A devoção a Nossa Senhora
é necessária para a salvação
pelo Padre Patrick Perez
Comecemos com uma oração. Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amen.
Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos Vossos fiéis e reacendei neles o fogo do Vosso
amor divino. Enviai o Vosso Espírito e serão formados. Oremos. Ó Deus, que, pela luz do
Espírito Santo, instruís os corações dos fiéis, concedei-nos que, pelo mesmo Espírito, sejamos
verdadeiramente sensatos e nos alegremos na Sua consolação. Por Cristo Nosso Senhor. Amen.
Que a assistência divina permaneça sempre em nós: que as almas dos fiéis defuntos descansem
em paz, pela misericórdia de Deus. Amen.
Bom dia, caros Padres. Há aqui Salesianos de S. João Bosco? Sei que há mais; os outros
tiveram receio de levantar as mãos! Bem, desejo-lhes um feliz Dia da Festa de S. João Bosco,
não só aos Padres Salesianos mas a todos os que estão presentes. É uma bênção para todos nós
que continuem o vosso trabalho junto dos jovens de todo o mundo. São a nossa esperança para o
futuro. Que Deus abençoe o vosso trabalho e que Deus vos proteja.
Dedico esta palestra de hoje a Jesus através de Maria, em honra da Sua Imaculada
Conceição, em honra de Nossa Senhora do Rosário, e também em honra do Seu querido servo S.
João Bosco. Na Missa desta manhã, pareceu-me que uma oração se referia a ele fazer truques de
magia. Quem me explica isto? Os padres salesianos vão ter de me explicar isto mais tarde.
Parece ser interessante.
Esta manhã vou falar da devoção à Santíssima Virgem, mas não apenas em geral.
Especificamente, a devoção à Santíssima Virgem Maria como sendo necessária para a salvação.
Parece que há muito a dizer, e, de facto, aconteceu que alguns padres me vieram dizer — talvez
não fossem padres muito bons— vieram-me dizer: “Sabe, não tenho grande devoção à
Santíssima Virgem. sabe como é, e quanto ao Terço, tanto posso rezar como não rezar”. Ora isto
não é ter devoção à Santíssima Virgem.
E eu não concordo. Quando perguntaram a Nosso Senhor qual era o maior mandamento,
respondeu: Amarás ao Senhor teu Deus com toda a tua mente, e todo o teu coração, e toda a tua
alma. E amarás o teu próximo como a ti mesmo. Se amamos verdadeiramente a Deus, Deus Pai,
Deus Filho e Deus Espírito Santo com todo o nosso coração, toda a nossa mente e toda a nossa
alma, também devemos amar o que Ele ama. Não podemos separar as duas coisas. Não podemos
dizer: amo muito a Jesus, mas a Sua Mãe está bem. Não! Se amamos ao Senhor nosso Deus de
todo o coração, também amamos a Sua Mãe. Tentem amá-Lo com um amor igual ao que Ele tem
pela Sua Mãe. É impossível para um ser humano, mas pedimos-Lhe a graça de amar a Sua Mãe e
obedecer à Sua Mãe com o amor que Ele tinha por Ela e com a obediência que Ele Lhe
demonstrou.
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Com a excepção de Deus Pai, o maior amor de Jesus é pela Sua Mãe Santíssima. É claro
que a Santíssima Trindade ama-Se a Si própria com um perfeito amor. Isto é uma coisa, mas há
uma segunda categoria distinta, que abrange o amor de Nosso Senhor pela Sua Mãe Santíssima,
que Ele ama acima de tudo, exceptuando a Santíssima Trindade.
Portanto, por definição isto deve também aplicar-se a nós, Seus seguidores. Se vamos
realmente tentar segui-Lo, temos que procurar amar a Sua Mãe como Ele A amou. Caso
contrário, não podemos dizer que amamos a Jesus. É tão simples como isto. Não amas, não
podes amar, és um mentiroso. Se disserem que amam Jesus, mas não amam a Sua Mãe, estão a
mentir.
Daqui a um momento irei aprofundar este tema. Sei que muitos de vós vêm da Índia ou
do Sri Lanka ou dos países dessa área, e que têm os vossos próprios espinhos a suportar. Têm
que tratar com os Hindus e com os Muçulmanos e com os Governos e todo o tipo de autoridades.
Ora bem, o espinho que nos atormenta na América é os que se chamam Protestantes. Estão em
todo o lado, como aquelas formigas vermelhas que mordem, ou como baratas, e incomodam
muito, por causa das suas blasfêmias e dos seus ataques ao Cristianismo. Creio que não têm que
lidar muito com eles por aqui, mas cada terra tem os seus problemas. Mais do que, por coerência,
amar a Nossa Senhora com o amor de Jesus, para podermos dizer que amamos de facto a Jesus.
Mais do que, porque O amamos, amarmos o que Ele ama e tentarmos imitá-Lo em todas as
coisas.
É claro que o texto clássico, A Imitação de Cristo, de Tomás a Kempis, dá-nos uma boa
orientação nesse sentido, mas há muitas obras espirituais de grande beleza que também nos
orientam na mesma direcção. De certa maneira, a Sua Incarnação realizou-se pela intercessão de
Nossa Senhora. Quando Nossa Senhora consentiu em fazer a vontade de Deus e ser Mãe da
Segunda Pessoa incarnada da Santíssima Trindade, fez a sua intercessão de maneira muito real.
Nosso Senhor sujeitou a Sua própria Incarnação à condição da intercessão da Sua Mãe.
Da mesma maneira, os Seus milagres devem-se à Sua intercessão. Recordemos o primeiro de
todos; nas bodas de Caná, Nossa Senhora notou que não havia vinho e disse-Lhe: “Filho, não
têm vinho”, ao que Ele respondeu: “Mulher, o que tem isso a ver comigo e contigo?”, e então
transformou a água em vinho como o seu primeiro milagre público. Ora bem, isto simbolizou a
Sua entrada nesta vida, na Sua vida pública, na Sua vida de milagres, e fê-lo com a intercessão
da Sua Mãe, e também com a Sua permissão e a Seu pedido.
A Santíssima Virgem ocupa um lugar único na criação. Ora bem, é aqui que os
Protestantes da minha terra começam a ter problemas com a Santíssima Virgem, porque, por uma
razão qualquer, não conseguem aceitar o facto de que Nossa Senhora é única na criação. Não é
Deus porque foi criada; não é igual a nós porque nós nascemos no pecado; mas é a Imaculada
Conceição, o primeiro tabernáculo, o vaso santo e puro feito por Nosso Senhor para O conter
durante nove meses, enquanto esperava para nascer em Belém.
Nossa Senhora, a Imaculada Conceição, ocupa um lugar único na criação, tanto pela Sua
natureza de ser a Imaculada Conceição como pelos Seus méritos. Porque também mereceu o que
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tinha. Não por ter nascido Imaculada Conceição; porém mereceu muitas coisas por Sua própria
conta. Ou seja, por colaborar inteira e totalmente com o plano de Deus. Mereceu, e conseguiu
onde a primeira Eva falhou, e nesse sentido contribuiu para a nossa redenção. Ocupa, pois, uma
posição única entre Deus e os homens, acima de todos os homens.
Aqueles de vós que estão familiarizados com a liturgia tradicional da Igreja sabem como
nós demonstrávamos isto. Há três tipos de inclinações. Por exemplo, na Missa tradicional da
Igreja, faz-se uma leve inclinação da cabeça quando se menciona o Santo do dia, ou o nome do
Papa, ou o Bispo da Diocese em que se está, no dia da sua sagração. Faz-se uma inclinação
profunda da cabeça quando se diz o nome da Santíssima Virgem Maria, e só o nome da
Santíssima Virgem Maria. É uma inclinação mais profunda do que a do Santo, do Papa ou do
Bispo. Mas é menos profunda do que o terceiro tipo de inclinação, que é reservada ao nome de
Nosso Senhor Jesus Cristo, e não há uma inclinação mais profunda do que esta.
Portanto, até na liturgia separamos dulia, hiperdulia e latria, que a Igreja dedica aos
vários santos, a Deus e à Santíssima Virgem. Nós, Católicos, sempre Lhe demos este lugar sem o
questionarmos. Não questionamos isso nem nunca o fizemos. Mas, como já disse, há quem o
faça. A saber, os Protestantes, que começaram com a revolta protestante do início do Século
XVI.
Reparem que lhe chamo Revolta protestante, e não a Reforma. Os Protestantes gostam de
chamar-lhe Reforma porque pensam que a Igreja Católica estava de alguma maneira corrupta e
que eles a reformaram gloriosamente num sentido bíblico. Mas não, destruíram a unidade da
Igreja. Blasfemaram a nossa Mãe Santíssima, Nosso Senhor e os Seus santos, e tudo o que
apareceu antes deles na Sua Igreja. É, portanto, acima de tudo a Revolta protestante, não a
Reforma protestante.
Eles têm duas queixas principais a respeito da Santíssima Virgem Maria. Em primeiro
lugar, dizem que Ela era uma mulher como qualquer outra. Assim sendo, suponham que Nosso
Senhor escolheu uma mulher qualquer ao acaso para incarnar. Dizem eles, uma mulher como
qualquer outra. Para a outra objecção, falam nas Escrituras para dizerem que Ela não pode ser
mediadora, porque só temos um mediador, e esse mediador é o próprio Jesus Cristo. E por isso
dizem que, quando rezamos à Santíssima Virgem, ou quando rezamos aos santos, estamos na
prática a cometer idolatria, porque as Escrituras dizem que só podemos ter um mediador, um
intercessor, que é Jesus.
Os Protestantes baseiam estas opiniões no que entendem, em primeiro lugar, ser uma
falta de evidência nas Escrituras. Não lhes interessa saber que o Antigo Testamento está cheio de
referências à segunda Eva nas Suas qualidades; e está. Se lerem o Antigo Testamento, tendo em
conta os dados do Novo Testamento, verão que Nosso Senhor é prefigurado e referido centenas
de vezes no Antigo Testamento, assim como Nossa Senhora. E então o aspecto do senso comum
da teologia?
Recordem-se que a nossa teologia não é só bíblica. O bíblico é bom; o nosso livro é
bíblico, o livro da Igreja Católica; usamo-lo e interpretamo-lo como deve ser. Mas a teologia não
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é só ler a Bíblia; a teologia é usar a cabeça, e usá-la muitas vezes. Quando se aplica a lógica às
Escrituras e aos verdadeiros princípios sobre Deus; é assim que se faz a teologia. Quando se
aplica a lógica à verdade, pode chegar-se a outra verdade, e isso, basicamente, é teologia.
Então o que dizer daquele aspecto da teologia, o aspecto do senso comum? Deus Filho, o
Santo, o Imortal, não poderia nascer da carne de uma mulher como qualquer outra. Isto é
derivado da natureza de Deus. Não podia nascer da carne de uma mulher como qualquer outra,
com a mancha do pecado original, uma mulher tão pecadora como qualquer outra. Isso seria
impossível para o Santo, o Imortal, que não pode tolerar a presença de imperfeição, ou pecado,
ou erro.
Portanto, a Sua situação única, devida à Sua Imaculada Conceição, pode deduzir-se
através da lógica. Ela tinha de ser a Imaculada Conceição. Mesmo que não tivéssemos lido as
palavras do anjo, registadas nas Escrituras: “Ave, cheia de graça”, saberíamos que Ela era, de
facto, cheia de graça desde o primeiro momento da Sua concepção, porque não podia ser doutra
maneira.
A outra objecção que os Protestantes fazem, sobre um só mediador, um só intercessor,
que é Jesus Cristo, em que sentido será verdade, e como é que se deve entender? Que Jesus
Cristo é o único mediador em justiça, para a nossa redenção, não está em discussão. Só Ele
pagou o preço pelos nossos pecados, e isto é exactamente o que as Escrituras querem dizer
quando se referem a um só mediador. Significa que só Ele nos remiu os pecados. Pagou o preço.
E como é que sabemos que isto é o que as Escrituras dizem? E como é que sabemos que as
Escrituras não proíbem que se reze aos santos ou à Santíssima Virgem Maria? Porque as
Escrituras estão cheias de exemplos de intercessão de outros seres humanos. Vou-lhes dar uns
exemplos.
A que chamamos a mediação da graça? Nosso Senhor é a mediação da justiça. Pagou o
preço. A mediação dos santos e da Santíssima Virgem Maria chama-se a mediação da graça. Se
lermos o 2º livro dos Macabeus 15:14, Jeremias intercedeu depois da sua morte pela sua querida
cidade de Jerusalém. Vejam o livro do Apocalipse, 5:8: os antigos intercedem por nós, os Santos.
Um exemplo final. Se repararem na 2ª epístola de S. Pedro 1:15, verão que S. Pedro
prometeu aos seus discípulos que intercederá por eles no Céu. Sabemos, portanto, pelas
Escrituras, que não há apenas um mediador que reza por nós para obter a graça; tem que ser
assim, porque nas Escrituras encontramos outros exemplos de mediação da graça.
É evidente que, em virtude de Quem é e do que Ela é, a intercessão da Santíssima Virgem
Maria tem um lugar muito especial. Assim como Ela ocupa um lugar próprio na criação, assim a
Sua intercessão ocupa um lugar próprio. E o que é? Qual é o Seu lugar? É o Seu lugar único na
intercessão. A Santíssima Virgem Maria não é a Rainha do Céu e da terra? Sim, é a Rainha do
Céu e da terra. Então não será apropriado que até as orações dos Santos subam ao Céu através
d’Ela, e também todas as graças desçam do Céu através d’Ela? Ela não o mereceu? Sem dúvida
que mereceu.
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Recordemos que Lhe chamamos Rainha, na Salve Rainha, e que no 5º mistério glorioso
referimo-nos à coroação da Santíssima Virgem Maria como Rainha do Céu e da terra; falamos
d’Ela como alguém que tem domínio absoluto sobre nós, como Rainha que é. Uma Rainha não é
uma figura parlamentar em que não podemos depositar a nossa confiança. De modo nenhum!
Uma Rainha tem poder absoluto neste sentido, e no mesmo sentido Maria é Rainha do Céu e da
terra. Porque o mereceu. Assim é por necessidade de preceito, e não por necessidade de meios.
O que quer isto dizer? Ela é a Mediadora de todas as Graças porque Deus assim o quer.
Não porque tem de ser assim, mas porque Deus determinou que assim fosse, pelo amor que tem
à Sua Mãe Santíssima e aos Seus méritos. É a isto que se chama a necessidade de preceito, por
oposição à necessidade de meios. É assim porque Deus quer que seja assim, e não devido à Sua
natureza. Foi o próprio Deus quem sujeitou a Sua Incarnação à intercessão incomparável da Sua
Mãe. Sujeitou a Sua Incarnação ao fiat da Sua Mãe Santíssima, que assim cumpriu os desejos da
raça humana. A vinda do Messias realizou-se pela Sua palavra e permissão, e apenas pela Sua
palavra e permissão.
Da mesma maneira, recebemos as graças do ministério público de Nosso Senhor através
da Sua intercessão; e segundo as revelações dadas à Beata Ana Catarina Emmerich, Nosso
Senhor até pediu a permissão da Sua Mãe para se submeter à Sua paixão. Assim, até a graça da
remissão dos pecados foi através da Sua palavra, e apenas da Sua palavra. Segundo as revelações
de Ana Catarina Emmerich, Nosso Senhor visitou Nossa Senhora e pediu-Lhe licença para se
submeter à Sua paixão.
Não nos poderá surpreender que esta relação deva ser continuada no Céu. De facto, é
muito apropriado que, assim como na terra, a intercessão de Nossa Senhora seja agora necessária
para a salvação em cada caso específico, como anteriormente era em termos gerais. Há quem
queira limitar as atribuições de Nossa Senhora como Mediadora de todas as Graças ao caso geral,
quando Ela deu o seu Sim, o Seu consentimento; o Seu fiat para a Incarnação, que, portanto, nos
concedeu Deus incarnado, que teve o Seu ministério em público, a Sua paixão, morte e
ressurreição.
Todavia, é muito mais activa e específica do que isso. É um caso específico individual de
necessidade da Sua intercessão para a salvação. Cada um de nós não é apenas o caso histórico do
Seu fiat na Anunciação. O que têm os santos a dizer sobre este assunto? Bem, vou-lhes ler
algumas citações do que os santos disseram sobre este assunto; todos eles estavam de acordo.
Não há nenhum santo, nenhum escritor espiritual na história da Igreja que negue a necessidade
da intercessão de Nossa Senhora na salvação de cada um de nós.
Não é muito difícil encontrar referências sobre isto. Aqui só lhes vou indicar algumas. S.
Bernadino de Siena disse que todas as graças da vida espiritual que descem de Cristo, cabeça do
Corpo Místico de que fazem parte os fiéis, são transmitidas por instrumento de Maria. Diz o
mesmo S. Bernadino que, como Deus se dignou habitar no seio desta Santíssima Virgem, Ela
adquiriu desta maneira jurisdição sobre todas as graças que Jesus Cristo concedeu do Seu
sacratíssimo seio. Todas as correntes de dons divinos vieram d’Ela como de um oceano celestial.
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Noutro lugar, repetiu a mesma ideia em termos mais distintos. Discorreu que, a partir do
momento em que esta Virgem Mãe concebeu o Verbo Divino no Seu seio, Ela adquiriu uma
jurisdição especial, por assim dizer, sobre todos os dons do Espírito Santo, de modo que
nenhuma criatura recebeu desde então qualquer graça de Deus que não fosse pelas mãos de
Maria. Há um escritor espiritual, Ricardo de São Lourenço, que disse que Deus quis que todas as
boas coisas que Ele concede às Suas criaturas passassem pelas mãos de Maria.
Da mesma maneira, o Venerável Abade de Sales exorta a todos a que recorram a este
tesouro de graças, que é o nome que Lhe dá. Dirigi-vos à Santíssima Virgem, disse ele, porque
por Ela, e n’Ela, e com Ela, e d’Ela, o mundo recebe e receberá todo o bem.
Isto é de Santo Afonso de Ligório. Deus, que nos deu Jesus Cristo, quis que todas as
graças que foram, são e hão-de ser dispensadas aos homens até ao fim do mundo pelos méritos
de Cristo fossem dispensadas pelas mãos e através da intercessão de Maria. Um famoso teólogo
jesuíta, Suárez, disse que a intercessão e orações de Maria estão acima de todas as outras e são
não só úteis como também necessárias. S. Bernardo disse que Deus quer que não tenhamos nada
que não tenha passado pelas mãos de Maria.
E antes de S. Bernardo, já Santo Ildefonso afirmava o mesmo. Dizia ele: Ó Maria, Deus
decidiu cometer às Vossas mãos todos os dons que dispensou aos homens, e, portanto, confiouVos todos os tesouros e riquezas da graça. Mais outra autoridade, S. Pedro Damião, disse que
Deus não Se faria homem sem o consentimento de Maria. Em primeiro lugar para nos sentirmos
com maiores obrigações para com Ela, e em segundo lugar para compreendermos que a salvação
de todos ficou ao cuidado da Santíssima Virgem.
Só mais algumas notas. A evidência dos santos e teólogos é tão grande que é maravilhoso
ouvir isto. Citemos mais uma vez o teólogo jesuíta Suárez, que disse que Maria colaborou na
nossa salvação de três maneiras: Primeira, por ter merecido, por congruidade ou capacidade, a
incarnação do Verbo. Segunda, por ter rezado continuamente por nós enquanto viveu neste
mundo. E terceira, por ter oferecido voluntariamente a vida do Seu Filho a Deus para a nossa
salvação. Por esta razão, Nosso Senhor decretou na Sua justiça que, assim como Maria colaborou
na salvação dos homens com tanto amor, dando ao mesmo tempo tal glória a Deus, assim todos
os homens devem obter a sua salvação por intercessão de Maria.
Esta referência é de Santo António.
“Quem pede e espera obter graças sem a intercessão de Maria
é como se tentasse voar sem asas. Porque, assim como o Faraó
disse a José: “A terra do Egipto está nas tuas mãos”, e em seguida
enviou-lhe todos os que vinham pedir ajuda, dizendo: “Ide a José”,
assim Deus nos envia a Maria quando procuramos graças. Ide a
Maria, porque Ele decretou, escreveu S. Bernardo, que não
concederia graças a não ser que passassem pelas mãos de Maria. A
nossa salvação está nas Suas mãos.”
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Esta é de Cassiano, o escritor espiritual. A nossa salvação está nas Suas mãos. Diz
claramente que a salvação de todos nós depende de sermos favorecidos e protegidos por
Maria. Quem for protegido por Maria salvar-se-á. Quem não for, perder-se-á.
Citemos novamente Ricardo de São Lourenço:
“Assim como cairíamos no abismo se o chão desaparecesse de baixo
dos nossos pés, assim uma alma privada da ajuda de Maria cairia primeiro no
pecado e em seguida no inferno. S. Boaventura disse que Deus não nos
salvará sem a intercessão de Maria. Assim como um bebé não pode viver sem
uma ama que lhe dê de mamar, sabei que ninguém pode ser salvo sem a
protecção de Maria. Portanto, exorta-nos a ansiar pela devoção a Ela. A
mantê-la com cuidado e nunca a abandonar até recebermos a Sua bênção
maternal.”
Há muitos exemplos diferentes disto. Lembro-me agora de um. Veio num artigo
publicado no Catholic Family News, quase há sete anos. Era o caso de um jovem negro do
Sul, chamado Claude Newman, que era completamente analfabeto. Alguém tinha atacado e
ferido a sua mulher, e ele, para se vingar, acabou por matar o agressor, foi preso e
condenado por assassínio. A sentença era de morte.
Na cadeia encontrou outro preso que tinha uma medalha ao pescoço. Newman
perguntou-lhe: “O que é isso que tens aí?” O preso, que não era muito bom Católico,
respondeu: “´É só uma medalha”; e tirou-a, cuspiu no chão e deitou-a fora. Claude
Newman apanhou-a e pediu licença ao guarda para a usar. A partir dessa noite, a
Santíssima Virgem apareceu-lhe.
O ponto a reter é que, antes de ser executado, esteve em comunicação com a
Santíssima Virgem, e disse ao padre que foi prestar-lhe assistência: “Senhor Padre, se
precisar de alguma coisa, diga-me, e eu peço-Lhe por si”. Muitos santos escreveram a
mesma coisa. Não lhe disse que, se precisasse de alguma coisa, lhe dissesse e ele falaria
com Jesus. Disse-lhe que, se precisasse de alguma coisa, lhe dissesse e ele pediria a Nossa
Senhora por ele.
Meus caros fiéis, temos todo o direito de esperar que isto é verdade, considerando a
extensão das provas colhidas dos teólogos e Santos e Padres da Igreja; e isto não é coisa
que nos surpreenda a nós, Católicos. Recordemos que, mais recentemente, Fátima
confirmou tudo isto de forma maravilhosa. A Mensagem de Fátima é uma das intercessões
necessárias da Santíssima Virgem Maria, e Nosso Senhor disse-o. Recordam-se de quando
Lúcia perguntou a Deus, “Porquê a Rússia?” Ele respondeu: “Para que saibam que foi a
Minha Mãe que fez isto, e para que venerem o Seu Imaculado Coração a par da devoção ao
Meu Sagrado Coração.”
E isto é tudo o que esperamos para Fátima: a expressão pública do Santo Padre em
como a Santíssima Virgem é Mediadora de todas as Graças, através da Consagração da
Rússia ao Seu Imaculado Coração. Eventualmente, isto far-se-á. Nosso Senhor far-nos-á
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ajoelhar perante o trono da Sua Mãe Santíssima, e isto far-se-á. Ela será reconhecida como
o canal, a porta, o portão do Céu que devemos transpor. Ela será eventualmente
reconhecida como tal, mas, como dizem as profecias, quanto mais tempo se esperar, piores
são as consequências do atraso.
Quero deixá-los com uma citação final que acho que é especialmente bela. É de S.
Germano. Para mim, resume tudo. Escreveu ele:
“Não há ninguém, ó Maria Santíssima, que possa ser salvo ou
remido, a não ser por Vós, ó Mãe de Deus. Ninguém que possa ser livrado de
perigos a não ser por Vós, ó Virgem Mãe. Ninguém que possa alcançar
misericórdia a não ser por Vós, ó Cheia de Graça.”
Penso que ninguém o pode dizer mais completamente ou melhor do que isto, ou de
maneira a resumir os sentimentos de todos os corações verdadeiramente católicos. Que o
Imaculado Coração de Maria seja venerado e glorificado, e que possamos ver o Seu triunfo
a seguir à Consagração da Rússia. Que possamos vê-La triunfar sobre todos os que
duvidam que Ela seja a nossa única Mãe. Amen
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