Guia Simplificado para Análise de Espectros de UV
1 - É importante notar que pode ser difícil retirar muita informação de um espectro de
UV/visível. Este tipo de espectro é mais útil quando existe a priori alguma ideia sobre a
estrutura em análise, o que permite aplicar as várias regras empíricas que
descrevemos.
2- Mesmo assim, podem fazer-se algumas generalizações, que terão mais significado
se combinadas com outros dados espectroscópicos (ex., IV, RMN) que permitam
identificar inequivocamente cromóforos importantes como os grupos carbonilo, ligações
duplas C=C, anéis aromáticos, grupos nitro, nitrilos, enonas, etc.
3 – Na ausência de outros dados é possível definir algumas regras indicativas:
A) Banda única de intensidade média - baixa (ε = 100 – 10.000 M-1 cm-1) a λ < 220
nm
É geralmente indicativa de uma transição n → σ∗. Aminas, alcoóis, éteres e tióis
contam-se entre as estruturas possíveis, desde que os electrões não ligantes não
façam parte de um sistema conjugado. Neste caso, será boa prática procurar
bandas N-H, O-H, C-O e S-H no espectro de IV.
Excepção: A transição n → π∗ em grupos –CN aparece nesta região. No entanto, é
fraca (ε < 100) e o grupo –CN identifica-se facilmente no IV.
B) Banda única de fraca intensidade (ε = 10 – 100 M-1 cm-1) a 250 < λ < 360 nm,
sem absorção significativa a λ menor (200 – 250 nm)
É geralmente indicativa de uma transição n → π∗. Como não há absorção a
comprimentos de onda superiores trata-se de um cromóforo simples, tipicamente
não conjugado, em geral contendo um átomo de O, N, ou S. Exemplos: C=O, C=N,
N=N, -NO2, -CO2R, -CO2H, CONH2. O IV e o RMN são também neste caso
excelentes meios de diagnóstico definitivo.
C) Duas bandas de intensidade média (ε = 1.000 – 10.000 M-1 cm-1), ambas com
λmax > 200 nm
Esta situação é geralmente indicativa da presença de um sistema aromático. Se
for esse o caso, poderá observar-se uma estrutura mais fina na banda de maior
comprimento de onda em solventes não polares. Quando os anéis aromáticos são
substituídos, a absortividade molar é superior a 10.000, sobretudo se o substituinte
aumentar a extensão do sistema conjugado.
Nos compostos aromáticos polinucleares (PAHs) e heterocíclicos aparece uma
terceira banda a cerca de 200 nm.
D) Bandas de intensidade elevada (ε = 10.000 – 20.000 M-1 cm-1) a λmax > 210 nm
Podem corresponder a cetonas α,β-insaturadas, dienos ou polienos. Quanto mais
extenso for o sistema conjugado maior é o comprimento de onda do máximo de
absorção.
E) Cetonas, ácidos, ésteres, amidas e outros compostos simples contendo
sistemas π e electrões não ligantes
Surgem duas bandas de absorção: n → π∗ (λmax > 300 nm, intensidade baixa) e π →
π∗ (λmax < 250 nm, intensidade elevada). Em sistemas conjugados (ex., enonas) a
banda π → π∗ sofre um desvio batocrómico e aumenta de intensidade, podendo
obscurecer a banda n → π∗.
F) Compostos fortemente corados (i.e., com absorção no visível)
Nestes casos poderá existir um sistema conjugado longo ou um cromóforo
policíclico aromático. Os compostos benzenóides podem ser corados se tiverem
substituintes com conjugação ao sistema aromático. Os compostos não aromáticos
requerem em geral pelo menos 4 – 5 cromóforos conjugados para ocorrer absorção
na zona do visível. No entanto, alguns compostos simples com grupos nitro, azo,
nitroso, α-diceto, polibromo e poliiodo podem ser corados.
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Guia Prático para Análise de Espectros de UV