ESCOLA SECUNDÁRIA DE ALBERTO SAMPAIO Filosofia 10.º Ano — Correcção do Teste N.º 2 2007/2008 RESPOSTAS 1.
Concordo. Embora uma acção seja um acontecimento (que ocorre, tal como um tremor de terra ou a queda de uma folha morta, numa determinada região do espaço durante um certo período de tempo), é um acontecimento distinto de um tremor de terra ou da queda de uma folha morta, porque a ocorrência destes acontecimentos não envolve qualquer agente, enquanto uma acção é um acontecimento que envolve um agente; mais precisamente: uma acção é um acontecimento que consiste em algo que um agente faz intencionalmente. 2.
O egoísta psicológico defende que os seres humanos agem apenas por motivos egoístas, isto é, cada um faz apenas aquilo que julga ser mais vantajoso para si próprio. O egoísta psicológico argumenta do seguinte modo: Quando agimos voluntariamente, fazemos sempre aquilo que nós próprios mais desejamos; logo, somos todos egoístas. Quando beneficiamos os outros, fazemo‐lo porque isso nos dá prazer; logo, somos todos egoístas 3.
Mesmo que seja verdade que, quando agem voluntariamente, as pessoas se limitam a fazer aquilo que mais desejam, daí não se segue que todos esses actos sejam egoístas. O que determina se alguém é ou não egoísta é o objecto do desejo. Se desejarmos apenas o nosso bem e não nos preocuparmos com os outros, então somos egoístas; mas se tivermos em conta as outras pessoas, se quisermos que vivam bem e sejam felizes, então a nossa acção não é egoísta. Mesmo que beneficiar os outros nos dê prazer, isso não significa que beneficiamos os outros de modo a obter prazer. Não é a expectativa de obter prazer que é a causa ou o motivo da acção, pois o prazer pode ser apenas um efeito da acção. Sentimos prazer ao fazer bem a um amigo porque gostamos dele, mas não gostamos dele por causa desse prazer. 4.
O determinismo é a tese de que todos os acontecimentos estão causalmente determinados por acontecimentos anteriores e pelas leis da natureza. 5.
O determinismo ser falso é uma condição necessária para haver livre‐arbítrio; haver livre‐arbítrio é uma condição suficiente para o determinismo ser falso. 6.
De acordo com o texto, há vários factos (fazer escolhas, deliberar sobre o futuro, decidir, etc.) que “parecem implicar que somos livres”, “e que aquilo que realmente fazemos é escolha nossa e responsabilidade nossa”. Contudo, esta “crença na liberdade parece estar em conflito com o determinismo” que encontramos na natureza. Ora, o problema do livre‐arbítrio consiste em tentar compatibilizar o determinismo que encontramos na natureza com a crença de que somos livres. Podemos realmente ser livres num universo determinista? Ou temos de aceitar que a liberdade é uma ilusão, porque tudo está determinado? Ou será que o universo não está inteiramente determinado precisamente porque somos livres? 7.
*Concordo*. O determinismo radical é a teoria segundo a qual não temos livre‐arbítrio e todos os acontecimentos estão determinados. Ora, se o determinismo radical for uma teoria verdadeira, então não temos livre‐arbítrio. Mas se não temos livre‐arbítrio, não poderemos ser moralmente responsáveis. Logo, é absurdo louvarmo‐nos e culparmo‐nos uns aos outros pelos nossos actos e omissões. Se é verdade que todas as nossas acções são o resultado de causas que escapam ao nosso controlo e dominam completamente a nossa vontade, então o louvor e a culpa não fazem sentido. Que sentido teria louvar uma pessoa por uma acção e culpar outra por outra acção, se ambas fazem o que estão determinadas a fazer? *Não concordo*… 8.
O libertista defende a ideia de que há escolhas livres, isto é, defende que há livre‐arbítrio e que nem todos os acontecimentos estão determinados. O libertista argumenta que não podemos evitar vermo‐nos como seres dotados de livre‐arbítrio e que no próprio acto de tomar uma decisão exercemos o livre‐arbítrio. As nossas escolhas são livres na medida em que resultam apenas das nossas deliberações. A deliberação racional é algo que está sob o controlo do agente e que pode dar origem a novas cadeias causais de acontecimentos; a deliberação racional é causa da acção, sem ela mesma ser causada. Por outro lado, o libertista argumenta que não é verdade que a ciência tenha provado que todos os acontecimentos estão determinados; tudo o que as ciências naturais podem provar é que, à excepção da acção humana, todos os acontecimentos estão determinados. Apesar de fazermos parte de um universo determinista, as nossas acções não estão determinadas como os outros acontecimentos não intencionais. Logo, há escolhas livres. 9.
O libertista defende que há escolhas livres, isto é, que não são determinadas por acontecimentos anteriores. Ora, se uma escolha não é determinada por acontecimentos anteriores, então é aleatória – feita ao acaso – e não é livre. E se o libertista aceitar que as escolhas são livres, porque resultam de deliberações, apesar de estarem determinadas por acontecimentos anteriores, então é o compatibilista que tem razão e não o libertista. Quer o libertista aceite a ideia de que as nossas escolhas são aleatórias, quer aceite a ideia de que estão determinadas, então terá que aceitar que a sua teoria é implausível. 10. O compatibilismo defende a tese de que o determinismo pode coexistir com o livre‐arbítrio, isto é, defende que somos livres apesar de o universo ser determinado. 10.12.2007 António Padrão 
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Correcção Teste 2AP - Escola Secundária de Alberto Sampaio