JC&Cia Carreiras
Editor // Vinicius Medeiros
B-8 • Jornal do Commercio • Sexta-feira e fim de semana, 23, 24 e 25 de outubro de 2015
Dicas de
Português
CONTRATAÇÃO
Uso de tecnologia chega
aos processos seletivos
Rede de hotéis Marriott adota plataforma online para acompanhar seu programa de
trainee; método é tendência e será aplicado em mais empresas, apontam especialistas
por Dad Squarise
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Blog da Dad www.correiobraziliense.com.br
RECADO
“Toda vaidade é burra. Não existe
vaidade inteligente.”
Louis-Ferdinand Céline
DIVULGAÇÃO
» ANA PAULA SILVEIRA
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C
om 21 anos de idade e
cursando Publicidade e
Propaganda, Jhonathan Rodrigues, é
exemplo de quem participou
de plataforma online para ingressar como trainee da rede
de hotéis Marriott. Chamado
de “voyage”, o programa dura
18 meses e é realizado nas unidades mantidas pela companhia ao redor do mundo. Com
um sistema de suporte, os gestores fazem um acompanhamento personalizado com
coach e champion do programa em cada hotel.
De acordo com o universitário, o formato diferenciado
deixou o processo mais dinâmico quando uniu o procedimento formal com questões
mais voltadas ao comportamento. “Entrei na empresa há
um ano e está sendo muito
bom, pois estou adquirindo
experiência e, acima de tudo,
tenho a possibilidade de interagir com colegas e diretores
mais experientes”, explica. Ele
destaca ainda que a tecnologia
utilizada no processo tornou o
aprendizado mais eficaz. “Foi
bem diferente e ao mesmo
tempo tornou o processo mais
informal, ou seja, a maiorida
das empresas pede só o currículo e neste formato pude me
apresentar melhor respondendo a perguntas e interagindo mais”, diz.
O estudante ainda revela
que, por meio do treinamento online, pode aprimorar
seus conhecimentos com um
material de palestras e informação, além de tirar dúvidas
e promover networking com
diretor da área em que atua.
“A minha experiência foi potencializada e o meu aprendizado intensificado, mas é
importante dizer que além
da plataforma online também tivemos a parte presencial que completou o processo todo”, afirma.
Karine Cassine, diretora de
Recursos Humanos do Renaissance São Paulo Hotel, explica
que a medida vem gerando resultados significativos, principalmente por trazer profissionais com o mesmo perfil da
empresa. “A plataforma torna
todo o processo mais ágiil,
desde o ínicio no processo se-
Era uma vez...
Entrei na empresa há
um ano e está sendo
muito bom, pois
estou adquirindo
experiência e, acima
de tudo, tenho a
possibilidade de
interagir com
colegas e diretores
mais experientes.”
Jhonathan Rodrigues
Estudante de publicidade
letivo passando pelo treinamento e chegando até a contratação”, afirma.
Funcionamento
O programa Voyage conta
com três plataformas online,
como explica a dirigente. Uma
que é o My Voyage Program,
um HUB com palestras, atividades e calendários para os
participantes. Há encontros
virtuais com executivos-chave
da empresa, especialmente
para os trainees poderem
aprender e tirar dúvidas sobre
assuntos específicos. A Marriott ainda conta também com
o JAM, uma rede social exclusiva da empresa com um grupo
privado para os trainees trocarem experiências entre si, conhecerem outros trainees na
mesma posição em locais diferentes e ficar sempre atualizados com novidades do programa. E a última, é a plataforma
MyLearning, que indexa todos
os treinamentos da companhia, dessa maneira o trainee
pode fazer diretamente pelo
computador, treinamentos sobre os mais variados assuntos
e usar sempre como referência
em momentos oportunos.
Depois da utilização do sistema, o número de contratações aumentou na rede. “É
uma forma de analisarmos o
profissional de diversas formas, em um ambiente mais
despojado”. Ela afirma que a
questão presencial não pode
ser descartada, segundo a diretora. “Nós utilizamos a tecnologia para facilitar o nosso
contato com as pessoas, mas
de maneira nenhuma descartamos o relacionamento pessoal”, completa.
Há ainda um calendário
obrigatório, onde a empresa
desenvolve datas para cada
etapa do programa, fazendo
com que o trainee possa se
programar e aprender enquanto coloca suas funções
em prática. “São etapas que
envolvem ações em grupo, feitos para a comunidade local
onde o hotel está instalado,
reuniões de acompanhamento com o coach e champion,
experiências físicas em outros
departamentos do hotel e treinamentos para gerentes e supervisores. Os treinamentos
são bem extensos, focando
sempre na área de atuação,
mas abrangendo o funcionamento da hotelaria como um
todo”, explica Karine.
Assim como a rede internacional de hoteis, muitas empresas vem apostando em novas tecnologias no processo
seletivo para trainee, estágio e
até mesmo para a contratação
de funcionários. Segundo o
coach de carreiras e psicólogo
do Bê-á-bá do RH, Carlos
Eduardo Pereira, o uso das tecnologias são considerados um
diferencial. “Diante de um
contexto social em que o tempo é fator precioso, essa plataforma se torna ágil e minimiza
a questão de distância e auxilia a desafogar o trânsito das
cidades e intensifica o aprendizado da pessoa”, diz.
Olho no olho
Ele completa afirmando que
torna mais dinâmico qualquer
processo de seleção de pessoas. Mas quem pensa que sistemas como esse são a solução
e única forma neste contexto
está enganado. “Nunca podemos deixar de lado o olho no
olho e o tratamento presencial
que é de extrema importância
na hora da contratação e de
decidir quem será parte da
nossa equipe de trabalho, mesmo que seja para trabalhar como home office, por exemplo”.
Outra questão é que a internet
no páis ainda não é 100% confiável nos processos. “A internet ainda dá problemas e, portanto esse meio não pode ser
o único a ser utilizado”, explica. No entanto, Pereira avalia
que a plataforma online já é
uma realidade e que o candidato deve estar preparado para utilizá-la dentro dos processos de seleção.
Henrique Pizzolato era diretor do Banco do Brasil. Além
de prestígio e salário invejável, recebia tratamento VIP. A
convivência com poderosos lhe deu a sensação de superpoder. Resultado: envolveu-se com as falcatruas do mensalão.
Como diz o outro, o homem faz e Deus desfaz. Quem se
sentia acima da lei caiu nas malhas da Justiça. Foi julgado e condenado. Passar 12 anos na Papuda? Nem pensar.
“Prefiro morrer do que cumprir pena no Brasil”, disse ele.
Bateu asas e voou pra Itália.
Não colou. Ele teve de voltar. Ao lhe darem a notícia, todos
esperavam que repetisse a frase. Não repetiu. Mas, mesmo
assim, a sentença ganhou espaço em jornais, rádios e
tevês. Brasileiros atentos prestaram atenção a ela. Ops!
Cadê regência?
Mistura doida
O verbo preferir sofre de doença pra lá de comum. É o
contágio. Muitos confundem a regência dele com a de
gostar. Aí, não dá outra. A frase vira o samba da mistura
doida. Que tal demarcar o limite de um e de outro?
Gostar
A gente gosta de alguém ou de alguma coisa: Gosto de cinema. Gostamos de viajar na baixa estação. Alguém gosta de restaurante com música alta?
Gostar admite o grau comparativo. Pode-se gostar mais
ou menos: Gosto mais de Maria que de Paula. Gosto menos de Paula que de Maria. Ela gosta mais de cinema que
de teatro.
Preferir
Olho na diferença, moçada. Prefere-se sempre uma coisa
a outra: Prefiro cinema a teatro. Preferiram o Rio a Maceió. A jovem preferiu Paulo a Pedro.
Viu? Ao dizer “prefiro morrer do que cumprir pena no
Brasil”, Pizzolato trocou a preposição. Usou a de gostar
(de). Bobeou. O a, glorioso, pede passagem: Prefiro morrer a cumprir pena no Brasil.
Há mais
Dizer “prefiro mais”? Nem pensar. No sentido do verbo,
está contido o mais & cia. intensificadora. Afinal, preferir
é gostar mais. Por isso, deixe pra lá exageros como estes:
Prefiro (mais) peixe a frango. Prefere (mil vezes) cinema a
teatro. Preferia (antes) legumes crus a legumes cozidos.
Time de dois
A duplinha é preferível joga no time de preferir. Ela também exige a preposição a: É preferível almoçar a jantar.
No verão, é preferível banho frio a banho quente. Pra melhorar a redação, é preferível praticar a decorar regras.
Você escolhe
Gosto mais de Paula que de Maria? Gosto mais de Paula
do que de Maria? Tanto faz. Você escolhe. Prefiro a primeira. Na linguagem moderna, menos é mais. Se uma
palavra dá o recado, pra que duas?
Por falar em menos...
Muitas palavras encurtaram ao longo da vida. Uma delas
é extra. No começo, era extraordinário. Pronunciar palavra tão compriiiiiiiiiida? Que preguiça! Entrou em cena a
lei do menor esforço. A polissílaba virou dissílaba. Cinema foi outra que encolheu. Antes era cinematográfico.
Imagine a cena: “Meu bem, vamos ao cinematográfico?”
Bicicleta é mais uma. O povo corre atrás até de vocábulos
estrangeiros pra economizar. Adotou a inglesinha bike.
LEITOR PERGUNTA
Concluso ou concluído?
GÉRSON SERENO, RIO
Concluir, Gérson, é verbo generoso. Tem dois particípios — concluso e
concluído. Ele, entre tantos outros, joga no time de anexar (anexado e
anexo) e agradecer (agradecido e grato). Quando usar um ou outro? A
regra manda usar o grandão com os auxiliares ter e haver (tinha e
havia anexado, tinha e havia agradecido, tinha e havia concluído) e o
curtinho com ser e estar (foi e está anexo, foi e está grato, foi e está
concluso).
Mas, na língua como na vida, nem todos são obedientes. Há os que
adoram pisar a norma. Os verbos abundantes servem de exemplo.
Alguns se tornam permissivos. Dizem indiferentemente: está anexo ou
está anexado, foi agradecido ou foi grato, está concluído ou está
concluso.
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