..…………………………….86
4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS………………………..………….……………….91
4.1. Perfil dos Grupos Independentes………………………………….………………………………92
4.2. Grupos Independentes…………………………………………………………………………………93
4.3. Variáveis Independentes………………………………………………………….…………………108
4.3.1. Indumentária……………………………………………………………………..…………………108
4.3.2. Gesticulação…………………………………………………………………………….……………110
4.3.3. Imagem da Indumentária………………………………………………………………………112
ix
4.3.4. Imagem da Gesticulação …………………………………………………….…………………114
4.4. Efeitos Colectivos……………………………………………………………………….……………...116
4.5. DISCUSSÃO……………………………………………………………………………..………………….117
5. CONCLUSÕES……………………………………………………………………………….………………………121
5.1. Limites e Desafios para Investigações Futuras………………….…………………………123
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS……………………………………….……………………………………125
7. ANEXOS……………………………………………………………………………………………..…………………135
ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES
Ilustração 1 - A importância das mensagens não-verbais……………………………………….……7
Ilustração 2 - Classificação das distâncias…………………………………………………………………..16
Ilustração 3 - Linguagem não-verbal e a expressividade dos gestos corporais……………23
Ilustração 4 - Grau de formalidade no vestuário masculino……………………..………………..54
Ilustração 5 - O nível 1 e o nível 2 na comunicação……………………………………………………66
Ilustração 6 - Desenho da investigação………………………………………………………………………77
Ilustração 7 - Variáveis dependentes e independentes da investigação………………..……80
Ilustração 8 - Apreciação de valores por grupo e por par de adjectivos opostos………..90
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 - O modo como a pontualidade é encarada em diferentes países……………….14
Tabela 2 - Algumas manifestações do silêncio……………………………………………………………18
Tabela 3 - Estudos realizados no âmbito dos gestos.………………………………………………….24
Tabela 4 - Tipologias de de Ekman e Friesen e McNeil……………………………………….………36
Tabela 5 - Duração do movimento lento e do movimento brusco…………………………..….41
Tabela 6 - Significado de algumas peças do vestuário……………………………………….……….48
Tabela 7 - Cores e formas que projectam uma imagem de formalidade……….……………57
Tabela 8 - Definição dos conceitos “credível” e “credibilidade”…………………………………61
x
Tabela 9 - Indícios de credibilidade…………………………………………………………..………………..73
Tabela 10 - Desenho factorial 2x2………………………………………………………………………………84
Tabela 11 - Tratamentos experimentais…………………………………………………..………………..85
Tabela 12 - Intervalos definidores dos efeitos………………………………………………..………….88
Tabela 13 - Intervalos definidores dos efeitos colectivos…………………………….……………..89
Tabela 14 - Perfil da amostra em estudo……………………………………………………….……………92
Tabela 15 - Atitudes dos sujeitos no Grupo 1……………………………………………………………..94
Tabela 16 - Pares de adjectivos mais apreciados nas atitudes no Grupo 1………………….95
Tabela 17 - Atitudes dos sujeitos no Grupo 2…………………………………….………………..……. 97
Tabela 18 - Pares de adjectivos mais apreciados nas atitudes no Grupo 2………………....99
Tabela 19 - Atitudes dos sujeitos no Grupo 3………………………………………………………...…101
Tabela 20 - Pares de adjectivos mais apreciados nas atitudes no Grupo 3………………..102
Tabela 21 - Atitudes dos sujeitos n Grupo 4…………………………………………………….....……104
Tabela 22 - Pares de adjectivos mais apreciados nas atitudes no Grupo 4…………..……105
Tabela 23 - Credibilidade transmitida pela indumentária e pela gesticulação nos quatro
grupos……………………………………………………………………………………………………………………….107
Tabela 24 - Atitudes 4dos sujeitos em relação à indumentária………………………….…….109
Tabela 25 - Atitudes dos sujeitos em relação à gesticulação…………………………..………..111
Tabela 26 - Atitudes dos sujeitos relativamente à Imagem transmitida pela
indumentária……………………………………………………………………………………………………………113
Tabela 27 - Atitudes dos sujeitos relativamente à Imagem transmitida pela
gesticulação……………………………………………………………………………………………………..………114
Tabela 28 - Intervalos definidores dos efeitos por grupo experimental......................116
Tabela 29 - Efeitos por grupo experimental………………………………………………………..……116
xi
ÍNDICE DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Atitudes no Grupo 1……………………………………………………………………..………..…96
Gráfico 2 - Atitudes no Grupo 2………………………………………………………………………………....99
Gráfico 2 - Atitudes no Grupo 2……………………………………………………………………………..…102
Gráfico 4 - Atitudes no Grupo 4 …………………………………………………………………………..…..106
Gráfico 5 - Credibilidade transmitida pela indumentária………………………………….………107
Gráfico 6 - Credibilidade transmitida pela gesticulação…………………………………….…..…107
ÍNDICE DE ABREVIATURAS
VD – Variável Dependente
t – Tratamento Experimental
II – Indumentária Informal
IF – Indumentária Formal
GL – Gesticulação Lenta
GB – Gesticulação Brusca
xii
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
1. INTRODUÇÃO
A comunicação humana é tanto um fenómeno como uma função social.
Enquanto fenómeno envolve a linguagem verbal e/ou não-verbal. A comunicação nãoverbal apresenta-se de forma silenciosa com a postura corporal, gestos, expressões
faciais, olhar, voz, entre outras. Resultados de diversos estudos têm demonstrado que
as relações interpessoais são mais influenciadas por canais de comunicação nãoverbais do que verbais (Mesquita 1997: 1). Este aspecto é indicativo de que, de facto, o
discurso não-verbal assume muita relevância nos processos de comunicação humana.
Inclusivamente, comunicamo-nos através da cor, dos nossos sorrisos, forçados ou
espontâneos, entre outros movimentos do nosso corpo. Estas configurações
constituem-se como uma forma de comunicar silenciosa que nos permitirão transmitir
inúmeras informações acerca de uma pessoa e da sua hipotética situação económica,
cultural, preferências, ideologias, atitudes1 e estilos de vida.
De entre todos os instrumentos de comunicação não-verbal, este trabalho de
investigação tem como objectivo estudar apenas dois: a indumentária e a gesticulação.
Segundo Knapp e Hall, a indumentária é qualquer coisa que se traja e que pode
ser literalmente lida (Knapp e Hall citados por Lemos 2006: 4). Na nossa perspectiva
convém não confundir a indumentária com o vestuário, apesar de ambos os conceitos
se interrelacionarem, não possuem o mesmo significado, dado que a indumentária é
um conceito mais abrangente que incorpora o próprio vestuário.
Roland Barthes (2005) na sua obra “Sistema da moda” estabelece esse
paralelismo entre indumentária e traje. Compara a indumentária a uma realidade
institucional e social que é independente do indivíduo mas que, por sua vez, interage e
influencia a realidade, de onde ele extrai o que veste no dia-a-dia. Deste modo, o acto
de vestir do indivíduo actualiza a instituição indumentária. Como refere Barthes, “ (…)
1
Uma atitude é uma disposição mental e nervosa, organizada pela experiência e que exerce uma
influência directriz sobre a conduta do indivíduo relativamente a todas as situações com as quais ele
está em ligação (Alport in Dicionário de Sociologia 1982, 109).
1
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
a relação entre traje e indumentária é uma relação semântica: a significação do
vestuário cresce à medida que se passa do traje à indumentária; o traje é debilmente
significativo, exprime mais do que notifica; a indumentária, ao contrário, é fortemente
significante, constitui uma relação intelectual, notificadora, entre o usuário e seu
grupo” (Barthes citado por Aquino 2009: 6).
Assim, a indumentária é um meio de comunicação não-verbal que comunica o
indivíduo à sociedade e que traduz a maneira de viver, no plano social e individual.
A gesticulação tem atraído a atenção de inúmeros estudiosos ao longo dos
séculos. A maioria dos estudos realizados incide na expressividade e na classificação
dos gestos. Outros investigadores foram mais longe, como é o caso de McNeil que
demonstrou que o gesto pode exercer um papel fulcral: no planeamento conceitual da
mensagem; nas actividades cognitivas como raciocínio e na resolução de problemas
(McNeil citado por Pereira 2010: 3). O estudo dos gestos ao longo dos tempos
evidenciou um significativo corpo de pesquisa e insinuou que os gestos,
nomeadamente os das mãos, reflectem a aprendizagem, podendo ser tidos em conta
no processo de ensino (Goldin-Meadow; Alibali; Church citados por Pereira 2010: 3).
Para além de exercer um papel significativo na estruturação do discurso oral, a
gestualidade também actua como um elemento constituinte da interacção, podendo
designar de modo simbólico a posição de cada um no sistema social – prestígio, status,
ordem, privilégio, consideração, entre outros. A gesticulação é um sistema de símbolos
que permite identificar a condição, o papel e o valor de cada indivíduo (Fávero et al.,
p.2). Assim sendo, tanto a indumentária como a gesticulação determinam, em grande
medida, o grau de aprovação e aceitação do comunicador por parte do interlocutor,
actuando, assim, como dois componentes essenciais para a conquista e
reconhecimento da tão ambicionada credibilidade. Na visão de Adler e Rodman, a
credibilidade diz respeito à plausibilidade do comunicador. Não se trata de uma
qualidade objectiva, mas pelo contrário, ela é uma percepção nas mentes dos
receptores (Adler e Rodman 2000: 322). Assim, para que o comunicador possa
persuadir e ser aceite ele tem que desenvolver e construir um alto nível de
credibilidade junto dos seus interlocutores; isso pode ser feito através da postura geral
2
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
que o comunicador demonstra e transmite para o seu interlocutor. A audiência
formula julgamentos acerca da credibilidade de um orador com base em crenças
cognitivas (poder, prestígio) e afectivas (confiança, atractividade) (Franco 1999: 193).
Este trabalho de investigação tem como principal objectivo verificar se a
indumentária e a gesticulação influenciam a credibilidade do comunicador. A estrutura
divide-se em cinco partes: introdução, onde fazemos um enquadramento das duas
variáveis em estudo - indumentária e a gesticulação – em relação à sua expressividade
e relevância para a conquista da credibilidade por parte do comunicador. Na segunda
parte, fazemos uma revisão da literatura que aborda os principais aspectos da
indumentária, da gesticulação e da credibilidade, o que nos permite obter uma clara
compreensão de todas as variáveis presentes no estudo, oferecendo ainda a
contextualização da indumentária e da gesticulação no campo da comunicação nãoverbal. No domínio da gestualidade, analisamos a expressividade, função dos gestos e
estudos realizados nesta área específica tendo em conta as suas propriedades e
taxonomias. Por outro lado, no que respeita à indumentária verificamos a
comunicabilidade da roupa, a simbologia de algumas peças do vestuário e a
importância da cor na indumentária, fazendo também uma clara distinção entre
indumentária formal e informal, tanto para a realidade masculina como feminina.
Na metodologia que preside este trabalho de investigação, apresentamos o
problema do conhecimento, as hipotéticas hipóteses e o desenho de investigação que
nos permitirá depurar os ditos enunciados. Assim, a natureza do presente trabalho,
quanto à centração do objecto de estudo, é do tipo experimental por provocação2;
quanto ao quadro de referência é do tipo estrutural3; quanto à obtenção do
tratamento de dados é do tipo quantitativo4 e quanto à generalização é do tipo
nomotético5, e ainda no quadro metodológico, apresentamos e caracterizamos os
2
Estudo experimental por provocação: modificação intencional de uma variável independente por outra
do mesmo tipo (Pardal e Correia 1995: 17).
3
Estrutural na medida em que enfatiza, na explicação de um fenómeno social, o carácter sistemático e
global do mesmo (Pardal e Correia 1995: 17).
4
O método quantitativo privilegia o recurso a instrumentos e a análise estatística (Pardal e Correia
1995, 17).
5
O método nomotético estuda aspectos gerais e regulares do fenómeno. Preocupações generalizadoras
(Pardal e Correia 1995: 17).
3
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
grupos independentes6, o instrumento de recolha de dados e as ferramentas
estatísticas usadas para analisar os dados obtidos e responder às hipóteses de
investigação.
Na última parte procedemos à apresentação e discussão dos resultados,
terminando com a enunciação das conclusões, os desafios futuros e as limitações do
estudo.
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1.Comunicação Interpessoal
Como sabemos, ninguém comunica sozinho. Para que a comunicação humana
ocorra são necessárias duas condições principais, a primeira é a presença de dois
sistemas: um emissor e um receptor e a segunda passa pela transmissão de
mensagens. A comunicação interpessoal rege-se pela criação de relações sociais entre
duas ou mais pessoas que participam num mesmo processo de interacção. Tal como
referem Fisher e Adams, “a comunicação interpessoal é conceptualizada como uma
dança entre parceiros relacionais” (Fisher e Adams citados por Farinha 2010: 4). A
interacção é assim essencial para que o processo de comunicação se realize, pois é
através dela que uma pessoa se interliga com outra e se comporta de acordo com as
suas necessidades recíprocas. Como refere Mesquita, a interacção “é a influência que
os indivíduos exercem uns sobre os outros. É uma realidade social que pode ser
evidenciada quando um indivíduo age sobre um segundo e este segundo age sobre o
primeiro, de forma perceptível” (Mesquita 1997: 156).
Na comunicação interpessoal a simples presença de uma pessoa na situação
pode ter um impacto directo na natureza da interacção, uma vez que falar com uma
pessoa é um processo dinâmico, provoca e estimula a reacção da outra, reacção esta
que, por sua vez, influencia também as nossas reacções subsequentes. Assim, o
6
Grupo experimental ou independente é um conjunto de sujeitos submetidos a um dado e único
tratamento (combinação de condições experimentais) (Meirinhos p.5).
4
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
processo de comunicação interpessoal, através do qual se transmitem ideias e
sentimentos, de pessoa para pessoa, tornando possível a interacção social, é sem
dúvida fulcral para o homem enquanto ser social e cultural.
A comunicação não se baseia apenas nas palavras ditas entre as pessoas.
Todo e qualquer comportamento também transmite uma mensagem. Para que a
comunicação ocorra com sucesso é necessário ter em conta a relação interpessoal
como um todo, considerando as palavras e toda a linguagem não-verbal que o nosso
corpo comunica. “A comunicação eficiente é assim. Palavra, tom de voz, gestos,
contexto, tudo está interligado na mensagem que é transmitida. Processo e conteúdo,
como música e dança, estão sintonizados na mesma vibração” (Ribeiro 1998: 17).
2.2. Comunicação Não-verbal
“Existe un linguaje que vá más allá de las palavras”
Paulo Coelho
2.2.1. Noções Conceituais, Características e Tipologia da
Comunicação Não-verbal
Muito antes de aprenderem a comunicar com as palavras, os nossos
ancestrais recorriam à linguagem corporal como forma de expressão. Os seres
humanos primitivos comunicavam através dos seus corpos, gestos e sons, meios que
dispunham para um entendimento mútuo, portanto a comunicação ocorria através de
canais não-verbais.
Antes disso, a linguagem corporal e os sons produzidos pela garganta eram as
principais formas de transmissão de emoções e sentimentos humanos – e
continuam sendo até hoje, embora a excessiva atenção dada às palavras faça com
que sejamos profundamente desinformados a respeito da linguagem do corpo e da
importância que ela tem em nossas vidas (Allan e Pease 2004: 16 e 17).
5
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
Henry H.Calero, na sua obra “The Power of Non verbal Communication”
também faz referência à extrema importância atribuída à comunicação verbal, em
detrimento da comunicação não-verbal referindo que “we are excessively sensitized to
words and have very few terms for characterizing nonverbal behavior” (Calero 2005:
3). Tal como as nuvens que cobrem o sol, também a comunicação verbal faz o mesmo
à linguagem do corpo.
Tal é o facto que a preocupação científica pela comunicação não-verbal é
ainda muito recente. Apenas em 1950 é que se começou a aprofundar
verdadeiramente este campo. No entanto, existem alguns autores e obras anteriores a
esta data que estabelecem conexões entre a cultura e a comunicação não-verbal
(Darwin, 1872; Efron, 1941) ou entre a personalidade e as formas do corpo
(Kretschmer, 1925; Sheldon, 1940). Entre 1950 e 1960 surgem as primeiras tipologias:
Birdwhishtell (1952) introduziu a cinésica, área que estuda os movimentos corporais e
os gestos, Hall (1952) baptizou como “proxémica” a investigação sobre o uso do
espaço.
Só a partir de 1960 é que o interesse pela comunicação não-verbal aumenta
de forma considerável. Hess (1975), Argyle e Cook (1976) dão início a um novo campo
de estudo: o comportamento e a comunicação do olhar; Roach e Eicher (1969)
investigam a comunicação não-verbal do vestuário e dos artefactos; Montagu (1971)
aborda o estudo da conduta táctil; Hall (1972) e Weiner (1966, 1967) analisam o valor
comunicativo dos odores; Ekman e Friesen (1969) aprofundam o estudo acerca das
origens e natureza da comunicação não-verbal; por sua vez Mehrabian (1971) investiga
como os indivíduos interpretam os sinais não-verbais da comunicação.
De considerar ainda que, se tivermos presentes os estudos de Mehrabian e
Birdwhistell – que defendem que numa comunicação normal entre duas pessoas
apenas 7% da mensagem é verbal (apenas palavras), enquanto os restantes 93% é nãoverbal (Ver figura 1) – podemos constatar que, de facto, se tem deixado um pouco de
lado os estudos de uma linguagem também amplamente significativa. Verifica-se
6
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
assim, que a comunicação não-verbal é fortemente responsável pela eficácia de um
determinado acto comunicativo.
7%
Comunicação Não-verbal
38%
Linguagem Corporal
55%
Vocal
Verbal
Ilustração1: A importância das mensagens não-verbais na percepção de Mehrabian (Monteiro
et al. 2008: 59)
© Produção Gráfica Pessoal
Entende-se por comunicação não-verbal toda a comunicação que é realizada
com a ausência das palavras, nomeadamente através de sinais que produzimos, de
gestos que fazemos, de imagens que criamos, etc.. Segundo Calero, “our senses of
touch, taste, seeing, hearing, smells, signs, symbols, colors, facial expression, gestures,
and intuition are the primary sources of the nonverbal messages we receive” (Calero
2005:1).
Na visão de Lusting e Koester “a comunicação não-verbal é um processo de
multi-canais que é, usualmente, realizado espontaneamente. Envolve um conjunto
sutil de comportamentos não linguísticos que são representados subconscientemente”
(Lusting e Koester citado por Ribeiro e Guimarães 2009: 6).
Sendo inconsciente e espontânea a comunicação não-verbal pode assim estar
presente em todos os momentos das relações pessoais, até a decisão de não falar, por
exemplo numa conversa, é uma mensagem, e considerada não-verbal. Como explica
Gaiarsa “cada modo de estar em silêncio pode significar tanto quanto uma declaração
verbal” (Gaiarsa 2002: 1). Por outro lado, para além de ser usada, em grande parte,
involuntariamente, ela pode também ser usada de forma propositada e estratégica.
Conforme os estudos realizados por Allan e Barbara Pease, por detrás dos sorrisos,
7
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
gestos, expressões faciais é possível identificar a verdadeira intenção de uma pessoa,
uma vez que detectamos muitas das vezes incoerência entre a mensagem verbal e
não-verbal. Portanto, todo o nosso corpo fala. Ele manifesta e expressa diversas
mensagens, não apenas à base de palavras, mas através de expressões faciais (olhos,
lábios), gestos com as mãos, postura física, ritmo do corpo (caminhar, correr),
transparecendo e comunicando, muitas das vezes informações importantes sobre um
determinado indivíduo sem sequer recorrer ao uso das palavras. “A expressão verbal
nem sempre possui a clareza das palavras, mas é carregada de significado” (Beirão et
al. 2008: 21).
De facto, os sinais não-verbais tornam a comunicação verbal mais autêntica,
mais rica e significativa. Eles são os principais meios de expressão e comunicação das
emoções, actuando como uma bomba de escape para os nossos sentimentos - “Not
only do people unconsciously use words to conceal their feelings, they also
unknowingly reveal what they feel through their body language - especially during
times when they are under stress” (Calero 2005: 4).
Allan e Barbara Pease na obra “Linguagem corporal” apresentam alguns
exemplos acerca de como a linguagem corporal transmite para o exterior o estado
emocional de uma pessoa, e de como um simples gesto pode ser um indicador valioso
de uma emoção que se esteja a experimentar no momento.
Um homem preocupado com o facto de estar a ganhar peso poderá beliscar uma
prega de pele sob o queixo; uma mulher que se apercebeu de ter ganho uns
quilinhos nas coxas poderá alisar o vestido ao longo das pernas; a pessoa que se
sente receosa ou defensiva poderá cruzar os braços, as pernas, ou ambos (Allan e
Pease 2009: 3).
A comunicação não-verbal também aumenta o feedback, dado que ela pode
ser usada para acentuar, complementar, contradizer, regular ou substituir a
comunicação verbal. De acordo com Lusting e Koester “as expressões não-verbais são
usadas para acentuar uma mensagem verbal ao destacar uma palavra ou frase em
específico, do mesmo modo, como na adição dos itálicos nos discursos escritos”
(Lusting e Koester citado por Ribeiro e Guimarães 2009: 4).
8
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
Benitez acrescenta que ela também é usada para esclarecer, explicar,
reforçar e repetir as mensagens orais, complementando-as, ao confirmar, por
exemplo, o conteúdo de enunciado verbal. É o caso de mover a cabeça para a direita
e para a esquerda quando queremos expressar negação acompanhando o enunciado
“Não, não, não é nada disso” (Benitez 2009: 5).
Substituir a comunicação verbal pode também ser uma das funcionalidades
da comunicação não-verbal. Isto acontece mediante gestos manuais como, por
exemplo, pedir a alguém que se aproxime, que nos traga a conta ou até para indicar
o agrado/desagrado perante alguma coisa. “Uma mulher pode lançar a um homem
um “olhar à matadora”, que lhe transmitirá uma mensagem muito clara, sem ela ter
sequer de abrir a boca” (Allan e Pease 2009: 31).
Portanto, a comunicação não-verbal assume, de facto, extrema importância
para enriquecer as mensagens orais, complementando-as. Ela é até considerada,
segundo alguns especialistas, mais sincera do que as palavras. “Body language is an
outlet for your feelings, is more reliable than verbal communication and may even
contradict verbal expressions” (Alessandra 2006: 2).
2.2.2. Comunicação Não-verbal: A Descoberta de um Novo
Mundo
Tal como Shakespeare observou sabiamente “o mundo inteiro é um palco e
todos os homens e mulheres são apenas actores (…) um homem representa muitos
papéis em sua vida” (Shakespeare citado por Birck e Keske 2008: 10). De igual modo,
o corpo exprime-se, faz mil gestos e mil caras e todas elas podem revelar inúmeros e
diferentes significados.
Assim, no que concerne aos diversos meios de comunicação não-verbal Dick
Crable, estudioso dos comportamentos não-verbais, identifica as diversas áreas do
comportamento não-verbal como: cinésica, proxémica, háptica, oculésica, objéctica,
9
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
cronémica, vocálica, factores ambientais e aparência física (Crable citado por Fisher e
Adams 1994: 166).
Por sua vez Knapp classificou a comunicação não-verbal em sete dimensões,
nomeadamente: cinésica, paralinguagem, contacto físico e as formas de toque, a
proxémica, as características físicas do comunicador (forma e aparência do corpo), os
artefactos e adornos e os factores ambientais (disposição dos objectos no espaço)
(Knapp citado por Silva et al. 2000: 2).
No entanto, apesar de particulares diferenças (nomenclatura, disposição ou
segmentação) pode-se afirmar que existe um certo consenso geral entre os
investigadores ao considerarem como áreas da comunicação não-verbal as seguintes:
cinésica, proxémica, cronémica, características físicas, vestuário e artefactos,
paralinguagem e a comunicação dos sentidos da vista, do tacto e do olfacto.
Vejamos agora mais detalhadamente cada um destes canais de comunicação
não-verbal, dando especial ênfase à cinésica e à indumentária, principais objectos de
estudo deste trabalho de investigação.
2.2.2.1. O Tacto (tactésica)
Embora não estudado tão exaustivamente como os outros canais de
comunicação, o toque é considerado uma das formas de comunicação não-verbal
mais poderosas, no entanto deve ser usado com muita cautela.
Este sinal, para além de representar a forma mais primitiva de acção social,
ele transmite inúmeras mensagens. Dependendo do local ou do país, ele pode incluir
acções como apertar as mãos, abraçar, beijar, esfregar narizes, entre outras formas
de toque. Quem se toca, quando e onde pode assim veicular inúmeras mensagens
sobre o relacionamento.
O toque é um sinal de inclusão, pois tal como refere Calero “touching another
person conveys many subtle nonverbal messages, love, caring, empathy, sympathy,
10
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
concern, understanding, authority—plus others” (Calero 2005: 10 e 11). De facto, nós
usamos o toque para transmitir empatia perante outras pessoas, para demonstrar
sentimentos de afecto como amor, carinho e até orientar uma interacção quando, por
exemplo, chamamos a atenção a um indivíduo ou acentuamos alguma mensagem
verbal. No fundo o toque acaba por criar um laço momentâneo com o nosso
interlocutor, diminuindo assim a sua defensividade e fomentando a proximidade entre
ambos (Rego 2007: 158).
O toque pode ainda ser visto como um sinal de poder e autoridade. Um
superior tocar no subordinado pode ser considerado uma deferência, por outro lado,
tocar no subordinado e de seguida expô-lo pode transmitir uma falta de respeito
para com ele. Henley estudou a relação entre o contacto físico e o status e chegou à
conclusão de que “os indivíduos de condição mais elevada efectuam mais contactos
físicos do que os de condição inferior à sua” (Bitti e Zani 1997: 140).
No entanto, as influências culturais podem determinar fortemente o
significado destas mensagens silenciosas. Por um lado, há culturas onde o toque é
habitual no quotidiano relacional (ex. espanhóis, italianos, etc.), enquanto que noutras
o toque frequente não é regra, podendo até mesmo ser tabú. Por outro lado pequenas
acções, como o acto de cumprimentar, também se subordinam a uma lógica cultural.
Há países onde os homens não cumprimentam as mulheres em lugares públicos,
enquanto noutros o beijo ocorre logo no primeiro encontro, quando se conhecem.
[Os brasileiros] como são muito expensivos, dos apertos de mão passam
rapidamente para os abraços, que são demonstrações de apreço que têm por si. As
mulheres falam com 2 beijinhos se são casadas e com 3 se são solteiras (dizem que
o 3º é para dar sorte na busca do marido (…) (Amaral citado por Rego 2007: 159).
O toque assume assim uma grande relevância, uma vez que transmite
inúmeras mensagens constantemente usadas na nossa sociedade – “it’s important not
only to your individual position in the pecking order of status or authority but also to
the social acceptability of your actions, in general” (Calero 2005: 22).
11
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
2.2.2.2. O Olfacto
O olfacto é considerado um dos sentidos mais antigos e um dos métodos
básicos de comunicação, pois, através do nosso nariz passa continuamente uma
infinita série de informações.
O odor pode transparecer o estado emocional das pessoas bem como ajudar a
localizar alimentos e parceiros. “They seem to influence moods, memory, emotions,
the selection of a mate (…) and are also believed to be a major health factor to our
physical well-being” (Calero 2005: 29) uma vez que um mau cheiro pode significar falta
de higiene ou até implicar uma saúde vulnerável.
Na visão de Verônica Mazza o olfacto pode também ser usado para delimitar
o território, e como forma defensiva (Mazza 1998: 29). É o caso dos animais onde o
sentido de olfacto pode revelar a presença de inimigos bem como delimitar o território
de cada um.
Por outro lado os odores têm uma capacidade quase lendária de despertar
recordações. Flora Davis ainda acrescenta que a frivolidade, o sexo e os perfumes
parecem andar de mãos dadas. Apesar do esforço constante da nossa sociedade em
eliminar os odores naturais do corpo humana, esse esforço tem sido em vão.
O cheiro pode assim, no dia-a-dia, dar um senso da vida. As alterações e
transições dos odores não só ajudam a situar alguém no espaço, mas também
contribuem para dar encanto à vida diária.
2.2.2.3. Cronémica
O tempo é outro dos elementos com os quais as pessoas se comunicam sem
palavras. Tal como refere Hall na sua obra, “The silent language”, o tempo fala. Fala
mais claramente do que as palavras” (Hall, 1980). Relativamente a este campo da
comunicação não-verbal as publicações do autor incidem nos seguintes argumentos: a)
povos distintos encaram o tempo de modo diferente; b) estas concepções, e práticas
correspondentes, influenciam as relações interpessoais, actuando como uma
linguagem táctica nas relações com os outros. Podemos assim constatar, de uma
12
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
forma mais sucinta, que o tempo, enquanto elemento de comunicação, pode ser
analisado mediante dois pontos de vista: pontualidade e instrumento de poder.

Pontualidade
A
falta
de
pontualidade
pode
comunicar
inúmeras
mensagens,
nomeadamente, desinteresse, maus hábitos, pouco desejo de superação pessoal,
descortesia e falta de respeito perante os outros. Já a pontualidade pode ser usada
para aferir certas qualidades da pessoa. Por exemplo, se alguém chega sempre cedo ao
trabalho manifesta interesse, responsabilidade e companheirismo. No entanto, estas
interpretações são determinadas pela cultura, uma vez que a noção de pontualidade é
interpretada de modo diferente pelos diferentes países (Ver quadro 1). Um atraso
pode ser culturalmente admissível para um encontro social mas não para uma reunião
de negócios. É o caso do Reino Unido onde predomina a pontualidade, mas é aceitável
o atraso de 10m no que respeita a jantares sociais (Rego 2007: 181 e 182).
País
África do Sul
Alemanha
Angola
Bélgica
Brasil
China
Espanha
EUA
França
Índia
Itália
Japão
Importância da Pontualidade
Cumprir a mais estrita pontualidade é fundamental.
É costume dizer-se que em nenhum outro país a pontualidade é tão
importante.
É desnecessário ter pressa. Convém ser pontual, no entanto prepare-se para
esperar.
A pontualidade é rigorosa.
O cumprimento de horários não é habitual, no entanto espera-se pontualidade
nos compromissos de negócios.
A pontualidade é extremamente importante. Simboliza o respeito pelo
compromisso assumido.
Os atrasos de 15 minutos são aceitáveis para os encontros sociais.
Para os americanos “Time is money”.
A pontualidade é sinal de cortesia e deve ser cumprida essencialmente nos
encontros de negócios.
Os indianos estimam a pontualidade mas nem sempre a põem em prática.
A pontualidade não é rigorosa.
A pontualidade é extremamente rigorosa. Um atraso é considerado falta de
13
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
cortesia.
México
Suécia
A pontualidade é apreciada mas pouco praticada.
É muito importante ser pontual, tanto em encontros sócias como em reuniões
profissionais.
Tabela 1: O modo como a pontualidade é encarada em diferentes países
Fonte: Rego 1997: 183-185
©Produção gráfica pessoal

O tempo como táctica de poder
O tempo também pode ser usado como um meio de comunicar e exercer
influência e poder. Neste sentido, Allan e Barbara Pease foram peremptórios: “A
pessoa que faz você esperar mais de 20 minutos mostra que ou é muito desorganizada
ou está fazendo jogo de poder. Fazer o outro esperar é uma forma eficaz de diminuirlhe o status e aumentar o próprio” (Pease e Pease 2005: 243). A lógica é: quem tem
menos poder espera, quem tem mais, faz esperar. Convém no entanto ressaltar que, o
descuido ou falta de cumprimento de horários podem proporcionar perda de poder,
pelo menos em determinados países, uma vez que actuam como fontes para a perda
de reputação e credibilidade.
2.2.2.4. Proxémica
Todos os seres vivos ocupam um espaço físico pessoal, uma espécie de bolha
individual ou um território particular, cuja dimensão é condicionada pela cultura.
“Uma das nossas necessidades mais profundas é o desejo de possuir a nossa própria
terra. Esta pulsão provém do facto de que esta nos proporciona a liberdade espacial de
que necessitamos” (Allan e Pease 2009: 227). Neste sentido a proxémica, definida pelo
seu criador, e antropólogo, Edward Hall, rege-se pelo estudo dos comportamentos
não-verbais que fazem referência à organização do espaço, bem como ao seu valor
expressivo (Lázaro 2009: 16).
Tais espaços comunicam significados compartilhados, frutos da sociabilização
entre as pessoas predispondo formas de comportamento adequadas aos objectivos
14
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
pretendidos com a comunicação estabelecida. Neste sentido, o espaço pode
comunicar informações precisas acerca de aspectos inerentes ao status, interesses e
intenções do interlocutor.
El espacio que la persona utiliza para relacionarse com el exterior, tanto con
objectos como com personas, informa sobre muchos aspectos inherentes a sue
status, intenciones y âmbito cultural al que pertenece. Por tanto, decidirse a entrar
en el espacio personal de outro es también una demonstración de interés y un acto
de valentia (Edward citado por Bravo 2010: 46)
Segundo Monteiro e os seus colaboradores, o espaço transmite informações
acerca do status do indivíduo. Para ilustrar esta situação o autor faz referência às
pessoas de alto status social e de como estas têm tendência a adoptar uma atitude de
frio distanciamento, chegando, por vezes, a evitar o contacto físico, nomeadamente o
aperto de mão, e a adoptar uma distância adequada à sua posição social. (Monteiro et
al. 2008: 62)
Hall (1980) subdividiu as necessidades territoriais do indivíduo em quatro
zonas: distância íntima, pessoal, social e pública, as quais crescem à medida que
diminui a intimidade (Ver figura 2).
A distância íntima constitui-se em um espaço inferior a 45 cm e é
caracterizada por contactos íntimos em que a proximidade e o contacto físico estão
em primeiro plano. O calor do corpo, o odor e a respiração são perceptíveis, verificase, por exemplo, na relação natural entre os amantes, pais e filhos ou amigos íntimos.
“É a distância do ato do amor e da luta, da protecção e do acolhimento” (Gomes citado
por Lunardelli e Queiroz 2005: 4). A distância pessoal é de 45 cm até 1,25m e
corresponde à zona onde ocorrem os contactos entre pessoas amigas e colegas de
trabalho. Aqui existe a separação das pessoas, podendo ocorrer o toque a curta
distância, como o aperto de mão ou a troca de olhares e sorrisos. A distância pessoal é
de 1,25m até 3,5m e caracteriza-se por ser impessoal, sendo mais comum em
contactos de negócios. Nesta zona “a informação sensorial transmitida é mínima,
sendo a informação visual mais detalhada que a obtida na distância pública” (Carvalho,
p.10). Por último, a distância pública estende-se a partir dos 3,6m e é muito formal.
15
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
Esta distância verifica-se, por exemplo, na interacção entre um orador e uma audiência
e a “principal forma de comunicação é verbal, acompanhada de comportamentos nãoverbais exagerados” (Carvalho, p.9), como a utilização de muitos gestos.
Distância íntima
Até 46 cm
Distância Pessoal
Entre 46cm e
1,22m
Distância Pessoal
Distância Pública
Entre 1,22m e
3,6m
Mais de 3,6m
Ilustração 2: Classificação das distâncias. Estas distâncias são globalmente aplicáveis a culturas anglosaxónicas e a culturas do norte da Europa, mas não necessariamente às restantes culturas (adaptado de
Hall (1980)).
Fonte: (Rego 2007: 164)
© Produção gráfica pessoal
As distâncias que as pessoas adoptam numa relação interpessoal podem
também transmitir inúmeras informações acerca da personalidade das mesmas. Por
exemplo, as pessoas tímidas tendem a apresentar espaços maiores em comparação
com as pessoas extrovertidas. As próprias modificações no decorrer de uma interacção
fornecem informações sobre a intenção de iniciar, manter ou interromper um
encontro.
(…) O movimento na direcção de uma pessoa pode ser sinal indicador do desejo de
interagir; o afastar do interlocutor, acompanhando esta “jogada” com outros sinais
não-verbais adequados, pode comunicar a intenção de pôr fim ao encontro (Bitti e
Zani 1997: 142).
Diante do exposto, torna-se importante considerar as normas proxémicas da
sociedade em que se vive, uma vez que a forma como o homem utiliza o seu espaço e
o dos outros facilita, ou dificulta, as relações interpessoais.
16
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
2.2.2.5. Paralinguagem
Na comunicação não-verbal a paralinguagem é uma disciplina que estuda as
características não-verbais da voz como a entoação, a velocidade, o ritmo, as pausas,
etc.. Todos estes aspectos vocálicos têm real interesse no processo de comunicação.
Segundo Poyatos a paralinguagem é constituída por diversas categorias: a) qualidades
primárias (como o timbre e o tom); b) modificadores (que compreendem por sua vez
os qualificadores [tipos de voz] e os diferenciadores [riso, choro, suspiro, etc.]) e, por
último, os alternantes (aspirações, pausas) (Serra 2001: 136).
As características paralinguísticas do tom de voz e do timbre têm, por
exemplo, a função de enviar informações acerca do estado emocional do sujeito
falante e constituem um código comunicativo que pode estar sujeito a convenções
culturais (Bitti e Zani 1997: 160). Por exemplo, a ira costuma ser comunicada através
do aumento da intensidade e da altura da voz. Por sua vez, uma pessoa excitada tende
a falar rapidamente e com um volume mais forte, enquanto que um indivíduo
deprimido fala lentamente e de modo mais apagado. Beirão acrescenta ainda que
“uma voz calma, geralmente, transmite mensagens mais claras do que uma voz
agitada” (Beirão 2008: 22).
A entoação de uma frase assume um papel importante, uma vez que tanto
pode acentuar o que se está a dizer ou, pelo contrário, retirar algum significado,
podendo até proporcionar uma inversão do sentido quando se trata de uma entoação
irónica ou sarcástica. Tal como diz a expressão “Não é tanto o que se diz mas como é
dito”.
Portanto, através da voz de uma pessoa nós podemos recolher inúmeras
informações acerca do seu estado de espírito: se o indivíduo está tenso, relaxado,
calmo ou excitado, entre outros.
O silêncio e as pausas também podem enviar múltiplas mensagens no
processo de interacção com outra pessoa. Sobre as pausas, Cestero Mancera explicanos o seguinte:
17
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
[...] las pausas o ausencia de sonido durante un período de tiempo comprendido
entre 0 y 1 segundo, aproximadamente, tienen como función primordial regular el
cambio de turno, indicando el final de uno y el posible comienzo de otro, pero
pueden funcionar también como presentadoras de distintas clases de actos
comunicativos verbales, tales como preguntas, narraciones o peticiones de apoyos,
y, además, pueden ser reflexivas o fisiológicas, con las connotaciones que ello
conlleva (Mancera 2001: 601 e 602).
O silêncio, por si só, pode, tal como as pausas estar associado ao processo de
decisão acerca de quem deve começar a falar ou simplesmente indicar o fim de uma
fala. Para além de regular as expressões faladas ele pode transmitir ainda muitos
outros significados. Como refere Calero “silence can convey confidence, honesty,
forthrightness, strength, loyalty and dedication; but it can also convey indecision, lack
of interest or ignorance” (Calero 2005: 62). O silêncio em muitas situações pode ser
precioso, isto verifica-se, por exemplo, no contexto político onde é usado de modo
estratégico, comunicando secretismo e incerteza. “Sometimes what you don’t say is
more important that what you do say. Silence at times may turn out to be a wonderful
non-response to a question” (Calero 2005: 61). Podemos assim verificar que cada
modo de estar em silêncio pode significar tanto como uma mensagem verbal. Vejamos
alguns exemplos na seguinte tabela:
Alguns significados do silêncio
Concordância
Preocupação, consideração de uma situação
Revelação (nós podemos saber muito das
pessoas através daquilo que elas optam por
omitir)
Cordialidade (une os participantes)
Submissão
Atrair a atenção
Consideração
Discordância (“Tratamento de silêncio”)
Ignorância
Segredo (quando se pretende esconder algo)
Frieza (“Separar os participantes”.)
Ataque (não responder a uma carta ou a um
comentário que nos foi dirigido)
Tédio
Desconsideração
Tabela 2: Alguns significados do silêncio
Fonte: Adaptado de Adler e Rodman apud Knapp e Vangelisti (2000: 113)
© Produção gráfica pessoal
18
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
Ainda segundo Ferro, o próprio suspiro é uma forma de silêncio e também ele
comunica:
Por la relación que el modo de respirar tiene con el sosiego y la liberación de
tensiones, así como en conexión com el sentido de libertad que el silencio posee
frente a la palabra, el suspiro resulta liberador (…) *el suspiro+ puede llegar a ser un
acto social, un acto comunicativo. No suspiramos delante de cualquiera (…) (Ferro
citado por Serra 2001: 137).
Deste modo, é de notar que a paralinguagem actua como uma
metacomunicação sobre o que é comunicado verbalmente, constituindo assim, de
certa forma, um comentário constante acerca de como deve ser interpretado o que
as palavras transmitem.
2.3. Cinésica
Ray Birdwhistell é conhecido como o pai da cinésica, tendo realizado
inúmeros estudos acerca dos indicadores de sexo (nomeadamente no que respeita aos
comportamentos, movimentos, gestos, etc. adjudicados a cada género). Estes estudos
foram realizados em sete culturas distintas, onde deu também início aos estudos sobre
os movimentos corporais partindo da ideia de que existem emoções básicas que são
comuns a todos os seres humanos; como a alegria, amor, temor, atracção sexual, etc.
Mediante estas considerações rapidamente chegou á conclusão de que não existem
gestos universais. “Lo más que sabemos es que existe uma expresión facial, una
actitud o una postura corporal que en sí misma no tiene el mismo significado en todas
las sociedades” (Davis citado por Birdwhistell 2005: 16).
Na mesma linha de pensamento, Manuel Delgado refere que “no existeix mai
expressió facial, posat ni actitud corporal que transmiti idêntica significació en totes les
societats” (Delgado 2010: 4).
19
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
Cada sociedade possui uma codificação e descodificação diferente. Por
exemplo, o sorriso varia de cultura para cultura, nos Estados Unidos há inúmeros
grupos propensos a sorrir, enquanto que outros não, podendo considerar o sorriso
como algo provocador.
Tal como o discurso pode ser dividido em sons, palavras, orações, parágrafos,
etc. também a cinésica possui unidades idênticas. A menor de todas elas é o “kine”,
considerado “o mais pequeno movimento da linguagem do corpo” (Fast 2001: 153).
Acima deste existem outros movimentos que são maiores e mais notórios,
denominados “kinemas”, que adquirem significado quando são considerados em
conjunto (Davis 2005: 17).
A cinésica é, provavelmente, de entre todos os sistemas de comunicação nãoverbal o mais representativo e característico. É a disciplina que estuda o significado
expressivo dos gestos e dos movimentos corporais que acompanham a fala. Nos
estudos de Paul Ekman e Friesen, a cinésica é a ciência ou método que estuda os
movimentos do corpo em geral, nomeadamente: os gestos, movimentos corporais das
mãos, cabeça, pés e das pernas, expressões faciais, conduta ocular e posturas (Bravo
2010: 33).
Os actos não-verbais que constituem a cinésica são muitos e muito variados,
pelo que se torna necessário subdividir este sistema noutros menores. No sentido de
satisfazer as necessidades deste trabalho de investigação vamos adoptar a divisão
proposta por Mancera. A autora divide este sistema em três categorias (Mancera
citado por Litza 2006: 84):

Maneiras ou formas convencionais de realizar acções;

Posturas;

Gestos ou movimentos faciais e corporais;
Precedamos a uma breve análise destas categorias, dando especial enfoque
aos gestos, um dos objectos de estudo deste trabalho de investigação.
20
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
2.3.1. Maneiras
Segundo Mancera, as maneiras são definidas “como las formas de hacer
movimentos, tomar posturas y en general, realizar actos não-verbais comunicativos”
(Mancera citado por Orellana 2006: 87). Poyatos acrescenta ainda que as maneiras são
caracterizadas pelo modo como se realiza um gesto ou uma postura mediante a
cultura, o sexo, o nível sócio-educacional, estado emocional, etc. (Poyatos 2003: 77).
Neste sentido as maneiras acabam por ser comportamentos não-verbais
geralmente aprendidos ou ritualizados socialmente de acordo com o contexto e
podem adoptar uma relação de alternância ou simultaneidade perante os signos
verbais.
Mancera classifica as maneiras da seguinte forma:

Maneiras gestuais e posturais – incluem gestos para saudar, despedir,
auto-apresentar-se, etc.;

Maneiras de realizar hábitos de comportamentos culturais – incluem,
por exemplo, a forma de ir sentado, de andar, a maneira de comer, etc.;
O valor das maneiras é essencialmente cultural. Deste modo, por exemplo,
durante uma interacção social comportamentos como as palmaditas ou as carícias
podem, ou não, ser permitidos, dependendo dos valores da sociedade em questão
bem como do tipo de relação social.
2.3.2. Posturas
Tal como os restantes sistemas da comunicação não-verbal, também a
postura comunica. Através da postura uma pessoa pode mostrar às demais a sua
atitude, ao sentar-se, por exemplo, de modo diferente das outras. A maneira de andar,
21
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
de estar de pé, de cruzar ou não as pernas comunica os papéis vividos, o seu estado de
espírito e até a confiança que uma determinada pessoa tem em si própria.
Há uma relação próxima entre postura e personalidade. A rigidez, o porte altivo, a
postura tímida ou de superioridade, podem dar indicações úteis sobre a
personalidade, embora a pessoa possa utilizar intencionalmente essas posturas
para reforçar o papel que deseja representar socialmente (Monteiro et al. 2008:
62).
Existem posturas dominantes e submissas. Por exemplo, o porte direito, a
cabeça levantada para trás e as mãos nas ancas podem indicar o desejo de dominar, ao
passo que aquele que possui as costas curvadas transmite fraqueza e submissão.
Outras correspondem a situações de amizade ou hostilidade, e há ainda aquelas que
indicam um estado ou condição social sendo mais usuais em situações públicas. “Nas
relações hierárquicas, verificamos que inferiores hierárquicos adoptam posturas
atenciosas e mais rígidas do que os seus superiores, que tendem a mostrar-se mais
descontraídos” (Beirão et al. 2008: 22).
A postura varia de acordo com o estado emocional. Neste sentido, Sarbin e
Hardyck (1953) estudaram a relação existente entre ambos e puseram em evidência
uma correlação específica entre o tipo de postura e algumas das emoções
fundamentais. Essa correlação está bem explicitada na ilustração que se segue:
22
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
Ilustração 3: Linguagem não-verbal e a expressividade dos gestos corporais
Fonte: Figuras extraídas de Sarbin e Hardyck por Monteiro et al. 2008: 64.
Legenda: a) curiosidade; b) embaraço; c) indiferença; d) rejeição; e) observação; f) autossatisfação; g)
gratidão; h) determinação; i) ambiguidade; j) procura; k) concentração; l) atenção; m) agressividade;
n) excitação; o) preguiça; p) surpresa; q) servilis; r) timidez; s) meditação; t) afetação.
Já Ekman e Friesen consideram que “a postura é mais importante para
comunicar a intensidade da emoção e não o seu tipo” (Ekman e Friesen citados por
Figueiredo 2000:41). Na percepção destes autores, a postura é menos regulável do que
outros aspectos corporais, pelo que pode revelar uma ânsia secreta que a expressão
facial, por exemplo, não transmite. Cherny e Rulicki ilustram bem esta situação ao
referirem que “adelantar el torso puede indicar tanto receptividade como desafio,
mientras que cruzar los brazos señala mala predisposición, o simplemente que se tiene
frio” (Cherny e Rulicki 2007: 36).
A própria orientação da postura comunica acerca da intenção do interlocutor.
Se por exemplo, alguém quer ajudar o mais provável é que se sente adoptando uma
certa inclinação para onde está localizado o sujeito com quem quer cooperar. Por
23
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
outro lado, a direcção para a qual apontam os sapatos e o tronco do indivíduo pode
incluir ou excluir as outras pessoas da roda conversacional.
2.3.3. Gestos
“Os gestos são janelas para o pensamento”
(D. McNeil citado por Pereira 2010: 26)
Gesto é uma palavra derivada do latim géstus e designa movimento, atitude,
gesticulação, esgar, visagem, careta (Pereira citado por Houaiss 2010: 31). Segundo
Kendon, a palavra ‘gesture’ é usada por diversos fenómenos distintos que incluem
movimentos corporais nos actos comunicativos (Ozyurek 2000: 67).
Os gestos têm atraído a atenção de inúmeros estudiosos por mais de dois
milénios. O interesse pelo estudo desta área advém já desde a Antiguidade Clássica.
Cícero na Invenção da Rétorica e Quintiliano na sua Instituição Oratória falavam da
dispositio do orador para persuadir o auditório; aqui o gesto era usado para criar e
ressaltar a imagem do orador bem como para dar ênfase aos movimentos estratégicos
que melhor se aplicavam para a defesa das causas em questão. Desde então muitas
pesquisas e estudos foram realizados impulsionando novas descobertas na área dos
gestos. Nesta perspectiva, e de forma a evidenciar as principais linhas de investigação
desta temática, apresentamos um quadro resumo dos estudos realizados:
Autor
Ano/Período
Contributo para o estudo dos gestos
Marcus Fabios
Quintilianus
30 a 95
Július Victor
Séc. IV
Giovanni Bonifacio
1547 - 1645
24
Escreveu a obra Institutio Oratória composta
por 12 volumes que apresenta a discussão mais
completa sobre os gestos da época, chamando
a atenção para a importância da voz e do gesto
coreográfico (sequência de movimentos
intencionais).
Estuda a importância dos gestos e faz
recomendações sobre a sua utilização.
Publica a obra L’Arte de Cenni (1616) onde,
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
John Bulwer
Condillac
1606 - 1656
1756
Gilbert Austin
1753 - 1837
Albert M. Bacon
1875
David Efron
1941
Ekman e Friesen
1969
W. Wundt
1870
François Delsarte
1811 - 1871
25
numa primeira parte, faz uma descrição de
todos os gestos corporais e, numa segunda,
trabalha com gestos e sinais usados nas
diversas profissões.
Publica os tratados Chirologia, or the natural
language of the hand e Chironomia e Art of
Normal Rhetoric (1644). O autor exalta o
discurso e aptidão das mãos discutindo os 64
gestos das mesmas.
O autor e outros filósofos acreditavam que as
primeiras línguas eram gestuais. O investigador
afirmou que “a linguagem original emergiu de
signos naturais”, portanto, dos gestos (Condilac
citado por Pereira 2010: 2).
Escreve Chironomia (1806), o estudo mais
ambicioso publicado neste período. O seu
sistema de notação dos gestos consistia na
representação do corpo numa esfera
imaginária, dentro da qual o falante movia o
seu corpo, pés e mãos na direcção de um dos
pontos demarcados.
Baseando-se no modelo de Austin, Bacon
apresenta uma variedade de expressões faciais.
Tal como Austin, Bacon também usava uma
esfera imaginária para mapear os gestos dos
falantes.
É pioneiro no estudo dos gestos que
acompanham a fala. Na sua pesquisa Gesture
and Environment faz uma descrição dos gestos
espontâneos que acompanham
sincronicamente a fala. O seu trabalho foi
considerado um marco de cientificidade devido
ao rigor do seu método. Realizou observações
visuais, produziu filmes em câmara lenta e
inúmeros desenhos.
Divulgam os estudos iniciados por Efron e
propõem um esquema de classificação
tipológica dos gestos, classificando-os em cinco
categorias: emblemáticos, reguladores da
interacção, indicadores do estado emocional e
de adaptação.
Defende o dualismo ou a separação entre gesto
e ideia. Para este autor, a comunicação gestual
era considerada como “uma expressão do
pensamento por meio dos movimentos visíveis,
mas não audíveis e de dar a esta expressão um
lugar entre fala e escrita (Rector citado por
Correa 2007: 30).
Desenvolveu um estudo intensivo do
movimento e do seu comportamento. Define o
gesto como “intérprete do discurso – o gesto
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
Rudolf Laban
1879 - 1958
Adam Kendon
1972, 1988
McNeil
1992
Goldin-Meadow; Alibali
e Church
1993
Kita; Alibali e Young
2000, 2003
foi dado ao homem pata revelar o que o
discurso é impotente para expressar” (Delsarte
citado por Pereira 2010: 2). O pesquisador
analisa profundamente a voz, respiração,
dinâmicas de movimento, linha e forma, bem
como todos os movimentos do corpo que
actuam como agentes expressivos.
Os seus estudos incidiram na relação entre o
movimento humano e o espaço que o rodeia
dando origem a um extenso sistema de análise,
pesquisa e notação do movimento.
Investigou diversos aspectos do gesto como o
seu papel na comunicação, na evolução da
língua, bem como o convencionalismo do
gesto. Como resultado dos seus estudos sugere
a integração do gesto e da fala, a partir da
construção de uma unidade entre ambos.
A partir das pesquisas de Efron, considera que
“os gestos, juntamente com a língua, ajudam a
constituir o pensamento e reflectem a
representação imagística mental que é activada
no momento de falar” (McNeil citado por
Pereira 2010: 3). Abre-se então a possibilidade
de o gesto possuir não só um papel na
produção do discurso mas também em
actividades cognitivas. Classifica os gestos em
quatro tipos: icónicos, metafóricos, rítmicos e
dêiticos.
As suas pesquisas evidenciam que os gestos das
mãos podem oferecer uma visão única no
processo de ensino e aprendizagem.
Acreditam que os gestos estão envolvidos na
elaboração conceitual do discurso. Os seus
trabalhos indiciam que o gesto, para além de
ser um acto comunicativo, também pode
reflectir e influenciar os processos mentais dos
falantes, facilitando o acesso a itens do léxico
mental.
Tabela 3: Estudos realizados no âmbito dos gestos
Fontes: Pereira, 2010 e Correa, 2007
© Produção gráfica pessoal
Segundo McNeil, os gestos são movimentos corporais, visíveis e voluntários,
realizados pelo ser humano, através dos quais transmitem um determinado
significado. Noutros termos podemos dizer que os gestos são movimentos que, de
forma consciente ou inconsciente, o falante realiza com uma ou mais partes do corpo,
nomeadamente com a cabeça, o rosto (incluindo o olhar), ou as extremidades, tanto
26
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
superiores como inferiores. De realçar os gestos das mãos que, no âmbito gestual,
desempenham funções claramente ostensivas.
Cestera (2004) divide os gestos em dois grandes grupos:

Gestos faciais: aqueles que se realizam com os olhos, as sobrancelhas, o
queixo, o nariz, os lábios, a boca;

Gestos corporais: aqueles que se realizam principalmente com a cabeça,
as ombros, os braços, as pernas, os pés, as mãos e os dedos.
2.3.3.1. A Função dos Gestos
- Moço, pode-me dizer onde fica a farmácia mais próxima?
Pergunta uma mulher a um rapaz que apertava os cordões dos seus sapatos.
- Um momento, deixe-me acabar de apertar os cordões dos sapatos e, então, poderei
explicar-lhe melhor.
Ao explicar à mulher, o rapaz aponta com o dedo indicador para a direcção que ela
deveria seguir para chegar ao destino desejado.
Quadro1 – Enunciado oral e gesticulado
Knapp e Hall (1999), referindo-se à função do comportamento não-verbal
salientam que ele pode perfeitamente repetir, substituir, complementar, acentuar ou
regular e até mesmo contradizer as mensagens verbais (Knapp e Hall 1999: 30). Neste
sentido, quando existe concordância entre a palavra e o gesto, a recepção da
mensagem é mais eficaz e o impacto é maior. Por sua vez, quando existe uma
divergência entre ambos, esta contradição cria um efeito perturbador (Dorna e
Argentin 1993: 63).
Os gestos também exercem funções comunicativas chegando, por vezes, a ser
mais eficazes na transmissão das mensagens do que qualquer palavra que possamos
eventualmente usar. Eles podem ser usados para ilustrar ou reforçar a mensagem
27
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
verbal, esclarecendo o seu significado. A título de exemplo temos o recurso a gestos
direccionais no sentido de complementar a expressão direccional verbal, como é
demonstrado no exemplo acima. Ali o gesto de apontamento esclarece a direcção
enunciada oralmente pelo rapaz, clarificando e complementando a informação que lhe
foi solicitada pela mulher.
De facto, uma das funções dos gestos é ilustrar a expressão verbal, criando
uma imagem clara daquilo que está a ser dito. “Because some people take in
information more effectively be seeing what´s being described, illustrating your
message through gestures helps create a clear picture for them”7.
Segundo Adam Kendon, os gestos participam na construção de sentido do
enunciado. Muitas das vezes as palavras faladas são ambíguas e aquilo que o falante
quer dizer com as palavras ou frases visadas só se torna claro quando elas são
definidas num contexto mais amplo. Neste sentido, os gestos podem fornecer o
contexto para a expressão oral através de uma representação visual, fazendo com que
o enunciado oral seja mais preciso. (Kendon, p.51).
Por outro lado, os gestos podem ser usados como marcadores da atitude do
falante em relação ao que se está a dizer, nomeadamente, para expressar as suas
atitudes acerca de como se espera que aquilo que se está a dizer seja interpretado
pelo interlocutor. Deste modo, os gestos acabam por expressar a natureza da intenção
ilocucionária do enunciado, adicionando significado à mensagem falada (Kendon,
p.56).
Assim sendo, podemos verificar que o gesto exerce funções comunicativas,
visando acima de tudo tornar a expressão falada o mais clara e unívoca possível. “É o
caso dos gestos que sublinham a palavra, a pontuam e lhe dão um relevo relativo
como faz o dedo indicador apontando para aquele que eu acuso” (Bergès 1967: 24).
Alguns especialistas (Laguna 1927; Friedman 1972; Mead 1934¸ Moscovici
1967; Werner; Kaplan 1963) alegam ainda que, os gestos não só transmitem
7
In http://media.wiley.com/product_data/excerpt/11/04705129/0470512911.pdf
28
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
mensagens e complementam a mensagem verbal como também possuem uma função
de recuperação lexical (Dittmann e Llewetlyn citados por Correa 2007: 30). Dito de
outra forma, os gestos ajudam a pensar, ajudam as pessoas a procurar na memória
aquelas palavras que não ocorrem com tanta facilidade aos lábios.
Por último, os gestos não são apenas fruto dos nossos sentimentos ou um
instrumento de feedback face aos comportamentos não-verbais nos nossos
interlocutores, eles espelham as nossas emoções e pensamentos. Para Napier “o gesto
permite que se expressem coisas que nunca poderão ser faladas. Se a linguagem foi
concedida aos homens para esconderem os seus pensamentos, então a finalidade dos
gestos foi revelá-los” (Napier citado por Pereira 2010: 45). Um exemplo que demonstra
este facto são as pessoas abatidas que, normalmente, andam com as mãos nos bolsos,
com a cabeça para baixo e com os ombros curvados.
Para além de transmitirem os nossos sentimentos, eles podem também ser
causadores de sentimentos e emoções. Allan e Barbara Pease explicam que, quando as
pessoas sorriem ou riem, mesmo não estando felizes, “acabam por animar a “zona feliz
do hemisfério esquerdo com actividade eléctrica”, ficando mais felizes (Pease e Pease
2005: 174).
De referir ainda que, os gestos podem exercer a função de redutores de
tensão. Joe Navarro, Ex-agente do FBI e especialista na linguagem corporal, intitula
estes gestos de comportamentos pacificadores, uma vez que são usados na tentativa
de eliminar uma sensação desagradável ou nociva. Estes comportamentos assumem
muitas formas e como explica Navarro “quando estamos stressados, podemos afagar o
pescoço com uma massagem suave, passar as mãos na cara ou brincar com o cabelo”
(Navarro 2008: 59). Assim, estes gestos têm como especial objectivo reduzir estados
de tensão, stresse, nervosismo. Por outras palavras, procuram tranquilizar-nos.
29
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
2.3.3.2. A Expressividade dos Gestos Corporais
Através dos gestos do corpo as pessoas exprimem experiências, sentimentos e
atitudes de forma a relacionarem-se com os outros e com o ambiente que os rodeia.
Como refere Rector,
O homem é um ser em movimento e, ao mover-se, põe em funcionamento formas
de expressão completas e complexas *…+ A expressão gestual serve tanto à
intenção cognitiva, expressiva ou descritiva, quanto a referências de ordem
afectiva (Rector citado por Pereira 2010: 31).
No sentido de ilustrar a expressividade do gesto, analisemos agora de uma
forma sucinta cada um deles. Apesar de todos exercerem um papel no acto
comunicativo, iremos apenas considerar aqueles que são mais relevantes para a
linguagem não-verbal, nomeadamente: os gestos do rosto, dos olhos, da cabeça e das
mãos.

Expressão Facial
“Porque a natureza não deu apenas ao homem a voz e a língua, como intérpretes do
seu pensamento; na desconfiança de que deles pudesse abusar; fez ainda falar o seu
rosto e os olhos para as desmentir quando elas não fossem fiéis”
(Courtine e Haroche 1988:26)
O rosto é um canal privilegiado para expressar estados emocionais e
comunicar atitudes. Como refere Calero “facial expressions are to emotions as
language is to thoughts - the mirror to how we feel” (Calero 2005: 66).
Assim, podemos interpretar a alegria, a tristeza, o medo, a raiva, a surpresa, o
afectos apenas pela simples observação dos movimentos do rosto do nosso
interlocutor. Esses movimentos são como ondas de emoção que cintilam no nosso
rosto revelando sentimentos que, por vezes, preferimos manter só para nós.
30
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
O rosto é também considerado um importante canal de interacção entre duas
pessoas, uma vez que ele participa activamente nas relações interpessoais,
fornecendo, muitas vezes, um constante comentário às mensagens verbais.
Aquele que fala acompanha as palavras com expressões faciais que têm o fim de
sublinhar, acentuar, modular os significados (…) o ouvinte, por sua vez, exprime as
suas reacções por meio de pequenos e rápidos movimentos dos lábios, dos
sobrolhos e da testa e pode assim manifestar concordância, perplexidade, atenção,
interesse, indiferença (…) os sobrolhos, por exemplo, fornecem um comentário
contínuo e pontual por meio de diversos graus de arquejamento ou abaixamento
(Argyle citado por Bitti e Zani 1997: 154).
Deste modo, as expressões faciais desempenham diversas funções como a
expressão de emoções e atitudes, o envio de sinais inerentes à interacção em curso
bem como comunicar aspectos relativos à personalidade do indivíduo. Actuam, por
assim dizer, como gestos-signo que possuem um valor interpretativo.

Gestos da Cabeça
Os movimentos da cabeça são considerados indicadores relevantes acerca do
curso de uma interacção. Os acenos de cabeça, normalmente, são gestos muito
rápidos, no entanto são perceptíveis. Um aceno de cabeça de quem ouve é
percepcionado por aquele que fala como um sinal de atenção, assumindo um papel de
reforço e encorajamento para o prosseguimento do acto comunicativo. Os
movimentos da cabeça também comunicam a atitude do interlocutor. Na percepção
de Sandor Feldman, a cabeça erguida pode expressar amor-próprio, auto confiança,
coragem, saúde, orgulho e força e, por sua vez, a cabeça baixa pode comunicar
humildade, resignação, culpa e autocrítica (Feldman, p.2).
31
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador

Os Gestos dos Olhos
Os olhos são o ponto mais importante da comunicação facial e o foco mais
expressivo da face. Diz-se sabiamente que os olhos são o espelho da alma e a verdade
é que eles são uma forte e sincera fonte de emoção, principalmente no caso dos
olhares mais demorados. O contacto visual, se demasiado intenso, pode causar no
interlocutor a sensação de embaraço, incómodo e ansiedade, enquanto que, um
contacto que dure pouco tempo pode ser agradável e ter o valor de recompensa.
Exline segue na mesma direcção afirmando que, “o ouvinte que não olha o falante dá
uma impressão de rejeição ou de indiferença” (Exline tado por Bitti e Zani 1997: 156).
Estudos de Allan e Pease demonstram que a dilatação das pupilas comunica
atitudes e estados de espírito das pessoas muito sinceros, tendo em linha de conta que
não está sujeita a um controlo consciente por parte do ser humano. “Quando nos
excitamos, nossas pupilas se dilatam, podendo alcançar até quatro vezes o seu
tamanho original. Inversamente, estados de espírito zangados e negativos fazem com
que as pupilas se contraiam” (Allan e Pease 2005: 104).
Tal como outros elementos do rosto, o contacto visual também regula o fluxo
comunicacional, transmitindo inúmeras mensagens que contribuem para o bom
desenvolvimento
das
relações
interpessoais,
nomeadamente
para
assinalar
concordância perante o que o interlocutor está a dizer, intervir e até apoiá-lo.
Aquele que fala olha o ouvinte em momentos estratégicos a fim de colher
informações retroactivas, lança-lhe olhares para dar ênfase ao que vai dizendo, ou
para ser mais persuasivo, e comunica, com o “olhar final”, que está a terminar a
sua intervenção”. Aquele que ouve olha o falante a fim de apoiá-lo e reforça-lo,
para lhe manifestar atenção e interesse (Argyle citado por Bitti e Zani 1997: 159).
32
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador

Gestos das Mãos
As mãos são quase seres vivos [...] dotados de um espírito livre e vigoroso, de uma
fisionomia. Rostos sem olhos e sem voz que, não obstante, vêem e falam... As mãos
significam ações: fazer, criar, às vezes, parecem até pensar.
(Henri Foncillon citado por Pereira 2010: 6)
Estes gestos podem ou não ser executados com ambas as mãos e são
considerados a categoria de gesto com maior ocorrência. Este facto deve-se à elevada
habilidade e precisão da mão humana em adquirir um grande número de
configurações amplamente perceptíveis pelos outros (Pereira 2007: 33). Os
movimentos das mãos estão fortemente interligados com a fala no tempo, no
significado e na função. Ignorá-los é ignorar uma grande parte da conversação porque
as mãos comunicam, e comunicam muito.
Sanz salienta a importância dos movimentos das mãos no processo de
comunicação ao dizer que:
(..) con ellos podemos completar, aclarar o modificar lo dicho mediante la palabra;
su presencia en la conversación es tan importante y frecuente que es normal que
también gesticulemos las conversaciones telefónicas, aunque ante la imposibilidad
de ser visto, nos vemos en la necesidad deampliar de forma oral nuestro discurso
(Sanz 2003: 42).
Assim, os gestos das mãos não só exercem funções comunicativas, ao carregar
informação coordenada, de maneira simultânea, como também transmitem as nossas
emoções e estados de espírito, reflectindo, por vezes, pensamentos que ainda não
estão presentes na superfície da mensagem oral. Os gestos das mãos podem até
chegar a substituir as palavras por completo, como acontece, por exemplo, na
linguagem gestual para os surdos.
Também Bulwer ([1644] 1974) realça a importância dos movimentos das
mãos e salienta que “as mãos, esse atarefado instrumento, é muito falador, cuja
33
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
linguagem é tão facilmente percebida e compreendida como se o homem tivesse outra
boca ou fonte de discurso em suas mãos (Bulwer citado por Pereira 2007: 39).
De facto, as mãos falam e fazem-no essencialmente na zona média do nosso
corpo, abaixo dos ombros e acima da cintura. São de evitar os gestos abaixo da cintura
bem como aqueles realizados acima da cabeça. Na percepção de Reinaldo Polito
quando os gestos são realizados abaixo da cintura, “perdem expressividade e
contribuem pouco para a qualidade da comunicação” (Polito, p.4). Por sua vez, quando
são realizados acima dos ombros e da cabeça, os gestos das mãos vão mais ao
encontro da emoção do que da razão, podendo, em limites extremos, comunicar sinais
de esquizofrenia.
Propriedades do Gesto
Na sua obra “Hand and Mind” (1992), McNeill enumera as principais
propriedades do gesto:
a) É global. O gesto não deve ser interpretado isoladamente dos restantes.
Cada gesto isolado é como uma palavra numa frase, difícil e perigoso de se
interpretar (Alessandra 2006, 2). Como explica McNeil, o sentido das partes
do gesto é determinado pelo todo (1992: 41).
b) É sintético. Um simples encolher de ombros pode ser mais falante do que
uma torrente de palavras. Como explica Sanvito, “em virtude de o homem
não conseguir verbalizar todos os seus pensamentos e emoções ele
complementa sua mensagem através de uma elaborada linguagem
corporal” (Sanvito citado por Marques 2006: 55). Deste modo, os diferentes
sentidos dos segmentos são sintetizados no interior de um simples ou único
gesto (McNeil 1992: 41).
c) Não se combina. Os gestos não se combinam para criar estruturas e formas
largas e hierárquicas, pois carecem de uma sintaxe. A maioria deles são de
uma cláusula oracional mas, quando há gestos sucessivos sem uma
34
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
cláusula, cada um corresponde a uma ideia unida em e para si mesma
(McNeil 1992: 41). Nenhuma das propriedades formais do primeiro gesto
estaria presente no segundo (McNeil 1992: 3).
d) É sensível ao contexto. Cada gesto é criado no momento da fala e salienta
ou destaca o que é relevante naquilo que é dito, no entanto, a mesma ideia
pode ser referida por um gesto que pode mudar o seu significado. O gesto
de coçar a cabeça, ele pode significar muitas coisas diferentes tais como
suor, incerteza, caspa, piolhos, esquecimento ou mentira, isto dependendo
do contexto em que ele ocorre. Ou seja, o gesto é dependente do contexto,
tal como o signo linguístico.
e) É rítmico. Os gestos estão integrados no aparato linguístico. No entanto
antecipam o enunciado na sua fase preparatória e sincronizam-se na fase
do “golpe”, no momento em que é pronunciada a sílaba tónica da palavra e
nunca depois dela (McNeil, 1992). Neste sentido, o gesto deve preceder à
palavra ou acompanhá-la, nunca sucedê-la. Como explica Mário dos Santos
“se anteceder, prepara o efeito da palavra; se acompanhar, reforça-a; se a
suceder, perde a sua força” (Santos 1962: 83).
Uma outra propriedade que não foi considerada por McNeil mas que pode ser
muito relevante é a variação cultural, pois o gesto também é sensível à cultura. Por
exemplo, como sabemos o dedo indicador é usado vulgarmente para apontar para
uma determinada direcção, contudo, e como salienta Calero “ (…) finger pointing in
some cultures is considered inappropriate and vulgar (Calero 2005: 115). O mesmo se
passa com inúmeros outros gestos. É o caso do gesto do anel (polegar e índice do dedo
em forma de círculo) que, para todos os países anglófonos significa “Está tudo
óptimo!”, enquanto que na França e na Bélgica significa “Zero” ou “Nada”.
35
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
2.3.3.3. Tipologias dos Gestos
As classificações dos gestos que acompanham a fala são diversas. Com o
decorrer do tempo os gestos foram classificados de maneira mais ou menos detalhada,
mediante o enfoque de cada estudioso, em função dos seus objectivos. No presente
estudo vamos apenas destacar as duas tipologias mais relevantes e detalhadas: a de
Ekman e Friesen (1969) e a de McNeil (1992, 1995).
Ekman e Friesen (1969)
McNeil (1992)
Gestos emblemáticos
Gestos icónicos
Gestos ilustradores
Gestos metafóricos
Gestos demonstradores de afecto
Gestos deícticos
Gestos reguladores
Gestos batuta (beat)
Gestos adaptadores
Tabela 4: Tipologias de Ekman e Friesen e McNeil
©Produção gráfica pessoal
Tipologia de Ekman e Friesen (1969)

Emblemas
Os emblemas são actos não-verbais que têm uma tradução verbal directa.
Essa tradução é compartilhada por todos os elementos de um determinado grupo e é
equivalente a uma palavra ou frase curta. Cruzar os dedos, por exemplo, é um
emblema de sorte ou de se precaver contra o azar. O signo “ok” também é um
emblema que tem sido difundido pelo mundo. Rulicki e Cherny acrescentam que os
emblemas “son los actos no-verbales realizados com mayor grado de conciencia y
constituyen esfuerzos intencionales de comunicación” (Rulicki e Cherny 2007: 47).

Ilustradores
36
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
Os gestos ilustradores são sinais não-verbais que estão directamente
relacionados com as palavras. Eles reforçam a comunicação verbal e permitem
acentuar palavras ou ideias (Hartman 2009: 2). Temos como exemplo o pescador que
procura demonstrar o tamanho do peixe que lhe escapou. Neste sentido, os
ilustradores são um tipo cinésico de “ajuda visual” e incluem comportamentos que
apontam, esboçam ou retratam as emoções do interlocutor. Na percepção de Ribeiro e
Guimarães, aquelas pessoas que fazem um uso mais frequente de ilustradores quando
falam são percebidas como mais animadas e energéticas do que aquelas que não usam
ou usam poucos (Ribeiro e Guimarães 2009: 9).

Reguladores
Os gestos reguladores são comportamentos que mantêm e regulam a
interacção discursiva. Estes sinais não-verbais incluem os movimentos dos olhos,
posições da cabeça e posturas que reclamam, retêm, entregam ou cedem os turnos do
diálogo. Indicam ao interlocutor que continue, repita, se apresse ou preste atenção.
São exemplos, os gestos de assentimento ou negação com a cabeça, idênticos ao “sim”
e “não” da linguagem verbal.

Demonstradores de Afecto
São gestos que expressam estados emocionais ou demonstram afecto.
Incluem movimentos faciais, tais como sorrisos, franzir as sobrancelhas, certas
posturas, entre outros e denotam ansiedade, tensão, dor, triunfo e alegria. Segundo
Friedman (1987) os demonstradores de afecto podem “repetir, aumentar, contradecir
… o no guardar relación con las manifestaciones afectivas verbales”.8
8
In http://www.dolmenintranet.es/gestion/files/files_cursos/6_4_dolmen%20capitulo%203.pdf
37
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador

Adaptadores
Os adaptadores são gestos involuntários, reacções que o corpo dispara no
sentido de “digerir” ou reduzir certas emoções que se pretendem ocultar. Na visão
Ekman e Friesen (1969) estas condutas incrementam quando a angústia ou a tensão
aumentam. A título de exemplo, Elizabeth Sad no texto “Lenguage Corporal: Silencio
que habla” explica que “quando un niño se chupa el dedo expressa miedo o
inseguridad; cuando un adulto se toma las manos o alisa su ropa busca frenar el
impacto emocional ante uma mala noticia o agresión” (Sad, p.3).
Knapp (1987) ainda acrescenta que, os adaptadores não têm como finalidade
ser usados na comunicação mas que, no entanto, eles vêm arrastados a ela. Ou seja os
adaptadores são condutas com uma intenção comunicativa nula mas transmitem
informações claras9.
Tipologia de McNeil (1992)
Os resultados dos estudos de McNeil têm demonstrado que os falantes
produzem quatro tipos de gestos das mãos – deícticos, icónicos, matafóricos e rítmicos
- durante as relações interpessoais desempenhando uma função integradora. Vejamos
como McNeil define cada um dos componentes da sua tipologia:

Icónicos
São movimentos que fazem alusão ao conteúdo semântico da fala (McNeil,
1992). Estes gestos estão relacionados com o discurso e expressam representações
figuradas exibindo o significado de objectos e acções. Os gestos icónicos podem
fornecer informação complementar, “sugerem não só o que é importante para o
falante, mas também o que é relevante (marcado através do gesto)” (Rodrigues, p.69).
Por outras palavras podemos dizer que estes gestos oferecem uma representação
9
In http://www.dolmenintranet.es/gestion/files/files_cursos/6_4_dolmen%20capitulo%203.pdf
38
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
visual acerca das qualidades dos objectos como o tamanho, a forma e outras
características físicas.

Deícticos
São gestos demonstrativos ou direccionais que indicam objectos e acções do
mundo concreto ou fictício. São normalmente realizados com o dedo indicador
esticado mas também podem ser realizados por qualquer outra parte do corpo,
nomeadamente, pela cabeça, nariz, queixo, e até mesmo por objectos como lápis,
paus, etc.
Na visão de Pereira o gesto deíctico é considerado um “detalhador”, uma vez
que exerce a função de esclarecer e clarear. Salienta ainda que o seu significado está
sempre dependente do valor referencial que é atribuído ao espaço gestual
seleccionado (Pereira 2007: 57).

Metafóricos
Estes gestos são reflexos de uma abstracção, na qual o conteúdo é uma ideia
abstracta, em vez de um objecto concreto, um evento ou um lugar (McNeill 1992: 14 e
15). A diferença entre o gesto icónico e o gesto metafórico resido no facto de,
enquanto que a imagem criada pelo gesto icónico é do mundo real, a criada pelo gesto
metafórico é do mundo mental. Um exemplo é a expressão verbal “A professora
repetia … e repetia…” acompanhada pela mão descrevendo um movimento circular de
rolar.

Batuta (Beats)
Um quarto tipo de gesto é o compasso, uma vez que aparecem ligados ao
ritmo da fala. São considerados batidas rítmicas, normalmente do dedo, da mão ou do
39
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
braço, que conferem estrutura temporal ao que é dito e enfatizam determinado
aspecto ou ponto particular do discurso. Como explica Barttie (2003):
As batidas e as repetições associam-se a sentimentos primitivos de configurações
(padrões) básicas e podem variar de sentido de acordo com o contexto. Uma batida
é um golpe staccato (na música, notas acentuadamente curtas) que dá ênfase e
chama a atenção. Uma batida única e curta pode marcar (chamar a atenção para)
um ponto importante numa conversação, enquanto que batidas repetidas forçam,
em determinado ponto, o encaixamento de um conceito crítico (Barttie citado por
Pereira 2007: 62”.
Deste modo, o gesto marca o ritmo no discurso, acentuando determinadas
partes do mesmo. Acontece frequentemente com as contagens.
2.3.3.4. Gesticulação lenta vs Gesticulação brusca
Segundo o Dicionário de Língua Portuguesa, o conceito de lento é definido
como algo “que revela falta de rapidez ou agilidade; vagaroso; arrastado; tardio”. A
definição de brusco é-nos apresentada como “inesperado; súbito, áspero e
arrebatado” (Dicionário da Língua Portuguesa). Mediante as definições anteriores,
podemos salientar que a gesticulação lenta é aquela que é realizada vagarosamente,
prolongando-se no tempo, que é branda, frouxa e pouco intensa. Por sua vez, a
gesticulação brusca pode ser descrita como rápida, veloz, ligeira e instantânea.
Contudo, neste caso, uma breve descrição dos conceitos não é suficiente. Precisamos
de ser mais rigorosos e apresentar informações mais objectivas. Neste sentido,
decidimos realizar um pequeno experimento constituído por dois grupos
independentes (cada um composto por cinco sujeitos) e submete-los à visualização de
dois vídeos: um elucidativo à gesticulação lenta e outro à brusca. Depois de
visualizados os vídeos, procuramos verificar a percepção dos indivíduos relativamente
á rapidez ou lentidão dos movimentos. Constatou-se que, aqueles que visualizaram o
vídeo relativo à gestualidade lenta consideraram os movimentos demorados e pouco
rápidos. Os que assistiram ao outro classificaram-nos como rápidos e bruscos.
40
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
Mediante estes resultados, recorremos ao programa Adobe Première CS4 para realizar
uma medição do que foi considerado movimento lento e movimento brusco. Optamos
por seleccionar os primeiros 15 movimentos das mãos e braços de cada vídeo, e
apurar por quantos frames era constituído cada um deles. De seguida, calculamos a
média de frames por cada movimento para uma posterior conversão em segundos.
Tendo em conta que, cada 25 frames correspondem a 1 segundo, obtivemos os
resultados apresentados na Tabela 5.
Nº de frames / vídeo
Média de frames / movimento
VÍDEO1
Gesticulação Lenta
346
346/15= 23,06
VÍDEO 2
Gesticulação Brusca
658
658/15 = 43,87
23, 06/25 = 0,92 s
43, 87/25 = 1, 72 s
Duração / movimento (s)
Tabela 5: Duração do movimento lento e do movimento brusco
© Produção gráfica pessoal
Assim, no presente estudo o movimento lento das mãos/braços é aquele que
ocorre com uma duração aproximada de 0,92s e o movimento brusco com uma
duração de 1,72 s. Para além de se verificar uma diferença significativa na duração
destes movimentos, também há outros gestos corporais que importa salientar, e que
são igualmente divergentes nos dois vídeos. A título de exemplo, temos os
movimentos da cabeça e do tronco. Embora não nos seja possível realizar uma
medição exacta, tal como aconteceu com os movimentos das mãos, podemos
constatar que no vídeo elucidativo à gestualidade brusca se verificou uma elevada
movimentação da cabeça, e do corpo em geral, o que não é tão visível no primeiro
vídeo, onde o orador assume uma posição mais estática, limitando-se quase sempre
aos gestos das mãos e dos braços.
41
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
2.4. Indumentária
“Estar nu … é estar sem palavras”
(Ogtemmêli citado por Nacif 2007: 1)
Desde há milhares de anos que a primeira linguagem usada pelos seres
humanos se comunicarem tem sido a indumentária (Lurie 1994: 22).
Em função da fragilidade do seu corpo, nu, desprotegido perante o frio, o
calor, as intempéries, o homem criou o objecto roupa na intenção de um segundo
corpo ou de uma segunda pele. No entanto o vestuário, enquanto conjunto de peças e
acessórios que compõem o traje, vai muito além dessa função especificamente
protectora. A indumentária carrega signos, significados e gera uma comunicação.
2.4.1. A Comunicação através das Roupas
Para Umberto Eco, o vestuário que serve para cobrir, para proteger do calor
ou do frio e para ocultar a nudez, que a opinião pública encara como vergonhosa, não
supera os cinquenta por cento do conjunto. Os restantes cinquenta por cento são
utilizados como instrumento de comunicação não-verbal e “vão da gravata à bainha
das calças, passando pelas bandas do casaco e chegando até às solas dos sapatos – e
isto se nos detivermos ao nível puramente quantitativo, sem estender a investigação
aos porquês de uma cor, de um tecido, de uma felpa ou de umas riscas em vez de um
tecido ou de uma cor uniforme” – “O vestuário é comunicação” (Eco citado por Ribeiro
2008: 14)
Seguindo na mesma direcção de Umberto Eco, de que a indumentária
comunica, Alison Lurie (1994) considera-a como um instrumento de expressão cultural,
linguística e simbólica. Segundo a autora, a indumentária é uma língua e como tal deve
ter um vocabulário e uma gramática como as restantes línguas. Salienta que dentro de
42
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
cada língua da indumentária há muitos dialectos e acentos distintos, alguns quase
ininteligíveis para os membros da cultura oficial (Lurie 1994: 22).
Já Roland Barthes vê o vestuário numa perspectiva semiológica, considera-o
como um sistema de signos idêntico ao verbal cujo paradigma é representado pelas
“peças” – blusa, sapato, saia, calça, chapéu, etc. - tudo o que compõe o guarda-roupa.
O sintagma, por sua vez, é a reunião das peças escolhidas; as combinações colocadas
no “suporte” corpo. Além disso, como sabemos, a moda oferece um grande reportório
de elementos a serem escolhidos. Estes elementos combinados formam um sintagma
e ao escolher entre, por exemplo, os vários tipos de camisas – manga curta, comprida,
entre outras – e combiná-las com outras peças, o sujeito forma um sintagma
vestimentar (Barthes citado por Camargo 2009: 45).
Independentemente das perspectivas de cada autor, a verdade é que o
vestuário fala, é portador de significados e pode actuar como forma de comunicação
entre os indivíduos. Muitas das vezes, as pessoas fazem leituras umas das outras
mediante aquilo que elas vestem, sem sequer pronunciarem qualquer palavra. Como
explica Camargo “no acto da observação, não são colocadas palavras, mas informações
se registam no inconsciente, criando assim um diálogo imagético” (Camargo 2009: 45).
Tendo em conta que a aparência de uma pessoa é o primeiro estágio da interacção
podemos facilmente depreender que este diálogo imagético, por si só, vai determinar
a primeira impressão e avaliação que fazemos do outro.
De facto, o vestuário das pessoas envia mensagens umas às outras durante a
interacção social. Dá indicações acerca do sexo, idade, actividade, situando até mesmo
o indivíduo no tempo e no espaço. É o que enfatiza Umberto Eco ao dizer que “existe
sempre no interior de cada grupo uma vestimenta mínima histórica e culturalmente
determinada sem a qual a existência social, e mesmo biológica, do indivíduo se
aniquilaria” (Eco citado por Nacif 2007: 46).
A indumentária revela a subjectividade do ser humano, nomeadamente, os
seus gostos, preferências, hábitos, humor, fantasias, desejos, bem como o seu grau de
religiosidade, independência e originalidade. Podemos mesmo dizer que, a roupa é a
43
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
verbalização subjectiva dos nossos pensamentos e atitudes. Como salienta Larissa
Camargo no texto “O potencial comunicativo da moda”, “a indumentária são
significantes sociais e comunicacionais, através dela consumimos hábitos, valores e
expressamos ideias, atitudes que, às vezes, palavras não conseguem descrever”
(Camargos 2008: 19). O vestuário também define os grupos profissionais como
soldados, religiosos, académicos, advogados, agricultores, operários, desportistas,
banqueiros e prostitutas. Cada um possui o seu próprio vestuário distintivo, o seu
“uniforme” para marcar a sua identidade através do trabalho que executa (Keith, p.4).
Há pessoas que procuram, inclusive, ganhar poder sobre os outros pelo
vestuário que usam, uma vez que ele actua como um recordatório constante da
posição social de cada indivíduo.
2.4.2. Indumentária e Status
De uma forma geral, a roupa, tanto modernamente quanto antigamente,
sempre foi considerada um signo hierárquico, um signo de estatuto social, uma vez
que serve para a distinção de status sociais, classes e categorias às quais o indivíduo
faz parte ou não. O papel que uma pessoa exerce na sociedade é também identificado
pelo que ela veste.
Moda e indumentária podem também ser usadas para indicar ou definir os papéis
sociais que as pessoas têm. Elas podem ser tomadas como sinais de que uma certa
pessoa exerce um determinado papel e por essa razão espera-se dela que se
comporte de uma maneira específica (Bernard citado por Aquino 2009: 2 e 3).
Actualmente a roupa não representa tanto uma classe social, mas é
considerada, acima de tudo, uma forma de distinguir o grupo ao qual o indivíduo
pertence.
Embora a representação dos papéis não seja exactamente assegurada pela
forma de vestir, Monteiro refere que “a roupa “elegante” está sempre associada às
classes sociais mais abastadas, mais educadas e mais finas, ao passo que a roupa mais
44
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
simples representa um cidadão da mesma forma: mais simples, menos educado, com
menos dinheiro” (Monteiro 2003: 1 e 2).
É por esta razão que o consumidor, ao entrar numa loja de roupas, não
procura apenas proteger o seu corpo, busca a diferenciação que essa roupa lhe poderá
dar ou a mensagem que poderá, eventualmente, transmitir vestindo-a. Como reforçam
Chevalier e Gheerbrant (1991), “o traje manifesta o pertencer a uma sociedade
caracterizada: clero, exército, marinha, magistratura, etc. Tirá-lo é, de certa forma,
renegar essa relação” (Chevalier e Gheerbrant citados por Monteiro 2003: 2).
2.4.3. Indumentária e Identidade
2.4.3.1. Aparecer é Ser – O corpo e a roupa como a imagem de si
A indumentária constrói identidades visuais e imagens do indivíduo, neste
sentido, também ela adquire valores de comunicação.
Através de acções quotidianas como o modo de vestir, de maquilhar, etc., o
homem procura criar e vender uma imagem de si mesmo, cria uma forma de se ver e
de se dar a ver aos outros. Com as roupas que veste o ser humano constrói uma
identidade própria para estar mais próximo daquilo que quer ser ou que quer parecer
ser aos olhos dos outros.
Todos nós temos uma auto-imagem, baseada nos valores pessoais e sociais que
possuímos. Faz parte da natureza humana, procurarmos nos cercar de objectos que
reflictam nossa auto-imagem. (…) Eles (os objectos) fazem parte de um mosaico e,
juntos, constituem a nossa imagem visual que projectamos aos outros (Baxter
citado por Emerenciano 2005: 12).
Segundo Monteiro (2003: 1), “quando o consumidor decide comprar uma
roupa, ele não está apenas comprando alguns pedaços de panos bem costurados. Ele
está comprando sua própria alma, para se reflectir no outro”. Estamos perante duas
necessidades contraditórias do homem: por um lado, a necessidade de integração num
45
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
determinado grupo, que o faz buscar ser igual a todos os outros; por outro, a
necessidade de diferenciação que o faz buscar a sua singularidade com o todo social.
Assim sendo, o vestuário pode ser entendido como um veículo ideológico,
através do qual se estabelece uma identidade individual, mas também como
instrumento de integração e individualização. A roupa actua como uma extensão da
nossa pele, para guardar e distribuir o nosso próprio calor (Mcluhan citado por Ribeiro
2008: 14). Ela envolve gestos, comportamentos, escolhas, fantasias, desejos
representando assim um traço da individualidade do ser humano. Através do vestuário
a pessoa pode demonstrar que é única e diferenciar-se das outras.
No entanto para construir uma identidade própria e ser aceite na sociedade
que o rodeia, ou num determinado grupo social, o ser humano tem que se vestir de
acordo com aquilo que lhe é imposto. Mesmo que queira fugir à trilha traçada pela
sociedade, a realidade é que ao tentar-lhe escapar pode cair na desaprovação social e,
por consequência, na exclusão por parte do outro.
Como refere Umberto Eco:
A indumentária assenta em códigos e convenções, muitos dos quais fortes e
intocáveis, defendidos por sistemas de sanções ou incentivos, tais como levar os
utentes a ‘falar de modo gramaticalmente correcto’ a linguagem do vestuário, sob
a pena de ser banido pela comunidade (Eco citado por Teófilo 2010: 8).
Verifica-se assim, que o sentimento de pertença relativamente a um
determinado grupo exige que a roupa esteja em sintonia com os seus pares.
2.4.3.2. A camuflagem de “um ser” para um “querer parecer”
Esta busca pela autenticidade desejada - de fazer coincidir o que se quer ser
com o que se é - tem conduzido a uma sociedade intensamente narcisista e
individualista onde a roupa “permite a camuflagem de desigualdades sociais através de
uma aproximação estética dos indivíduos” (Mota 2006: 3).
46
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
Ora, esta corrida conformista à imitação transformou a indumentária num
instrumento de manipulação, onde o indivíduo esconde e camufla criando, muitas
vezes, uma falsificação do eu. No fundo, o homem moderno brinca com o vestuário
com o intuito de iludir a imagem que o outro poderá ter de nós. Como diz Michel
Bihen, actualmente “faz-se batota” no que diz respeito ao vestir.
O vestuário define quem a pessoa e. (…) Pela forma como se vestiam, as pessoas
distinguiam-se claramente e sabia-se em que etapa da vida se encontravam. Hoje e
tudo muito mais fluido, faz-se batota, tem-se as imitações, joga-se (Bihen citado
por Teófilo 2010: 32).
O presente cenário de falsificação e imitação também preocupa Carlyle: “a
roupa nos deu a individualidade, as distinções; os requintes sociais; mas ameaça
transformar-se em meros manequins” (Carlyle citado por Monteiro 2003: 6).
Por outro lado, este fenómeno pode pôr em causa o correcto decorrer das
interacções humanas. Se um indivíduo se veste de uma determinada forma,
representando o seu papel correctamente, os outros com os quais irá estabelecer
interacção sabem espontaneamente o que esperar dele e o modo como devem agir.
Caso contrário, a relação com os outros pode tornar-se confusa, pois a roupa que
constrói aparência tem de estar em sintonia com os comportamentos do indivíduo que
a vai vestir.
Uma mulher que se apresente vestida num traje de festa, num belo vestido
comprido, espera possivelmente que o homem lhe abra a porta para lhe dar
passagem, assim como o homem, ao ver a mulher assim vestida, se torne,
possivelmente, mais delicado para com ela (Teófilo 2010: 35).
Deste modo, é essencial que a aparência e o modo de actuar sejam
consistentes e de confirmação, pois, muitas das vezes, o vestuário actua como
instrumento
facilitador
da
acção
humana
constrangimentos.
47
na
interacção
social,
evitando
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
2.4.4. Da Cabeça aos Pés
Umberto Eco no seu texto “O hábito faz o monge” reafirma o carácter
ideológico da indumentária, quando nos diz que:
Porque a linguagem do vestuário, tal como a linguagem verbal, não serve apenas
para transmitir certos significados, mediante certas formas significativas. Serve
também para identificar posições ideológicas, segundo os significados transmitidos
e as formas significativas que foram escolhidas para transmitir (Eco, 1989).
Os significados das roupas e a forma de os transmitir, de que nos fala
anteriormente Umberto Eco, ficaram registados em algumas peças do vestuário e
confirmam o seu trabalho original de que os significados chegam até nós como
mutações da simbologia que tinham em eras passadas. Algumas peças do vestuário
carregam uma simbologia própria. Vejamos alguns exemplos no quadro seguinte:
Peça do Vestuário
Simbologia
Estar desprovido de camisa é sinal de extremo despojamento material;
completa solidão moral e de ser relegado pela sociedade; já não existe
Camisa
protecção: nem a de um lugar material, grupo; nem a de um amor. Por sua
vez, dar a própria camisa é símbolo de generosidade sem limites (Chevalier,
Gheerbrant citado por Monteiro 2003: 5).
É elemento mais antigo do traje do homem moderno. Tem uma ambivalência
simbólica definida por dois verbos: o religar e o ligar. Mediante o significado
do primeiro verbo (atar, ligar bem) o cinto tranquiliza, dá força e poder. Isto
acontece quando se torna um emblema visível que proclama a força e os
poderes do seu portador. São exemplos as faixas dos judocas com as suas
Cinto
diferentes cores e os cinturões dos soldados.
Relativamente ao verbo ligar (que significa atar, prender) o cinto representa
a submissão e a dependência. Em algumas culturas mais antigas, era costume
as jovens exibirem os cintos da castidade com orgulho até que os noivos os
desatassem. O cinto demonstrava a submissão da mulher perante o homem
com quem se ia casar (Monteiro 2003: 5 e 6).
48
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
É símbolo de afirmação social, autoridade.
Para o escravo no Brasil o sapato é um signo de liberdade, elemento da sua
auto-afirmação como cidadão e ser social, uma vez que a escravidão não
Sapato
lhes dava o direito de se calçarem (Wissenbach citado por Nacif 2007: 39).
Para o homem moderno, o calçado representa a liberdade. É o símbolo de
um homem que é responsável pelos seus actos. Simboliza a emancipação
masculina e independência, o poder e o dinheiro. “O homem que consegue
comprar seus sapatos é um homem que não depende mais dos pais e da
família” (Monteiro 2003: 6).
A gravata surgiu como forma de distinção dos homens “dignos” dos homens
sem formação. Introduziu no vestuário masculino o porte austero ligado a
vida profissional onde características como a racionalidade e a sinceridade
eram fortemente apreciadas. Segundo Balzac “ *A gravata+ nasceu para a vida
Gravata
pública, conquistou importância social; pois foi chamada a ressuscitar os
matizes integralmente apagados do vestir, converteu-se no sinal pelo qual se
distinguiria o homem digno deste nome do homem sem educação” (Balzac
citado por Teófilo 2010: 30).
Tabela 6: Significado de algumas peças do vestuário
©Produção gráfica pessoal
Ao abordar a temática da indumentária e a sua simbologia é importante não
descurar a cultura em que esta se insere. A simbologia que representa numa
determinada cultura pode ser completamente diferente noutra. Essa diferença está
bem saliente na obra de Umberto Eco (1989) “Psicologia do vestir” quando diz:
Em Citânia: tem mini-saia – é uma rapariga leviana;
Em Milão: tem mini-saia – é uma rapariga moderna;
Em Paris: tem mini-saia – é uma rapariga;
Em Hamburgo, no Eros: tem mini-saia – se calhar é um rapaz.
(Eco citado por Ribeiro 2008: 16).
49
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
2.4.5. Cor
Foi demonstrado por diversos psicólogos que as pessoas reagem de diferentes
maneiras quando são expostas às cores, podendo estas alterar a pressão arterial, o
batimento cardíaco e a taxa de respiração.
(…) os tons de azul e verde tem o poder de diminuir a pressão sanguínea, já o
vermelho e outras cores intensas como ele, podem acelerar os batimentos
cardíacos. O branco pode fazer uma pessoa ter a sensação de frio, o amarelo,
energia, o cinza, pode transmitir a ideia de seriedade ou depressão (Jones citado
por Aesse 2010:17).
A cor é considerada o elemento mais significativo da indumentária. Sem ela o
vestuário seria apenas uma segunda pele que aqueceria ou refrescaria o corpo, que o
embelezasse ou enfeasse, não teria, portanto, qualquer outra mensagem ligada ao
deslumbramento, às emoções, ao imprevisto, etc. Seria simplesmente um tecido sem
comunicação visual.
Patrícia Doria também salienta a importância da cor na indumentária,
nomeadamente, a sua implicação sócio-cultural, e diz que “los distintos colores
afectam la aparência superficial del vestido, logrando modificaciones en la percepción
visual, creando limites físicos (cortes, avios, uniones, texturas) y límites semánticos, los
cuales darán lugar a convenciones y normativas culturalles em los distintos grupos e
individios” (Doria 2011: 1).
Como podemos constatar, a cor e os tecidos podem fazer declarações
eloquentes e comunicam sempre algo acerca das pessoas. Para além de aumentar o
impacto visual, chamando a atenção, a cor da indumentária pode comunicar vários
aspectos relativamente a uma pessoa, desde o seu estado de espírito até
características ou simbolismos como arrojamento, originalidade, excentricidade
conservadorismo, ingenuidade, etc. Por exemplo, um extrovertido eufórico, muito
provavelmente, não se vestirá de fato escuro e gravata. Deste modo, através do uso
das cores o indivíduo transmite uma mensagem, faz um apelo emocional para que as
outras pessoas o percebam.
50
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
Segundo Alison Lurie a cor do vestuário é como o tom de voz num discurso,
uma vez que pode alterar o significado daquilo que é “dito” por outros aspectos do
traje como tecidos, estilo, adornos, etc. Tal como as palavras “Você quer dançar
comigo?” podem sussurrar como algo tímido ou extrovertido também o efeito de um
vestido branco será muito diferente de um tecido e padrão escarlate (Lurie 2000: 188).
A cor do vestuário também pode indicar o humor, no entanto, tal como
qualquer outro meio, não é um guia infalível, uma vez que as convenções podem
prescrever certas matizes. É o exemplo do empresário urbano que deve usar um fato
azul-marinho, cinza escuro ou, em certas regiões, castanho ou bege podendo apenas
expressar os seus sentimentos pela escolha da camisa ou da gravata, mesmo aqui as
possibilidades são muito limitadas. Por outro lado, as convenções também alteram o
significado das cores dependentemente da hora e do local em que são usadas. O
vermelho usado no escritório não é o mesmo vermelho usado na discoteca (Lurie
2000: 188).
De referir ainda que, aquele indivíduo cujas roupas não estão dentro do
intervalo de cores reconhecidas para um determinada situação atrai a atenção e,
normalmente (embora nem sempre), uma atenção desfavorável. Tal como nos diz
Alison Lurie, para além do camaleão, o homem é único animal que pode mudar a sua
pele para se adequar ao seu ambiente e se isso estiver a funcionar com sucesso então
ele deve fazê-lo (Lurie 2000: 189).
2.4.6. Indumentária Formal e Informal
“Es preferible pecar por exceso de formalidade, que por falta de ella”
(Juan Alvarez in Portal de Relações Públicas)
A roupa e o estilo que adoptamos assumem especial importância nos estágios
iniciais das relações interpessoais. Este aspecto verifica-se quando ocorre um impacto
51
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
inicial positivo, onde os outros são estimulados a nos conhecerem melhor. O mesmo
se verifica em situações de ordem pessoal e profissional. O estilo de roupa e o cuidado
com a aparência são determinantes e podem fazer toda a diferença entre uma
oportunidade de progredir ou uma rejeição imediata.
Segundo os autores Forteberry, Maclean, Morris e O´Connell, o vestuário gera
influência. E não são apenas os uniformes que o fazem. Num estudo realizado, um
homem e uma mulher foram colocados num corredor onde qualquer pessoa que
quisesse passar teria que se desviar deles. Num primeiro experimento o casal vestia
roupas formais, enquanto que num segundo usava roupas desportivas. As atitudes dos
passantes foram diferentes relativamente ao casal mediante o estilo de roupa
adoptado. Verificou-se que, os indivíduos reagiram positivamente quando estava bem
vestido e negativamente quando eles usaram uma indumentária desportiva
(Forteberry; Maclean; Morris e O´Connell citados por Adler 2000: 124).
Um outro estudo neste domínio demonstrou que estamos mais predispostos
a imitar os comportamentos das pessoas mais bem vestidas, até mesmo no que
respeita ao desrespeito das regras sociais. Constatou-se que 83% dos pedestres
seguiram um indivíduo bem vestido que atravessava a rua com o sinal vermelho,
enquanto que apenas 48% seguiram um outro indivíduo que usava roupas
aparentemente de baixo status (Lefkowitz; Blake; Mouton citado por Adler 2000: 124).
As pessoas que se vestem com um elevado grau de formalidade e que, por sua vez,
demonstram um status mais alto são, assim, mais persuasivas do que aquelas que
optam por uma indumentária informal. Por outro lado, a formalidade do vestuário dá
indicações claras acerca da classe social do indivíduo e do cargo que ele pode
eventualmente ocupar na sociedade. O facto de as pessoas estarem bem vestidas é
um diferencial, conferindo-lhes poder e sofisticação. O desleixe na indumentária pode
interferir, e até mesmo, prejudicar o profissional. Por exemplo, um advogado vestido
inadequadamente pode ter perdido metade da causa (Schemes et al. 2009: 21). Assim
sendo, é essencial que as pessoas tenham consciência de que o vestuário que usam é
um texto e que este terá significados para o interlocutor. No entanto, para que o
indivíduo se vista adequadamente para cada acto ele tem de possuir uma visão clara
52
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
acerca do grau de formalidade da indumentária, do que é considerado formal e
informal, mediante os cânones da sociedade à qual pertence. Neste sentido, e com o
intuito de garantir uma clara explicitação das variáveis independentes, tentaremos de
seguida esclarecer cada um destes conceitos, abarcando tanto o universo masculino
como feminino.
2.4.6.1. Indumentária Formal

Indumentária Masculina
O terno escuro (azul marinho ou cinzento) é tido como referência no que
respeita ao grau de formalidade dos homens. Na visão de Kalil (2000) o terno assume
uma grande importância no meio social, e isso advém da boa aceitação do mesmo ao
longo dos séculos (Kalil citado por Schemes et al. 2009: 17). Esta peça da indumentária
apresenta características remotas, o que se tem alterado são os tecidos e os detalhes,
porém, a sua estrutura, formas de utilização e cores quase não sofreram alterações
“para dar um quê de cultura, erudição ou inteligência” (Lurie citado por Schemes et al.
2009: 17), portanto, para, de certa forma, manter os significados que nele estão
impregnados.
Na reflexão de Richard James, alfaiate inglês de Savile Row, o homem
exprime-se pelo terno que traz vestido. Salienta que, para além de possuir uma grande
versatilidade é portador de anonimato e confere ao portador uma grande visibilidade,
transmitindo respeitabilidade, seriedade e profissionalismo (James citado por Simão e
Mesquita 2010: 361).
O terno continua, assim, a ser regra em todos os locais de trabalho
considerados formais, bem como para os cargos mais importantes Como explica
Barros: “como se trata de uma roupa mais ou menos padronizada é preciso também se
esmerar nos detalhes. Eles fazem a diferença entre o homem realmente bem-vestido e
o que está apenas de terno” (Barros citado por Schemes et al. 2009: 17).
53
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
- FORMALIDADE

1. Desportivo
•
2.Blazer
•
3. Blazer bege
•
4. Casaco tweed (lã de cordeiro da escócia)
•
5. Blazer azul marinho
•
6. Terno cinza claro ou azul
•
7. Terno cinza escuro, com ou sem riscas finas
•
8. Terno azul marinho muito escuro
•
9. Terno azul marinho escuro cruzado
•
10.Terno azul marinho escuro com listras finas
+ FORMALIDADE
Ilustração 4: Vestuário do homem segundo o seu grau de formalidade
Fonte: Adaptado de Beatriz de Suabia, p.40.
© Produção gráfica pessoal
A camisa dá um toque de distinção e formalidade ao vestuário do homem. A
considerada de excelência é a branca, para além de ser a mais elegante é, segundo
especialistas em imagem, aquela que demonstra mais profissionalismo e seriedade
(Vile, p.3). Segundo Juan Alvarez o grau de formalidade da camisa não depende apenas
da cor mas também de outros componentes como por exemplo a gola e os punhos10.
O uso da gravata comunica sobriedade e é indispensável em qualquer
indumentária que exija um elevado grau de formalidade. O indicado é que as gravatas
10
In http://www.rrppnet.com.ar/comportamientosocial.htm
54
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
sejam usadas sem desenhos, se usem com camisas lisas e vice-versa. No que respeita à
cor, esta deve estar em harmonia com o terno e a camisa. “Para camisas a rayas o
estampadas se impone la corbata lisa. De manera inversa, una camisa lisa habilita el
uso de corbatas a rayas o estampadas”11.
Normalmente os homens sentem-se seguros ao ousar na cor da gravata, no
entanto eles não podem fugir dos padrões sugeridos pela sociedade, tendo sempre em
linha de conta que as cores significam e influenciam as atitudes, tanto do emissor
como do receptor. Como aborda Barros (1997):
Gravatas de cores muito vivas, por exemplo, podem dar um tom mais ousado a
alguém que esteja usando um terno clássico. Com um blazer também de cor mais
forte, o conjunto fica ainda mais chamativo, e isso deve ocorrer apenas de forma
intencional e equilibrada. Uma camisa de cor azul ou cinza, por exemplo, pode
abafar um pouco a força da gravata. Já camisas brancas dão maior destaque a uma
gravata colorida – por isso, em geral, é preferível usar, com essas camisas, gravatas
mais claras, como em tons ou desenhos bege, ou ainda as do tipo clássico, como as
de cor azul-marinho e gravatas regimentais (Barros citado por Schemes; Araújo e
Andrade 2009: 19).
Relativamente ao calçado, numa indumentária formal, impõem-se os sapatos
pretos de cordões, sendo imprescindíveis para um traje preto, azul ou cinzento12.

Indumentária Feminina
Ao contrário do que se verifica no caso do homem, não existem normas
rígidas que traçam a indumentária formal feminina. A mulher tem que ser capaz de
adoptar um estilo próprio que comunique uma imagem elegante e feminina. Segundo
a Professora Karina Vile o vestuário mais elegido é o terno saia e casaco. Na percepção
de Temple e Lowen as mulheres que vestem blazers são consideradas mais poderosas
do que aquelas que optam apenas por um vestido ou saia e blusa (Temple e Lowen
11
12
In http://www.rrppnet.com.ar/comportamientosocial.htm
In http://www.rrppnet.com.ar/comportamientosocial.htm
55
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
citados por Adlen e Rodman 2000: 124). A saia requer-se curta e pela altura do joelho
(Vile, p.3). É também usual o terno combinado com calça, embora este não seja
considerado tão formal como o anterior. É de notar que, o poder e a mensagem de
formalidade contínua, característicos do terno masculino, apropriaram-se também à
indumentária feminina com o intuito de conferir à mulher uma maior credibilidade e
competência profissional. As camisas devem ser similares às dos homens mas
completamente fechadas e sem transparências. (Suabia, págs. 109 e 110).
Usar roupas com corte masculino pode dar à mulher uma sensação confiante de
poder. Atraída por ternos e calças, não só pelo conforto, mas por seu simbolismo
fálico velado, a mulher que usa calça comprida e ombreira ao mesmo tempo se sente
e parece mais forte. E não é mistério o motivo pelo qual iríamos desejar investir nas
qualidades masculinas, uma vez que, historicamente, os homens têm alcançado uma
série de oportunidades e privilégios negados às mulheres. Usar roupa de homem é
uma maneira simbólica de herdar essa posição privilegiada (Fisher-Mirkin citado
por Aquino 2011:11).
O vestido também pode ser considerado “um básico” na indumentária formal
se for preto e com linhas simples. Os acessórios, por sua vez, é que lhe darão um toque
mais formal ou casual13.
Os sapatos, a carteira e o cinto devem estar em harmonia com a restante
indumentária, não apenas em cor mas também em tamanho e estilo. Relativamente
aos sapatos, os de tacão fomentam o grau de formalidade. Este deve ser de altura
média de modo a transmitir altura e equilíbrio, e por sua vez, favorecer a postura da
mulher.
Por fim, as meias clássicas também são um complemento importante na
indumentária da mulher, potenciando o atractivo feminino.
13
In http://www.rrppnet.com.ar/comportamientosocial.htm
56
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
2.4.6.2. Indumentária Informal
O vestuário informal é aquele que serve para usar no dia-a-dia e para
trabalhar, dependendo, obviamente, do cargo e do tipo de trabalho. Este tipo de
indumentária abarca uma grande variedade de estilos de roupa. A roupa casual para ir
de férias é diferente daquela que, por exemplo, vestimos para ir para o trabalho.
Na visão de Alison Lurie, “la ropa informal, como el habla informal, suele ser
holgada, desenfadada y con mucho colorido. Con frecuencia contiene lo que se podría
llamar “palabras de argot”: pantalones vaqueros, zapatillas de tela, gorros de beísbol,
delantales, batas de algodón floreadas y otras por el estilo” (Lurie 2000: 26).
Considera-se indumentária casual, no caso masculino, a ausência de gravata,
o uso de casacos, jeans, calças de veludo, camisas de algodão aos quadrados, às riscas,
de diversas cores, pólos, calçado do género mocassim, roupa e calçado desportivo,
etc.. No que respeita às camisas, Suabia acrescenta que listras finas reduzem o grau de
formalidade, bem como os quadrados. Quanto maiores menos formais são (Suabia,
102).
Relativamente à realidade feminina, é tida como informal toda a roupa
desportiva, nas suas diferentes combinações, o calçado plano, sacos grandes bem
como o excesso de adornos e complementos. Segundo Suabia, o uso de calças de
ganga é visto como o nível máximo de informalidade (idem, p.82).
Há diversas cores e formas que potenciam a imagem de formalidade ou
informalidade no indivíduo, influenciando-o não só a ele mas também a todos aqueles
que o rodeiam. Vejamos na seguinte tabela alguns exemplos:
Imagem Formal
Formas
Cores
- Caimento estruturado: mais recto e mais
rígido (ex. vestido de tecido encorpado).
- Tecidos lisos: são geralmente considerados
mais sérios e mais formais do que os
estampados;
- Escuras e fechadas
(preto, marinho,
castanho, verde musgo)
- Foscas, tons bem
discretos.
57
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
- Tecidos e materiais de tramas fechadas
com/sem textura: gabardines, couro lustroso,
liso, etc.
Imagem Casual
- Caimento desestruturado: peças esvoaçantes,
flexíveis (ex. vestido vaporoso).
- Tecidos estampados: estampas casuais, de
destacar as que possuem formas
arredondadas, florais, xadrezes e
multicoloridas.
- Tecidos e materiais de tramas abertas/e ou
com texturas: jeans, tricôs (quanto mais aberto
for o ponto mais casual), linho, malha,
borracha, etc.
- Claras como azul e rosa
bebé, bege.
- Vivas, puras e fortes
como o laranja,
vermelho, azul turquesa,
rosa choque e amarelo.
Tabela 7: Cores e formas que projectam uma imagem de formalidade e casualidade.
Fonte: Adaptado de Ana Vaz (2010)
© Produção gráfica pessoal
É de notar que, a indumentária formal se rege por estilos mais rigorosos de
etiqueta e seriedade. Os tecidos são essencialmente lisos e as cores maioritariamente
escuras e sóbrias, conferindo ao indivíduo maior elegância e autoridade. A
informalidade está presente em roupas desalinhadas com estampados e muita cor.
Em ambientes profissionais, o uso de uma indumentária formal ou casual faz
toda a diferença, pois o colaborador leva a identidade da sua empresa com a sua
imagem. É devido a este facto que, cada vez mais, as organizações se preocupam com
a imagem dos seus colaboradores, estabelecendo padrões de vestuário obrigatórios no
ambiente laboral. Ilsa Lemos traça a diferença entre uma indumentária formal e
informal no plano profissional quando refere que “uma vestimenta informal, no
ambiente profissional, comunica um superior amigável, entusiasta e flexível, enquanto
a formal enseja um superior preparado, competente e organizado” (Lemos 2006: 4).
No entanto, e apesar da formalidade estar condicionada pelo cumprimento
de certas convenções sociais e estéticas, na realidade nem tudo pode ser classificado
simplesmente em formal ou informal. Há certas nuances que convém ter em atenção.
A nível profissional existem certas profissões onde a formalidade da indumentária não
é possível. Em relação aos pacientes, nomeadamente de saúde e higiene, os médicos
58
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
são obrigados ao uso de uma indumentária específica como batas, luvas, etc. Neste
sentido, é importante ter em consideração que há variantes no campo profissional
que, por vezes, podem jogar de forma contrária à formalidade, e que, por si só, não
podem definir a personalidade do profissional.
Outra realidade que importa salientar é a multiplicidade e variedade de
estilos que compõem a indumentária feminina, mesmo a considerada formal no
ambiente de trabalho. Não existe um vestuário chamado de “ padrão” que não diga
nada a respeito da mulher que o traz, todos eles comunicam. Ao contrário dos
homens, que adoptam um estilo que não chama a atenção, as mulheres,
independentemente do penteado, das roupas e acessórios que usam, não conseguem
passar despercebidas, comunicando, muitas das vezes, informações ambíguas ou
falsas, acerca das mesmas. Como demonstra Deborah Tannen,
As mulheres têm que escolher entre sapatos confortáveis e sapatos
considerados atraentes. Se as roupas de uma mulher são justas e reveladoras (em
outras palavras, sensuais), elas enviam uma mensagem – a intenção de mostrar-se
atraente; mas também enviam uma outra mensagem, possivelmente, nãointencional de disponibilidade. Entretanto, se as roupas não forem sensuais, elas
também trazem consigo, calcada no senso comum de que essa mulher se poderia
ter vestido de maneira mais atraente (Tannen citada por Adlen e Rodman 2000:
125).
O mesmo se verifica relativamente ao corte de cabelo. Se, de entre a enorme
variedade de penteados existentes, a mulher não possuir um estilo determinado isso
pode declarar que ela não se preocupa com a sua aparência, uma mensagem que pode
desqualificar a mulher para muitas posições na carreira profissional (idem 2000: 125).
Embora os homens também tenham que fazer escolhas para se vestirem
formalmente, a verdade é que os parâmetros dentro dos quais têm que escolher são
muito mais limitados do que o leque de cores e estilos dentro dos quais a mulher deve
optar. Em contrapartida, eles possuem menos liberdade do que as mulheres para
expressarem as suas personalidades mediante os tecidos, cores, estilos, etc., mas,
como refere Tannen, “(…) uma liberdade que eles têm e as mulheres não (…) é a
59
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
liberdade de passarem despercebidos, sem carregar rótulos por intermédio das roupas
que usam (…).” (Idem 2000: 125). A indumentária possui significados, e estes por si só,
são alusivos, ambíguos, inconscientes e variáveis, pois dependem de inúmeras
características como a identidade e o estado emocional de quem as leva e de quem
observa. Como diz Blau, “(…) es vestido habla pero no mantiene una conversación;
además es difícil señalar qué y cómo habla (…) ” (Blau citado por Almendros 2006: 29).
2.5. Credibilidade do Comunicador
“Não ter credibilidade significa sempre sofrer perdas”
(Neves 200: 14)
A credibilidade do comunicador é considerada um factor determinante da
maior ou menor eficácia comunicativa. Na sua ausência, um emissor dificilmente
conseguirá obter a atenção que deseja por parte dos seus interlocutores. Definir
credibilidade não é uma tarefa fácil e nem sempre nos podemos referir à credibilidade
como um constructo único e directo. Como explica Perloff, “(…) trata-se de um
constructo psicológico ou interpessoal ao nível da comunicação, que parte tanto das
características do comunicador como das percepções da audiência sobre este” (Perloff
citado por Ribeiro 2006: 9).
A título de exemplo, temos as figuras de autoridade que tendem a ser vistas
como fontes credíveis, contudo isso nem sempre acontece devido a factores como o
contexto, o comportamento anterior, bem como a percepção de incongruências
relativamente às mesmas. A credibilidade rege-se por uma relação bipolar e dinâmica,
onde por um lado, temos o emissor da mensagem, e por outro, o receptor dessa
mesma informação. Para uma melhor compreensão do conceito vejamos o significado
dos termos “credível” e “credibilidade”. Segundo alguns dicionários contemporâneos,
verificamos mediante a tabela que uma das três palavras: acreditar, credível e crença,
60
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
são usadas na maioria das definições. Neste sentido, a credibilidade refere-se à
veracidade da fonte nas ocasiões em que as suas comunicações podem ser verificadas
pela exactidão.
Conceito
Definições
Referência
Merecedor de confiança; levado a
sério;
The Longman Dictionary of
Contemporany English (Longman 1990:
241)
1. Credível; digno de crença ou
aceitação;
2. Propenso, disposto, inclinado a
acreditar;
The new shorter Oxford English
Dictionary (Brown 1993: 545).
1. (uma pessoa ou uma declaração)
credível ou digna de fé;
2. Convincente;
The Oxford Dictionary and Thesaurus
(Tulloch, 1995:337).
Capaz de ser acreditado; merecedor
de ser credível;
Webster’s New Encyclopedic Dictionary
(Webster’s 1993:236).
1.
The Random House Dictionary of the
English Language (Berg Flexner 198:
473).
Credível
2.
Capaz de ser acreditado,
credível.
Digno de fé, confiança;
A qualidade de merecedor de fé e
confiança; ser credível.
The Longman Dictionary of
Contemporany English (Longman 1990:
241).
A qualidade de ser credível; boa
reputação.
The new shorter Oxford English
Dictionary (Brown 1993:545).
1. A condição de ser credível ou
convincente.
2. Reputação; status.
The Oxford Dictionary and Thesaurus
(Tulloch 1995:337).
Credibilidade
Tabela 8: Definições dos conceitos “Credível” e “Credibilidade”.
Fonte: Adaptado de Pettersson (1998: 62).
© Produção gráfica pessoal
De acordo com Armand Balsebre, a credibilidade é definida como a confiança
que um deposita no outro, a partir da qual se procede a um acto de fé: crê-se naquilo
que o emissor diz, na sua palavra (Balsebre citado por Losada 2007: 3).
61
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
Schtrumpf, numa recente enciclopédia de retórica, segue na mesma direcção
e refere que a credibilidade é a “impressão de fiabilidade que um orador, ou os
argumentos que ele ou ela usa, deixa no auditório” (Schtrumpf citado por Serra e
Ferreira 2008: 155 e 156).
Diversos estudos demonstraram que a credibilidade do comunicador é um
factor importante na persuasão e, por sua vez, na mudança de atitudes por parte do
interlocutor. Um estudo realizado por Hovland, com a colaboração de Janis e Kelly,
ratifica que uma fonte com maior credibilidade é mais persuasiva do que uma fonte
“neutra” ou com baixa credibilidade (Berrogal, p.61). Num outro estudo, o mesmo
autor, juntamente com Walter Weiss, demonstrou que a credibilidade do comunicador
influencia a eficácia da comunicação. Quatro tópicos diferentes – drogas, submarinos
atómicos, escassez do aço e o futuro das salas de cinema – foram abordados por oito
comunicadores diferentes. Para cada tema foram preparadas duas versões
alternativas: uma com o lado afirmativo da questão e outra com o lado negativo. As
fontes consistiam em escritores individuais ou de periódicos, alguns eram fictícios, mas
plausíveis, enquanto que outros eram reais. Para cada versão foi ainda usada uma
fonte credível e outra não-credível. A comunicação consistia num livreto que continha
um artigo para cada um dos quatro temas com o nome da fonte no final. Segundo os
resultados obtidos, tanto a aquisição de informação como a retenção da mesma não
são afectadas pela credibilidade da fonte, mas as mudanças de opinião são
significativas, dependendo de ser uma fonte de alta ou baixa credibilidade; constatouse uma rejeição por parte dos sujeitos quando a fonte em questão era tida como não
confiável. (Hovland e Weiss, págs. 647 e 648). A credibilidade é, assim, condição sine
qua non para obter êxito na transmissão de uma determinada mensagem. Hovland e
os seus colegas fazem assentar a credibilidade do comunicador em duas componentes
fundamentais: a competência e fiabilidade. No que respeita aos atributos do emissor
que podem indicar a competência temos nomeadamente a idade, a posição de
liderança e a similaridade do auditório. Relativamente à fiabilidade os autores tendem
a considerar que quando um comunicador tem intenção prévia de persuadir o receptor
é porque tem algum benefício e que, por isso, não merece, assim, (tanta) credibilidade.
62
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
Este aspecto verifica-se, por exemplo, em profissões como publicitários, vendedores,
etc., mas não em outras como é o caso dos jornalistas, que por isso mesmo, são
considerados mais credíveis. Na generalidade somos mais facilmente persuadidos por
aqueles que não têm (ou pensamos que não têm) intenção de nos persuadir (Hovland
citado por Serra e Ferreira 2008: 156).
O dinamismo enquanto factor de credibilidade foi identificado por Berlo,
Lemert e Mertz (1969). Os autores afirmam que um comunicador que possua uma
elevada taxa de dinamismo será descrito pela audiência como forte, enfático, franco,
contundente, activo, enérgico, vigoroso, enquanto que um comunicador que careça
deste factor será descrito como dócil, lento, mole e vacilante (Berlo, Lemert e Mertz
citados por Berrogal, p.62).
Jorge Peña (2000), tal como Hovland e os seus colaborados, considera a
competência um dos factores da credibilidade da fonte mas acrescenta-lhe outro - a
sinceridade. Na sua opinião, a competência inclui a confiança na experiência da fonte,
ou seja, se esta é qualificada ou não, se sabe ou não o que é correcto14.
Um estudo realizdo por Bochner e Insko (1966) demonstrou que, por
exemplo, uma mesma mensagem, relativa à quantidade de horas de sono que uma
pessoa necessitava diariamente, era mais efectiva quando era transmitida por um
eminente fisiólogo premiado com o Prémio Nobel do que quando provinha do Director
de uma associação juvenil (Moya, p.159). É devido a este facto que na publicidade nos
deparamos com especialistas em saúde a recomendar determinados medicamentos e
donas de casa a anunciar produtos para o lar; supõe-se, portanto, que ambas as fontes
sabem daquilo que estão a falar.
A competência perceptiva da fonte depende de inúmeras características, tais
como (O´Kofee, 1990):

Educação, ocupação e experiência da fonte, tal como o médico que fala
de problemas de saúde e a dona de casa de produtos para o lar. É a
habilidade e o domínio do comunicador em relação ao tópico que vai
14
In http://catarina.udlap.mx/u_dl_a/tales/documentos/lco/garcia_m_m/capitulo1.pdf
63
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
levar o receptor da mensagem a vê-lo como uma autoridade no assunto
em questão. Ailes e Kraushar (1988) também acreditam que o
conhecimento sobre o assunto é fundamental e ressaltam que os
membros de uma audiência devem sentir que o emissor da mensagem
sabe mais do que eles (Ailes e Kraushar citados por Prud’Home 2004:
45). O mesmo é dizer que, depois de reconhecida a experiência da
fonte, os membros da audiência provavelmente serão mais receptivos e
levarão a sério os seus conselhos e opiniões.

Clareza na transmissão da mensagem. Há medida que na mensagem
verbal aumenta o número de repetições, pausas, dificuldades de
articulação, entre outros indícios de falta de fluidez, diminui a
competência com que a fonte é percebida (Moya, p.159). Assim, é
essencial que o comunicador se prepare bem para fazer o seu discurso.
Um discurso que é bem pesquisado, organizado e apresentado irá
aumentar consideravelmente a percepção de competência por parte
dos receptores da mensagem.

Citação de outras fontes que possuem algum grau de autoridade e
prestígio pode incrementar a competência do emissor. É a credibilidade
das evidências da fonte, nomeadamente das fontes que cita, dos
exemplos escolhidos, do modo de apresentação de dados estatísticos e
da qualidade de recursos visuais que vai incrementar a sua
competência. No entanto, tal como refere McCroskey (1969), este
efeito pode não ser muito grande e, muitas das vezes, limita-se apenas a
fontes que inicialmente tenham uma baixa credibilidade (McCroskey
citado por Moya, p.159).

Posição defendida pelo emissor. Quando a mensagem transmitida pela
fonte supera as expectativas que o emissor tem sobre o receptor, a
competência com que o emissor é percebido aumenta, e em
consequência, a sua credibilidade (Moya, p.159). O exemplo mais claro
é quando o comunicador fala contra os seus próprios interesses, quando
64
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
é visto como uma fonte desinteressada, que expressa uma opinião que
não é motivada por interesses pessoais. Segundo Walster (1996) uma
fonte que fala contra os seus interesses ou os da organização é mais
credível (Walster citado por Prud’Home 2004: 48).
Contudo, apesar de uma fonte parecer suficientemente experiente e perita no
assunto, ela tem de parecer também suficientemente sincera e honrada.
A sinceridade é equivalente a características como ausência de lucro, falta de
intenção claramente persuasiva e percepção de honestidade relativamente às
declarações do comunicador15. Quando uma fonte é honesta, ela estabelece, mantém
e reforça a sua credibilidade.
Independentemente das visões de cada autor, na generalidade todos eles
definem a credibilidade de uma forma idêntica. O termo confiança, ora implícita ora
explicitamente, é a palavra-chave das suas afirmações. Ela é muito importante para a
credibilidade, não só para consegui-la, mas também para mantê-la. Segundo Simmel G.
(1990) e, em certa medida, Luhmann, N. (1979) “la confianza funciona principalmente
como un atajo, como una heurística mental en el sentido de la racionalidad limitada,
que le permite al indivíduo hacer frente a la incertidumbre suspendiendo su
incredulidad y realizando un “acto de fe” en el outro” (Luhmann e Simmel citados por
Rosas 2011: 1084). Neste sentido, podemos depreender que a credibilidade é
considerada como o maior ou menor crédito e confiabilidade que o comunicador
projecta para os seus interlocutores.
Assim, a credibilidade é um processo que se constrói progressivamente, não
sendo possível a sua criação. É algo que comunicador tem que conquistar, nunca é um
dado estabelecido à priori.
15
In tp://catarina.udlap.mx/u_dl_a/tales/documentos/lco/garcia_m_m/capitulo1.pdf
65
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
2.5.1. A Construção da Credibilidade
Tendo em conta que a credibilidade é um constructo, antes de se instalar
definitivamente, ela interage com outros factores que compartilham a sua construção.
Neste sentido, e com o intuito de explicar como ocorre o processo de construção da
credibilidade, iremos basear-nos na concepção apresentada por Jaime Morera,
sugerida inicialmente pela Escola de Palo Alto. Segundo o autor, o acto comunicativo,
que ele denomina de “nova comunicação” ocorre em dois níveis: o nível 1 e o nível 2.
Nível 1
Nível 2
Tipo de vestuário
Movimentos do corpo
Palavras
Olhares
Voz/ Entoação
Tipologia do corpo
Gestos claramente significativos
Tipologia da Cara
Odores
Manifestações sem uma
deliberada carga
significativa/codificada
Manifestações com uma
deliberada carga significativa
(signos de um código)
Ilustração 5: O nível 1 e o nível 2 da comunicação
Fonte: Adaptado de Morera (2004: 8)
©Produção gráfica pessoal
O nível 1, constituído por inúmeras manifestações não-verbais, tem-se
tornado cada vez mais significativo. O vestir-se de uma determinada maneira, o odor a
um perfume concreto, o penteado, entre outros aspectos deste nível 1 da
comunicação, estão carregados de significado, obrigando o receptor a interpretar
aquilo que vê (Morera 2004: 8 e 9).
66
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
Segundo Morera, são as manifestações do nível 1 que geram a credibilidade
necessária como emissor de uma mensagem. Elas actuam como uma pré-comunicação
que vai predispor ou não a crer naquilo que se está a escutar. “La “credibilidade” es
una categoria del emissor, no del mensaje transmitido. Esta se muestra, como es
lógico, en el ya analizado nível 1 de comunicación (pré-comunicación” o “metacomunicación”)” (Morera 2004: 8). Neste sentido, Petty e Caccioppo (1984) explicam
que quando os efeitos pessoais e os efeitos da mensagem são moderados ou pouco
sedutores, as pessoas não estão certas se vale ou não a pena pensar naquilo que estão
a ouvir. “Nestas circunstâncias, as características da fonte da mensagem podem ajudar
uma pessoa a decidir se vale ou não a pena considerar a mensagem” (Petty e
Caccioppo citado por Serra, p.11). Yerena possui uma visão idêntica à dos autores
citados anteriormente e, a título de exemplo, salienta que características como a
aparência física e a personalidade são determinantes no processo de construção de
credibilidade do comunicador. Como refere a autora:
“ (…) el público ve, observa y emite ciertos juicios del comunicador por la forma en
que está estido, peinado, etcétera. Si en su aparência la gente lo aprueba,
seguramente le dará credibilidade. En caso contrario, la imagen o personalidade
del comunicador, percebida antes del discurso, servirá para emitir juicios negativos
y quitará deseos de oir el discurso” (Yerena 2005: 148).
De facto, o atractivo físico da fonte pode incrementar a credibilidade do
comunicador. Para além de condicionar a atenção, percepção e retenção do receptor
pode também incentivar mecanismos de identificação com ela, o que por si só melhora
a credibilidade do emissor, e em consequência a sua eficácia persuasiva. Foi
demonstrado que as pessoas associam o atractivo físico da fonte a outras
características positivas como, por exemplo, honestidade, sinceridade ou credibilidade
(Maté et al, p.14). Ou seja, são as características do comunicador que vão determinar
se ele é, ou não, digno de ser escutado pelo receptor. A credibilidade não é, assim, um
juízo acerca da mensagem ou do seu conteúdo mas sim uma atribuição que se faz ao
emissor da mesma. Como refere o professor Edison Bello “un contenido qualquiera
67
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
encontrará mayor disposición a ser creído o aceptado conforme la instancia que lo
transmite es percibida como creíble por los receptores” (Bello 2007: 20).
Como principais manifestações que produzem a credibilidade do emissor
temos (Morera 2004: 8):

Expressão do rosto. O nosso rosto é uma potencial fonte de emoções e
atitudes. Existem inúmeros indícios não-verbais que estão associados à
comunicação enganosa, nomeadamente sinais de ansiedade, reticência e
stress. Assim, é fundamental que cada comunicador tenha em atenção a sua
linguagem corporal e adopte movimentos que reflictam a exactidão das suas
palavras. A título de exemplo, temos o contacto visual que o emissor
estabelece com o receptor. Este deve ser longo e contínuo.

Ambiente físico. As condições em que decorre a comunicação comprometem a
percepção de credibilidade por parte dos receptores. São de evitar acima de
tudo ruídos na transmissão da mensagem.

Tom de voz. Na visão de Myers e Lamarche (1992) uma fonte que fala rápido,
com uma intensidade e tom alto é mais credível. Um tom de voz elevado
demonstra a experiência do comunicador, a sua autenticidade, a sua
sinceridade, confiança e conforto (Myers e Lamarche citados por Prud’Home
2004, 65). Para além do tom e intensidade da voz, também outros aspectos
vocálicos são importantes na percepção de credibilidade. São exemplos a
dicção e o ritmo. Um estudo relatado por Prescott (200) mostra que as pessoas
que pronunciam mal são percebidas como menos convincentes e menos
informadas (…) do que as pessoas que possuem uma boa dicção (Prescott
citado por Prud’Home 2004: 63). Uma voz monótona dá aos ouvintes a
impressão de uma voz indiferente e distante. Esta percepção, por si só, tornase menos confiável pelo público. Deste modo, o comunicador que demonstra
carência de energia corre o risco de enfraquecer a sua credibilidade. Falar com
convicção, autoridade e entusiasmo é muito importante, uma vez que
incrementa a percepção de verdade e credibilidade.
68
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador

Naturalidade (sinceridade). Na visão de Smith uma fonte honesta significa que
a fonte está pronta para fornecer informações completas e precisas para
trabalhar com imparcialidade; além de ser confiável (Smith citado por
Prud’Home 2004: 47). Portanto, é impossível ser um emissor credível quando a
sua sinceridade é posta em causa pelos receptores. A honestidade, sinceridade,
integridade e imparcialidade são requisitos obrigatórios para a obter e manter
a credibilidade.

Ausência de tensões. Na percepção de Prescott, as fontes que perdem a calma,
ou estão demasiado nervosas tendem a ser menos credíveis (Prescott citado
por Prud’Home 2004: 68). Neste sentido, o emissor da mensagem deve
permanecer sempre calmo e relaxado. Para tal o comunicador deve preparar a
sua apresentação cuidadosamente e antecipar possíveis objecções. A utilização
do sentido de humor pode ser um recurso para ajudar a reduzir o nervosismo.

Desejo de não impor ou oprimir ao receptor. Esta característica está
fortemente relacionada com a anterior. O emissor deve permanecer paciente e
evitar estabelecer “um jogo agressivo” com o receptor, uma vez que tal atitude
pode ser devastadora para a sua credibilidade.

Empatia. A empatia é a percepção que a audiência tem de factores como:
simpatia, gentileza e afabilidade. Segundo Howard, o público está mais
inclinado a ouvir uma pessoa gentil e amigável (Howard citado por Prud’Home
2004, 54). Por outro lado, os estudos de Chaiken (1980) e Petty et al. (1981)
constataram que o público gasta muito pouco tempo a pensar sobre os
argumentos, sendo, simplesmente, mais influenciado pela sua simpatia para
com a fonte (Chaiken e Petty et al. citados por Prud’Home 2004: 53). As fontes
que são percepcionadas como simpáticas e amigáveis tornam-se mais credíveis.

Interesse real naquilo que se está a transmitir. Aqui está em causa o carácter
do emissor, como a sua honestidade e imparcialidade (características já
referidas anteriormente). O comunicador deve estabelecer e manter um
diálogo aberto, autêntico e sincero com os membros da plateia de modo a criar
69
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
um clima de confiança. Convém sempre estar consciente de que a confiança e a
credibilidade estão intimamente ligados.

Preocupação com a compreensão da mensagem por parte do receptor. Tal
como o emissor se esforça para transmitir eficazmente a sua mensagem,
também o receptor se deve apresentar como alguém capaz de a aceitar.
Quando o receptor demonstra desinteresse pelo tema, não estabelece
contacto visual, deseja acelerar o processo de transmissão, desvirtua, mal
interpreta a mensagem, ou então, em vez de escutar prepara a sua futura
intervenção, podemos dizer que esse receptor não está preocupado com a
eficácia do fenómeno comunicativo.

Pedir opiniões (retroalimentação comunicativa). A adopção de uma
comunicação bidireccional e simétrica actua como um factor de credibilidade
na medida em que respeita o público e as suas opiniões e cria um clima de
compreensão e confiança mútuo.

Uso de signos (palavras, gestos, etc.) que o receptor entenda. Os sinais nãoverbais do comunicador, para além de contribuírem para uma transmissão
clara e objectiva da mensagem, também irão mostrar, muito melhor do que as
palavras, aquilo em que o emissor acredita. A linguagem corporal da fonte irá
comunicar, por exemplo, se a sua voz é sincera e animada, se os seus gestos
reflectem o entusiasmo, se a sua expressão facial demonstra a sua
preocupação com a audiência, etc.

Predisposição em converter-se, por sua vez, em receptor. Esta característica
do emissor está directamente relacionada com uma outra referida
anteriormente – a empatia - uma vez que o comunicador empático é aquele
que é capaz de identificar e experimentar os sentimentos, pensamentos e
atitudes do seu público.

Não dar a sensação de indisponível. A disponibilidade, enquanto característica
do emissor, envolve, além de estar presente e ouvir, fornecer informação e
atenção ao seu público. A fonte deve proporcionar uma sensação de contacto e
70
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
relacionamento com as pessoas a quem se dirige, ou seja, deve permanecer
informada e acessível.

Sugestão da mensagem como alterável para o receptor (mudar de opinião
segundo das respostas). O emissor deve procurar sempre promover a
compreensão mútua, a mudança de atitudes e opiniões com base numa
recepção activa. A comunicação do receptor ocorre na forma de feedback e é
desse retorno comunicativo que a fonte precisa, a fim de avaliar o impacto das
suas comunicações e ajustar as suas mensagens. Deste modo, vai ganhando a
credibilidade do público.
Para que a mensagem seja operacional é necessário a emergência de uma
fonte interpretada como capaz de ser escutada. É comum ouvir-se, se as pessoas não
crêem no mensageiro tão pouco vão crer na mensagem. A eficácia da transmissão da
mensagem é assim directamente proporcional ao grau de credibilidade transmitido
pelo comunicador. Como diz Paulo Serra, “é a credibilidade do orador que torna o seu
discurso credível mas, por outro lado, é o discurso credível que revela a credibilidade
do orador” (Serra 2010: 8). Desta forma, um argumento do emissor é tanto mais forte
ou convincente quanto mais facilmente podemos deduzir, através dele, a credibilidade
ou carácter do orador; o argumento actua como “um signo – indiciário – do carácter
do orador” (Garver citado por Serra, p.12).
No entanto, se por um lado, o comunicador deve adoptar certas “formas”
para transmitir a sua credibilidade, por outro o receptor deve apresentar-se como
alguém capaz de aceitar a mensagem do emissor. Como explica Morera, a
credibilidade do emissor deve estar correspondida com a credibilidade do receptor,
este último deve manifestar que a mensagem é aceite e que procura uma
descodificação justa e positiva. (Morera 2004: 9). Também já há muito evidenciado
pela retórica clássica, “a credibilidade é, em todos os casos, uma construção que vai
sendo feita pela acção conjugada do orador/emissor e do ouvinte/receptor” (Serra
2010: 11).
71
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
2.5.1.1. Processo de Credibilização – Leis Fundamentais
Segundo Francisco Serra o processo de credibilização obedece pelo menos a
quatro leis fundamentais. São elas:
1) Lei da progressão geométrica – refere que em cada episódio de credibilização
a credibilidade de A não só aumenta como aumenta cada vez mais;
2) Lei da indução – Não basta um número infinito de episódios de credibilização
para que A atinja o topo da sua credibilidade, no entanto um único caso de
quebra de credibilidade é suficiente para eliminar a sua credibilidade por
completo;
3) Lei da associação – a credibilidade de A aumenta quando este é associado por
B a uma entidade C, a quem reconhecida credibilidade;
4) Lei da transferência – Se A se demonstrou como credível num determinado
contexto demonstrar-se-á também credível num contexto diferente; (Serra
2010: 3).
2.5.2. Factores Não-verbais de Credibilidade
Como podemos verificar na concepção da Escola de Palo Alto, existem
inúmeras as manifestações não-verbais responsáveis pela construção da credibilidade
do comunicador. Segundo Morera, “la credibilidade del emisor se halla precisamente
en el área del “comportamento” (Morera 2004: 7), sendo assim a conduta da fonte
que vai determinar a sua credibilidade. Existem certos comportamentos não-verbais
que podem gerar uma atribuição de competência, confiança, dinamismo, seriedade,
enquanto que outros podem gerar efeitos negativos e, em consequência, afectar de
alguma maneira a credibilidade do comunicador. A título de exemplo temos as
manifestações não-verbais que estão sistematicamente associadas à comunicação
enganosa, portanto, à mentira. De acordo com Ekman (1989), as expressões faciais, os
movimentos do corpo, as pausas, a evitação do olhar, os tropeços, os maneirismos e a
conduta verbal (acelerar os movimentos das mãos enquanto se eleva o tom de voz)
72
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
podem ser alguns indicadores precisos para detectar pessoas que mentem (Lopez et al,
p.43). Miller e Burgoon (1982) foram mais longe e fizeram uma boa revisão dos
factores conductuais que afectam a credibilidade, analisando as diferenças entre
emissor e receptor. O seu estudo mostra os principais correlatos não-verbais de
credibilidade e mentira. Na tabela que se segue podemos ver os indícios em que os
emissores se baseiam para serem credíveis bem como aqueles são utilizados para
conferir credibilidade a uma fonte.
Indícios codificados como:
Codificação
não-verbal
Cinésica
Proxémica
Háptica
Vocálica
Credíveis
Enganosos
- Maiores e contínuos contactos oculares;
- Maiores movimentos afirmativos da cabeça;
- Maior actividade facial;
- Maior gesticulação nas mulheres;
- Mais gestos rítmicos forçados;
- Níveis moderados de relaxação postural;
- Menos número de voltas do tronco das
mulheres.
- Reduzidos contactos oculares;
- Poucas afirmações da cabeça;
- Menos sorrisos, menos alegres;
- Movimentos desagradáveis da boca;
- Expressões muito breves;
- Expressões agradáveis mas muito ansiosas;
- Menos gestos;
- Maior encolhimento de mãos;
- Mudanças frequentes da postura das pernas e
do corpo;
- Tensão na posição das pernas e dos pés;
- Menor movimento das pernas e pés;
- Pernas cruzadas nos homens;
- Bloqueio corporal;
- Indicadores fisiológicos;
- Rubor; Piscar; Sacudidas; Suor;
- Pupilas dilatadas ou instáveis.
- Menor ângulo de inclinação
- Corpo menos orientado para a audiência;
- Menos inclinação para a frente;
- Distâncias maiores;
- Menores condutas adaptativas e auto
manipulativas, mas mais auto manipulações
com audiências receptivas;
- Mais auto adaptações, representação de
expressões faciais e objectos adaptativos;
amplamente adaptativos;
-Volume de voz mais alto;
- Nível da fala mais rápido;
- Maior entoação;
- Nível da fala mais lento ou mais rápido do
que o normal;
- Menor fluidez verbal;
- Graduação do tom de voz mais alta;
- Mais pausas ou registo aberto;
- Maior latência de respostas;
- Menor duração da palavra: menos tempo de
fala;
73
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
- Contradições ou inconsistências entre
indícios não-verbais;
-Mais informação das mãos e dos pés do que
da cara;
Global
Indícios interpretados como:
Codificação nãoverbal
Credíveis
Cinésica
Proxémica
Háptica
Vocálica
Geral
Enganos
- Maiores contactos oculares;
- Maior actividade facial: maior implicação;
- Mais gestos; mais ilustrativos;
- Relaxação moderada;
- Menos contactos oculares;
- Menor seriedade;
- Menor empatia; mais sorrisos;
- Gesticulação excessiva;
- Maior tensão e ansiedade;
- Mais mudanças posturais;
- Corpo menos orientado para a audiência
nos homens;
- Menores distâncias;
- Menos condutas auto manipulativas e
adaptativas;
- Menos auto submissa;
- Volume de voz maior;
- Nível da fala moderado ou ligeiramente
mais rápido;
- Maior fluidez verbal;
- Maior entoação e variedade do tom;
- Menor graduação do tom de voz;
- Mais implicação vocal;
- Estilo deliberadamente conversacional;
- Uso da lada ou dialecto comum;
- Menor fluidez verbal;
- Maior latência de resposta;
- Violação positiva das expectativas;
- Maior confiança na voz do que na cara e
maior confiança na cara do que no corpo;
Tabela 9: Indícios de credibilidade (Miller e Burgoon 1982)
Fonte: Adaptado de Manzanero e Diges 1993: 5
Como podemos constatar, a credibilidade do comunicador é muito
influenciada pelo seu desempenho real, isto é, pela conduta que adopta na frente da
audiência. Neste sentido, quando a fonte mente, ela será exposta pela sua linguagem
corporal. O público irá acreditar mais facilmente naquilo que vê do que naquilo que
ouve. Bettinghaus e Cody (1987) seguem na mesma direcção e acrescentam que o que
as fontes dizem é extremamente importante, mas como o dizem e como se
74
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
comportam ao dizê-lo afecta drasticamente a percepção do receptor, influenciando,
assim, a extensão da sua mudança de atitude (Bettinghaus e Cody citados por
Pettersson 1998: 67).
Em suma, podemos concluir que a credibilidade é uma atribuição que é
conferida à fonte pelo receptor. É a confiança que o receptor deposita no
emissor/comunicador. Uma fonte credível é aquela que é fiável para o receptor,
confiável e digna de crédito. Como vimos, a credibilidade não é um processo
unidimensional, depende de inúmeras variáveis interrelacionadas que fomentam a sua
construção e solidificação. A grande maioria dessas variáveis são assentes em
manifestações não-verbais que, por sua vez, geram atribuições de competência,
honestidade, prestígio e confiança, características essenciais para a construção da
credibilidade. Também factores como a atractividade da fonte, atenção, dinamismo,
compromisso, carácter, carisma e dedicação são determinantes na percepção de
credibilidade por parte do público.
Neste trabalho de investigação, a credibilidade será considerada como o grau
de confiança, fiabilidade e crédito percepcionados pelos receptores mediante a
manipulação de duas variáveis intrínsecas ao comunicador: a indumentária e a
gesticulação. Assim sendo, temos como principal objectivo verificar se a gesticulação e
a indumentária (segundo Morera, uma manifestação do nível 1 e outra do nível 2)
podem contribuir para a construção da credibilidade do comunicador.
75
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
3. METODOLOGIA
Para o alcance dos objectivos definidos neste trabalho de investigação é
necessário adoptar uma metodologia específica e vertical. Segundo Seaman, uma
investigação é por definição, “um processo sistemático de colheita de dados
observáveis e verificáveis, a partir do mundo empírico (…) com vista a descrever,
explicar e predizer ou controlar fenómenos” (Seaman citado por Fortin 1999: 17).
Neste sentido, este estudo é conduzido por uma investigação exploratória,
tendo como suporte a pesquisa bibliográfica, que constitui a base para o
desenvolvimento das questões de investigação, bem como para a realização de um
estudo frutífero.
Os estudos exploratórios servem para nos familiarizarmos com fenómenos
relativamente desconhecidos, para obter informações sobre a possibilidade de
realizar uma pesquisa completa sobre um contexto particular, pesquisar problemas
de comportamento humano que os profissionais de determinada área consideram
cruciais (Sampieri et al. 1991: 100).
Este tipo de estudo tem como finalidade desenvolver, esclarecer e modificar
ideias sobre um determinado tema pouco estudado, neste caso a comunicação nãoverbal, mais precisamente a indumentária e a gesticulação.
Quanto à generalização o presente estudo é do tipo nomotético, uma vez que
este método prescinde da singularidade dos indivíduos para realizar a medição de
diferenças qualitativas que permitem a comparação dos indivíduos entre si em
variáveis específicas, com intuito de conhecer o modo como as ditas variáveis
influenciam o seu comportamento. Em definitivo, visa o estabelecimento de leis gerais.
76
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
3.1. Desenho da Investigação
De acordo com Fortin (1999), o desenho de investigação assenta num plano
lógico elaborado pelo investigador para obter respostas às questões de investigação,
permitindo também controlar possíveis fontes de enviesamento, que podem
influenciar os resultados da investigação (Fortin 199: 132).
A investigação realizada comporta as seguintes etapas evidenciadas no
desenho de investigação que se segue. Para uma melhor visibilidade dos passos
adoptados recorreu-se à apresentação das fases inerentes ao processo de
investigação: a conceptual, a metodológica e a empírica.
FASE CONCEPTUAL
FASE METODOLÓGICA
Identificação do tema
Tipo e métodos de
investigação
FASE EMPÍRICA
Resultados,
conclusões e
principais limitações
Pesquisa Bibliográfica
Objectivos de
investigação
Selecção da amostra
Apresentação e
análise dos dados
Definição do problema
Questões de
investigação
Instrumentos de
colheita de dados
Ilustração 6: Desenho da investigação
© Produção gráfica pessoal
77
Recolha de dados
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
Ora, como sabemos, qualquer investigação tem início na formulação do
problema, pelo que é, assim, necessário, identificá-lo, descrevê-lo e relacioná-lo com
os objectivos do trabalho de investigação.
3.2. Problema de Conhecimento
A comunicação não-verbal tem sido um tema frequente desde sempre, mas
não necessariamente para os cientistas. Somente a partir do século XX é que esta
temática despertou o interesse da comunidade científica e psicólogos, antropólogos,
linguistas, comunicólogos, começando então a pesquisar relativamente a tudo no que
diz respeito ao conhecimento da expressividade corporal (Maciel 2002: 1).
De entre os inúmeros canais de comunicação não-verbal, a indumentária e a
gesticulação são dois deles extremamente expressivos, no entanto, apesar dos estudos
realizados neste domínio, ainda há muito por desvendar. Neste trabalho de
investigação, tentamos verificar se a indumentária e a gesticulação influenciam a
credibilidade do comunicador. Ou seja, se os estímulos – indumentária e gesticulação –
conferem, ou não, credibilidade ao comunicador na percepção dos interlocutores;
Assim, definimos como objectivos do presente estudo os seguintes:
a) Apurar um conceito definido, claro e objectivo de credibilidade;
b) Estudar e verificar se a gesticulação e indumentária influenciam a
credibilidade do comunicador;
3.3. Hipóteses de Trabalho
Um estudo não pode ser considerado uma verdadeira investigação se a sua
estrutura não for assente na formulação de hipóteses. As hipóteses são directrizes de
trabalho e esforço de uma pesquisa. Tal como explicam Quivy e Campenhoudt “a
78
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
hipótese fornece à investigação um fio condutor particularmente eficaz, a partir do
momento em que ela é formulada, substitui nessa função a pergunta de partida, ainda
que não esteja completamente esquecida” (Quivy e Campenhoudt 1988: 120). O
termo hipótese é sinónimo de princípio16, uma proposição com vista à solução de um
dado problema, traduzindo “uma expectativa sobre acontecimentos, baseada nas
generalizações de uma relação que se assume como tal, entre determinadas variáveis”
(Truckman citado por Lima e Pacheco 2006: 15). Verificamos assim que, a principal
função das hipóteses é orientar a investigação mediante a formulação de enunciados
provisórios, que mais tarde serão sujeitos a processos de confirmação ou infirmação.
No entanto, para que estas sejam consideradas científicas têm que obedecer a alguns
critérios de formulação: 1) expressar-se de forma declarativa e não como pergunta; 2)
traduzir uma relação entre variáveis clara e verosímil; 3) reflectir a teoria ou os estudos
publicados, nos quais se baseia a investigação; 4) ser breve e concisa; 5) ser susceptível
de ser comprovada (Neil 1998: 22-23). Deste modo, a formulação de hipóteses na
investigação científica é uma peça fulcral do processo, actuando como guias do
orientador. Para além de concentrarem o problema de investigação e os objectivos,
concentram também todo um conjunto de preocupações a ter em conta para a sua
verificação empírica. Ao contrário do que muitas vezes se pensa, as hipóteses não têm
que ser necessariamente verdadeiras ou comprovadas. Elas são apenas proposições
sujeitas à verificação empírica. No momento em que as formula, o investigador não
pode assegurar a sua comprovação. Tal como mencionam Black e Champion “uma
hipótese é diferente de uma afirmação de facto” (Black e Champion citados por
Sampieri et al. 2003: 120). O papel das hipóteses de investigação é ajudar a solucionar
o problema de investigação. Elas constituem uma ferramenta que ajudam a ordenar,
estruturar e sistematizar o conhecimento, actuando como uma ponte entre o
conhecimento já obtido e o novo conhecimento. Neste sentido, e com o intuito de dar
resposta ao nosso problema de conhecimento, apresentamos a seguinte hipótese
geral:
16
“A palavra hypotheses em grego liga-se ao verbo tifheni ‘ponho’ e à partícula hypo ‘por baixo’. A
palavra de origem latina ‘suposição’ é, portanto, o seu decalque literal; o seu sentido envolve
simultaneamente a idéia de ‘conjetura’ e a de ‘princípio’, de ponto de partida de um raciocínio.” In
Enciclopédia Einaudi disponível em: http://www.virtual.ie.ufrj.br/infoeducar/bib/granger2.doc.
79
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
HIPÓTESE GERAL:
A indumentária e a gesticulação influenciam a credibilidade do
comunicador.
Como se pode constatar no enunciado acima exposto, a hipótese de
investigação define a relação entre diversas variáveis. Trata-se de uma hipótese de
causalidade, uma vez que se estabelece uma relação de causa e efeito entre as
variáveis, isto é, as variáveis independentes17 devem produzir um efeito sobre a
variável dependente18 (Fortin 2009: 104).
VARIÁVEIS INDEPENDENTES
VARIÁVEL DEPENDENTE
DEPENDENTE
Gesticulação
Credibilidade do
comunicador
Indumentária
Ilustração 7: Variáveis dependentes e independentes da investigação
Adaptado de Sampieri et al. (2003: 129)
© Elaboração própria
Segundo Marie-Fabienne Fortin, todas as hipóteses causais são direccionais
(Fortin 2003, 104). As hipóteses direccionais reflectem uma diferença entre grupos e
especificam a direcção da diferencia (Neil 1998: 20). Exprimem-se, normalmente pelos
termos “menos” ou “mais” ou por “positiva” ou “negativa”. Assim, pretendemos no
17
A variável independente representa os tratamentos ou condições que o investigador controla para
provar os seus resultados (Neil 1999: 25).
18
A variável dependente é a que reflecte os resultados de um estudo de investigação (Neil 1999: 25)
80
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
nosso estudo verificar quatro hipóteses causais, de entre elas três direccionais (H2, H3
e H4).
HIPÓTESES OPERATIVAS:
H1
A gestualidade lenta acompanhada de uma indumentária informal
tem um efeito neutro na credibilidade do comunicador.
H2
A gestualidade brusca acompanhada de uma indumentária informal
tem um efeito negativo na credibilidade do comunicador.
H3
A gestualidade lenta acompanhada de uma indumentária formal tem
um efeito positivo na credibilidade do comunicador.
H4
A gestualidade brusca acompanhada de uma indumentária formal tem
um efeito positivo na credibilidade do comunicador.
Depois de pautada a hipótese geral e respectivas hipóteses operacionais
passamos a definir e a descrever o desenho experimental da nossa investigação.
3.4. Desenho Experimental
A escolha do tipo de método a utilizar depende do problema que se visa
estudar. Neste sentido, tendo em conta o problema de investigação e os objectivos
que se pretendem alcançar adoptamos o método experimental com uma abordagem
metodológica do tipo quantitativo, uma vez que os dados recolhidos no decorrer da
pesquisa serão processados através de medidas estatísticas que permitirão avaliar e
interpretar a informação numérica com o intuito de responder às indagações do
estudo.
81
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
O método experimental é um procedimento lógico que visa a obtenção de
uma resposta significativa a um problema de conhecimento. Segundo J.S.Mill, este
método de investigação assenta na realização de observações, na recolha e
observação de dados, tendo como objectivo provar uma relação causal entre dois
factores (J.S.Mill citado por Greenwood, p.315). No entanto, para que o método
experimental produza respostas válidas ele tem de possuir três características
fundamentais: a manipulação, o controle e a aleatorização das variáveis. Através
destas ferramentas o investigador consegue controlar e eliminar as variáveis
estranhas19, susceptíveis de produzirem resultados diferenciais. Neste sentido, João
Paiva refere que a manipulação ocorre quando o investigador manipula pelo menos
uma variável independente e observa o efeito numa ou mais variáveis dependentes
(Paiva 2005: 10). Deste modo, como a variável independente é controlada, pode-se
compreender a relação causal com maior rigor e exactidão.
O controlo está relacionado com a redução ou mesmo exclusão das fontes de
erro e influências exteriores que podem afectar os resultados da investigação (Fortin
1999: 140). Quando o investigador introduz uma variável independente ele tem que
exercer controlo sobre a situação, assegurando-se que o tratamento experimental não
varia, ou seja, que é aplicado de forma constante. Em outras palavras, “purifica-se” a
relação entre a vaiável dependente e a independente de outras fontes que podem
afectar a VD e “contaminar” o experimento” (Sampieri et al. 2006, 166-167). Segundo
Greenwood, “ (…) um controle efectivo das unidades de estudo e do condicionalismo
circundante da investigação constitui o cerne do método experimental” (Greenwood,
p.317).
Uma das técnicas que o investigador tem à sua disposição para controlar as
unidades de estudo é a aleatorização. Esta prática refere-se à selecção aleatória nos
grupos experimentais e de controle, de forma a que cada sujeito do estudo possua a
mesma probabilidade de fazer parte de um ou de outro grupo (Fortin 1999: 133).
Neste sentido, a distribuição aleatória produz controle, uma vez que as variáveis a
19
Variável estranha é aquela que tem um impacto imprescindível sobre a variável dependente (Neil
1999, 27).
82
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
controlar (variáveis estranhas e fontes de invalidação interna20) são distribuídas de
forma idêntica nos grupos do experimento (Sampieri et al. 2006: 178). Cochan e Cox
(1992) seguem na mesma direcção e afirmam que “a aleatoriedade, de certa forma,
assemelha-se a um seguro, porque se trata de uma precaução contra inferências que
podem ocorrer ou não, e ser importantes ou não, caso ocorram” (Cochan e Cox citados
por Sampieri et al. 1996: 177).
Apesar de todos os desenhos experimentais serem portadores destas
características e obedecerem a um esquema previamente definido, a realidade é que
cada investigação requer sempre um modelo especial dependente dos objectivos
traçados pelo investigador. Neste sentido, e com o intuito de contrastar as hipóteses
de trabalho, optamos pelo desenho factorial21. Este modelo experimental é utilizado
quando o investigador manipula duas ou mais variáveis independentes e inclui dois ou
mais níveis em cada uma delas (Sampieri et al. 2006: 204). Os desenhos factoriais são
considerados muito úteis uma vez que permitem determinar o efeito de cada uma das
variáveis independentes, bem como avaliar os efeitos da interacção entre as variáveis
independentes. Segundo Fortin, a interacção num experimento afecta a variável
dependente de tal maneira que o efeito de uma variável independente deixa de
permanecer constante aquando da aplicação dos níveis da outra (Fortin 1999: 188).
Assim sendo, se procedermos à realização individual de vários experimentos,
no sentido de verificar os efeitos de cada um dos factores na variável dependente,
teremos a possibilidade de averiguar em que medida cada uma das variáveis
independentes contribui para a credibilidade do comunicador.
No nosso estudo queremos estudar o efeito de duas intervenções sobre a
credibilidade do comunicador. Estas consistem no tipo de indumentária e na
gesticulação enquanto instrumentos de comunicação não-verbal que influenciam a
credibilidade do sujeito falante. Cada uma destas variáveis independentes comporta
respectivamente dois níveis. Trata-se assim de um desenho factorial 2x2 com quatro
20
A validade interna diz respeito ao rigor e à precisão dos resultados obtidos, isto é, o quanto as
conclusões obtidas representam e/ou explicam a realidade estudada (Punch citado por Chaves e
Coutinho 2002, 234).
21
Os desenhos factoriais são acções conjuntas de duas ou mais variáveis independentes, chamadas
também de factores (Cazau 2006: 106).
83
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
grupos independentes22 (Ver Tabela 8). A formação dos grupos e respectiva
distribuição pelos tratamentos experimentais é realizada aleatoriamente. A
aleatorização implica que “los sujetos, seleccionados mediante algún procedimiento
de muestreo, sean asignados al azar a diferentes grupos y que, también al azar, se
asignen los tratamientos a cada uno de los grupos» (Roca et al. citados por Cairrão,
p.14).
Nível de gesticulação
Nível de indumentária
Formal
Informal
Lenta
A
B
Brusca
C
D
Tabela 10: Desenho factorial 2x2
©Elaboração própria
O experimento manipula duas variáveis independentes (a indumentária e a
gesticulação) com dois níveis de tratamento cada uma. No âmbito do factor
indumentária, consideramos os estímulos formalidade e informalidade; relativamente
à gesticulação a natureza do estímulo varia entre lento e brusco. Assim, para cada
variável independente manipulamos dois níveis experimentais, dado origem a quatro
tratamentos experimentais diferentes (duas variáveis independes x dois níveis de
variação).
3.5. Sujeitos do Estudo
Escolher entre uma amostra probabilística e não-probabilística depende dos
objectivos, do tipo de pesquisa bem como da contribuição que se pensa fazer com ela
(Sampieri et al. 2006: 254). No presente estudo trabalharemos com uma amostra não
22
Um desenho factorial 2x2 supõe duas variáveis independentes, cada uma com dois valores, portanto,
tem quatro combinações possíveis (Cazau 2006: 101).
84
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
probabilística por conveniência 23, uma vez que para estudar a relação entre variáveis
dependentes e independentes não é necessária uma amostra representativa do
universo mas sim garantir a homogeneidade dos indivíduos. Neste sentido, e de forma
a garantir tal homogeneidade, consideramos variáveis de controlo relativamente ao
sujeito (sexo, idade, instrução académica, estado das condições visuais e auditivas bem
como a familiaridade com situações de apresentação pública) ao contexto (mesmo
ambiente em todas as situações experimentais) e ao procedimento (aleatorização
completa). Este conjunto de variáveis de controlo, para além de assegurar a
equivalência entre os grupos experimentais, também ajuda a controlar as variáveis
estranhas que são desconhecidas pelo investigador.
Foram assim constituídos quatro grupos experimentais independentes
formados por 10 sujeitos cada um, que serão submetidos aos diferentes tratamentos
experimentais apresentados a seguir:
Tratamentos experimentais (t)
t1 = (Indumentária informal + Gesticulação lenta)
t2 = (Indumentária informal + Gesticulação brusca)
t3 = (Indumentária formal + Gesticulação lenta)
t4 = (Indumentária formal + Gesticulação brusca)
Tabela 11: Tratamentos experimentais
© Produção gráfica pessoal
De referir ainda que, cada grupo experimental recebe um único tratamento e
que cada sujeito participante realiza a experiência apenas uma única vez.
A amostra do estudo foi formada por alunos do Curso de Ciências da
Comunicação da Universidade de Trás-Os-Montes e Alto Douro. O principal motivo da
sua selecção foi a familiaridade com situações de apresentação em público, um
aspecto importante a ter em conta, uma vez que o experimento é realizado num
cenário idêntico. Neste sentido, será seleccionado um professor de teatro onde, na
23
Na amostragem por conveniência os elementos são escolhidos porque se encontram onde os dados
para o estudo estão a ser recolhidos. A sua participação no estudo é como que “acidental” (Churchill e
Vogt citados por Vicente et al. 1996: 64).
85
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
apresentação de um discurso24, irá representar, de forma o mais rigorosa possível,
estes tratamentos.
Após a prova experimental, os alunos foram submetidos a um teste de
verificação da credibilidade formada pela autonomia das variáveis independentes.
Aqui, os sujeitos participantes foram apenas informados que iriam participar num
estudo, desconhecendo por completo o seu objectivo ‐ aprendizagem acidental.25
3.6. Instrumento de Recolha de Dados
Regra geral, os instrumentos de recolha de dados são instrumentos
administrados para avaliar opiniões, percepções e atitudes, os quais podem apresentar
diversas modalidades de perguntas, nomeadamente abertas ou fechadas. Quando o
sujeito experimental pode responder livremente, embora no âmbito das perguntas
previstas, diz-se que assumem a forma de questões abertas. Quando, pelo contrário, o
inquirido tem que optar entre uma lista tipificada de respostas, as questões em causa
dir-se-ão fechadas (Almeida e Pinto 1975: 105).
Segundo Tremblay, o instrumento de recolha de dados é considerado um
instrumento de medição quantitativa, normalizado, calibrado e de duplo aspecto
(Tremblay citado por Gomes, 2007). Como instrumento quantificador, descreve a
influência das variáveis independentes sobre as dependentes; enquanto instrumento
normalizado, requer uma total homogeneidade e uniformidade das perguntas de
modo a possibilitar uma posterior análise comparativa das respostas com técnicas
estatísticas; como instrumento calibrado, exige ensaios prévios com sujeitos de
características idênticas à da amostra de modo a corrigir possíveis erros de
conceituação e formulação das questões; por último, o questionário enquanto técnica
de duplo, para além de possuir uma orientação prioritária ao estudo de grandes
amostras, também permite quantificar unidades de observação simples (Gomes 2007).
24
O discurso usado para a realização do experimento pode ser consultado nos anexos deste trabalho.
Aprendizagem acidental é a aprendizagem “ en la que el sujeto desconocía, durante la adquisición,
que iba a ser sometido a una prueba de memoria posterior (...) ” (Aparicio e Zaccagnini citados por
Meirinhos, p.11).
25
86
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
Assim, com o objectivo de descrever e verificar a influência da indumentária e
da gesticulação sobre a credibilidade do comunicador optamos por realizar um
instrumento de recolha de dados de perguntas fechadas com escalas do tipo
diferencial semântico. O diferencial semântico, desenvolvido por Charles Osgood em
1957, é uma técnica utilizada para medir o significado que os participantes atribuem a
um conceito, ou seja, permite medir as atitudes do sujeito relativamente a um
determinado fenómeno. Na visão de Rose e Bartoloti, este instrumento permite ainda
“registrar, quantificar ou comparar o significado de um ou de vários conceitos, para
um ou vários indivíduos, em uma ou várias situações” (Rose e Batoloti 2007: 88). Este
modelo de recolha de dados é constituído por um conjunto de escalas bipolares de
sete intervalos de dois objectivos opostos. Por sua vez, cada escala possui um
continuum de positividade e negatividade, que aumenta à medida que se aproxima das
extremidades, bem como um ponto neutro, que indica que o conceito a medir está
igualmente relacionado com os dois adjectivos, ou então que a escala não possui
qualquer relação com o estímulo em questão (Salor, p.11).
O instrumento de recolha de dados é formado por quatro questões, cujas
respostas permitem a verificação das hipóteses de trabalho. As questões assentam na
utilização de escalas bipolares, onde foi solicitado aos participantes que, do conjunto
de adjectivos opostos, assinalassem um grau (entre 3 e -3) correspondente a um
diferencial semântico de sete possibilidades de resposta, em que os valores 1, 2 e 3
representam atitudes favoráveis, 0 é o ponto neutro e as pontuações -1, -2, -3 indicam
atitudes desfavoráveis (Ver Anexo 2).
As questões iniciais são de carácter demográfico e visam saber o género,
idade, o curso que os alunos frequentam na UTAD, bem como o ano que frequentam;
As restantes são do tipo diferencial semântico.
A questão um é constituída por 10 pares de adjectivos opostos e visa aferir as
atitudes dos sujeitos em relação à indumentária. A questão dois é constituída por 14
pares de adjectivos bipolares e tem como objectivo aferir as atitudes dos participantes
em relação à gesticulação. Por sua vez, as questões três e quatro têm como objectivo
aferir as atitudes dos participantes relativamente à imagem transmitida tanto pela
87
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
indumentária (questão três, constituída por 13 pares de adjectivos), como pela
gesticulação (questão quatro, constituída por 12 pares de adjectivos).
Através de uma análise individual e conjunta das variáveis, poderemos verificar em
que medida estas influenciam e determinam a credibilidade do comunicador.
O somatório das pontuações do sujeito experimental permite-nos averiguar
o valor individual das suas apreciações entrando em linha de conta com os níveis
apriorísticos da combinatória das variáveis independentes a que foi submetido em
contexto experimental.
No âmbito desta investigação, consideramos como efeito positivo, negativo
ou neutro o somatório das pontuações individuais que estejam compreendidas entre
os valores apresentados na tabela 11.
Diferenciais semânticos
1.
2.
3.
4.
Avaliação individual:
Indumentária
Avaliação individual:
Gesticulação
Avaliação conjunta: Imagem
transmitida pela
indumentária
Avaliação conjunta: Imagem
transmitida pela gesticulação
Efeito positivo
Efeito neutro
Efeito negativo
individual
individual
individual
Entre
Entre
Entre
[10 e 30]
[9 e -9]
[-10 e -30]
Entre
Entre
Entre
[14 e 42]
[13 e -13]
[-14 e -42]
Entre
Entre
Entre
[13 e 39]
[12 e -12]
[-13 e -39]
Entre
Entre
Entre
[12 e 36]
[11 e -11]
[-12 e -36]
Tabela 12: Intervalos definidores dos efeitos por sujeito experimental
© Elaboração própria
A banda de variação das pontuações colectivas permite conformar um valor
holístico por grupo experimental, que nos vai permitir distinguir o valor da
combinatória dos níveis das variáveis independentes (às quais foram submetidas os
diferentes grupos experimentais). Os valores apurados na tabela abaixo foram obtidos
pela multiplicação dos valores da banda de variação de cada efeito pelo número de
sujeitos presentes em cada grupo independente (10 sujeitos).
88
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
Diferenciais semânticos
Efeito positivo
Efeito neutro
Efeito negativo
colectivo
colectivo
colectivo
1.
Avaliação individual:
Indumentária
Entre
[100 e 300]
*[95 e 99]
Entre
[90 e -90]
*[91 e 99]
Entre
[-100 e -300]
*[-95 e -99]
2.
Avaliação individual:
Gesticulação
Entre
[140 e 420]
*[135 e 139]
Entre
[130 e -130]
*[131 e 139]
Entre
[- 140 e -420]
*[-135 e -139]
3.
Avaliação conjunta: Imagem
transmitida pela
indumentária
Entre
[130 e 390]
*[125 e 129]
Entre
[120 e -120]
*[121 e 129]
Entre
[-130 e -390]
*[-125 e -129]
4.
Avaliação conjunta: Imagem
transmitida pela gesticulação
Entre
[120 e 360]
*[115 e 119]
Entre
[110 e -110]
*[111 e 119]
Entre
[-120 e -360]
*[-115 e -119]
Tabela 12: Intervalos definidores dos efeitos colectivos
© Elaboração própria
*Por se verificar um “buraco” na banda de variação tivemos que alargar os intervalos definidores dos
efeitos
Por outro lado, e na apreciação dos valores numa perspectiva mais minuciosa,
iremos apurar valores para cada um dos grupos e para cada um dos pares de
adjectivos opostos (ver ilustração 8). Este apuramento permitir-nos-á conhecer os
pares de adjectivos que mais contribuíram para cada um dos efeitos previstos. Ainda
neste sentido, e depois de termos seleccionado um conjunto de pares que nos
merecem mais atenção por causa dos valores apurados, calcularemos a média, a moda
e o desvio padrão, na perspectiva de perceber a importância desses pares, bem como
as suas respectivas especificidades/ características intrínsecas.
89
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
Ilustração 8: Apreciação de valores por grupo e por par de adjectivos opostos
© Elaboração própria
Com o objectivo de avaliar a eficácia e pertinência do instrumento de recolha
de dados, realizou-se um pré-teste a quatro grupos independentes formados por três
sujeitos cada um. Cada grupo visionou um vídeo elucidativo a um tratamento
experimental e de seguida solicitou-se-lhes que respondessem ao questionário tipo.
Segundo Fortin, o pré-teste é uma etapa indispensável e extremamente
importante pois permite corrigir ou modificar os instrumentos de colheita de dados,
resolver imprevistos e verificar a redacção e ordem das questões formuladas (Fortin
1999: 253). O pré-teste é, assim, um exercício preliminar que visa determinar se as
questões foram elaboradas com clareza, imparcialidade e se é susceptível de gerar as
informações desejadas para a investigação. Nesta prova “preliminar” podemos
constatar que tanto as questões como os conceitos foram claramente compreendidos,
não havendo necessidade de alterar a forma e estrutura do instrumento de recolha de
dados.
90
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS
Uma vez recolhidos, os dados foram submetidos a tratamentos estatísticos
com o intuito de dar respostas às questões de investigação. Segundo Cachingan
(1986), a estatística é a disciplina científica cujo fim consiste na “recolha, organização e
interpretação de dados de acordo com procedimentos estatísticos” (Cachingan citado
por Silvestre 2007:1). Bento Murteira segue na mesma direcção e refere que a
estatística é “um reportório de instrumentos adequados para: recolher
descrever
explorar e
interpretar conjuntos de dados numéricos (Murteira 1993: 1). Por um
lado a estatística permite “(…) com a ajuda de estatísticas descritivas, resumir a
informação numérica de uma maneira estruturada, a fim de obter uma imagem geral
das variáveis medidas numa amostra” e, por outro lado, possibilita também, “com a
ajuda de estatísticas inferenciais, ou seja, dos testes estatísticos (comparação de
médias, comparação de proporções, correlação, etc.), determinar as relações
observadas entre certas variáveis numa amostra” (Fortin 1999: 269).
No presente trabalho de investigação, a selecção das ferramentas estatísticas
foi realizada de acordo com as características da investigação, o tipo de variáveis
utilizadas bem como as hipóteses de investigação formuladas. Com o intuito de
sistematizar e realçar a informação fornecida pelo instrumento de recolha de dados
utilizamos a estatística descritiva, nomeadamente:

Distribuição de frequências (absolutas (n) e relativas (%)).

Medidas de tendência central.
91
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
4.1. Perfil dos Grupos Independentes
As principais características demográficas da amostra deste estudo
encontram-se apresentadas na tabela 13. Assim, podemos constatar que cada grupo
independente foi formado por 10 sujeitos com frequência universitária do 1º e 2º
Ciclos do Curso de Ciências da Comunicação da Universidade de Trás-Os-Montes e Alto
Douro. Enquanto que, nos grupos 2 e 4 verificámos uma igual participação entre
género masculino e feminimo (3 homens e 7 mulheres); no grupo 1 verificamos uma
predominância do género feminino em detrimento do género masculino (9 mulheres
contra 1 homem); e no grupo 3 apurámos uma equivalência geral entre ambos os
géneros (4 homens contra 6 mulheres). A média de idades nos quatro grupos é de 23
anos, cuja idade mínima nos grupos 2 e 3 é de 18 anos. De realçar ainda que, o grupo 1
inclui um indivíduo com 38 anos de idade e o grupo 4 inclui outro com 46 anos de
idade. Este aspecto também está relacionado com o ano de frequência do curso, uma
vez que os sujeitos dos grupos 1 e 4 frequentam o 3º/4º/5º anos do curso, ao invés
dos do grupo 2 e 3, que ainda se encontram a frequentar o 1º ano.
Grupo 1
Grupo 2
Grupo 3
Grupo 4
[II + GL]
[II + GB]
[IF + GL]
[IF + GB]
Mulheres
9 (90%)
7 (70%)
6 (60%)
7 (70%)
Homens
1 (10%)
3 (30%)
4 (40%)
3 (30%)
23,7
21,5
18,5
28,2
Idade mínima
38
29
20
46
Idade máxima
19
18
18
21
3º, 5º
1º
1º
4º
Perfil dos sujeitos
Média de Idades
Ano de frequência do curso
Tabela 14: Perfil da amostra em estudo
Legenda: II=Indumentária Informal; IF=Indumentária Formal; GL=Gesticulação lenta; GB=Gesticulação
Brusca
92
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
4.2. Grupos Independentes
Com o intuito de verificar a influência da indumentária e da gesticulação na
credibilidade do comunicador foram realizados quatro experimentos distintos com a
manipulação das variáveis independentes. Neste sentido, foi solicitado aos sujeitos
experimentais submetidos aos diferenciais semânticos de pares de adjectivos opostos
que indicassem o valor discreto entre 3 e -3, por forma a identificar pensamento
pessoal em torno das variáveis indispensáveis em estudo na prova experimental. O
objectivo foi aferir se os sujeitos revelavam atitudes favoráveis ou desfavoráveis em
relação à credibilidade do comunicador cujos valores das atitudes foram apurados
através das médias calculadas para cada par de adjectivos opostos.
No Grupo 1, e com base na análise da Tabela 15, os valores médios de
atitudes mais elevados em relação á indumentária registaram-se nos pares de
adjectivos Rígida versus Flexível e Perfeccionista versus Improvisada, com médias
totais de -2,3 e -2,1 respectivamente. Isto significa que a maioria dos sujeitos
experimentais considera que a indumentária é, consideravelmente, improvisada e
flexível. A seguir, aparecem os pares de adjectivos Profissional versus Amadora e
Expressiva versus Irrelevante, com médias de -1,8 e -1,6. De constatar ainda que, de
entre os 10 pares de adjectivos, nove deles obtiveram uma pontuação negativa, com
excepção do par Moderna versus Tradicional, com uma pontuação média de 0,5. Esta
atitude neutra poderá dever-se à subjectividade do par de adjectivos dado que o
conceito de modernidade é pouco compreensível para a maioria.
Tendo em conta os pares de adjectivos opostos, a gesticulação no Grupo 1 foi
classificada por Discreta, com uma média total de 2,3; Moderada, com uma média de
2,2; e Compreensível e Segura, com médias 2.
93
GRUPO 1
1
2
Indumentária
1.2
Elegante/
Odinária
1.4.
Rígida/
Flexível
1.5.
Original/
Convencional
1.6.
Perfecionista/
Improvisada
1.7.
Idónea/
Inapropriada
1.8.
Ousada/
Discreta
1.9. Expressiva/
Irrelevante
1.10.
Profissional/
Amadora
Total
5
-3
-4
-23
-11
-21
-11
-1
-16
-18
-103
Média*
0,5
-0,3
-0,4
-2,3
-1,1
-2,1
-1,1
-0,1
-1,6
-1,8
-1,03
Gesticulação
2.1.
Moderada/
Exagerada
2.2. Explicativa/
Genérica
2.3.
Objectiva/
Informativa
2.4. Segura/
Insegura
2.10.
Organizada/
Descompass
2.11.
Uniforme/
Informe
2.5.
2.6. Congruente/
Confusa/ Clara Incongruente
2.7.
Discreta/
Irrisória
2.8. Persuasiva/ 2.9. Compreens/
Impertativa
Incompreen
Soma das pontuações
22
7
3
19
15
14
23
10
20
14
16
Média*
2,2
0,7
0,3
1,9
1,5
1,4
2,3
1
2
1,4
1,6
Gesticulação
2.12.
Condescend/
Intransig
2.13.
Enfática/ Não
enfática
2.14.
Racional/
Emotiva
Total
Soma das pontuações
4
9
14
190
Média*
0,4
0,9
1,4
1,357142857
3.10. Credibilid/
Não credibilid
3.11.
Cuidada/
Descuidada
Soma das pontuações
3.2.
3.1. Seriedade/
Profissionalis/Div
Descontraç
ersão
-24
3.3.
Maturidade/
Jovialidade
3.4.
3.5. Coerência/
Responsabilid/Irr
Incoerência
esponsabili
3.6.
Força/
Delicadeza
-16
-23
-8
-6
-3
-0,8
-0,6
-0,3
Média*
-2,4
-1,6
-2,3
Imagem da
Indumentária
3.12. Sucesso/
Insucesso
3.13.
Reverência/
Irreverência
Total
Soma das pontuações
-14
-19
-134
Média*
-1,4
-1,9
-1,030769231
4.1.
4.2.
Imagem da Gesticulação Competênc/In Profissionalis/Im
4
1.3.
Atractiva/
Repelente
Soma das pontuações
Imagem da
Indumentária
3
1.1. Moderna/
Tradicional
4.3. Segurança/
Insegurança
4.4. Credibilid/
Não credibilid
3.7.
3.8. Autoridade/ 3.9. Segurança/
Flexibilidade/Rigi
Obdiência
Insegurança
dez
19
-16
-2
-12
-10
-1,6
-0,2
-1,2
-1
4.10 Empatia/
Apatia
4.11. Sabedoria/
Ignorância
4.7.
4.5. Autoridade/ 4.6. Delicadeza/
4.8. Sinceridade/ 4.9. Coerência/
Proximidade/Dist
Submissão
Agressividade
Hipocrisia
Incoerência
anciamen
competên
aturidade
Soma das pontuações
16
19
17
20
-3
13
14
20
16
18
18
Média*
1,6
1,9
1,7
2
-0,3
1,3
1,4
2
1,6
1,8
1,8
Imagem da Gesticulação
4.12. Preparo/
Despreparo
Total
Soma das pontuações
12
180
Média*
1,2
1,5
* O valor da média está compreendido entre 3 e -3
Tabela 15: Atitudes dos sujeitos no Grupo 1
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
Na globalidade as atitudes dos sujeitos em relação à gesticulação foram
positivas, registando-se apenas quatro pares de adjectivos com uma média total
neutra, nomeadamente os pares: Condescendente versus Intransigente; Informativa
versus Objectiva; Explicativa versus Genérica e Enfática versus Não-enfática. Não
obstante, a pontuação neutra nestes mesmos pares de adjectivos pode ser relevante,
podendo indicar que, embora a gestualidade tenha sido lenta, ela não foi
suficientemente enriquecedora e expressiva. Dito de outra forma, a combinatória dos
níveis de variação das variáveis (indumentária informal acompanhada de gesticulação
lenta) não gerou uma influência significativa. A imagem transmitida pela indumentária
neste grupo foi visivelmente negativa, embora existam evidências ao nível da
Descontracção (obteve uma média total de -2,4) e da Jovialidade (apresentou uma
média de -2,3) as mais evidenciadas. Numa 3ª posição temos a Flexibilidade, que
evidenciou uma média de 2. Como podemos constatar, a indumentária informal é uma
realidade flexível e versátil. São de destacar também as pontuações com um cariz
neutro nos pares de adjectivos Responsabilidade versus Irresponsabilidade; Coerência
versus Incoerência; Força versus Delicadeza e Segurança versus Insegurança.
Ao contrário da indumentária, a gesticulação transmitiu uma imagem muito
favorável na percepção dos sujeitos. Repare-se que, à excepção do par de adjectivos
Autoridade/Submissão, todos os outros obtiverem uma pontuação média acima de
um. Os atributos mais apreciados foram a Credibilidade e a Sinceridade (ambos com
uma média de 2) seguidos do Profissionalismo, da Empatia e da Sabedoria. Os dados
apurados permitem assim constatar que a gesticulação é um forte indicador da
credibilidade do comunicador.
Para verificar os dois pares de adjectivos mais expressivos em cada diferencial
semântico, enumerámos cada um destes pares na seguinte tabela:
GRUPO 1
Pares de
Adjectivos
Opostos
Indumentária
Gesticulação
Imagem Indumentária
Imagem da Gesticulação
Rígida/Flexível
Discreta/Irrisória
Seriedade/Descontracção
Credibilidade/Não
(-2,3)
(2,3)
(-2,4)
Credibilidade (2)
Perfeccionista/Improvisada
Moderada/Exagerada
Maturidade/Jovialidade
Sinceridade/Hipocrisia
(-2,1)
(2,2)
(-2,3)
(2)
95
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
Tabela 16: Pares de adjectivos mais apreciados nas atitudes no Grupo 1
De uma forma geral, como podemos observar na representação gráfica, a
gesticulação lenta e a Imagem transmitida pela mesma proporcionaram atitudes
positivas aos sujeitos, o oposto do que se verificou nos diferenciais semânticos
relativos à indumentária informal.
GRUPO 1
Escala do Diferencial Semântico
2,5
2
1,5
1
0,5
0
-0,5
1.1
1.2
1.3
1.4
1.5
1.6
1.7
1.8
1.9 1.10
2.1
2.2
2.3
-1
-1,5
-2
-2,5
Indumentária
Pares de Adjectivos Opostos
Gesticulação
Imagem da indumentária
Imagem da gesticulação
Gráfico 1: Atitudes no Grupo 1
À semelhança do grupo independente anterior, verificou-se nos sujeitos
experimentais do Grupo 2 que a indumentária gerou uma atitude desfavorável, uma
vez que todos os pares de adjectivos estão abaixo de zero. Tal como no Grupo 1, a
indumentária foi, essencialmente, considerada como muito Flexível com uma média
total de -2.5, Improvisada (com uma média total de -2.2 e Amadora com uma média
total de -2. Para além destes adjectivos registarem a média de atitudes mais elevada,
verificamos que ambos os grupos também ocupam as mesmas posições. Os pares de
adjectivos menos pontuados foram os pares Atractiva versus Repelente e Ousada
versus Discreta com uma média total de -0,6.
96
GRUPO 2
1
2
Indumentária
1.2
Elegante/
Odinária
1.4.
Rígida/
Flexível
1.5.
Original/
Convencional
1.6.
Perfecionista/Im
provisada
1.7.
Idónea/
Inapropriada
1.9.
1.10.
1.8.
Expressiva/Irrele Profissional/Ama
Ousada/Discreta
vante
dora
Total
-12
-8
-6
-25
-18
-22
-14
-6
-14
-20
-145
Média*
-1,2
-0,8
-0,6
-2,5
-1,8
-2,2
-1,4
-0,6
-1,4
-2
-1,45
Gesticulação
2.1.
Moderada/
Exagerada
2.2. Explicativa/
Genérica
2.3. Objectiva/
Informativa
2.4.
Segura/
Insegura
2.5.
Confusa/
Clara
2.6. Congruente/
Incongruente
2.7.
Discreta/
Irrisória
2.10.
Organizada/
Descompass
2.11.
Uniforme/
Informe
Soma das pontuações
-25
-9
-22
-3
-7
-16
-17
-24
-1
-16
-19
-0,7
-1,6
-1,7
-2,4
-0,1
-1,6
-1,9
Média*
-2,5
-0,9
-2,2
-0,3
Gesticulação
2.12.
Condescend/In
transig
2.13.
Enfática/
Não enfática
2.14.
Racional/
Emotiva
Total
Soma das pontuações
-11
-2
-19
-191
Média*
-1,1
-0,2
-1,9
-1,36
3.1. Seriedade/ 3.2. Profissional/
Descontraç
Diversão
3.3.
Maturidade/
Jovialidade
Soma das pontuações
Média*
27
-2,7
-23
-2,3
-26
-2,6
Imagem da
Indumentária
3.12. Sucesso/
Insucesso
3.13.
Reverência/
Irreverência
Total
Soma das pontuações
-15
-20
-192
Média*
-1,5
-2
-1,476
4.1.
4.2.
Imagem da Gesticulação Competênc/In Profissionalis/Im
4
1.3.
Atractiva/
Repelente
Soma das pontuações
Imagem da
Indumentária
3
1.1. Moderna/
Tradicional
3.4.
3.5. Coerência/
Responsabilid/Irr
Incoerência
esponsabili
-13
-1,3
4.3. Segurança/
Insegurança
4.4.
Credibilid/
Não credibilid
-15
-1,5
3.6.
Força/
Delicadeza
-6
-0,6
2.8.
2.9.
Persuasiva/Impe Compreensível/I
rtativa
ncompreen
3.7.
3.8. Autoridade/ 3.9. Segurança/ 3.10. Credibilide/
Flexibilidade/Rigi
Obdiência
Insegurança
Não credibilid
dez
14
1,4
-19
-1,9
-15
-1,5
4.7.
4.5. Autoridade/ 4.6. Delicadeza/
4.8. Sinceridade/ 4.9. Coerência/
Proximidade/Dist
Submissão
Agressividade
Hipocrisia
Incoerência
anciamen
3.11.
Cuidada/
Descuidada
-14
-1,4
-16
-1,6
4.10.
Empatia/
Apatia
4.11. Sabedoria/
Ignorância
competên
aturidade
Soma das pontuações
-17
-19
-16
-18
-1
-23
-20
-21
-15
-19
-11
Média*
-1,7
-1,9
-1,6
-1,8
-0,1
-2,3
-2
-2,1
-1,5
-1,9
-1,1
Imagem da Gesticulação
4.12. Preparo/
Despreparo
Total
Soma das pontuações
-20
-200
Média*
-2
-1,666
* O valor da média está compreendido entre 3 e -3
Tabela 17: Atitudes dos sujeitos no Grupo 1
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
Da observação da Tabela 16, podemos verificar que as atitudes em relação à
Imagem transmitida pela indumentária foram todas negativas e com pontuações
superiores ao Grupo 1. Os valores extremos situam-se nos pares de adjectivos
Seriedade versus Descontracção com uma média total de -2.7 e Maturidade versus
Jovialidade com média total de -2.6, tal como se verificou no grupo anterior, embora
neste ocupassem posições opostas. Seguiram-se atributos como a Diversão e a
Irreverência com médias de -2.3 e -2 respectivamente. O valor mínimo foi registado no
par de adjectivos Força versus Delicadeza, com uma pontuação neutra de -0.6. De
realçar também que, o atributo Não credível apresenta uma média negativa em ambos
os grupos. A indumentária informal é uma manifestação não-verbal que condiciona
negativamente a percepção de credibilidade por parte dos sujeitos, dado que
passamos de -1 para -1.4.
No Grupo 2, a gesticulação foi globalmente classificada pelos sujeitos como
Exagerada (média total de -2.5), Imperativa (média total de -2.4) e Objectiva (média
total de -2.2). Note-se que, no grupo anterior uma das características mais apreciadas
foi a moderação da gesticulação, enquanto que neste grupo esse atributo assumiu
uma conotação muito negativa. A mudança de estímulo, de lento para brusco,
influenciou todos os restantes itens, tendo estes sido todos pontuados abaixo de zero.
A Ênfase e a Compreensibilidade foram os menos pontuados, com médias negativas
de -0.1 e -0.2 respectivamente, o que significa que a gestualidade rápida e instantânea
peca pela falta de expressividade e clareza (com uma média total de -0.7).
A negatividade das atitudes também se verificou na Imagem transmitida pela
indumentária, o que era de prever tendo em conta os dados discutidos anteriormente.
Os atributos mais apreciados foram a Agressividade (média total de -2.3) e a Hipocrisia
(média total de -2.1). A falta de sinceridade aqui evidenciada é reforçada pela carência
de credibilidade, que obteve um dos valores mais elevados com uma média total de 1.8. Neste sentido, podemos afirmar que a gesticulação brusca transmite uma
impressão de desonestidade e falta de confiança. São de realçar também os pares de
adjectivos Preparo versus Despreparo e Proximidade versus Distanciamento, ambos
com médias totais de -2, seguidos da Empatia e Imaturidade, com médias de 1.9, o que
98
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
nos permite afirmar que a gesticulação efectuada com movimentos bruscos estimula
factores como a antipatia, indelicadeza, falta de profissionalismo e competência,
pontuada com uma média total de -1.7.
Tal como no grupo anterior, enumerámos os dois pares de adjectivos mais
significativos em cada diferencial semântico. Os pares de adjectivos com as médias de
atitudes mais elevadas estão apresentados na tabela que se segue.
GRUPO 2
Pares de
Adjectivos
Opostos
Indumentária
Gesticulação
Imagem Indumentária
Imagem da Gesticulação
Rígida/Flexível
Moderada/Exagerada
Maturidade/Jovialidade
Delicadeza/Agressividade
(-2,5)
(-2,5)
(-2,6)
(-2,3)
Perfeccionista/Improvisada
Persuasiva/Imperativa
Seriedade/Descontracção
Sinceridade/Hipocrisia
(-2,2)
(-2,4)
(-2,4)
(-2,1)
Tabela 18: Pares de adjectivos mais apreciados nas atitudes no Grupo 2
O Grupo 2 foi de entre todos os grupos aquele que obteve uma atitude mais
desfavorável, com todos os diferenciais semânticos pontuados abaixo de zero. A
indumentária informal acompanhada de uma gesticulação brusca proporcionou um
efeito negativo nos sujeitos (Gráfico 2).
Escala do Diferencial Semêntico
GRUPO 2
1,5
1
0,5
0
-0,5
1.1
1.2
1.3
1.4
1.5
1.6
1.7
1.8
1.9 1.10
2.1
2.2
2.3
-1
-1,5
-2
-2,5
-3
Pares de Adjectivos Opostos
Gesticulação
Indumentária
Imagem da Indumentária
Gráfico 2: Atitudes do Grupo 2
99
Imagem da Gesticulação
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
Como podemos observar na Tabela 19, os valores médios de atitudes mais
elevadas no Grupo 3 relativamente à indumentária posicionaram-se nos pares de
adjectivos Elegante versus Ordinária com uma média de 2.5 bem como o par
Profissional versus Amadora com uma média de 2.2. De seguida, deparamo-nos com
médias totais elevadas nos atributos Rígida (MT: 2.1), Perfeccionista e Idónea (MT: 2).
Estes dados permitem-nos constatar que a indumentária formal é uma fonte de
seriedade, sofisticação e poder, algo que não se constatou na indumentária informal,
sendo geralmente descrita como Amadora, Irrelevante e Flexível. De entre a totalidade
de pares de adjectivos, apenas o par Ousada versus Discreta obteve uma pontuação
negativa com o valor de -0.4. No entanto, note-se que o adjectivo pontuado
negativamente tem uma conotação positiva perante o carácter formal da
indumentária.
Na opinião dos sujeitos experimentais, a gesticulação no Grupo 3 foi
largamente descrita como Segura, Clara e Racional (com médias totais de 2.1 e de 2
respectivamente). De seguida, destacaram-se os atributos como a gestualidade
moderada (MT: 1.9), Informativa, Compreensível e Enfática (com médias totais de 1.8),
sendo o oposto perante aquilo que se verificou no grupo anterior. De realçar ainda
que, todos os pares de adjectivos foram pontuados positivamente e acima do valor 1,
o que nos permite afirmar que, de facto, a gesticulação lenta teve uma atitude
bastante favorável por parte dos indivíduos submetidos ao estímulo.
O diferencial semântico relativo à Imagem transmitida pela indumentária
também indicou atitudes bastante favoráveis, vindo apenas reforçar os dados
apurados na avaliação individual da indumentária. É de destacar o valor extremo para
a Credibilidade (MT: 2.6) seguido de uma imagem Cuidada, Profissional e de Madura
com médias de 2.5 e 2.3 respectivamente. Assim, os dados apurados permitem-nos
reconhecer que a indumentária formal é um grande indicador de Seriedade,
Respeitabilidade, Profissionalismo, e consequentemente de credibilidade. O atributo
menos pontuado foi a Rigidez com o valor neutro de 0.1.
100
GRUPO 3
1
2
Indumentária
1.2
Elegante/
Odinária
1.4.
Rígida/
Flexível
1.5.
Original/
Convencional
1.6.
Perfecion/
Improvisada
1.7.
Idónea/
Inapropriada
1.8.
Ousada/
Discreta
1.10.
1.9. Expressiva/
Profissional/Ama
Irrelevante
dora
Total
17
25
11
21
2
20
20
-4
19
22
153
Média*
1,7
2,5
1,1
2,1
0,2
2
2
-0,4
1,9
2,2
1,53
Gesticulação
2.1.
Moderada/
Exagerada
2.2. Explicativa/
Genérica
2.3.
Objectiva/
Informativa
2.4.
Segura/
Insegura
2.5.
Confusa/
Clara
2.6. Congruente/
Incongruente
2.7.
Discreta/
Irrisória
2.10.
Organizada/
Descompass
2.11.
Uniforme/
Informe
Soma das pontuações
19
14
18
21
20
15
10
14
18
13
12
2
1,5
1
1,4
1,8
1,3
1,2
3.10. Credibilid/
Não credibilid
3.11.
Cuidada/
Descuidada
Média*
1,9
1,4
1,8
2,1
Gesticulação
2.12.
Condescend/In
transig
2.13.
Enfática/
Não enfática
2.14. Racional/
Emotiva
Total
Soma das pontuações
12
18
20
224
Média*
1,2
1,8
2
1,6
3.2.
3.1. Seriedade/
Profissional/Dive
Descontraç
rsão
3.3.
Maturidade/
Jovialidade
3.4.
3.5. Coerência/
Responsabilid/Irr
Incoerência
esponsabili
3.6.
Força/
Delicadeza
2.9.
2.8. Persuasiva/
Compreensív/Inc
Impertativa
ompreen
3.7.
3.8. Autoridade/ 3.9. Segurança/
Flexibilidade/Rigi
Obdiência
Insegurança
dez
Soma das pontuações
21
23
23
21
15
16
1
20
22
26
25
Média*
2,1
2,3
2,3
2,1
1,5
1,6
0,1
2
2,2
2,6
2,5
Imagem da
Indumentária
3.12. Sucesso/
Insucesso
3.13.
Reverência/
Irreverência
Total
Soma das pontuações
17
13
243
Média*
1,7
1,3
1,8692
4.1.
4.2.
4.10.
Empatia/
Apatia
4.11. Sabedoria/
Ignorância
Imagem da Gesticulação Competênc/In Profissionalis/Im
4
1.3.
Atractiva/
Repelente
Soma das pontuações
Imagem da
Indumentária
3
1.1. Moderna/
Tradicional
4.3. Segurança/
Insegurança
4.4. Credibilid/
Não credibilid
4.7.
4.5. Autoridade/ 4.6. Delicadeza/
4.8. Sinceridade/ 4.9. Coerência/
Proximidade/Dist
Submissão
Agressividade
Hipocrisia
Incoerência
anciamen
competên
aturidade
Soma das pontuações
19
22
17
22
21
9
14
19
22
17
19
Média*
1,9
2,2
1,7
2,2
2,1
0,9
1,4
1,9
2,2
1,7
1,9
Imagem da Gesticulação
4.12. Preparo/
Despreparo
Total
Soma das pontuações
14
215
Média*
1,4
1,7916
* O valor da média está compreendido entre 3 e -3
Tabela 19: Atitudes dos sujeitos no Grupo 3
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
No que respeita à Imagem comunicada pela gesticulação, também esta
obteve valores muito elevados, ao contrário do que se verificou nos grupos anteriores.
À semelhança dos conjuntos anteriores, os pares de adjectivos mais apreciados foram,
a Credibilidade e o Profissionalismo, juntando-se a Imagem de Coerência com médias
totais de 2.2. A seguir, os atributos mais mencionados foram a Sabedoria, a
Competência e a Sinceridade com médias iguais de 1.9. No extremo, o item menos
pontuado foi a Delicadeza com o valor de 0.9. De entre os quatro, note-se que o Grupo
3 foi aquele pontuado mais favoravelmente, o que não deixa de ser conclusivo. Tal
como nos grupos anteriores, enumerámos os pares de adjectivos mais apreciados.
Como podemos ver na Tabela 20, apuramos os pares mais relevantes para o Grupo 3
em todos os diferenciais semânticos em estudo.
GRUPO 3
Pares de
Adjectivos
Opostos
Indumentária
Gesticulação
Imagem Indumentária
Imagem da Gesticulação
Elegante/Ordinária
Segura/Insegura
Maturidade/Jovialidade
Credibilidade/Não
(2,5)
(-2,5)
(2,1)
credibilidade (2,6)
Profissional/Amadora
Clara/Confusa (2)
Seriedade/Descontracção (-
Cuidada/Descuidada
2,4)
(2,5)
(2,2)
Racional/Emocional (2)
Tabela 20: Pares de adjectivos mais apreciados nas atitudes no Grupo 3
No gráfico 3, podemos observar que, a gesticulação lenta acompanhada de
uma indumentária formal gerou atitudes muito favoráveis por parte dos sujeitos,
sendo esta combinatória a conjugação mais expressiva em termos de credibilidade.
Escala do Diferencial Semântico
GRUPO 3
3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
-0,5
1.1
1.2
1.3
1.4
1.5
1.6
1.7
1.8
1.9 1.10
2.1
2.2
2.3
Pares de Adjectivos Opostos
Indumentária
Gesticulação
Imagem da Indumentária
Gráfico 3: Atitudes do Grupo 3
102
Imagem da Gesticulação
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
Por último, e à semelhança do grupo anterior, a indumentária no Grupo 4
obteve atitudes globalmente favoráveis, com valores máximos nos pares de adjectivos
Perfeccionista versus Improvisada e Profissional versus Amadora, com médias de 2.1 e
2 respectivamente. Tanto no Grupo 3 como no Grupo 4 constatámos que, o
Profissionalismo, Perfeccionismo e Elegância são as características mais evidenciadas
em termos de atitudes. É de salientar ainda que, todos os itens foram pontuados
acima de zero, com excepção do par de adjectivos Ousada versus Discreta, com o
valor de -0.5.
Com base na Tabela 21, podemos verificar que as atitudes acerca da Imagem
transmitida pela indumentária também são bastante favoráveis, atingindo valores mais
elevados relativamente ao diferencial semântico anterior. Os atributos mais pontuados
pelos sujeitos foram a Credibilidade e o Profissionalismo, ambos com médias totais de
2.3. Tal como no Grupo 3, a credibilidade foi o item mais evidenciado, ocupando a 1ª
posição em ambos os grupos, o que nos permite mais uma vez apontar a indumentária
formal como um factor determinante de credibilidade do comunicador. Seguiram-se a
Maturidade, a Responsabilidade e a Imagem Cuidada. Por contra, o item menos
pontuado foi a Coerência com o valor de 1, num intervalo entre -3 e 3. Deparamo-nos
ainda com uma pontuação negativa no par de adjectivos Flexibilidade versus Rigidez
(MT: -1,1), cujo valor constitui um aspecto positivo, tendo em conta que a Rigidez é
uma característica apontada da indumentária formal.
Relativamente à gesticulação no Grupo 4, e tal como se constatou no Grupo 2,
apresenta o seu valor extremo no par de adjectivos Moderada versus Exagerada, cujos
valores são muito idênticos. De seguida, os mais apreciados foram os atributos
Racional (MT: -2.3), Irrisória e Imperativa (ambas com MT: -2.1). Note-se que, no
Grupo 2, o item Imperativa também foi um dos mais pontuados com uma média um
pouco superior.
103
GRUPO 4
1
2
Indumentária
1.2.
Elegante/
Odinária
1.4.
Rígida/
Flexível
1.5.
Original/
Convencional
1.6.
Perfecionista/Im
provisada
1.7.
Idónea/
Inapropriada
1.8.
Ousada/
Discreta
1.10.
1.9. Expressiva/
Profissional/Ama
Irrelevante
dora
Total
13
19
12
5
8
21
18
-5
11
20
122
Média*
1,3
1,9
1,2
0,5
0,8
2,1
1,8
-0,5
1,1
2
1,22
Gesticulação
2.1.
Moderada/
Exagerada
2.2. Explicativa/
Genérica
2.3.
Objectiva/
Informativa
2.4.
Segura
/Insegura
2.5.
Confusa/
Clara
2.6. Congruente/
Incongruente
2.7.
Discreta/
Irrisória
2.8. Persuasiva/
Impertativa
2.9.
Compreensí/
Incompreen
2.10.
Organizada/
Descompass
2.11.
Uniforme/
Informe
Soma das pontuações
-26
3
-3
5
-6
-12
-21
-21
-8
-19
-20
-0,6
-1,2
-2,1
-2,1
-0,8
-1,9
-2
3.10. Credibilid/
Não credibilid
3.11.
Cuidada/
Descuidada
Média*
-2,6
0,3
-0,3
0,5
Gesticulação
2.12.
Condescen/
Intransig
2.13.
Enfática/
Não enfática
2.14.
Racional/
Emotiva
Total
Soma das pontuações
-9
-1
-23
-161
Média*
-0,9
-0,1
-2,3
-1,15
3.1. Seriedade/ 3.2. Profissional/
Descontraç
Diversão
3.3.
Maturidade/
Jovialidade
3.4.
3.5. Coerência/
Responsabilid/Irr
Incoerência
esponsabili
3.6.
Força/
Delicadeza
3.7.
3.8. Autoridade/ 3.9. Segurança/
Flexibilidade/Rigi
Obdiência
Insegurança
dez
Soma das pontuações
19
23
22
21
10
14
-11
16
20
23
21
Média*
1,9
2,3
2,2
2,1
1
1,4
-1,1
1,6
2
2,3
2,1
Imagem da
Indumentária
3.12. Sucesso/
Insucesso
3.13.
Reverência/
Irreverência
Total
Soma das pontuações
14
13
205
Média*
1,4
1,3
1,5769
4.1.
4.2.
4.10 Empatia/
Apatia
4.11. Sabedoria/
Ignorância
Imagem da Gesticulação Competênc/In Profissionalis/Im
4
1.3.
Atractiva/
Repelente
Soma das pontuações
Imagem da
Indumentária
3
1.1. Moderna/
Tradicional
4.3. Segurança/
Insegurança
4.4. Credibilid/
Não credibilid
4.7.
4.5. Autoridade/ 4.6. Delicadeza/
4.8. Sinceridade/ 4.9. Coerência/
Proximidade/Dist
Submissão
Agressividade
Hipocrisia
Incoerência
anciamen
competên
aturidade
Soma das pontuações
-17
-19
-9
-17
3
-25
-17
-21
-13
-13
-5
Média*
-1,7
-1,9
-0,9
-1,7
0,3
-2,5
-1,7
-2,1
-1,3
-1,3
-0,5
Imagem da Gesticulação
4.12. Preparo/
Despreparo
Total
Soma das pontuações
-19
-172
Média*
-1,9
-1,43333
* O valor da média está compreendido entre 3 e -3
Tabela 21: Atitudes dos sujeitos no Grupo 4
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
Outro aspecto que importa aqui salientar é o facto de os pares de adjectivos
Explicativa versus Genérica e Segura versus Insegura terem sido pontuados
positivamente, embora com valores neutros, 0.5 e 0.3 respectivamente. Embora no
Grupo 2 estes atributos tenham obtido igualmente valores considerados neutros, não
foram positivos. O item menos pontuado foi a Ênfase com uma média total de -0.1,
sendo desta forma um dos menos pontuados no âmbito do Grupo 2.
O diferencial semântico relativo à Imagem transmitida pela gesticulação
também indicou atitudes bastante desfavoráveis por parte dos sujeitos. À semelhança
do Grupo 2, os atributos mais evidenciados foram a Agressividade com uma média
total de -2.5, seguida da Hipocrisia com uma média total de -2.1. Logo a seguir
apuramos o Despreparo e a Imaturidade com médias de -1.9, ocupando a 3ª posição. A
credibilidade foi também pontuada negativamente (MT: -1,7), aliás muito idêntica à do
Grupo 2, o que nos permite inferir que a gestualidade brusca gera uma percepção de
pouca crença e fiabilidade por parte do receptor. A elevada pontuação da Hipocrisia,
Imaturidade e da Incompetência (MT: -1,7) confirma este argumento. Por outro lado,
devemos realçar ainda que, de entre os 12 itens apenas o par de adjectivos Autoridade
versus Submissão foi pontuado positivamente com o valor neutro de 0.3. Também
neste grupo apuramos os pares de adjectivos mais evidenciados em cada diferencial
semântico. Da enumeração, obtivemos os valores máximos nos seguintes pares de
adjectivos opostos: na indumentária o par Perfeccionista versus Improvisada (MT: 2.1);
na gesticulação o par Moderada versus Exagerada (MT: -2.6); na Imagem transmitida
pela indumentária par Credibilidade versus Não credibilidade (MT: 2.3) e na Imagem
transmitida pela gesticulação o par Delicadeza versus Agressividade (MT: -2.5).
GRUPO 4
Pares de
Adjectivos
Opostos
Indumentária
Gesticulação
Imagem Indumentária
Imagem da Gesticulação
Perfeccionista/Improvisada
Moderada/Exagerada
Credibilidade/Não
Delicadeza/Agressividade
(2,1)
(-2,6)
credibilidade (2,3)
(-2,5)
Profissionalismo/Diversão
Sinceridade/Hipocrisia
(2,3)
(-2,1)
Profissional/Amadora
(2)
Racional/Emocional
(-2,3)
Tabela 22: Pares de adjectivos mais apreciados nas atitudes no Grupo 4
105
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
De uma forma global, o Grupo 4 registou atitudes positivas relativamente à
indumentária formal, e mais uma vez, a gestualidade brusca foi pontuada
desfavoravelmente como podemos verificar na próxima representação gráfica.
Escala do Diferencial Semântico
GRUPO 4
2,5
2
1,5
1
0,5
0
-0,5
-1
-1,5
-2
-2,5
-3
1.1
1.2
1.3
1.4
1.5
1.6
1.7
1.8
1.9 1.10
2.1
2.2
2.3
Pares de Adjectivos Opostos
Indumentária
Gesticulação
Imagem da Indumentária
Imagem da Gesticulação
Gráfico 4: Atitudes do Grupo 4
Tendo em conta os valores apurados anteriormente, e embora o Grupo 3
tenha apontado os valores mais elevados, o Grupo 2 apresenta os valores mais baixos.
Nos quatro grupos, e em relação ao par de adjectivos Credibilidade versus Não
Credibilidade podemos constatar o seguinte:

Os Grupos 1 e 2 consideraram a Imagem transmitida pela Indumentária como
não credível (c.f. com a Tabela 23);

Os Grupo 3 e 4 pontuaram a Imagem transmitida pela Indumentária como
muito credível, com médias de 2.2 e 2.3 respectivamente;

Os Grupo 1 e 3 classificaram a Imagem transmitida pela Gesticulação como
muito credível; por último, os Grupos 2 e 4 apresentaram atitudes
desfavoráveis em relação à credibilidade da Imagem transmitida pela
gesticulação.
106
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
GRUPO 1
GRUPO 2
GRUPO 3
GRUPO 4
[II + GL]
[II + GB]
[IF + GL]
[IF + GB]
Credibilidade transmitida pela Indumentária
-1,2
-1,4
2,6
2,3
Credibilidade transmitida pela Gesticulação
2
-1,8
2,2
-1,7
Tabela 23: Credibilidade transmitida pela indumentária e pela gesticulação nos quatro grupos
Legenda: II=Indumentária Informal; IF=Indumentária Formal; GL=Gesticulação lenta; GB=Gesticulação
Brusca
Tendo em conta as representações gráficas 5 e 6 rapidamente nos
apercebemos que, quando o estímulo se baseia na gesticulação lenta (presentes nos
Grupos 1 e 3), as atitudes dos sujeitos foram positivas em termos de credibilidade. Por
sua vez, quando o estímulo se baseia na gestualidade brusca obtiveram-se valores
negativos e o mesmo se verificou relativamente à indumentária. Os sujeitos dos
Grupos 3 e 4 foram submetidos a uma indumentária formal registando-se elevados
índices de credibilidade. Já os Grupos 1 e 2, expostos a uma indumentária informal,
evidenciaram atitudes negativas em termos de credibilidade. Dito de outra forma, o
movimento moderado na gestualidade e a formalidade da indumentária apresentamse como duas manifestações não-verbais responsáveis pela construção da
credibilidade do comunicador.
Credibilidade transmitida pela
indumentária
Credibilidade transmitida pela
gesticulação
3
3
2
2
Indumentária
Formal
1
1
Gesticulação
Brusca
0
Indumentária
Informal
0
Gesticulação
Lenta
-1
-1
-2
-2
Grupo 1
Grupo 2
Grupo 3
Grupo 4
Grupo 1
Gráfico 5: Credibilidade transmitida pela indumentária
Grupo 3
Grupo 2
Grupo 4
Gráfico 6: Credibilidade transmitida pela gesticulação
107
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
Terminada a apresentação dos dados relativamente aos diversos grupos
independentes, iremos agora proceder a uma análise dos dados no âmbito das
variáveis independentes.
4.3. Variáveis Independentes
As variáveis independentes são aquelas que o investigador manipula
para medir o seu efeito na variável dependente. Neste caso concreto, as variáveis
independentes são a indumentária e a gesticulação e a variável dependente é a
credibilidade do comunicador. O estudo manipula ambas as variáveis independentes
com dois níveis de variação. No âmbito da indumentária, consideramos como níveis de
variação a formalidade e informalidade e, no que respeita à gesticulação, a natureza
do estímulo varia entre lento e brusco. Para medirmos as atitudes da indumentária,
construímos dois diferenciais semânticos: um para realizarmos uma avaliação
individual do estímulo e outro para obtermos uma avaliação conjunta. O mesmo
procedimento metodológico foi aplicado à gesticulação na qualidade de variável
independente.
Neste sentido, e com o intuito de aprofundarmos a nossa análise dos dados,
vamos abordar individualmente cada diferencial semântico numa perspectiva
comparativa entre os vários grupos independentes. O objectivo é apurar as diferenças
e semelhanças das atitudes relativamente às variáveis independentes em estudo.
4.3.1. Indumentária
A partir dos dados apurados e apesentados na Tabela 24, podemos verificar
que nos Grupos 1 e 2, onde os sujeitos foram submetidos a uma indumentária
informal, as atitudes dos sujeitos foram desfavoráveis, registando-se na generalidade
valores abaixo de zero. No entanto, embora o estímulo da indumentária tenha sido o
mesmo nos dois grupos, registaram-se diferenças significativas na pontuação de
determinados pares de adjectivos opostos. Os exemplos mais relevantes são: Moderna
108
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
versus Tradicional (MT: 0.5 no Grupo 1 e MT: -1.2 no Grupo 2); Elegante versus
Ordinária (MT: -0.3 no Grupo 1 e MT: -0.8 no Grupo 2); Original verus Convencional
(com MT: -1.1 no Grupo 1 e MT: -1.8 no Grupo 2) e Ousada versus Discreta (MT: -0.1
no Grupo 1 e MT: -0.6 no Grupo 2). Ou seja, os sujeitos classificaram a indumentária
como mais Tradicional, Ordinária, Convencional e Ousada no Grupo 2 do que no Grupo
1. Porém, note-se que, ao contrário do Grupo 1, o Grupo 2 foi exposto ao estímulo da
gestualidade brusca, o que poderá ter influenciado
as atitudes dos sujeitos
relativamente à indumentária. O aumento dos atributos Flexível, Ousada e Amadora
vem também reforçar o nosso ponto de vista, uma vez que, o próprio movimento
brusco também estimula estas características.
GRUPO 1
GRUPO 2
GRUPO 3
GRUPO 4
[II + GL]
[II + GB]
[IF + GL]
[IF + GB]
1.1. Moderna/Tradicional
0,5
-1,2
1,7
1,3
1.2. Elegante/Ordinária
-0,3
-0,8
2,5
1,9
1.3. Atractiva/Repelente
-0,4
-0,6
1,1
1,2
1.4. Rígida/Flexível
-2,3
-2,5
2,1
0,5
1.5. Original/Convencional
-1,1
-1,8
0,2
0,8
1.6. Perfeccionista/Improvisada
-2,1
-2,2
2
2,1
1.7. Idónea/Inapropriada
-1,1
-1,4
2
1,8
1.8. Ousada/Discreta
-0,1
-0,6
-0,4
-0,5
1.9. Expressiva/Irrelevante
-1,6
-1,4
1,9
1,1
1.10. Profissional/Amadora
-1,8
-2
2,2
2
-1,03
-1,45
1,53
1,22
INDUMENTÁRIA
Média Total
Tabela 24: Atitudes dos sujeitos em relação à indumentária
Legenda: II=Indumentária Informal; IF=Indumentária Formal; GL=Gesticulação lenta; GB=Gesticulação
Brusca
Nos Grupos 3 e 4, as atitudes dos sujeitos relativamente à indumentária,
foram bastante favoráveis. Tal como no nível de variação anterior - Indumentária
Informal, também aqui nos deparamos com algumas diferenças consideráveis entre os
grupos. Neste sentido, são de destacar os pares de adjectivos Moderna versus
Tradicional (MT: 1.3 no Grupo 4 MT: 1.7 no Grupo 3); Elegante verus Ordinária (MT:
1.9 no Grupo 4 e MT: 2.5 no Grupo 3); Rígida versus Flexível (MT: 0.5 no Grupo 4 e 2.1
no Grupo 3) e Expressiva vesus Irrelevante (MT: 1.1 no Grupo 4 e MT: 1.9 no Grupo
3). Os sujeitos consideraram a indumentária mais Moderna, Elegante, Rígida e
109
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
Expressiva quando ela esteve acompanhada de uma gesticulação lenta, do que
acompanhada com a gesticulação brusca. De certa forma, a moderação da
gestualidade acabou por impulsionar favoravelmente as atitudes dos sujeitos em
relação à indumentária formal. Ainda assim, deparemo-nos com o par de adjectivos
Original versus Convencional que, ao contrário da maioria dos atributos obteve valores
superiores no Grupo 4. A indumentária formal foi descrita como mais original
acompanhada de movimentos bruscos, do que conjugada com movimentos lentos.
De uma forma geral, a indumentária apresentou valores positivos extremos
nos pares de adjectivos Elegante versus Ordinária (MT: 2.5) e Profissional versus
Amadora (MT: 2.2). Os valores negativos mais elevados foram verificados no par Rígida
versus Flexível (com MT: -2.5 e -2.3). Os pares que obtiveram valores considerados
neutros foram: Ousada versus Discreta (com MT: -0.1) e Original versus Convencional
(com MT: 0.1).
4.3.2. Gesticulação
Nos Grupos 1 e 3, os diferenciais semânticos relativos à gesticulação
apresentaram atitudes favoráveis. Não obstante, note-se que os valores obtidos no
Grupo 3 foram na generalidade superiores aos evidenciados no Grupo 1. Essa
discrepância verificou-se acima de tudo nos atributos Explicativa MT: 1.4 no Grupo 3 e
MT: 0.7 no Grupo 1); Informativa MT: 1.8 no Grupo 3 e MT: 0.3 no Grupo 1) e Discreta
(MT: 2.3 no Grupo 1 e MT: 1 no Grupo 3). Para além de apresentarem valores bastante
díspares, é de salientar que nos primeiros dois, tal como se constata nos atributos
Condescente e Enfática, a média total passa de valores neutros para valores superiores
a 1. Ou seja, a Seriedade, o Profissionalismo e a Respeitabilidade comunicados pela
indumentária formal impulsionaram, mesmo que indirectamente, os parâmetros
avaliativos da gesticulação lenta.
110
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
GRUPO 1
GRUPO 2
GRUPO 3
GRUPO 4
[II + GL]
[II + GB]
[IF + GL]
[IF + GB]
2.1. Moderada/Exagerada
2,2
-2,5
1,9
-2,6
2.2. Explicativa/Genérica
0,7
-0,9
1,4
0,3
2.3. Informativa/Objectiva
0,3
-2,2
1,8
-0,3
2.4. Segura/Insegura
1,9
-0,3
2,1
0,5
2.5. Clara/Confusa
1,5
-0,7
2
-0,6
2.6. Congruente/Incongruente
1,4
-1,6
1,5
-1,2
2.7. Discreta/Irrisória
2,3
-1,7
1
-2,1
2.8. Persuasiva/Imperativa
1
-2,4
1,4
-2,1
2.9. Compreensível/Incompreensível
2
-0,1
1,8
-0,8
2.10. Organizada/Descompassada
1,4
-1,6
1,3
-1,9
2.11. Uniforme/Informe
1,6
-1,9
1,2
-2
2.12. Condescendente/Intransigente
0,4
-1,1
1,2
-0,9
2.13. Enfática/Não enfática
0,9
-0,2
1,8
-0,1
2.14. Racional/Emocional
1,4
-1,9
2
-2,3
1,3571
-1,3642
1,53
-1,15
GESTICULAÇÃO
Média Total
Tabela 25: Atitudes dos sujeitos em relação à gesticulação
Legenda: II=Indumentária Informal; IF=Indumentária Formal; GL=Gesticulação lenta; GB=Gesticulação
Brusca
Nos Grupos 2 e 4, na genaralidade também se apurou uma diferença bastante
acentuada em alguns pares de adjectivos. A gesticulação brusca apresentou atitudes
mais desfavoráveis quando acompanhada de uma indumentária informal (presente no
Grupo 2) do que quando conjugada com uma formal ( presente no Grupo 4).
Os pares de adjectivos opostos ou bipolares que melhor o comprovam são: Explicativa
versus Genérica (MT: -0.9 no Grupo 2 e MT: 0.3 no Grupo 4), Segura versus Insegura
(MT: -0.3 no Grupo 2 e MT:0.5 no Grupo 4) e Informativa versus Objectiva (MT: -2.2 no
Grupo 1 e MT: -0.3 no Grupo 4). Isto é, a gesticulação brusca foi pontuada como
menos Genérica, Insegura e Objectiva no Grupo 4 do que no Grupo 2. Repare-se que,
os dois primeiros pares chegaram mesmo a obter valores positivos no Grupo 4. Por
outro lado, a incompreensão da gestualidade aumentou significativamente no Grupo
4, passando de uma média total de -0.1 (no Grupo 2) para -0.8 ( no Grupo 4).
Assim, tendo em conta a análise da Tabela 25, verificámos que as atitudes dos
sujeitos relativamente à gesticulação (lenta ou brusca) foram influenciadas pelo grau
de formalidade da indumentária. Neste sentido, podemos afirmar que, quando a
indumentária adoptou o nível formal, a gesticulação lenta obteve valores positivos
muito expressivos (Grupo 3) e a gesticulação brusca apurou valores negativos, embora
111
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
não tão significativos como no Grupo 4. Por sua vez, quando a indumentária foi de
cariz informal, a gesticulação lenta obteve valores positivos não tão expressivos,
comparativamente aos do Grupo 3. Já a gesticulação brusca apresentou valores
negativos mais elevados como foi apanágio do Grupo 2.
Neste diferencial semântico, os pares de adjectivos Discreta versus Irrisória
(com MT: 2.3) e Moderada versus Exagerada (com MT: 2.2) foram os que obtiveram
valores positivos mais elevados; por sua vez, os pares Compreensível versus
Incompreensível (com MT: -0.1) e Enfática versus Não Enfática (com MT: -0.1)
apresentaram valores neutros. Por último, o par pontuado mais desfavorávelmente foi
Moderada versus Exagerada (com MT: -2.6 e -2.5).
4.3.3. Imagem transmitida pela indumentária
Globalmente, no que respeita à Imagem transmitida pela indumentária, as
atitudes dos sujeitos foram desfavoráveis nos Grupos 1 e 2, e favoráveis nos Grupos 3
e 4. Tal como nos diferenciais semânticos anteriores, também aqui se evidenciaram
algumas diferenças que importam salientar. No Grupo 2, as médias totais dos atributos
aumentaram comparativamente ao Grupo 1. Os aumentos mais significativos
ocorreram nos pares de adjectivos Segurança versus Insegurança (com MT: -0,2 no
Grupo 1 e MT: -1.5 no Grupo 2), Coerência versus Incoerência (com MT: -0.6 no Grupo
1 e MT: -1.5 no Grupo 2) e Profissionalismo versus Diversão (com MT: -1.6 no Grupo 1
e MT: -2.3 no Grupo 2). Na opinião dos sujeitos experimentais, a Indumentária
transmitiu uma Imagem Segurança, de Incoerência e de Diversão muito superiores no
Grupo 2. As Imagens de Descontração, Jovialidade, Não credibilidade e Descuido
também aumentaram quando a indumentária informal foi acompanhada de uma
gestualidade brusca. Porém, e curiosamente, o atributo Flexibilidade sofreu uma
elevada redução à semelhança do Grupo 1. Consideramos esta discrepância de valores
um pouco contraditória, tendo em conta que na avaliação individual da indumentária,
o par de adjectivos Rígida versus Flexível registou um aumento Grupo 2.
112
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
IMAGEM TRANSMITIDA PELA
GRUPO 1
GRUPO 2
GRUPO 3
GRUPO 4
INDUMENTÁRIA
[II + GL]
[II + GB]
[IF + GL]
[IF + GB]
3.1. Seriedade/Descontracção
-2,4
-2,7
2,1
1,9
3.2. Profissionalismo/Diversão
-1,6
-2,3
2,3
2,3
3.3. Maturidade/Jovialidade
-2,3
-2,6
2,3
2,2
3.4. Responsabilidade/Irresponsabilidade
--0,8
-1,3
2,1
2,1
3.5. Coerência/Incoerência
-0,6
-1,5
1,5
1
3.6.
3.5. Força/Delicadeza
-0,3
-0,6
1,6
1,4
3.6. Flexibilidade/Rigidez
-1,9
1,4
0,1
-1,1
3.7. Autoridade/Obdiência
-1,6
-1,9
2
1,6
3.8. Segurança/Insegurança
-0,2
-1,5
2,2
2
-1,2
-1,4
2,6
2,3
-1
-1,6
2,5
2,1
3.11. Sucesso/Insucesso
-1,4
-1,5
1,7
1,4
3.12. Reverência/Irreverência
-1,9
-2
1,3
1,3
-1,030
-1,4769
1,8692
1,5769
3.9.
Credibilidade/Não Credibilidade
3.10. Cuidada/Descuidada
Média Total
Tabela 26: Atitudes dos sujeitos relativamente à Imagem transmitida pela indumentária
Legenda: II=Indumentária Informal; IF=Indumentária Formal; GL=Gesticulação lenta; GB=Gesticulação
Brusca
Os Grupos 3 e 4, ao contrário do que se tem verificado, não apresentaram
valores muito divergentes. Para além de se constatar uma ligeira descida na maioria
dos valores médios de atitudes no Grupo 4, estas diferenças não são muito
consideráveis. Já os atributos Coerência (com MT: 1.5 no Grupo 3 e MT: 1 no Grupo 4)
e Flexibilidade (com MT: 0.1 no Grupo 3 e MT: -1.1 no Grupo 4) foram os que
apresentaram maior disparidade de valores. No entanto, repare-se que, a Imagem
transmitida pela indumentária formal apresentou valores positivos mais elevados
quando esteve acompanhada da gestualidade lenta, do que quando esteve conjugada
com a gestualidade brusca. Por outro lado, tal como é possível visualizar na Tabela 26,
a Imagem transmitida pela indumentária informal apurou valores negativos mais
baixos quando acompanhada de uma gesticulação lenta, do que quando acompanhada
com uma gesticulação brusca. Ou seja, também aqui é notória a influencia do nível de
variação da gesticulação na análise conjunta da indumentária.
No que respeita à Imagem transmitida pela indumentária, esta apresentou
valores positivos extremos nos pares de adjectivos Credibilidade versus Não
Credibilidade (com MT: 2.6) e Cuidada versus Descuidada (com MT: 2.5) e valores
negativos mais elevados nos pares opostos Seriedade versus Descontração (com MT: 113
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
2.7) e Maturidade versus Jovialidade (com MT: -2.6). Já os valores neutros foram
apurados nos pares Flexibilidade versus Rigidez (com MT: 0.1) e Segurança verus
Insegurança (com MT: -0.2).
4.3.4. Imagem transmitida pela gesticulação
Por útimo, relativamente à Imagem transmitida pela gesticulação, podemos
verificar que os valores médios de atitudes foram favoráveis nos Grupos 1 e 3, e
desfavoráveis nos Grupos 2 e 4. O Grupo 1, submetido à indumentária informal e à
gesticulção lenta, apresentou valores positivos mais baixos à semelhança do Grupo 3,
que foi submetido ao mesmo tipo de gesticulação, mas com uma indumentária formal.
Os atributos que melhor exemplificam esta disparidade de valores são a Autoridade
(com MT: -0.3 no Grupo 1 e MT: 2.1 no Grupo 2) e a Coerência (com MT: 1.6 no
Grupo 1 e MT: 2.2 no Grupo 3). Repare-se que, na opinião dos sujeitos do Grupo 3, a
gesticulação lenta acompanhada de uma indumentária formal transmitiu uma Imagem
de elevada autoridade, ao passo que os sujeitos do Grupo 1 consideraram ter sido uma
Imagem de submissão ou neutra. À semelhança da autoridade, também a coerência
apresentou valores relativamente superiores no terceiro grupo. Por contra, a
Delicadeza foi o único iten que registou uma ligeira descida, comparativamente ao
Grupo 1.
IMAGEM TRANSMITIDA PELA
GRUPO 1
GRUPO 2
GRUPO 3
GRUPO 4
GESTICULAÇÃO
[II + GL]
[II + GB]
[IF + GL]
[IF + GB]
4.1. Competência/Incompetência
1,6
-1,7
1,9
-1,7
4.2. Profissionalismo/Imaturidade
1,9
-1,9
2,2
-1,9
4.3. Segurança/Insegurança
1,7
-1,6
1,7
-0,9
2
-1,8
2,2
-1,7
4.5. Autoridade/Submissão
-0,3
-0,1
2,1
0,3
4.6. Delicadeza/Agressividade
1,3
-2,3
0,9
-2,5
4.7. Proximidade/Distanciamento
1,4
-2
1,4
-1,7
4.8. Sinceridade/Hipocrisia
2
-2,1
1,9
-2,1
4.9. Coerência/Incoerência
1,6
-1,5
2,2
-1,3
1,8
-1,9
1,7
-1,3
1,8
-1,1
1,9
-0,5
4.4. Credibilidade/Não-Credibilidade
4.10. Empatia/Apatia
4.11. Sabedoria/Ignorância
114
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
4.12. Preparo/Despreparo
Média Total
1,2
-2
1,4
-1,9
1,5
-1,666
1,791
-1,433
Tabela 27: Atitudes dos sujeitos relativamente à Imagem transmitida pela gesticulação
Legenda: II=Indumentária Informal; IF=Indumentária Formal; GL=Gesticulação lenta; GB=Gesticulação
Brusca
No que respeita à Imagem transmitida pela gesticulação brusca, a partir dos
dados apurados na Tabela 27, podemos verificar que os valores médios de atitudes
foram mais desfavoráveis no Grupo 2 do que no Grupo 4. As diferenças mais
expressivas verificaram-se nos pares de adjectivos Segurança versus Insegurança (com
MT: -1.6 no Grupo 2 e MT: -0.9 no Grupo 1), Empatia versus Apatia (com MT: -1.9 no
Grupo 2 e MT: -1.3 no Grupo 4) e Sabedoria versus Ignorância (com MT: -1.1 no Grupo
1 e MT: -0.,5 no Grupo 4). A gesticulação transmitiu uma Imagem de maior
Insegurança, Apatia e Ignorância quando foi acompanhada pela indumentária
informal, do que quando foi conjugada com a indumentária formal. Repare-se que, os
valores da Insegurança e da Apatia apesar de negativos foram neutros no Grupo 4. O
atributo Autoridade também registou uma ligeira diferença, tendo obtido um valor
médio de -0.1 no Grupo 2 e 0.3 no Grupo 4. Neste sentido, podemos afirmar que a
Sobriedade, Profissionalismo e Respeitabilidade, presentes na indumentária formal,
influenciaram positivamente os parâmetros de avaliação conjunta da gesticulação e a
indumentária informal ajudou na descida dos valores relativos à Imagem transmitida
pela gesticulação.
Neste diferencial semântico, os atributos que obtiveram valores positivos
mais expressivos foram o Profissionalismo, a Responsabildiade e a Coerência (com MT:
2.2); com valores negativos extremos temos Agressividade (com MT: -2.5 e -2.3) e, por
último, com valores neutros apuramos o par de adjectivos opostos Autoridade versus
Submissão (com MT: -0.1 e -0.3).
115
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
4.4. Efeitos colectivos
A determinação dos efeitos foi realizada através da soma das pontuações de
todos os diferenciais semânticos. O somatório das pontuações dos sujeitos
experimentais permite-nos apurar o valor colectivo das suas apreciações por grupo
experimental, tendo em linha de conta os níveis de variação da combinatória de
variáveis independentes a que foi submetido o sujeito. No âmbito desta investigação,
consideramos como efeito positivo, negativo ou neutro, o somatório das pontuações
colectivas que estejam compreendidas entre os valores da Tabela 28. Estes valores
foram obtidos através da soma dos valores apresentados na Tabela 12 do Capítulo 3,
relativo à metodologia da presente investigação.
Efeito positivo colectivo
Efeito neutro colectivo
Efeito negativo colectivo
Entre
[490 e 1470]
*[470 e 490]
Entre
[450 e -450]
*[451 e 489]
Entre
[-490 e -1470]
*[-470 e-489]
Tabela 28: Intervalos definidores dos efeitos por grupo experimental.
*Por se verificar um “buraco” na banda de variação tivemos que alargar os intervalos definidores dos
efeitos
Definidos os intervalos dos efeitos por grupo experimental, realizamos a soma
das pontuações colectivas para cada diferencial semântico e para cada grupo
independente. Os resultados obtidos estão apresentados na tabela seguinte:
Grupo 2
Grupo 3
Grupo 4
[II e GB]
[IF e GL]
[IF e GL]
-103
-145
153
122
2 - Avaliação individual:
Indumentária
190
-191
224
-161
3 - Avaliação conjunta:
Imagem transmitida pela indumentária
-134
-192
243
205
4 - Avaliação conjunta:
Imagem transmitida pela gesticulação
180
-200
215
-172
Soma das pontuações dos diferenciais
semânticos
133
-728
835
-6
EFEITO OBTIDO
EFEITO NEUTRO
EFEITO NEGATIVO
EFEITO POSITIVO
EFEITO NEUTRO
DIFERENCIAIS SEMÂNTICOS
Grupo 1
[II e GL]
1 - Avaliação individual:
Indumentária
Tabela 29: Efeitos por grupo experimental
116
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
Da observação da Tabela 29, podemos verificar que a indumentária
acompanhada de uma gesticulação lenta (Grupo 1) obteve um efeito neutro na
credibilidade do comunicador; a indumentária informal conjugada com uma
gesticulação brusca (Grupo 2) apurou um efeito negativo na credibilidade do
comunicador; por sua vez, a indumentária formal acompanhada de uma gesticulação
lenta (Grupo 3) obteve um efeito positivo em termos de credibilidade e, por último, a
indumentária formal conjugada com uma gesticulação brusca (Grupo 4) proporcionou
um efeito neutro na credibilidade do comunicador.
4.5. DISCUSSÃO
Depois de apresentados e analisados os dados, podemos afirmar que a
hipótese geral deste estudo se verifica, tendo sido possível verificar três das quatro
hipóteses operativas.
Através da H1, foi possível verificar que a gestualidade lenta acompanhada de
uma indumentária informal obteve um efeito neutro na credibilidade do comunicador.
A amostra do Grupo 1 apresentou atitudes desfavoráveis relativamente à
indumentária informal, classificando-a como Amadora, Flexível e Improvisada.
Segundo os sujeitos experimentais ela transmitiu uma imagem de Descontracção,
Jovialidade, Irreverência e Obediência. No entanto, o efeito negativo da indumentária
informal foi atenuado pela gesticulação lenta, que foi descrita como Moderada,
Discreta e Compreensível. Na opinião dos sujeitos ela transmitiu uma imagem de
Credibilidade, Sinceridade, Profissionalismo, Empatia e Sabedoria. Ou seja, a
moderação da gestualidade e os atributos por ela comunicados influenciaram as
atitudes dos sujeitos relativamente à informalidade da indumentária.
A H2 permitiu-nos constatar que a indumentária informal (do tipo jeans,
sweat e sapato desportivo) conjugada com uma gesticulação brusca proporcionou um
efeito negativo em termos de credibilidade. Os sujeitos experimentais do Grupo 2
pontuaram negativamente quase todos os atributos relativos à gestualidade e à
117
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
indumentária. Na percepção do Grupo 2 a indumentária informal foi tida
consideravelmente como Flexível, Improvisada e Amadora, e transmitiu Imagens de
Descontracção, Jovialidade, Diversão, Irreverência e de Não Credibilidade. Estas
verificações permitem-nos constatar que, de facto, a indumentária do indivíduo
denota informação, podendo dar indicações acerca dos seus interesses, personalidade,
status, etc.. Em geral, a aparência e atractivo da pessoa influenciam as relações
interpessoais e actuam como fortes indicadores na construção de uma imagem de
credibilidade. Segundo Américo de Sousa, a atractividade do indivíduo é um factor que
influencia na modificação de atitudes e confere diferentes graus de persuadibilidade
(Sousa, p.150). Neste caso, a indumentária informal em vez de colaborar com a
formação de uma imagem de credibilidade acabou por depor contra a mesma. Este
aspecto está bem saliente na elevada pontuação de atributos como a Diversão,
Jovialidade, Descontracção, Insucesso e Irreverência. O mesmo se apurou na
gestualidade, onde as atitudes dos sujeitos foram notavelmente desfavoráveis. Neste
trabalho, a gesticulação brusca foi considerada como Exagerada, Imperativa, Objectiva,
Informe e Emocional e transmitiu Imagens de Agressividade, Hipocrisia, Despreparo,
Imaturidade, entre outras, como o caso da Não-Credibilidade. Tal como a
indumentária, os gestos utilizados pelo comunicador também dão informações sobre o
seu carácter e personalidade, chegando por vezes a por em causa as percepções de
confiança e fiabilidade por parte do interlocutor. Isto acontece por vezes quando as
nossas palavras dizem uma coisa e os nossos gestos dizem outra, denunciando-nos em
mensagens implícitas que não queremos desvendar. Tal como salienta Caetano, “o que
se dá a conhecer aos olhos é muito mais marcante que o que somente se dá a
conhecer aos ouvidos” (Caetano 2009: 90). Note-se que, neste estudo, a gestualidade
brusca transmitiu imagens de Hipocrisia e Incoerência bastante assinaláveis levandonos a afirmar que os gestos executados com demasiada rapidez podem por em causa a
percepção de sinceridade e, consequentemente, a credibilidade do comunicador na
óptica do receptor. Tal como referem Dorna e Argentin, “(..) la gestualidade juega un
rol importante en la credibilidade del emisor. En efecto, la utilización reiterada de
gestos no relacionados com el discurso (registro adaptador) ejerce una influencia
perturbadora en la recepción del mensaje” (Dorna e Argentin 1993: 65). Os
118
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
movimentos corporais excessivos e incoerentes com a linguagem verbal podem actuar
como fortes indicadores de ansiedade, reticência, stress e até mesmo mentira, sendo
percepcionados pela audiência com desconfiança. Ora, quando a confiança é posta em
causa é impossível haver geração de credibilidade.
Por sua vez, a H3 permitiu-nos verificar que a gestualidade lenta
acompanhada de uma indumentária formal obteve um efeito positivo na credibilidade
do comunicador. A amostra do Grupo 3 foi aquela que evidenciou atitudes mais
favoráveis relativamente às variáveis em estudo.
A indumentária formal (do tipo terno preto, camisa branca e gravata escura)
foi descrita pelos sujeitos experimentais como sendo Elegante, Profissional,
Perfeccionista e Idónea. Na percepção da amostra, a indumentária transmitiu Imagens
de Profissionalismo, Maturidade, Segurança, Autoridade, Sucesso, entre outras. A
Imagem de Credibilidade foi a mais pontuada, o que nos permite afirmar que o grau de
formalidade da indumentária é um forte indicador na construção da credibilidade do
comunicador. O carácter formal da indumentária confere ao seu portador grande
visibilidade, potenciando o seu atractivo. Por outro lado, comunica respeitabilidade,
competência e seriedade, características que, por si só, potenciam a percepção de
fiabilidade por parte do receptor da mensagem. Segundo Bonásio, as roupas estão
directamente relacionadas com a imagem que o comunicador quer passar ao público.
Se o emissor quiser ser levado a sério pela sua audiência, ele tem que ter noção de que
a sua roupa deve complementar os próprios objectivos da comunicação (Bonásio
citado por Aquino 2011: 52). Assim sendo, é importante que o comunicador adopte
uma indumentária conservadora e moderada, uma aparência séria e profissional para
que possa ser considerado digno de confiança.
No Grupo 3, a gestualidade lenta foi apontada como Segura, Racional, Clara,
Moderada, Enfática e Informativa. Perante a considerável pontuação destes atributos,
rapidamente nos apercebemos que a gesticulação actuou como uma potencial forma
de comunicação. Para além de ilustrar e reforçar o discurso verbal, também contribuiu
para a transmissão de uma mensagem mais clara e unívoca. A gesticulação adoptada
119
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
também chamou a atenção do público, tendo em linha de conta que foi descrita como
Persuasiva e Congruente. Ou seja, o uso de gestos moderados e adequados aumentou
o impacto da comunicação, ajudando as pessoas a reter maior percentagem de
informação. Os gestos são como uma arma de dois gumes: por um lado, valorizam a
comunicação se forem bem feitos; por outro, podem comprometer a sua eficácia, se
forem mal feitos, exagerados ou excessivos (Rei 1995: 17). Na visão de Esteves Rei,
para que a gesticulação seja considerada eficaz ela tem que possuir alguns requisitos,
nomeadamente: a naturalidade, sobriedade, harmonia, variedade e calma (Rei 2005:
17). A nível da Imagem transmitida pela gestualidade, os sujeitos experimentais
evidenciaram atributos como o Profissionalismo, a Responsabilidade, Autoridade e
Delicadeza. Note-se ainda que, a Sinceridade, Coerência e Credibilidade foram
consideravelmente assinaladas, ao contrário do que se verificou na gesticulação
brusca. Aqui, os gestos demonstraram estar em harmonia com a mensagem falada,
complementando-a e dando-lhe mais relevo. A existência de coerência é muito
importante, uma vez que permite ao receptor compreender e validar aquilo que está a
ouvir. Por sua vez, o emissor, ao obter aceitação por parte do público, está a
conquistar a sua confiança.
Por último, na H4 tentámos verificar se a indumentária formal acompanhada
de uma gesticulação brusca proporcionava um efeito negativo em termos de
credibilidade do comunicador. No entanto, da análise dos dados podemos constatar
que esta hipótese não se verificou e que obteve um efeito neutro. O facto de a
indumentária formal não ter sido pontuada tão favoravelmente como foi no Grupo 3, e
o facto de a gesticulação brusca não ter sido classificada tão desfavoravelmente como
se evidenciou no Grupo 2, podem ter sido duas das razões para obtermos o efeito
neutro. Este aspecto demonstra que as variáveis independentes estão associadas e
que se influenciam de forma mútua, mesmo que indirectamente, o que é
compreensível, uma vez que actuam em simultâneo. Isto significa que, o nível de
variação da gestualidade influencia as percepções acerca da indumentária e, por sua
vez, o grau de formalidade afecta as atitudes relativamente à gesticulação. Tendo em
conta os resultados obtidos nas outras combinatórias, podemos afirmar que no Grupo
120
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
4 a indumentária formal amenizou os efeitos negativos da gestualidade brusca e esta
afectou a percepção dos sujeitos relativamente à indumentária.
5. CONCLUSÕES
A comunicação não-verbal tem exercido fascínio sobre a Humanidade desde
os seus primórdios, pois envolve todas as manifestações corporais que não são
expressas por palavras como os gestos, as expressões faciais, as posturas, as distâncias
entre as pessoas, o odor, o tacto, os elementos paralinguisticos da voz, a
indumentária, etc.. Muitas vezes está presente no nosso dia-a-dia mas não temos
consciência da sua ocorrência nem da sua importância. Para além de exercer uma
função comunicativa, enriquecendo a linguagem verbal, também transmite
informações acerca da personalidade, gostos, emoções e atitudes do indivíduo. As
palavras podem ser bonitas e excitantes, no entanto, não representam a mensagem
total. Na verdade, segundo a opinião de um cientista “a palavra é aquilo que o homem
usa quando tudo o resto falha” (Davis 1979: 22).
As manifestações não-verbais são também determinantes no processo de
construção da credibilidade do comunicador. É através do seu comportamento e da
sua conduta que o receptor vai verificar se ele, ou não, é digno de crença e confiança.
Como foi possível perceber através deste estudo, a indumentária e a gesticulação
demonstraram ser dois poderosos canais de comunicação não-verbal que influenciam
e determinam a percepção da crebilidade por parte do receptor da mensagem.
Demonstrou-se que, a gestualidade lenta acompanhada de uma indumentária formal
tem um efeito positivo na credibilidade do comunicador, enquanto que, a gesticulação
brusca conjugada com uma indumentária informal gerou um efeito negativo em
termos de credibilidade.
A indumentária comunica através das cores, formas, texturas das roupas,
entre outros componentes que possam ser significativos (Barnard citado por Aquino
121
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
2011:4). O tipo de tecido, o corte, a cor podem dizer muito acerca de um indivíduo e
do mundo em que vivem. Por outro lado, cerca de 95% da primeira impressão que
causamos é proporcionada pelas roupas, uma vez que elas cobrem 95% do nosso
corpo (…). Assim sendo, a indumentária é considerada crucial para a formação da
primeira impressão do indivíduo e respectiva imagem. No presente estudo podemos
verificar que o grau de formalidade é decisivo na percepção de fiabilidade e confiança
por parte dos sujeitos experimentais. As amostras dos Grupos 1 e 2, ambas submetidas
a uma indumentária informal, evidenciaram atitudes negativas em termos de
credibilidade. Já as amostras dos Grupos 3 e 4, ambas submetidas a uma indumentária
formal, demonstraram apreciações favoráveis. Estes resultados revelaram-se naturais,
tendo em conta que a indumentária informal transmitiu Imagens de Jovialidade,
Diversão, Descontração, Irreverênica e Insucesso, enquanto que a indumentária formal
comunicou Imagens de Seriedade, Profissionalismo, Maturidade, Sucesso e
Reverência.
Neste sentido, podemos afirmar que, o caractér formal da indumentária
projectou ao comunicador um subtexto de inteligência, competência, respeitabilidade
e confiança. Ou seja, a indumentária formal contribuiu para a construção de uma
imagem de credibilidade, ao contrário da indumentária informal, que acabou por
depor contra a mesma. Estar bem vestido é, asssim, fundamental para inspirar
confiança, prestígio e respeitabilidade.
À semelhança da indumentária, a gestualidade também demonstrou ser
muito importante no processo de construção da credibilidade do comunicador. Os
resultados obtidos demonstraram que a gesticulação lenta gerou percepções de
Delicadeza, Profissionalismo, Segurança, Coerência, Empatia e Sabedoria. A realização
de gestos moderados e coerentes enriqueceu a mensagem do sujeito falante e
contribuiu para a percepção de uma imagem de competência e confiabilidade. Não
obstante, confirmou-se que a gesticulação brusca gera uma percepção negativa em
termos de credibilidade. Na opinião dos sujeitos experimentais ela transmitiu Imagens
de Agressividade, Imaturidade, Insegurança, Hipocrisia, Incoerência e Distanciamento.
Ou seja, gerou a percepção de não credibilidade e falta de confiança e sinceridade. O
uso de gestos nervosos, atrapalhados e excessivos denuncia falta de concentração e
122
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
rigor pessoais. Assim sendo, não é apenas na fala que o emissor deve dominar os seus
impulsos e reflexos, mas também na gesticulação do sujeito (Rei 2005: 17).
Ainda, no presente estudo confirmou-se que a gestualidade lenta acompanhada de
uma indumentária informal gera um efeito neutro na credibilidade do comunicador.
Não obstante, não conseguimos validar a última hipótese de investigação. Verificamos
que, a gesticulação brusca conjugada com a indumentária formal em vez de gerar um
efeito positivo em termos de credibilidade gerou um efeito neutro.
5.1. Limites e Desafios para Investigações Futuras
Um estudo em torno da comunicação não-verbal, nomeadamente da
indumentária e da gesticulação, adivinha-se como um campo vastíssimo. Por isso,
também este estudo foi sujeito a alguns condicionalismos ou limitações como:

A dimensão e o perfil da amostra. A amostra foi constituída por apenas 40
estudantes universitários quando poderíamos ter seleccionado uma amostra
mais representativa e diversificada;

A não distribuição homogénea dos sujeitos quanto ao género (número
reduzido de sujeitos do género masculino);

Ausência de sujeitos experimentais de outras culturas, uma vez que o
significado das mensagens não-verbais é determinado pela cultura.
A presente dissertação, pela sua própria natureza exploratória, mais do que conclusões
permitiu abrir um conjunto de novas interrogações. Assim sendo, aqui ficam alguns
desafios para possíveis investigações futuras:

Alargar o presente estudo a uma amostra mais vasta, tentando verificar as
atitudes de outros segmentos de indivíduos e outras culturas;

Medir quantitativamente os efeitos obtidos nos diversos grupos e compará-los
entre si com o intuito de verificar quantas vezes uma determinada
123
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
combinatória de variáveis é mais credível comparativamente às outras e viceversa.

Analisar e avaliar mais detalhadamente a importância e a eficácia de outros
factores da indumentária e da gesticulação que podem influenciar a percepção
de credibilidade por parte do receptor. Um desses factores poderia ser, por
exemplo, a cor da indumentária.

Alterar o género do comunicador, para verificar se há ou não diferenças em
termos de credibilidade;

Realizar investigação sobre outros canais de comunicação não-verbal e a sua
possível influência na credibilidade do comunicador.
Para finalizar, há que referir que este trabalho de investigação, para além de
já se tratar de um processo rico ao nível da experiência pessoal e académica, pode
também dar a conhecer a importância da indumentária e da gesticulação no processo
de construção de uma imagem de credibilidade, prestígio e respeitabilidade.
124
A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
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A Influência da Indumentária e da Gesticulação na Credibilidade do Comunicador
7. ANEXOS
135
Discurso
Apresentação do curso de Ciências da Comunicação
O curso de Ciências da Comunicação é relativamente recente, existindo na
UTAD há apenas sete anos.
A licenciatura em Ciências da Comunicação encontra-se organicamente
integrada no Departamento de Letras, Artes e Comunicação da Escola de Ciências
Sociais e Humanas da Universidade de Trás-Os-Montes e Alto Douro. O formato do
1ºciclo de estudos em Ciências da Comunicação obedece aos princípios orientadores
da Declaração de Bolonha, cuja duração é de seis semestres (três anos) estruturados
em 180 ECTS, de modo a que as competências desenvolvidas sejam equivalentes e
reconhecidas em qualquer sistema de ensino europeu. Esta licenciatura visa ministrar
formação nas áreas do grupo das Ciências da Comunicação, nomeadamente nas áreas
do Jornalismo, Publicidade e Relações Públicas e Documentação e Informação.
O curso oferece assim uma forte componente teórica e profissional, orientada
para a aquisição de competências científicas e técnicas, para enfrentar um mercado de
trabalho cada vez mais competitivo e exigente em termos de saídas profissionais. No
seu conjunto, as várias unidades curriculares que integram o plano de estudos
proporcionam um somatório dinâmico de competências no final da licenciatura.
O 1º Ciclo de estudos deste curso tem como principais objectivos:

A concepção estratégica de campanhas de marketing para empresas,
organizações públicas, privadas e instituições sem fins lucrativos;

A concepção, desenvolvimento, implementação e controlo das
estratégias comunicacionais das organizações;

A gestão de recursos humanos, técnicos e financeiros envolvidos nas
acções de comunicação e marketing;

O desenvolvimento de processos criativos aplicados ao mundo
empresarial;

A organização e a promoção de eventos relacionados com os produtos
ou serviços das organizações;

O desenvolvimento de projectos radiofónicos, televisivos e editoriais
impressos e digitais
Relativamente ao Plano de Estudos:

É constituído por algumas unidades curriculares comuns a todas as áreas de
especialização tais como: Seminário de Investigação e Estágio;

Estão incluídas unidades curriculares específicas de cada uma das áreas de
formação do curso. Por exemplo, na variante do jornalismo temos unidades
curriculares como: Imprensa, rádio e TV, Atelier de Jornalismo, Estágio em
Jornalismo, entre outras; e na variante de Relações Públicas e Publicidades
constam
unidades
curriculares
como:
Atelier,
Estágio,
Comunicação
Organizacional e Interpessoal, Publicidade e Relações Públicas, etc;

Existe uma grande valência em comunicação, com unidades curriculares como
Semiótica e Comunicação, Ética e Direito da Comunicação, Análise Social da
Comunicação e Estética e Comunicação;

Há uma assinalável presença da língua materna através da unidade curricular
Língua materna e laboratório de comunicação, presente em dois semestres;

Compreende saberes específicos do mundo dos negócios através de unidades
curriculares como: Gestão de Empresas de Comunicação;

Complementam-no ainda outros saberes organizados em unidades curriculares
como: Media e Cultura e Instituições Europeias e Comunicação Internacional.
Com o decorrer dos anos, algumas unidades curriculares têm vindo a ser
alteradas, tendo sido recentemente inseridas no plano de estudos as unidades
curriculares Corpo, Voz e Dicção, e Cinema e Documentário.
Saídas Profissionais:
A licenciatura em Ciências da Comunicação permite o acesso, entre outras, às
seguintes saídas profissionais:

Director de comunicação e imagem;

Director de marketing, publicidade e relações públicas;

Planeador de meios e audiências;

Publicitário/Relações Públicas;

Consultor em comunicação empresarial;

Assessor de comunicação pública, política e institucional;

Editor e Jornalista (imprensa, rádio, televisão e digital);

Realizador/produtor de televisão, rádio e multimédia.
Mestrado em Ciências da Comunicação
O mestrado em Ciências da Comunicação tem uma duração de quatro
semestres (dois anos) e pretende dar continuidade à formação do 1º ciclo de estudos.
A formação do 2ºciclo caracteriza-se por proporcionar as condições de observação,
reflexão e descoberta relativamente à realidade nacional e internacional da
comunicação. O mestrado em Ciências da Comunicação assegura também ao
estudante uma especialização de natureza académica com a apresentação e defesa de
uma dissertação, com recurso a actividades de investigação e inovação nas diferentes
áreas de especialização das ciências da comunicação.
O 2º ciclo do curso de Ciências da Comunicação da Universidade de Trás-OsMontes e Alto Douro que confere o grau de mestre ao estudante possui quatro
vertentes de especialização: Jornalismo, Publicidade e Relações Públicas, Informação e
Documentação e Comunicação Pública, Política e Intercultural. Este ciclo de estudos
tem como principais objectivos:

O domínio das diferentes variantes da comunicação: publicidade e relações
públicas, comunicação pública, política e institucional;

O conhecimento aprofundado em tarefas de auditoria, controlo e avaliação do
investimento comunicacional das organizações;

A concepção, desenvolvimento, implementação e controlo dos planos de
comunicação das organizações;

A aplicação de instrumentos científicos de análise dos processos de
comunicação nas instituições;

Especialização na elaboração de peças jornalísticas no âmbito da imprensa,
rádio, audiovisuais, televisão e internet.
No que respeitas às saídas profissionais deste ciclo de estudos, estas vão
desde as profissões relacionadas com os media (jornais, rádio, TV, internet, etc.) às
relações públicas, à gestão de informação e documentação (empresas públicas e
privadas, bibliotecas, centros culturais, autarquias, etc.) até profissões emergentes
como as que estão ligadas às relações internacionais e interculturais (empresas e
organismos de mediação, de difusão e de criação de imagem ao nível empresarial,
social, político, cultural, educativo e artístico.
INSTRUMENTO
Nota Introdutória
O presente instrumento de recolha de dados tem como objectivo a angariação
de dados necessários para a realização de um estudo no âmbito do mestrado (2º ciclo)
em Ciências da Comunicação da UTAD. Solicitamos que responda de forma espontânea
e verdadeira a todos os diferenciais semânticos. O instrumento de recolha de dados é
anónimo e servirá exclusivamente para estudo académico.
Dados Pessoais
Género: Masculino  Feminino 
Idade:
Curso:
Ano:
Explicação Geral
De seguida, apresentaremos-lhe um conjunto de adjectivos opostos, onde deve
assinalar com um  a posição (entre 3 e -3) que considerar mais pertinente.
Exemplo:
- Se acha que Vila Real é uma cidade extremamente bonita assinale assim:
3
Bonita
2
1
0
-1
-2 -3
      
Feia
- Se acha que Vila Real é uma cidade ligeiramente feia assinale assim:
3
Bonita
2
1
0
-1
-2 -3
      
Feia
- Se acha que Vila Real é uma cidade nem feia nem bonita assinale assim:
3
Bonita
2
1
0
-1
-2 -3
      
Feia
Diferencial semântico nº1: Avaliação individual - Indumentária
3
2
1
0
-1
-2
-3
Moderna







Tradicional
Elegante







Ordinária
Atractiva







Repelente
Rígida







Flexível
Original







Convencional
Perfeccionista







Improvisada
Idónea







Inapropriada
Ousada







Discreta
Expressiva







Irrelevante
Profissional







Amadora
Diferencial semântico nº2: Avaliação individual - Gesticulação
3
2
1
0
-1
-2
-3
Moderada







Exagerada
Explicativa







Genérica
Informativa







Objectiva
Segura







Insegura
Clara







Confusa
Congruente







Incongruente
Discreta







Irrisória
Persuasiva







Imperativa
Compreensível







Incompreensível
Organizada







Descompassada
Uniforme







Informe
Condescendente







Intransigente
Enfática







Não-enfática
Racional







Emocional
Referencial semântico nº 3: Avaliação conjunta - Imagem transmitida
pela indumentária
3
2
1
0
-1
-2
-3
Seriedade







Descontração
Profissionalismo







Diversão
Maturidade







Jovialidade
Responsabilidade







Irresponsabilidade
Coerência







Incoerência
Força







Delicadeza
Flexibilidade







Rigidez
Autoridade







Obediência
Segurança







Insegurança
Credibilidade







Não credibilidade
Cuidada







Descuidada
Sucesso







Insucesso
Reverência







Irreverência
Referencial semântico nº4: Avaliação conjunta - Imagem transmitida
pela gesticulação
3
2
1
0
-1
-2
-3
Competência







Incompetência
Profissionalismo







Imaturidade
Segurança







Insegurança
Credibilidade







Não credibilidade
Autoridade







Submissão
Delicadeza







Agressividade
Proximidade







Distanciamento
Sinceridade







Hipocrisia
Coerência







Incoerência
Empatia







Apatia
Sabedoria







Ignorância
Preparo







Despreparo
Muito obrigado pela sua colaboração.
INDUMENTÁRIA
GRUPO 1
Indumentária
Moderna/
Tradicion
Elegante/
Ordinária
Atractiva/
Repelente
Rígida/
Flexível
Original/
Convencio
Perfecion/Imp
rovisad
Idónea/
Inapropria
Ousada/
Discreta
Expressiva/
Irrelevant
Profissional/A
madora
Total
Soma
Média
5
0,5
-3
-0,3
-4
-0,4
-23
-2,3
-11
-1,1
-21
-2,1
-11
-1,1
-1
-0,1
-16
-1,6
-18
-1,8
-103
-1,03
Elegante/
Ordinária
Atractiva/
Repelente
Profissional/A
madora
Total
-12
-1,2
-8
-0,8
-6
-0,6
-25
-2,5
-20
-2
-145
-1,45
Indumentária
Moderna/
Tradicion
Elegante/
Ordinária
Atractiva/
Repelente
Rígida/
Flexível
Soma
Média
17
1,7
25
2,5
11
1,1
21
2,1
2
0,2
Indumentária
Moderna/
Tradiciona
Elegante/
Ordinária
Atractiva/
Repelente
Rígida/
Flexível
Soma
Média
13
1,3
19
1,9
12
1,2
5
0,5
GRUPO 2
Indumentária
Soma
Média
Moderna/
Tradicional
Rígida/
Flexível
Original/
Convencio
-18
-1,8
Perfecionis/Im Idónea/
provis
Inapropri
-22
-2,2
Ousada/
Discreta
Expressiva/
Irrelevante
-14
-1,4
-6
-0,6
-14
-1,4
Idónea/
Inapropri
Ousada/
Discreta
20
2
20
2
-4
-0,4
19
1,9
22
2,2
153
1,53
Original/
Convencio
Perfecionis/Im
provis
Idónea/
Inapropria
Ousada/
Discreta
Expressiva/
Irrelevant
Profissional/A
madora
Total
8
0,8
21
2,1
18
1,8
-5
-0,5
11
1,1
20
2
122
1,22
GRUPO 3
Original/Conve Perfecionist/I
ncio
mprovis
Expressiva/Irre Profissional/A
levante
madora
Total
GRUPO 4
GESTICULAÇÃO
GRUPO 1
Gesticulação
Moderad/
Exagerad
Explicativ/
Genérica
Informativa/Ob
jectiva
Segura/
Insegura
Clara/
Confusa
Congruente/Inc
ongruent
Discreta/
Irrisória
Persuasiva/
Imperativa
Compreensiv/In Organizada/Des
compr
compas
Uniforme/
Informe
Soma
Média
22
2,2
7
0,7
3
0,3
19
1,9
15
1,5
14
1,4
23
2,3
10
1
20
2
14
1,4
16
1,6
Gesticulação
Condescen/
Intransig
Enfática/ Ñ
enfática
Racional/
Emocional
Total
Soma
Média
4
0,4
9
0,9
14
1,4
190
-1,3643
Gesticulação
Moderad/
Exagerad
Explicativ/
Genérica
Informativa/Ob
jectiva
Segura/
Insegura
Clara/
Confusa
Congruente/Inc
ongruent
Discreta/
Irrisória
Persuasiva/
Imperativa
Compreens/
Incompr
Organizada/Des
compas
Uniforme/
Informe
Soma
Média
-25
-2,5
-9
-0,9
-22
-2,2
-3
-0,3
-7
-0,7
-16
-1,6
-17
-1,7
-24
-2,4
-1
-0,1
-16
-1,6
-19
-1,9
Gesticulação
Condescen/
Intransig
Enfática/
Ñ
enfática
Racional/
Emocional
Total
Soma
Média
-11
-1,1
-2
-0,2
-19
-1,9
-191
-1,3643
Gesticulação
Moderad/
Exagerad
Explicativ/
Genérica
Informativa/Ob
jectiva
Segura/
Insegura
Clara/
Confusa
Congruente/Inc
ongruent
Discreta/
Irrisória
Persuasiva/
Imperativa
Compreens/
Incompr
Organizada/Des
compas
Uniforme/
Informe
Soma
Média
19
1,9
14
1,4
18
1,8
21
2,1
20
2
15
1,5
10
1
14
1,4
18
1,8
13
1,3
12
1,2
GRUPO 2
GRUPO 3
Gesticulação
Condescen/
Intransig
Enfática/ Ñ
enfática
Racional/
Emocional
Total
Soma
Média
12
1,2
18
1,8
20
2
224
1,6
Gesticulação
Moderad/
Exagerad
Explicativ/
Genérica
Informativa/Ob
jectiva
Segura/
Insegura
Clara/
Confusa
Congruente/Inc
ongruent
Discreta/
Irrisória
Persuasiva/
Imperativa
Compreens/
Incompr
Organizada/Des
compas
Uniforme/
Informe
Soma
Média
-26
-2,6
3
0,3
-3
-0,3
5
0,5
-6
-0,6
-12
-1,2
-21
-2,1
-21
-2,1
-8
-0,8
-19
-1,9
-20
-2
Gesticulação
Condescen/
Intransig
Enfática/ Ñ
enfática
Racional/
Emocional
Total
Soma
Média
-9
-0,9
-1
-0,1
-23
-2,3
-161
-1,163636
GRUPO 4
IMAGEM DA INDUMENTÁRIA
GRUPO 1
Imagem da
Indumentária
Soma
Média
Imagem da
Indumentária
Soma
Média
Seriedade/
Descontraç
Profission/
Diversão
-24
-2,4
-16
-1,6
Maturidade/Jov
ialidade
Responsab/
Irresponsab
Coerência/
Incoerência
Força/
Delicadeza
-23
-2,3
-8
-0,8
-6
-0,6
-3
-0,3
Sucesso/
Insucesso
Reverência/
Irreverênc
Total
-14
-1,4
-19
-1,9
-134
-1,0308
Profission/
Diversão
Maturidade/Jov
ialidade
Responsab/
Irresponsab
Coerência/
Incoerência
Força/
Delicadeza
-24
-2,7
-23
-2,3
-26
-2,6
-13
-1,3
-15
-1,5
-6
-0,6
Sucesso/
Insucesso
Reverência/
Irreverència
Total
-15
-1,5
-20
-2
-192
-1,4769
Profission/
Diversão
Maturidade/Jov
ialidade
Responsab/
Irresponsab
Coerência/
Incoerência
Força/
Delicadeza
21
2,1
23
2,3
23
2,3
21
2,1
15
1,5
16
1,6
Sucesso/
Insucesso
Reverência/
Irreverênci
Total
17
1,7
13
1,3
243
1,869
Flexibilidad/Rigi Autoridade/Ob Segurança/
dez
diênci
Insegurança
19
1,9
-16
-1,6
-2
-0,2
Credibili/Ñ
credibilid
-12
-1,2
Cuidada/
Descuidad
-10
-1
GRUPO 2
Imagem da
Indumentária
Soma
Média
Imagem da
Indumentária
Soma
Média
Seriedade/
Descontraç
Flexibilidad/Rigi Autoridade/Ob Segurança/
dez
diênci
Inseguranç
14
1,4
-19
-1,9
-15
-1,5
Credibilid/Ñ
credibili
-14
-1,4
Cuidada/
Descuidad
-16
-1,6
GRUPO 3
Imagem da
Indumentária
Soma
Média
Imagem da
Indumentária
Soma
Média
Seriedade/
Descontraç
Flexibilidad/Rigi Autoridade/Ob Segurança/Inse Credibilid/ Ñ
dez
diênci
guranç
credibili
1
0,1
20
2
22
2,2
26
2,6
Cuidada/
Descuidad
25
2,5
GRUPO 4
Imagem da
Indumentária
Soma
Média
Imagem da
Indumentária
Soma
Média
Seriedade/
Descontraç
Profission/
Diversão
Maturidade/Jov
ialidade
Responsab/
Irresponsab
Coerência/
Incoerência
Força/
Delicadeza
19
1,9
23
2,3
22
2,2
21
2,1
10
1
14
1,4
Sucesso/
Insucesso
Reverência/
Irreverênci
Total
14
1,4
13
1,3
205
1,5769
Flexibilidad/Rigi Autoridade/Ob Segurança/
dez
diênci
Inseguranç
-11
-1,1
16
1,6
20
2
Credibilid/Ñ
credibili
23
2,3
Cuidada/
Descuidad
21
2,1
IMAGEM DA GESTICULAÇÃO
GRUPO 1
Imagem da
Gesticulação
Soma
Média
Imagem da
Gesticulação
Soma
Média
Competênc/
Incompet
Profission/
Imaturidade
Segurança/
Insegurança
16
1,6
19
1,9
17
1,7
Preparo/
Despreparo
Total
12
1,2
180
1,5
Competênc/
Incompet
Profission/
Imaturidade
Segurança/
Insegurança
-17
-1,7
-19
-1,9
-16
-1,6
Preparo/
Despreparo
Total
-20
-2
-200
-1,667
Competênci/Inc
ompet
Profission/
Imaturidade
Segurança/
Insegurança
19
1,9
22
2,2
17
1,7
Credibilid/ Ñ
credibilid
20
2
Autoridade/Sub Delicadeza/Agr Proximidade/Di Sinceridade/Hip Coerência/
missão
essividad
stanciam
ocrisia
Incoerência
-3
-0,3
13
1,3
14
1,4
20
2
16
1,6
Empatia/
Apatia
18
1,8
Sabedoria/
Ignorância
18
1,8
GRUPO 2
Imagem da
Gesticulação
Soma
Média
Imagem da
Gesticulação
Soma
Média
Credibilid/ Ñ
credibilid
-18
-1,8
Autoridade/Sub Delicadeza/Agr Proximidade/Di Sinceridade/Hip Coerência/
missão
essividad
stanciam
ocrisia
Incoerência
-1
-0,1
-23
-2,3
-20
-2
-21
-2,1
-15
-1,5
Empatia/
Apatia
-19
-1,9
Sabedoria/
Ignorância
-11
-1,1
GRUPO 3
Imagem da
Gesticulação
Soma
Média
Credibilid/
Ñ credibilid
22
2,2
Autoridade/Sub Delicadeza/Agr Proximidade/Di Sinceridade/Hip Coerência/
missão
essividad
stanciam
ocrisia
Incoerência
21
2,1
9
0,9
14
1,4
19
1,9
22
2,2
Empatia/
Apatia
17
1,7
Sabedoria/
Ignorância
19
1,9
Imagem da
Gesticulação
Soma
Média
Preparo/
Despreparo
Total
14
1,4
215
1,7916
Competênci/Inc
ompet
Profission/
Imaturidade
Segurança/
Insegurança
-17
-1,7
-19
-1,9
-9
-0,9
Preparo/
Despreparo
Total
-19
-1,9
-172
-1,433
GRUPO 4
Imagem da
Gesticulação
Soma
Média
Imagem da
Gesticulação
Soma
Média
Credibilid/
credibilid
-17
-1,7
Ñ Autoridade/Sub Delicadeza/Agr Proximidade/Di Sinceridade/Hip Coerência/
missão
essividad
stanciam
ocrisia
Incoerência
3
0,3
-25
-2,5
-17
-1,7
-21
-2,1
-13
-1,3
Empatia/
Apatia
Sabedoria/
Ignorância
-13
-1,3
-5
-0,5
GRUPO 1
1.1
F
F
F
F
F
F
F
F
F
M
S1
S2
S3
S4
S5
S6
S7
S8
S9
S10
Indumentária
1.2
23
38
19
22
31
22
20
20
21
21
Moderna/
Tradicional
Soma
Média
Indumentária
Soma
Média
Elegante/
Ordinária
5
0,5
1.3
CC
CC
CC
CC
CC
CC
CC
CC
CC
CC
1.4
5
3
3
3
3
3
3
3
3
3
Atractiva/
Repelente
-3
-0,3
Rígida/
Flexível
-4
-0,4
Original/
Convencion
-23
-2,3
Perfecionista/I
mprovisada
-11
-1,1
Idónea/
Inapropriad
-21
-2,1
Ousada/
Discreta
-11
-1,1
Expressiva/
Irrelevante
-1
-0,1
Profissional/Am
adora
-16
-1,6
-18
-1,8
Total
-103
-1,03
Gesticulação
Moderad/
Exagerad
Explicativ/
Genérica
Informativa/Ob
jectiva
Segura/
Insegura
Clara/
Confusa
Congruente/
Incongruente
Discreta/
Irrisória
Persuasiva/
Imperativa
Soma
Média
22
2,2
7
0,7
3
0,3
19
1,9
15
1,5
14
1,4
23
2,3
10
1
Gesticulação
Uniforme/Infor
me
Condescen/
Intransig
Enfática/
Ñ
enfática
Racional/
Emocional
Total
Soma
Média
16
1,6
4
0,4
9
0,9
14
1,4
147
1,47
Compreensiv/In Organizada/Des
compr
compas
20
2
14
1,4
Imagem da
Indumentária
Soma
Média
Imagem da
Indumentária
Soma
Média
Seriedade/Desc
ontraç
Profission/
Diversão
Maturidade/Jov
ialidade
Responsab/
Irresponsab
Coerência/
Incoerência
Força/
Delicadeza
-24
-2,4
-16
-1,6
-23
-2,3
-8
-0,8
-6
-0,6
-3
-0,3
Cuidada/
Descuidada
Sucesso/
Insucesso
Reverência/
Irreverência
Total
-10
-1
-14
-1,4
-19
-1,9
-91
-0,91
Imagem da
Gesticulação
Soma
Média
Imagem da
Gesticulação
Soma
Média
Competênc/Inc
ompet
Profission/
Imaturidade
Segurança/
Insegurança
Autoridade/Sub
missão
Delicadeza/
Agressividad
16
1,6
19
1,9
17
1,7
-3
-0,3
13
1,3
Sabedoria/
Ignorância
Preparo/
Despreparo
Total
18
1,8
12
1,2
150
1,5
Credibilid/ Ñ
credibilid
20
2
Flexibilidad/Rigi Autoridade/Ob Segurança/
dez
diência
Insegurança
19
1,9
-16
-1,6
-2
-0,2
Proximidade/Di Sinceridade/Hip Coerência/
stanciam
ocrisia
Incoerência
14
1,4
20
2
16
1,6
Credibilid/
credibilid
-12
-1,2
Empatia/
Apatia
18
1,8
Ñ
GRUPO 2
S11
S12
S13
S14
S15
S16
S17
S18
S19
S20
1.1
F
F
F
F
F
F
M
F
M
M
1.2
19
29
18
18
19
29
24
19
22
18
1.3
CC
CC
CC
CC
CC
CC
CC
CC
CC
CC
1.4
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
Indumentária
Moderna/
Tradicional
Elegante/
Ordinária
Atractiva/
Repelente
Rígida/
Flexível
Original/
Convencion
Perfecion/Imp
rovis
Idónea/
Inapropriad
Ousada/
Discreta
Expressiva/
Irrelevante
Profissional/A
madora
Soma
Média
-12
-1,2
-8
-0,8
-6
-0,6
-25
-2,5
-18
-1,8
-22
-2,2
-14
-1,4
-6
-0,6
-14
-1,4
-20
-2
Indumentária
Total
Soma
Média
-145
-1,45
Gesticulação
Moderad/
Exagerad
Explicativ/
Genérica
Informativa/O
bjectiva
Segura/
Insegura
Clara/
Confusa
Congruente/
Incongruent
Discreta/
Irrisória
Persuasiva/
Imperativa
Soma
Média
-25
-2,5
-9
-0,9
-22
-2,2
-3
-0,3
-7
-0,7
-16
-1,6
-17
-1,7
-24
-2,4
Gesticulação
Uniforme/
Informe
Racional/
Emocional
Total
Soma
Média
-19
-1,9
-19
-1,9
-140
-1,4
Condescen/ Enfática/
Ñ
Intransig
enfática
-11
-1,1
-2
-0,2
Compreensiv/I Organizada/De
ncompr
scompas
-1
-0,1
-16
-1,6
Imagem da
Indumentária
Soma
Média
Imagem da
Indumentária
Soma
Média
Seriedade/
Descontraç
Imagem da
Gesticulação
Soma
Média
Imagem da
Gesticulação
Soma
Média
Competência/I Profission/
ncompetência Imaturidade
Profission/
Diversão
Maturidade/Jo
vialidade
Responsab/
Irresponsab
Coerência/
Incoerência
Força/
Delicadeza
-24
-2,4
-23
-2,3
-26
-2,6
-13
-1,3
-15
-1,5
-6
-0,6
Cuidada/
Descuidada
Sucesso/
Insucesso
Reverência/
Irreverència
Total
-16
-1,6
-15
-1,5
-20
-2
-141
-1,41
Segurança/ Credibilid/
Insegurança Ñ credibilid
-17
-1,7
-19
-1,9
-16
-1,6
Sabedoria/
Ignorância
Preparo/
Despreparo
Total
-11
-1,1
-20
-2
-169
-1,69
-18
-1,8
Autoridade/
Submissão
-1
-0,1
Flexibilidad/Ri Autoridade/O Segurança/
gidez
bdiência
Insegurança
14
1,4
-19
-1,9
-15
-1,5
Delicadeza/ Proximidade/ Sinceridade/Hi Coerência/
Agressividade Distanciam
pocrisia
Incoerência
-23
-2,3
-20
-2
-21
-2,1
-15
-1,5
Credibilid/
Ñ credibilid
-14
-1,4
Empatia/
Apatia
-19
-1,9
GRUPO 3
S21
S22
S23
S24
S25
S26
S27
S28
S29
S30
1.1
F
M
F
F
M
F
M
F
M
F
1.2
19
18
18
18
19
18
18
19
18
20
1.3
CC
CC
CC
CC
CC
CC
CC
CC
CC
CC
1.4
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
Indumentária
Moderna/
Tradicional
Elegante/
Ordinária
Atractiva/
Repelente
Rígida/
Flexível
Original/
Convencion
Perfecionist/Im
provisad
Idónea/
Inapropriad
Ousada/
Discreta
Soma
Média
17
1,7
25
2,5
11
1,1
21
2,1
2
0,2
20
2
20
2
-4
-0,4
Gesticulação
Moderad/
Exagerad
Explicativ/
Genérica
Informativa/Ob
jectiva
Segura/
Insegura
Clara/
Confusa
Congruente/Inc
ongruent
Discreta/
Irrisória
Soma
Média
19
1,9
14
1,4
18
1,8
21
2,1
20
2
15
1,5
10
1
Racional/
Emocional
Total
20
2
174
1,5818182
Gesticulação
Soma
Média
Condescen/Intr Enfática/ Ñ
ansig
enfática
12
1,2
18
1,8
Expressiva/Irrel Profissional/Am
evante
adora
19
1,9
22
2,2
Persuasiva/Imp Compreensiv/In Organizada/Des
erativa
compr
compas
14
1,4
18
1,8
13
1,3
Total
153
1,53
Uniforme/
Informe
12
1,2
Imagem da
Indumentária
Soma
Média
Imagem da
Indumentária
Soma
Média
Seriedade/Desc Profission/Diver Maturidade/Jov Responsab/Irre
ontraç
são
ialidad
sponsab
Imagem da
Gesticulação
Soma
Média
Imagem da
Gesticulação
Soma
Média
21
2,1
23
2,3
23
2,3
Sucesso/
Insucesso
Reverência/
Irreverênci
Total
17
1,7
13
1,3
213
1,9363636
Competênc/Inc
ompet
Profission/
Imaturidad
Segurança/
Inseguranç
19
1,9
22
2,2
17
1,7
Preparo/
Despreparo
Total
14
1,4
201
1,8272727
21
2,1
Credibilid/
credibilid
22
2,2
Coerência/
Incoerência
Força/
Delicadeza
15
1,5
16
1,6
Flexibilidad/Rigi Autoridade/Ob Segurança/
dez
diência
Inseguranç
1
0,1
20
2
22
2,2
Ñ Autoridade/Sub Delicadeza/Agr Proximidade/Di Sinceridade/Hip Coerência/
missão
essividad
stanciam
ocrisia
Incoerência
21
2,1
9
0,9
14
1,4
19
1,9
22
2,2
Credibilid/
Ñ credibilid
Cuidada/
Descuidada
26
2,6
25
2,5
Empatia/
Apatia
Sabedoria/
Ignorância
17
1,7
19
1,9
GRUPO 4
S31
S32
S33
S34
S35
S36
S37
S38
S39
S40
1.1
F
F
F
F
F
M
M
F
M
F
1.2
22
23
38
21
21
22
46
38
30
21
1.3
CC
CC
CC
CC
CC
CC
CC
CC
CC
CC
1.4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
4
Indumentária
Moderna/
Tradicional
Elegante/
Ordinária
Atractiva/
Repelente
Rígida/
Flexível
Original/
Convencion
Perfecionist/Im
provisad
Idónea/
Inapropriada
Ousada/
Discreta
Expressiva/
Irrelevante
Profissional/Am
adora
Soma
Média
13
1,3
19
1,9
12
1,2
5
0,5
8
0,8
21
2,1
18
1,8
-5
-0,5
11
1,1
20
2
Indumentária
Total
Soma
Média
122
1,22
Gesticulação
Moderad/
Exagerad
Explicativ/
Genérica
Informativa/Ob
jectiva
Segura/
Insegura
Clara/
Confusa
Congruente/
Incongruente
Discreta/
Irrisória
Soma
Média
-26
-2,6
3
0,3
-3
-0,3
5
0,5
-6
-0,6
-12
-1,2
-21
-2,1
Gesticulação
Uniforme/
Informe
Condescen/
Intransig
Enfática/ Ñ
enfática
Racional/
Emocional
Total
Soma
Média
-20
-2
-9
-0,9
-1
-0,1
-23
-2,3
-108
-1,08
Persuasiva/Imp Compreensiv/In Organizada/Des
erativa
compr
compas
-21
-2,1
-8
-0,8
-19
-1,9
Imagem da
Indumentária
Soma
Média
Imagem da
Indumentária
Soma
Média
Seriedade/Desc
ontraç
Profission/
Diversão
19
1,9
23
2,3
22
2,2
21
2,1
Cuidada/
Descuidada
Sucesso/
Insucesso
Reverência/
Irreverência
Total
21
2,1
14
1,4
13
1,3
157
1,57
Imagem da
Gesticulação
Soma
Média
Imagem da
Gesticulação
Soma
Média
Competênc/
Incompet
Profission/
Imaturidade
Segurança/
Insegurança
-17
-1,7
-19
-1,9
-9
-0,9
Sabedoria/
Ignorância
Preparo/
Despreparo
Total
-5
-0,5
-19
-1,9
-148
-1,48
Maturidade/Jov Responsab/Irre
ialidade
sponsab
Credibilid/ Ñ
credibilid
-17
-1,7
Coerência/
Incoerência
Força/
Delicadeza
10
1
14
1,4
Flexibilidad/Rigi Autoridade/Ob Segurança/
dez
diência
Insegurança
-11
-1,1
16
1,6
20
2
Autoridade/Sub Delicadeza/ Proximidade/Di Sinceridade/Hip Coerência/
missão
Agressividade
stanciam
ocrisia
Incoerência
3
0,3
-25
-2,5
-17
-1,7
-21
-2,1
-13
-1,3
Credibilid/ Ñ
credibilid
23
2,3
Empatia/
Apatia
-13
-1,3
Download

2.2. Comunicação Não