SERVIÇO VESTUÁRIO
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A
Na medida
certa
Padronização de etiquetas de roupas
masculinas pretende facilitar as compras
e reduzir a quantidade de troca de peças
30 • Fevereiro 2012 • REVISTA DO IDEC
partir deste ano, comprar roupas deve se
tornar uma tarefa mais simples para os
homens. Pelo menos é essa a proposta
da nova norma sobre referenciais de medidas do corpo humano elaborada pelo Comitê
Brasileiro de Têxteis e do Vestuário (ABNT/CB
17) da Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT), composto por fabricantes, consumidores, escolas e centros de pesquisa.
A ideia é que as etiquetas das peças masculinas não contenham apenas os tamanhos P, M,
G e GG ou informações numéricas como 38, 40,
42 e 44, mas que também passem a indicar as
medidas de tórax, cintura, altura, braços e pernas em centímetros. Esse conceito, chamado de
vestibilidade, tem como objetivo informar mais
e melhor o consumidor, facilitando as compras
e aumentando a assertividade. “As etiquetas não
são fieis ao tamanho das peças, e a variação entre
as roupas identificadas com o mesmo número é
muito grande. O cliente é obrigado a provar cada
item, e muitas vezes precisa recorrer à troca”,
observa a superintendente do ABNT/CB 17, Maria Adelina Pereira.
A proposta, que ainda este ano deve ser elaborada também para peças femininas, não para
por aí. As peças do vestuário masculino serão
classificadas de acordo com três tipos físicos: normal, atlético e especial. Normal é aquele em que
as medidas dos ombros e da cintura são iguais;
atlético é quando a medida dos ombros é maior
que a da cintura; e especial é para os homens com
sobrepeso, em que a medida da cintura é maior
que a dos ombros.
LIVRE-ESCOLHA
Com a nova etiqueta, comprar pela
internet ficará mais fácil. “Com mais informações, o público se sentirá seguro para consumir na rede”, observa
o gerente de comunicação do Idec,
Carlos Thadeu de Oliveira. Além disso,
as dúvidas que surgem na hora de comprar um presente serão minimizadas.
“A norma só facilita. Hoje, tentamos
adivinhar o tamanho com base na
numeração, que como sabemos não é
fiel”, diz Oliveira.
Indivíduos com sobrepeso também
serão beneficiados. Em vez de procurar por
um GG, por exemplo, que varia bastante
entre uma marca e outra, eles poderão
pesquisar quais empresas oferecem peças
de tamanho especial e verificar as medidas. “O público será direcionado para as empresas que produzem para esse
segmento, o que facilitará a vida e minimizará o constrangimento de provar inúmeras peças e nenhuma servir”, avalia
Maria Adelina.
As empresas também sairão ganhando: as marcas que se adequarem mais
rápido à nova medida e fornecerem
informações precisas devem conquistar e fidelizar um número maior de
clientes. Além disso, com o tempo, a
necessidade de provar cada item deve
ser reduzida e, consequentemente, a
perda de peças danificadas no provador
diminuirá. Com o aumento do acerto
na hora da compra, o número de trocas
também deve cair.
Apesar de a medida dividir as opiniões do setor, para Sylvio Napoli, gerente
de tecnologia da Associação Brasileira da
Indústria Têxtil e de Confecção (Abit),
uma das entidades que participam da
Comissão da ABNT, ela só tem pontos
positivos. “Serão fornecidas informações
complementares, que ajudarão o consumidor a comprar melhor. E a adesão é facultativa, só a adota quem quer”, esclarece.
E os fabricantes não precisarão se
preocupar com uma nova fiscalização,
pois o Instituto Nacional de Metrologia,
Normalização e Tecnologia (Inmetro) continuará verificando apenas se o tamanho da
roupa está indicado. “Não há como fiscalizar a norma de padronização, porque ela
trata de medidas do corpo. Quem a adotar
e fornecer informações que não correspondem ao tamanho real será punido pelo
consumidor, que deixará de comprar. Esse
é o pior castigo”, afirma Maria Adelina.
Mas para a nova norma começar a
valer é preciso haver consenso entre todos
os interessados. Por isso, além da comissão que participou de sua elaboração, as
empresas e os cidadãos também puderam opinar e fazer sugestões na consulta
pública sobre o tema, que se encerrou em
6 de fevereiro.
Agora, o comitê deve avaliar as contribuições, e se não forem necessárias alterações técnicas, o projeto será publicado
como Norma Brasileira (NBR) e entrará em
vigor imediatamente. Se houver mudanças, ele volta para consulta pública.
Divulgação YKZ
QUE VANTAGEM LEVA JOÃO?
Exemplo de etiqueta que indica
as medidas do tórax, da cintura
e da altura
O conceito da vestibilidade já foi homologado, em 2009, para vestuário infantil e uniformes.
Mas como a regra é facultativa, poucos fabricantes aderiram a ela. “Algumas empresas acham que
acrescentar uma etiqueta pode onerar o produto. Quem a adotou, no entanto, registrou redução de
trocas e boa aceitação por parte do consumidor”, salienta Maria Adelina, do ABNT/CB 17.
A proprietária da marca infantil Clube do Doce, Vitória Dias, pensou, assim como muitos empresários do setor, que a adaptação seria complicada. “Felizmente me enganei. A resposta dos clientes
foi muito positiva, porque antes eles tinham dificuldade para saber o número que as crianças usavam. A ideia foi muito bem aceita, porque os ajudou a acertar na hora da compra”, declara.
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Clube do Doce
Quem adotou, aprova!
Etiqueta personalizada da marca
infantil Clube do Doce
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