COBERTURA VACINAL DA EQUIPE DE LIMPEZA DE UM HOSPITAL
PRIVADO EM TERESINA-PI
VACCINE COVERAGE TEAM CLEANING OF A PRIVATE
HOSPITAL IN TERESINA-PI
EQUIPO DE LIMPIEZA DE LA VACUNA CONTRA LA COBERTURA
UN HOSPITAL PRIVADO DE TERESINA-PI
Dinah Sá Rezende Neta1
Laiara Rodrigues Uchôa Araújo2
Grazielle Roberta Freitas da Silva3
Teve-se como objetivo caracterizar os aspectos sócio-demográficos dos profissionais de limpeza de um
hospital privado, analisar sua cobertura vacinal e identificar os fatores que interferem na adesão à
vacinação desses trabalhadores. É uma pesquisa quantitativa, descritiva, do tipo transversal. Os sujeitos
da pesquisa foram 17 funcionários do serviço de limpeza do Hospital de Terapia Intensiva localizado em
Teresina-PI, constituindo uma amostra de 68% da população. Os resultados mostram que apenas
(41,17%), dos entrevistados apresentaram a caderneta de vacinação, sendo as maiores coberturas as
vacinas influenza e dT, ambas com 57,14%. Aqueles que não mostraram documento que comprovasse a
presença da imunização (58,83%), sendo considerada apenas informações verbais, apresentaram
cobertura vacinal mais elevada. Os fatores que interferem na adesão a vacinação foram o ato de
negligencia, predominando a Hepatite A com 62,5%. Pode-se concluir que a equipe de limpeza não está
com a cobertura vacinal adequada.
DESCRITORES: Imunização; Prevenção; Biossegurança; Enfermagem.
Aimed to characterize the socio-demographic aspects of professional cleaning of a private hospital,
review your coverage and to identify factors that influence adherence to the vaccination of these workers.
It is a quantitative, descriptive, transversal. The study subjects were 17 employees of the cleaning service
of Intensive Care Hospital located at Teresina-PI, constituting a sample of 68% of the population. The
results show that (41.17%) of interviewees had the booklet for vaccination coverage and the higher
influenza and dT vaccines, both with 57.14%. Those who showed no document to prove the presence of
immunization (58.83%), being considered only verbal information, had higher immunization coverage.
The factors that influence adherence to vaccination have been the act of negligence, predominantly
Hepatitis A with 62.5%. It can be concluded that the cleaning crew is not with the proper coverage.
DESCRIPTORS: Immunization; Prevention; Biosafety; Nursing.
Objetivo del estudio fue caracterizar los aspectos socio-demográficos de la limpieza profesional de un
hospital privado, revise su cobertura e identificar los factores que influyen en la adherencia a la
vacunación de estos trabajadores. Se trata de una cuantitativa, descriptiva, transversal. Los sujetos del
estudio fueron 17 trabajadores del servicio de limpieza de Cuidados Intensivos del Hospital ubicado en
Teresina, PI, que constituyen una muestra del 68% de la población. Los resultados muestran que
(41,17%) de los entrevistados tenía el folleto para la cobertura de vacunación de la gripe y el más alto y
vacunas dT, ambos con 57,14%. Los que mostraron ningún documento para probar la presencia de la
inmunización (58,83%), siendo considerado sólo la información verbal, tuvieron una mayor cobertura de
inmunización. Los factores que influyen en la adherencia a la vacunación ha sido el acto de negligencia,
principalmente la hepatitis A con un 62,5%. Se puede concluir que el equipo de limpieza no es con la
cobertura adecuada.
DESCRIPTORES: Inmunización; Prevención; Seguridad de la Biotecnología; Enfermeria.
1
Docente do curso de graduação em enfermagem da Faculdade Integral Diferencial (FACID). Mestranda
em enfermagem – UFPI. Teresina-PI. E-mail: [email protected]
2
Enfermeira. Graduada em Enfermagem pela Faculdade Integral Diferencial (FACID). Teresina-PI. Email: [email protected].
3
Doutora em enfermagem. Docente do curso de pós-graduação Mestrado em Enfermagem da
Universidade Federal do Piauí (UFPI). Teresina-PI.
INTRODUÇÃO
O ambiente hospitalar expõe a equipe profissional a vários riscos, que podem
ser biológicos, físicos e químicos, sendo necessário o uso de métodos seguros de
biossegurança na realização de procedimentos e uma cobertura vacinal atualizada para
evitar possíveis doenças ocupacionais.
A imunização faz parte da biossegurança no ambiente de trabalho,
contribuindo para a qualidade de vida dos trabalhadores e de sua família, garantindo
também economia para a empresa. A vacinação é de extrema importância para a
população, principalmente profissionais da área de saúde que estão em constante
contato com fluidos corporais e materiais contaminados.
É recomenda que adolescentes e adultos, incluindo os trabalhadores do
ambiente hospitalar sejam imunizados contra hepatite B, tétano, difteria, febre amarela
(em área de risco), sarampo, caxumba e rubéola, por diminuir o risco de contaminação
no ambiente de trabalho(1). No ambiente hospitalar, os que mais se acidentam são os
trabalhadores da área de apoio e os do setor de limpeza(1-5).
Especificamente a equipe de limpeza, responsável pela higienização da
ambiência hospitalar, entram em contato com os mais variados tipos de
microorganismos, portanto eles devem além de usar os equipamentos de segurança
individual, estar imunizados. Esses trabalhadores geralmente apresentam baixa
qualificação profissional, tendo a maioria o ensino fundamental incompleto, o que
remete necessidade urgente de informações mais detalhadas sobre educação e saúde (2-5).
Dessa forma, essa investigação teve como objetivos caracterizar os aspectos
sócio-demográficos dos profissionais de limpeza de um hospital privado de Teresina-PI,
analisar a cobertura vacinal desses profissionais, bem como identificar os fatores que
interferem na adesão a vacinação desses trabalhadores.
Essa investigação é relevante para a área da saúde, do ponto de vista da
interdisciplinaridade, da complexidade das ações de saúde, e até mesmo do
comprometimento da enfermagem com a educação à saúde ambiental e do trabalhador.
Ao passo que, o serviço de limpeza hospitalar é integrante da instituição, diretamente
influenciada por esse ambiente ocupacional bem como, contribui de forma efetiva no
serviço da enfermagem.
METODOLOGIA
Pesquisa quantitativa, descritiva, do tipo transversal, realizada em um hospital
de médio porte, localizado na cidade de Teresina-PI, que presta serviços no atendimento
a população. Os sujeitos da pesquisa foram inicialmente todos os funcionários da
limpeza que prestam serviço no hospital, composto por 25 integrantes. Finalizou-se em
uma amostra por conveniência de 68% (17 trabalhadores) da população, já que 32% (8
trabalhadores) não compareceram ao ambiente de trabalho no período da coleta de
dados devido licença maternidade, atestado médico, férias ou se negaram a participar do
estudo alegando ausência de tempo, ilustrando 32% de perda.
A técnica aplicada foi a entrevista por meio de formulário contendo questões
fechadas. As variáveis levantadas foram: idade, sexo, escolaridade, jornada de trabalho,
exposição ocupacional, posse do cartão de vacinação, vacinação contra hepatite B,
hepatite A, tríplice viral, dupla bacteriana, varicela e influenza. A maioria os dados
obtidos considerou apenas a informação verbal dos entrevistados por conta da ausência
de qualquer comprovação (cartão de vacinação), o que minimiza a validação das
informações quanto a imunização.
O viés da falsa resposta pode estar relacionado a questões embaraçosas, quando
os trabalhadores podem responder falsamente por temor de serem repreendidos ou
denunciados. Tendo em vista a natureza desta investigação, especula-se que os
resultados superestimem a prevalência da vacinação, já que as pessoas tendem a
reportar comportamentos aceitáveis mesmo quando não os adotam. Para minimizar esse
viés, foi enfatizado aos entrevistados os preceitos da ética em pesquisa, principalmente a
não maleficência, privacidade e confidencialidade. Outra forma de minimizar as falsas
respostas foi a realização da entrevista em local apropriado, de modo que as respostas
do entrevistado fossem ouvidas apenas pelo entrevistador.
Os dados foram digitados e analisados utilizando-se o Microsoft Office Excel,
o qual calculou as estatísticas descritivas simples (média e distribuição de frequência).
Os achados mais significativos foram representados por gráficos e tabelas e analisados à
luz da literatura.
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade Integral
Diferencial- FACID sob protocolo de nº411/09. Foram respeitados todos os preceitos
éticos contidos na Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, que regulamenta
as pesquisas envolvendo seres humanos
RESULTADOS
A média de idade da amostra relacionada foi de 28,23 anos. Tendo como idade
mínima 25 e máxima 44 anos. Predominou o sexo masculino com 70,59%, em relação
ao feminino(29,41%). A maior carga horária apresentada foi de 40 horas mencionada
por apenas 11,76% dos entrevistados, porém a maioria deles trabalha 8 horas semanais
(29,41%) e 23,52% trabalham 12 horas por semana.
Ao serem questionados quanto a situação conjugal, observou-se que 17,64%
apresentam união estável, 41,17% casados e 41,17% solteiros. Questionados sobre a
escolaridade, 41,17% afirmaram ter ensino fundamental completo, 52,94% ensino
médio completo e 5,88% ensino superior incompleto. Quanto à exposição ocupacional,
17,65% afirmaram já terem sofrido acidente com material contaminado no ambiente de
trabalho.
11,78%
41,17%
Sim
47,05%
Não
Não possuem
Gráfico 1- Apresentação do cartão de vacinação pelos trabalhadores da equipe de
limpeza. Teresina-PI, 2010
Pode-se observar no gráfico 1 que apenas (41,17%) dos sujeitos, apresentaram
a caderneta de vacinação. De todos os trabalhadores entrevistados em posse do mesmo
nenhum apresentou todas as vacinas preconizadas pela Associação Nacional de
Medicina do Trabalho, Programa Nacional de Imunização e NR-32. Em contrapartida,
47,05% não apresentaram o cartão, mesmo sendo solicitado durante todo o período de
coleta de dados. Além disso, 11,78% não possuíam ou perderam o cartão de vacinação.
O gráfico 2 mostra a cobertura vacinal daqueles que apresentaram o cartão de
vacinas.
100%
80%
60%
57,14%
57,14%
40%
20%
0%
Vacinados
14,28%
14,28%
0%
0%
Não Vacinados
Gráfico 2- Cobertura vacinal dos trabalhadores da equipe de limpeza que apresentaram
o cartão de vacinação. Teresina-PI, 2010.
O gráfico 2 mostra que a cobertura vacinal dos trabalhadores investigados
variou de acordo com o imunobiológico. A maior cobertura foi identificada para a
vacina influenza sazonal e dT, ambas com 57,14%, seguida da vacina VTV e Hepatite
B, ambas com 14,28%.
Dos dezessete entrevistados, 58,83% não mostraram nenhum documento que
comprovasse a presença da imunização, alegando perda, esquecimento ou não ter
tomado nenhuma vacina. No gráfico 3 pode-se observar o índice de vacinação desses
profissionais levando em conta a informação verbal.
70%
60%
50%
70%
70%
50%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
Vacinados
Não vacinados
Não souberam informar
Gráfico 3- Cobertura vacinal dos trabalhadores da equipe de limpeza que não
apresentaram o cartão de vacinação. Teresina-PI, 2010.
Houve predomínio da vacina contra hepatite A, influenza e VTV com 70%,
seguida da vacina dT (60%) , hepatite B e varicela (50%). O gráfico ainda mostra que
10% dos entrevistados não souberam informar quanto à vacinação contra varicela, dT e
VTV.
Todos os sujeitos que apresentaram ausência de vacinas comprovadas mediante
cartão ou por meio de informação verbal foram indagados quanto aos fatores que
interferiram na adesão aos imunobiológicos, que encontram-se listados na tabela abaixo.
Tabela 1 – Motivos apresentados pelos trabalhadores da área de limpeza para a não
adesão à vacinação. Teresina- PI, 2010.
Vacina
Negligencia
Nº
Hepatite A
5
Hepatite B
4
Varicela
3
Influenza
2
Triplice Viral
2
Dupla Bacteriana 2
%
62,50
44,44
27,27
40,00
28,57
33,33
Desconhecimento
Nº
2
4
1
2
3
2
%
25,00
44,44
9,09
40,00
42,85
33,33
Medo
Nº
1
1
1
1
1
1
%
12,5
11,11
9,09
20,00
14,28
16,66
Imunização
ativa
Nº
%
3
27,27
-
Observa-se que o motivo mais predominante é o ato de negligenciar tal ação,
ocasionado por descuido ou até mesmo falta de interesse do profissional, predominando
a hepatite A (62,5%) e a hepatite B(44,44%).
Percebeu-se também, na variável “desconhecimento”, um maior índice a
hepatite B (44,44%), seguida da tríplice viral(42,85%) e influenza (40,00%). Quanto à
varicela, 27,27% dos entrevistados afirmaram estarem imunes haja vista já ter adquirido
a doença na infância (imunização ativa).
DISCUSSÃO
A maioria não apresentou ou não possuía caderneta de vacinação, sendo este
um dado preocupante, por apontar a falta de interesse dos envolvidos. Os profissionais
que não apresentaram o cartão, alegaram esquecimento ou tê-lo deixado em outra
cidade. Importante ressaltar que todos os participantes foram procurados em diversos
momentos para conferir o esquema vacinal no cartão de vacinação.
O esquema vacinal atualizado previne contra doenças adquiridas em
decorrência de acidentes pérfuro-cortantes, os quais os funcionários do serviço de
limpeza estão continuamente expostos, uma vez que dos 17 funcionários do hospital em
Teresina, 17,65% relataram já ter sido vítima de algum deles. Assim, não é difícil
encontrar algum trabalhador que tenha sofrido esse tipo de acidente. O percentual de
acidentes identificado entre os profissionais de higiene e limpeza desse hospital é
relativamente alto quando comparados ao registro de 3,3% de acidentes entre
trabalhadores desse mesmo grupo populacional conforme resultado de outro estudo(6). É
importante que estes profissionais estejam com a cobertura vacinal atualizada e que
saibam como agir, visando à garantia da saúde dos envolvidos.
Para se prevenir desses acidentes além do uso dos EPI’s os trabalhadores
devem estar imunizados adequadamente. O cartão de vacinação é um documento
importante na identificação da situação vacinal da população, pois somente através dele
pode-se constatar as vacinas adquiridas.
Os trabalhadores da equipe de limpeza podem estar expostos ao vírus da
hepatite B, ao se acidentar com materiais perfuro-cortantes, muitas vezes desprezados
em locais inapropriados, contato de pele não íntegra ou mucosa com sangue
contaminado em lençóis ou mesmo objetos infectados.
A vacinação contra hepatite B apresenta uma eficácia de 90 a 95% diminuindo
gradativamente após os 40 anos de idade. É recomendada pelo Ministério da Saúde para
pessoas até 19 anos e para adultos pertencentes a grupos de risco(5), como é o caso da
equipe de limpeza hospitalar.
Os índices de vacinação contra hepatite B da amostra pesquisada (14,28%) são
relativamente baixos quando comparados ao registro de 50% de cobertura vacinal entre
trabalhadores de outro estudo desse mesmo grupo populacional(6).
A vacina contra dT apesar de ser uma das mais prevalentes no estudo(57,14%),
ainda encontra-se distante da meta nacional. Atribui-se a tal situação, o fato da maioria
dos entrevistados serem do sexo masculino, uma vez que durante o pré-natal as
mulheres são conduzidas a imunização como forma de prevenir o tétano neonatal,
havendo uma maior possibilidade de vacinação nas pessoas do sexo feminino.
A imunização elevada contra a influenza sazonal (57,14%), pode ser justificada
pelo fato desse imunobiológico ser disponibilizado no próprio hospital para todos os
funcionários, e mesmo assim não apresentou cobertura vacinal de excelência.
Indagados sobre a vacina contra varicela, duas pessoas relataram já ter tido a
doença na infância, adquirindo imunidade contra essa patologia, que pode ser adquirida
através do contato direto com as lesões cutâneas vesiculares ou pelas vias aéreas. Isso
põe em risco os profissionais da higiene, que por muitas vezes realizam a limpeza de
ambientes em que desconhecem a morbidade dos pacientes internados, não fazendo uso
do equipamento de segurança necessário. De acordo com a da sociedade brasileira de
imunização(7) a vacina contra a varicela apresenta excelente relação custo-benefício.
A ausência da vacina contra hepatite A e varicela pode ser relacionada à falta
de divulgação e de disponibilidade nas unidades básicas de saúde, visto que esses
profissionais devem procurar essas vacinas em um Centro de Referência em
Imunobiológicos Especiais (CRIES), localizados em Teresina. A hepatite A pode ser
contraída através do contato com água, alimentos e objetos contaminados(5). A aquisição
de uma patologia imunoprevenível causa o afastamento do trabalho de forma
desnecessária, levando a maiores gastos e menor produtividade.
Grande parte dos sujeitos descumpriu a NR-32 que retrata a obrigação da
imunização do profissional que trabalha no serviço de saúde, tendo ligação direta ou
indireta com os pacientes(5). Esses dados demonstram a falta de esclarecimento dirigida
a esses profissionais, visando sensibilizá-los quanto a necessidade de estarem
imunizados, uma vez que a vacinação é uma das estratégias mais eficazes na luta contra
doenças imunopreveníveis.
A maioria não apresentou ou não possuía caderneta de vacinação, sendo este
um dado preocupante, por apontar a falta de interesse dos envolvidos. Os profissionais
que não apresentaram o cartão alegaram esquecimento ou tê-lo deixado em outra
cidade. Importante ressaltar que todos os participantes foram procurados em diversos
momentos para conferir o esquema vacinal no cartão de vacinação.
Dentre os sujeitos em questão, quatro deles afirmaram ter tomado todas as
vacinas e suas referidas doses, porém nenhum soube informar exatamente quantas doses
compunham os referidos imunizantes, colocando-se em dúvida as informações.
Analisando cada imunobiológico isoladamente, percebe-se que a situação
vacinal para hepatite B nesse estudo não é semelhante a uma pesquisa(8) que teve como
sujeitos profissionais de nível superior completo em que a maior cobertura vacinal para
esse imunobiológico identificada por meio de informação verbal foi de 81,3%. Isso
pode ter ocorrido devido a escolaridade e conhecimento sobre imunização, uma vez que
no presente estudo os sujeitos apresentam uma variação de escolaridade e não tem
conhecimento teórico sobre imunobiológicos.
Indagados sobre a vacinação contra varicela, um dos entrevistados relatou já ter
adquirido a doença na infância, desenvolvendo imunidade ativa. A varicela é uma
doença aparentemente benigna que mesmo quando não acompanhada de complicações
ocasiona desconforto e impossibilidade de freqüência ao ambiente de trabalho, sendo
dessa forma importante a imunização(7).
Encontro-se ainda mostra um índice de 10% dos entrevistados que não
souberam dizer se já haviam sido vacinados contra varicela, VTV e dT,
o que
demonstra ainda mais a necessidade de ter em posse o cartão de vacinação.
Encontrou-se altos índices de desconhecimento acerca do imunizante para os
trabalhadores da saúde sobre as vacinas Hepatite B e VTV, apesar das campanhas do
Ministério da Saúde voltadas para a população em idade fértil. A ausência dessa vacina
(VTV) pode causar um impacto positivo na prevalência da rubéola congênita.
A partir de 2002 ocorreu uma queda no número de casos detectados de rubéola
congênita, provavelmente pela implantação da vacinação de mulheres acima de 12 anos
não vacinadas e a identificação de fatores associados à soroprevalência em gestantes e
puérperas(9). Além disso, contribuiu como estratégia para eliminação do vírus no Brasil
a realização da campanha de vacinação para mulheres em idade fértil, ocorrida em
2001. Em 2004 foram detectados vinte casos da rubéola congênita no Brasil sendo
quatro no nordeste, já em 2005 esses índices caíram para sete em todo o país, e dois no
nordeste.
A negligência é outro fator importante para a não adesão dos trabalhadores
investigados nesse estudo, considerada como desatenção, a falta de cuidado ou de
preocupação com que se executam certos atos, em virtude dos quais se manifestam
resultados maus ou prejudiciais.(10) A vacina contra hepatite A teve sua adesão muito
prejudicada em virtude da negligência, provavelmente pela falta de disponibilidade nas
unidades básicas de saúde, o que de certa forma dificulta o acesso a mesma.
CONCLUSÕES
Pode-se
concluir
que
o
risco
de
contrair
infecções
por
doenças
imunopreveníveis entre os trabalhadores do setor de limpeza no hospital pesquisado na
cidade de Teresina é considerável, em face a inadequada cobertura vacinal dos mesmos.
Percebe-se que a acentuada exposição ocupacional não preocupa, ou até instiga esses
profissionais a buscarem a devida proteção. Fica evidente a necessidade de capacitação
dos trabalhadores da equipe de limpeza quanto à saúde, segurança no trabalho e
benefícios da vacinação.
Dos resultados obtidos as vacinas que apresentaram melhor cobertura no grupo
estudado que dispunha do cartão de vacinação foram a influenza e dupla bacteriana,
ambas com 57,14%. Considerando as informações verbais daqueles que não dispunham
do cartão, a maior cobertura foi para os imunizantes contra hepatite A, influenza e
tríplice viral, ambos com 70%. Os fatores que predominantemente interferem na
vacinação dos sujeitos envolvem aspectos como negligencia e desconhecimento em
relação à hepatite A e tríplice viral, respectivamente.
Quanto ao cartão de vacinação, não foram encontradas pesquisas que retratem
o uso do mesmo pelos profissionais de saúde. Sugere-se pesquisas que possam mostrar
a realidade do uso do cartão de vacinação pela população, principalmente aqueles que
atuam nos mais variados serviços de saúde. A Central de Controle de Infecção
Hospitalar deve-se fazer presente nos hospitais solicitando o referido documento e
orientando diante da sua importância, além de controlar sistematicamente a situação
vacinal dos trabalhadores.
Desse modo faz-se necessária uma maior divulgação acerca da vacinação,
doenças imunopreveníveis e consequências de uma não adesão, como também uma
maior disponibilidade de todas as vacinas citadas para esses profissionais.
REFERÊNCIAS
1. Ministério da Saúde (BR). Portaria nº597, de 8 de abril de 2004. Institui em todo o
território nacional os calendários de imunização de crianças, adolescentes, adultos e
idosos. Por intermédio do programa nacional de imunizações, vinculado ao
departamento de vigilância epidemiológica, da secretaria de vigilância em saúde.
Brasília
2004.
Disponível
em:
http://dtr2001.saude.gov.br/sas/PORTARIAS/Port2004/GM/GM-597.htm>
2.Osti C, Marcondes-Machado J. Vírus da hepatite B: avaliação da resposta sorológica à
vacina em funcionários de limpeza de hospital-escola. Ciênc. saúde coletiva 2010.;
15(suppl.1): 1343-48 .
3. Silva LG, Haddad MCL, Domansky RC, Vituri DW. Capacidade para o trabalho
entre trabalhadores de higiene e limpeza de um hospital universitário público. Rev.
Eletr.
Enf.
[Internet].
2010.;
12
(1):
158-63.
Disponível
em:
http://www.fen.ufg.br/revista/v12/n1/v12n1a19.htm.
4. Oliveira AC, Gonçalves JA. Acidente ocupacional por material pérfuro-cortante entre
profissionais de saúde de um Centro Cirúrgico. Rev Esc Enferm USP. 2010.; 44 (2):
482-7.
5. Divisão de imunização. Vacina contra hepatite B. Rev. Saúde Pública. 2006.; 40(6):
1137-40.
6.Garcia LP, Facchini LA. Vacinação contra a hepatite B entre trabalhadores da atenção
básica à saúde. Cad saúde pública. 2008.; 24 (5): 1130-40.
7.Sociedade Brasileira de Imunizações. Informativo 2006 Varicela: como evitar os
prejuízos de uma doença aparentemente benigna. Ano 1, nº 5. Rio de Janeiro: set de
2006. Disponível em: http://www.sbim_info_varicela.pdf.
8.Araújo TME, Paz EPA, Griep RH. Cobertura vacinal dos profissionais de um curso de
especialização em saúde da família do Piauí. Esc. Anna Nery Rev. Enf. 2006.; 1 (10):
95-100.
9. Rede Interagencial de Informação para a Saúde. Indicadores básicos para a saúde no
Brasil: conceitos e aplicações / Rede Interagencial de Informação para a Saúde - Ripsa.
2ª. ed. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2008. Disponível em:
http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/ind_basicos_2_edicao.pdf.
10. Silva, DPE. Vocabulário Jurídico. 17ª. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2000.
Download

cobertura vacinal da equipe de limpeza de um hospital privado em