Disciplina: Terapia intravenosa: práticas de enfermagem para uma assistência de qualidade ­ S
NT2: O Sistema de Infusão: acessórios e equipamentos eletrônicos em Terapia Intravenosa
Cateter Intravascular: tipos, características e material específico
OBJETIVO
Identificar os tipos, características e material específico dos cateteres intravasculares para atingir o
equilíbrio entre a segurança do paciente e os recursos disponíveis. Caro aluno, agora que aprendemos um pouco mais sobre a terapia
intravenosa, vamos dar continuidade, abordando, neste núcleo, as
características do material e equipamentos utilizados neste
procedimento.
Nesse contexto, cabe ao enfermeiro: a previsão, a requisição, o recebimento,
a organização e armazenamento dos materiais e equipamentos, a seleção para o uso
junto ao cliente, o descarte ou reprocessamento desses materiais, de modo
sistematizado, respeitando os preceitos éticos e legais da profissão.
Saiba Mais
Para garantir a qualidade da assistência, que tal saber mais
lendo o Manual Brasileiro de Acreditação Hospitalar e o Manual da
Organização Nacional de Acreditação. Esse material traz as diretrizes do
Programa, visando incentivar o aprimoramento da assistência hospitalar
à população e melhorar a gestão das instituições. Sistema Brasileiro de Acreditação.
Manual Brasileiro de Acreditação Hospitalar.
Na execução dos procedimentos
específicos de enfermagem,
encontramos uma enorme diversidade
de materiais em termos de
qualidade, indicação de uso e
preço, principalmente quando se trata
da administração de soluções
endovenosas. Este procedimento chama
a atenção pela variedade de opções
possíveis na montagem do sistema,
desde a escolha do diluente, passando
pelos equipos intermediários, até o
cateter de infusão.
Recomendamos a leitura sobre os materiais que são confeccionados
os cateteres, clique aqui.
Em relação aos cateteres, existem várias referências
Além disso, a escolha do
sobre eles, principalmente as relativas à indicação técnica,
devido à matéria­prima do cateter, às especificações claras e
material seguras e ao controle de infecção. Os cateteres variam
número de lúmens depende das
conforme o número de lúmens1, (apenas um lúmen, dois ou
mais). Os lúmens têm diferentes diâmetros e são classificados
do cateter e do
necessidades do paciente e dos
objetivos terapêuticos.
de acordo com a distância em relação ao coração em proximal
ou distal.
Pensando nesses aspectos, você já participou de alguma comissão
de controle de qualidade de material e de equipamentos na sua
instituição? Ou, já pensou em como diminuir desperdícios e custos
para a instituição, sem abrir mão de produtos de qualidade?
Falemos, então, desses cateteres.
Cateteres vasculares
Podem ser feitos de vários materiais, conter um ou mais lúmens, desenhados para serem
tunelizados, não tunelizados, totalmente implantados, semi­implantados, de curta permanência e de
longa permanência.
Lembramos que eles são considerados artigos de uso único e não devem ser reutilizados. Além
disso, devem seguir as recomendações do fabricante, atendendo ao padrão internacional de cor, calibre e
tamanho. Devem apresentar também alta resistência a dobras, boa rigidez estrutural para fácil inserção
na veia, baixa trombogenicidade, boa integridade estrutural, baixa aderência bacteriana e boa
estabilidade a longo prazo. Cateteres venosos
Podem ser constituídos de:
Politetrafluoretileno (PTFE)
Polímero rígido, uma vez dobrado não retorna a posição original.
Poliuretano
Permanecem mais tempo na veia; a superfície lisa do poliuretano minimiza a adesão bacteriana,
a formação de biofilme e, consequentemente, de infecções na corrente sanguínea relacionada ao uso do
cateter. Além disso, permite a mobilidade do paciente quando inserido em articulações. As principais
características do poliuretano são: dureza, resistência química e baixa trombogenicidade. Dentre as
vantagens, possui menor risco para flebite e infiltração do que o politetrafluoretileno (PTFE).
Lembramos que esse tipo de cateter não deve permanecer no interior de incubadoras ou berço aquecido,
durante o processo de escolha da veia e antissepsia da pele, para não torná­lo muito flexível durante a
inserção. O fluxo por ml é maior do que em cateteres de PTFE. Além disso, não devem ser cortados.
Cateteres de silicone
São frágeis e por isso devem ser manipulados com cuidado. Pinças, clamps e instrumentos
cortantes podem danificá­lo. Para a retirada de fio guia, esses cateteres deverão ser lubrificados com
solução salina antes da inserção. Devem ser utilizadas seringas de 10 ml em cateteres centrais de
inserção periférica para evitar o risco de rompimento acidental. O cateter de silicone apresenta
termoestabilidade, alta resistência a dobras, baixa trombogenicidade, baixa aderência bacteriana e
altíssima biocompatibilidade.
Pois saiba que, além das diversas características do cateter, outros
componentes influenciam diretamente na ocorrência de complicações, tais como:
flebite e infiltrações.
Vejamos, então, os diferentes tipos de cateteres vasculares: Cateteres periféricos
Podem ser cateteres agulhados (scalp ou tipo “butterfly”), cateteres sobre agulha ou flexíveis
(Tipo “abocath”, “Jelco”, “Introcan”e outros nomes comerciais), cateteres de linha média e cateteres
periféricos de duplo lúmen. Cateteres vasculares periféricos
São constituídos de agulha siliconizada de bisel biangulado e trifacetado, cânula de poliuretano
(teflon ou vialon), silicone, politetrafluoretileno (PTFE), protetor do conjunto agulha/ cateter; conector
luer; câmara de refluxo transparente para visualização do retorno sanguíneo; filtro hidrófobo. São
descartáveis, radiopacos e estéreis, embalados individualmente em blisteres que permitem abertura em
pétala, de forma asséptica.
Cateteres venosos periféricos
São indicados para terapiasintravenosas de média duração, que consiste na punção de uma veia
periférica, introdução da cânula do cateter e infusão de medicamentos. Devem ser substituídos conforme
protocolo de cada instituição, por exemplo, a cada 72 horas de permanência.
Esses cateteres apresentam­se nos seguintes calibres: 14G, 16G, 18G, 20G, 22G e 24G,
diferenciados pelas cores diferentes dos canhões, conforme padrão Universal. Cada calibre de cateter
venoso periférico corresponde às necessidades de cada tipo de paciente, como neonatos, pediátricos e
adultos (quanto maior a numeração, menor o calibre).
Atenção! Os dispositivos com cânulas mecânicas não deverão ser utilizados
para administração de medicamentos vesicantes, apenas para administração contínua
de medicamentos. Além disso, não devem ser inseridos em região de articulação,
devido ao risco de infiltração, rompimento do vaso e de prejudicar a mobilidade do
paciente.
Os dispositivos podem ser utilizados para acesso venoso periférico (agulhados e flexíveis) e
acesso venoso central (dispositivos totalmente implantáveis e dispositivos percutâneos).
Cateteres agulhados (escalpe ou Tipo “butterfly”)
São feitos de aço inoxidável biocompatível, não flexíveis ou dobram­se sob resistência. A ponta
de aço pode facilmente perfurar a veia depois da instalação – risco para infiltração. São classificados
com números ímpares: número 19 (que é de maior calibre), 21, 23, 25 e o 27, medindo 1,25 cm a 3,0
cm de comprimento. As asas são presas à haste, feitas de borracha ou plástico e o tubo flexível estende­
se por trás delas, variando de 7,5 a 30 cm de comprimento. Todo o dispositivo precisa ser preenchido
com a solução que será utilizada no paciente.
Esses cateteres são utilizados, geralmente, para terapia de curta duração (menor que 24 horas),
como terapia de dose única, administração de medicamento IV em bolus ou para coleta de sangue.
Vejamos, agora, os tipos de terapia infusional: Bolus: tempo menor ou igual a 1 minuto.
Infusão rápida: realizada entre 1 e 30 minutos.
Infusão lenta: realizada entre 30 e 60 minutos.
Infusão contínua: tempo superior a 60 minutos, ininterruptamente.
Administração Intermitente: não contínua, de 6 em 6 horas.
Cateteres sobre agulha ou flexíveis (Tipo “abocath”).
Consiste numa cânula com comprimento de 2,0 a 5,0 cm e calibres em números pares (n. 14, 16,
18, 20, 22). Depois da punção da veia, a agulha é retirada e descartada, deixando um cateter flexível no
vaso.
Veja abaixo a figura que mostra o cateter agulhado e o cateter sobre agulha.
Figura 1 – Cateter agulhado e cateter sobre agulha
Cateteres de linha média
Indicados para terapias de tempo intermediário, mais de duas semanas. Tem,
aproximadamente, de 18 a 20 cm. São construídos de uma camada interna de poliuretano e uma camada
externa do Aquavene. É feito de hidrogel elastomérico, uma vez dentro da veia, torna­se hidratado, ou
seja, aumenta o calibre, resultando em um mínimo de trauma para a veia. Após a inserção, ele se torna
50 vezes mais macio, permitindo o aumento do calibre em duas vezes.
Esse cateter deve ser colocado na linha média da região antecubital na região basílica, cefálica
ou mediana do cotovelo, avançando para grandes veias na região superior do braço, para maior
hemodiluição. A veia basílica é a preferida, pois possui maior diâmetro e percurso em linha reta até a
face interna do braço.
A medida do braço do
paciente deve ser tomada do
Mas, cuidado. Fique atento! O Cateter de linha média
local de inserção planejada,
não deve ser usado para administrar quimioterapia, soluções
cerca de um centímetro abaixo
com um pH abaixo de 5 ou acima de 9 ­ de soluções com uma
da axila do paciente, para
osmolalidade maior que 500 mOsm/litro, infusões rápidas de
determinar que extensão do
grande volume ou injeções em bolus de alta pressão.
cateter será inserida e que
extensão será deixada no
exterior.
Sendo assim, a escolha do tipo de cateter com um único ou vários lúmens deverá ser feita de
acordo com a necessidade e/ou gravidade do paciente, quantidade de medicações e suporte nutricional.
Lembramos que cada lúmen aumenta a manipulação de 15 a 20 vezes por dia, aumentando o
risco de infecção da corrente sanguínea associada ao cateter.
Cateter Duplo­lúmen (CDL)
É uma estrutura de material sintético usado para acesso venoso. Possui dois ramos, um
vermelho e outro azul, cada um com uma função específica. Existem várias formas e tamanhos e são
usados para hemodiálise por um curto período. Podem ser implantados em veias consideradas centrais:
jugular interna (no pescoço) e prolonga­se até a veia cava, que fica na entrada do coração; femoral
(região da virilha); subclávia (embaixo ou acima da clavícula). Figura 2 ­ Cateter de duplo Lúmen
Cateteres intravenosos centrais
Têm material usualmente radiopaco ou uma listra adicionada para assegurar a visibilidade
radiográfica. Geralmente utilizados para terapia de longa duração, maior conforto ao paciente e
diminuição de riscos associados com terapias múltiplas.
Atenção! Os cateteres percutâneos e venosos centrais tunelizados localizados
em nível central, devem ser inseridos por profissionais médicos.
Cabe ao enfermeiro os cuidados de curativo, assepsia e funcionalidade do
cateter, observando sempre possíveis sinais de infecção. Já os cateteres centrais de
inserção periférica podem ser inseridos por enfermeiros com curso de capacitação por
sociedades de especialistas.
Cateteres tunelizados
Feitos de silicone, possuem de 50 a 60 cm de comprimento e lúmen com diâmetro interno de 22
a 17 gauge. A espessura das paredes de silicone varia de acordo com o fabricante. Eles podem ser de
lúmen único, duplo ou triplo. São implantados cirurgicamente (cateter de Hickman, Broviac, Groshong ou
Quinton) com um túnel subcutâneo e um “cuff de dracon” próximo ao sítio de exteriorização, que inibe a
migração de micro­organismos e estimula a aderência ao tecido subjacente, selando o túnel. Indicado
para pacientes que necessitam de acesso vascular prolongado (quimioterapia, infusão domiciliar ou
hemodiálise).
Cateter umbilical venoso e arterial
Geralmente de n. 2,5, n. 3.5, n. 5.0, em poliuretano, com extremidade aberta, com orifícios
laterais, linha radiopaca, graduada de 1 em 1 cm com 30 cm de comprimento. É comum a utilização de
artérias umbilicais e veia umbilical em recém­nascidos. São vasos razoavelmente calibrosos e de fácil
acesso. As artérias umbilicais são utilizadas, principalmente para monitorar os gases sanguíneos
arteriais. A veia umbilical é cateterizada para infusões de líquidos e medicamentos. O trajeto ideal do
cateter é a veia umbilical, o ducto venoso de Aranzio e a veia cava inferior. A localização da
extremidade do cateter na aorta deve ser na altura da vértebra lombar ­ L2 (± 1,5 cm acima da
bifurcação da aorta) ou na altura do diafragma, para proteger a emergência das artérias renais e
mesentéricas.
Figura 3 ­ Cateter umbilical venoso e arterial.
Cateter venoso totalmente implantado (Porth­a­cath)
São dispositivos desenvolvidos pela engenharia genética, de borracha siliconizada, cuja
extremidade distal se acopla a uma câmera puncionável, que deve permanecer sob a pele embutida em
uma loja no tecido subcutâneo da região torácica. O acesso é feito através de punção da pele sobre a
câmera puncionável ou reservatório, constituído, em geral de aço inoxidável (menos indicado), titânio ou
plástico e borracha de silicone puncionável em sua parte superior. Além disso, a agulha utilizada para a
punção deve ser do tipo Huber, que apresenta o bisel lateralizado e não em sua extremidade distal,
ocasionando menor traumatismo à membrana de silicone, permitindo assim, um número maior de
punções.
Figura 4 ­ Cateter venoso totalmente implantado
Cateter venoso central não tunelizado
Cateter inserido percutaneamente em veias centrais (jugulares internas, femorais ou
subclávias). É o tipo mais utilizado, especialmente em pacientes de unidades críticas. Pode ser de um,
dois ou mais lúmens. A sua inserção requer médico treinado, paramentação completa, anestesia local e
radiografia após para checagem de posicionamento. Não há necessidade de centro cirúrgico. Por não
serem tunelizados, necessitam permanentemente de um ponto de fixação para prevenir saída acidental. Cateter central de inserção periférica (CCIP)
Cateter inserido por veia periférica (geralmente cefálica ou a basílica) até a veia cava superior.
Os CCIPs são cateteres de longa permanência, fabricados de silicone ou poliuretano. Utilizam­se técnicas
de imagem como o ultrassom ou a fluoroscopia para guiar sua colocação. É considerado um dispositivo de acesso vascular seguro, por permitir a administração de fluidos
e medicamentos que não podem ser infundidos em veias periféricas diretamente na circulação central.
Asindicações para o seu uso incluem terapias de duração prolongada (acima de uma semana); infusão de
medicamentos vesicantes, irritantes, vasoativos, de soluções hiperosmolares ou com Ph não fisiológico, a
exemplo de alguns antibióticos e de quimioterápicos antineoplásicos; administração de hemoderivados,
medida de pressão venosa central e coleta de sangue. Tem menor custo devido à sua inserção periférica,
erradicando complicações potenciais como pneumotórax, hemotórax, lesão do plexo braquial e embolia
gasosa.
Resolução ­ RDC n. 56 ­trata do regulamento técnico de requisitos essenciais de segurança e
eficácia de produtos para saúde.
NR 32 ­ trata da segurança e saúde no trabalho em serviços de saúde. Resolução ­ RDC n. 30 ­ dispõe sobre o registro, rotulagem e reprocessamento de produtos
médicos.
Resolução ­ RDC n. 17 ­ dispõe sobre as Boas Práticas de Fabricação de Medicamentos.
Caro aluno, concluímos essa Unidade de Estudo esperando que
você tenha percebido a importância desse conhecimento, tão
específico, sobre diferentes cateteres e sua correta utilização.
Então, prepare­se para o nosso próximo encontro.
Referências
APECIH – Associação Paulista de Estudos e Controle de Infecção Hospitalar. Infecção associada ao
uso de cateteres vasculares. 3. ed. São Paulo, 2005.
INS­BRASIL. Infusion Nurses Society. Diretrizes práticas para terapia intravenosa. São Paulo:
Marketing Solutions, 2008.
BRASIL. INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER. (INCA) Ações de enfermagem para o controle do
câncer: uma proposta de integração serviço. 3. ed. Revisada atualizada, ampliada. Rio de
Janeiro: INCA, 2008.
CRISTINA, A.; TEIXEIRA, E.L.P.; SILVA, M. O conhecimento da equipe de enfermagem sobre o
manuseio do cateter central de inserção periférica PICC em uma UTI de um hospital do sul de
Minas. Universidade José do Rosário Vellano. Varginha, 2009. Disponível em:
<http://www.paulomargotto.com.br/documentos/PICC­2009.pdf>. Acesso em: 16 de agost. de 2010.
LIMA, F. D. A. Escolha do Dispositivo de Cateterização Venosa Periférica, Mestrado em
Enfermagem. Centro de Ciências Biológicas e da Saúde. Programa de Pós­Graduação. Universidade
Federal do Estado do Rio de Janeiro, 2009. Disponível em: <http://www.unirio.br/propg/posgrad/stricto_paginas/site%20Enfermagem/SiteENFv3/
dissertacoes/dissertacoes%202009/escolha%20do%20
dispositivo%20de%20cateterizacao%20venosa%20periferica%20contribuicoes%2
0para%20o%20cuidado%20de%20enferma.pdf>. Acessado em: 27 de agost. de 2010
SILVA, L. M. G. Cateteres venosos In: BORK, A. M. T. Enfermagem Baseada em Evidências. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
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Cateter Intravascular - Conselho Federal de Enfermagem