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O NOVO ENIGMA BAIANO
Divaldo Oliveira da Silva Junior¹; Rosembergue Valverde de Jesus²; Rebeca Oliveira
Santana³
¹Bolsista PET/MEC-SESU, Graduando em Ciências Econômicas, Universidade Estadual de Feira de Santana, e-mail:
[email protected]
² Tutor PET-ECONMIA-UEFS/MEC-SESU, Departamento de Ciências Sociais Aplicadas, Universidade Estadual de Feira
de Santana, e-mail: [email protected]
³Bolsista PET/MEC-SESU, Graduanda em Ciências Econômicas, Universidade Estadual de Feira de Santana, e-mail:
[email protected]
PALAVRAS-CHAVE: Novo Enigma Baiano, Industrialização, Polo Petroquímico
INTRODUÇÃO
Bahia, apesar de ser o estado mais rico do Nordeste, apresenta uma dissonância quando se
trata do potencial de sua economia e da sua situação efetiva. As políticas de crescimento e
desenvolvimento econômico tiveram consequências problemáticas para o Estado, dentre elas
está o novo enigma baiano, em contraposição ao “velho” enigma baiano, que versava sobre o
porquê da não industrialização baiana (ALBAN,2009,p.02).
O novo enigma baiano refere-se ao porquê da economia baiana, apesar do processo rápido e
pouco diversificado de industrialização na Região Metropolitana de Salvador (RMS), ter
ficado para traz enquanto outros estados diversificavam e espraiavam a industrialização de
suas economias. Por conseguinte, o termo consegue abarcar um leque vasto de mazelas
econômicas, sociais e políticas do Estado.
Com a criação do Polo Petroquímico de Camaçari, da instalação da refinaria Landulfo Alves e
do centro industrial de Aratu, a Bahia ficou em um ponto singular na produção nacional de
energia e de insumos industriais (JUAREZ, 2009), o que deveria ter dado ao estado condições
de romper com suas características de economia pouco industrializada e de crescimento pífio.
Contudo, o que é percebido é uma forte concentração econômica e política na Região
Metropolitana de Salvador (RMS). A RMS, ao invés de criar uma centro dinâmico na
economia do estado, apenas acentuou as características de concentração de renda, de poder
político e de infraestrutura numa região que detinha boa parte do poder econômico estadual,
relegando as outras regiões a mesma situação de letargia em se encontravam.
A RMS agora abrigava um pujante centro industrial. Então porque a economia baiana ainda
demonstrava e demonstra uma alta taxa de desemprego, uma capacidade de geração de renda
limitada e uma indústria concentrada em praticamente 14 Municípios do Estado 1 ? As
hipóteses mais discutidas versam por dois aspectos: uma é a característica pouco
dinamizadora das indústrias instalada na Bahia. A maioria das indústrias da RMS são usuárias
de tecnologias poupadoras de mão de obra e de amplo uso de capital intensivo, resultando
numa pequena incorporação de trabalho que ainda precisa ter qualificações específicas, para
atender a demanda das indústrias. A outra está relacionada às decisões políticas dos
1
O Polo Petroquímico, a refinaria Landulfo Alves e o CIA ficam na RMS que é composta de 13 Municípios o 14 e
o Centro industrial do Subaé em Feira de Santana que correspondem a mais de 60% do PIB baiano segundo
informações da SEI.
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governantes que, dentro dos limites impostos pela dinâmica econômica, podem escolher
deliberadamente o modelo de desenvolvimento econômico, e, portanto, a instalação das
indústrias na RMS em detrimento de outras regiões do Estado é oriunda de uma política que
priorizava esse modelo de industrialização e desenvolvimento.
O trabalho objetiva fazer um estudo sobre o novo enigma baiano, dantes serão feitas
discussões acerca do modelo de desenvolvimento econômico adotado na Bahia, seus
pressupostos teóricos, políticos e ideológicos, e sobre quais suas implicações na construção do
enigma. Além dos objetivos citados anteriormente, o trabalho ainda pretende discorrer sobre
dois pontos recentemente levantados: o primeiro, e se realmente existe, um novo enigma com
características distintas que permita diferenciá-lo do “velho” enigma, e quais os aspectos da
economia regional que a fizeram tomar rumos tão distintos da economia nacional a ponto de
surgir um enigma regional.
Além dos objetivos principais citados o trabalho possui dois objetivos secundários: primeiro
um estudo sobre os modelos de desenvolvimento aplicados a economia regional na fase de
formação do enigma baiano, período que tem uma relativa extensão, visto que a economia
baiana passa a ficar atrasada desde a mudança da capital para o Sudeste. Em um segundo
momento será estudado quais as mudanças estruturais ocorridas na pós- industrialização da
RMS e o porquê de não terem sido suficientes para eliminar o enigma anterior e acabarem por
gerar um novo paradoxo econômico.
METODOLOGIA
Tendo por cerne do trabalho o estudo qualitativo sobre o novo enigma baiano, seus pontos
chaves e os principais pontos que o caracterizam como paradoxo regional, foram feitos
revisões bibliográficas sobre o tema, além de consultas a sítios na rede que permitam montar
um arcabouço teórico qualitativo e quantitativo, além de embasar a discussão bem
fundamentada sobre o problema levantado.
RESULTADOS
O Projeto de desenvolvimento adotado na Bahia implicou em um modelo de industrialização
extremamente concentradora de renda e população, um exemplo é o vão habitacional que
existe entre a RMS juntamente com o recôncavo e a região mais a oeste, principalmente a que
fica depois do Rio São Francisco. Segundo o IBGE, nessa região residem apenas 3.6% da
população do Estado, que fica limitada às atividades primárias por uma falta de
infraestrutura2. A RMS e o região correspondente ao Centro Industrial do Subaé(CIS), em
feira de Santana, concentravam a maior parte dos investimentos em infraestrutura, e do poder
econômico e político, elementos fundamentais para o surgimento e perpetuação do enigma,
tendo em vista que ao concentrar esses fatores numa região muito limitada, as demais regiões
ficavam desprovidas de investimento e de poder econômico, acentuando-se as contradições
econômicas, o enigma, e contribuindo para o atraso da economia.
As disparidades entre a região industrializada e as outras acentuam-se com a continuação da
modelo de desenvolvimento e crescimento econômico concentrado, gerando o mito(
2
Fonte: SEI www.sei.ba.gov.br
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JACOBINA, 2009) que parecia ser indecifrável pelas autoridades que, de certa forma, pouco
interessavam-se pela real resolução do problema, com exceção de quando faziam discursos
eleitorais. Os quadros políticos que assumiam o poder na Bahia ignoravam o ciclo de
concentração que o modelo de industrialização escolhida gerava e, por conseguinte, governo
após governo o mesmo modelo era intensificado.
O enigma baiano pode e deve ser encarado como uma questão de interesse de classes, na qual
das proposições da classe vencedora, o novo enigma baiano resultou como condição si ne qua
non par que essa classe permanecesse no poder. Do outro lado permaneceram as classes que
não obtiveram sucesso no pleito, representando o grande vão da Bahia e suas contradições,
que fazem da RMS a terceira em produto em escala nacional e ainda assim, com apenas o
vigésimo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do país3.
CONCLUSÕES
Pautado nos estudos e nas discussões realizadas, fica evidente que o novo enigma baiano
constitui-se em boa parte dos mesmos elementos que construíram o “velho” enigma: a falta de
investimento diversificado e espalhado por todo o Estado fez com que a economia baiana
ficasse defasada em relação às economias do centro-sul, não conseguindo acompanhar nem de
longe sua industrialização. Com a instalação do Poló-petroquímico e a criação da RMS, a
economia e os investimentos em infraestrutura continuaram concentrados numa região que já
detinha boa parte desses fatores, aglomerando também o poder político numa região que não
era capaz de dinamizar a economia estadual e acabava relegando a segundo plano outras
áreas, que ficaram impossibilitadas de desenvolver seus potenciais e criaram o novo enigma
baiano no período pós industrialização.
REFERÊNCIAS
BONFIM, Juarez Duarte. Um novo enigma baiano? Salvador de todos os pobres,
Sitientibus, Feira de Santana-BA, n. 41, p. 115-137, jul./dez. 2009.
ALBAN, Marcus. O novo enigma baiano, a questão urbano-regional e a alternativa de
uma nova capital. XI Encontro nacional da Associação Nacional de Pós Graduação e
Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional-ANPUR, Salvador BA, p. 17, 2005.
JACOBINA, André Teixeira, Ensaio sobre o livro: A Bahia Viltada para o passado, UFBA
Salvador BA, p.15
Superintendência de estudos Sóciais e Econômicos, BA: www.sei.ba.gov.br
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística: www.ibge.gov.br
3
Fonte IBGE: www.ibge.gov.br
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Divaldo Oliveira da Silva Junior Categoria bolsa