A enfermagem no atendimento emergencial: riscos e medidas preventivas de infecção1
The nurses in emergency care: risks and preventive measures for infection
Las enfermeras en la atención de emergencia: riesgos y medidas preventivas para la
infección
Carvalho Andriela Lima, Oliveira Jéssica Tavares, Silva Pamela Manoela de Freitas2,
Brasileiro Marislei Espíndula3, Lázara Cristina Carvalho Prado4. A enfermagem no atendimento
emergencial: riscos e medidas preventivas de infecção. Revista Eletrônica de Enfermagem do
Centro de Estudos de Enfermagem e Nutrição [serial on-line] 2011 ago-dez 3(3) 1-16.
Available from: <http://www.ceen.com.br/revistaeletronica>.
Resumo
Objetivo: abordar o processo de infecção no atendimento de enfermagem na urgência e
emergência, as principais medidas de controle, identificar como esta ocorre e as principais
conseqüências e complicações que podem causar. Materiais e métodos: a pesquisa é uma
revisão bibliográfica de caráter bibligráfico, exploratório e descritivo da literatura disponível
em bibliotecas convencionais e virtuais. Resultados: observou-se que a ocorrência de
infecções nos serviços de urgência e emergência está intimamente relacionada com vários
fatores, dentre eles destacam-se a planta física inadequada, condição de saúde do doente,
exposição dos profissionais de saúde, uso de procedimentos invasivos, não seguimento de
técnicas assépticas, recursos humanos insuficientes, equipe de trabalho desatualizada,
recursos materiais insuficientes e impróprios, bem como o atendimento ao doente de forma
desordenada, sem atenção aos princípios de assepsia. Conclusão: A execução das atividades
visando o controle e prevenção de infecções representa a qualidade da assistência e
determina custos e benefícios para o paciente, instituição e sociedade. A enfermagem deve
ser vista como instrumento que permite salvar vidas e sua assistência direcionada para
prevenção e minimização das infecções que possam vir a ocorrer.
Descritores: Infecção Hospitalar; Emergência;
Abstract
Objective: To address the infection process in nursing care in emergency care, the main
control measures, to identify how this occurs and the main consequences and complications
1
Artigo apresentado ao Curso de Pós-Graduação em Enfermagem em Emergência e Urgência 13 , do Centro de
Estudos de Enfermagem e Nutrição/Pontifícia Universidade Católica de Goiás.
2
Enfermeiras, e-mail: [email protected], [email protected],
[email protected]
3
Doutora – PUC-Go, Doutora em Ciências da Saúde – UFG, Mestre em Enfermagem, docente do CEEN, e-mail:
[email protected]
4
Enfermeira do Centro Municipal de Saúde Dr. Serafim de Carvalho, e-mail: [email protected] .
2
that can cause. Materials and methods: The research is a literature review bibligráfico
character, exploratory and descriptive literature available in conventional and virtual libraries.
Results: we observed that the occurrence of infections in emergency rooms and emergency is
closely related to several factors, among which we highlight the inadequate physical plant,
health condition of the patient, exposure of health professionals, use of invasive procedures,
Failure to follow aseptic techniques, insufficient human resources, teamwork outdated,
inadequate and unsuitable material resources, as well as the treatment of patients in a
disorderly way, without regard to principles of asepsis. Conclusion: The activities for the
control and prevention of infections is the quality of care and determine costs and benefits to
the patient, institution and society. Nursing must be seen as an enabling tool to save lives and
targeted assistance for prevention and minimization of infections that may occur.
Keywords: Infection; Emergency;
Resumen
Objetivo: Conocer el proceso de infección en la atención de enfermería en la atención
de emergencia, las principales medidas de control, para identificar cómo se produce y las
principales consecuencias y complicaciones que pueden causar. Materiales y métodos: La
investigación es una revisión de la literatura bibligráfico carácter exploratorio y descriptivo, la
literatura disponible en las bibliotecas convencionales y virtuales. Resultados: Se observó que
la ocurrencia de infecciones en las salas de emergencia y de emergencia está estrechamente
relacionado con varios factores, entre los que destacan la inadecuada condición de la planta
física, la salud del paciente, la exposición de los profesionales de la salud, el uso de
procedimientos invasivos, Si no se siguen las técnicas de asepsia, la insuficiencia de recursos
humanos, trabajo en equipo de recursos materiales obsoletos, inadecuados e inapropiados, así
como el tratamiento de los pacientes de una manera desordenada, sin tener en cuenta los
principios de la asepsia. Conclusión: Las actividades para el control y la prevención de las
infecciones es la calidad de la atención y determinar los costos y beneficios para el paciente,
la institución y la sociedad. Enfermería debe ser visto como una herramienta que permite
salvar vidas y asistencia específica para la prevención y minimización de infecciones que
pueden
ocurrir.
Palabras clave: Infección; de emergencia;
1 Introdução
O interesse da pesquisa é demonstrar que é possível realizar a assistência de
enfermagem no atendimento de urgência e emergência baseada no controle de infecção e que
isto pode influenciar positivamente na qualidade da assistência e refletir em benefícios para a
equipe, pacientes e instituição.
3
No Brasil as Unidades de Urgência e Emergência, contrariando o que para elas havia
sido planejado tornaram-se, principalmente a partir da última década do século passado, as
principais portas de entrada no sistema de atenção à saúde, eleitas pela população como o
melhor local para a obtenção de diagnóstico e tratamento dos problemas de saúde,
independentemente do nível de urgência e da gravidade destas ocorrências1.
De acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM), através da Resolução 1451/95,
urgência é a ocorrência imprevista de agravo à saúde com ou sem risco potencial de vida, cujo
portador necessita de assistência médica imediata e emergência é a constatação médica de
condições de agravo à saúde que impliquem em risco iminente de vida ou sofrimento intenso,
exigindo, portanto, tratamento médico imediato2.
Assim, é considerável o aumento do risco de infecções cruzadas nos serviços de
emergência e urgência pela grande demanda de pacientes bem como pelo despreparo dos
profissionais, falta de recursos humanos e materiais, a não adesão às práticas propostas,
dentre outros.
As infecções hospitalares são aquelas adquiridas no hospital e que se manifeste durante
a internação ou após alta hospitalar. Representam um dos mais importantes problemas de
saúde pública no mundo e a sua ocorrência é tão antiga quanto a história dos hospitais3.
Nos serviços de urgência e emergência os riscos inerentes à prestação da assistência de
enfermagem aumentam consideravelmente o índice de infecções, visto que os profissionais e
clientes são expostos a um ambiente de trabalho que facilita o surgimento de infecções
cruzadas, pela grande demanda de pacientes politraumatizados, com sangramentos e
eliminações4.
A infecção hospitalar está associada à contaminação, principalmente de materiais e
equipamentos, não podemos desconsiderar medidas imprescindíveis na prevenção e controle
das infecções destas tais como higienização das mãos e uso de EPI que deve ser um hábito
entre os profissionais de saúde, e a adesão a sua prática um desafio a ser atingido5.
O uso racional de antimicrobiano, a adoção de precauções indicadas para cada paciente
e adesão a higienização das mãos são ações que comprovadamente têm repercussões
positivas. E qualquer medida adotada na prevenção de infecções só será realmente eficaz se
associada à implementação, um maior empenho para motivar e treinar periodicamente os
profissionais, pois, a saída do problema certamente não está centralizada em recomendações
inatingíveis para prevenção e controle de infecções, mas sim no somatório de cada atitude
profissional realizada de forma consciente, participativa e responsável3.
4
As infecções vêm atingindo em escalas globais e representam uma das principais
causas de morte em pacientes hospitalizados. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, a
taxa média de infecção hospitalar é de cerca 15%, ao passo que nos EUA e na Europa é de
10%. Cabe lembrar, no entanto, que o índice de infecção hospitalar varia significativamente,
pois está diretamente relacionada com o nível de atendimento e complexidade de cada
hospital6.
Para tentar minimizar os índices de infecção hospitalar, o Ministério da Saúde lançou a
Portaria 2616 em 12 de maio de 1998 que estabelece a obrigatoriedade de comissões de
controle de infecções em estabelecimentos de saúde e como estas devem atuar7. Apesar de
sua importância, os casos de infecção tanto em emergência quanto em outras unidades ainda
subsistem.
Nesse contexto o Enfermeiro possui um papel importante na prevenção e no controle de
infecções. A orientação dos pacientes diminui o risco de ser infectado e as sequelas da
infecção. Usar as precauções de barreira apropriadas, observar a higiene criteriosa das mãos e
garantir cuidado asséptico dos cateteres intravenosos e de outros equipamentos invasivos
também ajuda na redução de infecções8.
Diante disso surge o questionamento: que elementos são necessários para impedir o
processo de infecção no atendimento de enfermagem na urgência e emergência?
Responder a esse questionamento poderá contribuir com os cuidados para evitar
infecções no serviço de Urgência e Emergência. E o foco de nossas atenções deve ser
direcionado aos profissionais de saúde de modo geral, pois eles são os sujeitos ativos desse
processo. Espera-se a compreensão das formas de prevenção e a incorporação de medidas de
biossegurança no atendimento de enfermagem.
2 Objetivos
2.1 Objetivo geral
Descrever os elementos necessários para impedir o processo de infecção no
atendimento de enfermagem na urgência e emergência.
2.2 Objetivos específicos
- Identificar como ocorre a infecção em serviço de saúde e, em especial, na urgência e
emergência;
- Detectar as principais conseqüências e complicações;
5
- Descrever as medidas de controle e prevenção.
3 Materiais e Método
Trata-se de um estudo do tipo bibliográfico, descritivo-exploratório e retrospectivo com
análise integrativa, sistematizada e qualitativa.
A pesquisa bibliográfica compreende a leitura, seleção, fichamento e arquivo dos
tópicos de interesse para a pesquisa em pauta, com vistas a conhecer as contribuições
científicas que se efetuaram sobre determinado assunto9.
Uma pesquisa descritiva é caracterizada pelo objetivo da descrição de determinada
população ou fenômeno, bem como relacionar as variáveis e os fatos10.
A abordagem qualitativa em saúde trabalha diversos significados motivações, crenças,
valores e atitudes correspondendo a um espaço mais profundo das relações, dos processos e
dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis11.
Após a definição do tema foi feita uma busca em bases de dados virtuais em saúde,
especificamente na Biblioteca Virtual de Saúde – Bireme entre setembro de 2011 a março de
2012. Foram utilizados os descritores: controle de infecção, emergência. O passo seguinte foi
uma leitura exploratória das publicações apresentadas na Bireme, no período de 1997 a
março de 2012.
Para o resgate histórico utilizou-se livros e revistas impressas que abordassem o tema e
possibilitassem um breve relato da evolução da prevenção do controle de infecções
relacionadas à saúde na urgência e emergência relacionadas à enfermagem.
Em seguida, selecionaram-se outros materiais (livros, artigos, teses, dissertações e
outros) sobre o tema, chamados de âncora - segmentos de texto específicos relacionados com
uma dada categoria e que servem de exemplo para ela12.
Realizada a leitura exploratória e seleção do material, principiou a leitura analítica, por
meio da leitura das obras selecionadas, que possibilitou a organização das idéias por ordem de
importância e a sintetização destas que visou à fixação das idéias essenciais para a solução do
problema da pesquisa.
Após a leitura analítica, iniciou-se a leitura interpretativa que tratou do comentário feito
pela ligação dos dados obtidos nas fontes ao problema da pesquisa e conhecimentos prévios.
Na leitura interpretativa houve uma busca mais ampla de resultados, pois ajustaram o
problema da pesquisa a possíveis soluções. Feita a leitura interpretativa se iniciou a tomada
6
de apontamentos que se referiram a anotações que consideravam o problema da pesquisa,
ressalvando as ideias principais e dados mais importantes.
A partir das anotações da tomada de apontamentos, foram confeccionados fichamentos,
em fichas estruturadas em um documento do Microsoft Word, que objetivaram a identificação
das obras consultadas, o registro do conteúdo das obras, o registro dos comentários acerca
das obras e ordenação dos registros. Os fichamentos propiciaram a construção lógica do
trabalho, que consistiram na coordenação das idéias que acataram os objetivos da pesquisa.
Todo o processo de leitura e análise possibilitou a criação de três categorias:
A – As principais infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) no serviço
emergencial.
B – Os riscos de adquirir infecções relacionadas à assistência á saúde no atendimento
de urgência e emergência.
C – Medidas de prevenção de IRAS no atendimento de Urgência e Emergência e
dificuldade de adesão pelos profissionais de enfermagem.
Assim, o presente trabalho envolve a leitura dos artigos, de modo que requer uma
abordagem que privilegie a compreensão do fenômeno estudado. Portanto, a análise
documental é utilizada como técnica principal de apreensão de dados.
4 Resultados e discussão
Mediante os estudos pesquisados, foram encontrados 9 estudos, que geraram três
categorias, refletidas e destacadas para apresentação e discussão dos resultados dessa
pesquisa:
4.1 As principais infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) no serviço
emergencial
De 9 estudos encontrados, 4 abordam sobre as infecções relacionadas à assistência à
saúde e serão descritos a seguir:
Na antiguidade, a reunião indiscriminada de pessoas em um ambiente confinado
facilitava a transmissão de doenças contagiosas, podendo se situar a origem da infecção
hospitalar nesse período. Tais infecções, na ausência de procedimentos terapêuticos,
apresentavam a mesma forma de transmissão que aquelas nas comunidades: vias aéreas,
água, alimentos; caracterizando e reproduzindo epidemias como a cólera e a pestes, de
caráter eminentemente exógenas e específicas13.
7
O conhecimento dos mecanismos de transmissão, aliados a ampliação dos recursos
diagnósticos laboratoriais, definiram medidas objetivas para o controle. Entre os principais
meios de prevenção incluem-se a higienização de mãos, isolamento de doenças transmissíveis
e medidas específicas para cada sítio de infecção. A prevenção de IRAS deve constituir o
objetivo da assistência prestada por todos profissionais de saúde.
A infecção hospitalar é definida como aquela adquirida após a internação do paciente e
que se manifesta durante a internação ou mesmo após a alta quando puder ser relacionada
com a internação ou procedimentos hospitalares. Manifesta-se como complicações de
pacientes gravementes enfermos, em consequência da hospitalização e da realização de
procedimentos invasivos ou imunossupressores a que o doente, correta ou incorretamente, foi
submetido14.
As infecções relacionadas à assistência à saúde são as mais frequentes e importantes
complicações ocorridas em pacientes hospitalizados. Uma infecção hospitalar acresce vários
dias ao período de internação. Além disso, geram custos elevados com diagnóstico e
tratamento.
A infecção continua sendo a maior causa de morbidade e de mortalidade em pacientes
traumatizados ou submetidos à cirurgia de emergência, apesar dos esforços na prevenção e
nos avanços na terapia antimicrobiana. A infecção pode surgir no local do trauma ou na via de
acesso para o tratamento cirúrgico, mas a mais importante é a infecção hospitalar, que ocorre
em geral fora do sítio cirúrgico ou do local de trauma, como as pneumonias, infecções do trato
urinário e relacionadas às punções vasculares. São determinantes da infecção o número e a
virulência da bactéria e por outro lado a resistência do hospedeiro. Também são fatores
predisponentes o choque, a hipoxemia, as transfusões sanguíneas, a hipotermia, a má
nutrição, o alcoolismo crônico e o diabete, dentre outras. Para evitar a infecção devem ser
adotadas práticas adequadas de controle da infecção tanto local quanto sistêmico15.
No Brasil, infecção hospitalar, constitui-se ao longo dos anos como um problema de
saúde pública, necessitando de intervenções governamentais através do ministério da saúde,
instituindo medidas específicas como a criação das Comissões de Controle de Infecções
Hospitalares e ações educativas para os profissionais de saúde. Apesar de todos os esforços e
envolvimento dos vários seguimentos (laboratórios, empresas e indústrias de tecnologias,
instituições hospitalares, profissionais de saúde, órgãos governamentais) no controle e
prevenção de infecções hospitalares, observa-se que os índices permanecem elevados, em
uma realidade pouco modificada e ainda como o surgimento de novos problemas
(microorganismos multirresistentes, seleção de flora hospitalar, antimicrobianos que não mais
são utilizados por não mais atuarem, entre outros)5.
8
Nota-se que apesar da crescente preocupação em controlar os índices de morbidades
relacionadas à assistência, a adesão às medidas de controle e conscientização de todas as
classes profissionais não ascendeu na mesma proporção.
Assim, as principais infecções são as adquiridas por não seguir técnica asséptica de
procedimentos invasivos, infecções cruzadas e doenças adquiridas pelos profissionais de saúde
devido à exposição a material biológico. Desta maneira, para que haja um eficaz controle de
morbidades relacionadas à assistência, é necessário envolvimento de todas as categorias
profissionais aliado a conhecimento e medidas de prevenção.
4.2 Os riscos de adquirir infecções relacionadas à assistência à saúde no atendimento
de urgência e emergência.
De 9 estudos encontrados, 5 abordam os riscos e serão descritos a seguir:
As estruturas físicas das unidades de urgência e emergência colocam em risco os
profissionais
de
enfermagem,
pois
geralmente
são
inadequadas
e
não
seguem
as
recomendações estabelecidas pela RDC/ANVISA 50/2002 e aliado a isto, temos a grande
demanda das unidades públicas de pronto atendimento o que agrava ainda mais está
situação16.
Na infecção hospitalar, o hospedeiro é o elo mais importante da cadeia epidemiológica,
pois alberga os principais microrganismos que na maioria dos casos desencadeiam processos
infecciosos. A patologia de base favorece a ocorrência da IH por afetar os mecanismos de
defesa
antiinfecciosa:
grande
queimado;
acloridria
gástrica;
desnutrição;
deficiências
imunológicas; bem como o uso de alguns medicamentos e os extremos de idade. Também
favorecem o desenvolvimento das infecções os procedimentos invasivos terapêuticos ou para
diagnóstico, podendo veicular agentes infecciosos no momento da sua realização ou durante a
sua permanência14.
Vários fatores tendem a explicar a ocorrência de infecções relacionadas à assistência à
saúde, entre ele temos o desenvolvimento econômico e tecnológico, o que leva ao aumento
da expectativa de vida e consequentemente eleva a proporção de pacientes internados com
maior risco de adquirir infecções. Estes demandam procedimentos diagnósticos e terapêuticos
invasivos, como o uso de respiradores, de cateteres vasculares, nutrição parenteral,
quimioterápicos e antimicrobianos e amplo espectro, que contribuem ainda mais para
aumentar este risco17.
Desta maneira, faz-se necessário o incentivo a adoção de medidas de prevenção e
controle e o uso racional de antimicrobianos.
9
Devido ao número cada vez maior de pessoas infectadas pelo vírus da hepatite B e C e
pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), os provedores de cuidados e saúde têm maior
risco de exposição a doenças que possam ser transmitidas pelo sangue ou por outros líquidos
corporais. Esse risco ainda é maior em serviços de emergência devido ao uso comum de
tratamentos invasivos em pacientes que podem ter uma ampla gama de condições e que,
frequentemente, não podem fornecer uma história médica abrangente. Assim, a enfermagem
de emergência exige muita dedicação, devido à diversidade de condições e de situações que
acarretam desafios singulares. Esses desafios incluem questões legais, riscos de saúde e
segurança ocupacional e o desafio de proporcionar cuidados holísticos no contexto de um
ambiente movido pela tecnologia e de ritmo acelerado, no qual os profissionais se defrontam
diariamente com doenças graves e mortes8.
O profissional de enfermagem é o principal agente do cuidado direto com o cliente, por
estar maior parte do tempo envolvido com a realização de procedimentos invasivos e
consequentemente exposto a fluidos orgânicos5.
Os autores concordam que os principais riscos são o trabalhador de saúde carrear
infecções e/ou se infectar e diante disso condutas como cumprir com as normas de
biossegurança e vacinar contra as doenças que se é susceptível torna-se imprescindível.
4.3 Medidas de prevenção de IRAS no atendimento de urgência e emergência e
dificuldade de adesão pelos profissionais de enfermagem.
Dos 9 estudos encontrados, 7 evidenciaram sobre as medidas de prevenção de IRAS no
atendimento de urgência e emergência e serão descritos a seguir:
Para uma atuação efetiva na ocorrência e no controle de infecções, assim como de
outras iatrogenias referentes ao modelo clínico de intervenção, há que se redimensionar o
problema para além de sua prática isolada e recolocá-lo no âmbito mais amplo de todo o
sistema de saúde, permitindo analisar não somente as suas diferentes formas de acesso e de
qualidade dessa assistência13.
Atualmente, acredita-se que uma proporção considerável das infecções hospitalares
possa se evitadas, sendo a lavagem das mãos ainda bastante importante neste contexto, pois
os microrganismos mais associados a ocorrência de tais infecções são pertencentes a
microbiota transitória(adquirida através dos contatos estabelecidos com pessoas colonizadas
ou infectadas e/ou com objetos
contaminados).Esses microrganismo podem ser eliminados
através da lavagem das mãos, sendo que, quando não realizada ou se realizada de forma
inadequada, constitui uma premissa básica, para a transmissão de microoganismo18.
10
Todos os provedores de cuidados de saúde emergenciais devem aderir estritamente às
precauções padrão para reduzir a um mínimo o risco de exposição. Apesar dos baixos índices
de soroconversão entre 0,3% e 0,5%, os acidentes devem ser tratados como emergência,
independente do status sorológico do paciente fonte, pois as medidas profiláticas terão maior
eficácia se forem aplicadas imediatamente após o acidente. O contrário também é possivel, ou
seja, o profissional soropositivo, transmitir por um acidente biológico, o vírus HIV ao paciente.
Entretanto, esta possibilidade pode ser evitada se obedecidas às normas de precauções
universais que são uso de EPI (Equipamento de Proteção Individual), como luva, máscara,
óculos, gorro, capote e botas e cuidados específicos na manipulação e descarte de material
pérfuro cortante
8,19
.
Apesar de inúmeras portarias já publicadas, ainda é reduzido o número de hospitais que
possuem comissão ou serviço de controle de infecção funcionando de maneira efetiva.
Observam-se bons serviços de controle de infecção hospitalar em instituições de grande porte,
principalmente em grandes centros, e deficiência em hospitais do interior ou periferia17.
Assim, é evidente a necessidade de um programa de controle de infecções, porém há
dificuldades concretas para que seja estabelecido e sistematizado na maioria dos setores. No
Brasil, essa realidade vem sendo modificada através da divulgação pela Agencia Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA) de critérios nacionais para o controle de infecções.
A responsabilidade de prevenir e controlar a infecção hospitalar é individual e coletiva.
A assimilação e implementação dos procedimentos corretos por quem executa no paciente,
dependerá do envolvimento de todos os profissionais que atuam na prestação da assistência
hospitalar. De nada adianta o conhecimento do fenômeno e das medidas preventivas, se
quem presta assistência não às adota no seu fazer profissional14.
Com a epidemia da AIDS, que se tomou um grande desafio, as medidas de prevenção e
controle tiveram que ser implantadas para todos os pacientes, independente do risco
presumido. Este fator foi o mais significativo na prevenção e controle das IH com impacto
sobre todos os hospitais do mundo. A gravidade, a letalidade da doença e inicialmente, a
indefinição de suas formas de transmissão contribuíram para sensibilizar órgãos oficiais,
hospitais e profissionais quanto a necessidade de adoção de medidas preventivas. Com isto, a
saúde ocupacional, foi se integrando ao controle de infecção e identificando os fatores e
procedimentos de risco e a adoção de medidas adequadas de controle14.
Em decorrência disso, em 1987 foram publicadas pelos Centers for Disease Control and
Prevention (CDC), normas de precauções universais e isolamento de substancias corpóreas,
definindo cuidados básicos a serem tomados com todos os pacientes, independentemente de
seu diagnóstico, e em 1996, realizou-se uma ampla revisão destas medidas hoje denominadas
de precauções baseadas na transmissão e precaução padrão20.
11
Sabe-se que a medida preventiva mais importante na transmissão de doenças é a
higienização de mãos, seguido pelo conhecimento das principais formas de transmissão e uso
correto de EPI.
Intervenções de alto impacto podem ser tomadas para melhorar, e para monitorar a
eficácia dos procedimentos de controle de infecção nos serviços de emergência. Qualquer
membro de uma equipe clínica pode colocar em prática estas intervenções, embora motivar os
colegas a participar às vezes é difícil21.
Neste contexto, os autores concordam que os profissionais que atuam diretamente na
assistência ao paciente devem seguir as recomendações básicas para a prevenção e o controle
de infecção e para isso é necessário planejar e implementar processo educativo e treinamento
de toda equipe.
5 Considerações finais
Por meio da revisão da literatura podemos concluir que o controle de infecção hospitalar
no serviço de urgência e emergência é dificultado por limitações presentes, tais como: a
adesão dos profissionais às medidas de prevenção e controle, a falta de preparo da equipe,
estruturas físicas inadequadas, permanência dos pacientes maior que 24 horas, dificuldade de
isolamento de área e rotatividade dos profissionais.
Essa revisão bibliográfica nos possibilitou ampliar a visão em relação ao profissional de
saúde, que mesmo tendo conhecimento de todos os riscos ainda possui um grau de aceitação
menor que o desejável. Existem ainda, profissionais que não possuem conhecimento acerca
da cadeia de transmissão de doenças e não têm consciência das consequências provocadas
por não aderir às normas de biossegurança, que minimizam o risco de infecções.
No serviço de urgência e emergência, a exposição a material biológico é uma realidade
que
se
agrava
pela
não
utilização
das
normas
pela
ANVISA,
tal
situação
requer
esclarecimentos e treinamento dos profissionais de saúde, com o objetivo de enfatizar o uso
de equipamentos de proteção individual.
O estudo acrescentou-nos ainda que a realização de uma avaliação seletiva de
enfermagem adequada no momento da admissão do paciente propicia identificar os possíveis
diagnósticos de doenças infectocontagiosas, fazendo com que os profissionais tomem medidas
controle de transmissão aos susceptíveis.
As ações de toda a equipe de saúde são imprescindíveis no controle das infecções no
pronto atendimento e este estudo pôde contribuir para o estímulo aos profissionais para que
estejam melhores preparados para atuar no contexto em que estão inseridos.
12
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A enfermagem no atendimento emergencial: riscos e medidas