9. RAUIRYS ALENCAR DE OLIVEIRA
Título do Projeto: Avaliação Fisioterapêutica no Pré e Pós-Operatório de Neurólise
em Pacientes Portadores de Hanseníase com Dano Neural.
A hanseníase é uma doença de caráter infecto-contagioso e também incapacitante,
causada pelo Mycobacterium leprae ou bacilo de Hansen (1873), um bastonete álcoolácido resitente. O Estado do Amazonas apresentou, em 2004, um coeficiente de
prevalência de 6,74/10.000 habitantes, ocupando o 11° lugar no Brasil. Município de
Manaus apresentou, neste mesmo ano, uma prevalência de 5,79 casos por 10.000
habitantes, o que é considerado alto pela Organização Mundial de Saúde. No mesmo
ano foram detectados 918 casos novos no Estado, dentre os quais, 94,88% foram
avaliados quanto ao grau de incapacidade, onde 23,06% apresentaram grau I ou II de
incapacidade, trazendo prejuízos por perda de força de trabalho e gastos
governamentais com previdência e investimentos em prevenção terciária. O presente
estudo teve como objetivo analisar, através do exame neurofuncional, a eficácia da
cirurgia de neurólise em pacientes com neurite hansênica operados na Fundação
Alfredo da Matta (FUAM-AM), município de Manaus, Estado do Amazonas. Esta
cirurgia está indicada nos estados de neurite que não respondem adequadamente à
corticoterapia. Tratou-se de um estudo prospectivo, do tipo descritivo. Teve como
universo de estudo a população portadora de neurite hansênica do Estado do
Amazonas, tratada na FUAM-AM. Foram selecionados 27 participantes os quais foram
triados para cirurgia eletiva de neurólise, respeitando os critérios de inclusão e
exclusão, no período de outubro de 2004 a janeiro de 2005. Ao todo foram realizadas
64 cirurgias nos pacientes selecionados durante o período de acompanhamento,
sendo que 22 pacientes realizaram neurólise em dois nervos e 5 pacientes realizaram
neurólise em 5 nervos. Os pacientes realizaram uma avaliação neurofuncional préoperatória em cada cirurgia, compreendendo o teste de força muscular manual, teste
de sensibilidade pelos estesiômetros de Semmes-Weinstein, avaliação da dor através
de escala analógica visual e classificação do grau de incapacidade. A mesma
avaliação foi repetida um mês após a cirurgia. Os principais nervos operados foram,
em ordem decrescente, medial e ulnar, fibular comum e tibial posterior. A maioria dos
pacientes operados (70,3%) pertencia a faixa etária entre 20 e 40 anos de idade. A
forma clínica mais comum entre os mesmos foi a virchowiana (67%), seguida da
dimorfa-virchoviana (19%), tuberculóide (7%) e dimorfa-tuberculóide (7%). Setenta e
quatro por cento dos pacientes operados encontravam-se em alta clínica e 26% ainda
realizavam tratamento por poliquimioterapia. A principal queixa apresentada foi dor
(55%). Entre os 64 nervos operados, 38 eram responsáveis por algum grau de
comprometimento de força na musculatura correspondente à sua inervação no préoperatório. Em relação ao grau de incapacidade, 70% apresentaram grau I e 30%
apresentaram grau II. No pós-operatório, foi relatada melhora da dor em 64% das
cirurgias, 30% não apresentaram alteração e 6% apresentaram piora. Cinqüenta e seis
por cento dos nervos com comprometimento motor não apresentaram melhora, 32%
melhoraram em até um grau e 12% apresentaram piora em até um grau. Trinta e
quatro por cento dos pacientes apresentaram melhora da sensibilidade, e 66% se
mostraram com quadro inalterado. Quanto ao grau de incapacidade não houve
modificações quando comparamos o pré ao pós-operatório. De acordo com os
resultados apresentados, concluímos que, pelo menos durante o período de
acompanhamento do estudo, correspondendo a um mês de pós-operatório, não houve
evolução significativa na funcionalidade dos segmentos correspondentes aos nervos
operados, sob o ponto de vista da força muscular. A dor, como principal queixa
relatada e também como fator incapacitante, apresentou melhoras importantes
promovendo satisfação quanto aos resultados por parte dos pacientes, bem como a
melhora da sensibilidade.
Palavras chaves: hanseníase, fisioterapia, neurólise, incapacidade física, neurite.
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Avaliação Fisioterapêutica no Pré e Pós