ORBITAIS EM ÁTOMOS E MOLÉCULAS André Bathista Instituto de Física de São Carlos Universidade de São Paulo 1 - Teorias 1º Teoria da Coordenação de Werner. É a mais simples das teorias de orbitais atômicos e moleculares 2º Teoria dos Orbitais Moleculares. É uma teoria um pouco mais elaborada em relação a teoria de Werner e possui falhas quando tenta aplicar as ligações no estado sólido. 3º Teoria do Campo Cristalino. É uma das teorias mais elaboradas e corrige as falhas da teoria dos orbitais moleculares para o estado sólido. 2 CONCEITOS FÍSICOS E FERRAMENTAS MATEMÁTICAS UTILIZADAS NO ESTUDO DE ORBITAIS ATÔMICOS E MOLECULARES. 1. Aproximação Born-Oppenheimer 2. Hamiltoniano do Sistema 3. Equação de Schrödinger do Sistema 4. Indistinguibilidade de Partículas 5. Função de Densidade de Probabilidade 6. Determinante de Slater 7. Princípio de Exclusão de Pauli 8. Poços de Potenciais de Ligação 9. Mapas de Contorno dos Orbitais 10. Diagrama de Níveis 4–Aproximação de BornOppenheimer A aproximação de Born-Oppenheimer nos dá um caminho de encontrarmos um resultado para um sistema de N elétrons e M núcleos. Esta aproximação simplifica a equação de Schrödinger para moléculas, fazendo o uso da diferença de massas entre núcleos e elétrons. Devido a esta diferença é razoável desprezar o movimento dos núcleos, já que os elétrons movem-se mais rapidamente que o núcleo. 5 Hamiltoniano do Sistema (a) Átomos de um elétron 2 2 Ze = 2 H =− ∇ − 2m r (b) Átomos de muitos elétrons 2 = Hˆ = − 2m n ∑∇ i =1 2 n −∑ j =1 2 Ze +∑ rj i ∑ j>i 2 e rij (c) moléculas 2 = Hˆ = − 2 Zα e 2 Zα Zα e 2 e2 1 2 =2 n 2 ∇α − ∇i − ∑∑ + ∑∑ + ∑ ∑ ∑ ∑ riα rαβ 2m i =1 β α β >α i =1 mα i i j >i rij n 6 Indistinguibilidade de Partículas Exemplos: 1 Próton e 1 Elétron são distinguíveis, massas diferentes e- cargas diferentes e Ψ = Ψ1+Ψ2 P 2 Elétrons Ψ1 Ψ2 Ψ = Ψ1+Ψ2 1 2 Ψ1 ? Ψ2 ? Um exemplo claro disto é o átomo de Hélio (He). exemplo é semelhante a de duas partículas numa caixa. Ψ1 e- P N P N Ψ = Ψ1+Ψ2 Causa da indistinguibilidade e - Ψ2 Molécula de Hidrogênio H2 eA P B P e- Solução: Aproximação LCAO (Combinação Linear de Orbital Molecular) Neste caso um elétron pode ser encontrado em um orbital atômico pertencente ao átomo A e também a um orbital pertencente ao átomo B, a função de onda total do sistema é uma superposição dos dois orbitais Ψ = N [ΨA ± ΨB] 7 Equação de Schrödinger do Sistema 2 = 2 2 ∇ Ψ1 + ∇ Ψ 2 + VT Ψ T = ET Ψ T − 2m As autofunções das partículas Ψ1 → Ψ A ( x1 , y1 , z1 ) → Ψ A (1) Ψ 2 → Ψ B ( x2 , y2 , z2 ) → Ψ B ( 2) Logo, Partícula (1) no estado A e Partícula (2) no estado B. Ψ = Ψ A (1) + Ψ B ( 2) Agora para o caso em que a partícula (1) está no estado B, e a partícula (2) está no estado A, é Ψ = Ψ B (1) + Ψ A (2) nº quânticos permutados 8 Função Densidade de Probabilidade Ψ ∗Ψ = Ψ ∗A (1)Ψ ∗B (2)Ψ A (1)Ψ B (2) ∗ ∗ B ∗ A Ψ Ψ = Ψ (1)Ψ (2)Ψ B (1)Ψ A (2) estas não são consideradas do pontos da indistinguibilidade e pelo princípio de exclusão de Pauli !!! ∗ Ψ Α ΨΑ ∗ Ψ Β ΨΒ Então podemos construir uma autofunção que satisfaça a Eq. De Schrödinger 1 Ψ A (1)Ψ B (2) + Ψ B (1)Ψ A (2) Autofunção de simetria Ψ S = 2 Autofunção de antissimetria 1 Ψ A (1)Ψ B (2) − Ψ B (1)Ψ A (2) ΨA = 2 sendo que Ψsi≠Ψanti, mas correspondem ao mesmo autovalor de ET , o que é conhecido como degenerescência de troca pois a diferença entre as autofunções degeneradas se relaciona com a troca das coordenadas das partículas. O fator (1/raiz 2) assegura que Ψsi e Ψanti estarão normalizadas se ΨΤ = ΨΑ(1)+ΨΒ(2) e ΨΤ = ΨΒ(1)+ΨΑ(2) estiverem normalizados. Autofunção de simetria: ΨSi descreve partículas que obedecem a estatística de Bose- Einstein – potanto chamados de bósons. Autofunção de antissimetria: ΨAnti descrevem partículas que obedecem a estatística de Fermi-Dirac – Férmions. Calculando as funções densidade de probabilidade para Ψsi e Ψanti, e mostrando que os seus valores não se alteram pela troca das partículas. Obteremos esse resultado analisando o efeito da troca das partículas sobre as próprias autofunções 1 1 Ψα (2)Ψ β (1) + Ψ β (2)Ψα (1) = Ψ S ΨS = Ψα (1)Ψ β (2) + Ψ β (1)Ψα (2) → 2 2 1→ 2 2 →1 1 1 Ψα (1)Ψ β (2) + Ψ β (1)Ψα (2) → Ψα (2)Ψ β (1) + Ψ β (2)Ψα (1) = Ψ S 2 2 ΨS = 1→ 2 2 →1 ∗ S ∗ S ∗ A ∗ A ∗ A Ψ Ψ S → Ψ Ψ S e Ψ Ψ A → (−1) Ψ Ψ A = Ψ Ψ A 2 Para as duas funções totais, simétrica e antissimétrica, as funções densidade de probabilidade não se altera por permutação das partículas. Notando-se que a autofunção de antissimetria para duas partículas normalizadas 1 Ψα (1)Ψ β (2) − Ψ β (1)Ψα (2) ΨA = 2 também pode ser expressa na forma de determinantes, mais precisamente determinante de Slater 1 Ψα (1) Ψα (2) ΨA = 2! Ψ β (1) Ψ β (2) onde 2! = 2x1 =2. A identidade dessas duas expressões pode ser verificada expandindo-se o determinante. MOLÉCULAS DIATÔMICAS O Hamiltoniano de um sistema de N elétrons e M núcleos é: M M Z Z N N 1 N M Z 1N 2 M 1 2 k ˆ ∇k − ∑ ∑ + ∑ ∑ + ∑ ∑ k l H = − ∑ ∇i − ∑ 2 i =1 k =1 l > k Rkl k =1 2 M k i =1 j >1 rik i =1 k =1 rik repulsão −e n − Hˆ Ψ (r , R) = EΨ (r , R) [1] − − repulsão − nn H = Hn + He Born-Oppenheimer: Ψ (r , R) = Ψe Ψn repulsão −e e [2] Hamiltoniano do (e-) e (n) Zk 1N 2 1 He = ∑ ∇i − ∑ ∑ + ∑∑ 2 i =1 rik rij Vne Vee 2 ∇k Zk Zl 1 + ∑∑ Hn = − ∑ 2 k =1 m k Rkl M [3] Vnn [4] [3],[4] e [1] em [2] 1 M ∇ k2 N 2 − ∑ ∇ i + Vnn + Vne + Vnn Ψe Ψ n = EΨe Ψ n [5] − ∑ 2 k =1 m k i =1 ∇ k2 Ψe Ψn = Ψe ∇ k2 Ψn + 2∇ Ψe ⋅ ∇ Ψn + Ψn ∇ k2 Ψe k k como ( r , R ); Ψ ( R ) Ψ = Ψ Ψ = e e n n ∇ i2 Ψe Ψn = Ψn ∇ i2 Ψe M M 1 1 1 2 2 Ψn ∇ k Ψe + Ψe ∇ k Ψn + ∑ − ∇ k Ψe ⋅ ∇ k Ψn + ∑ − ∑ − k =1 2m k k =1 m k k =1 2m k M N 1 2 ∑ − Ψn ⋅ ∇ i Ψe + [Vnn + Vne + Vee ]Ψe Ψn = EΨe Ψn i =1 2 ÷Ψn Ψe varia muito lentamente com as coordenadas nucleares!!! Ψe M 1 2 − ∇ k Ψn + E e Ψe − EΨe + Vnn Ψe = 0 ∑ Ψn k =1 2m k 1 M 1 2 Ψn Ψe − ∇ k Ψn + E e − E + Vnn = 0 × ∑ Ψe Ψn k =1 2m k M 1 2 − ∑ ∇ k Ψn + Vnn Ψn + [E e − E ]Ψn = 0 k =1 2m k H ( n) Ψ ( n) [H n + Ee ]Ψn = EΨn Para a molécula de hidrogênio, com dois núcleos A e B e dois elétrons 1 e 2, temos o Hamiltoniano: Ainda não temos formação de ligação e por isso dizemos que não há superposição dos orbitais. ΨΑ(1s) Ψ∗ΑΨΑ ΨΒ(1s) Ψ∗ΒΨΒ Quando os dois centros se aproximam ocorre um aumento da densidade de probabilidade entre os dois centros, uma interferência Ψ∗ΑΨΑ+Ψ∗ΒΨΒ construtiva, formando assim uma ligação química. Ψ∗ΑΨΑ Ψ∗ΒΨΒ Orbital sigma ligante (σ) Quando a interferência é destrutiva , o orbital molecular formado é antiligante (σ*) DIAGRAMA DE NÍVEIS DE ENERGIA DA H2 Orbital antiligante ∗ σ ΨΒ(1s) Ψ∗ΑΨΑ+Ψ∗ΒΨΒ ΨΑ(1s) H(1S) H(1S) σ Orbital Ligante Ψ∗ΑΨΑ Ψ∗ΒΨΒ σ = σα(1) + σβ(1) Mapas de Contorno dos Orbitais da molécula de hidrogênio. Método da Combinação Linear de Orbitais Atômicos Combinação de orbitais s-s Orbitais atômicos + + + S S + + S Orbitais moleculares S σ Orbital ligante + - Orbital antiligante σ∗ Combinação de orbitais s-p Orbitais moleculares Orbitais atômicos + + Px S + + Px S σ + Orbital ligante + + Orbital antiligante ∗ σ Combinação de orbitais p-p Orbitais atômicos Orbitais moleculares Orbital ligante + - + - σ Px + - + - - Px Px - + Px + - + - Orbital antiligante ∗ σ Combinação de orbitais p-d + - Py + - - + + + - dxy π Orbital ligante dxy - Py - - - + + + - ∗ π - + Orbitais moleculares - + Orbitais atômicos Orbital antiligante Combinação de orbitais p-p (π*π) Orbitais moleculares - - Py Py π - + Py - - Orbital antiligante ∗ π + + - Orbital ligante + + + Orbitais atômicos - Py + Alguns mapas de contorno de orbitais Orbital 1s Outras representações H2 (1s-1s) a) orbital de 1 átomo (n = 1, l = s, m = 0); b) orbital de 1 átomo (n = 2, l = p, m = 0);c) orbital de 1 átomo (n = 4, l = f, m = 0); d) orbital de 1 átomo (n = 3, l = d, m = 0); d, m = 1). a) b) c) d) e) e) orbital de 1 átomo (n = 3, l =