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News
A revista do Grupo LET Recursos Humanos
N0 47 | Setembro / Outubro | 2014 | Ano 8 | www.grupolet.com
ESPECIAL
Cyd Alvarez, Presidente
da NBS, e o valor da
MÚSICA para engajar
e inovar no mundo da
Publicidade — Pág. 6
EMPREENDEDOR É…
SILVIO CARVALHO JR.
Presidente da
CARVALHÃO GUINDASTES
e a sua aula de
“Como se faz negócio”! — Pág. 10
Bate- papo
FALANDO SOBRE RELAÇÕES TRABALHISTAS
Carlos Lupi
Ex-Ministro do Trabalho e Emprego
“Temos que aumentar a capacidade do
Brasil competir no mundo; sou a favor da
internacionalização do trabalho” - Pág. 16
Entrevista
Foto: Zuh Ribeiro / Army Agency
Papo com o leitor
“É tempo de falar em
Relações do Trabalho”
Em uma época em que é muito importante decidir quem estará tomando as decisões
neste país o tema das relações trabalhistas ganha destaque: das discussões acaloradas da mídia e das ruas para as nossas páginas. A começar pela reportagem de capa,
um bate-papo franco e aberto com o ex-Ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Luppi.
Dificuldades impostas pela legislação atrasada à parte, Luppi descreve os avanços que
já tivemos e o que ele acredita que será possível evoluirmos para o futuro nesse diálogo
sempre desafiante entre empregadores e empregados.
Outro grande conteúdo nos é oferecido pelo empresário Silvio Ferreira de Carvalho Jr., da
Carvalhão, ícone nos transportes de carga e serviços com guindastes. A matéria que conta
um pouco de sua trajetória é uma aula para futuros e presentes empreendedores nesse país.
E o que falar de relações do trabalho ao desvendarmos aqui os segredos do sucesso da
Cofix Engenharia?! Seu líder, João Manuel Fernandes, português que chegou ao Brasil
há 39 anos e abraçou esta terra e os brasileiros com muito orgulho, tem “RH na veia” e
quebra paradigmas diariamente no segmento da Construção Civil.
Trazendo novidades para o ambiente de uma organização, a agência de publicidade
NBS mostra, a partir de sua alta-liderança, como usar a música para proporcionar inovação e satisfação no trabalho. Se o que é tradicional pode inovar, o que é moderno
também gera dores de cabeça. Leia nossa matéria sobre “RH e smartphones”, além da
entrevista com o recordista brasileiro de memória e entenda por que...
Joaquim Lauria
Diretor Executivo do Grupo LET Recursos Humanos
“O nosso CORAÇÃO é de vocês!”
Além de oferecer atendimento personalizado ao candidato, fazendo sempre o possível para que ele não espere para ser ouvido
ou entrevistado, o escritório do Grupo LET no Centro do Rio de
Janeiro tem muitos corações abertos para aqueles que buscam
espaço no mercado de trabalho.
RH, DP e Comercial, atuam como um time. “O nosso trabalho
é o de entregar às empresas um candidato, mais do que pronto,
muito bem informado. Por isto, oferecemos orientação a eles sobre posturas profissionais mais adequadas em cada ambiente de
trabalho. Um pequeno ajuste que o candidato pode fazer sem problemas é decisivo para
que ele não seja reprovado pelo gestor da empresa”, argumenta Isabella Amorim, Coordenadora de RH do escritório LET-Centro Rio (e também da Matriz Barra).
Com diversos processos seletivos em aberto, sobretudo, nos setores da indústria e varejo
(em franca expansão), o Grupo LET-Centro-Rio tem salas com capacidade para entrevistas
individuais, coletivas, palestras e dinâmicas de grupo. Antes do contato com os nossos
profissionais, já na recepção, um quadro traz informações detalhadas sobre o perfil das
vagas em aberto.
Se ao candidato, o atendimento é de coração e alma, aos clientes- empresa o Grupo LET
não faz por menos: “Não trabalhamos apenas o perfil da vaga; buscamos conectá-la ao panorama do mercado, informamos aos clientes o monitoramento diário do processo seletivo
da vaga, bem como os laudos com o perfil comportamental completo de cada candidato”,
revela a Coordenadora de RH.
2 | Setembro / Outubro | 2014 |
O Grupo Let Recursos Humanos
parabeniza o Rio de Janeiro
pela conquista do título
de Patrimônio Mundial da
Humanidade pela Unesco!
Expediente
Grupo LET
Recursos Humanos
Membro Oficial
Caros leitores,
Boa leitura a todos vocês!
Nonono
Foto: Divulgação
Entrevista Especial
Editorial
Matriz – Rio de Janeiro (RJ) - Barra
Centro Empresarial Barra Shopping
Av. das Américas 4.200, Bloco 09,
salas 302-A, 309-A – Rio de Janeiro –
RJ – tel.: (21) 3416-9190
CEP – 22640-102
Site: http://www.grupolet.com
Escritório LET – Rio de Janeiro (RJ)
Centro – Avenida Rio Branco 120,
grupo 607, sala 14, Centro,
Rio de Janeiro (RJ), CEP: 20040-001
tel.: (21) 2252-0780 / (21) 2252-0510.
Escritório LET – São Paulo (SP)
Rua 7 de Abril, 127, Conj.42, Centro –
São Paulo – SP – CEP:01043-000 – Tel:
(11) 2227-0898 ou (11) 5506-4299.
Escritório Juiz de Fora (MG)
Rua Halfeld 414, sala 1207, Centro
Juiz de Fora (MG) – Brasil - CEP:
36010-900 Tel: (32) 3211-5025
Escritório Belo Horizonte (MG)
Rua São Paulo 900, Salas 806 e 807,
Centro, Belo Horizonte - CEP: 30170-131
Tel.: (31) 3213-2301
Diretor Executivo: Joaquim Lauria
Diretor Adjunto: Kryssiam Lauria
Revista
Publicação bimestral
Setembro / Outubro 2014
Ano 8 – Nº 47
Tiragem 2.000 exemplares
Jornalista responsável (redação e edição):
Alexandre Peconick
(Comunicação Grupo LET)
Mtb 17.889 / e-mail para
[email protected]
Diagramação e Arte:
Murilo Lins ([email protected])
Foto da Capa:
Célio de Alcântara e Alexandre Peconick
Oportunidades:
Cadastre seu currículo diretamente em
nossas vagas clicando www.grupolet.
com/vagas/candidato e boa sorte!
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Impressão:
Walprint Gráfica e Editora Ltda.
Endereço: Rua Frei Jaboatão 295,
Bonsucesso – Rio de Janeiro – RJ
E-mail: [email protected]
Tel: (21) 2209-1717
Renato Alves
Segredos do RECORDISTA BRASILEIRO de MEMÓRIA
O
ser humano que se tornou
referência nacional em
treinamentos de aprendizagem acelerada e em
memorização foi, na infância e adolescência, um aluno abaixo da média. Assistia a aulas inteiras para se esquecer
de tudo. Estudava para provas e, no
momento decisivo, não se lembrava
de nada. Este paulista também teve
seus esquecimentos refletidos no trabalho, gerando perda de tempo, material, dinheiro e produtividade.
Renato Alves buscou tratamentos
e remédios para memória, mas a solução definitiva encontrou nos velhos
textos com os métodos de memorização utilizados desde os tempos da
Grécia Antiga. Ao longo de muitos
anos aprofundou-se nos estudos da
memória e, em 2006, tornou-se recordista brasileiro de memorização.
A conquista inédita foi resultado
da aplicação de um método próprio
de memorização que o permitiu gravar uma sequência de 110 palavras
aleatórias e número com 110 dígitos aleatórios em 4 minutos. Autor
de inúmeros livros, entre os quais
“Faça Seu Cérebro Trabalhar para
Você (Editora Gente)”, Renato partiu
dessa conquista para oferecer sua
capacidade ao mundo corporativo.
Graduado em Ciências da Computação pela Universidade de Marília, estudou Ciências Cognitivas e
Filosofia da Mente pela UNESP, foi
membro do GAEC (Grupo Acadêmico de Estudos Cognitivos) e tornouse pesquisador cognitivo nas áreas
de aprendizagem, concentração e
memória. O Método Renato Alves ®
recebeu em 2012 o Selo WEC, que
confere o grau máximo de excelência em treinamentos presenciais.
O jeitão introvertido e simples, mas
com extrema confiabilidade, nos traz
nesta entrevista alguns bons ensinamentos.
NEWSLET – Tecnicamente falando, o que
é a CONCENTRAÇÃO?
Renato Alves – É uma função pronta
do cérebro humano que todos nós
possuímos, mas que muitas vezes fica
inacessível de acordo com o estilo de
vida que a pessoa adota. Concentração não é algo para o qual devamos
treinar. A concentração será um exercício de exclusão. Vamos imaginá-la
como o miolinho de uma cebola. Para
chegarmos a esse miolinho temos que
eliminar as camadas e o que são essas camadas para nós? O ambiente
externo e interno que muitas vezes
nos impedem de acessar o estado de
concentração necessário.
NEWSLET – E o que é a MEMÓRIA?
Renato Alves – Um mecanismo de
defesa do organismo. Nós gravamos
aquilo que nos causa prazer, para poder repetir; o que nos ajuda a sobreviver; e também gravamos o que nos
causa dor, para podermos nos preservar. A memorização é um instinto de
defesa humano que te protege em si| 2014 | Setembro / Outubro | 3
Dicas New
Novo Dicas NEWSLET - Cultura
tuações onde podem ser evitados prejuízos financeiros ou onde podem ser
obtidas oportunidades ao memorizar
determinado argumento.
NEWSLET – O que explica que um número cada vez maior de pessoas, mesmo
com pouca idade, esteja tendo problemas
com a memória?
Renato Alves – A falta de estímulo. Hoje
as pessoas têm uma facilidade muito
grande de ter todos os dados à mão,
seja pelo computador, pelo celular ou
outros mecanismos. Porém não exercitam o cérebro, a memória, que fica lenta
por falta de estímulo. O problema é que
a pessoa entra em um ciclo perigoso,
onde se a sua memória fica lenta, passa
a não confiar nela. E se não confia, ela
passa a recorrer às memórias artificiais.
Ao adotar memórias artificiais não usa
o próprio e vasto recurso natural que
tem. Outro ponto: muita gente faz muita
coisa ao mesmo tempo. Às vezes algo
que lhe é pedido com urgência , se não
for feito naquele momento a pessoa
tende a esquecer de fazer naquele dia.
A questão de ter que administrar várias
coisas ao mesmo tempo é uma armadilha para a memória.
NEWSLET – Pessoas que tomam muitos
calmantes afetam a sua memória?
Renato Alves – Afetam. A química desses medicamentos altera o funcionamento normal do cérebro, as conexões
dele com o restante do organismo. O
calmante muitas vezes vai fazer com que
você perca a concentração na tarefa que
precisa ser realizada. Quem dorme a
base de remédio, com o sono induzido,
não terá a restauração ideal do desgaste
de um dia. Ela não terá um sono REM,
onde se faz a codificação da memória
daquilo que aprendemos durante o dia.
NEWSLET – O que podemos fazer para
não desviar a concentração ou mantê-la
mesmo em meio a inúmeros apelos e distrações eletrônicas?
Renato Alves – Primeiro: priorize.
Escolha algo para se concentrar e
4 | Setembro / Outubro | 2014 |
“O problema
não é a falta
de memória,
mas a falta de
estímulo,.. ter
muitos dados á
mão, muitas vezes
é uma armadilha”
minimize o resto. O cérebro faz isto.
Segundo: se organize; escolha locais
fixos para guardar tudo e escreva na
sua agenda tudo o que pretende fazer
nos dias seguintes. Terceiro: se puder
fazer algo, faça imediatamente (o tempo do esquecimento gira em torno de
três segundos). Quarto: durma de seis
a oito horas, sem barulho no cômodo
e sem interromper o sono. Temos que
tirar essa névoa de comportamentos e
escolhas erradas que fazemos durante o dia que acabam prejudicando a
nossa memória.
NEWSLET – É possível cada um decidir
o que entra em sua memória? De que forma?
Renato Alves – Sim. Por exemplo,
imagine que uma pessoa precise ter
qualidade de memória no trabalho
dela. E ela sabe que a depressão é um
inimigo da memória. Ela não pode, por
exemplo, ficar vendo ou escutando
programas que foquem na violência
e em notícias ruins. Estará poluindo a
memória e ficará mais triste com facilidade. Você deve ver e ler coisas que
lhe tragam pensamentos positivos.
A pessoa deve ter um compromisso
com isto. Como se fosse um dever de
casa. A organização é um valor moral.
Isto deve ser uma rotina.
NEWSLET – Que exercícios simples podemos fazer para que não esquecer fatos
recentes?
Renato Alves – Ao terminar de ler um
parágrafo de um texto feche os olhos
e tente explicar pelo seu pensamento,
ou oralmente, para si mesmo, aquilo o
que foi lido. Explique de forma simples
como quem o faz a uma criança, ou
seja, imagine que aquele que receber
a sua explicação poderá, sempre, ter
dúvidas. Traduza o seu texto em imagens ou exemplos concretos. Ao fazer
isto, aquela memória de três segundos, de curto prazo, é transformada
em ligação cerebral. Cria-se uma memória de médio prazo. Isto também
pode ser feito por escrito. Elimine os
“ladrões de atenção”, por exemplo,
o barulho de um escritório, os sons
vindos da rua, o celular tocando, a
mensagem que chega no celular, esses ruídos podem tirar o nosso foco.
Para evitar isto devemos ter a força
para eleger PRIORIDADES. Estabeleça quais são elas, em qual ordem, por
qual período de tempo, e siga COM
RIGOR essas prioridades. Parece simples, mas muita gente não faz isso.
Isso é ter produtividade. O ambiente
de trabalho em baias, em aquários
cria muitos “ladrões de atenção”. Para
muitos profissionais isto funciona,
mas para outros que devem ter muita
concentração para produção intelectual não funciona.
NEWSLET – Por que a qualidade de memória pode ser associada à qualidade de
liderança? Explique esta conexão...
Renato Alves – Do ponto de vista prático, a pessoa que tem um acervo melhor de informações na memória, às
quais possa recorrer com frequência,
será uma pessoa mais respeitada e
mais admirada. Ela terá mais alternativas de trazer soluções de forma mais
rápida. Muitas dessas pessoas são
vistas como líderes naturais.
“Ler é muuuito bom”
“Life Coaching – em uma abordagem de três
inteligências”, de Ritah Oliveira – Qualitymark
Editora
Dedicar-se a melhorar suas relações de vida por uma
perspectiva positiva nem sempre é tão simples na prática. Do jeito que as coisas andam, nem é para ser. A
autora desta obra nos ajuda a fazer conexões entre
três formatos de inteligência que nos levarão a conseguirmos, antes de tudo, sermos líderes de nós mesmos, antes de protagonizarmos uma série de transformações necessárias na sociedade que nos cerca.
“Intraempreendedorismo – Conceitos e Práticas”, de José Guilherme Said Pierre Carneiro
– Qualitymark Editora
Nosso Bate-Pronto da edição é com este consultor
de Desenvolvimento Humano que dá dicas para que
muita gente possa gerar práticas de sucesso com
algo realmente inovador.
De bate-pronto com o autor
...até por isto, fazemos aqui três perguntinhas
a José Guilherme (autor) que muita gente gostaria de ver respondidas. E ele responde...
Como alguém pode ser definido com intraempreendedor?
J.G. - É uma pessoa que possui um ímpeto pela inovação; sabe lidar
com pressão, tem obsessão por ideias e oportunidades que podem
render ganhos e reconhecimento, ao mesmo tempo em que ajudam a
sociedade. Ele também influencia outras pessoas para o desenvolvimento e apoio aos seus projetos. A diferença entre o empreendedor
e o intraempreendedor é que muitas vezes esse último não arrisca
sozinho a criar uma empresa do zero. Prefere fazer isso dentro de
uma empresa que não é a dele. O intraempreendedor que está em
um cargo de liderança tem uma maior tolerância a erros, gosta de
encorajar as pessoas para construção de novas ideias e projetos,
possui visão de longo prazo, flexibilidade e grande abertura para o
diálogo.
Que dicas você dá a uma empresa para estimular o intraempreendedorismo?
J.G. - Trabalhe a mente e os valores da liderança, para mostrar que
o intraempreendedorismo gera resultados. Em seguida, entenda os
erros como fonte de aprendizado, trabalhe a estratégia de perguntas
com os colaboradores, ofereça desafios sugerindo que a equipe melhore determinado processo, dentre outras. Em termos amplos, realize um planejamento estratégico com a participação de todos (em
algumas fases) ou implemente uma rede social corporativa para a
construção compartilhada de projetos de inovação.
Dê um exemplo de prática intraempreendedora com grandes resultados à organização?
J.G. - Observei em algumas grandes empresas de TI um modelo de
rede social corporativa com foco em inovação. É uma espécie de Facebook corporativo, onde as pessoas de qualquer setor podem acessar, lançar e discutir novas ideias que melhorem os processos ou até
mesmo sugestões de novos produtos. Dessa discussão nasceram
produtos que renderam excelentes resultados para a organização.
Da “Sétima Arte”...para os RHs
M
yrna Brandão,
jornalista especializada em
Cinema, nos
sugere a reflexão sobre o
filme “capitão Phillips (Captain Phillips, 2013)”. Dirigido por Paul Greengrass, o
filme é a história real do Capitão Richard Phillips (Tom
Hanks), sua tripulação e o
navio mercante americano
Maersk Alabama, que foi tomado por piratas em 2009.
A trama segue os momentos dramáticos, desde a
partida do navio, o barco
pirata, o ataque, a tomada
da embarcação e o Capitão
Phillips no bote salva-vidas
quando tenta escapar e é
levado como refém.
Para refletir:
O filme possibilita o debate de
muitos temas presentes no mundo
corporativo como
superação, liderança, resiliência,
negociação, preconceito, decisão
e controle emocional. Centrado
na relação entre o
Capitão Phillips e
o chefe do grupo
somaliano Muse,
o filme traça um
complexo painel A jornalista
Myrna Brandão
dos efeitos da globalização, através
da colisão inevitável de dois homens que se defrontam
com forças políticas e militares fora do seu controle.
| 2014 | Setembro / Outubro | 5
Foto: Divulgação
Entrevista Especial
Q
uando você é convidado
a uma empresa, que em
bom português significa
“Sem Besteira” (No BullShit), e essa Casa ainda é de Publicidade, o que vem à mente? Que alívio!
Não haverá frescura. Ao chegar ao andar da grande agência, recém absorvida pelo Grupo Dentsu Aegis Network,
5º em Comunicação no planeta, uma
constatação: todos estão atuando juntos e o ambiente é muito familiar, do
garçom ao Presidente, passando pela
criação, mídia e outras áreas. Como
diz a mensagem no site, aqui não tem
approach, follow up, mnemonic device, core business e outros “embromations”. É tudo direto ao ponto.
Detalhe nessa ligação direta: em
um canto da agência o violão, tamborim, cavaquinho, escaleta, guitarra e
trompete convidam ao banquete musical. Mais do que chamar a atenção,
esses instrumentos ganham vida com
frequência em sessões musicais na
terceira quinta-feira de cada mês ou,
informalmente, em alguns intervalos
de trabalho. Os publicitários tocam de
jazz a MPB, passando por rock, chorinho. Alguns, como o garçom Glaucio
Leal e o “Criativo”, Renato Jardim,
compõem suas próprias canções.
6 | Setembro / Outubro | 2014 |
Foto: Alexandre Peconick
SEM HIERARQUIA
O garçom Glaucio Leal na
foto maior compondo e na
menor com Cyd e Renato,
no Café com Talento
LÍDER INSPIRADOR
Cyd Alvarez, Presidente da
NBS, trouxe a música para
dentro da agência...
atraente canal
rumo à Inovação
“Uma vez por mês ainda não é o
ideal, mas é legal demais”, ratifica o
paulistano Cyd Alvarez, 60 anos, Presidente da NBS. Músico por formação
– pianista desde a infância – Cyd destaca que o principal é que a Música
proporciona prazer às pessoas. “Em
um ambiente em que todos sentem
prazer, as relações fluem melhor, existe mais respeito e admiração entre as
pessoas”, argumenta.
Cyd, que já viveu de sessões de
jazz na noite paulistana, não conseguia colocar em prática o profissionalpublicitário, produzindo com a mesma
intensidade que o músico. As sessões
semanais, com a coach Carla Zana,
porém, fizeram-no perceber que ele
poderia ser íntegro nas duas atividades. “Esse processo me ajudou a trazer a música para o meu dia a dia”,
garante o Presidente da NBS, que nos
anos 80 tocava na banda Jazz Brazzil
e atuava no Marketing da Souza Cruz;
“uma escola desse segmento”, como
define.
O mergulho intenso na música, segundo Cyd, ajuda a abrir canais para
melhorar a comunicação dele com as
pessoas. Ter contato com a música
exacerba a sensibilidade. “Estou falando em afinar a sensibilidade em
todos os sentidos; ao discutir uma
estratégia de marketing, avaliar uma
campanha publicitária criada por nós
e ao conversar com os outros profissionais”, exemplifica. O contato com
a música o faz entrar em uma “vibração diferente.
Profissional da Criação na NBS,
Renato Jardim, explica esta “vibração” ao enfatizar que a música está
ligada fortemente à sua maneira de
criar. Segundo ele, às vezes uma
ideia para um jingle publicitário vem
de uma música e vice-versa. “Normalmente acontece de eu estar com
uma música na cabeça que me coloca em uma frequência diferente. É o
suficiente para entrar em um estado
e energia únicos, que me ajudam a
criar certos tipos de ideias. É como
se fosse uma meditação”, explica.
André Havt, outro “Criativo” da NBS
que participa ativamente das sessões
musicais, chama a atenção para a
“conversa não-verbal” que a música
promove entre as pessoas que tocam
juntas e ouvem a melodia. “Essa conversa pode até não gerar nenhuma
ideia naquele momento, mas deixa as
pessoas mais confortáveis e abre portas entre elas para que se relacionem
em outras esferas. Essa abertura é
Foto: Divulgação
...que atualmente está bem
afinada, como nesta imagem
da equipe de Criação
Foto: Alexandre Peconick
Música:
Adriana Massari
é a Diretora de
Desenvolvimento
Humano da NBS
Foto: Alexandre Peconick
Gestão de Pessoas - Case Publicidade
Foto: Ana Colla
Gestão de Pessoas - Case Publicidade
fundamental para que as ideias fluam
mais tarde”, define.
Ele revela um ponto interessante
dessa relação entre música e gestão:
quando todos estão tocando a hierarquia dos cargos na agência vai embora. “Naquele momento todos compartilham a música e se somam; não há
mais o sênior e o júnior e isto é bom
demais”, considera André.
Percebendo a Arte como uma grande janela para a criação publicitária, a
NBS criou, em 2011, o Café com Talento, evento bi ou trianual em que os
colaboradores têm espaço para mostrar suas habilidades fora do expediente. O incentivo à inventidade está
não apenas na música, mas também
na pintura, fotografia, desenho, culinária, grafite, entre outros. Uma das
sessões inesquecíveis reuniu Cyd Alvarez, o garçom Glaucio e o “Criativo”,
Renato Jardim.
Paralelo a esta ação, a empresa
já promoveu dois eventos intitulado
NBS Jam, onde Cyd Alvarez toca com
músicos convidados como Leo Gan-
delman e Nico Resende em casa de
shows para os clientes de agência,
jornalistas e parte da equipe da NBS.
Glaucio toca violão desde a adolescência, mas o curioso é que só
começou a compor músicas quando
veio para a Agência, há cerca de 10
anos. “É incrível, mas o ambiente com
tanta gente maravilhosa criando é que
me inspira; muitas vezes, no meio da
correria pego um papel e começo a
escrever rapidamente, ao mesmo tempo em que faço o meu serviço”, conta.
Dessa forma, o garçom já tem nove
músicas compostas e está produzindo
o CD de sertanejo-universitário.
Cyd Alvarez entende que as ações
com a música estão dando muito certo na NBS exatamente porque não há
formalidade, elas não são “ferramenta
de gestão ou parte de uma estratégia”. “O fato de ter sido algo que fluiu
naturalmente torna os eventos cada
vez mais participativos; ou seja, não
precisamos sentar em uma mesa de
reunião para decidir fazer”, reforça o
Presidente.
Ter um Presidente que gosta de
pessoas e promove, com elas, ações
de engajamento não faz a NBS prescindir de uma área de RH. Ao contrário, cria bons desafios. “Ser RH na
NBS significa saber lidar com pessoas que têm alta cultura, pensamento
crítico muito aguçado e paixão. Não
dá para ser um RH tradicional, devemos propiciar o dinamismo e construir
ações junto com eles”, afirma Adriana
Massari, atual Diretora de Desenvolvimento Humano da NBS.
Para Adriana, que antes da NBS
trabalhou no segmento da Indústria,
o mundo da Publicidade é distinto de
qualquer outro onde o RH possa atuar.
“Diga tudo de imediato, com transparência; quando fizer algo, explicite os
porquês e opte por ações inovadoras,
mas simples e de curto prazo quanto
ao resultado”, sugere ela aos RHs de
Publicidade. Há dois anos na NBS,
Adriana diz já viver com muita naturalidade a alma da empresa. Ela criou,
por exemplo, o programa de integração de novos colaboradores nomeado de “Cheguei”, com elementos marcantes dessa filosofia “sem besteira e
vamos ao que interessa”.
Desde que está na NBS, Adriana
tem visto com interesse o valor da
música para as equipes de trabalho.
“Há estudos que comprovam o fato
de a música criar conexões entre vários tipos de inteligência, facilitando o
encadeamento de ideias; além disso,
quem cria o tempo todo precisa atualizar conteúdo e a música também estimula este aspecto”, analisa a Diretora
de DH, que é Psicóloga.
O exemplo da NBS traz para todo
o mercado de RH (não apenas o da
Publicidade) a convicção de que ao
estímulo artístico e cultural amplia a
capacidade dos profissionais das chamadas “atividades intelectuais” em
oferecer resultados surpreendentes e
inquietantes.
| 2014 | Setembro / Outubro | 7
Família LET
Mercado/Curso/Terinamento
Foto: Site Sxc.hu
Aline Costa em seu
ambiente de trabalho no
Ecad: uma segunda casa
Onde está você...
Aline Costa
Analista de R&S do Ecad
E
x-Analista de RH do Grupo
LET na matriz – Rio de Janeiro (por onde atuou entre
setembro de 2009 e agosto de 2011), ela hoje, aos 31 anos, é
Analista de Recrutamento e Seleção
do Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição), empresa que
lida com gestão de direitos autorais
de músicas. Seu nome: Aline Costa.
Trabalhar a complexidade do ser humano tem sido um prazer para o dia a
dia desta carioca com estilo muito simples e objetivo de se expressar. Ela conta que duas das grandes experiências
que desenvolveu em quase dois anos
no Grupo LET foi a do trabalho em equipe e a de negociar soluções para os desafios, envolvessem conflitos ou não.
“Não é fácil muitas vezes entender e se
relacionar bem; mas uma equipe unida
como a que tínhamos no RH do Grupo
LET facilitava a percepção do quão importante é trabalhar bem em conjunto”,
destaca Aline
Neste sentido há muita semelhança
entre os ambientes de trabalho do
Grupo LET e do Ecad, empresa para a
qual ela foi tão logo deixou a consulto8 | Setembro / Outubro | 2014 |
Juliano Magalhães, da Líteris: “Online
deve completar, agregar, e não competir,
com o método presencial”
Foto: Divulgação
ria de RH: “o que muito me atraiu, de
imediato no Ecad foi o fato de as pessoas serem muito humanas, há uma
automotivação extrema de todos. Além
disso, a organização é acolhedora, uma
casa para as pessoas”, confirma.
Aline identificou-se e envolveu-se
com a questão dos direitos autorais.
Para ela não há, aliás, melhor forma de
trabalhar. Além de atuar com recrutamento e seleção, seu desafio inicial na
empresa também envolveu ações de
endomarketing com ênfase em qualidade de vida e saúde dos colaboradores.
Versatilidade tem sido um valor chave
em seu trabalho. Algo que ela também
aprimorou no tempo em que passou
pelo Grupo LET, inicialmente atendendo ao Supermercado Zona Sul e mais
tarde ao Grupo Fleury, Brasil Brookers,
UCI Cinemas e à Rede RH Nacional. De
candidatos a auxiliar se serviços gerais
e perfis de executivos, atendeu e orientou pessoas com os mais distintos focos e objetivos de vida. “As situações
que vivi nesses atendimentos com alto
nível de exigência foram fundamentais
para o meu amadurecimento profissional”, enfatiza a Analista do Ecad.
Há um ano Aline está gostando muito de atuar na contratação de pessoas
com deficiência para exercer diversas
funções no Ecad — hoje a empresa tem 29 desses profissionais. “No
Grupo LET observei as analistas de
RH fazendo esses processos seletivos,
o que me foi muito útil”, considera. Segundo ela, muito mais do que cumprir
uma cota, as pessoas com deficiência
no Ecad de fato são incluídas no trabalho e no ambiente afetivo da organização. O RH também está trabalhando
com a sensibilização dos outros funcionários para lidar com as PCDs.
“Penso que os resultados desse
trabalho têm sido muito bons”, avalia
Aline, que sonha em crescer dentro do
Ecad nos próximos anos. “Em primeiro lugar, pretendo fazer mais uma pósgraduação”, planeja.
Ao voltar seu olhar para o passado
construído no Grupo LET, Aline assegura que a primeira imagem que vem
ao seu horizonte é a das amizades
sinceras com as demais profissionais
que levará para toda a vida. “No mercado em que estamos, isto faz toda a
diferença”, finaliza.
“Blended”
N
ão é o filme estrelado por
Adam Sandler e Drew Barrymore, mas sim um treinamento organizacional.
Curso que não traz apenas o formato
presencial. Tampouco uma overdose
de exercícios online. Juntos e misturados; o treinamento mais eficaz para o
futuro das organizações trará um meio
termo entre o presencial e o formato à
distância, seja com textos, animações
com ilustrações, vídeos, gráficos etc.
A previsão, em caráter realista de quem conhece este mercado, é
de Juliano Magalhães, Diretor Executivo da Líteris Treinamento Online (www.
literis.com.br), empresa que customiza treinamentos para organizações.
Ao mesmo tempo em que nada substitui “o olho no olho” e a interação do
formato presencial; a consolidação da
absorção do conhecimento pela repetição de uma mesma aula em um curso online traz uma complementação
mais do que necessária.
“O e-learning tem a vantagem do
armazenamento de um treinamento
que pode ser repetido diversas vezes
em espaços de tempo que nós defini-
Uma visão
do futuro?
mos. Além disso, a cada assistência a
leitura pode ser distinta”, argumenta o
executivo.
A Literis também trabalha em customização de lições específicas de
cada tema em formatos de dois a três
minutos, próprias para serem visualizadas em tablets e smartphones. Segundo Juliano, o tempo curto facilita
a fixação do conhecimento ao mesmo
tempo em que diminui a chance de
pessoa ser interrompida e aproveita
melhor o tempo dela. “O online não
deve ter a proposta de competir com
o presencial, mas, sobretudo, de oferecer complementações a ele, de facilitar a gerações de novos momentos
de reflexão ao colaborador de uma
empresa”, explica.
Publicitário, 36 anos de idade, mas
já com mais de duas décadas com
esta proposta de serviços, Juliano
acredita que a desconfiança de alguns
segmentos do mercado em relação ao
online está praticamente vencida. Ele
conta que antigamente muitas empresas só aplicavam e-learning para
suas equipes de vendas e marketing,
mas atualmente as mesmas que ti-
nham certas reticências já aderiram
ao formato blended. Cita o exemplo
da DPaschoal, que utiliza alguns tópicos do formato online para “encurtar o
tempo do treinamento presencial”.
Combinar a reflexão do online com
a interação do presencial pode maximizar os resultados de performance
dos colaboradores de muitas empresas. Além disso, na montagem dos
cursos online, os gestores das empresas são orientados sobre a melhor
forma de monitorar o alcance desses
resultados. “Realizamos a montagem
dos cursos junto com os clientes”, enfatiza Juliano. Em geral, a sua equipe
multidisciplinar recebe o conteúdo e
um briefing em relação ao que a empresa deseja obter com o curso. Com
base nestas informações, a Líteris sugere e debate formato e linguagem.
Ao harmonizar conteúdo, formato e
linguagem, adequando-os ao públicoalvo do curso, pode-se atingir com
precisão os resultados pretendidos.
Pergunta recorrente: e os vídeos?
O ideal é que sejam poucos e com
duração máxima de quatro a cinco
minutos, incluindo diálogos pausados
em linguagem simples. “Verifique se o
seu público dá boas respostas a este
recurso; dependendo das pessoas
eu uso mais historinhas com personagens que simbolizam as situações
que queremos que este público entenda”, orienta Juliano.
Importante: este formato blended, com
modelos flexíveis acaba de uma vez
por todas com a famigerada desculpa
do “eu não tenho tempo pra isso!”.
| 2014 | Setembro / Outubro | 9
História de Sucesso
Silvio exibe muito orgulho ao lado
do quadro de seu Pai (patriarca do
negócio), a quem sempre se refere,
nos textos, dessa forma, em caixa
alta, comprovando a sua admiração,
respeito e inspiração
Silvio Ferreira de Carvalho Jr.
Diretor-Presidente da CARVALHÃO Guindastes
“Um grande apaixonado pelo EMPREENDEDORISMO”
O
brilho nos olhos e o encantamento que transmite
ao falar do seu trabalho
são atitudes com as quais
sempre precisamos aprender em um
país com tão poucos líderes inspiradores vivos. O carioca Silvio Ferreira
de Carvalho Júnior, 62 anos, aprendeu
desde criança a se apaixonar pelos
caminhões. E mais tarde pelos guindastes. Seu Pai Silvio Carvalho e o tio
Paulo Carvalho foram caminhoneiros
com vasta experiência em uma época
na qual o Brasil estava sendo praticamente construído, do ponto de vista
industrial. No início tinham um caminhão que atendia ao Porto do Rio de
Janeiro realizando transporte de carga. Em 1960, eles abriram a empresa
Transportes Carvalho.
O pequeno Júnior, como era conhecido o personagem que nos recebeu
com tanta elegância na sede da empresa que lidera, cresceu admirando
o ímpeto empreendedor obstinado do
10 | Setembro / Outubro | 2014 |
pai e do tio, seus mentores. Segundo
ele, havia sempre muito trabalho nesta
época e pouca empresa de transporte de carga. A Carvalho expandiu-se
rapidamente, sobretudo ao prestar
serviços para a Petrobras, a partir dos
anos 60 e 70. Junior ouvia e presenciava as histórias de muito profissionalismo que, além da Petrobras, trouxeram
à empresa clientes como a Estacas
Franki (que praticamente construiu
Copacabana), a Nova América de Tecidos, Ficap, VitroFarma, AmBev e,
mais recentemente, a Michelin.
Aos 16 anos, em 1968, o jovem ingressou na empresa para ajudar no
almoxarifado. “No início entrei apenas
para dar uma mãozinha, mas de imediato, me empolguei com o dia a dia
de trabalho”, lembra Silvio, que é hoje
o Diretor Superintendente da Carvalhão, tendo como sócias as duas irmãs, Deise Carvalho (Administrativo,
RH e Financeiro) e Miriam Carvalho
(Comercial). Ele conta que o Pai era um
visionário e tinha uma visão de longo
prazo difícil de ser ver nos dias atuais.
“Meu filho, isto aqui ainda será uma
grande empresa” era uma das frases
marcantes do patriarca.
Foi o longo alcance que permitiu a
ousadia realizadora da empresa que
saiu do pequeno terreno na ladeira
Felipe Neri, na Praça Mauá, para um
gigantesco quarteirão de 65 mil m2 na
Rodovia Washington Luís, em Duque
de Caxias; foi a iniciativa de enxergar
longe que ampliou, quase 55 anos depois, o trabalho da dupla criadora para
um grupo de quatro segmentos que
reúnem 400 funcionários.
Há quase 21 anos, em 1994, quando o Pai faleceu, o Junior passou a ser
conhecido como Silvio Carvalho, um
empresário determinado a ampliar os
negócios da família. E ao fazer isto, investiu em seu maior patrimônio: suas
pessoas. Do pai, herdou também o
talento em uma palavra muito importante: PLANEJAMENTO. “A grande
Foto: Divulgação Site da CARVALHÃO
Foto: Alexandre Peconick
História de Sucesso
sacada hoje é ter um mapa de ações
para o seu futuro. Isto aumenta muito a chance de chegar ao objetivo.
Pensamos agora no passo a passo lá
da frente. Para isto temos que nos informar demais sobre o que acontece
à nossa volta. Nem tudo pode acontecer exatamente como imaginamos.
Mas se não acontecer, pelo menos os
desvios na rota serão mínimos”, argumenta o empresário.
Dentro desse passo a passo, está
a escolinha de capacitação, com cartilhas prontas e encarregados experientes para preparar pessoas à funções
de Carreteiro e de Motorista de Munkin.
Os cursos são um atrativo da empresa
e não tem havido qualquer dificuldade
em conseguir pessoas interessadas.
Ter pessoas satisfeitas e envolvidas no trabalho multiplica o negócio.
Não há, segundo o empreendedor,
outro caminho. “Por isto o nosso RH
além de municiar benefícios a todos,
verifica aqueles que precisam de cursos externos e também os potenciais
do crescimento de cada um, fazendo
avaliações de competências por 10
itens (entre os quais frequência e performance); eu pessoalmente acompanho o progresso dos talentos; tudo é
transparente, sem deixar nada nas entrelinhas”, destaca Silvio.
Uma das maiores qualidades do
empreendedor é transformar um desafio em grande oportunidade. Assim
aconteceu quando os cinco guindastes que a Carvalho comprou para
descarregar chapas metálicas da Petrobras nos anos 70 se tornaram obsoletos em função desse serviço ter sido
descartado pela petrolífera. Silvio diz
que, ao colocar anúncios para a ven-
da dos guindastes, a família descobriu
que a preferência era pelo aluguel do
guindaste para pequenos serviços. O
Pai, então, comprou um guindaste de
grande dimensão para os anos 70 e
o batizou da Carvalhão. Do primeiro
Carvalhão, surgiu uma frota e a demanda se multiplicou.
O grande salto dos guindastes
aconteceu quando a empresa participou de uma concorrência para o
Carnaval do Rio no início dos anos 80.
O serviço: colocar os destaques das
escolas de samba no alto dos carros
alegóricos. “Fizemos umas gaiolas especiais, reforçadas, para os guindastes baseadas em uma literatura americana. Naquele tempo aqui no Brasil
não havia essas gaiolas em guindastes. Foi um sucesso!”, ressalta Silvio.
Profissional de personalidade forte,
Silvio lembra também que um representante na época da TV Manchete ligou
para ele dizendo que o nome Carvalhão
não poderia aparecer no guindaste, que
na TV aquilo “seria propaganda não
paga”. O empresário “pagou pra ver” e
disse que não mudaria nada. Sabia que
não havia tempo hábil para que outra
empresa entrasse na passarela do samba. Resultado: o nome CARVALHÃO ganhou o Brasil e o mundo.
Ao longo de muitos anos, este
Engenheiro Mecânico, de formação
aprendeu demais no contato com
o mercado e empresas fazendo da
CARVALHÃO uma espécie de camaleão dos serviços. “Percebemos
a onda, nos adaptamos e surfamos
nela”, explica Silvio Carvalho.
Adepto da literatura sobre Gestão
de Empresas Silvio destaca que em
uma das obras leu sobre a teoria fala
sobre a existência de dois tipos de
homens: os normais e os guerreiros.
“Estimulo os nossos a serem guerreiros, aqueles que nunca atribuem nada
à sorte ou ao azar, mas sim encaram
tudo como grandes desafios a serem
vencidos”, diz.
Aos profissionais que como o seu
Pai e o seu tio, desejam construir algo
grande partindo de um pequeno negócio, Silvio Carvalho sugere, antes de
tudo, ter MUITA CORAGEM e ACREDITAR QUE ESSA CORAGEM PODE DAR
CERTO NA PRÁTICA. O segundo passo
é muito trabalho: não adianta ser apenas criativo e “deitar-se sobre a criatividade”. Terceiro: se você é o líder de sua
empresa , profissionalize e atualize a
sua equipe com as mais modernas ferramentas e delegue responsabilidades,
confie. É dessa forma, segundo ele, que
este líder consegue espaço para ser estratégico, conseguindo olhar para fora
da empresa e entendendo a mudança,
jamais com surpresa, sempre como
vantagem. Na concepção de Silvio, “levar susto não sustenta uma empresa”.
Ser estratégico sustenta. O olhar e
a atuação estratégicos de Silvio vão
além do ambiente da CARVALHÃO.
Vice Presidente do SINDICARGA,
Vice-Presidente IEL do Sistema FIRJAN, Vice- Presidente do Conselho
de Logística da Associação Comercial do Rio de Janeiro – ACRJ e Presidente da AECI (Associação das Empresas Estaleiros da Ilha do Fundão e
do Caju), ele luta para a revitalização
do novo sistema viário do Porto do
Caju. “Nosso negócio é mais amplo
do que o Transporte e precisa que as
mentes brilhantes se unam”, aponta,
otimista, o empreendedor.
| 2014 | Setembro / Outubro | 11
Por Dentro do RH - Cofix
Foto: Leandro Lemos / Cofix
João Fernandes
e Aline Ribeiro:
Presidência e RH em
parceria diária
Equipe de
carpinteiros da
Cofix em ação
Foto: Divulgação
O RH na Construção Civil
“A Reengenharia Diária do Ser Humano”
A
“
lgumas vezes almoço no
mesmo refeitório dos operários de obra e os ouço
com frequência. É a mesma alimentação para todos. Não gosto de formalidade. Parece um detalhe,
mas é extremamente importante”,
destaca João Fernandes. A afirmação
não causaria surpresa, não fosse ele o
Presidente do Grupo Cofix. Não fosse
o número 1 de uma empresa da Construção Civil. E não fosse a Construção
Civil um reduto de um RH ainda formal
e pouco afeito a grandes ousadias.
Na contramão do tradicionalismo, a
alta-liderança da Cofix está de portas
abertas aos argumentos e ideias de
seus funcionários. É preciso ser autêntico em um segmento no qual boa parte
deles não chega à empresa com qualificação. Maior gerador de empregos do
Brasil, a Construção Civil fechou 2013
com 107 024 novos postos de trabalho
em todo Brasil, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), do MTE. Mesmo que
em 2014 estejamos vivendo uma retração; a Cofix nos traz o exemplo de que
estas pessoas precisam de um apoio,
12 | Setembro / Outubro | 2014 |
passo a passo, não apenas na construção de suas competências de trabalho,
mas, sobretudo, em sua autoestima.
Para as suas 1300 pessoas, mais
do que salário na conta, a empresa
fundada em 1975 pelo seu João —
um simpático português da cidade de
Lamego — proporciona um ambiente
onde elas gostem de trabalhar e tenham possibilidades não apenas de
construir um prédio, mas uma carreira, a começar por uma muito bem estruturada escola de carpintaria.
Em nove meses uma pessoa sem
nenhuma experiência pode se tornar
um carpinteiro de forma, capacitado
por meio de um programa, que ganhou
prêmio nacional da Câmara Brasileira
da Indústria e Construção (CBIC), em
2007, entregue pelo então Presidente
da República, Luís Inácio Lula da Silva,
em Brasília. “É uma capacitação para
a vida da pessoa. Todos os meses de
treinamento ela faz uma avaliação de
desempenho; antes de ser promovida
Carpinteiro”, informa Aline Ribeiro, Supervisora de RH da Cofix.
Para a formação de carpinteiros de
qualidade, nos canteiros de obra, tam-
A presença de mulheres
carpinteiras chama a
atenção na Cofix
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
Por Dentro do RH - Cofix
bém é um diferencial da empresa o Programa Cosme e Damião, no qual cada
funcionário que se coloca apto a galgar
uma nova função passa a ter um funcionário mais experiente responsável pelo
seu aprendizado e monitoramento.
Além deste programa, a Cofix, promove a formação interna de seus funcionários focando na atitude e postura
de trabalho, além de identificar e preparar as lideranças das obras: Encarregados e Mestres de Obra. Segundo a
Supervisora de RH, lidar com a postura
de lideranças operacionais é algo complexo. “Eles têm vasto conhecimento
técnico, mas habilidade limitada no lidar
com pessoas, gerenciar conflitos, até
por isso realizamos treinamentos dentro
das obras; eles recebem orientações de
como ajudar cada funcionário a fazer o
seu melhor”, explica Aline. Há ainda um
programa voluntário de alfabetização
oferecido pela empresa, que hoje conta
com a participação de 20 funcionários.
Segundo o Presidente da Cofix, para
conseguir resultados na Construção Civil é preciso fazer muito diferente. João
Fernandes, ainda neste ano, lançará o livro “Sobre Mentes Criativas e Empresas
Uma das turmas de formandos do
Programa Cosme e Damião
Inovadoras” em parceria com o Doutor
em Psicologia da UFRJ, Rodolfo Ribas.
Em um formato inovador para o segmento, a Cofix realiza uma ouvidoria
nas obras, identificando funcionários
que tenham problemas pessoais, como
dificuldades financeiras, filhos ou esposa doentes, entre outros. Além do RH,
o funcionário tem o setor Jurídico e a
Diretoria sempre à disposição, caso a
questão ganhe maior dimensão. “O funcionário precisa estar tranquilo, para se
entregar por inteiro, produzindo melhor
e evitando acidentes na obra”, justifica a
Supervisora de RH.
Com um perfil um pouco tímido para
procurar o RH e expor seus problemas,
o profissional da Cofix foi, aos poucos,
tendo a sua cabeça trabalhada para entender que a área de Recursos Humanos é “parceira dele”. Nesse suporte
de campo tem sido muito importante o
papel dos Técnicos de Segurança do
Trabalho. Na Cofix eles são pouco mais
de 20, número superior em relação ao
que a legislação pede para a empresa.
Fazer diferente também inclui um
olhar construtivo para a sociedade. Em
conjunto com o grupo AfroReggae, a
Cofix tem um programa que emprega
ex-presidiários, garantindo uma segunda chance, atualmente para cinco
homens reconstruírem a sua história.
Pioneira na inclusão de mulheres na
Construção Civil, a empresa também
já empregou cerca de 20 carpinteiras,
capacitadas por meio do projeto Mão
na Massa. No jornal interno da Cofix,
os homens elogiam: “o trabalho delas
tem qualidade”, atesta José Gonçalves,
Carpinteiro. “Com a presença das mulheres, os homens que atuam nas obras
começaram a se preocupar mais com a
sua aparência”, observa Aline, do RH.
Presidente do SECONCI (Serviço
Social da Construção Civil) e também
Vice-Presidente do SINDUSCON (Sindicato das Empresas da Construção
Civil), João Fernandes considera que
o objetivo de ensinar as pessoas deve
mover a união entre RH e a direção
das empresas. “É besteira pensar que
se pagamos a pessoa faz o trabalho;
temos que capacitar e verificar se elas
estão entregando”, ressalta ele.
Graduada em Psicologia, Aline reconhece que no início de sua carreira nem
imaginava atuar em uma empresa. Sonhava, ainda, seguir o viés clínico. Mas
hoje não se arrepende. “Atuar em Construção Civil é desafiante e estimulante.
É preciso não apenas implantar, mas
manter o trabalho de RH, alinhando-o à
estratégia da empresa” afirma.
Além da Cofix, outras empresas da
Construção Civil realizam bom trabalho de RH no mercado. Mas suas lideranças estão sensíveis para o fato
de que ainda há grandes desafios de
transformação cultural e de leis trabalhistas necessários para apoiar esse
esforço. Uma grande estrada para a
produtividade real.
| 2014 | Setembro / Outubro | 13
O “mergulho” nos SMARTPHONES
“Sou global e estou
me isolando?!”
A
cena é comum no metrô lotado, no restaurante, na fila
do supermercado, no trânsito caótico, no estádio de
futebol e até no cinema: milhares de
pessoas, de diferentes idades, com
as mãos coladas aos smartphones,
teclando em ritmo frenético, postando
foto de tudo, comentando sobre qualquer coisa. Plugadas, ignoram tudo ao
seu lado, perdem a noção do tempo e
espaço. Claro; a alta tecnologia facilita
a nossa vida. Conectamo-nos a muita
gente que passa a saber o que estamos fazendo a cada segundo.
Também no ambiente de trabalho,
um grande contingente de pessoas
tem se isolado à frente da telinha e
perdido valiosos momentos de conta14 | Setembro / Outubro | 2014 |
to pessoal; importantes para transmitir
ideias, entusiasmo e energia positiva. A
questão é: embora o uso do smartphone seja importante não seria possível
perceber que, para certos momentos,
o olhar das pessoas merece mais atenção do que as cores e aplicativos deslumbrantes do novo aparelhinho que
chegou ao mercado?
Responder a esta questão, na prática, é desafiante. Entrevistamos dois
gestores que usam e defendem os
grandes benefícios do smartphone,
mas ponderam sobre os impactos negativos que a hiperconectividade pode
trazer aos profissionais de qualquer organização, em qualquer lugar.
Para Cícero Penha, Vice-Presidente
Corporativo de Talentos Humanos do
Grupo Algar e Presidente da UniAlgar
(universidade corporativa), o uso sem
limites do smartphone está ampliando,
em larga escala, o déficit de atenção.
“Você tem coisa demais para dar atenção, mas há tempo disponível. Esse
déficit o leva a ter que prestar atenção
rapidinho, o que bloqueia a concentração e dificulta a reflexão. Resultado
imediato: o ser humano começa a agir
com mais superficialidade”, alerta.
Com mais de 35 anos de experiência em gestão estratégica de pessoas,
vasta experiência na administração de
conflitos no trabalho e autor de livros
como “Atitude é Querer” (Qualitymark),
o executivo tem propriedade para tal
análise. Ele diz perceber que há muita
gente conectada com tudo, mas com
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
Especial - Alerta
Fotos: Site Sxc.hu e Shutter Stock Images
Especial - Alerta
GEISE TRINTINALIA sugere equilibra
aplicativos com as relações reais, físicas
CÍCERO PENHA diz que o smartphone
em excesso amplia o déficit de atenção
muita dificuldade de se aprofundar em
algum tema. “Isto nos traz prejuízos;
pois na vida como ela é, temos que dar
atenção presencial a muitas pessoas;
não podemos viver de superficialidades”, considera.
As relações por meio do smartphone
ficam mais imediatas. Segundo Geise
Costa Trintinalia, Coordenadora de Desenvolvimento Humano Organizacional
da Libbs Farmacêutica, usos prolongados e frequentes de aplicativos como o
WhatsApp trazem o risco das pessoas
privilegiarem relações virtuais “O ideal
seria equilibrar aplicativos com as relações reais; ao usarem muito mais WhatsApp e outros atrativos do smartphone,
muita gente perde a oportunidade de
exercitar uma habilidade cada vez mais
rara: a escuta, além disso, pode-se perder o hábito pelos registros eletrônicos formais, mas necessários, como o
e-mail” argumenta Geise.
Diante de novos desafios tecnológicos que desembarcam diariamente em
nossas vidas, Cícero Penha entende
que as lideranças de RH devem conscientizar as pessoas de que, cada vez
mais, elas precisam se responsabilizar
pela gestão do seu tempo. Agregando
valor ao debate, Geise Trintinalia defende a questão do “líder pelo exemplo”,
ou seja, no dia a dia o gestor mostrar
como usar o smartphone de uma forma
“alinhada, neutra e equilibrada”.
A maturidade das pessoas em conseguir o citado equilíbrio pode ser, em
certos casos, questão de tempo para
adaptação ou mesmo facilitado pela
natureza de cada pessoa. “A mente humana está evoluindo a passos largos e
está aprendendo, com o tempo, a descartar aquilo o que não precisa para
aquele momento, ou seja, aquilo que
importa fica e o que não importa é descartado”, acredita Cícero, que em 2012
foi o Profissional do Ano de RH, em prêmio concedido pela revista Você RH.
Do ponto de vista neurológico, contudo, o sinal vermelho está piscando.
“Os sucessivos sons e atualizações
dos smartphones podem jogar o cérebro para um estado de exaustão,
afetando as células, e enfraquecendo
as funções cerebrais ao longo do tempo”, assegura o Dr. Sangeeta Ravat,
Chefe do Departamento de Neurologia
da Seth GS Medical College and KEM
Hospital, nos Estados Unidos.
A maior preocupação do Dr. Ravat
é com o impacto do smartphone em
crianças, pois o processo mental de
consciência, percepção, raciocínio e julgamento, só pode ser construído quando a criança experimenta algo físico,
como brincar com barro, blocos, bola,
boneca, etc. “O celular não te deixa
correr, saltar, pintar com lápis e papel, e
isso afeta o desenvolvimento da habilidade e da inteligência”, sentencia.
O VP de Talentos Humanos do
Grupo Algar concorda em parte com
o Dr. Ravat ao acrescentar que a nova
geração de jovens com smartphones à
mão já não elabora ou entende frases
muito longas. “Tudo tem que ser rápido e conciso; no entanto, muitos já
conseguem usar computador, falar ao
telefone, ver TV e conversar ao mesmo
tempo”, argumenta Cícero ao reconhecer uma perda de produtividade para
as empresas com profissionais hiperconectados.
Para Geise Trintinalia, ao perceber
que o colaborador se descuida e “usa
smartphone em excesso”, o gestor
deve orientá-lo sobre como melhorar a
sua postura, sempre dando o feedback, para que esse colaborador se sinta
seguro quanto à melhoria de seu comportamento. Segundo ela, a Libbs, primeira farmacêutica brasileira a aplicar
iPads para a equipe de vendas, tem um
alto nível de maturidade quanto ao uso
dos melhores recursos tecnológicos.
“Orientamos nossos colaboradores
quanto ao uso adequado dessas ferramentas desde o momento em que
entram na empresa”, diz Geise, que
chegou à Libbs em janeiro deste ano
para estruturar a área de Desenvolvimento Humano e Organizacional. Ela
deixa claro que, sempre com uma linguagem muito positiva, o colaborador
é orientado sobre o que é e o que não
é recomendado, seja no uso dos smartphones ou na postura de interação
nas redes sociais. “Ter cuidado nunca
é demais”, esclarece a executiva com
mais de uma década de experiências
em RH, em organizações como Serasa
Experian, Suzano Holding e Cia da Talentos. Na Libbs a rede wireless é liberada para utilização dos colaboradores
e visitantes, mas os acessos são monitorados por amostragem para garantir
o cumprimento da política da empresa.
Geise e Cícero sabem que os problemas de conexões entre pessoas e
a prática só tendem a se ampliar, uma
vez que a indústria das telecomunicações e do entretenimento trabalha dia
e noite para oferecer novas engenhocas. “Temos que selecionar bem nossas pessoas e confiar nelas, mesmo
porque, elas são avaliadas periodicamente pelo seu comportamento”, sintetiza Cícero.
Seja para os 24 mil associados do
grupo Algar, para os 2350 colaboradores da Libbs ou para todos os nossos RHs leitores, uma mensagem:
aproveite os benefícios que puder
de seu smartphone mas jamais permita que eles roubem o valor de um
aperto de mão, um toque na face. A
tecnologia não tem lágrimas, sorrisos, não expressa sentimentos reais.
Desconecte-se várias vezes ao dia,
para se conectar ao que há de mais
importante: pessoas!
| 2014 | Setembro / Outubro | 15
Bate Papo/Capa
Bate Papo/Capa
Foto: Célio de Alcântara
Foto: Célio de Alcântara
mento público poderia demitir funcionários. Com isto, naquele ano de grave
crise geramos um milhão de empregos
formais, quando poucos acreditavam
que isto pudesse acontecer.
NEWSLET – Como deve ser a relação
entre aprimoramento da Educação e
geração de empregos?
Carlos Lupi
E
m setembro de 1979 ele fazia
parte da multidão que foi receber o líder Leonel Brizola,
então egresso do exílio imposto pela ditadura militar. Em 1980,
ano em que se filiou ao PDT, Carlos Roberto Lupi era o jornaleiro da banca em
frente ao hotel onde Brizola se hospedava no Rio. Ambos iniciaram ali uma
sincera amizade. Pouco depois, Lupi
se graduou em Administração, mais
tarde, em Economia e Contabilidade.
Após jornaleiro foi também professor.
Mas o desejo maior era o de contribuir
para a sociedade e o fez ao construir
carreira política, sempre identificada
com a bandeira pela Educação e a melhoria das relações trabalhistas.
Cumpridas quase duas décadas de
intensa atividade como parlamentar,
este paulista de Campinas, radicado
no Rio de Janeiro, foi Ministro do Trabalho e Emprego entre 2007 e 2011,
onde imprimou política recorde de geração de empregos — apenas em 2008
16 | Setembro / Outubro | 2014 |
Ex-Ministro do Trabalho e Emprego
destaca conquistas trabalhistas e o
“dever de casa” ainda a ser feito
foram dois milhões em todo o Brasil —
e regulamentação de atividades profissionais antes desvalorizadas. Casado,
pai de três filhos, tricolor fanático, o
atual Presidente Nacional do PDT foi,
nestas eleições, candidato a uma vaga
no Senado. Aos nossos leitores, Lupi
destaca o que considera tendências
para as relações trabalhistas no país.
NEWSLET – Quais são as maiores
conquistas da luta trabalhistas mesmo em meio a uma legislação arcaica
da década de 40?
Carlos Lupi – Em primeiro lugar garantir que um número cada vez maior
de trabalhadores tenha a carteira assinada; foram mais de 25 milhões
nos últimos 11 anos. Outro desafio foi
o ganho real do salário mínimo, que
causa um efeito para cima. Se ele esteve, em média 70% acima da inflação
nos últimos 10 anos, significa dizer
que você colocou mais dinheiro circu-
lando no mercado, mais gente participando desse mercado.
NEWSLET – A atuação do Sr. foi decisiva a partir de 2008 no período da grave
crise mundial para evitar que precipitadas demissões ocorressem...
Carlos Lupi – Em um momento de crise temos que aprimorar e intensificar
a capacidade de dialogar e ter criatividade parar gerar soluções. O segundo ponto é que nós aproveitamos
a legislação. O Ministério do Trabalho,
por meio do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) tem recursos que permite ao trabalhador receber parte dos
salários pelo fundo de garantia e parte
pela empresa para que ele tenha uma
licença ao invés de ser demitido. Ele
se licenciava, fazia curso de capacitação e tinha parte do salário dele pago
pelo FAT. Fizemos isso com milhares
de pessoas. Também exigimos que nenhuma empresa que tivesse financia-
Carlos Lupi – Esse é o grande desafio
da sociedade moderna. A qualificação
profissional e a requalificação são instrumentos fundamentais em qualquer
RH. A política de qualificação deve
ser um investimento permanente dos
governos e das empresas. E a requalificação é vital, porque ninguém na
vida deve aprender uma profissão só.
É preciso ter alternativas. O mercado
hoje é muito disputado globalmente e
exige gente preparada, com capacidade de inovação e uso consciente da
alta tecnologia.
NEWSLET – Muitas empresas privadas investem não apenas em educação corporativa, mas no aprimoramento do ensino em escolas de nível
técnico, médio e fundamental. É papel delas ajudar aos governos?
Carlos Lupi – O apoio das empresas é
fundamental aos governos. Ninguém
anda sozinho. Os governos devem ser
alavancas desse processo, mas não
há forma de terem a capilaridade para
abranger um país gigantesco como o
Brasil.
NEWSLET – Apesar dos avanços trabalhistas, o Brasil ainda está em posição crítica no ranking mundial de
Produtividade. Porque não conseguimos ser tão produtivos?
Carlos Lupi – Nos falta tecnologia de
ponta. Temos que avançar nos próximos 100 anos na capacidade inventiva, na formação de cientistas que
fiquem aqui no Brasil. O país precisa
ter um núcleo pensante muito mais
forte que seja pago pelo governo. Não
podemos ser apenas produtores de
alimentos. Temos que produzir e in-
“Sou a favor de um
salário médio para o
professor de R$ 9 mil,
mas para isto tem que
federalizar o ensino”
crementar mentes brilhantes que nos
permitam disputar a área da informática, a de farmacêutica, entre outras.
Além disso, precisamos investir maciçamente no ensino fundamental. Professor com dedicação exclusiva tem
que ser muito bem pago, como um
diplomata, ou polícia federal. Sou a
favor de um salário médio para o professor de R$ 9 mil, mas para isto tem
que federalizar o ensino. Só a União
pode pagar isso. Só assim o professor
terá estímulo.
NEWSLET – De que forma o avanço
nas relações trabalhistas podem nos
fazer, efetivamente, mais produtivos?
Carlos Lupi – O segredo da sociedade moderna é o de permanentemente, suas partes, saberem estar negociando os seus direitos, deveres e as
reivindicações. Este é o mundo contemporâneo. As pessoas precisam se
entender melhor.
NEWSLET – O seu esforço no Congresso beneficiou a classe das empregadas domésticas. Esta categoria
já está tendo, no Brasil, a valorização
que merece?
Carlos Lupi – Este foi um projeto meu
que defendi na OIT, sendo aprovado
por 95% dos representantes de cada
ministério de mais de 170 países. Digamos que a empregada doméstica
apenas começou a ter valorização no
Brasil. Mas antes era semiescravidão.
Como você vai confiar a sua casa e o
seu filho a alguém que não tem direitos garantidos?! Isto para mim foi um
Carlos Lupi
recebeu o jornalista
Alexandre Peconick
em seu gabinete
salto e o começo de muitas conquistas.
NEWSLET – Que outras categorias
trabalhistas ainda carecem de legislação específica?
Carlos Lupi – Há muitas outras. A
sociedade se desenvolve muito e a
cada momento gera novas profissões;
por exemplo, na enfermagem, há o
técnico, o auxiliar. Temos que ter os
governos abertos a regularizar, por
exemplo, a pedicure, a manicure e o
cabeleireiro.
NEWSLET – Diante do quadro político
que se desenha no Brasil, como o Sr.
vê o futuro das relações trabalhistas?
Carlos Lupi – Temos que aumentar
nossa capacidade para competir no
mundo, a começar por aprimorar alguns
aspectos da legislação. Eu sou a favor,
por exemplo, da internacionalização
do trabalho. Não podemos negar visto
a quem quer produzir, trabalhar, seja
médico cubano, francês, americano,
servente de obra africano ou quem quer
que seja. O que devemos ter é uma norma atualizada que defenda o emprego
do brasileiro, porque, do contrário, vão
querer trazer estrangeiros para subempregá-los, pagando mal. A política tem
que ser: “estamos de portas abertas,
mas aqui tem dono”. Normalmente os
estrangeiros estão vindo para posições
onde estamos carentes de profissionais
e isto não cria disputa, além de podermos exercer a solidariedade com irmãos, seres humanos, que passam por
dificuldades em seus países.
| 2014 | Setembro / Outubro | 17
Seguranca Notas Acon
Coluna Saúde e Segurança no Trabalho
Foto: Site Sxc.hu
Nonono
Uma conquista
“em alta voltagem”
*Vanessa de Paula
T
écnicos elétricos, mecânicos,
eletricistas, engenheiros e outros profissionais que lidam
com situações que os expõem
ao risco em atividades com energia elétrica ganharam uma possibilidade maior
de alívio para as suas rotinas de trabalho.
Técnicos elétricos, mecânicos, eletricistas, engenheiros e outros profissionais que lidam com situações que
os expõem ao risco em atividades com
energia elétrica ganharam uma possibilidade maior de alívio para as suas rotinas
de trabalho.
No dia 16 de julho de 2014, foi assinado o Anexo 4, da Norma Regulamentadora nº 16, LEI Nº 12.740, DE 8 DE
DEZEMBRO DE 2012 que irá obrigar as
empresas que contratam serviços elétricos ou de segurança patrimonial a zelar
pela proteção de seus prestadores, bem
como arcar com os custos de eventos
acidentes originados pela natureza destes trabalhos. O texto lista as atividades e
operações com energia elétrica consideradas perigosas e suas respectivas áre-
18 | Setembro / Outubro | 2014 |
as de risco, além de esclarecer em quais
situações o pagamento do adicional de
periculosidade não é devido.
O art. 193 da Consolidação das Leis
do Trabalho - CLT passa a vigorar com
as seguintes alterações: “Art. 193. São
consideradas atividades ou operações
perigosas, na forma da regulamentação
aprovada pelo Ministério do Trabalho e
Emprego, aquelas que, por sua natureza
ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposição
permanente do trabalhador: inflamáveis,
explosivos ou energia elétrica.
Item 1. Têm direito ao adicional de
periculosidade os trabalhadores: a) que
executam atividades ou operações em
instalações ou equipamentos elétricos
energizados em alta tensão; b) que realizam atividades ou operações com trabalho em proximidade, conforme estabelece a NR-10; c) que realizam atividades
ou operações em instalações ou equipamentos elétricos energizados em baixa
tensão no sistema elétrico de consumo
- SEC, no caso de descumprimento do
item 10.2.8 e seus subitens da NR10 Segurança em Instalações e Serviços
em Eletricidade; d) das empresas que
operam em instalações ou equipamentos integrantes do sistema elétrico de
potência - SEP, bem como suas contratadas, em conformidade com as atividades
e respectivas áreas de risco descritas no
quadro I deste anexo.
Item 2. Não é devido o pagamento
do adicional nas seguintes situações: a)
nas atividades ou operações no sistema
elétrico de consumo em instalações ou
equipamentos elétricos desenergizados
e liberados para o trabalho, sem possibilidade de energização acidental, conforme estabelece a NR-10; b) nas atividades ou operações em instalações ou
equipamentos elétricos alimentados por
extra-baixa tensão; c) nas atividades ou
operações elementares realizadas em
baixa tensão, tais como o uso de equipamentos elétricos energizados e os procedimentos de ligar e desligar circuitos
elétricos, desde que os materiais e equipamentos elétricos estejam em conformidade com as normas técnicas oficiais
estabelecidas pelos órgãos competentes e, na ausência ou omissão destas, as
normas internacionais cabíveis.
Mas a legislação não beneficiará apenas os profissionais que trabalham com
exposição a riscos com energia elétrica,
como também: com inflamáveis, explosivos; roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais
de segurança pessoal ou patrimonial.
Para os profissionais da segurança
patrimonial, com a portaria, o Anexo
III da Norma Regulamentadora (NR)
nº16, e com a regulamentação da Lei
12.740/2012, tornará obrigatório que as
empresas realizem o pagamento imediato dos 30%.
*Vanessa
de Paula, é
a Técnica de
Segurança
no Trabalho
do Grupo
LET Recursos
Humanos
POR DENTRO DO
RH 2
Nonono
Notas - Acontecimentos
Nonono
POR AGORA...
De Alexandre Peconick
CONARH 2014
Na qualidade e nos números...RECORDE!
Realizado em São Paulo, no mês de agosto, o Congresso
Nacional sobre Gestão de Pessoas (CONARH) levou ao Transamérica Expo Center, em apenas quatro dias, 28 mil participantes
e 150 palestras. Na grade do evento da ABRH-Nacional, igualmente, um recorde de grande atrações nacionais e internacionais que desfilaram uma diversidade de conhecimentos, vivência
e ideologias jamais vista em quatro décadas..
GRUPO LET na Feira
de Oportunidades do
Talentos Senac 2014 !
Leyla fala em “grande
dever de casa”
Em entrevista à TV MELHOR,
Leyla Nascimento, Presidente
da ABRH-Nacional, destacou a
altíssima interatividade deste
CONARH. Acrescentou que o
excelente conteúdo das palestras proporciona “grande dever
de casa em termos de reflexão”
para os profissionais das organizações. “Em um momento de
tanta apreensão quanto ao cenário futuro, RH se antecipou e
discutiu as implicações desse
cenário”, enfatizou.
Confirmado: o Grupo LET estará na
última etapa do projeto Talentos Senac 2014, dias 27 e 28 de novembro
no Parque de Madureira, zona norte do Rio. A consultoria de RH irá
oferecer acesso às suas vagas no
mercado e orientação para entrevistas de emprego. Esta é a primeira vez que o belíssimo Parque de
Madureira receberá um evento de
empregabilidade — que deve atrair
mais de 10 mil pessoas. Já em seu
quarto ano, o Talentos Senac é uma
competição de educação profissional que tem atuado como plataforma de empregabilidade. Há 68 anos
o Senac RJ profissionaliza mão de
obra para os setores de comércio
de bens, serviços e turismo no Estado do Rio. Em 2013 atingiu a marca
de 76% de empregabilidade, com
o suporte do Click Oportunidades
(agência interna do Senac RJ). Valerá muito dar uma passada lá, seja
para acessar uma oportunidade ou
(você de RH) para viver uma grande experiência! O evento é 100%
gratuito! Mais informações pelo site
www.rj.senac.br/talentos.
Palavras FORTES
“URGÊNCIA,
Desafiamos duas das personalidades que “fizeram acontecer” a definir
três ou quatro palavras fortes que
sintetizaram o CONARH. Veja o que
eles dizem...
TRANSFORMAÇÃO,
“HUMOR, COMPETITIVIDADE,
EDUCAÇÃO e CORAGEM”
HUMANIZAÇÃO E PROPÓSITO”
Alessandra Ginante, Diretora de RH
da AVON e do Comitê Temático do
CONARH
Gumae Carvalho, Editor da Revista
MELHOR – que fez brilhante cobertura do evento
e-mails para esta seção
[email protected]
| 2013
2014 | Setembro / Outubro | 19
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BATE- PAPO - Grupo Let