PREVALÊNCIA DE TRANSTORNOS MENTAIS NA POPULAÇÃO
CARCERÁRIA: PANORAMA INTERNACIONAL
Maíra Mendes
Os estudos epidemiológicos realizados com presidiários em vários países
mostram prevalências altas de morbidade psiquiátrica. Uma revisão sistemática
mostrou que a faixa de variação de transtornos mentais nessa população é de
55% a 80%(1). As prevalências de transtornos mentais graves podem ser de 5 a
10 vezes maior do que na população geral(2). A prevalência de transtornos
psicóticos em presidiários de penitenciárias européias fica em torno de 5%,
(variação de 0,8% a 9%); transtornos depressivos ou de ansiedade de 25% (6%
- 29%); e transtornos relacionados ao uso de substâncias, 40% (19% - 56%)(3).
A revisão de 62 estudos realizados em diversos países desenvolvidos mostra
que 1 em cada 7 presidiários apresenta transtorno psicótico ou depressão
maior(4). De modo geral os transtornos mais prevalentes nesta população são
transtornos de personalidade, transtornos relacionados ao uso de drogas e
transtornos de humor(5). As mulheres apresentam índice maior de transtornos
mentais no meio carcerário(6). Em um estudo nacional na Nova Zelândia,
encontrou-se uma razão de 1,5(7). De modo geral, as mulheres são menos
propensas a cometerem crimes, porém quando cometem, a conduta criminal
parece estar mais associada a um perfil psicopatológico(8). As prevalências de
comorbidades psiquiátricas também são expressivas. Em uma revisão
sistemática, foi apresentada uma faixa de variação de 50% a 90% desses
casos(8). Esses dados demonstram a importância na realização de estudos
dessa natureza, como parte do planejamento e desenvolvimento de políticas
adequadas às necessidades de saúde mental de cada população carcerária.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Brink J. Epidemiology of mental illness in a correctional system. Current opinion in
psychiatry. 2005;18(5):536-41. Epub 2006/04/28.
2. Brugha T, Singleton N, Meltzer H, Bebbington P, Farrell M, Jenkins R, et al. Psychosis
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morbidity. The American journal of psychiatry. 2005;162(4):774-80. Epub 2005/04/01.
3. Blaauw E, Roesch R, Kerkhof A. Mental disorders in European prison systems.
Arrangements for mentally disordered prisoners in the prison systems of 13 European
countries. International journal of law and psychiatry. 2000;23(5-6):649-63. Epub
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4. Fazel S, Danesh J. Serious mental disorder in 23000 prisoners: a systematic review
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5. Zoccali R, Muscatello MR, Bruno A, Cambria R, Cavallaro L, D'Amico G, et al. Mental
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journal of law and psychiatry. 2008;31(5):447-50. Epub 2008/09/19.
6. Palmer EJ, Jinks M, Hatcher RM. Substance use, mental health, and relationships: A
comparison of male and female offenders serving community sentences. International
journal of law and psychiatry. 2010;33(2):89-93. Epub 2009/12/29.
7. Brinded PM, Simpson AI, Laidlaw TM, Fairley N, Malcolm F. Prevalence of psychiatric
disorders in New Zealand prisons: a national study. The Australian and New Zealand
journal of psychiatry. 2001;35(2):166-73. Epub 2001/04/04.
8. Diamond PM, Wang EW, Holzer CE, 3rd, Thomas C, des Anges C. The prevalence of
mental illness in prison. Administration and policy in mental health. 2001;29(1):21-40.
Epub 2002/01/29.
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Panorama Internacional (Maíra Mendes)