Press Release
29 Maio, 2015
Dia Mundial da Criança
Grupo de trabalho coordenado pela EAPN Portugal
Não quer silenciar o aumento da pobreza infantil.
E pede programa de ação!
Em Portugal, cerca de 25.6% das crianças encontra-se em risco de pobreza,
são estes os últimos dados publicados pelo INE, em Janeiro passado, apesar
da análise reportar a 2013. “São números muito pesados e, por isso, estamos
conscientes de que a infância em Portugal não é um período de vida feliz para
muitas crianças porque vivendo em situação de pobreza e exclusão social
encontram-se privadas de várias dimensões de bem-estar”, diz o Padre Jardim
Moreira, presidente da EAPN Portugal, a propósito do Dia Mundial da Criança
que se comemora no próximo dia 1 de Junho. As suas declarações são, ainda,
fruto da reflexão de um grupo de trabalho, coordenado por aquela organização
não-governamental, desde 2008, e que, desde então, se dedica à análise da
pobreza infantil em Portugal.
O presidente da EAPN Portugal, em consonância com os seus pares, defende
“a criação urgente de um programa de ação, assumido como instrumento de
política pública para a prevenção e combate eficazes da pobreza infantil e
exclusão social.
“As crianças têm sido o grupo etário mais penalizado pela deterioração das
condições de vida no nosso país. Esta constatação deverá levar-nos a refletir
sobre as consequências da pobreza infantil para as crianças que, desta forma,
têm o futuro ameaçado. Trata-se de um problema societal que a todos toca e a
todos diz respeito”, refere Amélia Bastos, professora do Instituto Superior de
Economia e Gestão da Universidade de Lisboa e membro do referido grupo de
trabalho, coordenado pela EAPN Portugal.
Construir memórias positivas é crucial para o desenvolvimento harmonioso de
uma criança e essa construção não depende apenas dos progenitores,
depende também dos seus educadores (desde a primeira infância), dos seus
pares, de todos os adultos que as rodeiam. Situações de abusos, violência,
bullyng, são passiveis de criar memórias negativas numa criança e afetar o seu
equilíbrio físico e emocional. No entanto, como explica Fernando Diogo, da
Universidade dos Açores e membro do mesmo grupo de trabalho, “no contexto
de grande crise que o país atravessa, os esforços parentais para proteger as
crianças dos efeitos da pobreza têm limites, e esses limites consubstanciam-se
na escassez de todo o tipo de recursos, fazendo com que a possibilidade de
efeitos duradouros da pobreza infantil na vida dos indivíduos seja muito grande.
Problemas de desenvolvimento mal resolvidos, traumas psicológicos e uma
escolaridade medíocre traçam um destino provável de inferioridade social
construído na infância e vigente ao longo de toda a vida, mau grado a
precocidade e a ousadia da previsão.”
Por sua vez, Dulce Rocha, vice presidente do Instituto de Apoio à Criança
(IAC), entidade que também integra o grupo criado pela EAPN Portugal, foca
que “ao comemorarmos o Dia da Criança, quereríamos poder salientar apenas
os Direitos que estão consagrados na sua Convenção, sobretudo os novos
direitos reconhecidos, como o direito de brincar e o direito à participação, que
têm sido verdadeiras bandeiras nas metodologias de trabalho do IAC, mas este
ano temos muito presentes as múltiplas violações de que ainda são vítimas as
crianças, e, por isso, em nome da defesa dos Direitos Humanos, não podemos
silenciar o aumento da pobreza infantil, a violência, a exploração sexual e o
fenómeno associado do tráfico de crianças que continuam a ensombrar um
futuro que queremos de respeito e dignidade”.
Nesta matéria também o presidente da Cáritas Portuguesa, Eugénio da
Fonseca, afirma que “o combate à pobreza infantil deve ser encarado como
uma prioridade para os decisores políticos e para a sociedade civil. Os custos
humanos deixaram marcas não apenas na geração futura, mas no tecido
humano e social do país. Um país que não dá às crianças as oportunidades
necessárias para um crescimento equilibrado e de esperança nunca poderá ser
considerado um país desenvolvido. "
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