13.O CONGRESSO
NACIONAL DE ONCOLOGIA
16 NOVEMBRO 2014
edição igualmente
disponível em
newsletter
digital
REVISTA DIÁRIA DO EVENTO
JANTAR OFICIAL DO 13.O CONGRESSO
NACIONAL DE ONCOLOGIA
MOMENTO MEMORÁVEL
DE confraternização
SESSÃO CONJUNTA
DA SPO/ESMO
ENTREVISTA
COM LUÍS PORTELA
SESSÃO
JOVENS ONCOLOGISTAS
16 outubro 2014 / 13.o congresso nacional de oncologia 2014 daily of / 01
Prémio Francisco Gentil
JANTAR
OFICIAL
O Prof. Guimarães dos Santos recebeu o Prémio Francisco Gentil, instituído pela SPO em 2014, e que pretende homenagear
um diplomado ou diplomada que se tenha distinguido com
uma carreira pessoal e profissional de reconhecido mérito
e constituía uma referência profissional para os seus pares e
para a comunidade. Como sublinhou a Dr.ª Camila Coutinho,
“Francisco Gentil é uma das figuras da Medicina Portuguesa
contemporânea de maior relevo, que muito contribuiu para a
qualidade da oncologia praticada em Portugal”.
2.O Congresso Luso-Brasileiro terá lugar em 2015, em
Lisboa
Momento inesquecível
de convívio
O jantar oficial do 13.º Congresso Nacional de Oncologia
constituiu um momento inesquecível de convívio entre
colegas. Patrícia Bull foi a anfitriã da noite.
A atriz salientou os três anos de direção de mandato da
Sociedade Portuguesa de Oncologia, que, no âmbito das
suas atividades, colabora intimamente com Instituições
públicas e privadas, vocacionadas na luta contra o cancro. “São três anos de trabalho, muita dedicação e muito
empenho em torno da Oncologia Nacional”, destacou.
Foram vários os pontos altos, como a entrega do Prémio
Francisco Gentil, e dos melhores trabalhos científicos,
não esquecendo o momento musical “Ondas do mar” (um
tema ao piano a quatro mãos por Marina e Natasha Pikoul,
irmãs gémeas vencedoras de inúmeros prémios internacionais do mundo da música) e a presença do maestro David
Wyn Lloyd.
A noite terminou com uma revisão em vídeo dos melhores
momentos deste evento magno da oncologia.
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02 / daily of 13.o congresso nacional de oncologia 2014 / 16 outubro 2014
A Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica e a Sociedade Portuguesa de Oncologia levaram a cabo a realização do 1.º Congresso Luso Brasileiro de Oncologia Clínica. Em 2013 teve lugar
na cidade de Fortaleza, no Brasil. Em 2015 a segunda edição
será em Portugal, em Lisboa.
Entrega dos melhores trabalhos científicos
Foram entregues os prémios dos melhores trabalhos científicos e respetivos cheques. Os trabalhos refletem os últimos
avanços da investigação com potencial para mudarem a prática clínica.
Entrega do prémio Pharmamar
A Dr.ª Maria Teresa Alexandre, do Serviço de Oncologia Médica
do IPO de Lisboa foi a vencedora do Prémio Pharmamar, um
galardão que tem como objetivo incentivar o desenvolvimento
científico a nível nacional na área de Sarcomas.
Entrega do prémio GammaKnife
A pensar já no futuro a SPO e o Centro Gamma Knife anunciaram a criação de mais um prémio anual, desta vez na área de
Radiocirurgia Gamma Knife na abordagem de lesões cerebrais.
Os interessados poderão consultar toda a informação e regulamento de participação no site da SPO.
16 outubro 2014 / 13.o congresso nacional de oncologia 2014 daily of / 03
SPO e ESMO assinam protocolo
histórico
“A pobreza é um cancro”
Sessão
conjunta
SPO/ESMO
“Temos que assegurar que todos os
doentes acesso à terapêutica
mais adequada à sua condição clínica!”
Na sessão conjunta da Sociedade Portuguesa de Oncologia
(SPO)/European Society for Medical Oncology (ESMO) foram
debatidos os resultados das mais recentes investigações, o papel
da ESMO para o fortalecimento de parcerias e ainda as desigualdades no acesso e tratamento do cancro
Relativamente às desigualdades, o Prof. Peter Boyle, um reputado epidemiologista do Reino Unido, especializado na investigação do cancro, não tem dúvidas: “São enormes e chocantes as
diferenças causadas pela pobreza, poucas habilitações e condições sociais.”
Para uma visão mais realista por parte dos assistentes da plateia
da Sala do Infante, o especialista revelou os números relativamente à sobrevivência por cancro.
Se considerarmos que existem três patamares de condição social, “os que estão no primeiro têm um nível de sobrevivência
de 60%. Os do segundo, de 49% e nos do terceiro patamar, cada
vez mais pobres, a sobrevivência desce para 20%”. “É uma vergonha”, lamenta o epidemiologista.
De acordo com o Prof. Peter Boyle, “existem variações muito
acentuadas na incidência de cancro e mortalidade, sendo essa
variação brutal no caso do cancro da mama, no cancro colo-retal,
no cancro da próstata e no cancro do pulmão”.
“Temos que assegurar que todos os doentes têm acesso à terapêutica mais adequada à sua condição clínica!”, apelou o investigador que, apesar de todo este panorama de desigualdades,
também trouxe boas notícias.
Um estudo feito em 24 países da União Europeia, com dados
entre 1980 e 2009, demonstrou que a redução da mortalidade
04 / daily of 13.o congresso nacional de oncologia 2014 / 16 outubro 2014
O ano de 2014 ficará como um marco na história entre a Sociedade
Portuguesa de Oncologia (SPO) e a European Society for Medical
Oncology (ESMO).
Pela primeira vez, e tendo como palco o 13.º Congresso Nacional
de Oncologia, foi formalizado um compromisso entre as duas
sociedades, com a assinatura de um acordo de colaboração.
Trata-se de um acordo escrito que vai permitir, no fundo, desenvolver projetos em conjunto num futuro próximo.
Em termos práticos, este trará benefícios ao nível da redução da
quota da ESMO, acordos recíprocos, mais interação, mais acesso,
mais estudos, mais atividades e para influenciar os decisores políticos.
Para os jovens oncologistas, passam a estar disponíveis de uma
forma muito mais imediata os módulos de e-learning, notícias,
guidelines, entre outros.
é substancial, existindo um “sucesso tremendo
no que diz respeito ao cancro da mama e, em
sentido inverso, um desafio enorme relativamente ao cancro do pulmão na mulher”.
Como mensagens finais, o Prof. Peter Boyle
aconselhou os congressistas, no que se refere
à avaliação de resultados, a ter muita atenção
porque “nem tudo o que parece, o é efetivamente e quanto mais sabemos, mais precisamos de fazer” e, por fim, “assegurar um diagnóstico mais apropriado e um tratamento que
esteja disponível”.
Representando o Prof. Alexandru Eniu, membro da ESMO, o epidemiologista apresentou
ainda um estudo preliminar da ESMO sobre a
disponibilidade e custo dos fármacos, que contou
com 185 inquéritos a médicos de 49 países.
O estudo reflete as limitações na pré-avaliação
da patologia, as limitações na aprovação dos
medicamentos, bem como das barreiras de
acesso aos medicamentos.
ESMO tem 10 mil
profissionais e
representa 130 países
O Dr. Razvan Popescu, membro da ESMO, veio
ao Porto falar sobre as atividades daquela
sociedade europeia.
De acordo com o oncologista e hematologista,
neste momento a ESMO é constituída por 10
mil profissionais, representando 130 países.
O principal objetivo da sociedade que representa a Europa é “melhorar a qualidade dos
cuidados oncológicos, principalmente a quatro níveis”. São eles a educação, os jovens oncologistas, parcerias e estudos clínicos.
Numa alusão ao Dr. Paulo Cortes, representante
português da ESMO, o Dr. Razvan Popescu salientou o seu “importante papel” no aumento da
colaboração com a SPO.
16 outubro 2014 / 13.o congresso nacional de oncologia 2014 daily of / 05
“Há ainda um caminho grande
de investigação para se explorar no
campo das energias alternativas que ainda
não são conhecidas e que, uma vez
conhecidas, poderão proporcionar soluções
terapêuticas mais bem conseguidas”
ENTREVISTA
genericamente bem. Portanto, o que me parece desejável -- e penso que é esse o caminho que está desenhado -- é que as restantes USF comecem a funcionar ou sejam
implementadas o mais rapidamente possível com uma filosofia de responsabilização
no doente e, a partir daí, cobrindo a área hospitalar. Considero que o médico de
família deve ser cada vez mais o responsável, o gestor do doente ou, antes disso, o
gestor da saúde da pessoa.
DR. LUÍS PORTELA
“Interessa realmente uma especialização e concentração de recursos” para uma maior eficácia
“Portugal não se pode dar ao luxo de ter muitas unidades de saúde muito bem
equipadas”
DO – Nunca houve tanta inovação farmacológica. No entanto, existem outras formas de “inovar”, certo?
O debate “Como prestar cuidados de saúde com qualidade numa era de austeridade” encerra o 13.º Congresso
Nacional de Oncologia. Em foco está a perspetiva do clínico, do gestor hospitalar, da indústria, da tutela e do cidadão.
A Daily Of entrevistou o Dr. Luís Portela (Presidente da Direção do Health Cluster e da Fundação Bial), que modera a
discussão, e que nos deu o ponto de vista do humanista.
responsabilizando as USF ou colocando-as em contato direto com as unidades hospitalares, como já referi. Depois, há também formas logísticas, a nível informático...
Há muitas vias de reformar e tentar seguir esse caminho, que é um caminho bom. Na
minha opinião, conseguido essencialmente procurando aumentar a especialização e
com uma concentração dos recursos.
Penso que em determinadas especialidades, nomeadamente na oncologia, importa termos algumas unidades de saúde, não muitas, muito bem preparadas para atenderem os
doentes. Muito bem preparadas em termos de equipamento, de profissionais de saúde,
em todo o sentido.
Portugal não se pode dar ao luxo de ter muitas unidades de saúde muito bem equipadas, muito bem apetrechadas para atender muita gente, porque não é um País muito
rico. Além disso, hoje existe um conjunto de vias de acesso fácil entre as diversas cidades e, portanto, interessa realmente, na minha opinião, procurar uma cada vez maior
eficácia de atuação, maior excelência de atuação, através de uma especialização e concentração de recursos.
Daily Of (DO) – Estamos, de facto, a atravessar
uma era de austeridade. Considera que os doentes atualmente são pior tratados ou, apesar das
dificuldades, nunca os pacientes tiveram acesso
aos melhores cuidados de saúde e tratamentos?
Luís Portela (LP) – Embora não esteja no dia-a-dia no
contato com os doentes, aquilo que me apercebo é que
os pacientes continuam a ser relativamente bem tratados. Nos últimos três anos tem havido um esforço de racionalização, de aumento da eficácia, de produtividade
e o que tenho apreciado é que esse esforço tem sido feito de uma forma equilibrada, evitando que os doentes
sofram as consequências.
Nos dias que correm temos que ser realistas. O País passou
uma situação de crise grave e, apesar de os tempos já não
estarem tão maus quanto estavam, ao longo dos próximos
anos esse esforço vai ter que continuar a ser feito. Vai ter
que ser solicitado aos profissionais de saúde o máximo de
produtividade, o máximo de eficácia na sua atividade.
DO - Os doentes continuam a ser bem tratados mas,
de qualquer forma, ainda estamos muito longe da
Medicina translacional ou da Medicina personalizada. O que falta para conseguirmos atingir
esse patamar, se é que alguma vez será possível?
LP - Penso que falta criarem-se hábitos de fluxos de in-
formação fáceis nos diversos sentidos, entre as diversas
entidades hospitalares. No próprio hospital, com um
apoio informático forte, o doente poder ser mais bem
atendido e o profissional poder sentir-se mais confortável no exercício da sua atividade. Sendo isso conseguido penso que é necessário responsabilizarem-se
cada vez mais todos os profissionais desde logo, na
minha opinião, a partir da unidade de saúde familiar
(USF). Parece-me que para termos uma cada vez maior
prevenção, uma deteção precoce das situações patológicas, para termos uma maior eficácia de atuação é
necessário que haja uma maior responsabilidade das
situações, nomeadamente das situações oncológicas, a
partir da USF, a partir do médico que acompanha diretamente o doente.
DO – Pensa que esse caminho de responsabilização das unidades dos cuidados de saúde primários
está a ser feito?
LP – Sim, de alguma forma. Mas gostaria que fosse mais
rápido e mais generalizado. Cerca de 50% dos nossos
centros de saúde estão hoje adaptados à situação de
USF e a sensação que eu tenho é que estão a funcionar
06 / daily of 13.o congresso nacional de oncologia 2014 / 16 outubro 2014
LP - Sim, com certeza. Existem várias formas de inovar, desde logo organizacionais,
DO - Considera que também é possível inovar/melhorar a prestação de cuidados de saúde através da humanidade e mesmo da espiritualidade?
“Na generalidade das
instituições que
trabalham na área da
oncologia há um
conjunto de voluntários
que fazem um trabalho
absolutamente fantástico.
Repito. Absolutamente
fantástico.
Têm a minha grande
admiração”
LP - Na generalidade das instituições que trabalham na área da oncologia há um
conjunto de voluntários que fazem um trabalho absolutamente fantástico. Repito.
Absolutamente fantástico. Têm a minha grande admiração. Penso que sem eles o
bom serviço que estas unidades de saúde prestam não poderia ser o mesmo. Sublinho esse aspeto muito importante.
Também considero que -- pelo trabalho de alguns desses voluntários, por um conjunto de fenómenos descritos ao longo do tempo, por algumas curas quase sem
explicação, por algumas situações de cura em medicinas alternativas -- há ainda
um caminho grande de investigação para se explorar no campo das energias alternativas que ainda não são conhecidas e que, uma vez conhecidas, poderão proporcionar soluções terapêuticas mais bem conseguidas.
16 outubro 2014 / 13.o congresso nacional de oncologia 2014 daily of / 07
Como cidadão, admito que será aconselhável investigar essas áreas para se perceber
se há algumas formas de energia menos conhecidas que poderão ajudar a que o
homem possa viver cada vez melhor e possa tratar-se cada vez melhor.
Perante as adversidades o médico “não pode” deixar de
estar focado nos “superiores interesses do seu doente”
DO – Como olha para o médico da atualidade, também ele tão sujeito
a pressões de várias ordens, administrativa, burocráticas e
financeiras?
LP - Acho que o mundo está em transformação acelerada, mas está de uma forma
geral, e os médicos têm que aprender a viver com isso, a estarem sujeitos a todas
essas situações e alterações repentinas. Enfim, faz parte da nossa realidade de
hoje.
No caso dos profissionais de saúde o que importa é manterem-se muito focados
naquilo que é a sua atividade, naquilo que é o seu dia-a-dia e nos interesses dos seus
doentes, procurando ter o máximo de dedicação e de competência para servirem os
sues pacientes.
DO – Mas, por vezes, estas pressões financeiras e burocráticas influenciam, e muito, a atividade dos médicos, apesar do foco que
possam ter ou desejar ter nos doentes…
LP - O profissional de saúde é antes mais um ser humano. Tem consciência
profissional, tem consciência do ser humano. Ele vai naturalmente procurar as
soluções equilibradas e harmoniosas respeitando as instruções, venham elas
de onde vierem, mas sempre focado nos superiores interesses do seu doente. E
isso, a meu ver, ele não pode deixar de fazer. Essa tem que ser sempre a sua grande
orientação. E perante uma determinada pressão ou determinação superior, ou se
tiver que trabalhar mais horas para fazer para conseguir atingir os seus objetivos,
ele pode sempre exigir mais remuneração, pedir outras condições. No entanto, a
sua situação é perante o doente e tem de cumprir aquilo que a sua consciência
de bom profissional lhe manda cumprir.
DO – Que conselho pode deixar aos profissionais de saúde, nomeadamente aos congressistas, como humanista assumido que é?
LP - Aconteça o que acontecer, um bom profissional de saúde tem que manter
sempre o interesse no seu paciente como prioritário, acima de tudo o resto.
“Nos últimos três anos
tem havido um esforço
de racionalização, de
aumento da eficácia,
de produtividade e o que
tenho apreciado é que
esse esforço tem sido feito
de uma forma equilibrada,
evitando que os doentes
sofram as consequências”
fórum
futuro da oncologia
em portugal
“Este poderia perfeitamente ser o tema da sessão
de encerramento deste 13º congresso pela importância que se reveste”. Foi assim que o Dr. Ricardo
Luz, ex-presidente da Sociedade Portuguesa
de Oncologia abriu a sessão intitulada “Futuro da
Oncologia em Portugal”.
Perante uma sala cheia e uma plateia entusiasta,
médicos de diferentes especialidades colocaram
em debate temas relacionados com a economia
em torno do cancro, a tecnologia e inovação biofarmacêutica e o modelo de rede de centros de
referência a adotar, numa mesa onde participaram
os doutores Paulo Moreira, Eurico de Castro Alves e
Jorge Penedo, numa mesa moderada pelos doutores
Ricardo Luz, Nuno Abecassis e Paula Alves.
O Dr. Paulo Moreira, economista e editor chefe da
revista científica inglesa “International Journal of
Healthcare Management” foi um dos oradores convidados. O especialista em economia, que apresentou um estudo recentemente realizado nos Estados
Unidos da América sobre gastos e investimentos
na área oncológica, é da opinião que em Portugal a
qualidade dos serviços de saúde está em risco, tendo em conta as medidas políticas que têm vindo a
ser tomadas pelo atual governo.
“A nossa organização não pode
ser uma improvisação contínua.
Temos de nos organizar, colaborar
uns com os outros e cooperar.”
08 / daily of 13.o congresso nacional de oncologia 2014 / 16 outubro 2014
“O futuro da oncologia em Portugal será uma grande luta pelos
níveis de qualidade que temos. As políticas cegas de cortes
sem nexo poderão colocar em causa a qualidade dos cuidados
oncológicos prestados, quer nas grandes unidades mas também nas pequenas unidades, chamadas de proximidade.
Atualmente os custos com o cancro em Portugal rodam os
564 milhões de euros por ano, apenas 3% da despesa total
em saúde no nosso país.
Apesar das dificuldades económicas e financeiras que afetam
atualmente o nosso país e a Europa, o Dr. Eurico Castro Alves
do Infarmed garante que “Portugal tem um dos melhores
sistemas de saúde do mundo” e lembra que há cada vez mais
ensaios clínicos realizados todos os anos. Só na fase decorrente no presente ano de 2014 o Infarmed iniciou 32 ensaios.
Segundo o médico que protagonizou a segunda intervenção
da mesa, há três palavras-chave que devem orientar o futuro
da oncologia: reforma, sustentabilidade e sensatez. “Todos
temos noção de que é necessária uma reforma, de uma forma
sustentável e sobretudo tendo em conta que, o mais importante, é fazer sempre o melhor pelos nossos doentes”, defendeu.
O Dr. Jorge Penedo foi o terceiro e último orador da sessão.
O cirurgião apresentou um estudo que demonstra um possível modelo de Rede de Centros de Referência em diversas
áreas da saúde. Um tema controverso que dividiu opiniões e
que colocou a plateia e a mesa num acesso debate de ideias.
Nesta reflexão conjunta sobre o futuro da oncologia, o Dr.
Ricardo Luz deixou ainda a mensagem de que, para melhorar o
desempenho dos profissionais de saúde e os serviços prestados
aos doentes oncológicos, é preciso que haja mais organização.
“A nossa organização não pode ser uma improvisação contínua.
Temos de nos organizar, colaborar uns com os outros e
cooperar.”
16 outubro 2014 / 13.o congresso nacional de oncologia 2014 daily of / 09
álbum de
recordações
sessão
“Os desafios e oportunidade
para os jovens oncologistas”
DR.A joana bordalo e sá
“Apesar de todas as adversidades do dia-a-dia o
exercício da Oncologia Médica em Portugal
continua a ser estimulante”
A prática clínica em oncologia “constitui um enorme desafio para os
jovens especialistas que iniciam a carreira médica como assistentes
hospitalares no Serviço Nacional de Saúde”, considera a Dr.ª Joana
Bordalo e Sá que faz uma preleção sobre esse mesmo tema, pelas
9h50, na Sala do Infante, inserida na sessão “Os desafios e oportunidade
para os jovens oncologistas”.
Na primeira pessoa
“Como jovem especialista optei por ficar no
País e numa instituição do serviço público,
onde acredito que é possível prestar cuidados de saúde de excelência ao doente oncológico, fazer investigação básica e clínica de
qualidade, e exercer atividades formativas e
de ensino da Oncologia competentes.
No meu caso, e no que respeita a prática
clínica propriamente dita, o que mais valorizo, além da permanente atualização
científica, é a comunicação e o contacto com o doente oncológico, de forma
personalizada, com especial relevo no
respeito pela sua dignidade, em todas a
diferentes fases da doença, incluindo no
fim da vida.”
“Assiste-se a uma escassez de
recursos humanos, com sobrecarga
assistencial de forma transversal a
todos os centros, sendo os tempos
adjudicados às atividades não
assistenciais escassos ou
inexistentes”
Como se sabe, e à semelhança de outras especialidades, ao assistente
compete praticar atos médicos diferenciados, formar médicos internos,
participar em projetos de investigação científica e desempenhar funções
docentes, entre outras.
No entanto, “presentemente as condições laborais no SNS não são as
mais favoráveis para o exercício do jovem trabalhador médico dada a
forte retração do investimento público que tem penalizado este sector
social do Estado”, adverte a Assistente Hospitalar de Oncologia Médica
do Instituto Português de Oncologia do Porto.
Desta forma, lamenta a Dr.ª Joana Bordalo e Sá, “assiste-se a uma escassez
de recursos humanos, com sobrecarga assistencial de forma transversal a
todos os centros, sendo os tempos adjudicados às atividades não assistenciais escassos ou inexistentes”.
Por outro lado, considera a especialista, também “o racionamento terapêutico tem limitado a disponibilidade de medicamentos inovadores,
o que limita, por sua vez, a acessibilidade dos doentes oncológicos a
alguns tratamentos”.
Taxa de burnout no jovem oncologista ronda os 80% no Sul
da Europa
Esta falta de condições tem obviamente “reflexos na taxa de burnout no
jovem oncologista”, acrescentando a especialista que, de acordo com um
estudo europeu recentemente apresentado no último congresso da ESMO,
a mesma “ronda os 80% no Sul da Europa.
Todos estes fatores contribuem, por sua vez, “para que o jovem oncologista
português considere várias opções de emprego clínico e não-clínico, com
condições de trabalho mais aliciantes e competitivas, em especial no
estrangeiro”, desabafa.
Ainda assim, e “apesar de todas as adversidades do dia-a-dia”, a Dr.ª Joana
Bordalo e Sá é da opinião que “o exercício da Oncologia Médica em Portugal
continua a ser estimulante e motivador”.
010 / daily of 13.o congresso nacional de oncologia 2014 / 16 outubro 2014
16 outubro 2014 / 13.o congresso nacional de oncologia 2014 daily of / 011
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