EXPEDIENTE
Reitor: Isidoro Zorzi
Diretora do CECC:
Marliva Vanti Gonçalves
Professora de Mídia Impressa: Alessandra Rech
Coordenação:
Gabriel M. Piccoli
Jayne Tondello
Projeto Gráfico e Diagramação:
Amanda Marcon
Camila Gonçalves
Maria Angélica Crippa Lain
Rodrigo Chernhak
Texto:
Aline Tomazoni
Charlene Charão
Diogo Alex Elzinga
Eloá Marchetto Zuccolot
Fernanda Zanol
Luís Gustavo Damo
Rosane de Conto
Suelem Carissimi Lunardi
Suélen Cristina Bastian
Fotografia:
Daniela Faccin
Tatiane Edilia Bertoletti Mantovani
Thaís Joana Tomiello
Yasmin F. M. dos Santos
Dez/2011
EDITORIAL
Editada pelos alunos da disciplina de Mídia Impressa, a revista Humor & Tal trata, como
seu próprio nome já diz, de todos os tipos de
humor, com o objetivo de alegrar e, ao mesmo
tempo, levar informação aos seus leitores.
Nesta edição, a revista aborda, através
de reportagens, entrevistas e artigos, o dia a dia
dos profissionais de um circo, a responsabilidade do Jornalismo com o humor, o medo que
o palhaço provoca em algumas pessoas, o riso
como auxílio no tratamento de doenças, entre
outros assuntos que você pode conferir a partir
daqui. Boa leitura! Esperamos que chegue ao
final com um sorriso no rosto.
Foto: Milena Leal
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IMPRESSA
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Há quase 20 anos, criatividade e
humor mantêm jornal em Farroupilha
Charlene
Charão
e Rosane
de Conto
A história da Folheca se confunde
com a própria história do humorismo na
Serra gaúcha. Atualmente, de acordo com
Jefferson Paim, idealizador do jornal, é
o único “100% humor do Estado do Rio
Grande do Sul”. A primeira edição circulou
em 10 de abril de 1992. Intitulado naquela época como O Pacú, tinha edições de
quatro páginas, copiadas por xerox e foi
um sucesso, tanto que os criadores do
jornal foram convidados por Jorge Bruxel,
diretor do jornal O Farroupilha, para editarem o jornal nesse veículo, oferecendo
a estrutura necessária para o jornal ser
impresso em gráfica. Em troca, alguns
exemplares sairiam encartados no jornal
O Farroupilha. Com ajuda dos funcionários do jornal, sai então a primeira edição
impressa de um jornal totalmente humorístico na Serra gaúcha, no dia 24 de abril
de 1992. Cada exemplar era vendido por
500 cruzeiros e alguns anúncios ajudavam a pagar as despesas. Depois de mais
duas edições, o Pacú acabou.
Cinco anos depois, Paim continuava a pensar na retomada de trabalho
para pôr novamente o jornal em circulação, no entanto, era necessário um investimento em equipamentos e na profissionalização na venda de anúncios. Surge
então Jean Carlo Lautert, antigo companheiro na distribuição do Pacú. Ele seria o
vendedor, Jefferson Paim o diagramador
e as reportagens seriam feitas pelos dois.
John Madruga completava a equipe com
os seus cartuns, sendo mais tarde substituído pelo cartunista Ale.
Equipe reestruturada, ocorre a
mudança no nome do jornal. Paim lembra
de um momento em que disputava um
jogo de tabuleiro chamado “Academia”,
na casa de um amigo, quando surge o
vocábulo folheca na disputa, e um dos
participantes faz o seguinte comentário:
“Folheca: nome de um jornal oposicionista do interior do Nordeste”. “A resposta,
claro, não colou, considerando que Folhe-
ca significa floco de neve, porém, é um
bom nome para um jornal desse tipo”, diz
Paim.
Mudanças feitas, ocorre o lançamento da primeira edição da Folheca, que inicia sua circulação em 14 de
novembro de 1997. No entanto, foram
somente mais oito edições e a Folheca
deixou de circular.
Somente em abril de 2002, já
com Fernando Béria na comercialização
de anúncios, Jefferson Paim na redação
e Ale nos cartuns, a Folheca volta com
força total e circula até hoje, divertindo
as pessoas todos os meses. Em maio
de 2010 a Folheca Bento Gonçalves, em
parceria com Paulo Cezar Béria, se junta à família. O formato também ganhou a
TV, com paródias de programa de auditório, reality shows e afins. O grupo tem espaço às quartas-feiras, a partir das 19h,
no Canal 14 da Net, o que lhe rendeu a
cobertura (patrocinada) da Copa do Mundo da África do Sul, em 2010.
Hoje são mais de mil assinantes,
espalhados por diversas partes da região e alguns até em outros estados, que
contribuem com um valor anual de R$ 20
para receberem o jornal em seus domicílios, sem contar com os mais de 6 mil
exemplares que são distribuídos de forma gratuita em todos os estabelecimentos que possuem anúncios veiculados no
jornal.
Toda parte da redação é feita por
Paim, em sua própria residência, onde
seleciona as matérias a serem publicadas. Pelo email do jornal, [email protected], os leitores encaminham piadas
e matérias que gostariam que fizessem
parte da edição. A impressão é feita no
jornal Pioneiro, em Caxias do Sul.
Independente e divertido, o Folheca em geral tem suas brincadeiras
bem aceitas pela comunidade. Apenas
um processo judicial, em andamento, faz
parte de sua trajetória.
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O FAZ-DE-CONTA DA
ALEGRIA
Texto e fotos:
Diogo Elzinga e
Thaís Tomiello
Nos bastidores do circo,
a face tristonha
“Respeitável público”. Talvez essa seja uma das
frases mais clássicas quando o assunto é circo, mas tamanho respeito nem sempre condiz com a realidade dos
palhaços e trapezistas do picadeiro.
O Circo Orlando Orfei, de São Paulo, ganhou os
direitos do original italiano durante seis meses. Nesse período, instalou-se em Caxias do Sul para satisfação de
todos que, há muito tempo, desejavam ver a alegria e
a habilidade dos artistas circenses. Só que essa alegria
não se estende para trás das cortinas do palco. Quando o
assunto é humor, muitos se mostram desanimados, sem
muita perspectiva de crescimento e, principalmente, destinados a fazer algo que já vem de família há gerações.
Isso não repercute diretamente no picadeiro, mas
de alguma forma podemos observar o serviço puxado do
trapezista que faz as acrobacias, termina o número, corre,
troca de roupa, vende a pipoca, troca de roupa novamente
e se prepara para entrar no Globo da Morte.
O modo de vida dos artistas também é complicado. Trailers sem a mínima higiene, cães soltos para todos
os lados, roupas sujas estendidas nos varais. Mas isso
não parece afetar, de maneira alguma, o espetáculo preparado para o público: muito pelo contrário, quem assiste
não imagina o que se passa por trás de cada rostinho maquiado e cada figurino detalhado.
Segundo José Carlos Pimentel, responsável pelo
Marketing do espetáculo, o grupo trabalha constantemente com o improviso, com a graça e com a interação com o
público. Dessa forma, contribui para que as pessoas sintam-se mais integradas ao contexto das apresentações.
O Circo, que conta com cerca de 20 anos de estrada e exibe 12 atrações dos mais variados tipos, ficou
em Caxias até o dia 7 de novembro, e promete voltar mais
vezes.
DICA HUMOR & TAL: VALE A PENA ASSISTIR!
MEIA-NOITE EM PARIS
Título original: (Midnight in Paris)
Lançamento: 2011 (EUA, Espanha)
Direção: Woody Allen
Atores: Owen Wilson, Rachel McAdams,
Kurt Fuller, Mimi Kennedy.
Duração: 100 min
Gênero: Comédia Romântica
Sinopse: Gil (Owen Wilson) sempre idolatrou os
grandes escritores americanos e quis ser como eles.
A vida lhe levou a trabalhar como roteirista em
Hollywood, o que se por um lado fez com
que fosse muito bem remunerado, por outro lhe rendeu uma boa dose de frustração. Agora ele está prestes a ir a Paris ao
lado de sua noiva, Inez (Rachel McAdams), e dos pais dela, John (Kurt Fuller) e
Helen (Mimi Kennedy). John irá à cidade
para fechar um grande negócio e não se
preocupa nem um pouco em esconder sua
desaprovação pelo futuro genro. Estar em Paris faz
com que Gil volte a se questionar sobre os rumos de
sua vida, desencadeando o velho sonho de se tornar
um escritor reconhecido.
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ENGRAÇADO OU
ATERRORIZANTE?
Fernanda Zanol
Existe tratamento para a Coulrofobia
Apesar de a maioria das pessoas ligarem
a figura do palhaço ao humor, à alegria e ao riso,
também existem aquelas que não podem ver um
nariz vermelho e rostos pintados excessivamente
que já saem correndo. Essas pessoas possuem
a chamada Coulrofobia, mais conhecida como
medo de palhaço.
De acordo com
a psicanalista e professora da Universidade
de Caxias do Sul Rosita Esteves, as fobias
são expressões de um
temor associadas a um
desejo proibido. É um
conflito que ocorre dentro da pessoa e, para
não haver a angústia,
se elege um objeto específico que, na maioria
das vezes, vem de uma
experiência
traumática ou de algo que lhes
apavorou em algum
momento da vida. Ou seja, todas as fobias têm
uma causa interna que leva a um objeto externo,
nesse caso o palhaço. Normalmente, ao depararse com algum indivíduo vestido de palhaço, essas pessoas costumam ter ataques de pânico,
perda de fôlego, arritmia cardíaca, suores e náuseas.
Tudo isso pode parecer estranho e incomum para muitos, mas não é raro de acontecer,
principalmente entre crianças. Recentemente,
em uma pesquisa feita pela Universidade de Sheffield, no Reino Unido, com 250 crianças de 4 a
16 anos, todas alegaram terem medo de palhaços e não gostarem de
decorações baseadas
neles.
Rosita Esteves
destaca ainda que
existe tratamento para
o medo de palhaço. O
mais adequado é uma
psicoterapia, oportunizando ao sujeito a
compreensão do seu
sintoma, entendendo
o porquê dessa fobia
e as razões ocultas
dela.
Na medida em
que ele vai se descobrindo, vai perdendo o
medo. Ela ressalta também que existe diferença
entre medo normal e o medo patológico. Medo
normal é o também chamado medo protetor, que
faz com que as pessoas tenham atitudes que evitem perigos, como o medo de altura; já o medo
patológico, ou medo racional, não tem razão de
existir.
Símbolo máximo do humor
A figura do palhaço tem a função de
alegria, de um ser trapalhão, uma espécie de
criança grande, mas por algum motivo particular, algumas pessoas o veem como alvo de fobia
e passam a ter pavor de cruzar com algum deles
por aí. Inclusive, muitos filmes já abordaram o
palhaço como uma figura aterrorizante, como o
famoso longa It, do diretor Tommy Lee Wallace, que em 1986 conseguiu assustar toda uma
geração de crianças com o palhaço Pennywise.
Além deste, também há um palhaço assustador
no filme Poltergeist, que não falava mas aparecia inesperadamente em todos os lugares, e
o conhecido palhacinho de Jogos Mortais, um
boneco criado pelo vilão da trama, Jigsaw, para
assustar suas vítimas.
Engraçados para alguns, aterrorizantes
para outros, o fato é que os palhaços sempre foram e continuarão sendo o símbolo máximo do
humor. Enquanto algumas pessoas fogem deles, a maioria continua rindo e se divertindo com
as suas palhaçadas. E esse é um dos intuitos do
humor: provocar algum tipo de emoção nas pessoas. Infelizmente, quando o assunto é palhaço,
nem sempre podemos dizer que o resultado é
bom. Mas eles continuam firmes e fortes, com
seus narizes vermelhos e dando cambalhotas
por aí.
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ALEGRIA CONTAGIANTE
Júlio Soares, Divulgação
Os Médicos do Sorriso surgiram em Caxias no ano de 2004 e
desde então tornam a rotina hospitalar mais alegre, inspirando confiança
para as cerca de 90 mil pessoas que
já receberam visita do grupo. Mediante patrocínios, os 11 atores, com
formação em teatro, passam pelos
hospitais levando alegria, gargalhadas e esperança para os enfermos.
Em 2012, a previsão é de que estejam atuando no Hospital Geral.
O trabalho é inspirado nas
ideias do médico norte-americano
Hunter “Patch” Adams, que com sua
trupe de palhaços viaja para áreas
críticas do mundo, de pobreza, de
Suelem Lunardi
guerra, espalhando alegria. Além de
médico, humorista e intelectual, Patch
é também um ativista em busca da
paz mundial, que leva uma mensagem
de amor ao próximo que, se praticada por todos, certamente irá mudar o
mundo para melhor. No Brasil, o trabalho começou com o grupo Doutores da
Alegria (www.doutoresdaalegria.org.
br), sem fins lucrativos, que já realizou
mais de 800 mil visitas a crianças hospitalizadas no Sudeste. Mais informações: www.saladeensaio.art.br
DICA HUMOR & TAL: VALE A PENA ASSISTIR!
MULHERES À BEIRA DE UM ATAQUE DE NERVOS
Título original: (Mujeres al Borde de
un Ataque de Nervios)
Lançamento: 1988 (Espanha)
Direção: Pedro Almodóvar
Atores: Carmen Maura, Antonio
Banderas, Julieta Serrano, Rossy de
Palma.
Duração: 89 min
Gênero: Comédia
Sinopse: Em Madri, Pepa Marcos (Carmen Maura), uma
atriz que está grávida mas ninguém sabe, é abandonada
por Ivan (Fernando Guillén), seu amante, e se desespera
tentando encontrá-lo, pois deseja que ele lhe explique por
que a deixou. Enquanto tenta falar com ele, recebe a visita
de Candela (María Barranco), uma amiga que se apaixonou por um desconhecido e descobriu que ele é um terrorista xiita. Mais tarde chega ao apartamento Carlos (Antonio Banderas), o filho de Ivan, acompanhado de Marisa
(Rossy de Palma), sua noiva, pois os dois estão procurando um imóvel para alugar. Marisa bebe um gaspacho cheio
de soníferos, que Pepa tinha preparado para Ivan, mas a
confusão realmente acontece quando Ivan vai para Estocolmo com Paulina Morales (Kiti Manver) e Lucia (Julieta
Serrano), a mulher de Ivan, planeja matá-lo.
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Luiz Antônio Guerreiro, Divulgação
O prazer de um
profissional do riso
Jair Kobe, o Guri de
Uruguaiana, defende
que o humor está
ligado à arte de
viver bem
Aline Tomazoni
O humor surgiu nos primórdios gregos. Os humanos são os únicos que riem, é a maneira mais saudável
de demonstrar felicidade. Atualmente muitas pessoas
utilizam-se do humor como profissão, além de fazer as
pessoas sorrirem, ficarem felizes, também proporciona o
bem-estar ao profissional, de acordo com Jair Kobe, mais
conhecido como O Guri de Uruguaiana. Segundo ele, o
humor está ligado à arte de viver bem, com qualidade de
vida. A pessoa bem humorada tem menos estresse, consegue ser mais criativa nas tomadas de decisões, contribui com as relações humanas e deixa o ambiente saudável, mais tranquilo.
O humor sempre é o gênero preferido do público.
Uma peça de drama, com mais reflexão, exige um público
mais seleto e diferenciado, não atinge o espectador em
geral. O mesmo humor não atinge todas as categorias,
mas a vontade de descontrair é a mesma: “Todo mundo
gosta de se divertir, não que seja alienante, bem pelo contrário, humor pode ser politizado, ser informativo”, afirma.
Segundo Kobe, todas as peças de humor têm a finalidade
de divertir e entreter, mas cada um procura o seu artista,
o seu programa, sua peça de teatro...
Para Kobe, a maneira de manter o sucesso é por
meio do trabalho. A utilização das mídias, redes sociais,
da internet, são estratégias importantes, mas o principal
diferencial é a renovação permanente. Para manter o público ligado é necessário estar a par da atualidade, já que
hoje é tudo muito rápido, muito online.
“As pessoas buscam coisas do dia a dia, as pessoas querem informação. É isso que o público está querendo. O sucesso do personagem ocorre também porque
eu trabalho demais para isso”, define.
DICA PARA DAR RISADA:
www.naointendo.com.br
www.naosalvo.com.br
www.drpepper.uol.com.br
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Divulgação
DE UM SORRISO
A dramatização por meio do palhaço é uma forma
de despertar a felicidade das crianças e o inconsciente
dos adultos. As crianças aprendem brincando e os adultos
voltam a ser crianças, esquecendo da correria do dia a dia
e se entregando à diversão.
Um exemplo de profissional que desperta sorrisos e cativa pessoas é a palhaça Bolacha (foto, à esquerda), uma professora de matemática de séries iniciais que
em seu tempo livre leva a vida na brincadeira, encarna
o personagem e promove a alegria, despertando muitos
sorrisos na criançada: “Viro outra pessoa quando estou
fazendo uma criança sorrir”, afirma.
Humor & Tal: Qual o significado de sorriso para você?
Rosiane e Silva Velho: Para mim é ALEGRIA, pois particularmente nunca consigo sorrir se não estou bem. Isso
acontece principalmente com a criança, que consegue
chorar e logo começar a sorrir, mas em hipótese alguma
vai sorrir se estiver triste.
Humor & Tal: Qual a sensação em despertar um sorriso em uma criança? Rosiane: Acredito que posso comparar com a sensação
de pular de para-quedas, a adrenalina fica a mil, é como
um vício, sempre quero mais sorrisos. Volto a dizer: a
Aline Tomazoni
criança é só emoção, por isso é bem difícil fazer ela sorrir
de verdade. Se estiverem sorrindo, é porque gostaram.
Humor & Tal: De que maneira o sorriso contribui para
o desenvolvimento humano?
Rosiane: Já estudei autores em neurociência que concluíram que a sensação de bem-estar faz multiplicar as
sinapses, ou seja, há aumento no número de conexões
neuronais. O sorriso é uma consequência de bem-estar,
logo, muito importante no desenvolvimento da pessoa.
Humor & Tal: Quando o sorriso está estampado no
rosto de uma criança, qual seu sentimento? Rosiane: FELICIDADE e tranquilidade, pois sei que essa
criança está feliz, está se desenvolvendo normalmente.
Amo crianças e adoraria que todas sorrissem o tempo
todo.
Humor & Tal: Quando você não está em um bom dia
para encarnar o personagem, qual a tática para atuar?
Rosiane: Quando coloco a roupa, principalmente quando
pinto o rosto, me transformo em outra pessoa, sem angústias ou tristezas. A minha vida se transforma na vida
da BOLACHA.
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OPINIÃO
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Melhor é aprender rindo
Suelen Cristina Bastian
Jornalismo
humorístico
Uma nova perspectiva de informação
Eloá Marchetto Zuccolot
Nos últimos tempos o humor vem se tornando cada vez mais
presente no jornalismo brasileiro. O
jornalismo esportivo, por exemplo,
encontra cada vez mais espaço nos
meios de comunicação, principalmente na TV. O novo jeito de falar de
esporte vem arrematando uma nova
fatia de público que antes trocava de
canal quando o assunto era futebol.
Bem-humorado e mais dinâmico,
esse estilo conquista, cada vez mais,
a audiência do público feminino e infantil.
Pode não parecer, mas fazer
humor é difícil, ainda mais quando
o assunto é política. Para que esse
novo modelo de falar sobre política
cumpra o principal objetivo do jornalismo, que é informar e fazer a sociedade refletir, é preciso que haja uma
preocupação dos profissionais sobre
essa nova abordagem do jornalismo, “jornalismo humorístico”. Para
que essa combinação consolide-se
é preciso uma harmonia entre informação com credibilidade e medida
coerente de humor.
De acordo com Marcelo Tas,
apresentador do programa Custe o
Que Custar (CQC - foto acima) da
emissora BAND, em uma entrevista
concedida ao site Nós da Comunicação em janeiro de 2011, “O humor
é uma ferramenta muito eficiente
para o jornalismo e para a educação”. Esse formato de abordagem
humorística contribui também para
que os jovens se incluam em assuntos políticos, uma vez que a maioria
demonstra ser apática para as questões sociais. Diante dessa tendência
jornalística, percebe-se a contribuição dessa modalidade de conteúdo
de informação para a educação.
No ensino, o humor exerce
um papel fundamental, porque além
de descontrair o ambiente, ele é um
grande facilitador de aprendizagem.
Segundo a professora argentina Mónica Guitart, da Universidade Nacional de Cuyo, o humor pode ser
aplicado como espécie de “pílulas
motivadoras”. Ela justifica dizendo
que, dessa forma, é mais fácil lembrar de conceitos, pois esses “chegam por meio de emoções positivas,
e não só por meio de conhecimentos
frios”.
Entretanto, a comunicação
tem forte papel na sociedade. Trabalhar assuntos pesados que norteiem
a população de uma forma agradável e que despertem o interesse de
crianças, jovens e até mesmo adultos é importante e de total valia. O
jornalismo pode e deve aproveitar
todos os vieses que encontrar para
disseminar a informação e provocar
a reflexão na sociedade.
Lembro-me vagamente de
quando cursava magistério. Para
entender a criança, a professora
brinca de ser uma delas. A criança
é um ser divino, com uma energia
inesgotável, e para disputar sua
atenção, só usando o bom-humor
mesmo. Para atrair a criançada não
é fácil, para isso tive que aprender
a ensinar de uma forma dinâmica
e os resultados foram excelentes.
Durante os quatro anos de curso já
fiz papel de Índia, Branca de Neve,
Italiana, Vênus, entre outras.
E cada aula era um desafio, pois algumas vezes esse método se tornava um “tiro no pé” e a
“chave da bagunça”. Dar uma aula
descontraída não é passar um conteúdo sem planejamento e de forma desorganizada, pelo contrário,
é transmitir um conteúdo bem planejado, porque a aula em que se
utiliza o senso de humor tem que
ter uma ligação interdisciplinar com
o foco do conteúdo, e o real e imaginário da criança.
Na educação, o humor faz
toda diferença, pois o aluno presta atenção com mais facilidade do
que naquelas aulas todas regradas
de formalidade. Bom-humor para
ensinar é o que realmente faz uma
aula produtiva no aprendizado do
educando, pois nosso cérebro tende a lembrar-se do que é engraçado. Quer ver como isso é verdade?
Quantas vezes você riu sozinho na
rua porque se lembrou de algo que
lhe fez rir? Muitas vezes, né?
Isso porque o humor tem o
domínio da nossa atenção tanto positivamente como negativamente. E
os professores que sabem planejar
aulas cheias de brincadeiras que
causam sorrisos nas crianças e ao
mesmo tempo são organizadas,
certamente darão uma excelente aula e atingirão seu objetivo de
plantar o conhecimento no coração
da criança. Aprender rindo ajuda
muito a entender os conteúdos mais
complicados, como matemática, e
as ferramentas são diversas, como:
teatro, música, piada relacionada
à disciplina, charges... Portanto, a
diversão, com equilíbrio, é a minha
dica para transformar a educação.
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Conversa com o ‘Radicci’
Iotti é natural de Caxias
do Sul-RS, nascido no dia 27 de
fevereiro de 1964. Aos 14 anos,
descobre o seu talento, o amor e
o dom pelo desenho.
Radicci foi criado em
1983, e tem algumas características bem marcantes, tipicamente
italianas. Conquistou o público
com seu temperamento e com
sua roupagem forte, e sua paixão pelo ócio e pelo vinho. Para
o cartunista, o desenho é uma
questão de espontaneidade:
“Todos são desenhistas, mas a
maioria, depois de uma certa ida-
de, fica séria, adulta, e para de
desenhar. Apenas 1%, os mais
loucos, continuam.” Iotti
Atualmente Iotti faz tiras
e charges diárias para os jornais
Pioneiro e Zero Hora. Também
publica em Diário Catarinense,
O Diário de Criciúma, O Diário
do Sul (SC), O Diário do Sudoeste (PR). Há ainda os projetos
de livros, produtos com a marca
do Radicci, assim como a manutenção do site do personagem,
do site em italiano e do seu site
de pesca, outra paixão do desenhista.
”As pessoas tinham vergonha de
sua origem italiana. O colono era
ridicularizado.”
Humor & Tal: Para o senhor, o que é humor?
Iotti: O humor é uma forma fina de expressão do desacordo de maneira humorada e/ou reflexiva. Um olhar
com outro viés, uma forma diferente de abordar um tema
de outro ponto de vista.
Humor & Tal: Como surgiu o personagem Radicci?
Iotti: Surgiu nas páginas do Pioneiro em 1983, como
uma espécie de síntese do nosso colono italiano.
Humor & Tal: Gostaria de saber como era visto o humor quando o senhor começou a trabalhar com um
personagem tipicamente regional, que é o Radicci.
Iotti: As pessoas tinham vergonha de sua origem italiana. O colono era mal visto, ridicularizado. O Radicci teve
o mérito de exorcizar esse sentimento.
Humor & Tal: Na sua opinião, qual é a necessidade
do humor para as pessoas nos dias de hoje?
Iotti: O humor é vital. As pessoas que não têm humor,
que se levam muito a sério, que não brincam, são cinzentas. Humor é vida. Um sorriso pode salvar um dia.
Quem tem humor vive mais e melhor.
Humor & Tal: O humorista/cartunista (profissional) é
valorizado? Por quê?
Iotti: Sim, pois representa a ponta mais aguda do jornalismo opinativo. O que pode ser mais cáustico e corrosivo, sem preocupações - por vezes - em ser politicamente
correto.
Humor & Tal: Gostaria de saber de onde o senhor
tirou inspiração para criar o personagem “Irmão
Benildo”?
Carlos Henrique Iotti fala sobre o
personagem preferido dos leitores
Divulgação
Luís Gustavo Damo
Iotti: Duas fontes. A primeira foi o programa de rádio dos
Discoucuecas, na década de 80, onde havia um personagem semelhante. A outra é baseada no irmão Benildo, meu professor de Matemática do Carmo (La Salle
Carmo) que oscilava de forma bipolar enter a fúria e a
calma. Claro que não da forma que faço na rádio, pois é
um enorme exagero. Era um grande professor e amava
o que fazia.
Humor & Tal: Com relação ao “Irmão Benildo”, como
o senhor enxerga as pessoas bipolares? O transtorno é comum nos tempos de hoje?
Iotti: Vejo como pessoas que precisam de tratamento.
Humor & Tal: O senhor sofre ou já sofreu algum preconceito por ser humorista/cartunista?
Iotti: Nunca sofri preconceito.
Humor & Tal: Na sua opinião, o que precisa mudar/
alterar/inovar no humor brasileiro?
Iotti: O humor televisivo precisa de novas ideias, de
novos redatores. O restante me agrada, principalmente
o humor gráfico. Nas rádios, deveria ocorrer um retorno
ao passado, quando existiam mais humoristas, personagens de rádio e mais senso crítico.
Humor & Tal: O senhor é a favor ou contra a participação de animais nos circos? Por que?
Iotti: Totalmente contra. Lugar de animal selvagem,
como tigres, elefantes, ursos, é em seu habitat.
Humor & Tal: Genoveva é o nome da sua esposa?
Iotti: Não, Genoveva é o nome da esposa do Radicci,
um personagem! (rss).
”O humor televisivo
precisa de novas ideias,
de novos redatores.”
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E SP EC I A L I Z AÇ ÃO , M B A , M E S T R A D O E D O U TO R A D O
CURSOS NAS
ÁREAS DE:
Artes, arquitetura e design
Agrárias e biológicas
Comunicação
Engenharias e tecnologias
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