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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
FACULDADE DE FILOSOFIA, COMUNICAÇÃO, LETRAS E ARTES
CURSO DE COMUNICAÇÃO E MULTIMEIOS
JULIA TERENO OTAVIANI BERNIS
BANDA JOHNNYBOX: VIDEOCLIPE DA CANÇÃO “NOT SO FINE”
SÃO PAULO
2012
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JULIA TERENO OTAVIANI BERNIS
BANDA JOHNNYBOX: VIDEOCLIPE DA CANÇÃO “NOT SO FINE”
Memorial descritivo apresentado para o Trabalho de
Conclusão do Curso de Graduação de Comunicação de
Multimeios da Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo.
Orientador: Profa. Dra. Elisabete Alfeld Rodrigues.
SÃO PAULO
2012
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JULIA TERENO OTAVIANI BERNIS
BANDA JOHNNYBOX: VIDEOCLIPE DA CANÇÃO “NOT SO FINE”
Memorial descritivo apresentado para o Trabalho de
Conclusão do Curso de Graduação de Comunicação de
Multimeios da Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo.
Orientador: Profa. Dra. Elisabete Alfeld Rodrigues.
BANCA EXAMINADORA
Profa. Dra. Elisabete Alfeld Rodrigues
Profa. Dra. Pollyana Ferrari Teixeira
Profa. Dra. Verônica Dias
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Agradecimentos
Gostaria de agradecer Rafael Pontes, Caio Al-Behy, Tato Ferrari, Gustavo Goiaba e
Fabio Couto, a banda Johnnybox, pela cooperação e empolgação nesse projeto, nada disso
seria possível sem eles e a sua disposição durante todo o processo. À equipe, que também são
meus amigos próximos, Vic Von Poser, Jessica Tauane, Filipe Salvador, Natalia Contave e
Helena Duppre pelo trabalho e boa vontade na produção, não existiria videoclipe sem a ajuda
deles. À minha melhor amiga, produtora e diretora de arte, Blanca Rajai e sua mãe Marcia
Rajai, pelas ideias geniais e pela participação, que foram essenciais. Além de tudo, elas que
acompanharam de perto, com muita paciência, toda a tensão, ansiedade, felicidade e
satisfação na realização desse produto. À Nadia Palma, Gika Torres, Deise Martins, Heitor
Pascua Marques, Ana Lucia Sousa, Ana Paula Moreno, Bruna Rabboni, André Cobra e
Wagner Ovídio por colaborarem cada um de uma forma, com interesse e boa vontade. À Lelia
Arruda, Christiane Costacurta, Luiza Madureira Vitali e Fernanda Landgraf pelos conselhos e
dicas. À Bete Alfeld e Pollyana Ferrari pela orientação e acompanhamento durante o ano
inteiro. À minha família, pelo apoio emocional e financeiro, Maria Lucia Tereno, Maurício
Bernis, Manuela Bernis, Camila Tereno, Ana Maria Tereno, Beatriz Tereno e Allen Frketic. E
à Victor Rios, por acompanhar, participar e me apoiar da melhor forma possível no processo
de realização desse trabalho.
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Resumo
Inicialmente, a idéia de videoclipe era vinculada à visibilidade e propaganda de
bandas, sendo apenas performances gravadas. Porém, o videoclipe cresceu como produto
audiovisual e agora permite narrativas lineares ou experimentais sem ter o único intuito de
divulgar o trabalho do artista, mas sim como uma forma de expressão audiovisual. Ele
transmite os sentimentos contidos nas canções através de imagens, em uma abordagem visual
e simbólica, permitindo, portanto, que o espectador se relacione mais profundamente à
música. “Not So Fine” é um videoclipe que segue as técnicas e recursos utilizados nesse tipo
de narrativa, em coerência com a letra da canção e a proposta da banda (Johnnybox), podendo
gerar e instigar a percepção do espectador, ao mesmo tempo em que explicita e mostra
metaforicamente a canção. Apresentamos o processo de formação e construção desse produto,
além de uma pesquisa e levantamento de dados sobre o próprio videoclipe, através de
exemplos e teorias que fundamentam o estudo desse gênero audiovisual.
Palavras-chave: videoclipe, Johnnybox, not so fine, música
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Abstract
Initially, the idea of music videos was connected to the visibility and advertising of
bands and musicians, when it was merely a recorded performance. Although, music video
grew as an audio-visual product allowing experimental or linear narrations, not as an
advertising mean to the artist, but as an audio-visual experience. It expresses the feeling in the
songs throughout images, in a visual and symbolic approach, allowing, therefore, the viewer
to relate to the music. “Not So Fine” is a music video following the techniques and resources
used in this kind of narration, in sync to the lyrics and the band itself (Johnnybox), reaching
the viewer’s perception, at the same time that metaphorically displays the song. Here will be
presented the process of structuring this product, besides a research and data collection about
the videoclip itself, throughout examples and theories that base the study of this audiovisual
genre.
Key words: music video, not so fine, johnnybox, music
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Lista de figuras
Figura 1 - Imagem aos 2'46" do videoclipe "Going Under"
Figura 2 - Imagem aos 2'47"
do videoclipe "Going Under" ................................................................................................... 17
Figura 3 - Imagem aos 0'24" do videoclipe "Going Under" ..................................................... 17
Figura 4 - Imagem aos 0'39" do videoclipe "Tears Dry On Their Own" ................................. 19
Figura 5 - Imagem aos 0'25" do videoclipe "Tears Dry On Their Own" ................................. 20
Figura 6 - Imagem aos 0'11" do videoclipe "Smells Like Teen Spirit".................................... 22
Figura 7 - Imagem aos 4'25" do videoclipe "Smells Like Teen Spirit" .................................... 22
Figura 8 - Imagem aos 0'01" do videoclipe "Wake Me Up When September Ends" .............. 23
Figura 9 - Imagem aos 3'34" do videoclipe "Wake Me Up When September Ends" .............. 24
Figura 10 - Imagem aos 5'40" do videoclipe "Wake Me Up When September Ends" ............ 24
Figura 11 - Imagem aos 2'44" do videoclipe "Emotion Sickness" ........................................... 25
Figura 12 - Banda Johnnybox ................................................................................................... 27
Figura 13 - Imagem aos 2'13" do videoclipe "Tainted Love" .................................................. 36
Figura 14 - Imagem aos 0'08" do videoclipe "Bug Eyes" ........................................................ 36
Figura 15 - Imagem aos 1'06" do videoclipe "O Castelinho na Rua Apa" ............................... 37
Figura 16 - Imagem aos 0'00" do videoclipe "Jesus of Suburbia" ........................................... 38
Figura 17 - Croqui do personagem "Jerry" ............................................................................... 41
Figura 18 - Mauricio Ludewig como "Jerry" ........................................................................... 42
Figura 19 - Mauricio Ludewig como "Jerry", em seu estado emocional ................................. 42
Figura 20 - Banda Johnnybox tocando na gravação ................................................................. 43
Figura 21 - Tato, vocalista da banda Johnnybox ...................................................................... 43
Figura 22 - Gustavo, guitarrista da banda Johnnybox .............................................................. 44
Figura 23 - Fabio, guitarrista da banda Johnnybox .................................................................. 44
Figura 24 - Caio, baterista da banda Johnnybox ...................................................................... 45
Figura 25 - Rafael, baixista da banda Johnnybox ..................................................................... 45
Figura 26 - Tato como palhaço feliz ......................................................................................... 46
Figura 27 - Tato como palhaço mórbido .................................................................................. 46
Figura 28 - Locação um: terreno .............................................................................................. 47
Figura 29 - Locação dois: apartamento da festa, vista da mesa ............................................... 47
Figura 30 - Locação dois: apartamento da festa, vista da sala ................................................. 47
Figura 31 - Locação três: apartamento do Jerry ....................................................................... 48
Figura 32 - Locação quatro: Rua Augusta ................................................................................ 48
Figura 33 - Locação cinco: estado emocional de Jerry (quarto vermelho) .............................. 49
Figura 34 – Cenário do apartamento de Jerry........................................................................... 61
Figura 35 - Cena na Rua Augusta ............................................................................................. 62
Figura 36 - Cenário da festa no apartamento ............................................................................ 63
Figura 37 - Cenário da festa no apartamento, sala ................................................................... 63
Figura 38 - Corredor da festa no apartamento, teste de luz ...................................................... 63
Figura 39 - Cenário do terreno ................................................................................................. 64
Figura 40 - Cena do estado emocional de Jerry........................................................................ 66
Figura 41 - Cena da banda tocando .......................................................................................... 66
Figura 42 - Cena de Jerry em seu apartamento ........................................................................ 67
Figura 43 - Cena de Jerry na Rua Augusta ............................................................................... 67
Figura 44 - Cena da festa no apartamento, entrada e sala ........................................................ 68
Figura 45 - Cena da festa no apartamento, mesa de beer pong ................................................ 68
Figura 46 - Cena da festa no apartamento, corredor................................................................. 68
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Sumário
1. Introdução.....................................................................................................................09
2. Fundamentação teórica.................................................................................................14
3. Not So Fine: diretriz conceitual....................................................................................27
4. Not So Fine: diretriz visual...........................................................................................34
4.1. Perfil do público espectador...................................................................................35
4.2. Referência audiovisuais..........................................................................................35
5. Etapas da realização......................................................................................................40
5.1. Pré-produção..........................................................................................................40
5.1.1. Personagens.................................................................................................40
5.1.2. Locações.....................................................................................................46
5.1.3. Roteiro........................................................................................................49
5.2. Produção.................................................................................................................61
5.2.1. Casting........................................................................................................61
5.2.2. Montagem dos cenários..............................................................................61
5.2.3. Equipe.........................................................................................................64
5.2.4. Gravação.....................................................................................................65
5.2.5. Edição.........................................................................................................69
5.2.6. Créditos finais.............................................................................................69
5.3. Pós-produção: finalização e divulgação.................................................................69
5.4. Tecnologia utilizada...............................................................................................70
6. Considerações finais......................................................................................................71
7. Referências bibliográficas.............................................................................................73
7.1 Referências bibliográficas audiovisuais..................................................................75
8. Anexos...........................................................................................................................77
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1. Introdução
A proposta deste projeto consiste na criação de um videoclipe para a música “Not So
Fine”, da banda independente Johnnybox. A letra da música foi usada como base para a
criação da narrativa imagética. Um traço diferenciador da banda é criar um personagem
central, Jerry, que está presente em quase todas as suas composições. Jerry é como uma
síntese de algumas características próprias a cada integrante, e por isso ele é retratado nas
canções.
O videoclipe trabalha em cima desse personagem e é uma história sobre ele, um dia na
vida de Jerry, com foco em suas sensações e sentimentos, buscando despertar a percepção do
espectador, para que este identifique tais sensações e sentimentos, talvez até relacionando-os
com suas próprias vivências.
De fato, gerar sensações no espectador através do videoclipe não é novidade. Muitas
vezes, esse efeito foi atingido não no sentido da experiência pessoal, mas no sentido do
simples choque emocional quando o espectador é confrontado por um trabalho muito ousado
e diferente, em união a uma música com as mesmas características. Um grande exemplo disso
é o clipe da música Closer do Nine Inch Nails, de 1994, dirigido por Mark Romanek. A
canção dessa banda norte americana já causa certo estranhamento, pois a letra combinada com
a batida forte aflora essa sensação. Porém, após a criação do vídeo, isso foi potencializado;
com cenas fortes que abordam sexualidade, religião, crueldade sobre animais e outras
características do gênero, o clipe foi proibido de rodar na televisão nos Estados Unidos e
entrou para o acervo permanente do MoMA, o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque,
considerado obra de arte. Hoje em dia, pode ser encontrado na Internet, porém naquela época,
início dos anos 1990, o clipe foi um escândalo, e de fato é chocante.
Um marco para a história da música foi o álbum Thriller, de Michael Jackson em
1982. Além das características inovadoras nas canções, que misturavam gêneros como rock,
pop e soul, o álbum lançou a canção homônima como single e um videoclipe, dirigido por
John Landis. O clipe dure 13 minutos e 43 segundos, o que já faz dessa característica um
diferencial já que extrapola o tempo de duração da canção; é interessante também notar que o
vídeo é quase como um curta metragem; e essa nova proposta é muito importante para a
história do videoclipe, pois foi abordado em um formato incomum para a época e introduziu a
ideia de que um clipe pode ter um enredo e ser pensado em formato de história.
Este vídeo ajudou a consolidar algumas características icônicas de Jackson, como o
moonwalk, e até hoje serve de referência audiovisual; como mencionado, ele é como um curta
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metragem: existem os personagens centrais, Michael Jackson e a namorada, e a história se
desenrola ao redor deles. No começo, o cantor propõe à namorada, e diz que está pronto para
revelar seu segredo, porém antes de ele conseguir falar, a lua aparece e ele se transforma em
um lobisomem. Assustada, a menina foge, e é perseguida por um tempo, até que o cenário se
abre e revela-se que é um filme; ainda perseguida, a garota sai da sala de cinema e corre pela
rua, e Jackson continua atrás dela, porém neste momento ocorrem performances de danças e
coreografias. Até que ela passa em frente a um cemitério, e zumbis começam a correr atrás
dela também, e até mesmo Jackson se torna um zumbi. Neste ponto, a menina acorda, e
indica-se que tudo o que foi visto até então fazia parte de um pesadelo. O cantor a consola
abraçando-a, e por fim há a imagem de seus olhos amarelos, como os de um lobisomem. Fica
claro aqui que, mesmo com um enredo completamente fantasioso, há uma continuidade nas
cenas. O gênero do “terror” presente no vídeo é completamente condizente com a temática da
canção, que mescla sons fantasmagóricos com batidas dançantes, além de ser coerente com o
que o próprio artista fez na época: inovar. A dança, a história, os personagens, tudo o que está
presente na tela introduziu um novo ponto de vista para o espectador, que com isso teve outra
experiência com a própria música.
O que é bastante comum em videoclipes é utilizar metáforas e analogias para se
expressar a canção. Principalmente porque canções, em geral, carregam em si os sentimentos
do artista e/ou compositor, e para fazer uma ligação direta entre o vídeo e a música deve-se
tentar traduzir esses sentimentos para a tela. Às vezes essa tradução é tão intensa, que resulta
em clipes como Closer - comentado anteriormente - causando polêmica, ao mesmo tempo em
que inova o ponto de vista audiovisual do videoclipe. No entanto, tudo depende da abordagem
desejada, há trabalhos com fortes características expressivas e poéticas, mas que utilizaram
outros métodos de exibir sentimentos, por um ponto de vista mais sutil.
Pode-se mencionar Heart in a Cage da banda The Strokes, de 2006, dirigido por
Samuel Bayer. Por mais que Bayer atuasse bastante nos anos 1990, seus trabalhos mais
recentes, na casa dos 2000, são mais profundos e nesse video em especial, o foco é na
intensidade dos músicos tocando, o cantor deitado no asfalto enquanto muitas pessoas passam
em sua volta e o guitarrista no topo de um prédio, com o edifício Empire State em campo.
Todo em preto e branco, o climax do clipe acompanha o da canção, em que as pessoas
começam a interagir com a banda, outros integrantes quebram os instrumentos e o cantor
parece cantar com mais ira, para se acalmar quando tudo termina. Mesmo assim, a atmosfera
geral não é pesada, mas sim emocional, e nota-se a preocupação em criar algo com mais
profundidade.
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Isso é o que é o que foi buscado neste trabalho, em adição à proposta de Thriller, com
enredo, personagem e certo desenvolvimento; um ponto importante é conseguir despertar
sensações e sentimentos, aguçar a percepção de quem está assistindo, de um ponto de vista
mais sutil e profundo, sem perder as noções básicas da canção e da banda em questão, como o
estilo musical, o ritmo e a letra.
Não se pode perder de vista que o videoclipe é um audiovisual e sua
composição se dá na relação entre imagem e som, desta forma, só se pode
falar em narratividade no videoclipe a partir deste entrosamento.
(CARVALHO, 2008: 103)
Não é um vídeoclipe meramente imagético, com o uso de imagem+som, mas sim uma
correlação entre ambos, onde um não existiria sem o outro. O enredo só existe graças à letra
da música e a imagem só existe graças à tradução feita de áudio para visual.
A idéia também foi tratar da relação o espectador/ouvinte com o vídeo/música. Um
produto como uma canção, ou um clipe, sempre desperta algo no receptor, algum sentimento,
sensação, lembrança que conecta o receptor ao produto em questão. Seja por experiência
própria ou identificação sentimental é essa percepção e entendimento que deve ser buscado.
Como já estudado pela sinestesia, as obras de arte em geral têm a capacidade de
despertar sensações múltiplas e paralelas no espectador. A sinestesia, de acordo com Sérgio
Basbaum, em sua tese de mestrado de 1999, ocorre quando o espectador/ouvinte se
compenetra por completo na obra, se esquecendo até mesmo do mundo exterior e entrando no
clima do produto. Com isso, é possível o entendimento mais profundo da obra em questão, já
que a sinestesia ativa partes do cérebro através de elementos de imagem e som que servem de
estímulos sensoriais, como cores, luzes, batidas e frequências. De fato, Basbaum comenta que
nos séculos XIX e XX, a música tem elementos sinestésicos estudados através das relações
feitas por compositores clássicos entre frequência, nota e tons de cores, em que cada uma tem
sua equivalência. Foi com base nisso que começaram as primeiras performances com o uso de
som, luz e cores, feitas no início do século XX, por compositores como Alexander Scriabin, já
introduzindo a ideia de compenetrar o espectador e aflorar sua percepção sobre a obra em
questão.
Provocar sensações dando maior profundidade para a narrativa, não trata apenas de
uma adaptação literal de um estilo de narrativa para outro, mas mais do que isso é uma
correlação, em que os dois formatos se encaixam, e juntos, através dessa união, ambos os
produtos, música e vídeo, podem também individualmente crescer em termos de profundidade
e sensibilidade. O ponto principal disso é a capacidade de entender as entrelinhas, de criar
uma visão mais profunda sobre a própria música através da imagem. É nesse momento que a
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interpretação e a experiência pessoal do espectador têm extrema importância. O videoclipe
propõe essa interpretação mais a fundo da música, que por si só já causava certa resposta
perceptiva no espectador, em união ao vídeo, a possibilidade de profundidade poética do
produto final cresce. E tal profundidade não precisa necessariamente, ser abordada de forma
óbvia, mas muito pelo contrário, as metáforas são elementos extremamente úteis para o
videoclipe.
Deve não apenas interagir com a música em questão, mas também se comunicar com o
espectador, com o intuito de aflorar percepções e sentimentos através do que é mostrado na
tela, utilizando elementos como iluminação e cores.
A proposta do trabalho desenvolvido é significativa no âmbito acadêmico e também
para futura divulgação, pois o clipe servirá como porta de entrada na conquista de público,
que poderá visualizar a canção, dando outra perspectiva para a mesma. Tal divulgação pode
ser feita através de sites como o YouTube e o Facebook.
O objetivo geral que norteou a pesquisa foi desenvolver uma reflexão sobre a criação
de um videoclipe narrativo. E os objetivos específicos foram apresentar um estudo sobre o
videoclipe destacando suas características principais, perceber como os elementos
audiovisuais presentes na narrativa do videoclipe promovem uma relação com o espectador,
analisar a composição da canção “Not So Fine” para a construção da narrativa do videoclipe e
por fim, descrever conceitualmente todas as etapas de realização do videoclipe.
Para desenvolver o memorial, foi utilizado o método do estudo do caso, em que são
investigadas as características do tema, através de textos teóricos e exemplos. Como descrito
por Robert K. Yin:
Em geral, os estudos de caso representam a estratégia preferida quando se
colocam questões do tipo “como” e “por que”, quando o pesquisador tem
pouco controle sobre os eventos e quando o foco se encontra em fenômenos
contemporâneos inseridos em algum contexto da vida real. (YIN, 2001: 19)
Apresento no primeiro capítulo a introdução, onde situo o contexto e parte da
evolução do gênero audivisual do videoclipe em geral, apontando alguns exemplos que valem
ser mencionados por terem relação com a proposta, assim como observações relevantes
quanto à percepção e o espectador. Já no segundo capítulo, segue a fundamentação teórica,
em que a história do videoclipe é mais aprofundada e a pesquisa é embasada nos estudos de
intelectuais da área do audiovisual e comunicação. Para reforçar a teoria, são apresentados
alguns exemplos de videoclipes.
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No terceiro capítulo começa a apresentação do produto, o videoclipe da canção “Not
So Fine”, e portanto o conceito que norteou a produção é detalhado e comentado. O quarto
capítulo engloba toda a estética e elementos visuais relacionados ao produto final, tal como
referências audiovisuais e perfil do público espectador.
O quinto capítulo apresenta as etapas da realização, onde são comentadas e explicadas
todas as decisões e fases do processo de criação até a finalização do produto. No sexto
capítulo, seguem as considerações finais, que consiste em comentários e pensamentos
relacionados ao projeto como todo.
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2. Fundamentação teórica
O videoclipe pode ser considerado uma forma de expressão audiovisual relativamente
nova. Foi depois do cinema e longas metragens que nasce a videoclipe, inicialmente apenas
funcionando como recurso da música. Nas palavras de Arlindo Machado:
(...) o video clipe é um formato enxuto e concentrado, de curta duração, de
custos relativamente modestos se comparados com os de um filme ou de um
programa de televisão, e com um amplo potencial de distribuição
(MACHADO, 2003: 173)
Os primeiros videoclipes eram especificamente comerciais. Eram uma forma de
divulgação e autopromoção para bandas, e os grandes difusores disso foram os Beatles. Eram
deles as primeiras apresentações gravadas, performances chamadas de promos (CORRÊA,
2007), que além de dar mais destaque para a banda, começaram a chamar a atenção dos fãs e
espectadores, que agora tinham a opção de não somente ouvir a música, mas assisti-la. Porém,
o primeiro artista a introduzir a música como imagem, não mais como uma performance de
banda, foram os ingleses do Queen, para a canção Bohemian Rhapsody, exibida em 1975 pela
rede BBC (CORRÊA, 2007). A partir daí, a narrativa do videoclipe começou a se alterar: o
videoclipe se tornou uma forma aberta de expressão, permitindo estética experimental e
alternativa.
Cresceu inclusive na própria abordagem: não se trata mais de apenas uma forma de
propaganda para bandas, ou mero complemento para a música, e sim uma tradução imagética
da canção. Afinal, o videoclipe só existe graças à música, e sua composição deve ter relação
com a mesma, porém essa relação pode ocorrer em diversas vertentes, e se relacionar com
apenas um elemento presente na canção, como o ritmo, a melodia, a letra. Assim como, pode
se relacionar diretamente com todos e traduzir a canção em seu conjunto. Ou seja, podem ser
imagens descontinuas e experimentais ou até mesmo uma história montada como curtametragem. Claro que, também funciona como divulgação de artistas e bandas, porém não é
mais o seu foco ou finalidade.
Hoje, o videoclipe permite uma possibilidade poética, explorando a imagem. Podendo
ousar nos planos e livremente transitar pela narrativa audiovisual; agora, ele tem nova
sensibilidade, trabalhando com um senso crítico sobre a música, o que torna a própria mais
relevante, dando outras possibilidades de interpretação e ponto de vista.
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Uma vantagem é que não precisa ser uma superprodução, devido ao caráter
experimental e descontraído dessa forma de narrativa, o videoclipe pode ter um orçamento
baixo e mesmo assim ser bem sucedido. A duração não costuma ser muito longa, com
algumas exceções que chegam até dez ou doze minutos, mas em geral, a duração do vídeo é a
duração da música, alguns poucos minutos. Isso se aproxima bastante do curta metragem de
baixo orçamento, uma história contada de forma breve e intensa. No caso do videoclipe,
porém, geralmente não são inclusos diálogos, deixando a responsabilidade toda sobre a
imagem. Novamente, ressaltando que a abordagem desse formato cresceu de vídeos
publicitários e de divulgação de bandas para formas de expressão abertas e livres.
Quando nos remetemos ao videoclipe, estamos tratando de um conjunto de
fenômenos de criação nos meios de comunicação de massa angariados na
ideia do hibridismo. Como gênero televisual pós-moderno que é, o
videoclipe agrega conceitos que regem a teoria do cinema, abordagens da
própria natureza televisiva, ecos da retórica publicitária e dos sistemas de
consumo da música popular massiva. (SOARES, 2004: s/n)
Esse hibridismo mencionado por Soares, é resultante da união de vários elementos
presentes em narrativas dos mais diversos gêneros audiovisuais, como o cinema, a
publicidade e a televisão. A maior influência do cinema em videoclipes é no sentido
conceitual e teórico, pois por ser um produto audiovisual, essas bases da comunicação são
quase sempre as mesmas; quanto à publicidade, a influência se dá pelo fato de o vídeo servir
de divulgação para o artista ou banda da música envolvida; e a televisão, é no sentido da
difusão, pois antes do YouTube e a possibilidade de assistir vídeos através da Internet, o
maior difusor do videoclipe era a televisão.
De fato o videoclipe adere todos esses elementos e os mescla em sua narrativa e estilo
audiovisual. É essa mescla que gera as formas de expressão abertas e livres, permitindo
recortes, velocidade, ritmo de imagens, cenas curtas e outros elementos que podem ser
sustentados em formas audiovisuais enxutas sem muitas restrições ou regras, já que a única
coisa que dá sentido a tudo isso é a música, então desde que siga alguma coerência com a
mesma, o videoclipe pode se expandir para diversos caminhos, numa nova e diferente
narrativa do que é feito em todas essas vertentes: cinema, televisão e publicidade.
Em outras palavras, as cenas em um videoclipe são rápidas e fragmentadas, podendo
ser completamente desconexas ou não; esse formato de sequencia de imagens é esperado
nessa forma de narrativa, pois mesmo quando a união de cenas não atingem um significado
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óbvio no final, elas ainda atendem às necessidades do produto: ilustrar a música e por trás
desses planos sem sentido, o significado metafórico está sempre presente.
Um fator relevante nesse formato é que a duração de cada cena na tela e a passagem
de uma para a outra, muitas vezes, ocorre de acordo com o ritmo e as batidas da canção,
gerando, portanto o tal sentido metafórico que cria conexão direta entre a música e as
imagens. Ou seja, as vezes, o videoclipe pode ter mais a ver com o ritmo e movimento do que
as imagens em si.
A partir da influência da cultura pop, o videoclipe se transformou em uma nova forma
de expressão audiovisual. No caso do rock, principalmente, onde agora é proposta outra forma
de experiência audiovisual, em que são abordados sentimentos e a partilha dos mesmos, com
uso de elementos simbólicos. O gênero musical rock tem os signos como característica, em
que são utilizadas muitas metáforas para dizer e expressar os sentimentos, misturados com as
batidas mais pesadas de guitarras e outras mais rítmicas da bateria. Em outras palavras, o rock
traz em si a expressão e os sentimentos com o intuito de dividir todas essas sensações e isso
implica em videoclipes mais poéticos, como atesta Jeder S. Janotti Júnior, “o rock
contemporâneo exerce um papel catalisador dentro do universo visual da cultura videoclipe,
transcendendo denominação ‘gênero musical’ e abrindo possibilidades de vivências e
partilhas de sentimentos diante do mundo contemporâneo.” (JANOTTI, 1997)
Um bom exemplo disso é o videoclipe Going Under1 da banda norte americana
Evanescence. O vídeo de 2003 foi dirigido por Philip Stolzl, e aborda o conteúdo da música
da mesma forma metafórica que a canção em si: o fato de estar em uma situação que te sufoca
por tempo demais. A letra é bem depressiva, com passagens como “I’m dying again, I’m
going under” (eu estou morrendo novamente, estou afundando)2, e com som de guitarras
pesadas; no clipe, isso é mostrado de uma forma em que a cantora e atriz do vídeo entra em
um mar de pessoas, que na cabeça dela representam e são mostradas, as vezes, como um mar
de verdade, em que ela afunda e emerge.
1
2
Videoclipe disponível em: <www.youtube.com/watch?v=CdhqVtpR2ts&ob=av3e/> (acessado em 10/04/2012)
Em tradução livre.
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Figura 1 - Imagem aos 2'46" do videoclipe "Going Under"
Figura 2 - Imagem aos 2'47" do videoclipe "Going Under"
Outro elemento simbólico é o fato de Stolzl interpretar a canção de forma que a
situação vivida pela cantora está se prolongando tanto que ela começa a enlouquecer e,
portanto a ver o mundo distorcido e faces monstruosas, sem saber diferenciar o real do
imaginário.
Figura 3 - Imagem aos 0'24" do videoclipe "Going Under"
A leitura e a execução feitas foram completamente signicas, com elementos
surrealistas para demonstrar os sentimentos e a intensidade da música. Tudo isso com uma
atmosfera mais escura e triste, comunicando com a identidade visual da própria banda, que
pode ser considerada de metal gótico.
Nota-se que é importante investir na estética. Um dos primeiros passos nesse processo
é situar a identidade visual dos músicos em questão. A partir disso, o vídeo se desenrola de
acordo com tal identidade, que dá base para a estética e a narrativa. Como exemplo, pode-se
ressaltar a banda norte-americana Tool, formada em 1990, e ativa até hoje; todos os
videoclipes dessa banda são de animação, em estilo pesado e futurista, com temas
representados através de signos, de tal forma que se não soubermos do que a música se trata
realmente, a interpretação do clipe pode ser completamente distorcida.
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A estética visual determina a atmosfera racional ou emocional do vídeo, pois
explora a produção das emoções por meio dos fenômenos estéticos causados
pela obra. (Moletta, 2009: 70)
Como mencionado por Moletta, o emocional passado no vídeo faz parte da estética, e
é nesse momento em que a percepção do espectador é ativada. Essa relação
espectador/imagem esta presente desde a invenção do teatro, com os elementos de iluminação
e som que contribuem para tal relação.
De fato, isso começou a ser percebido com o cinema e os estudos de sonhos feitos por
Freud no ano de 1900 (MACHADO, 2008). Assistir a um filme dentro de uma sala escura é
como assistir aos sonhos que temos a noite, onde ao mesmo tempo em que somos
protagonistas também somos platéia. A obra audiovisual ativa o imaginário de cada um, pois
de certa forma reproduz e representa o que está guardado na mente. A partir disso, o
espectador é levado para o imaginário na tela que se conecta com o próprio imaginário, por
isso diferentes pessoas terão diferentes interpretações sobre determinada obra audiovisual,
mas de qualquer forma, a conexão espectador/imagem foi estabelecida.
Vale mencionar o artista e compositor John Cage, que propôs uma nova forma de
música, utilizando elementos do cotidiano e processos aleatórios. Seu maior legado, porém é
o happening3, em que na performance ocorrem improvisações e espontaneidade, fazendo com
que cada apresentação seja única, pois nunca acontecem da mesma forma. Em adição à isso,
incorpora-se a participação da platéia. Uma das mais conhecidas obras de Cage é a
composição 4’33’’, em que os músicos apenas ficavam em frente ao instrumento por 4
minutos e 33 segundos, sem tocar nada. O que Cage estava apresentando era o elemento do
silêncio na música, e também os barulhos do ambiente, no caso, da platéia que se manifestou
indignada sem entender que a proposta era exatamente esta: o público fazendo barulho frente
ao silêncio dos músicos.
John Cage é uma importante referência musical, pois introduziu o conceito de
audiência participativa e utilizou métodos incomuns de compor música, com experimentações
e objetos do dia-a-dia, fugindo do padrão dos instrumentos musicais e melodia propriamente
dita. Todos os elementos utilizados por Cage instigavam a platéia, como as suas performances
diferentes, que já então provaram que a reação do espectador é de extrema importância para a
música, a performance em si e as artes em geral e que o mesmo deve conseguir se conectar à
isso.
3
Expressão usada nas Artes Visuais, tendo sua descrição resumida no link: <pt.wikipedia.org/wiki/Happening/>
(acessado em 14/06/2012)
19
De qualquer forma, os elementos essenciais para começar a compenetrar o espectador
em uma obra audiovisual são a luz e o som (MENEZES, 1996). Em segundo lugar, entram os
outros elementos fílmicos, como espaço, tempo e montagem. São todos esses fatores juntos
que começam a criar a relação com o espectador, e é dentro desse clima que ele inicia a sua
percepção sobre o que está assistindo e então se relaciona com o produto.
Grande exemplo de uso bem sucedido dos elementos na tela é o videoclipe Tears Dry
On Their Own4 da cantora inglesa Amy Winehouse. Lançado em 2007 e dirigido pelo
fotógrafo David LaChapelle já era de se esperar que a fotografia e a arte do vídeo ficassem
impecáveis. Ele trabalha com apenas dois espaços: o quarto em que Winehouse está sentada
na cama apenas cantando, olhando para a câmera ou pensativa, e a rua, por onde está sempre
em movimento. Ele utilizou inclusive uma contraposição de cores complementares: o amarelo
para as cenas em espaço fechado e os tons de azul para as cenas na rua; como a música se
trata de superação de um relacionamento fracassado, as cenas no quarto com a luz do sol
entrando pela janela, a cama e o ambiente desajeitados tornaram-se poéticas, devido à esse
trabalho de iluminação em harmonia com o espaço.
Figura 4 - Imagem aos 0'39" do videoclipe "Tears Dry On Their Own"
As partes filmadas na rua não quebraram essa poesia, pois dão ar mais descontraído
que também está presente no ritmo da canção, novamente ocorre comunicação direta com a
identidade, não apenas visual, mas também musical, da cantora.
4
Videoclipe disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=ojdbDYahiCQ&ob=av2e/> (acessado em
10/04/2012)
20
Figura 5 - Imagem aos 0'25" do videoclipe "Tears Dry On Their Own"
Pode-se dizer que no videoclipe não é tão difícil de compenetrar o espectador quanto
pode ser no cinema, pois o clipe traz em si um elemento que já é conhecido pelo espectador: a
música. Isso não significa que as percepções sejam sempre positivas; as sensações geradas
podem ser diversas, tanto alegres quanto tristes, e com a música principalmente, já que ao
começar a assistir a um videoclipe de uma canção que gostamos, nossa percepção é ativada
com um pré-conceito positivo, no caso de uma canção que não gostamos esse pré-conceito
será negativo. A percepção pode ser alterada ao terminarmos de ver o vídeo, mas o tipo de
sensação gerada não importa nesse momento, o que importa é que ela existe em ambos os
casos.
Hoje em dia, porém, não se tem mais a forte influência da Music Television, a MTV.
Há alguns anos atrás, esse era um dos únicos canais em que se passavam videoclipes sem
parar; no entanto agora, existem outros canais como a VH1 (Video Hits One) que tomaram
essa posição de “canal de videoclipes”, e na própria MTV já quase não se exibe mais, pois
agora está predominada por reality shows. Isso aconteceu naturalmente, a partir do momento
em que sites como o YouTube e o Vimeo começaram a se consolidar pela Internet, e agora
dominam como disseminadores de videoclipes. Antes, se alguém sentisse vontade de assistir a
um clipe em especial, teria que esperar passar na MTV; hoje, é apenas necessário digitar o
nome da canção e do artista desejados no YouTube que o vídeo aparece direto.
Outro ponto relevante em relação à MTV, é que este canal tem um público alvo
definido, e toda a programação, incluindo os videoclipes, se dirige principalmente à esse
grupo de pessoas, no caso adolescentes. Como estudado por André Mantovani em sua tese de
mestrado em 2005:
(...) a audiência da MTV, pois é composta, principalmente, de jovens
pertencentes às classes mais abastadas da população brasileira, aqueles filhos
21
das famílias nas quais é possível esperar e se preparar para aquilo que,
também socioculturalmente, é definido como vida adulta, o telespectador da
MTV que interessa aqui é o adolescente e o adolescente é aquele indivíduo
que “pode se preparar” para a vida adulta. (MANTOVANI; 2005: 12)
Com a Internet, a difusão já não é mais tão focada, já que pode atingir diversos
públicos, de diversos lugares e em diversos contextos. Deve-se perceber que mesmo assim, o
público que procura este tipo de informação na Internet continua sendo o adolescente, mas
agora, sem as restrições da televisão, a movimentação desses indivíduos pelo conteúdo é
muito mais livre, permitindo, portanto que o conteúdo em si seja mais aberto.
Esse aspecto contemporâneo do videoclipe online altera toda a relação com o
espectador; inclusive, pode-se assistir a vídeos de apenas um artista, que com certeza tem seu
próprio canal oficial no YouTube. Não se precisa mais assistir clipes de músicas que não
gostamos, como era inevitável na televisão, agora se pode inclusive montar sua própria
playlist na ordem de vídeos desejada e, portanto ver só aquilo que agrada a você,
individualmente. Os gostos e as exibições ficaram mais pessoais e mais direcionados, já que o
espectador agora pode livremente escolher o que quer assistir, de acordo com o gênero
musical preferível. Essa noção de que a forma de veiculação de uma obra visual altera a
forma como o espectador se relaciona com a mesma, foi prevista por Julio Plaza, que atesta “o
encontro da informática com os sistemas de representação visual promove uma troca cultural,
no que se refere à construção, veiculação e visualização da imagem” (PLAZA, 1993). De
acordo com Plaza, não é apenas o espectador que sofre as mudanças, mas também os próprios
meios de produção são alterados, e começam a ser pensados em formatos eletrônicos, o que
permite também novas possibilidades de criação com referências diversas para expandir o
imaginário expressado com novas técnicas e linguagens.
No caso do rock, os videoclipes tendem a seguir mais ou menos pela mesma linha
estética: subjetividade, baixa iluminação, e as vezes cenas rápidas com muitos cortes em
ligação direta com a batida. Passando as sensações dos sentimentos que são abordados na
maioria das músicas, como a depressão, perda, juventude, desilusão, raiva e entre outros.
O videoclipe de 1991, Smells Like Teen Spirit5 do Nirvana, dirigido por Samuel Bayer,
acontece em apenas um espaço, em que a banda está se apresentando numa quadra de
basquete em algum colégio. A plateia é, em sua maioria, composta por alunos, e os
movimentos de alguns deles, como as líderes de torcida, acompanha as batidas da canção.
5
Videoclipe disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=hTWKbfoikeg&ob=av3e/> (acessado em
10/04/2012)
22
O ambiente é predominantemente escuro, em tons quentes de amarelo, vermelho e
marrom, misturados com pó, fumaça e sujeira que se elevam na medida em que o cantor
interage com a plateia.
Figura 6 - Imagem aos 0'11" do videoclipe "Smells Like Teen Spirit"
É a intensidade e melancolia de Kurt Cobain cantando e expressando a música, unidas
à estética aplicada por Bayer que fez do clipe uma forte referência em termos de videoclipes
marcantes dos anos 1990, época dominada pelo rock grunge. A bagunça, a sujeira, os corte
rápidos, a luz baixa, são todos elementos que se conectam diretamente com a época, a canção
e a banda. Num panorama geral, o vídeo não tem uma história montada, é apenas trabalhado
com símbolos, luz e movimento.
Figura 7 - Imagem aos 4'25" do videoclipe "Smells Like Teen Spirit"
Pode-se notar a preocupação em traduzir a canção através de elementos visuais e
estéticos. Foram exploradas todas as características presentes na própria música: as batidas, o
ritmo, a voz e a letra de forma metafórica e em conjunto.
23
O papel da canção é fundamental na maioria dos videoclipes, tanto naqueles
em que se pode observar a efetiva “tradução” da letra da canção em imagens
quanto nos que primam pela independência entre a letra e a narrativa visual
ativada. (COELHO, 2003: s/n)
Como atesta Coelho, a canção é a base da construção narrativa do videoclipe. Mesmo
quando um dos elementos presentes nela é utilizado predominantemente, o videoclipe deve
sempre tê-la como ponto de partida.
Pode-se notar que a narrativa do videoclipe é variável; desde imagens rápidas e
desconexas até narrativas lineares com personagens e histórias. Em referência a este segundo
estilo, pode-se mencionar o videoclipe da canção Wake Me Up When September Ends6, da
banda norte-americana Greenday, também dirigido por Samuel Bayer, em 2005. O videoclipe
é considerado um curta metragem. O vídeo tem 7 minutos, sendo que a canção em si tem
quase 5.
Figura 8 - Imagem aos 0'01" do videoclipe "Wake Me Up When September Ends"
Aborda um jovem casal, e mostra sua história até o ponto em que o menino vai para a
guerra, e a menina fica, esperando pelo seu retorno. Tal retorno nunca acontece, deixando o
final em aberto para interpretação, porém este videoclipe tem elementos explícitos de curtametragem: personagens, objetivo e clímax. A história do casal é mostrada de tal forma, que se
cria uma empatia para com o mesmo, e a montagem, com as cenas em câmera lenta,
potencializa a ideia de um casal feliz e apaixonado. Este clipe contém inclusive, diálogos no
início e no meio, em que a música é quebrada, o diálogo acontece e então retoma-se a canção.
6
Videoclipe disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=KjNJmwwf7QA/> (acessado em 10/04/2012)
24
Figura 9 - Imagem aos 3'34" do videoclipe "Wake Me Up When September Ends"
O clímax é uma cena de guerra, junto com o solo de guitarra; logo depois, a música
acalma, e as imagens também, dando espaço ao final em aberto, com a menina ainda
esperando e o menino, que está na guerra, enquanto os músicos da banda tocam em um
ambiente separado de onde ocorreram as cenas do casal. São utilizados muito planos detalhes
pra criar a sensação intimista, recursos de câmera lenta e explosões de luz e filmagens de
silhuetas, dando o toque dramático.
Figura 10 - Imagem aos 5'40" do videoclipe "Wake Me Up When September Ends"
Tudo isso contribui para a intensidade do vídeo, dando maior profundidade para a
própria canção.
Pode-se dizer que a narrativa desse videoclipe segue na linha do curta-metragem
mesmo, mas também não se distancia do fato de se tratar de uma obra baseada numa canção e
portanto evidencia os artistas responsáveis, encaixando-os nessa narrativa. O importante aqui
é ressaltar que por se tratar de um videoclipe, o fluxo de narração e a história são abordadas
de forma diferente do que no cinema ou na televisão, já que o principal é que deve se
comunicar diretamente com a música envolvida.
25
O conceito de narratividade amplia a noção de narrativa, ao contemplar uma
reciprocidade entre forma de expressão e forma de conteúdo. É possível falar
em narratividades, assim mesmo, no plural, uma vez que o ato de
configuração de sentido na música não é o mesmo do romance ou novela
televisiva. (CARVALHO, 2008: 103)
Já no caso do videoclipe de 1999, da canção Emotion Sickness7 da banda norte
americana Silverchair, a diretora Cate Anderson, optou também pela similaridade ao curta
metragem, mas foi por um caminho mais desfragmentado. Percebe-se a continuidade e a
narrativa considerando-se um panorama geral, porém existem várias cenas que são mostradas
muito rapidamente e que logo de início parecem não ter muito a ver com o que já havia sido
mostrado. No final, tudo fica esclarecido e a junção das cenas mostra o sentido do vídeo.
A canção já aborda um tópico de tristeza e angústia, e esse tema é o foco do clipe. Os
símbolos utilizados não são muito fáceis de decifrar num primeiro olhar, mas ao pensar no
videoclipe como um todo, relacionado à letra da canção, fica mais claro. É a história de um
menino que sofre algum tipo de tristeza, seja depressão ou qualquer outra coisa, e ele vai a
uma festa em que não interage com ninguém, fica apenas sentado olhando em volta. Nota-se
que ele tromba com algumas pessoas que são como ele, que sofrem da mesma angústia, mas
ele não se manifesta. Um dos símbolos utilizados foi a água; como se aquela tristeza o fizesse
afundar e portanto ele estivesse sempre andando molhado, dominado por essa sensação.
Figura 11 - Imagem aos 2'44" do videoclipe "Emotion Sickness"
O vídeo é todo escuro, em tons de cinza, novamente em harmonia com a temática, e
um dos pontos interessantes é que foi o primeiro videoclipe da banda em que os integrantes
não aparecem, ou seja, o foco é totalmente no personagem deprimido. As passagens de cenas
7
Videoclipe disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=xBf1UblIMKU> (acessado em 29/09/2012)
26
e o ritmo das mesmas são sincronizados com os instrumentos presentes na canção, que tem
picos de orquestra misturados com as batidas e guitarras do rock. Anderson soube usar as
variações dentro da canção para montar um videoclipe de acordo.
Em suma, videoclipes têm diversas possibilidades de abordagem, sempre permitindo o
caráter experimental e aberto. Contribui para a canção dando possibilidade de interpretação e
visualização, podendo aumentar as sensações da própria. Desde o início, possibilita a
divulgação do artista, e agora cria maior conexão com o espectador, que, portanto, tem uma
nova forma de se relacionar com determinada canção. Permite também o formato curtametragem, com planos mais ousados e abordagens mais poéticas, sempre utilizando recursos
simbólicos e metafóricos para expressar a música e então criar o link entre obra e ouvintes.
Grande parte desses recursos utilizados são técnicos, como luz e ambiente, que expressam e
reproduzem sensações, pois criam a atmosfera estética do vídeo, em comunicação com a
identidade visual do artista ou banda em questão.
Vale mencionar também que o videoclipe mantém semelhança com a canção
abordada, seja em relação ao ritmo, batidas, melodia e/ou letra, eles sempre mantém certa
comunicação entre si, para assim dar algum sentido visual à canção e para garantir que ambos
videoclipe e canção estejam em harmonia.
Apesar de ser uma área pouco visível pelo audiovisual, o videoclipe tem grande
influência em tendências e disseminação de música e imagem, principalmente agora, na era
digital.
27
3. Not So Fine: diretriz conceitual
A banda JohnnyBox é independente e segue pelo gênero do rock. Surgiu em meados
de 2009, tocando apenas covers de algumas músicas, e tinha quatro integrantes: Rafael Pontes
(baixo), Vinicius Azevedo (guitarra), Caio Al-Behy (bateria) e Fábio Couto (vocal e gaita).
Em 2011, integraram mais um guitarrista, Gustavo “Goiaba” e começaram a compor canções
próprias e a se apresentar em casas de shows, principalmente em competições de bandas. Já
em 2012, a banda sofreu algumas alterações de membros, sendo agora composta por: Tato
Ferrari nos vocais, Gustavo “Goiaba” na guitarra, Fabio Couto também na guitarra, Rafael
Pontes no baixo e Caio Al-Behy na bateria.
Suas músicas têm, além da característica de mencionar o personagem criado por eles
(Jerry), ritmos mesclados de rock e funk, com referência dos anos 70 aos 90 (Jimmy Hendrix,
AC/DC, Guns’n Roses, Aerosmith, etc) e letra escrita em inglês. Algumas de suas músicas
são: “Jerry”, “Just Wait” e “Not So Fine”, que é a canção abordada.
Figura 12 - Banda Johnnybox
Letra da canção:
“Not So Fine”
“Não Tão Bem”
VERSO 1
I’ve been down
Eu estive pra baixo
Couldn’t be found
Não podia ser encontrado
28
I’ve been walking,
Eu estive andando
Walking all around
Andando por todos os lugares
I’ve been down
Eu estive pra baixo
Way underground
Bem debaixo da terra
Don’t know what to do
Não sei o que fazer
Just want to get out
Só quero sair daqui
PONTE A
Every time I see you I get mad
Toda vez que te vejo eu fico bravo
Cause I know I wanna get loose
Por que eu sei que quero me soltar
But it’s getting bad
Mas está piorando
VERSO 2
You always say
Você sempre diz
Won’t get in my way
Que não ficará no meu caminho
You always say it’s not every day
Você sempre diz que não é todo
dia
Let me just say
Deixe me dizer
Let’s not be late
Não vamos nos atrasar
Forget about the past,
Esqueça-se do passado,
Live it day by day
Viva dia após dia
PONTE A
Every time I see you I get mad
Toda vez que te vejo eu fico bravo
Cause I know I wanna get loose
Por que eu sei que quero me soltar
But it’s getting bad
Mas está piorando
REFRAO 1
Cause when Jerry says he’s all right
Porque quando Jerry diz que está
bem
He says he’s all right
Ele diz que está bem
I think he’s not so fine
Eu acho que ele não está tão bem
29
Maybe he’s hiding the truth in his mind
Talvez ele esteja escondendo a
verdade,
em
sua
cabeça
I think he’s not so fine
Eu acho que ele não está tão bem
VERSO 3
I can’t stay
Eu não posso ficar
Through the day
O dia inteiro
I can’t stay and lose my way
Eu não posso ficar e perder minha
direção
I don`t know
Eu não sei
If you know
Se você sabe
But I want things to grow
Mas eu quero que as coisas
cresçam
PONTE B
Night and day,
Noite e dia,
Jerry says get out of my way
Jerry diz saia do meu caminho
Cause I know if I don’t obey I’m gonna pay
Pois eu sei que se eu não obedecer,
vou pagar
VERSO 4
You always say
Você sempre diz
Won’t get in my way
Que não ficará no meu caminho
You always say it’s not every day
Você sempre diz que não é
todo dia
Let me just say
Deixe me dizer
Let’s not be late
Não vamos nos atrasar
Forget about the past,
Esqueça-se do passado,
Live it day by day
Viva dia após dia
30
PONTE B
Night and day,
Noite e dia,
Jerry says get out of my way
Jerry diz saia do meu caminho
Cause I know if I don’t obey I’m gonna pay
Pois eu sei que se eu não obedecer,
vou pagar
REFRAO 2
Cause when Jerry says he’s all right
Porque quando Jerry diz que está
bem
He says he’s all right
Ele diz que está bem
I think he’s not so fine
Eu acho que ele não está tão bem
Maybe he’s hiding the truth in his mind
Talvez ele esteja escondendo a
verdade,
em
sua
cabeça
I think he’s not so fine
Eu acho que ele não está tão bem
(SOLOS)
REFRAO 3 (2x)
Cause when Jerry says he’s all right
Porque quando Jerry diz que está
bem
He says he’s all right
Ele diz que está bem
I think he’s not so fine
Eu acho que ele não está tão bem
Maybe he’s hiding the truth in his mind
Talvez ele esteja escondendo a
verdade,
em
sua
cabeça
I think he’s not so fine
Eu acho que ele não está tão bem
31
A canção aborda Jerry, um homem de mais ou menos 20 anos de idade que se
encontra em um estado emocional abalado. Ele não se sente bem com a vida que está levando,
ao mesmo tempo em que não entende seus sentimentos. Ele tenta bloqueá-los e ignorá-los, e,
portanto não expressa nada. Por outro lado, ele sabe que por dentro ele está sucumbindo à
depressão, por mais que não consiga enfrentar esse reconhecimento de que está mal.
Para mostrar o interno depressivo dele, há cenas apenas de Jerry contra uma parede,
como se estivesse sozinho num quarto com a câmera, e ele não sabe direito o que fazer. Às
vezes está apenas sentado pensando, dando voltas, gritando para a câmera, encostado na
parede e etc.. Essas partes são seus sentimentos: perdido, infeliz e sozinho, como o que se
passa de fato em sua mente. Devido a essa sensação melancólica, muitas vezes ele não
consegue ver o mundo da forma como é, pois de tanto fugir de seus sentimentos, a vida aos
seus olhos fica distorcida. Como Jerry é o personagem predominante do vídeo, diversas vezes
mostra-se tudo através do ponto de vista dele.
O tempo de duração do vídeo é o tempo da música em si, mais ou menos 4 minutos e
45 segundos; o garoto vai à diversos lugares, interagindo pela cidade, tentando encontrar
algum lugar ou alguma coisa que faça sentido e que faça com que ele se sinta melhor, mas
isso não acontece.
A narrativa mostra o decorrer do dia de Jerry, desde o momento em que ele acorda até
o ponto em que ele chega à uma festa, já à noite. As cenas em sua mente tentam sempre
comunicar o estado emocional com a realidade do personagem, sendo às vezes o gatilho para
a cena mental algum elemento e/ou acontecimento de sua realidade.
São intercaladas imagens do dia de Jerry com imagens da banda tocando, num show
improvisado, em um terreno supostamente abandonado. Assim, foi possível introduzir os
membros da banda e mostrar como eles agem ao tocar a música, sendo possível identificá-los
mais tarde no vídeo. Isso também contribui para indicar a idéia de videoclipe e possibilitando
que o espectador faça a ligação da canção com a narrativa.
Um elemento importante do personagem no videoclipe é o fato de ele sempre ter um
cigarro na orelha; isso funciona, para ele, como uma garantia, uma espécie simbólica de
segurança. Esse cigarro, no entanto, é perdido na cena final, deixando Jerry desesperado para
encontrá-lo, e quando isso acontece, o cigarro está pisado e quebrado, fazendo com que o
personagem fique frustrado. As cenas que representam seu estado emotivo oferecem uma
abertura para que ele se solte, podendo expressar o que sente, mas mesmo assim, ele não
consegue fazer isso por completo, já que não entende muito bem tais sentimentos. Há essa
32
ambigüidade de sensações do personagem, pois ele não aceita o fato de que precisa de ajuda e
que não está bem.
Na cena final, Jerry chega a uma festa onde não consegue se encaixar e fica andando
de um lado para o outro, até não agüentar mais.
Para um neo-realista, disse-lhe, um copo é um copo e nada mais; nós o
vemos ser tirado do armário, enchido de bebida, levado à cozinha onde a
empregada o lava e talvez o quebre, o que pode ou não custar-lhe o emprego,
etc. Mas este mesmo copo, visto por seres diferentes, pode ser milhares de
coisas, pois cada um transmite ao que vê uma carga de afetividade; ninguém
o ve tal como é, mas como seus desejos e seu estado de espírito determinam.
(BUÑUEL, 1970: 337)
Pode-se dizer que o surrealismo é presente em um momento do videoclipe, como
quando Jerry vê um palhaço na rua, que está com um buque de rosas e sorridente; porém do
ponto de vista do personagem, o palhaço é macabro, com maquiagem escura e olhar sério, e
está comendo o buque de rosas.
Vale ressaltar que o palhaço é o vocalista da banda, o Tato, e isso pode causar
confusão no espectador e deixar incerto se aquela cena é de fato verdade ou apenas uma
criação da mente de Jerry.
Nota-se na festa que os membros da banda estão lá, mas nesse momento apenas como
participantes e não como banda. Foi importante ressaltá-los e mostrá-los, pois uma das
características do Jerry é que ele carrega um pouco de cada um dos integrantes da banda, já
que são eles que escrevem as canções. A idéia inicial de Jerry, enquanto ele era apenas um
nome nas músicas, era o fato de ele ser um pouco de cada um dos meninos, ter pequenos
traços de personalidade de cada, dependendo da canção; agora com o videoclipe, o
personagem foi aprofundado e já não é mais tão semelhante aos membros, mas é importante
sublinhar que tal semelhança existe, por menor que seja, e por isso eles devem aparecer no
mesmo ambiente que Jerry nas cenas finais do clipe. As imagens irão reforçar as palavras na
letra, e com isso unir à música a elas. Isso resultou num videoclipe oficial da canção, sempre
dialogando com a banda e a própria.
A divulgação será feita através de mídias sociais, como o Facebook e o YouTube. A
banda já tem sua página no Facebook, como mencionado acima, em que algumas pessoas já
“curtem”, ou seguem as atividades que são postadas pelos próprios membros, como forma de
visibilidade e meio de atingir um público ouvinte. A página contém fotos, biografia e
33
informações gerais de shows e atividades da banda. Como complemento a este perfil, entrará
o videoclipe, em conexão ao YouTube
34
4. Not So Fine: diretriz visual
As cenas em que o personagem Jerry aparece são predominantemente vermelhas,
enquanto ele usa roupas verdes, para dar contraste e trabalhar com a contraposição dessas
duas cores, que são complementares. A primeira cena, porém, é em cores frias e neutras, em
que ele acorda em seu apartamento e começa seu dia.
Nas partes em que é a abordada a mente do Jerry, ele está numa sala de paredes
vermelhas, vestido de preto, dando sensação de claustrofobia, pois ele fica no canto desta sala,
rodeado pelas paredes. Na cena principal, a da festa, o ambiente é cercado de luzes vermelhas
e uma luz azul, para quebrar um pouco o excesso da cor quente, enquanto todos os figurantes
estão vestidos também de cores quentes. Nesse ponto, Jerry já está sofrendo mais
intensamente com seus sentimentos, e por isso o ambiente fica mais escuro e a imagem mais
granulada à medida que o videoclipe se desenrola, indicando a confusão em que ele se
encontra emocionalmente. Já as cenas da banda, em que eles tocam em um terreno em meio
de escombros, são predominantemente em cores frias, para contrastar com as cenas do Jerry,
mostrando que são dois momentos diferentes dentro do videoclipe.
Devido ao estado emocional do personagem Jerry, a maquiagem aplicada foi sempre
para dar a impressão de que ele tinha olheiras e estava cansado. Isso foi feito através de
sombra preta mesclada com marrom e roxo ao redor de seus olhos, fazendo-os parecer fundos
e escuros. Essa maquiagem foi reforçada nas cenas de sua mente, simplesmente para exaltar
que aquele momento é interno, e suas emoções estão mais á flor da pele. Quanto ao palhaço,
ele mesmo executou sua maquiagem, pois ele já segue uma linha visual própria, e mesmo
quando ele virou o “palhaço negro”, continuou em relação á sua maquiagem colorida, mas em
preto e branco e com aplicações mais profundas do preto.
Todos os figurantes presentes na festa cooperaram ao se vestirem sempre de cores
quentes ou de preto. Foram adicionados acessórios, como braceletes, colares, coletes e entre
outros, para complementar o visual de cada um e as meninas usaram maquiagem carregada.
Isso foi importante para complementar a estética do ambiente, que estava mais escuro e
granulado, e somado à canção “Not So Fine” era necessário que as pessoas perecessem
pertencentes ao nicho do rock, e o todo foi montado sempre mantendo características estéticas
que dialogam com a identidade visual da própria banda.
35
4.1. Perfil do público espectador
O público alvo deste trabalho são jovens ligados em música. Além de ter o intuito de
atrair novos ouvintes para a banda, também pretende atingir pessoas interessadas em música e
dispostas a descobrir novos sons e estilos, possivelmente atraindo alguém influente o
suficiente para ajudar a banda a crescer.
O videoclipe serve como porta de entrada para os demais trabalhos da banda, é um
material para se apresentar em concursos e festivais de bandas independentes, assim como um
atrativo para a página oficial, que além de disponibilizar as canções, agora tem um videoclipe
oficial. Vale ressaltar que os ouvintes nesse caso seriam da tribo do rock, que já escutam
bandas como AC/DC, Guns ‘n Roses, Aerosmith, etc, pois se familiarizariam mais com o
estilo da banda Johnnybox.
4.2. Referências Audiovisuais
Algumas obras audiovisuais nortearam a criação do videoclipe de “Not So Fine”, tanto
em termos psicológicos do personagem, conceitual e estético do vídeo em si. Abaixo, estão
listadas tais obras.
Videoclipe: “Tainted Love”
Artista: Marilyn Manson
Direção: Philip Atwell
Ano: 2001, EUA
Link: http://www.youtube.com/watch?v=XkKulSH2nNc
Nesse videoclipe, foram utilizados reflexos de luzes coloridas na parede em
determinadas cenas, e foi daí que surgiu a idéia de que poderia ficar interessante durante a
festa em que Jerry passa as cenas finais do clipe do Johnnybox.
No vídeo de Manson, é apenas um pequeno detalhe, já no caso de “Not So Fine”, o
artifício é uma característica dominante das cenas finais, pois climatiza o videoclipe e
contribui para potencializar a forma como os sentimentos de Jerry são abordados.
36
Figura 13 - Imagem aos 2'13" do videoclipe "Tainted Love"
Videoclipe: “Bug Eyes”
Artista: Dregd
Direção: Philip Andelman
Ano: 2005, EUA
Link: http://www.youtube.com/watch?v=JQz_WjTn68U
O que chamou a atenção nesse videoclipe também foi um elemento do cenário; a
banda Dregd aparece tocando em um quarto todo revestido com um papel de parede em tons
vinhos e com desenhos tribais, de característica antiga, detalhe que foi usado de referência
para cobrir o grande espelho da sala em que acontece a cena final do videoclipe “Not So
Fine”.
Em “Not So Fine”, o espelho foi revestido por um tipo de papel de presente marrom
com desenhos arabescos em rosa, mas devido ao reflexo das luzes vermelhas nesse papel,
deu-se a impressão de que ele é vermelho.
Figura 14 - Imagem aos 0'08" do videoclipe "Bug Eyes"
37
Videoclipe: “O Castelinho na Rua Apa”
Artista: Visitantes
Direção: Rafa Calil
Ano: 2011, Brasil
Link: http://www.youtube.com/watch?v=ES1Wgcbid1E
Aqui, a locação escolhida para o vídeo foi um terreno abandonado, onde há uma
construção inacabada. Por ser um local remoto, fica claro que a equipe e a banda tiveram
bastante liberdade e mobilidade, conseguindo gravar inteiro em apenas uma locação.
Foi a partir disso que foi considerada a utilização de algum terreno desocupado, mas
no caso de Johnnybox, sem nenhuma obra iniciada.
Figura 15 - Imagem aos 1'06" do videoclipe "O Castelinho na Rua Apa"
Videoclipe: “Jesus of Suburbia”
Artista: Greenday
Direção: Samuel Bayer
Ano: 2005, EUA
Link: http://www.youtube.com/watch?v=FNKPYhXmzoE
Este clipe do Greenday aborda a vida de um jovem que apresenta diversos problemas,
tanto familiares quanto sociais, e ele parece perdido o tempo inteiro, vagando e fazendo coisas
sem pensar, o que o leva a passar por situações difíceis que ele mesmo não sabe lidar.
Jerry foi levemente espelhado nesse personagem, principalmente quando se trata da
maquiagem nos olhos e um pouco do perfil psicológico e emocional, de não saber como lidar
38
com seus sentimentos e simplesmente vagar pela vida sem rumo e sem resolução. Em “Jesus
of Suburbia”, o personagem é muito agressivo e suas características físicas deploráveis
também são muito evidentes, enquanto Jerry foi mais por uma linha emocional, depressiva e
sutil, pois Jerry, diferentemente do personagem do Greenday, apresenta ambigüidade e
bloqueio sentimentais.
Figura 16 - Imagem aos 0'00" do videoclipe "Jesus of Suburbia"
Filme: Um Corpo Que Cai (Vertigo)
Direção: Alfred Hitchcock
Ano: 1958, EUA
Sinopse: “Em São Francisco, o detetive aposentado John 'Scottie' Ferguson (James Stewart)
sofre de um terrível medo de alturas. Certo dia, encontra com um antigo conhecido, dos
tempos de faculdade, que pede que ele siga sua esposa, Madeleine Elster (Kim Novak). John
aceita a tarefa e fica encarregado da mulher, seguindo-a por toda a cidade. Ela demonstra uma
estranha atração por lugares altos, levando o detetive a enfrentar seus piores medos. Ele
começa a acreditar que a mulher é louca, com possíveis tendências suicidas, quando algo
estranho acontece nesta missão.”
In: http://www.imdb.com/title/tt0052357/
No caso dessa obra de Hitchcock, foi retirado como referência o uso da contraposição
das cores vermelho e verde. Essa característica é presente no filme onde em algumas cenas
apresentam detalhes predominantemente em cores quentes enquanto os personagens vestem
figurinos em cores frias, dando preferência ao verde no vermelho.
No videoclipe “Not So Fine” isso foi explorado abertamente em termos de cores
quentes/frias e de forma muito mais explicita do que no filme de Alfred Hitchcock, sendo que
39
a idéia era de que apenas Jerry usasse verde para que assim ele fosse o foco de contraste nas
cenas. Os membros da banda então optaram por cores frias, como azul e roxo, para se
diferenciarem dos outros elementos de cenário, que eram todos em cores quentes.
Filme: Em Nome Do Pai (In The Name of the Father)
Direção: Jim Sheridan
Ano: 1993, Irlanda/Inglaterra
Sinopse: “Gerry era um pequeno delinqüente de Belfast, durante os anos 70. Depois de ir para
a Inglaterra, é injustamente acusado como um dos quatro terroristas de Guildford, pegando
prisão perpétua e descobrindo, aos poucos, suas forças mais profundas para lutar contra tal
injustiça.”
In: http://www.imdb.com/title/tt0107207/
A forma como o personagem central do filme foi construído é levemente parecida com
Jerry, mas principalmente em termos psicológicos, do jovem rebelde e perdido. Ironicamente,
o personagem de Sheridan e o de Johnnybox têm o mesmo nome, mas escrito de forma
diferente.
40
5. Etapas da realização
5.1. Pré-produção
Foi necessária a criação de um grupo na rede social Facebook, para facilitar a
comunicação de todos os envolvidos no projeto. Considerando que são cinco membros da
banda e a equipe central de gravação foi composta por mais seis pessoas, ficaria muito
complicado passar informações e novidades através de outro meio senão a rede social. Dessa
forma, a troca de informações, as novidades, as discussões e as decisões foram feitas de forma
mais rápida e prática, com todos a par das situações. Também tornou possível que todo
mundo acompanhasse o processo de pré produção, já que todas as mudanças e as novidades
eram postadas no grupo, em foto e/ou documento.
O cronograma ficou constantemente disponível e foi alterado diversas vezes de acordo
com a disposição dos envolvidos. Foi uma forma colaborativa de produção, em que todos
podiam opinar e sugerir e assim discutir o projeto. Só quando necessário, eram marcadas
reuniões presenciais, principalmente quando havia visitação de locação e alguma alteração
muito grande e representativa no roteiro.
Foi uma saída boa para a comunicação também pela mobilidade e pela
disponibilidade, já que todos moram muito longe uns dos outros e cada um tem exerce
alguma atividade durante a semana, dificultando os encontros pessoalmente.
5.1.1. Personagens
Jerry: homem de mais ou menos 20 anos de idade, com cabelos escuros e barba.
Descabelado e desleixado, ele usa uma camiseta verde por debaixo da camisa xadrez marrom
e verde, com calças jeans surradas e um All Star preto. Tem olheiras o tempo inteiro, e o rosto
um pouco pálido. Fuma cigarro Marlboro vermelho, pois tem o filtro amarelo ficando
visualmente mais bonito na imagem.
Para melhor visualizar o personagem “Jerry”, Gustavo “Goiaba”, guitarrista da
Johnnybox, desenhou um perfil, aprovado por todos os integrantes:
41
Figura 17 - Croqui do personagem "Jerry"
42
Abaixo, o personagem Jerry, representado por Mauricio Ludewig, no videoclipe:
Figura 18 - Mauricio Ludewig como "Jerry"
Na cena de seu estado emocional, ele usa uma camiseta preta com detalhes em
vermelho e uma jaqueta de couro preta por cima. Também veste um chapéu preto, tudo para
se sobressair ao ambiente completamente vermelho em que se encontra. A maquiagem preta,
simulando as olheiras, está mais forte nesse momento.
Figura 19 - Mauricio Ludewig como "Jerry", em seu estado emocional
Banda em geral: Era necessário que os membros estivessem em cores frias para
diferenciá-los dos figurantes na festa e para entrarem em harmonia com a cena do terreno que
faz contraste com a maioria das cenas do Jerry. A escolha dos óculos escuros na gravação do
43
terreno foi feita pela própria banda, para assim diferenciar os membros com os instrumentos e
o vocalista, que não usou óculos escuros e ficou de chapéu.
A identidade visual da banda transita entre cores escuras do rock pesado e camisas
xadrez do rock grunge, enquanto o vocalista sempre se apresenta de chapéu, dando carisma e
presença à banda.
Figura 20 - Banda Johnnybox tocando na gravação
Tato: de acordo com a identidade visual da banda, o vocalista veste uma camiseta
verde com um ponto de interrogação e um colete escuro por cima. A camiseta foi escolha
dele, pois pretende mantê-la como marca registrada; o chapéu também funciona como sua
marca registrada, porém ele não está usando na cena da festa.
Figura 21 - Tato, vocalista da banda Johnnybox
44
Gustavo “Goiaba”: sempre com alguma camiseta de cor neutra e sem estampa e calça
preta. Por ser ruivo e sua guitarra ser laranja e amarela, as cores neutras se harmonizaram com
o conjunto.
Figura 22 - Gustavo, guitarrista da banda Johnnybox
Fabio Couto: no dia do terreno, ele optou por camiseta preta com detalhes em azul,
para poder ter algum toque de cor fria em sua roupa. Já na festa, ele optou por algo mais
neutro, como a camiseta escura com a jaqueta jeans, que foi o suficiente para distingui-lo
como membro da banda.
Figura 23 - Fabio, guitarrista da banda Johnnybox
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Caio Al-Behy: no terreno, ele vestiu uma regata, pois movimentou muito os braços e
precisava dessa mobilidade. Funcionou, pois mesmo estando mais no fundo, ele é facilmente
reconhecido. Na festa, ele veste uma camisa xadrez azul escura enquanto conversa com a
namorada que está de vermelho.
Figura 24 - Caio, baterista da banda Johnnybox
Rafa Pontes: ele usou a mesma roupa nos dois momentos, no terreno e na festa.
Mantendo assim coerência visual, deixando-o facilmente identificável em ambos os
momentos.
Figura 25 - Rafael, baixista da banda Johnnybox
Palhaço: o palhaço tem dois lados, o lado normal, em que ele é colorido, sorridente e
amigável. Está de passagem e carrega um buque de rosas vermelhas. E o outro lado que é o
visto pelo Jerry, em que o palhaço é escuro, macabro e melancólico. Está parado, encarando o
personagem enquanto come o buque de rosas. Ele reforça o fato de que Jerry não consegue
ver as coisas como elas são, ele apenas enxerga o que a sua mente determina, fator
contribuído pelo o palhaço ser interpretado por Tato, o vocalista da banda, deixando ambígua
a veracidade dos fatos nesse momento do vídeo.
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Figura 26 - Tato como palhaço feliz
Figura 27 - Tato como palhaço mórbido
Figurantes: aparecem apenas na cena da festa, e estão todos vestidos de vermelho,
amarelo, laranja e/ou preto, com acessórios como braceletes, bota e colares, para dar a
impressão de uma festa do nicho do rock e se comunicar com o ambiente em si.
5.1.2. Locações
A primeira locação a ser estabelecida foi o terreno em que a banda toca a música. Foi
nesse ponto que a idéia inicial do roteiro foi alterada, pois era pra ser um show nesse terreno
em que Jerry chegaria e assistiria junto com uma multidão, a poeira subiria, e ele perderia o
cigarro quando entrasse em um bate cabeça. Isso teve que mudar devido ao terreno ser todo
de grama e de ter escombros em volta. Foi a partir disso que o roteiro passou para o que é de
fato: Jerry vai a uma festa e banda tocando é um momento diferente, que acontece em
paralelo à trajetória do personagem. Os escombros serviram para decorar o cenário, e a banda
pôde transitar pelo ambiente.
47
Figura 28 - Locação um: terreno
A segunda locação foi o apartamento da festa. Normalmente é um ambiente claro e
limpo, foi com a adição de objetos de cena que demos a sensação de cheio, sujo e escuro.
Havia um grande espelho que teve que ser coberto para melhor mobilidade da equipe de
gravação, e a saída foi cobri-lo inteiro com um papel de presente.
Figura 29 - Locação dois: apartamento da festa, vista da mesa
Figura 30 - Locação dois: apartamento da festa, vista da sala
A próxima locação foi o apartamento de Jerry, o da primeira cena, onde ele acorda.
Novamente houveram mudanças de roteiro, onde originalmente ele acordaria no sofá. Mas
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devido à ausência de um sofá, ficou decidido que seria um colchonete, o que contribuiu para a
caracterização do personagem como um cara desleixado e largado.
Figura 31 - Locação três: apartamento do Jerry
Depois, estudamos a Rua Augusta, decidindo que o personagem passaria por trechos
onde há muitos grafites nas paredes.
Figura 32 - Locação quatro: Rua Augusta
Por último, foi produzida a locação do estado emocional de Jerry, ou seja um quarto
com paredes vermelhas. Apenas uma dessas paredes é de fato uma parede vermelha, a outra
foi montada com papelão pintado e colado, para podermos usar o ângulo de encontro das duas
paredes, uma verdadeira e a outra falsa. São visíveis as partes de encontro entre os papelões,
49
mas isso não foi um problema, pois se tratando da mente do personagem, causa uma idéia de
fragmentação e claustrofobia.
Figura 33 - Locação cinco: estado emocional de Jerry (quarto vermelho)
5.1.3. Roteiro
Devido às condições de locação, a idéia original foi alterada; inicialmente, Jerry
acordaria, andaria pela rua e por fim chagaria a um show da banda Johnnybox em que
estariam tocando a canção “Not So Fine”, sendo que cenas desse show seriam mostradas
paralelamente ao dia do Jerry; então entraria em um bate cabeça, perdendo seu cigarro na
multidão, e tendo que procurá-lo por meio de poeira, pernas e terra. Ao achá-lo quebrado e
pisado, ficaria frustrado.
As primeiras cenas foram mantidas: ele acorda e anda pela rua. Porém, o terreno
fornecido para a gravação não era arenoso, e sim gramado. Isso mudou muita coisa, pois a
poeira e a sujeira faziam parte do contexto. A saída encontrada foi alterar a cena final, ao
invés de um show da banda, Jerry chega a uma festa, em que os membros da banda estão lá,
como convidados, interagindo com as pessoas. O personagem se sente deslocado e
transtornado, e o final também se manteve, no meio de seu transtorno psicológico, ele perde o
cigarro, e procura pelo chão, em um ambiente escuro e com pessoas passando ao seu redor.
Novamente a idéia inicial foi mantida, pois o cigarro está quebrado e pisado, deixando Jerry
frustado. Mesmo assim, o terreno foi usado para que a banda tivesse uma parte só dela, em
que estão de fato tocando a canção, mas deixando explicito que é um momento diferente
dentro do videoclipe. Para a melhor elaboração do roteiro, foi feito o argumento, que explica a
história e trajetória do personagem Jerry. E após, foi elaborado o roteiro literário.
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ARGUMENTO
Jerry é um menino de mais ou menos 20 anos de idade e mora sozinho na cidade de
São Paulo. Leva uma vida relativamente agitada, já que não consegue ficar o dia inteiro no
mesmo lugar. Ele anda pela cidade, encontra com seus poucos amigos e vai a festas fechadas
nas casas desses seus conhecidos, para ouvir música e curtir a noite.
O maior problema de Jerry, porém, é que ele não se sente bem, ele não entende direito
o que está sentindo, mas sabe no fundo que não está feliz com o estilo de vida que segue. No
entanto, essa percepção de infelicidade não é explícita para Jerry, ele não conta para seus
amigos e também não admite para si mesmo. Apenas continua a fazer o que sempre faz: andar
pela cidade e ir a shows.
Seu dia começa como qualquer outro, a luz do sol entrando pela janela da sala, e
acordando-o, já que ele prefere dormir em seu sofá rasgado todas as noites. Com a entrada da
luz do sol, Jerry desperta e começa seu dia, relutante a levantar, mas sai de casa.
Acende seu cigarro que estava guardado desde o dia anterior, apoiado na parte
superior de sua orelha, e ao fumá-lo, substitui por outro, mas nunca encosta nesse segundo,
apenas o deixa lá, como garantia.
Ele anda pela rua e sua percepção está diferente. O mundo parece estar mais escuro e
distorcido; as pessoas não têm faces nem feições normais, apenas borrões e manchas. Ele
prefere ignorar o que vê, e continua vivendo como se nada estivesse acontecendo, ele não
divide suas percepções sombrias com ninguém, tudo isso mantém-se guardado em sua mente.
Com isso, suas emoções e pensamentos ficam confusos e desconexos, mas Jerry
apenas continua seu dia, enquanto a banda JohnnyBoy toca Not So Fine num terreno
abandonado, com entulhos e sujeira.
Jerry segue com seus planos do dia, e vai à festa no apartamento de uma amigo, não
muito longe de casa. Ao chegar lá, se depara com situações típicas de festas fechadas, pessoas
conversando, rindo alto, jogando beerpong e paquerando. Ele tenta participar de algumas
conversas, mas não consegue se concentrar; senta-se no sofá, mas se sente deslocado, pois há
um casal ao seu lado.
Ele levanta e observa o local. Horas, tudo parece acelerado, horas em câmera lenta e
ele precisa se sentar. Sua visão não se foca mais, e ele não sabe o que está de fato
acontecendo e o que é imaginação. Ao se sentar num canto da sala, ele esfrega a cabeça
tentando voltar a realidade. Neste momento, percebe que seu cigarro de garantia, aquele que
fica na orelha, não está mais lá. Com isso, vai procurá-lo, ainda agachado, e engatinhando
51
pela sala, desviando das pernas das pessoas. Quando o encontra, ele está amarrotado e pisado,
o que deixa Jerry frustrado.
52
VIDEOCLIPE “NOT SO FINE”
Banda JohnnyBoy
escrito por
Julia Tereno
1ª versão
05/08/2012
53
1. INT. SALA DO APARTAMENTO - DIA
FADE IN:
A luz do sol domina a SALA, e em um COLCHONETE SURRADO, deita
JERRY, com o braço esquerdo por cima dos olhos e um CIGARRO
AMASSADO em sua orelha direita. Ele ainda usa as roupas da
noite anterior, MEIAS, JEANS e uma CAMISETA PRETA.
A sala está bagunçada com COPOS VAZIOS pela mesa, MAÇOS DE
CIGARROS AMASSADOS e uma BANDEJA com um CARTÃO DE CRÉDITO no
CHÃO.
MÚSICA
I’ve been down, couldn’t be found
I’ve been walking all around
A luz começa a incomodar e Jerry acorda. Ainda deitado,
esfrega os olhos. Devagar ele se senta no colchonete e olha
para a luz do lado de fora da janela. Ele esfrega os olhos
novamente, respirando fundo. Pega o cigarro que está em sua
orelha, e o acende. Esfrega os olhos uma última vez e se
levanta.
Andando em direção à janela, ele se espreguiça.
CUT TO:
2.
EXT. RUA AUGUSTA - DIA
MÚSICA
I’ve been down, way underground
Don’t know what to do, just want to get out
Jerry sai do prédio, e coloca uma CAMISA VERDE MUSGO por cima
de sua CAMISETA PRETA, e a deixa aberta. Ainda andando, ele
acende um cigarro.
MONTAGEM:
1.MAÇO DE CIGARRO aberto, Jerry puxa um cigarro.
2.Coloca o CIGARRO na ORELHA.
3.MAÇO DE CIGARRO, Jerry puxa mais um cigarro
4.Cigarro na BOCA, Jerry acende e continua a andar.
54
CUT TO:
6.
INT. MENTE DO JERRY - DIA
MÚSICA
Every time I see you I get mad
Em um fundo VERMELHO ESCURO, Jerry senta encostado na parede,
joelhos para cima, com um CHAPÉU e de cabeça baixa.
BACK TO:
4.
EXT. RUA AUGUSTA - DIA
MÚSICA
Cause I know I wanna get loose, but it’s getting bad
Jerry se encosta em um POSTE DE LUZ e aguarda para atravessar
a rua, pensativo e fumando seu cigarro.
CUT TO:
5.
EXT. TERRENO ABANDONADO - DIA
MÚSICA
You always say, won’t get in my way, you always say it’s not
every day
Num TERRENO aparentemente abandonado, a BANDA JOHNNYBOY toca a
música “Not So Fine”. Estão todos vestidos de CORES FRIAS, e
interagem um com os outros enquanto tocam. O vocalista, TATO,
se move pelo local, enquanto os GUITARRISTAS, GUSTAVO e FÁBIO
tocam animados, virados um para o outro.
BACK TO:
6.
EXT. RUA AUGUSTA - DIA
MÚSICA
55
Let me just say, let’s not be late, forget about the past,
live it day by day
Jerry sobe a Rua Augusta, andando com atitude e sem olhar para
as pessoas ou para os lados. As pessoas na rua abrem espaço
para ele passar.
CUT TO:
7.
INT. MENTE DO JERRY - DIA
MÚSICA
Every time I see you I get mad
Na mesma posição, sentado e encostado na parede, Jerry apenas
olha para cima, em direção à câmera.
BACK TO:
8.
EXT. TERRENO ABANDONADO - DIA
MÚSICA
Cause I know I wanna get loose, but it’s getting bad
Banda tocando. TATO cantando de frente para o BAIXISTA,
RAFAEL.
MÚSICA
cause when Jerry says he’s all right, he says he’s all right,
I think he’s not so fine
O BATERISTA, CAIO, está mais atrás do que o resto da banda, e
neste momento, vê-se Caio em PRIMEIRO PLANO, de COSTAS,
enquanto os outros integrantes da banda interagem e se movem
pelo local.
CUT TO:
9.
INT. MENTE DO JERRY - DIA
56
MÚSICA
Maybe he’s hiding the truth in his mind, I think he’s not so
fine
Jerry está de costas e de pé, com as MÃOS apoiadas na PAREDE
VERMELHA, e sua cabeça baixa. Ele olha para trás, em direção à
câmera.
BACK TO:
10.
EXT. RUA AUGUSTA - DIA
MÚSICA
I can’t stay, through the day, I can’t stay and lose my way
Um PALHAÇO está na rua, ele brinca com as pessoas que passam e
tenta passar alegria e humor pela cidade. Enquanto Jerry
continua a subir a rua ele avista o palhaço, e então pára de
andar um pouco, pois não consegue ver direito. Ele olha
novamente.
MÚSICA
I don`t know, if you know, but I want things to grow
Agora, na visão de Jerry, o palhaço não está alegre e nem
espalhando humor. Ele está apenas PARADO, olhando para o
Jerry, segurando um CORDÃO COM UM BALÃO AZUL ESTOURADO, com a
MAQUIAGEM BORRADA. Jerry balança a cabeça, ignora a visão e
continua seu caminho.
CUT TO:
11.
INT. MENTE DO JERRY - DIA
MÚSICA
Night and day, Jerry says get out of my way
Jerry está de pé, encostado na parede vermelha, com o rosto
levemente levantado e as mãos nas costas, encarando a câmera.
57
MÚSICA
Cause I know if I don’t obey I’m gonna pay
Ele anda em direção a câmera e olha para dentro da lente,
inclinando a cabeça para o lado, ainda com as mãos nas costas.
CUT TO:
12.
EXT. TERRENO ABANDONADO - DIA
MÚSICA
You always say, won’t get in my way, you always say it’s not
every day
Let me just say, let’s not be late, forget about the past,
live it day by day
Banda tocando no terreno.
CUT TO:
13. INT. APARTAMENTO - NOITE
MÚSICA
Night and day, Jerry says get out of my way
Cause I know if I don’t obey I’m gonna pay
Jerry entra no partamento, onde está tendo uma FESTA. Ele logo
vê GRUPOS DE PESSOAS conversando e vários COPOS VERMELHOS
espalhados pela SALA.
Jerry continua a escanear o ambiente, tudo parace um pouco
devagar e ele se sente desconexo.
MÚSICA
cause when Jerry says he’s all right, he says he’s all right,
I think he’s not so fine
Maybe he’s hiding the truth in his mind, I think he’s not so
fine
58
Ele se aproxima do grupo mais próximo, em que estão o RAFAEL,
uma MENINA (BLANCA) e UM MENINO conversando. Ele tenta
participar da conversa, mas não consegue. Estão todos
gesticulando e rindo. Como não conseguiu participar, sai da
roda e se senta no SOFÁ.
CUT TO:
14.
EXT. TERRENO ABANDONADO - DIA
RAFAEL tocando.
BACK TO:
15. INT. APARTAMENTO - NOITE
Ainda sentado no SOFÁ, Jerry se inclina para frente e depois
se encosta. Está inquieto quando percebe um CASAL ao seu lado,
CAIO e uma MENINA, que estão flertando, e nem notam a presença
de Jerry. Ele olha, incomodado.
CUT TO:
16.
INT. MENTE DO JERRY - DIA
Ele olha para a câmera lateralmente, e passar os dedos pelo
CHAPÉU.
BACK TO:
17.
INT. APARTAMENTO - NOITE
Jerry decidi se levantar. Vai em direção ao corredor, e nota
uma MESA com vários COPOS VERMELHOS em cada lado, e GUSTAVO e
TATO, jogam BEER PONG.
(CONTINUED)
CONTINUED:
CUT TO:
18. EXT. TERRENO ABANDONADO - DIA
59
Os GUITARRISTAS, FABIO e GUSTAVO, tocando.
BACK TO:
19. INT. APARTAMENTO - NOITE
Jerry tenta entrar no BANHEIRO, mas FABIO o impede, pois está
lá dentro, olhando no ESPELHO e usando a PIA. Jerry aguarda,
encostado na parede do lado de fora.
CAIO passa com a MENINA, de mãos dadas rumo ao quarto. FABIO
sai do banheiro e Jerry entra.
MÚSICA
cause when Jerry says he’s all right, he says he’s all right,
I think he’s not so fine
Jerry se olha no espelho.
CUT TO:
20.
INT. MENTE DO JERRY - DIA
MÚSICA
Maybe he’s hiding the truth in his mind, I think he’s not so
fine
De olhos fechados, e bem próximo à câmera, Jerry grita.
BACK TO:
21.
INT. APARTAMENTO - NOITE
MÚSICA
cause when Jerry says he’s all right, he says he’s all right,
I think he’s not so fine
Maybe he’s hiding the truth in his mind, I think he’s not so
fine
Jerry sai do banheiro e pára no meio da SALA, ele olha em
volta, e de repente, tudo parece balançar e tremer. Ele
esfrega as mãos nos cabelos, e seu CIGARRO que estava na
60
ORELHA cai, mas ele não percebe e se senta contra a PAREDE DA
SALA. Esfrega seu rosto e cabelos.
CUT TO:
22.
EXT. TERRENO ABANDONADO - DIA
MÚSICA
not so fine
Banda tocando, todos em campo.
BACK TO:
23.
INT. APARTAMENTO - NOITE
MÚSICA
not so fine
Jerry nota que seu cigarro sumiu, e desesperado vai procurálo, engatinhando pelo chão e desviando das PERNAS das pessoas
na festa. Quando o acha, o cigarro está quebrado e pisoteado,
e ele fica frustrado.
FIM
FADE OUT.
Naturalmente, durante a gravação e a edição, algumas cenas foram excluídas, por não
se encaixarem direito no fluxo da narrativa, havendo então essa segunda pequena alteração de
roteiro literário.
Não foi realizado um roteiro técnico em virtude da proposta de gravação. Era apenas
necessária uma organização de cenas por ordem de filmagem e planos para que a direção de
fotografia não ficasse solta. Portanto a opção foi mais simplificada, e foi criada uma tabela
apenas para guiar a posição da câmera.
61
5.2. Produção
Os passos da produção foram: casting para o personagem Jerry, montagem dos
cenários nas locações pré-estabelecidas, definição da equipe, gravação e por fim, edição.
5.2.1. Casting
O casting foi realizado em dois dias. Através do grupo “Banco de atores” no
Facebook, foi disponibilizado a descrição do personagem e uma breve explicação do projeto,
e os interessados enviariam e-mail com fotos e CV para um e-mail específico do projeto.
Para os selecionados ao casting, foi enviada uma breve descrição do perfil psicológico
e visual de Jerry e o argumento do videoclipe, para que os atores se preparassem e
entendessem a proposta.
Foram oito atores pré selecionados, mas apenas cinco compareceram. O escolhido foi
Maurício Ludewig, por apresentar mais semelhanças de perfil visual e conseguir entender o
perfil psicológico do personagem.
Foi pedido que ele encenasse a cena da mente do Jerry, pois já que é um videoclipe e
não há diálogos, era necessário ver se o ator conseguia transmitir sentimentos através de
olhares e expressões. Isso foi feito ao som da música “Not So Fine”.
5.2.2. Montagem dos cenários
A primeira cena, em que Jerry acorda em seu próprio apartamento, evidencia como o
personagem é desleixado, já que o local apresenta várias coisas jogadas, ele dorme em um
colchonete rasgado, e não troca de roupas.
Figura 34 – Cenário do apartamento de Jerry
62
A Rua Augusta é a rua que ele sobe, ao sair de casa, e os grafites espalhados pelos
muros ao longo do trajeto contribuem dando mais uma vez, um ar de bagunça e sujeira.
Figura 35 - Cena na Rua Augusta
A festa em que ele vai acontece num apartamento cheio e escuro, todo decorado com
lâmpadas vermelhas e abajures; copos, garrafas e fichas de pôquer estão pelo chão e pelas
mesas, enquanto as pessoas conversam e fumam pelo ambiente. As pessoas vestem roupas de
cores quentes ou estão de preto, e apenas os integrantes da banda e Jerry estão de corem frias,
para diferenciá-los dos outros. O apartamento foi decorado com quadros de bandas de rock,
um mancebo com vários casacos e acessórios pendurados e um papel de parede marrom e
rosa, que ao brilho de lâmpadas vermelhas, parece ser todo vermelho. Tudo isso reforça a
idéia de lugar cheio, sujo e bagunçado, onde Jerry se sente deslocado. Abaixo, imagens do
ambiente vazio:
63
Figura 36 - Cenário da festa no apartamento
Figura 37 - Cenário da festa no apartamento, sala
Figura 38 - Corredor da festa no apartamento, teste de luz
O terreno em que a banda toca foi decorado com escombros, como pedaços de
madeira e restos de objetos encontrados por lá, novamente dando essa impressão de sujeira,
64
mas também um pouco de liberdade. Nesse ponto, entra em comunicação com o próprio som
da canção que é rápido e animado, apesar da letra se tratar de um tema melancólico.
Figura 39 - Cenário do terreno
5.2.3. Equipe
Vale mencionar que para a cena da festa, foi necessária a escalação de alguém para
fazer a direção de figurantes. Havia muitas pessoas para essa cena, e era preciso que durante
as gravações o diretor de figurantes lembrasse que eles não podiam olhar para a câmera, ficar
parados ou olhar para o ator, já que seu personagem foi ignorado pelas pessoas da festa para
que se sentisse mais deslocado.
Outro ponto importante disso, é que a diretora geral e a de fotografia precisavam se
focar nos membros da banda, que tinham cada um uma função dentro da festa, no ator e na
movimentação dentro do ambiente, sem ter que se preocupar com os figurantes.
Seguem abaixo, os nomes e posições da equipe envolvida no projeto:
Jerry: Mauricio Ludewig
Palhaço: Pelúcio (Marcel Ferrari Longuini “Tato”)
Banda: Caio Al-Behy (bateria), Fabio Couto (guitarra), Gustavo Loiola Miranda (guitarra),
Rafael Pontes (baixo) e Tato Ferrari Longuini (vocal)
Direção: Julia Tereno
Produção: Blanca Rajai, Julia Tereno, Rafael Pontes
Direção de fotografia: Vic von Poser
65
Direção de arte: Blanca Rajai e Marcia Rajai
Assistente de direção: Jessica Tauane
Assistentes de produção: Filipe Salvador e Jessica Tauane
Assistente de fotografia: Nadia Palma
Direção de figurantes: Jessica Tauane
Edição: Julia Tereno e Vic von Poser
Finalização:
Maquiagem: Blanca Rajai, Gika Torres e Natalia Contave
Figurino (festa): Gika Torres
Colaboração: Ana Lucia de Sousa, Ana Paula Bohnenberger, André Cobra, Camila Tereno,
Deise Martins, Helena Duppre, Linha BOMB!, Maria Lucia Tereno, Mauro Augusto de
Sousa, Murilo Pelissoni, Stella Miranda,VUC Express.
Figurantes: Blanca Rajai, Fernanda Brito Santos, Gabriel Nicolau Firmino, Helena Duppre,
Isabela Maria de Oliveira, Jéssica Bonini Torres, Karolina Lessa, Larissa Oliveira Abdalla,
Mariana Crego, Mayara Ferrari Longuini, Murilo Pelissoni, Nadia de Palma, Victor Rios
5.2.4. Gravação
A gravação foi realizada em dois dias, sendo as cenas separadas por mobilidade e
distância entre uma locação e outra. As primeiras, do terreno e da mente do Jerry ocorreram
em Alphaville, desde manhã até o pôr do sol, pois usamos a luz natural para a gravação
externa.
Enquanto as demais ocorreram em São Paulo - capital, começando de manhã no
apartamento do Jerry que é em um prédio na Rua Augusta, facilitando a gravação das cenas
seguintes que eram na própria rua. A festa aconteceu em um apartamento no Morumbi, onde
foi gravada no final da tarde e a noite, do mesmo dia.
Não foi necessária a captação de áudio, pois a qualidade não seria boa o suficiente
para colocar no videoclipe pronto, então, a canção gravada em estúdio foi sincronizada ao
vídeo na etapa de finalização, pois essa gravação está limpa e em alta qualidade.
Seguem imagens das cenas:
66
1. ESTADO EMOCIONAL DE JERRY
Figura 40 - Cena do estado emocional de Jerry
2. TERRENO
Figura 41 - Cena da banda tocando
67
3.
APARTAMENTO DO JERRY
Figura 42 - Cena de Jerry em seu apartamento
4.
RUA AUGUSTA
Figura 43 - Cena de Jerry na Rua Augusta
68
5.
FESTA
Figura 44 - Cena da festa no apartamento, entrada e sala
Figura 45 - Cena da festa no apartamento, mesa de beer pong
Figura 46 - Cena da festa no apartamento, corredor
69
5.2.5. Edição
Para a edição, foi necessário realizar uma decupagem do material bruto, para facilitar
o corte e a montagem das cenas. Foram separados os minutos dentro de cada arquivo de vídeo
das cenas gravadas. Isso facilitou na montagem do esqueleto do vídeo, dando mais noção para
os cortes e as cenas escolhidas.
5.2.6. Créditos finais
Por motivos acadêmicos, os créditos finais sobem como em um curta metragem
quando o vídeo termina. Porém, como produto comercial, a equipe será creditada na área de
descrição do vídeo quando este estiver disponível no YouTube, e não dentro do vídeo em si,
para seguir o padrão de videoclipe, onde apenas o nome da canção e da banda aparecem no
início e no final, na lateral esquerda de baixo da tela.
5.3. Pós-produção: finalização e divulgação
A finalização foi centrada na sincronização do áudio da canção com as imagens. O
mais importante era que esse áudio correspondesse às cenas da banda tocando, como se tudo
tivesse sido captado ao mesmo tempo.
Como todo o material havia sido decupado, os minutos já estavam todos planejados e
as cenas da banda no vídeo já haviam sido previamente pensadas para a sincronização. Foi
utilizado um filtro para alterar levemente as cores do vídeo, deixando todas um pouco mais
intensas, e escuras. Também foi adicionada granulação nas imagens, para dar mais atmosfera
de sujeira, suprindo a estética escolhida. Esses toques finais complementaram a narrativa e
encorparam o vídeo como um todo.
Quanto à divulgação, será feita através de mídias sociais, principalmente das páginas
oficiais da banda Johnnybox no Facebook e no YouTube. Através do Facebook, o
compartilhamento do vídeo poderá ser feito de forma muito abrangente, pois o alcance dessa
mídia social é vasto, possibilitando novas visualizações para a banda. Como já discutido pelos
alunos de Comunicação e Multimeios, Mateus Pires e Yuri de Franco, em seu memorial
descritivo de 2011: “A comunicação atingiu níveis que extrapolam a barreira jornal/leitor ou
televisão/espectador, em que vemos cada vez com maior intensidade uma relação de se
consumir, compartilhar e produzir informação” (FRANCO; PIRES; 2011: 15). Portanto,
70
devido a esse compartilhamento pelo público, a visualização do videoclipe aumenta ao
mesmo tempo em que se aumenta a audiência.
A banda também pretende utilizar o videoclipe como material de portfólio abrindo
portas para festivais e competições de bandas independentes.
5.4. Tecnologia utilizada
Para a captação das imagens foi utilizada apenas uma câmera, a Canon 5D Mark II,
não era necessário ter duas câmeras, até porque se não fossem do mesmo tipo, haveria muita
diferença nas imagens, em termos de cor, luz e qualidade.
Para a edição foi utilizado o programa Adobe Premiere CS5 e para a finalização, foi
utilizado o Adobe After Effects CS6.
71
6.
Considerações finais
O produto final deste trabalho foi a construção de um videoclipe da canção “Not So
Fine”, da banda independente Johnnybox, seguindo uma linha de narrativa como se fosse um
curta-metragem, com um personagem, Jerry e mostrando a sua trajetória. A banda teve grande
participação, pois tal narrativa foi construída com base nessa canção que foi composta pelos
integrantes e, portanto, a participação deles era essencial.
A escolha de usar um ator também foi válida, pois, mesmo com os integrantes da
banda aparecendo mais tarde como convidados de uma festa, foi possível separar os artistas e
evidenciá-los como membros, enquanto Jerry vive sua história de um dia. Nas palavras de
Lilian Coelho:
Em alguns casos, o artista canta olhando diretamente para a câmera enquanto
uma ação vivida por outros (por atores) desenrola-se paralelamente.
Performance e encenação podem ocorrer tanto no mesmo espaço quanto em
espaços e tempos diferentes. Neste caso, portanto, o artista não atua como
uma personagem, ele apenas exerce sua função primária, que é a de cantor
e/ou instrumentista. (COELHO, 2003:s/n)
Um ponto importante na realização foi a preocupação em comunicar as imagens com a
canção em si, sempre criando esse link audiovisual. Durante a produção, foram necessárias
algumas alterações, principalmente de roteiro, para que fosse possível realizar o videoclipe.
Foi possível causar efeitos de contraste entre cenas e o personagem pôde ser bem trabalhado
psicologicamente. Houve grande preocupação com os cenários que representam a estética
utilizada, como o contraste de cores e o fato de o vídeo ficar mais escuro e granulado
conforme se aproxima do final, acompanhando os sentimentos do personagem.
Quanto ao ritmo da música em relação às imagens na tela, a ideia era a de que a
movimentação do personagem refletisse no tal ritmo ao mesmo tempo em que a narrativa
fosse contínua como em um curta-metragem. Porém, o que ocorreu durante a edição foi que
para manter o formato de curta metragem e a continuidade o personagem em si não se
movimenta tanto quanto o esperado; foram feitos diversos cortes rápidos, intercalando cenas
de Jerry no seu apartamento, no seu estado emocional, na rua e na festa com imagens da
banda. Foi utilizado também a técnica do jump cut, para deixar as passagens mais rápidas.
Portanto, o foco do ritmo das imagens foi baseado em cortes, e não em elementos na própria
cena, o que resultou em uma contraposição de ritmo de imagem versus som.
A escolha de deixar uma última cena depois que Jerry encontra seu cigarro pisoteado
foi uma alteração importante que deu mais sentido a narrativa e foi executada nas últimas
72
etapas da realização. É uma cena que acontece depois dos créditos, em que ele volta a
encostar-se à parede depois de ver seu cigarro destruído, indicando que apesar de tudo que
aconteceu, a situação do personagem não muda, já que fica claro ao longo do vídeo que ele
não busca a mudança.
O resultado foi a realização do videoclipe com a cooperação da equipe e da própria
banda e, apesar das mudanças ocorridas ao longo da produção, atinge o objetivo proposto.
Esse produto irá além das finalidades acadêmicas, será divulgado e apresentado como
videoclipe oficial da banda, podendo ser disseminado pela Internet através de mídias sociais e
outros sites, servindo como porta de entrada para alcançar novos ouvintes e até mesmo animar
o público que já acompanha o trabalho da Johnnybox.
73
7. Referências bibliográficas
BASBAUM, S. R. Sinestesia, arte e tecnologia: fundamentos da cromossonia. 1999. Mestrado
em semiótica. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo. 1999.
BUÑUEL, Luis. Cinema: instrumento de poesia. In. ISMAIL, X. (Org.). A Experiência do
Cinema. Cidade: editora, ano. Páginas
CARVALHO, Claudiane. Sinestesia, ritmo e narratividade: interação entre música e imagem no
videoclipe. Programa de pós graduação em Comunicação. Universidade Federal de Pernambuco.
Vol.10, n.1, jul/2008.
COELHO, Lilian Reichert. As relações entre canção, imagem e narrativa nos videoclipes.
Artigos Acadêmicos Google. Disponível em: www.google.com.br
CORRÊA, Laura Josani Andrade. Breve história do videoclipe. Artigos Acadêmicos Google.
Disponível em: www.google.com.br
FRANCO, Y; PIRES, M. Banda Karamazov: as redes sociais e a produção cultural. Memorial
descritivo de Comunicação e Multimeios. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São
Paulo. 2011.
FRANÇA, André. Mundo do filme e mundo do espectador. Recôncavos. Bahia, v. 1, n. 1,
2007.
JANOTTI JR., Jeder S. O videoclipe como forma de experiência estética na comunicação
contemporânea. Grupo de Trabalho de Televisão da Intercom. Bahia, v. 3, n. 1, mar/1997.
Disponível em: <http://www.sergiomattos.com.br/liv_tvregionais08.html> Acesso em: 04 de
maio 2012.
MACHADO, Arlindo. A Televisão Levada a Sério. 3 edição. São Paulo: Senac, 2003.
_______________. O Sujeito na Tela. São Paulo: Paulus, 2007.
74
_______________. Pré-cinemas e pós-cinemas. 5 edição. Campinas: Papirus, 2008.
MANTOVANI, A. A MTV e o encantamento pelo ouvir: criação e manutenção dos vínculos
comunicativos entre o Canal MTV e sua audiência. Dissertação de mestrado em Comunicação
e Semiótica. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo. 2005.
MENEZES, Paulo R. Arruda de. Cinema: imagem e interpretação. Tempo Social. São Paulo,
v.
8,
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2,
out/1996.
Disponível
em:
<http://www.fflch.usp.br/sociologia/temposocial/site/images/stories/edicoes/v082/cinema.pdf
> Acesso em: 04 de maio 2012.
MOLETTA, Alex. Criação de Curta-Metragem em Vídeo Digital: uma proposta para
produções de baixo custo. 1 edição. São Paulo: Summus, 2009.
PLAZA, Julio. As imagens de terceira geração, Tecno-poéticas. In Imagem e Máquina:
a era das tecnologias do virtual (Org.) André Parente, Rio de Janeiro, Editora 34, 1993.
SOARES, Thiago. Videoclipe, o elogio da desarmonia: Hibridismo, transtemporalidade e
neobarroco em espaços de negociação. Artigos Acadêmicos Google. Disponível em:
www.google.com.br
XAVIER, Ismail. O Discurso Cinematográfico. 4 edição. São Paulo: Paz e Terra, 2008.
WIKIPEDIA.
John
Cage.
Disponível
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<http://en.wikipedia.org/wiki/John_Cage>
10/06/2012.
YIN, Robert, K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2 edição. Porto Alegre: Bookman,
2001.
75
7.1. Referências bibliográficas audiovisuais
ADOROCINEMA.
Um
Corpo
Que
Cai.
Disponível
em:
<http://www.adorocinema.com/filmes/filme-980/> 29/09/2012
CINEPLAYERS.
Em
Nome
do
Pai
(filme).
Disponível
em:
<http://www.cineplayers.com/filme.php?id=1080> 29/09/2012
IMDB. In The Name of The Father. Disponível em: <http://www.imdb.com/title/tt0107207/>
29/09/2012
IMDB. Vertigo. Disponível em: <http://www.imdb.com/title/tt0052357/> 29/09/2012
JATHACS. A história sobre a música Jeremy de Pearl Jam. Disponível em:
<http://jathacs.blogspot.com.br/2009/04/historia-sobre-musica-jeremy-de-pearl.html>
29/04/2012
MÚSICA
PAVÊ.
Silverchair
-
Emotion
Sickness.
Disponível
em:
<http://musicapave.com/videoclipes/silverchair-emotion-sickness/> 29/09/2012
POP
MATTERS.
Fitting
In.
Disponível
em:
<http://www.popmatters.com/music/videos/m/manson-marilyn-tainted.html> 29/09/2012
RECEITUÁRIO POP. 05 diretores de videoclipes que você precisa conhecer... Disponível
em:
<http://receituariopop.blogspot.com.br/2009/08/05-diretores-de-videoclipes-que-
voce.html> 26/04/2012
VAGALUME. Clipes polêmicos. Disponível em: <http://www.vagalume.com.br/especiais/os10-clipes-polemicos.html> 29/04/2012
WIKIPEDIA. Dregd. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/Dredg> 29/09/2012
__________.
Jesus
of
Suburbia.
<http://en.wikipedia.org/wiki/Jesus_of_Suburbia> 29/09/2012
Disponível
em:
76
__________.
Silverchair
discography.
Disponível
em:
<http://en.wikipedia.org/wiki/Silverchair_discography#Music_videos> 29/09/2012
1001 CLIPES PARA VER ANTES DE MORRER. 0055. Nine Inch Nails | Closer.
Disponível
em:
<http://1001videoclips.wordpress.com/2011/08/31/0055-nine-inch-nails-
closer/> 29/04/2012
_____________.
0133.
Pearl
Jam
|
Jeremy.
Disponível
<http://1001videoclips.wordpress.com/2012/02/10/0133-pearl-jam-jeremy/n/> 29/04/2012
em:
77
8. Anexos
I. Decupagem.................................................................................................................78
II. Roteiro final...........................................................................................................79
78
Decupagem
Apto (MVI_1144): 0:11 - 0:16
Apto (MVI_1147): 0:10 - 0:16
Apto (MVI_1144): 0:26 - 0:29
Apto (MVI_1140): 0:36 - 0:38
Apto (MVI_1145): 0:12 - 0:19
Apto (MVI_1146): 0:12 - 0:16
Augusta (MVI_1159): 0:03 - 0:15
Augusta (MVI_1166): 0:03 - 0:06
Augusta (MVI_1176): 0:11 - 0:13
Augusta (MVI_1176): 0:14 - 0:15
Augusta (MVI_1178): 0:40 - 0:42
Augusta (MVI_1175): 0:26 - 0:30:01
Augusta (MVI_1182): 0:39 - 041
Mente (MVI_0925): 0:07 - 0:10
Terreno
Augusta (MVI_1170): 0:02 - 0:15
Augusta (MVI_1188): 0:04 - 0:16
Augusta (MVI_1193): 0:12 - 0:21
Augusta (MVI_1194): 0:34 - 0:42
Mente (MVI_0925): 0:14 - 0:31(acelera)
Augusta (MVI_1189): 0:26 - 0:32
Terreno
House party (MVI_1261): 0:01 - 0:08
House party (MVI_1264): 0:32 - 0:36
Terreno - Rafa
House party (MVI_1265): 0:09 - 0:20
House party (MVI_1265): 0:27 - 0:30
Terreno
House party (MVI_1269): 0:15 - 0:23
Mente (MVI_0929): 0:06 - 0:08
House party (MVI_1273): 0:03 - 0:05
House party (MVI_1280): 0:01 - 0:03
House party (MVI_1284): 0:05 - 0:09
House party (MVI_1280): 0:04 - 0:06
Terreno
House party (MVI_1280): 0:13 - 0:24
House party (MVI_1287): 0:11 - 0:14
Mente (MVI_0939): 2:09 - 2:15
House party (MVI_1289): 0:12 - 0:16
Terreno
House party (MVI_1299): 0:00 - 0:04
House party (MVI_1296): 0:01 - 0:09
House party (MVI_1299): 0:11 - 0:20
House party (MVI_1301): 0:04 - 0:15
Mente (MVI_0938): 2:12 - 2:18
House party (MVI_1301): 0:23 - 0:27
Terreno
House party (MVI_1306): 0:03 - 0:17
79
VIDEOCLIPE “NOT SO FINE”
Banda Johnnybox
escrito por
Julia Tereno
2a versão
08/11/2012
80
1.SALA VERMELHA INT/DIA
Em um quarto de paredes vermelhas com aspecto antigo, que
representa o estado emocional de Jerry, ele se senta encostado
no canto das paredes, de cabeça baixa.
Veste
uma
jaqueta
de
couro
preta,
uma
camiseta
preta
com
detalhes em vermelho, calças jeans e um chapéu também preto.
CUT TO:
2. TERRENO EXT/DIA
No terreno aparentemente abandonado e cercado de escombros,
com pedaços de madeira e objetos quebrados, a banda Johnnybox
toca a canção Not So Fine.
O
vocalista
da
banda,
Tato,
está
sentado
em
uma
cadeira
quebrada de cores branca e verde no centro do campo, vestindo
uma camiseta verde com um ponto de interrogação, um colete
curto
de
cor
cinza
e
um
chapéu
vermelho
e
balançando
o
microfone pelo fio.
Rafael, baixista, um garoto barbudo que veste camiseta preta
com uma camisa xadrez azul escura e jeans.
Fabio, guitarrista, garoto loiro de pele bem clara, vestindo
uma camiseta da banda System of a Down e com sua guitarra
vermelha, encontram-se do lado direito de Tato, ambos usando
óculos escuros.
À esquerda de Tato, está Gustavo Goiaba, o outro guitarrista,
menino
alto
e
ruivo
vestido
escuros, sua guitarra é laranja.
todo
de
preto
e
com
óculos
81
O baterista, Caio, menino loiro com regata cinza e óculos
escuros, encontra-se em segundo plano, atrás de Tato.
Todos tocando seus respectivos instrumentos.
O campo se fecha e a CAM percorre por Caio.
CUT TO:
5.
APARTAMENTO DO JERRY INT/DIA
CAM fechada no rosto de Jerry, que acabou de acordar, está com
os cabelos bagunçados e veste uma velha camiseta verde, ele
está encostado acendendo o cigarro.
CAM revela o ambiente, um apartamento levemente bagunçado, com
coisas em cima da mesa branca de alumínio, uma garrafa d’água
e uma bandeja no criado mudo de madeira abaixo da janela, uma
camisa xadrez marrom e verde apoiada na cadeira branca no
canto da sala e a janela com grade de madeira espessa.
A luz do sol bate na parede lateral enquanto Jerry anda até a
janela fumando seu cigarro.
BACK TO:
7.
TERRENO EXT/DIA
Apenas Goiaba em campo, tocando guitarra, ora olha para a
câmera, ora para a guitarra. Luz do sol reflete na lente.
CUT TO:
7.
APARTAMENTO DO JERRY INT/DIA
82
Jerry de costas para a CAM, se apoia na janela, ainda fumando
o cigarro.
BACK TO:
5.
TERRENO EXT/DIA
CAM levemente tremendo e se movimentando por Tato em primeiro
plano, sentado e visto de perfil, cantando.
Goiaba em segundo plano e Caio no fundo, ambos tocando seus
respectivos instrumentos.
MÚSICA
I’ve been down
Couldn’t be found
I’ve been walking all around
CUT TO:
6.
RUA AUGUSTA EXT/DIA
É visível a parede e a porta do prédio de Jerry, com desenhos
de grafiti coloridos.
Jerry sai da porta do prédio, ajeita sua camisa xadrez marrom
e cruza o campo da câmera, andando e em ritmo acelerado.
MÚSICA
I’ve been down
Way underground
Dont’ know what to do just want
BACK TO:
83
7.
TERRENO EXT/DIA
CAM fechada em Tato cantando, ainda sentando.
MÚSICA
To get out
CUT TO:
8.
RUA AUGUSTA EXT/DIA
CAM fechada no rosto de Jerry de perfil, que continua a andar
pela rua, sempre olhando para frente.
Seu ritmo acompanha a canção.
MÚSICA
Every time I see you
BACK TO:
9. TERRENO EXT/DIA
Todos
os
apenas
membros
Tato
que
da
banda
está
de
em
campo,
pé
e
na
mesma
andando
pelo
disposição,
ambiente,
interagindo com os outros integrantes.
MÚSICA
I get mad
CUT TO:
10.
RUA AUGUSTA EXT/DIA
CAM fechada nas mãos de Jerry, que tira um cigarro do maço.
84
CAM companha o movimento quando ele coloca-o em sua orelha.
CAM fechada novamente em suas mãos enquanto ele pega outro
cigarro.
CAM acompanha quando ele o leva até a boca e acende.
Solta a fumaça na câmera e continua a andar.
MONTAGEM:
A.MAÇO DE CIGARRO aberto, Jerry puxa um cigarro.
B.Coloca o CIGARRO na ORELHA.
C.MAÇO DE CIGARRO, Jerry puxa mais um cigarro
D.Cigarro na BOCA, Jerry acende e continua a andar.
MÚSICA
Cause I just wanna get loose but it’s getting bad
BACK TO:
11.
TERRENO EXT/DIA
Fabio em primeiro plano,tocando a guitarra.
CAM levemente tremida também captura Rafael em segundo plano.
CUT TO:
12.
RUA AUGUSTA EXT/DIA
Tato como o palhaço Pelúcio, vestido de camisa vermelha e
colete cinza, cheira rosas vermelhas na rua e olha para os
lados, ao fundo uma parede grafitada. Está sol.
Do outro lado da rua, um fusca verde musgo está estacionado no
meio fio, e uma parede laranja predomina o campo, quando passa
85
um ônibus amarelo e Jerry entra em campo logo após a passagem
desse ônibus.
Andando e ainda fumando, ele olha para o lado oposto da rua,
onde se encontra o palhaço. Ele pára e observa.
Intercalam-se
imagens
do
palhaço
cheirando
as
rosas
com
imagens do mesmo palhaço, mas de maquiagem negra e sob luz
mais escura, comendo as rosas vermelhas.
CAM fechada de volta para Jerry, que observa parado.
CAM fechada no palhaço que continua a comer as rosas.
MÚSICA
You always say
Won’t get in my way
You always say it’s not every day
Let me just say
Let’s not be late
Forget about the past,
Live it day by day
Every time I see you I get mad
Cause I know I wanna get loose
CUT TO:
13.
SALA VERMELHA INT/DIA
CAM fechada no rosto de Jerry, que olha diretamente para ela.
MÚSICA
But it’s getting bad
BACK TO:
15.
TERRENO EXT/DIA
CAM fechada em Fabio tocando guitarra.
MÚSICA
(continua)
86
bad
CUT TO:
17.
RUA AUGUSTA EXT/DIA
CAM fechada no rosto do palhaço que continua a comer as rosas,
e está olhando para Jerry, ele solta algumas pétalas com a
boca, acompanhando a batida da canção.
Jerry observa um pouco mais, mas, vagarosamente, continua a
andar e fumar.
MÚSICA
Cause when Jerry says he’s all right
He says he’s all right
I think he’s not so fine
CUT TO:
14.
APARTAMENTO INT/NOITE
CAM
subjetiva,
Jerry
entra
no
apartamento,
onde
está
acontecendo uma festa e há muitas pessoas no ambiente, que é
composto por uma sala, com a área do sofá e a TV, o outro
lado, com uma mesa preta e um pendurador de casacos.
Pessoas conversando em pé, um casal sentado no sofá e um jogo
de beer pong na mesa preta, que está cercada por mais pessoas.
Tato e Goiaba jogando beer pong.
Rafael conversando em pé com mais duas pessoas.
Caio sentado no sofá com a namorada.
O ambiente é predominantemente composto por iluminação
vermelha e existem diversas garrafas de cerveja e copos
vermelhos no chão e nas mesas, enquanto as pessoas, vestidas
de preto ou cores quentes, estão conversando, bebendo e se
divertindo. Todo o ambiente remete ao nicho do rock.
A CAM se movimenta em câmera lenta e depois acelera sua
movimentação, dando um panorama geral do local.
87
CAM se fecha em Jerry, que observa o local perto da entrada,
logo que chegou à festa. Ele não sabe para onde deve ir então
apenas escaneia tudo com os olhos.
CAM passeia pelo grupo em que Rafael está conversando, com um
menino e uma menina, todos interagindo. Jerry tenta se
encaixar, mas apenas observa. Ele então decide sair desse
grupo, pois é ignorado pelos três.
MÚSICA
Maybe he’s hiding the truth in his mind
I think he’s not so fine
I can’t stay
Through the day
I can’t stay and lose my way
I don`t know
If you know
But I want things to grow
CUT TO:
15.
TERRENO EXT/DIA
CAM passeia, inicialmente fora de foco, filmando Tato cantando
lado a lado com Rafael, que está tocando o baixo e cantando o
backing vocal.
CAM acompanha Tato, que se move e dança ao ritmo da canção.
Caio em segundo plano.
MÚSICA
Night and day,
Jerry says get out of my way
BACK TO:
16.
APARTAMENTO INT/NOITE
CAM passeia pelas pessoas perto da janela, e se fixa quando
Jerry senta-se no sofá, ao lado do casal, Caio e a namorada.
Ele olha o casal que está se beijando e flertando.
MÚSICA
Cause I know if I don’t obey I’m gonna pay
CUT TO:
17.
TERRENO EXT/DIA
88
CAm fechada, inicialmente tremida, em Caio tocando, depois se
movimenta rapidamente para o lado.
MÚSICA
(continua)
pay
BACK TO:
18.
APARTAMENTO INT/NOITE
CAM
fechada
em
Jerry,
que
está
em
primeiro
plano,
ele
se
encosta no sofá, e o foco vai para Caio e a namorada que
conversam intimamente ao lado de Jerry, e estão inclinados
para frente, mas em segundo plano. Jerry olha para eles de vez
em quando. Então, levanta-se e vai em direção a mesa do jogo
de beer pong.
Caio e a namorada continuam a conversar, movimentos acelerados
e cortados.
MÚSICA
You always say
Won’t get in my way
You always say it’s not every day
Let me just say
Let’s not be late
CUT TO:
21.
TERRENO EXT/DIA
Tato está apoiado com um pé no suporte da bateria.
Tato e Caio, interagindo enquanto tocando a canção.
MÚSICA
Forget about the past,
Live it day by day
Night and day,
Jerry says
89
CUT TO:
18.
SALA VERMELHA INT/DIA
Jerry está de pé e apoiado com as duas mãos contra as paredes
vermelha, na aresta. Devagar ele olha por cima dos ombros para
a câmera.
MÚSICA
get out of my way
CUT TO:
19.
TERRENO EXT/DIA
Todos os membros da banda em campo, tocando. Tato se move pelo
ambiente.
BACK TO:
22.
APARTAMENTO INT/NOITE
CAM subjetiva, Jerry andando em direção ao corredor depois da
mesa de beer pong.
Tato e Goiaba jogando beer pong e algumas pessoas paradas em
pé conversando do outro lado da mesa.
MÚSICA
Cause I know if I don’t obey I’m gonna pay
CUT TO:
20.
CORREDOR DO APARTAMENTO INT/NOITE
O corredor é estreito, e luzes vermelhas e azuis refletem nas
paredes.
CAM em Jerry, de perfil, que está sozinho nesse ambiente e
tenta abrir a porta do banheiro.
MÚSICA
(continua)
pay
CUT TO:
21.
TERRENO EXT/DIA
CAM se movimentando em direção a Goiaba.
90
Tato, fora de foco está pulando, e Goiaba tocando guitarra.
Luz do sol refletindo na imagem.
MÚSICA
Yeah
CUT TO:
28. CORREDOR DO APARTAMENTO INT/NOITE
CAM subjetiva, Jerry abre a porta do banheiro, que é de
correr, pela metade e nota que Fabio está lá dentro, olhandose no espelho e quando Jerry tenta abrir a porta, ele olha
para o personagem e fecha a porta em sua cara.
CAM no corredor quando Jerry encosta-se na parede e aguarda,
de frente para a câmera.
MÚSICA
Cause when Jerry says he’s all right
He says he’s all right
I think he’s not so fine
CUT TO:
22.
TERRENO EXT/DIA
Todos os integrantes
enquanto eles tocam.
em
campo,
Tato
interagem
com
Goiaba
BACK TO:
23.
CORREDOR DO APARTAMENTO INT/NOITE
Fabio sai do banheiro, e Jerry acompanha com os olhos o menino
saindo.
Fabio sai de campo, e Jerry entra no banheiro. Quando fecha a
porta, Caio e a namorada passam pelo corredor e entram no
segundo quarto, de onde vem a luz vermelha.
Fecham a porta e agora há apenas o reflexo da luz azul nas
paredes do corredor vazio.
MÚSICA
91
Maybe he’s hiding the truth in his mind
I think he’s not so fine
CUT TO:
23.
TERRENO EXT/DIA
Já no momento do solo do baixo, todos os integrantes estão em
campo.
Tato volta a se sentar
microfone pelo fio.
na
cadeira
quebrada
e
balança
o
A CAM se fecha nos dedos de Rafael enquanto ele toca seu solo
de baixo.
CUT TO:
24.
SALA VERMELHA INT/DIA
CAM
de
cima
e
levemente
inclinada
para
a
direita,
vagarosamente fazendo movimentos giratórios mostra Jerry
sentado de forma desleixada no chão, com as costas em uma das
paredes, e com a mão na boca.
Ele olha para frente.
Veste a jaqueta de couro preto em apenas metade de um braço.
BACK TO:
33.
TERRENO EXT/DIA
Ainda durante o solo do baixo, CAM levemente tremida em Goiaba
que está apoiando uma perna no suporte da bateria, tocando em
direção a Caio.
CUT TO:
34.
BANHEIRO INT/NOITE
CAM fechada em reflexo de Jerry no espelho, ele se encara.
O banheiro é um ambiente claro e amarelado, apenas o rosto de
Jerry é visível, com seu cigarro na orelha.
CUT TO:
35.
SALA VERMELHA INT/DIA
92
CAM de cima continua seu movimento giratório, agora no sentido
contrário, e Jerry sentado de forma desleixada no chão, com as
costas em uma das paredes, e com a mão na boca e de olhos
fechados.
BACK TO:
36.
BANHEIRO INT/NOITE
CAM fechada em reflexo de Jerry no espelho, ele se encara e
inclina a cabeça para a direita.
CUT TO:
37.
TERRENO EXT/DIA
Rafael tocando o baixo, na lateral esquerda do campo, enquanto
Tato caminha a sua volta.
BACK TO:
38.
BANHEIRO INT/NOITE
CAM fechada em reflexo de Jerry no
encarando, mantém a cabeça inclinada.
espelho,
ele
ainda
A canção já se encaminhando para o final do solo do baixo.
CUT TO:
39.
SALA VERMELHA INT/DIA
CAM se aproximando de Jerry, ainda inclinada.
A posição do garoto se mantém a mesma.
CUT TO:
40. TERRENO EXT/DIA
Rafael tocando o baixo, na lateral esquerda do campo.
CUT TO:
41.
SALA VERMELHA INT/DIA
CAM se aproximando ainda mais de Jerry, ainda inclinada.
BACK TO:
42.
BANHEIRO INT/NOITE
se
93
CAM fechada em reflexo de Jerry no espelho, ele movimenta um
pouco mais a cabeça.
CUT TO:
43.
TERRENO EXT/DIA
Já no final do solo do baixo, Rafael tocando na lateral
esquerda do campo, enquanto Tato interage com ele, ao seu
lado.
CUT TO:
44.
SALA VERMELHA INT/DIA
CAM se aproximando ainda mais de Jerry, ainda inclinada e em
movimentos giratórios.
BACK TO:
45.
BANHEIRO INT/NOITE
CAM fechada em reflexo de Jerry no espelho, ele continua a se
encarar no espelho.
CUT TO:
46. SALA VERMELHA INT/DIA
CAM se aproximando ainda mais de Jerry, ainda inclinada e em
movimentos giratórios. Jerry continua encolhido no local.
BACK TO:
47.
BANHEIRO INT/NOITE
CAM fechada em reflexo de Jerry no espelho, ele continua a se
encarar no espelho, mas movimentando a cabeça para cima.
CUT TO:
48.
TERRENO EXT/DIA
CAM fechada em Rafael, e Tato em segundo plano, acompanhando
empolgado o ritmo da música. O solo de baixo se encerra.
Ao iniciar o solo
integrantes, Goiaba
caminha pelo espaço.
CUT TO:
da guitarra, CAM aberta em todos os
levanta a guitarra para tocar e Tato
94
49.
APARTAMENTO INT/NOITE
CAM fechada no rosto de Jerry. Ele anda pelo corredor, que
reflete luz azul em seu rosto, de volta a festa.
A câmera se movimenta, inclinando-se de um lado para outro,
indicando a própria instabilidade de Jerry.
CUT TO:
24. TERRENO EXT/DIA
Goiaba fora de foco, CAM
enquanto toca seu solo.
tremida
e
retomando
foco
nele,
BACK TO:
51.
APARTAMENTO INT/NOITE
CAM subjetiva, Jerry anda pela sala, vê Tato e Goiaba ainda
jogando beer pong.
Pessoas olham rapidamente para ele conforme ele anda.
CUT TO:
25.
TERRENO EXT/DIA
Goiaba, tocando. CAM se fecha em sua guitarra.
BACK TO:
53.
APARTAMENTO INT/NOITE
CAM fechada no rosto de Jerry, luz vermelha refletindo em seu
rosto. Ele coloca a mão na boca, depois leva as mãos à cabeça
e esfrega os cabelos.
Cigarro cai da orelha, ele não percebe.
Começa a girar e continua a esfregar a cabeça.
CUT TO:
54. TERRENO EXT/DIA
CAM fechada em Goiaba, que continua a tocar o solo.
BACK TO:
55. APARTAMENTO INT/NOITE
95
CAM fechada em Jerry que se encosta na parede, ainda com as
mãos na cabeça.
Ele se senta e a CAM acompanha o movimento.
CUT TO:
26.
TERRENO EXT/DIA
Tato em um canto do campo, Rafael em outro.
Tato arremessa o microfone e pega, começa a cantar.
Caio em segundo plano.
CUT TO:
57.
SALA VERMELHA INT/DIA
CAM fechada no rosto de Jerry.
Ele grita.
CAM perde o foco gradativamente.
MÚSICA
Cause when Jerry says he’s all right
He says he’s all right
I think he’s not so fine
CUT TO:
58.
TERRENO EXT/DIA
Tato em primeiro plano, cantando.
Goiaba e Caio em segundo plano.
MÚSICA
(continua)
fine
BACK TO:
59.
APARTAMENTO INT/NOITE
CAM fechada em Jerry sentado no chão, ao lado de uma luminária
de luz vermelha. Ele procura seu cigarro.
CAM se movimenta de um lado para outro.
96
MÚSICA
Maybe he’s hiding the truth in his mind
CUT TO:
27.
TERRENO EXT/DIA
Todos os integrantes em campo.
Caio em primeiro plano, de costas. Restante dos integrantes em
volta de Caio.
MÚSICA
I think he’s not so fine
BACK TO:
61.
APARTAMENTO INT/NOITE
CAM fechada em Jerry sentado no chão, ao lado de uma luminária
de luz vermelha. Ele procura seu cigarro.
CAM se movimenta de um lado para outro.
MÚSICA
Cause when Jerry says he’s all right
He says
CUT TO:
28.
TERRENO EXT/DIA
CAM fechada em Rafael tocando.
Tato entra em campo, de perfil, primeiro plano.
MÚSICA
he’s all right
I think he’s not so fine
BACK TO:
63.
APARTAMENTO INT/NOITE
Cigarro no chão em primeiro plano, Jerry vem rastejando em
segundo plano, procurando.
Pessoas passam por trás, frente e por cima dele, desviando.
Alguém pisa no cigarro.
97
Jerry encontra o cigarro e vê que está quebrado e pisado. Bate
com a mão no chão, no ritmo da canção.
MÚSICA
Maybe he’s hiding the truth in his mind
I think he’s not so fine
not so fine
not so fine
CUT TO:
29.
TERRENO EXT/DIA
Todos integrantes
canção.
em
campo,
Tato
FADE OUT.
FIM
no
centro,
finalizando
a
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