GUIA
VACINAÇÃO DE
PREMATUROS
Impacto e Orientações para a Assistência
Guia Vacinação de Prematuros
Impacto e Orientações para a Assistência
Uma publicação da SOCIEDADE BRASILEIRA DE IMUNIZAÇÕES - SBIm
Rua Luís Coelho 308 / 5o andar Cj. 56 - 01309-902 - São Paulo - SP Tel/Fax: (11) 3255-5674
[email protected] - www.sbim.org.br
Renato Kfouri
Pediatra e Neonatologista do Centro de Imunização Santa Joana;
presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm)
Diretoria da SBIm
Presidente: Renato de Ávila Kfouri
Vice-Presidente: Guido Carlos Levi
1ª Secretária: Miriam Martho de Moura
2ª Secretária: Jacy Amaral Freire de Andrade
1ª Tesoureira: Naomy Helena Cesar Vizeu Wagner
2ª Tesoureira: Isabella Ballalai
COORDENAÇÃO EDITORIAL
Ricardo Machado | Magic RM Assessoria de Comunicação
DIREÇÃO DE ARTE
Silvia Fittipaldi
DESIGN GRÁFICO
Lucas Moraes
REVISÃO E PADRONIZAÇÃO
Sonia Cardoso
Sumário
APRESENTAÇÃO
1. Particularidades da resposta imune do prematuro
2. IMUNIZANDO O PRÉ-TERMO
3. EVENTOS ADVERSOS
4. IMUNOBIOLÓGICOS PARA O PRÉ-TERMO
5. PROTEÇÃO INDIRETA
6. CONSIDERAÇÕES GERAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
01
02
03
04
05
10
11
12
APRESENTAÇÃO
Nos últimos anos, aumentou significativamente o número de adolescentes grávidas e de fertilizações in vitro, contribuindo para um maior número de partos
prematuros e de gestações múltiplas.
Apesar de as Unidades de Terapia Intensiva Neonatais (Utin) contarem com
avançados recursos técnicos e capital humano qualificado, visando à melhor
assistência e sobrevida desses prematuros, bem como a redução das taxas de
letalidade e de sequelas, a vacinação, uma das mais eficientes medidas para
reduzir a morbidade nesse grupo, é, muitas vezes, esquecida.
A imunização de bebês prematuros constitui importante estratégia de prevenção de doenças nessa população, impactando positivamente na qualidade de
vida. Por essa razão, neste Guia, abordamos aspectos que vão da imunidade
do prematuro às indicações precisas de cada imunobiológico, o porquê e a importância das orientações, e disponibilizamos o Calendário de Vacinação do
Prematuro, de fácil consulta na quarta capa.
Dessa forma, a SBIm espera contribuir para o melhor exercício profissional e
os melhores resultados terapêuticos.
Faça boa leitura!
classificação
de prematuros
Pré-termo (RNPT)
Recém-nascido (RN) com
idade gestacional inferior a 37 semanas
Pré-termo de Baixo Peso (RNBP)
Aquele que apresenta menos
de 2.500 g ao nascer.
Prematuros Extremos
Bebês que nascem com
menos de 1.000 g.
1. PARTICULARIDADES DA
RESPOSTA IMUNE DO PREMATURO
Diversos estudos, como o que foi publicado no Jama Pediatrics1, mostram que
as concentrações séricas de anticorpos da classe IgG, encontradas no sangue
de cordão de RN, têm correlação direta com a idade gestacional. Isto ocorre
porque essa classe de anticorpos é transferida por via transplacentária, principalmente no terceiro trimestre da gravidez, razão pela qual é tão comum que
os prematuros apresentem concentrações inferiores às encontradas em RNT.
a imunização constitui
importante estratégia de
prevenção de doenças e
impacta positivamente na
qualidade de vida.
Além desse déficit, os RNPTs apresentam resposta
imune humoral e celular mais imatura, na comparação com os RNTs, desenvolvendo títulos de anticorpos protetores mais baixos após vacinação contra
difteria, pertussis, tétano, Haemophilus influenzae
tipo b e hepatite B2. Também existe menor atividade fagocítica e a avidez, opsonização e produção de
células de memória imunológica estão diminuídas
nessas crianças3.
Outros fatores que predispõem os RNPTs às doenças
infecciosas são:
•
•
•
•
•
•
•
•
•
2
vias aéreas de menor calibre, tornando-os mais vulneráveis às infecções
respiratórias;
menor reserva energética;
desmame precoce;
displasia broncopulmonar;
infecções de repetição;
necessidade de cateteres;
internação prolongada;
anemia;
uso frequente de corticosteroides.
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2. IMUNIZANDO O PRÉ-TERMO
Não é incomum que a vacinação dos RNPTs seja relegada a segundo plano,
frente aos agravos que esses bebês apresentam durante o período de internação. Essa realidade atrasa o início do esquema vacinal, consequência
também de esquecimento, da necessidade de adiar a vacinação enquanto
o bebê não estiver clinicamente estável e, em alguns casos, à resistência
da parte dos pais, que desconhecem os benefícios da vacinação e temem a
ocorrência de eventos adversos4.
Para contribuir na avaliação, enumeramos os principais fatores que devem ser considerados para a aplicação de vacinas em
RNPTs, especialmente naqueles de extremo baixo peso:
1. condição clínica
• A vacinação deve ser adiada se as condições hemodinâmicas estiverem instáveis ou na presença de sepse, distúrbios infecciosos ou metabólicos, doença infecciosa aguda
ou outras patologias graves5.
É importante
evitar o atraso no
calendário vacinal
do prematuro.
2. local de aplicação
• Devido à reduzida massa muscular e ao escasso tecido celular subcutâneo,
indica-se a aplicação de vacinas por via intramuscular, de preferência no
músculo vasto lateral da coxa, com agulhas curtas e adequadas à anatomia
do pré-termo6. É importante particularizar o sítio de aplicação e a agulha
a ser utilizada em cada caso, levando-se em conta as características físicas,
o posicionamento de cateteres e sondas, lesões de pele e outros fatores.
3. doses e intervalos
• Os RNPTs devem receber vacinas nas doses habituais, respeitando-se os
intervalos entre vacinas (veja a quarta capa). Não se deve fracionar as
doses para não prejudicar a resposta imune7.
4. calendário vacinal
• Com exceção da vacina BCG, o calendário proposto para RNPT deve
ser seguido de acordo com a idade cronológica da criança8.
3
5. Vacinação na unidade neonatal
• É preciso que a unidade neonatal disponha de material adequado (incluindo refrigerador apropriado) e pessoal de enfermagem habilitado e
com experiência na gestão de imunobiológicos: armazenamento/controle da cadeia de frio, aplicação, registro, notificação etc.
• Caso a unidade não possa dispor dessa estrutura, é possível contratar serviço especializado de vacinação, legalmente constituído, em consonância com as normas da
portaria conjunta da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária e da Fundação Nacional de Saúde (Anvisa/Funasa).
• As vacinas que contêm vírus vivos (pólio oral e rotavírus) são contraindicadas
em ambiente hospitalar, para evitar o
risco de transmissão do vírus vacinal a
imunodeprimidos.
a vacinação dentro
da unidade neonatal
é fundamental para a
melhor assistência e o
adequado cumprimento
do calendário vacinal.
6. Orientação dos pais
• Os pais devem ser informados sobre a importância e os benefícios da
imunização; potenciais eventos adversos; eficácia e necessidade de doses de reforço. Após o ato vacinal, é fundamental entregar a eles documento com o registro de vacina, lote e data da aplicação.
• Os familiares (pais, irmãos, tios próximos, avós) e cuidadores devem ser orientados a manter a vacinação da família em dia, para
evitar a transmissão ao RN de doenças como influenza, coqueluche
e varicela.
3. EVENTOS ADVERSOS
Os eventos adversos que podem ocorrer em RNPT e RNT são, na maioria das
vezes, semelhantes, tanto em frequência quanto em intensidade9.
4
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Há informações de que a aplicação da vacina tríplice bacteriana de células inteiras (DTP) combinada com a vacina Haemophilus influenzae b (DPT-Hib)
está associada ao aumento no número de episódios de apneia em RNPT, especialmente naqueles com idade gestacional menor que 31 semanas. Por esse
motivo, recomenda-se que os prematuros recebam, preferencialmente, as vacinas acelulares contra coqueluche10.
A notificação de eventos adversos pós-vacinação de RNPT segue as mesmas
normas recomendadas para RNT.
4. IMUNOBIOLÓGICOS
PARA O PRÉ-TERMO
Vacinação para influenza
•
indicação - A proteção contra o vírus influenza é indicada rotineiramente
para lactentes e tem sua indicação reforçada no caso de bebês prematuros.
Nesse grupo, a morbidade e as taxas de hospitalização são muito elevadas
e as taxas de complicação e de letalidade chegam a 10%, sendo ainda mais
altas em recém-nascidos com patologias crônicas respiratórias, cardíacas,
renais ou metabólicas11.
Esta vacina só pode ser administrada em lactentes com mais de 6 meses de
vida, e a vacinação deve ocorrer preferencialmente antes da época de maior
circulação dos vírus (outono).
•
Via de aplicação - Intramuscular.
•
Número de doses - Na primovacinação são necessárias duas doses, com
intervalo de um mês (veja calendário na quarta capa).
obs - As crianças menores de 6 meses constituem um dos grupos mais vulneráveis às complicações da influenza e, como não podem receber a vacina, é
5
fundamental que sejam estabelecidas medidas para evitar a transmissão do
vírus nas unidades neonatais, como a vacinação das equipes médicas e dos
familiares que têm contato com os RNPTs12.
Mulheres vacinadas durante a gestação podem transmitir os anticorpos ao
bebê através da placenta e por meio do colostro e do leite materno. Contudo,
no caso de RNPT, a transferência de anticorpos da classe IgG da mãe para
o feto é pequena ou nula, dependendo da idade gestacional. Entretanto, se a
mãe for vacinada antes ou imediatamente após o parto, os benefícios para a
criança podem se dar através do menor risco de contaminação e também pelo
aleitamento materno.
Vacina pneumocócica
•
indicação - Shinefield et al. demonstraram que o risco de adquirir
doença pneumocócica invasiva é maior nos recém-nascidos pré-termo e de baixo peso, em comparação com RNT (OR 1,6 e 2,6, respectivamente). O risco se eleva quanto menor a idade gestacional e menor
o peso ao nascer13.
As vacinas conjugadas contra o pneumococo estão indicadas para todos
os prematuros, mesmo aqueles sem comorbidades, a partir de 2 meses de
vida, no esquema habitual de três doses, com intervalo de dois meses e um
posterior reforço entre 12 e 15 meses de vida.
•
Via de aplicação - Intramuscular.
•
Número de doses - Quatro doses aos 2, 4 e 6 meses, com dose de reforço
entre 12 e 15 meses.
obs - Em bebês que iniciarem o esquema após o sexto mês de vida o esquema deverá ser de três doses: duas no segundo semestre de vida, com
intervalo de dois meses, com reforço aos 15 meses.
6
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Vacina BCG
•
indicação – A tuberculose é um doença infecciosa, infelizmente ainda de
alta prevalência em nosso país. O Programa Nacional de Imunizações (PNI)
recomenda a aplicação da vacina BCG intradérmica (BCGid) somente em
RN com peso superior a 2.000 g. Embora não haja contraindicação absoluta
e poucos sejam os estudos que corroboram essa conduta, a recomendação
vem sendo mantida. No Brasil, utiliza-se rotineiramente a dose de 0,1 mL.
•
Via de aplicação – Intradérmica.
•
Número de doses – Uma.
Vacina hepatite B
•
indicação – A infecção quando acomete RNs através da transmissão vertical, torna-se crônica em, praticamente, 90% dos casos, evoluindo muitas
vezes para cirrose e câncer hepático. Portanto, independentemente da situação sorológica materna, recomenda-se fortemente a aplicação da vacina nas
primeiras 12 horas de vida, a fim prevenir a transmissão vertical do vírus.
Os RNs cujas mães sejam sabidamente HBsAg positivas devem receber ainda
a imunoglobulina hiperimune específica para hepatite B (HBIG), preferencialmente logo ao nascer, podendo ser aplicada até o sétimo dia de vida.
•
Via de aplicação – Intramuscular.
•
Número de doses – Crianças com peso ao nascer maior que 2.000 g respondem de forma semelhante àquelas nascidas de peso e idade gestacional adequados14. Para estas, o número de doses deve seguir o esquema
habitual: 0, 1 e 6 meses.
Já os RNPTs com peso inferior a 2.000 g podem apresentar menor taxa de
proteção, com níveis de anticorpos protetores também menores quando
vacinados logo ao nascer, segundo alguns estudos. Por essa razão, recomenda-se a adição de uma quarta dose naqueles que receberam a vacina
7
imediatamente após o nascimento, ou seja, no esquema 0, 1, 2 e 6 meses
de vida. Esse esquema propicia resposta imune adequada, semelhante ao
esquema de três doses aplicadas rotineiramente nos RNTs.
obs - Após 30 dias de vida, todo RN, independentemente de seu peso e idade
gestacional, responde adequadamente à imunização com a vacina hepatite B15.
Prevenção da Infecção pelo
Vírus Sincicial Respiratório (VSR)
•
Histórico - Principal agente das infecções respiratórias agudas que acometem
o trato respiratório inferior em crianças menores de um ano de idade, o VSR,
assim como o vírus da influenza, apresenta sazonalidade definida na maioria
dos locais, causando epidemias anuais nos meses de outono e inverno16.
Quando acomete RNPT, oferece maior risco de evolução mais grave. A
frequência de hospitalização nesse grupo chega a ser dez vezes maior
que em RNT, e a morbidade da infecção nos prematuros é maior, associada ao tempo de hospitalização mais
a profilaxia das
prolongado17,18. Outros grupos de risco são os portadoinfecções pelo
res de doença pulmonar crônica, cardiopatas e portaVírus sincicial
dores de imunodeficiências.
Respiratório reduz de
Os esforços para o desenvolvimento de uma vacina VSR
forma importante a
hospitalização de bebês
continuam, mas são grandes os obstáculos, principalmenprematuros.
te no que se refere aos eventos adversos graves com as
vacinas já testadas. Estudos com técnicas recombinantes
e partículas inativadas estão sendo conduzidos, porém,
ainda sem resultados concretos.
•
Prevenção - Feita por meio da imunização passiva, ou seja, pela administração de imunoglobulina anti-VSR. No Brasil, encontra-se disponível um
anticorpo monoclonal humanizado (palivizumabe), que é dirigido contra
a glicoproteína F do VSR, para uso intramuscular.
O palivizumabe é capaz de diminuir em até 70% as hospitalizações pelo
VSR nos prematuros imunizados, além de reduzir a morbidade naqueles
8
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hospitalizados, com decréscimo no número de dias de oxigenoterapia e das
admissões e permanência em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Recentemente também foi evidenciado que as crianças que receberam o medicamento tiveram menor recorrência de sibilos quando comparados àquelas
que não foram imunizadas19,20. Vale ressaltar que o palivizumabe não previne infecções pelo vírus influenza nem a ocorrência de otite média.
•
indicação - Dose de 15 mg/kg de peso, mensalmente, até no máximo
cinco aplicações consecutivas, durante os meses de maior circulação de
VSR – de março a setembro.
•
Via de aplicação - Intramuscular.
•
Número de doses - Recomenda-se que a primeira dose seja administrada
ainda na unidade neonatal, preferencialmente um a dois dias antes da alta.
Não se recomenda a utilização desse produto para o tratamento das infecções pelo VSR21.
obs - O palivizumabe também tem sido utilizado no controle de surtos de
infecção hospitalar pelo VSR, seja em UTI neonatal ou pediátrica22,23.
Recomendações da
SBim e da Sociedade
Brasileira de Pediatria
(SBP) para o uso de
palivizumabe24,25:
1. Prematuros de até 12 meses e
que nasceram com idade gestacional menor de 29 semanas.
2. Prematuros até o sexto mês de
idade, que nasceram com idade
gestacional de 29 a 32 semanas.
3. RNs com displasia broncopulmonar e cardiopatas, com
até 2 anos de idade, desde que
tenham recebido tratamento
clínico nos últimos seis meses.
9
Demais vacinas
As vacinas não descritas neste Guia devem ser aplicadas conforme orientação
do calendário habitual, de acordo com a idade cronológica do lactente (veja a
quarta capa). Diversas publicações têm mostrado títulos protetores adequados
após a vacinação com a tríplice bacteriana, com a meningocócica C, para Haemophilus influenzae e para poliomielite4,26.
5. PROTEÇÃO INDIRETA
•
Proteção de rebanho - Os pais, irmãos e cuidadores, inclusive profissionais de saúde que lidam com o prematuro, devem estar imunizados contra
a coqueluche, influenza e varicela, reduzindo dessa forma a transmissão
desses agentes ao pré-termo27,28.
•
Proteção vertical - A vacinação da gestante contra o tétano, coqueluche, hepatite B e influenza deve ser verificada
durante o pré-natal, porém, como nem
sempre isso ocorre, vale lembrar que o
esquema de vacinação das mães pode
ser atualizado durante o puerpério imediato. O pediatra que trabalha em unidades neonatais pode orientar as puérperas sobre a importância da vacinação
contra a varicela, sarampo, caxumba,
rubéola, influenza, tétano, coqueluche
e difteria para beneficiar não apenas a
mãe, mas também o recém-nascido.
•
10
a vacinação de gestantes,
profissionais de saúde e
de todos que convivem
com bebês prematuros
é ferramenta muito útil
na prevenção de doenças
nessa população.
Outras medidas - Além da vacinação do RNPT, outras medidas devem ser
tomadas no intuito de prevenir doenças nesse grupo de pacientes. Aleitamento materno, prevenção de tabagismo e retardo no início de frequência
a creche/escola são fatores de diminuição de risco de aquisição de doenças
respiratórias.
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6. CONSIDERAÇÕES GERAIS
•
coqueluche - O uso de vacinas acelulares contra a coqueluche, sempre
que possível, é preferido, em função de sua menor reatogenicidade, porém
a proteção não deve ser adiada em decorrência da maior gravidade da coqueluche nessas crianças29.
•
Hib - A resposta do RNPT à vacinação contra Hib vem sendo amplamente
estudada quanto à sua imunogenicidade, especialmente quanto à combinação com a vacina tríplice bacteriana do tipo acelular. A despeito de um
menor título anti-PRP evidenciado em prematuros, diretamente relacionado com peso e idade gestacional, a soroproteção pós-dose de reforço
é semelhante à do RNT, evidenciando a importância dessa estratégia30,31.
•
intervalos de doses - Devemos lembrar que a vacinação do recém-nascido
prematuro requer especial atenção no que se refere aos intervalos, doses e
vacinas especiais que devem ser recomendadas.
•
O papel do médico - A completa assistência ao RNPT envolve a sua imunização, que já pode ser iniciada ainda na unidade neonatal. É papel de
todo médico orientar a família em relação ao cumprimento do calendário
vacinal aqui sugerido na quarta capa, cujo objetivo é padronizar os imunobiológicos que devem ser utilizados nesses pacientes.
11
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Comentários – Calendário de Vacinação do Prematuro 2013/2014*
1. BCG Poucos estudos mostram eventual diminuição da resposta imune ou eventos adversos aumentados com o BCG em menores
de 1.500 g a 2.000 g. Por precaução aguardar o peso de 2.000 g para vacinar.
2. HEPATITE B Os RNs de mães portadoras do vírus da hepatite B devem receber ao nascer, além da vacina, imunoglobulina
específica para hepatite B (HBIG) na dose de 0,5 mL via intramuscular logo após o nascimento, até, no máximo, o sétimo dia de
vida. Em função da menor resposta à vacina em bebês nascidos com idade gestacional inferior a 33 semanas e/ou com menos de
2.000 g, desconsidera-se a primeira dose, e utiliza-se o esquema 0-1-2-6 meses. A vacina deve ser aplicada via intramuscular no
vasto lateral da coxa e a HBIG na perna contralateral.
3. PALIVIZUMABE Trata-se de um anticorpo monoclonal específico contra o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), que está indicado para prematuros e crianças de maior risco. Deve ser aplicado nos meses de maior circulação do vírus (em nosso país, de
março a setembro, exceto na região Norte, onde a circulação ocorre mais precocemente – janeiro e fevereiro). É recomendado
para prematuros com idade gestacional menor de 29 semanas até 1 ano de idade, prematuros de 29 a 32 semanas até 6 meses de
idade, cardiopatas ou portadores de doença pulmonar crônica até 2 anos de idade, desde que em tratamento clínico para essas
condições nos últimos seis meses. É recomendado para prematuros de 32 a 35 semanas com até seis meses de vida que apresentem
dois ou mais fatores de risco: criança institucionalizada, irmão em idade escolar, poluição ambiental, doenças neuromusculares
e anomalias congênitas de vias aéreas. Emprega-se a dose habitual de 15 mg/kg de peso, aplicada por via intramuscular em até
cinco doses mensais consecutivas durante a estação do vírus.
4. PNEUMOCÓCICA CONJUGADA RNPTs e de baixo peso ao nascer apresentam maior risco para o desenvolvimento de doença
pneumocócica invasiva, que aumenta quanto menor a idade gestacional e o peso ao nascimento. O esquema deve ser iniciado o
mais precocemente possível.
5. INFLUENZA A indicação rotineira da vacina influenza em lactentes a partir dos 6 meses de idade é reforçada nos prematuros,
pois estes apresentam maior morbidade e mortalidade relacionadas à doença. Caso a criança complete seis meses após os meses
de inverno, pode-se optar por adiar a aplicação da vacina influenza para os meses do outono subsequente, no esquema habitual
de duas doses na primovacinação.
6. POLIOMIELITE Devido ao risco teórico de disseminação do vírus vacinal em população de imunodeprimidos (UTI neonatal,
por exemplo), o uso da vacina oral está contraindicado enquanto o RN permanecer hospitalizado.
7. ROTAVÍRUS Por se tratar de vacina de vírus vivos atenuados, a imunização para o rotavírus só deve ser realizada após a alta
hospitalar, respeitando-se a idade máxima limite para administração da primeira dose. A vacina deve ser contraindicada em
prematuros submetidos a cirurgia gastrintestinal.
8. TRÍPLICE BACTERIANA A utilização de vacinas acelulares reduz o risco de apneias, crises de cianose e episódios convulsivos
após aplicação da vacina triplice bacteriana.
9. Haemophilus influenzae b Na rede pública, para os RNPTs extremos, a DTPa é disponibilizada pelos Cries e, nesses
casos, a conduta do Ministério da Saúde é adiar a aplicação da vacina Haemophilus influenzae b (Hib) para 15 dias após a DTPa.
O reforço da vacina Hib deve ser aplicado nessas crianças aos 15 meses de vida.
DEMAIS VACINAS O calendário da criança deve ser seguido de acordo com a idade cronológica. A resposta imune às demais
vacinas pode ser menor, mas em geral atinge níveis satisfatórios de proteção.
Observações
RECÉM-NASCIDO HOSPITALIZADO: deverá ser vacinado com as vacinas habituais, desde que clinicamente estável. Não usar
vacinas de vírus vivos: pólio oral e rotavírus.
PROFISSIONAIS DE SAÚDE E CUIDADORES: todos os funcionários da Unidade Neonatal, pais e cuidadores devem ser vacinados para influenza, varicela (se suscetíveis) e receber uma dose da vacina tríplice acelular do tipo adulto, a fim de evitar a transmissão
dessas infecções ao RN.
VACINAÇÃO EM GESTANTES E PUÉRPERAS: a imunização da gestante para influenza (em qualquer idade gestacional) e pertussis (a partir da 20 a semana de gestação) constitui excelente estratégia na prevenção dessas doenças em recém-nascidos nos primeiros seis meses de vida, época que eles ainda não estão adequadamente imunizados.
A prevenção do tétano neonatal não deve ser esquecida, e o momento do puerpério é oportuno para receber as vacinas para doenças
para as quais a puérpera seja suscetível: hepatite B, hepatite A, rubéola, sarampo, caxumba e varicela.
VACINAÇÃO DE CONTACTANTES: a prevenção de doenças infeciosas em lactentes jovens e prematuros pode ser obtida com
a vacinação de crianças, adolescentes e adultos que têm contato frequente com ele (mãe, pai, irmãos, avós, babás, e outros) – que
podem ser fontes, principalmente, das seguintes infecções imunopreveníveis: coqueluche, influenza, varicela, sarampo, caxumba e
rubéola. A vacinação desses contactantes, inclusive a mãe, se não ocorreu antes da gravidez ou durante a mesma, deve ocorrer o mais
precocemente possível após o nascimento do bebê, de preferência no período do puerpério.
* Ver calendário, na quarta capa desta publicação.
RECOMENDAÇÕES, ESQUEMAS E CUIDADOS ESPECIAIS
BCG ID (1)
Deverá ser aplicada, preferencialmente ainda na maternidade, em
recém-nascidos (RNs) com peso maior ou igual a 2.000 g.
Hepatite B (2)
Aplicar a primeira dose logo ao nascimento, preferencialmente nas
primeiras 12 horas de vida, e, posteriormente, as outras duas doses
(esquema 0-1 ou 2-6 meses). Nos RNs com menos de 33 semanas
de gestação e/ou com menos de 2.000 g de peso ao nascimento,
usar o esquema com quatro doses (esquema 0-1-2-6 meses).
Palivizumabe (3)
Durante o período de circulação do vírus sincicial respiratório.
Pneumocócica conjugada (4)
Iniciar o mais precocemente possível (aos 2 meses), respeitando a
idade cronológica. Três doses: aos 2, 4 e 6 meses e um reforço aos
15 meses.
Influenza (gripe) (5)
Respeitando a idade cronológica e a sazonalidade da circulação do
vírus. Duas doses a partir dos 6 meses com intervalo de 30 dias entre
elas.
Poliomielite (6)
Utilizar somente vacina inativada (injetável) em RNs internados na
unidade neonatal.
Rotavírus
(7)
Não utilizar a vacina em ambiente hospitalar.
Tríplice bacteriana
(8)
Haemophilus influenzae b (9)
Preferencialmente utilizar vacinas acelulares.
As vacinas combinadas de vacina tríplice bacteriana acelular (DTPa)
com Hib e outros antígenos são preferenciais, permitem a aplicação
simultânea e se mostraram eficazes e seguras para os recém-nascidos
pré-termo (RNPTs).
As demais vacinas do Calendário SBIm de vacinação da criança devem ser aplicadas de acordo com a idade cronológica.
Veja comentários na terceira capa desta publicação.
APOIO
REALIZ AÇÃO
Magic|RM 130508-130607
Produzido em Maio/2013
VACINAS
10091894
Recomendações da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) – 2013/2014
O conteúdo desta publicação reflete exclusivamente a opinião dos autores e não necessariamente a opinião da Abbott Laboratórios do Brasil Ltda.
CALENDÁRIO DE VACINAÇÃO DO PREMATURO
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Impacto e Orientações para a Assistência