PROJETO CURSO MASTER DE CONTABILIDADE PÚBLICA Estado e Planejamento Econômico no Brasil Profa.Dra.Cristina Helena Pinto de Mello [email protected] Parte I Funções, do setor público (fiscalizadora, reguladora, produtora, redistributiva, e estabilizadora); Funções Econômicas do Estado Estabilização econômica - Controle da demanda agregada (C+I+G+X-M) no curto prazo a fim de estabilizar a renda e o desemprego, ou evitar a inflação - O pleno emprego (yPE) e a estabilidade de preços não ocorre de forma automática! Promoção do crescimento econômico - Estímulo ao investimento privado, ao desenvolvimento tecnológico, etc - Promoção do desenvolvimento econômico - Reduzir disparidades interpessoais e inter-regionais, etc - Prestação de serviços públicos - Educação, saúde, previdência, segurança e justiça para a comunidade Função de Estabilização A política fiscal keynesiana é estabilizadora: - Política fiscal expansionista (visando aumentar a demanda agregada, quando há hiato deflacionário) G e/ou T - Política fiscal contracionista (visando reduzir a demanda agregada, combater o hiato inflacionário) G e/ou T Promoção do Crescimento A política monetária promove o crescimento: - Política monetária expansionista (visando a redução dos juros e o estímulo à aplicação de recursos monetários na aquisição de bens de capital e meios de produção) i e/ou M Promoção do Desenvolvimento Política tributária (visando a realocação de recursos); T e/ou Subsídios – nas regiões ou para grupos de indivíduos que pretende desenvolver; T e/ou Subsídios – nas regiões ou para grupos de indivíduos que podem financiar o desenvolvimento; Prestação de Serviços Públicos Política de Gastos (visando a oferta de serviços); - G orçamentários nos programas de Educação, saúde, previdência, segurança e justiça para a comunidade Convênios e parcerias buscando ampliar a rede de oferta de serviços públicos: Hospitais Filantrópicos (SUS), Convênios com Universidades e Escolas Públicas ofertando bolsas de estudo, etc... Parte II Objetivos do setor público (emprego estabilidade, crescimento e distribuição de renda); Crescimento 12 10 8 6 4 2 19 47 19 49 19 51 19 53 19 55 19 57 19 59 19 61 19 63 19 65 19 67 19 69 19 71 19 73 19 75 19 77 19 79 19 81 19 83 19 85 19 87 19 89 19 91 19 93 19 95 19 97 19 99 20 01 0 PIB (preços 1980) encadeado - Anual - R$ valor real PIB (preços 1980) encadeado - Anual - R$ valor real - 3,5 apos 80 PIB (preços 1980) encadeado - Anual - R$ valor real - 1 pt + apos 80 19 84 19 12 85 19 07 86 19 02 86 19 09 87 19 04 87 19 11 88 19 06 89 19 01 89 19 08 90 19 03 90 19 10 91 19 05 91 19 12 92 19 07 93 19 02 93 19 09 94 19 04 94 19 11 95 19 06 96 19 01 96 19 08 97 19 03 97 19 10 98 19 05 98 19 12 99 20 07 00 20 02 00 20 09 01 20 04 01 20 11 02 20 06 03 20 01 03 20 08 04 20 03 04 10 Emprego e Estabilidade Taxa de Desemprego Aberto 16 14 12 10 8 6 4 2 0 Distribuição de Renda Medida da Desigualdade Quaisquer análises somente serão possíveis se tivermos medidas aceitáveis de desigualdade. Um método muito utilizado é o cálculo do coeficiente de Gini. Obtemos este indicador utilizando a Curva de Lorenz. Sua fórmula é: Coeficiente de Gini = Área entre a Curva de Lorenz e a Bissetriz (linha de 45°) Área Total sob a Bissetriz Lorenz Curve % of National Income Esta linha representa uma situação de distribuição igualitária da renda. Os dez por cento mais pobres ganham dez por cento da renda nacional, os 30 por cento mais pobres ganham 30% da renda nacional. 30% 10% 10% 30% Percentage of Population Lorenz Curve % of National Income Neste segundo The Lorenz Curve will In this example, exemplo, Curvato de show the aextent the poorest Lorenz está abaixo da which equality exists. linha igualitária. The greater the gap 30% of the Agora os 30 between thepor linecento of population earn mais pobres equality andganham the 20% of the apenas 7 por centothe curve the greater da rendaofnacional. degree inequality. national income. 20% 7% 30% Percentage of Population Gini Coefficient % of National Income A área total sob a linha de igualdade. A área entre a Curva de Lorenz e a Linha da Igualdade. Percentage of Population Brasil – Coeficiente de Gini Renda - desigualdade - coeficiente de Gini - Anual 0,64 0,63 0,62 0,61 0,6 Renda - desigualdade - coeficiente de Gini Anual - IPEA - Disoc_RDCG 0,59 0,58 0,57 0,56 20 02 19 99 19 97 19 95 19 92 19 89 19 87 19 85 19 83 19 81 19 78 19 76 0,55 Problemas Os dados são subestimados. Não estão incluídas as informações sobre rendas de juros, compra e venda de ações ou dividendos. Também não estão considerados os rendimentos não monetários (caso das famílias mais pobres). Parte III Principais planos econômicos desde a década de 1940; instrumentos de política econômica (política fiscal, política monetária, política cambial, comercial e política de rendas); PLANO DE METAS Plano de Metas Juscelino foi o primeiro político a formular estratégias de desenvolvimento para o país antes de ser eleito. Seu governo caracterizou-se pelo integral comprometimento do setor público com uma política de desenvolvimento. Embora se dividisse em várias metas, o plano tinha como alvo alguns poucos setores da economia: energia, transporte, indústria (siderurgia, cimento, papel...), indústrias produtoras de equipamentos (automobilística, naval e bens de capital) e a construção de Brasília. Objetivos e resultados emprego estabilidade crescimento distribuição de renda Resultados Pontos de estrangulamento: Aumentou a produção de aço, petróleo, cimento e papel (veja quadro nesta página). No final dos anos JK, a presença do estado na taxa de investimento fixo havia saltado de 27,5% do PIB para 37,1%. Mais de 400 multinacionais se instalaram no Brasil. Resultados Anos JK 1956 1961 Energia elétrica - MW 3.000 5.000 Produção de petróleo - barris/dia 6.800 75.500 Produção de carvão mineral - t 2.000.000 3.000.000 Produção siderúgica - t 1.000.000 2.000.000 Meios Como o Brasil não tinha poupança interna que sustentasse esses investimentos, o Plano de Metas foi feito com inflação e endividamento externo. Para atrair o capital externo, Juscelino concedeu estímulos à importação, reformou o sistema cambial e modificou a política de comércio exterior. Durante o governo JK, entraram no país US$ 2 bilhões em capitais estrangeiros. Conseqüências A estabilidade monetária e o controle da inflação foram colocados em segundo plano. Ao fim de seu mandato, o Brasil convivia com uma inflação anual de quase 40%. E a dívida externa tornou-se um problema crônico do país. PAEG O Plano de Ação Econômica do Governo (PAEG), elaborado na gestão do general Castelo Branco (1964-1967), era voltado para as correções da política econômica. O PAEG reduziu a inflação de 91,8% ao ano, em 1964, para 22% ao ano, em 1968, mas não conseguiu alcançar as metas de crescimento programadas. O PAEG também implementou um amplo programa de reformas institucionais nos planos fiscal, monetário-financeiro, trabalhista, habitacional e de comércio exterior. Ações Abriu-se a economia ao capital estrangeiro, instituiu-se a correção monetária, e estabeleceu-se o arrocho salarial para as classes menos favorecidas. Foi criado o Banco Central e realizou reforma no sistema financeiro nacional. Em troca da estabilidade a que os trabalhadores tinham direito (após dez anos, não podiam ser demitidos), foi implementado o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço). Com o dinheiro do Fundo, surgiu o BNH (Banco Nacional de Habitação), que servia para financiar construções de residências. Inflação O diagnóstico sobre a inflação, que havia subido para 83,2% a.a. em 1963, centrava-se no excesso de demanda. Este era explicado em função da tendência ao déficit público, da elevada propensão a consumir (decorrente da política salarial frouxa dos períodos anteriores - os chamados “arroubos populistas”) e também da falta de controle sobre a expansão do crédito. Estas pressões inflacionárias propagavam-se com a expansão monetária, que era o veículo para sua perpetuação. Metas do PAEG Redução do déficit público mediante a redução dos gastos e da ampliação das receitas através da reforma tributária e do aumento das tarifas públicas (a chamada inflação corretiva). Com isso, o déficit público reduziu-se de 4,2% do PIB em 1963 para 1,1% em 1966; Restrição do crédito e aperto monetário. Houve aumento das taxas de juros reais e conseqüentemente do passivo das empresas. Este fato levou a uma grande onda de falências, concordatas, fusões e incorporações, processo este que atingiu principalmente as pequenas e médias empresas dos setores de vestuário, alimentos e construção civil. Esta “limpeza de terreno” e conseqüente geração de capacidade ociosa foi um importante fator para a futura retomada do crescimento econômico; Política Salarial Um elemento da política de contenção da demanda foi a política salarial, em que se supunha a existência de uma taxa de desemprego relativamente baixa, o que levava a elevados salários reais e inflação crescente. Para romper esta dinâmica, o governo passou a determinar os reajustes salariais, via política salarial, objetivando romper as expectativas e conter as reivindicações. A fórmula de reajustes decidida pela política salarial (circular 10 de 1965) teve por conseqüência uma grande redução do salário real. Resultados Com estas medidas, a inflação reduziu-se, entre os anos de 1964 e 1967, da casa dos 90% a.a. para os 20% a.a. Este resultado se deve em grande parte a uma retração nas taxas de crescimento econômico. REFORMAS INSTITUCIONAIS DO PAEG CORREÇÃO MONETÁRIA A inflação, conjugada à lei da usura (que impedia juros nominais superiores a 12% a.a.), desestimulava a canalização de poupança para o sistema financeiro; Desordem tributária, pois a ausência de correção monetária, no caso dos débitos fiscais, estimulava o atraso de pagamentos e, no caso dos ativos e do patrimônio das empresas, levava à tributação de lucros ilusórios. As principais reformas instituídas pelo PAEG foram: a reforma tributária, a reforma monetária e financeira e a reforma do setor externo. Vejamos estas reformas mais detidamente. PRINCIPAIS REFORMAS A REFORMA TRIBUTÁRIA : Correção Monetária; Transformaram-se os impostos tipo cascata (que incidem a cada transação sobre o valor total), em impostos tipo valor adicionado. Criou-se o IPI (imposto sobre produtos industrializados), o ICM (imposto sobre circulação de mercadorias) e o ISS (imposto sobre serviços). Política Tributária A redefinição do espaço tributário entre as diversas esferas do governo. A união ficou com o IPI, o Imposto de Renda, os Impostos Únicos, os Impostos de Comércio Exterior, o Imposto Territorial Rural (ITR). Os estados ficaram com o ICM e os municípios, com o ISS e o IPTU (imposto sobre propriedade territorial urbana). Além disso, foram criados os fundos de transferência inter-governamentais: o fundo de participação dos estados e dos municípios, que se baseavam em parcelas de arrecadação do IPI, do IR e do ICMS. Os critérios de distribuição dos recursos baseavam-se na área geográfica, na população e no inverso da renda per capita, com vistas a favorecer estados mais pobres. Houve importante centralização das decisões sobre a legislação tributária, inclusive definindo as alíquotas dos impostos das demais esferas, procurando eliminar a “guerra fiscal”. REFORMA MONETÁRIA A instituição da correção monetária e criação da ORTN (Obrigação Reajustável do Tesouro Nacional). A Lei n.º 4.595 - criação do CMN (Conselho Monetário Nacional) e do BACEN (Banco Central do Brasil). A Lei n.º 4.320 - criação do SFH (Sistema Financeiro da Habitação) e do BNH (Banco Nacional da Habitação). A Lei n.º 4.728 - Reforma do Mercado de Capitais. REFORMA DO SETOR EXTERNO Exportações :isenções fiscais - IPI, ICM, IR crédito-prêmio do IPI etc. e modernização e dinamização dos órgãos públicos ligados ao comércio internacional (CACEX e CPA). Importações: eliminar os limites quantitativos e utilizar apenas a política tarifária como forma de controle. A principal medida adotada na área do comércio externo foi a simplificação e unificação do sistema cambial:sistema de minidesvalorizações a partir de 1968. O MILAGRE ECONÔMICO INVESTIMENTOS SETOR EXTERNO II PND As metas do II PND eram manter o crescimento econômico em torno de 10% a.a., com crescimento industrial em torno de 12% a.a. Crescimento O crescimento notado no período foi acompanhado pela evolução da dívida: Dívida Externa Cresceu US$ 10 bilhões entre 1974 e 1977. A manutenção da taxa de investimento em 25% do PIB permitiu ao país crescer 6,8% em média de 1974 a 1979. O preço? A conta de juros líquidos subiu de US$ 2,7 bi para 4,2 bi no primeiro ano do Governo Figueiredo. PLANO CRUZADO No primeiro ano do governo Sarney a inflação chega a 255,16%. Em 1º de março de 1986 o ministro da Fazenda, Dilson Funaro, lança o Plano Cruzado. O plano faz uma reforma monetária: corta três zeros do cruzeiro e o substitui por uma nova moeda, o cruzado. Congela os preços por um ano e também os salários, pelo valor médio dos últimos seis meses acrescido de um abono de 8%. PLANO BRESSER Luís Carlos Bresser Pereira assume o Ministério da Fazenda em 29 de abril de 1987. Não tinha como meta a “inflação zero”. Não tencionava eliminar a indexação. Pretendia promover um choque deflacionário com a supressão da escala móvel salarial e sustentar taxas mais baixas de inflação reduzindo o déficit público. Plano Bresser Tentou incorporar os acertos do Plano Cruzado e procurou evitar todos os defeitos. O Plano foi dividido em três fases: a) uma fase curta de congelamento total; b) uma fase de flexibilidade de preços acompanhados pela liberalização dos preços competitivos; e) uma fase de preços livres. Plano Bresser Anunciou políticas monetária e fiscal ativas. Para conter o déficit público, elimina o subsídio ao trigo e adia grandes obras públicas já planejadas, como a ferrovia Norte-sul, o pólo petroquímico do Rio de Janeiro e o trem-bala entre São Paulo e Rio de Janeiro. Não obtém resultados e, no final do ano, a inflação chega a 366%. Em 6 de janeiro de 1988 o ministro Bresser Pereira é substituído por Maílson da Nóbrega. PLANO COLLOR A inflação acumulada entre março de 1989 e março de 1990 foi de 4.853%. Collor reintroduz o cruzeiro em substituição ao cruzado novo, bloqueia por 18 meses os saldos das contas correntes, cadernetas de poupança e demais investimentos superiores a Cr$ 50.000,00. Os preços são tabelados e gradualmente liberados. Os salários são pré-fixados e depois negociados entre patrões e empregados. Aumenta impostos e tarifas, cria novos tributos e suspende incentivos fiscais não garantidos pela Constituição. Anuncia corte nos gastos públicos e redução da máquina do Estado pela demissão de funcionários e privatização de empresas estatais. O plano também prevê a abertura do mercado interno, com a redução gradativa das alíquotas de importação. Resultados RECESSÃO – O Plano Collor mergulha o país em um processo recessivo. O nível de produção cai drasticamente e, em abril de 1990, já é 26% inferior ao de abril de 1989. PRIVATIZAÇÕES – O Programa Nacional de Desestatização previsto no Plano Collor é regulamentado em 16 de agosto de 1990. Até o final de 1993, já no governo de Itamar Franco, 25 estatais estão privatizadas, com transferências patrimoniais consideráveis do setor público para o setor privado. ABERTURA FINANCEIRA Plano Collor 2 A inflação volta a subir em meados de 1990. Em dezembro o índice mensal é de 19,39% e a inflação acumulada durante o ano chega a 1.198%. Em 31 de janeiro de 1991 é decretado o Plano Collor 2. Para controlar a ciranda financeira, acaba com as operações de overnight e cria o Fundo de Aplicações Financeiras (FAF) para centralizar todas as operações de curto prazo; extingue o BTNf (Bônus do Tesouro Nacional fiscal), usado pelo mercado para indexar preços, adota a TRD (Taxa Referencial Diária) com juros prefixados e aumenta o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Adota uma política de juros altos e tenta desindexar a economia com novo congelamento de salários e preços. Cria também um deflator para contratos com vencimento após 1º de fevereiro. Para incentivar a concorrência no setor industrial, dá início ao cronograma de redução das tarifas de importação. A inflação de 1991 baixa para 481%. Plano Real É o mais bem-sucedido de todos os planos lançados nos últimos anos para combater casos de inflação crônica. Organizado em etapas, o plano resultou no fim de quase três décadas de inflação elevada e na substituição da antiga moeda pelo Real, a partir de primeiro de julho de 1994. Plano Real Uso da moeda indexada: URV. Elevadas taxas de juros ajudaram a elevar as reservas internacionais. Câmbio valorizado. Criação da nova moeda: Real. Mudanças Cambiais 4,00 3,80 3,60 3,40 3,20 3,00 2,80 2,60 2,40 2,20 2,00 1,80 1,60 1,40 1,20 1,00 0,80 3,43 mudança de regime 2,77 2,27 sobrevalorização jul/03 jan/03 jul/02 jan/02 jul/01 jan/01 jul/00 jan/00 jul/99 jan/99 jul/98 jan/98 jul/97 jan/97 jul/96 jan/96 jul/95 jan/95 jul/94 regime de bandas Parte IV Componentes da política fiscal (política Tributaria e política de gastos); aspectos teóricos da tributação;centralização e descentralização fiscal (receita e despesa) responsabilidade fiscal, políticas públicas e desenvolvimento econômico no contexto da globalização Componentes da Política Fiscal Processo Orçamentário Plano Plurianual (PPA) Regionalizado, define diretrizes, objetivos e programas do Governo Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) Estabelece as prioridades e objetivos para o exercício seguinte Orçamento Geral da União (OGU) Principal instrumento de política fiscal do país Estima a receita, aloca recursos e fixa as despesas em consonância com o PPA e com a LDO. Elaboração: Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO) Análise e aprovação pelo Congresso Nacional http://www.planejamento.gov.br/arquivos_down/legislacao/Lei4320_ultimaatul_22_01_0 2.PDF Receitas Públicas Receita tributária – base de toda a receita Receita patrimonial Operações de crédito Execução Financeira do Tesouro Nacional – jan/05 I. RECEITAS I.1 - Recolhimento Bruto I.2 - (-) Incentivos Fiscais I.3 - Outras Operações Oficiais de Crédito I.4 - Receita das Operações de Crédito I.5 - Receita do Salário Educação I.6 - Arrecadação Líquida da Previdência Social I.6 - Remuneração de Disponibilidades - BB 33.269,8 22.199,2 0,0 1.550,7 249,7 171,3 9.081,9 17,0 Política tributária Critérios ideais para tributação Critério da adequação – os 3 níveis de governo devem ser contemplados com receitas compatíveis com suas atribuições Critério da adaptabilidade – flexibilidade do sistema para reajustar as receitas de acordo com as necessidades da política de estabilização Critério da universalidade – todos devem ser tributados, sem exceção ou discriminação, quando se enquadrem em um tributo Critério da neutralidade – a tributação não deve distorcer os mecanismos de funcionamento e alocação de recursos Critério da eqüidade – tributar de acordo com a capacidade contributiva de cada cidadão, no caso do financiamento do governo; e de acordo com o benefício em serviços públicos personalizados Critério da justiça social – usar a tributação para corrigir as disparidades interpessoais e inter-regionais de renda e riqueza Classificação dos tributos DIRETOS Ônus de pagamento recai sobre o próprio contribuinte Ex: impostos sobre a renda e o patrimônio INDIRETOS Ônus de pagamento é transferido do contribuinte para terceiros, por meio do aumento do preço da transação sobre a qual incide um imposto Ex: impostos sobre produção, circulação, serviços, vendas, operações financeiras, importação e exportação Progressividade do IR no Brasil FAIXAS 1971-1977 1978-1982 1983-1985 1986-1987 1988 1989-1998 ATUAL 15 11 12 10 8 2 2 MÍNIMA 4% 5% 5% 5% 10% 10% 15% MÁXIMA 50% 55% 60% 50% 45% 25% 27,5% Tipos Imposto Tributo que tem como fato gerador uma atividade econômica sem vinculação com qualquer serviço governamental Destina-se ao financiamento das funções governamentais de forma irrestrita. Ex: ICMS, IPI, IR Taxa Tributo que tem como fato gerador o exercício pelo governo do poder de polícia e de fiscalização, ou o custeio de determinado serviço público posto à disposição da comunidade de modo geral Ex: Taxa de Iluminação Pública, TRSD (taxa do lixo), etc Contribuição Tributos destinados a custear serviços públicos recebidos diretamente pelo contribuinte. Ex: contribuição de melhoria Política Fiscal no Brasil A política fiscal keynesiana tem natureza anticíclica. No entanto, quando a dívida pública é elevada, nem sempre é possível utilizar o orçamento público para reverter o ciclo econômico. Assim, o manejo do orçamento público (portanto do nível de déficit público) no Brasil está mais relacionado à questão da solvência da dívida que à estabilização da atividade econômica. Esta é uma peculiaridade da política fiscal brasileira nos anos recentes. Evolução da Receita Política de Gastos Despesa Pública Reparem que no Brasil a carreira de fiscal (receita) é definida e valorizada. Não há carreira para quem realiza a despesa de forma equivalente. Composição da Despesa Transferências a Estados e Municípios 16% Resultado Primário 9% Discricionárias 15% Pessoal e Encargos Sociais 20% Leju + MPU 1% Outras Obrigatórias 8% Benefícios Previdenciários 31% Custeio e Investimento Saúde R$ 32,8 BI (45%) Demais Discricionárias R$ 21,9 BI (31%) Combate à Fome R$ 6,2 BI (9%) C&T e Pesq. Agropecuária R$ 3,5 BI (5%) Educação R$ 7,2 BI (10%) Déficit e Dívida Déficit e Dívida DÉFICIT PÚBLICO = FLUXO DÍVIDA PÚBLICA = ESTOQUE O déficit é o fluxo que aumenta o estoque da dívida. No caso de um superávit, esse estoque se reduz Déficit do Setor Público Déficit primário: Resultado Primário = receita – despesa não-financeira (um aumento do superávit primário é uma medida contracionista!) Déficit total ou nominal Resultado nominal = DP + juros sobre a dívida pública (um aumento do déficit nominal é uma medida expansionista!) Resultado Financeiro e NFSP III. RESULTADO FINANCEIRO DO TESOURO (I - II) -2.630,2 FLUXO DE FINANCIAMENTO IV. RECEITAS 64.756,3 IV.1 - Emissão de Títulos - Mercado 63.495,5 IV.2 - Outras Operações de Crédito 1.260,8 V. DESPESAS V.1 - Amortização da Dívida Interna V.1.1 - Resgate de Títulos - Mercado V.1.2 - Dívida Contratual V.2 - Amortização da Dívida Externa V.3 - Aquisição de Garantias/Outras Liberações 37.336,1 35.771,7 35.680,0 91,7 1.564,4 0,0 VI. ENDIVIDAMENTO MOBILIÁRIO INTERNO LÍQUIDO (IV.1 - V.1) 27.815,5 VII. RESULTADO RELACIONAMENTO TESOURO/BACEN -1.018,6 VIII. FLUXO DE CAIXA TOTAL (III + IV + V + VII) 23.771,5 Composição do Resultado Primário Receita total R$ 41,4 bi R$ 7,4 bi Transferências a Estados e Municípios Resultado Primário R$ 8,3 bi Receita Líquida R$ 34,0 bi - Despesa total R$ 25,6 bi = R$ 10,8 bi Tesouro -(2,5 bi) Previdência - (R$ 17,3 mi ) Bacen Composição Déficit Nominal -(R$ 13,2 bi)* R$ 8,3 bi Dados de fevereiro de 2005 (mensais) *Estimativa -(R$ 7,3 bi) -(R$ 2,4 bi)* = 0,5% Superávit primário Despesa Juros Resultado nominal Comparação Internacional 132,8 Dívida pública bruta, % do PIB, 2001 108,7 101,6 71,9 71,3 69,1 64,8 60,3 Japão Itália Canadá ZONA DO EURO BRASIL Espanha França Alemanha 59,5 EUA 55,6 Portugal 52,5 Inglaterra Política Fiscal e Monetária Financiamento da Dívida • Existem duas formas de financiar o déficit público: • 1. Emissão monetária: imprimir dinheiro! • Conseqüência: inflação • 2. Emissão de títulos da dívida pública. • Conseqüência: eleva a dívida pública; pressiona as taxas de juros • Emissão líquida de R$ 1,8 bilhão em títulos em fevereiro de 2005! • http://www.stn.fazenda.gov.br/hp/downloads/divida _publica/relatorio_fev05.pdf Voltando à Política Fiscal: A Matemática dos Déficits e da Dívida deficit t rBt 1 Gt Tt – O déficit orçamentário no ano t é igual a: rBt 1 é a dívida do governo no final do ano t-1. Gt são os gastos do governo no ano t. Tt são os impostos menos as transferências no ano t. Em palavras: o déficit orçamentário é igual aos gastos, inclusive os pagamentos de juros sobre a dívida, menos os impostos líquidos de transferências. Restrição Orçamentária do Governo A restrição orçamentária do governo afirma que a variação da dívida pública durante o ano t é igual ao déficit durante o ano t: Bt Bt 1 rBt 1 Gt Tt Variação da dívida Pagamentos de juros A dívida no final do ano t é igual a: Bt (1 r ) Bt 1 Gt Tt Déficit primário Políticas públicas e desenvolvimento econômico Contexto: globalização Controle Inflacionário DECRETO Nº 3.088, DE 21 DE JUNHO DE 1999 Art. 1º Fica estabelecida, como diretriz para fixação do regime de política monetária, a sistemática de "metas para a inflação". § 1o As metas são representadas por variações anuais de índice de preços de ampla divulgação. Art. 2º Ao Banco Central do Brasil compete executar as políticas necessárias para cumprimento das metas fixadas. Art. 3º O índice de preços a ser adotado para os fins previstos neste Decreto será escolhido pelo CMN, mediante proposta do Ministro de Estado da Fazenda. Art. 4º Considera-se que a meta foi cumprida quando a variação acumulada da inflação - medida pelo índice de preços referido no artigo anterior, relativa ao período de janeiro a dezembro de cada ano calendário - situar-se na faixa do seu respectivo intervalo de tolerância. Como funciona? Como é a taxa de juros que afeta diretamente os gastos, o banco central deveria escolher uma taxa de juros em vez de uma taxa de crescimento da moeda nominal. juros -> operações de mercado aberto -> menor quantidade de moeda em circulação -> menor capacidade de gastar -> para vender os produtos produzidos é necessário não aumentar os preços. Quais os problemas? Aumentos na taxa de juros elevam a dívida pública e impõem a necessidade de metas para o superávit primário; Em função do depósito compulsório, as taxas de juros finais são bem mais elevadas que a taxa básica. Taxas de juros elevadas atraem capitais externos valorizando nossa moeda. Diferencial entre taxas de juros (captação e repasse) EMPRÉSTIMOS Pode emprestar R$ 600,00 (valor captado menos os depósitos compulsórios) Precisa ganhar R$ 100,00 Precisa cobrar pelo empréstimo R$ 100,00 sobre R$ 600,00: 16,66% CAPTAÇÃO R$ 1.000,00 Recolhe R$ 400,00 de depósito compulsório (40%) Taxa de 10% a.a. Paga ao final do período R$ 100,00 Juros e Câmbio A taxa de juros interna deve ser igual à taxa de juros externa mais a taxa de depreciação esperada da moeda nacional. E no Brasil? Um aumento da taxa de juros brasileira, está associada a uma contração monetária e a um aumento na demanda por títulos da dívida do Brasil. À medida que os investidores trocam moeda estrangeira por reais, há uma apreciação do real. Entenda o Risco-País Este risco é expresso em pontos ou em taxa ao ano, dado pela diferença entre o que se recebe para investir no Brasil (através de seus diversos títulos) em relação aos títulos do tesouro dos EUA, considerados os ativos mais seguros do mundo. O C-Bond é o título da dívida externa brasileira mais negociado no exterior, de maior liquidez. Ele paga juros em US$. Quando os investidores acreditam que as perspectivas da economia brasileira são boas, pagamos juros menores. Quando são ruins, pagamos juros maiores. Por isso, os juros pagos pelo C-Bond são uma boa medida de risco país. PLANO REAL Mas, como avaliar se os juros são altos ou baixos? O mercado compara a taxa paga pelo CBond com a taxa que remunera os títulos da dívida pública dos Estados Unidos, ou Treasuries, consideradas livre de risco. Dessa forma, o Spread Over Treasury do CBond é a diferença entre os juros pagos por ele e os juros pagos pela Treasury de mesmo prazo. Quanto maior a diferença (ou spread) maior o risco Brasil. Esse spread é medido em pontos básicos. 100 pontos básicos = 1% Globalização A maior integração dos mercados têm como conseqüências: Preços internos em dólares próximos aos preços externos (Preço no Brasil = {Preço no mercado externo + tarifas + custo do transporte} * Câmbio); Taxa de juros brasileira em dólares tende a ser igual à taxa americana mais o risco Brasil (i = i*+risco). A taxa de juros brasileira em reais tende a ser igual à taxa brasileira em dólares multiplicada pelo câmbio futuro e dividida pelo câmbio corrente. Câmbio nominal e real A taxa real de cambio é a taxa nominal de cambio multiplicada pela razão entre preços externos e preços domésticos. e = E x P*/P e é a taxa real de câmbio; E é a taxa nominal de câmbio, P* é o nível de preços externo e P o nível de preços domésticos Câmbio e Juros O aumento da taxa de câmbio, leva a um aumento dos preços domésticos, aumentando a demanda por moeda. Se a taxa de câmbio é flutuante, o Governo escolhe a taxa de juros que controla a inflação e conseqüentemente a oferta monetária M (i e M são as variáveis instrumentais de política econômica) e a taxa de câmbio é uma conseqüência desta escolha! (E é a variável endógena ao modelo definido). Políticas públicas Começamos o curso falando sobre as funções do Estado e os objetivos do Setor Público! Funções:fiscalizadora, reguladora, produtora, redistributiva, e estabilizadora Objetivos:emprego, estabilidade, crescimento e distribuição de renda! Políticas públicas A política de metas atua no sentido de combater a inflação e diminuir a concentração da renda! Mas, juros elevados constituem mecanismo de transferência e concentração de renda! Ainda, tendem a apreciar e valorizar nossa moeda inibindo exportações e estimulando importações! As conseqüências sobre o endividamento público levam à necessidade de elevados superávits primários! Políticas públicas A necessidade de superávits impõe metas para a arrecadação e o controle dos gastos públicos! Como vimos, não há escolhas entre desemprego e inflação! Assim, o controle inflacionário não diminui as taxas de desemprego! Ainda, o controle dos gastos do governo e as metas de arrecadação desestimulam as despesas agregadas e conseqüentemente o crescimento econômico! Políticas públicas Sem diminuir a taxa de desemprego, sem alcançar taxas de crescimento do produto maiores, A melhora na distribuição da renda obtida no início do processo de estabilização da inflação está comprometida diante do mecanismo de transferência de renda via juros da dívida pública! E ainda: Tornou-se necessário atribuir despesas e funções a Estados e Municípios! Tornou-se necessário evitar o endividamento dos mesmos! Avaliação Em grupos de três. Ao final do curso exige-se a entrega de um trabalho. O trabalho final deverá ter a extensão mínima de cinco páginas (excluídos os anexos e a bibliografia), 30 linhas de 70 toques cheios, espaço 1,5, Times New Roman, corpo 12. O formato de apresentação quanto a citações, notas de rodapé e referências bibliográficas deverá observar as normas indicadas no capítulo 5 de “SEVERINO, A. J. – Metodologia do Trabalho Científico, 22 a. Edição, São Paulo, Cortez, 2001”. O trabalho necessariamente deve versar sobre temas tratados no programa e utilizar a bibliografia indicada pelo professor. Entrega na secretaria da Coordenação, em 2 vias, até 3 semanas após o término da disciplina. Bibliografia http://www.bndes.gov.br/conheciment o/livro/plametas.pdf http://www.fazenda.gov.br/portugues/ real/planreal.asp A ordem do progresso: cem anos de política econômica republicana; Marcelo Paiva Abreu(org.), Ed.Campus.