Automotivação
Antes de abordarmos a importância da motivação dentro do universo
corporativo, vale a pena iniciarmos esta série de artigos com uma definição
sobre esta palavra tão em voga nos dias atuais. Entre as várias existentes, esta
certamente é uma que me agrada: "motivação é o desejo, força, necessidade ou
outra característica interna de uma pessoa que a leva a buscar a sua
satisfação".
Quando falamos de motivação, estamos basicamente falando sobre a
busca da felicidade, seja ela na vida profissional, afetiva ou familiar de uma
pessoa. No que se refere à vida profissional, um fato que merece ser
mencionado é que normalmente encontramos pessoas trabalhando em
assuntos e/ou atividades com as quais não possuem nenhuma identificação.
De forma geral, elas agrupam-se em um determinado perfil. Possuem
baixa auto-estima e empregam-se exclusivamente para ganhar dinheiro,
subjugando ideais, vontades e suas necessidades internas. Quase que
invariavelmente, as pessoas pertencentes a este grupo apresentam
características resultantes deste processo: com o tempo tornam-se infelizes,
passam a desempenhar mal suas funções, não cumprem horários, enfim, estão
de corpo presente nas empresas, mas com a alma longe do trabalho, atuando
somente por necessidade e obrigação.
David Mc Clelland, grande estudioso, expert no assunto e catedrático da
Universidade de Havard - com quem tive o prazer de trabalhar - classificou
três tipos de motivação que se desenvolvem em ambientes de negócios e
organizações:
1. Motivação para Realização:
As pessoas que possuem este tipo de motivação são mais competitivas e
querem vencer a qualquer custo. Comprometem-se com um objetivo,
envolvem-se emocionalmente com um projeto, buscam se superar, fazem o
melhor e avaliam seus desempenho constantemente. São profissionais
criativos, inovadores que buscam objetivos a longo prazo e trabalham
incessantemente para alcançar sucesso.
2. Motivação para Poder:
Quem possui este tipo de motivação quer dominar os meios ou
conquistar uma posição superior para influenciar pessoas. Sua motivação se
expressa como desejo de inspirar ou ensinar outras pessoas. Gostam de
argumentar, exigir e até forçar algumas pessoas a seguir determinados padrões
de comportamento, através de ordens e mesmo aplicando sanções ou punições.
3. Motivação para Afiliação:
As pessoas que possuem esta motivação têm como foco principal
estabelecer relações emocionais de amizade com outras pessoas, relegando
em determinados momentos os resultados a um segundo plano. Possuem uma
necessidade de serem aceitas e queridas por outras pessoas. Quando uma
relação interpessoal estreita é rompida ou quebrada, sentem-se
emocionalmente abaladas e trabalham mesmo que inconscientemente para
restaurar a relação. Ações amistosas como o bem-estar ou estar preocupado
com outras pessoas são típicas dessa motivação e nela são encontradas
relações como a ausência do senso do dever.
Gostaria de chamar a atenção para a importância da escolha do que
desejamos ser, do que queremos fazer em nossas vidas, para conseguirmos
sobreviver aos conflitos e a complexidade que, naturalmente, a vida e a
convivência com as pessoas nos proporcionam. Estar motivado não significa
também que tudo é felicidade, tudo é “céu azul”. Mas significa ter mais
satisfação e motivos para fazer bem o que se está fazendo e mais
predisposição e força para superar as dificuldades e frustrações que surgem.
Pode ter certeza: pessoas com este perfil certamente serão sempre mais felizes
do que aquelas que não possuem motivação em suas atividades. Para elas, a
maioria dos obstáculos da vida são desafios e não um peso ou um fardo.
É muito interessante refletir sempre sobre o que fazemos e o que
gostaríamos de fazer. Ao chegar a conclusão de que o que fazemos não é o
que gostaríamos de fazer, já temos no mínimo 50% de motivos positivos para
ter maiores chances de sucesso do que aqueles que não possuem esta certeza.
Isso inclui entusiasmo, dedicação, interesse, perspectivas de futuro, satisfação
e alegria no que se faz no trabalho.
Clientes
Uma organização é um dos meios mais importantes para prestarmos
nossos serviços. Através de seus acionistas, qualquer empresa que seja séria
oferece oportunidades de trabalho e não de emprego. Precisamos estar muito
atentos a isso, uma vez que para um grande número de pessoas ainda não está
claro que o emprego existe enquanto houver trabalho para cada empregado.
Há alguns anos, a expectativa e mesmo o ideal de vida de muitas
pessoas era ter um emprego seguro, estável, que garantisse um salário no final
do mês, sem que se levasse em conta aspectos como realização pessoal. No
entanto, através dos tempos e de forma acelerada, a cada dia que passa esta
teoria vai por água abaixo, à medida que a competição de mercado, a
necessidade de retorno para os acionistas - sempre no mais curto prazo - e a
qualificação exigida dos profissionais vêm derrubando esta forma de pensar.
Diante deste cenário, é fundamental para nosso futuro refletir sobre o
que gostamos de fazer, visando contribuir de maneira efetiva e qualitativa para
as empresas que contratam nossos serviços. Isto porque, uma vez satisfeitos
com os resultados dos bons trabalhos que prestamos, nossos clientes sempre
nos darão novas oportunidades. Por isso, a consciência de oferecermos
máxima atenção e respeito aos clientes vêm sendo muito exigidas e
trabalhadas nos últimos anos.
Na verdade, a empresa na qual trabalhamos é nosso primeiro cliente. O
segundo maior cliente é quem utiliza os serviços e/ou produtos da empresa.
Mantendo os clientes felizes e satisfeitos, conquistaremos sua fidelidade e
credibilidade e com isso a empresa para a qual trabalhamos crescerá em
decorrência do esforço e contribuição de cada um de seus empregados
Uma outra forma de observar como a empresa em que trabalhamos é
nossa cliente ocorre no dia a dia. Cada empregado deve ter o compromisso de
oferecer o melhor trabalho para atender outra área da empresa ou mesmo um
colega de sua área, entendendo que seu trabalho é parte de um processo maior
da empresa e que outros dependem daquela etapa bem concluída e com
qualidade para que se chegue ao produto final com um alto nível de
excelência.
Uma secretária executiva, por exemplo, tem como principal cliente o
executivo que esteja secretariando. A área de informática tem como obrigação
prestar o melhor serviço de suporte para outras áreas da empresa,
proporcionando agilidade ao processo gerencial no que se refere a tomada de
decisões e assim por diante.
Carreira
A carreira é o caminho para se chegar a um lugar que queremos, que
desejamos. É impossível alguém ter sucesso se está seguindo por um caminho
que desconhece, que não interessa, que não mostra perspectivas. Enfim, para
que tudo faça um certo sentido é imprescindível que pensemos em nossas
vidas, em nosso futuro e naquilo que fazemos hoje.
Caso não haja uma certa coerência, poderemos chegar no futuro em
algum lugar que nunca imaginamos e que poderá nos desagradar muito. Veja
bem, é muito importante para a importância do hoje, pois os momentos que
vivemos no presente são esteios para o futuro.
Gosto muito de chamar a atenção para o fato de que se não
controlamos as situações, as situações é que irão nos controlar.
Prestemos muita atenção nisso, pois não é, absolutamente, recomendável que
deixemos as situações e a vida nos levarem, sem que tenhamos um mínimo de
controle em direcionar nossos objetivos e desejos. Tanto para as coisas que
fazemos hoje, bem como para com nosso futuro.
Nas teorias de motivação de David Mc Clelland mencionadas, o autor
diz claramente que pessoas que possuem motivação do tipo de Realização são
pessoas mais voltadas para desafios que a vida apresenta. As pessoas que
possuem motivação do tipo de Afiliação são pessoas que dependem muito em
estar muito bem com todos, fogem de qualquer tipo de atrito e/ou conflito. E
as pessoas que possuem motivação do tipo Poder são pessoas, como o próprio
nome diz, que só se realizam quando estão em momentos e em condições de
mandar. Neste último caso, é necessário entender corretamente o que isto
significa, pois não há nada de mal em ter subido corretamente, alcançar o
poder e saber usá-lo de forma correta. No entanto, querer o poder por querer e
só satisfazer-se mandando, ordenando sem obviamente estar preparado para
tal, não é a opção ou hipótese correta.
A motivação é algo muito mais importante do que se imagina. Pense
por exemplo na pessoa que deseja ser guia turístico e é obrigada a trabalhar
numa função puramente administrativa! Enfim, poderíamos citar uma outra
infinidade de exemplos parecidos com este para entender o quão estratégica e
fundamental é esta questão.
Pessoas que nunca pensaram, nem nunca sequer lembraram-se de
pensar, saber o que querem da vida, correm o risco de na maioria da vezes
tornarem-se infelizes e estarem constantemente insatisfeitas com a vida, com
os colegas, com o chefe, com a empresa, com a mulher e com os filhos.
Geralmente, estas pessoas deixaram a vida levá-las, sem absolutamente um
mínimo de controle sobre seus desejos pessoais, suas inclinações, e nunca
sequer imaginaram o que gostariam de ser ou fazer. Deixaram esta tarefa
100% por conta de um destino o qual nunca se interessaram em ter idéia do
qual seria
Na vida, todos nós temos um papel a cumprir. É preciso que, mesmo
acreditando em “destino”, não abandonemos nossas vidas ao sabor dos ventos
e das ondas. É imprescindível que façamos nossa parte. Ao menos, é preciso
estar consciente do processo que está ocorrendo em nossa vida.
Existem pessoas que fazem o que gostam e por isso mesmo não se
preocupam com isso. Mas existem outras pessoas que se sentem
desprestigiadas. Uma coisa é cada um receber elogios e recompensas por um
trabalho feito com muito boa qualidade. Outra é realizar algum tipo de tarefa
que por sua natureza não garante muita visibilidade ao funcionário por fatores
diversos. Por isso, o assunto que temos discutido pessoalmente sobre
motivação é um pouco mais complexo, pois nunca poderá deixar de estar
ligado ao íntimo de cada pessoa.
Muitas pessoas, no início de suas vidas profissionais fazem trabalhos
que não aparecem e acabam se tornando grandes executivos. Isto não impede
que a pessoa se desenvolva em uma organização ou fora dela. O que vai valer
de fato é que cada indivíduo tenha perspectiva de onde quer chegar, que tenha
consciência de seus planos de vida e de carreira e procure lutar por suas metas
de forma apropriada. Quando a pessoa está razoavelmente tranqüila, sabe o
que quer e sente que as atividades que desenvolve hoje fazem parte do seu
aprendizado e preparação para o futuro próximo, torna-se mais fácil encarar,
aceitar e superar dificuldades e obstáculos. Afinal, seu objetivo de vida está
muito claro, embora o trabalho que está desenvolvendo naquele momento é
transitório.
Agora, quando a pessoa não tem perspectivas, não sabe o que quer,
onde quer chegar na vida, ela está sempre infeliz e insatisfeita, pois é a vida
que a está levando. Em resumo: se você não se preocupar com você, ninguém
também se preocupará. Afinal, só nós mesmos podemos saber o que gostamos,
o que queremos, o que não gostamos e o que não queremos.
Se aceitamos o que não queremos e não temos auto estima suficiente
para buscar desafios, crescer, contribuir e sermos participativos, o final de
nossa vida ativa não será nada bom. Além disso, nossa qualidade de vida
durante o período ativo será a pior possível, pois transformaremos em pessoas
"non gratas", devido ao excesso de pessimismo.
Então é imprescindível que tenhamos o mínimo de controle sobre nossa
carreira, pois ela é quem no conduzirá ao nosso objetivo principal acerca do
que desejamos para nossa vida profissional.
O que se busca?
Na realidade, iniciando nossa vida profissional, precisamos adquirir
experiências - dentro de um certo tempo, é claro - e estarmos sempre abertos
para buscar o máximo de conhecimento. Conseqüentemente, este somatório
será a maior contribuição para adquirir competências.
Ao falarmos que buscamos pessoas com potencial, estamos sempre nos
referindo àquelas que demonstram capacidade de adquirir experiências e
conhecimentos de forma mais rápida que a maioria das pessoas. Isto pode
ocorrer por diversos fatores que não estaremos abordando neste artigo.
Volto a dar o exemplo de uma secretária executiva que terá que passar
por diversos chefes de alto nível e as diferenças de um chefe e de outro podem
ser enormes, pois dependerá de como este chefe se desenvolveu, o que
apresenta de virtudes, de pontos positivos, de pontos negativos e estes
atropelos fazem parte do aprendizado e da aquisição de experiências.
A expectativa de só encontrarmos chefes bonzinhos, gerentes perfeitos,
pessoas de excelente trato, é ilusória e não deve fazer parte de uma expectativa
ancorada na realidade. Da mesma forma, outros empregados em seus
diferentes cargos irão se deparar tanto com situações como com pessoas
diferentes - umas melhores outras não tão boas de se lidar e assim por diante.
Na realidade, estas situações são temporárias e devem ser encaradas
como desafios e como um processo necessário para se adquirir uma
competência cada vez maior - entenda-se competência como o somatório de
experiências mais conhecimento adquirido. Ter um chefe competente, de
excelente relacionamento, inteligente, humano e que consiga fazer do seu
grupo um verdadeiro team é o que todos gostaríamos de ter. Não é impossível.
A grande questão é que o ser humano é sempre complicado e imprevisível .
Cargos
O cargo que alguém exerce são as funções, responsabilidades e papéis
que a empresa estabelece para cada empregado. O mais importante é que cada
empregado conheça de forma muito clara qual o papel que a empresa espera
que ele desempenhe na organização! O problema começa quando existem
dúvidas tanto por parte da empresa ou do ocupante do cargo em relação a isso.
O empregado deve tomar iniciativa para saber se o que ele entende que
esperam dele é exatamente o que a empresa entende!
Buscar conhecer-se a si mesmo e aos outros com os quais trabalhamos,
nos relacionamos e/ou somos subordinados passa a ser um desafio diário para
cada um de nós. Precisamos saber se o que desejamos ser na vida e se onde
estamos trabalhando nos conduzirá ao que queremos! Ou se devo buscar outro
lugar, outra empresa, ou trabalhar por conta própria também é de nossa inteira
responsabilidade e não da organização para a qual trabalhamos.
Este aspecto deve sempre estar muito claro em nossas mentes. Em um
determinado momento, teremos que decidir se a organização para a qual
trabalhamos nos oferece oportunidades que estejam em consonância com
nossos projetos e objetivos de vida. Caso contrário, teremos que correr e
buscar onde podemos buscar o local que atenda nossas expectativas de vida.
Então, busque um tempo para você, examine ao final de cada dia o que
foi feito, o que você poderia ter feito melhor e o que aprendeu. Só assim você
poderá exercer um mínimo de controle sobre a condução da sua carreira.
Vale lembrar que uma das ações mais importantes para que você se
mantenha motivado em seu trabalho é adotar uma atitude constantemente próativa. Isto permite que você tenha tempo para que tudo seja analisado,
entendido e feito da melhor maneira possível.
Precisamos no conscientizar que nos dias de hoje a complexidade e
velocidade como as situações e os processos ocorrem dentro de uma
organização é grande. O volume e a sofisticação de tarefas exigem de cada um
de nós uma grande atenção e mesmo paixão pelo que fazemos. Por isso, o
fator de motivação é fundamental, pois é ela que irá impulsionar o andamento
e a qualidade do trabalho.
Lembre-se de que é por isso que também dizemos que para mudar as
pessoas é preciso perceber a diferença entre o que elas fazem e o que deve ser
feito. Caso contrário, não haverá motivação suficiente para gerar uma
mudança. Principalmente quando falamos de atitude.
Por: José Angelo Lopes Hasselmann
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"Automotivação" José Angelo Lopes Hasselmann