Polo EAD de Nova Friburgo
CEDERJ – UAB
Aplicações da Biotecnologia no combate a dengue
No sábado 14 de maio, a equipe da disciplina Tópicos em Biotecnologia, do curso de Licenciatura em
Ciências Biológicas, organizou uma palestra no Polo EAD de Nova Friburgo, cujo tema foi:
Aplicações da biotecnologia no combate a dengue
A palestrante começou nos revelando o verdadeiro sentido da Biotecnologia. Ao contrário do que
muitos podem pensar, não se trata apenas de experimentos em laboratório ou de experimentos
relacionando seres vivos a processos tecnológicos. A Biotecnologia é tudo aquilo que lida com a
manipulação de seres vivos ou parte deles. Como exemplo de processos biotecnológicos (clássicos),
podemos citar a fabricação de queijo, álcool combustível, vinho e cerveja, produtos obtidos com a
participação de enzimas, bactérias e leveduras. Atualmente, essa área da ciência visa à manipulação
genética de organismos ou de suas partes, assim como à criação de vacinas e ao combate a pragas e
doenças.
Após essa consideração, entramos no assunto Dengue. O vírus, o mosquito transmissor, os sintomas
da doença, os métodos de combate ao mosquito e as vacinas foram alguns dos assuntos tratados.
1 – O que é Dengue?
A dengue é uma doença causada por um flavivírus do tipo arbovírus (vírus transmitido por insetos e
artrópodes). Ocorre principalmente em áreas tropicais e subtropicais no mundo.
Até hoje são conhecidos quatro sorotipos do vírus da dengue (Den-1, Den-2, Den-3 e Den-4) e todos
podem causar tanto a forma clássica quanto a forma hemorrágica da doença. O Den-3 é o tipo mais
virulento, ou seja, é o que se propaga mais intensamente no corpo, e o Den-1 é o mais explosivo,
causando epidemias em pouco tempo. Embora sejam conhecidos esses 4 tipos de vírus da dengue,
podem haver tipos desconhecidos na natureza.
Uma pessoa infectada por um soro do vírus da dengue cria imunidade para este, mas pode ainda ser
infectada pelos outros três tipos. Assim, uma mesma pessoa pode ter a doença por quatro vezes e a
cada nova infecção os sintomas tendem a ser mais graves.
A infecção ocorre quando um mosquito portador do vírus, ao picar uma pessoa, injeta sua saliva na
corrente sanguínea desta, para que o sangue não coagule e possa ser sugado com mais facilidade. A
saliva contém o vírus que é transmitido para o ser humano.
Uma pessoa não pode transmitir a doença para outra, o que pode acontecer é um mosquito não
contaminado picar uma pessoa infectada, se tornar portador do vírus e propagá-lo quando se
alimentar do sangue de outras pessoas. Também é possível que o vírus possa ser transmitido da mãe
infectada para o embrião da larva do mosquito. Vale ressaltar que, uma vez no corpo do mosquito, o
vírus se propaga por todo o organismo do animal, assim, uma fêmea infectada será vetor do vírus até
o fim de sua vida.
2 – O mosquito
Os principais vetores do vírus da dengue na natureza são os mosquitos Aedes aegypti (que também
pode transmitir a febre amarela) e Aedes albopictus. Ao contrário do mosquito comum (Culex),a s
espécies transmissoras da dengue picam durante o dia, usualmente ao amanhecer e ao anoitecer.
Normalmente, machos e fêmeas se alimentam apenas de seiva, mas as fêmeas se alimentam de
sangue quando precisam de proteína para a criação dos ovos que conterão as larvas (ou seja, só as
fêmeas picam seres humanos).
Os mosquitos transmissores da dengue são muito bem adaptados às cidades, proliferando-se em
arredores de prédios e habitações onde exista água parada e limpa em local sombreado (caixas d’água
destampadas, garrafas, pneus, pratinhos de vasos de plantas, calhas entupidas, poças de água, etc.).
Sua ocorrência em altas altitudes é incomum, mas eles podem ser levados até tais locais por carros,
ônibus e caminhões vindos de regiões mais baixas. Costumam voar baixo, a 50 cm do chão, mas
podem atingir locais altos, caso entrem em elevadores. Deslocam-se por 3 quarteirões de onde
nascem, mas se transportados podem ir pra bem longe.
Foto de Aedes aegypti. Repare na cor escura e nas listras brancas. Em geral, esses mosquitos são um pouco menores do
que pernilongos comuns.
O ciclo de vida de um mosquito transmissor da dengue é dividido em quatro partes: ovo, larva, pupa
e adulto.
As fêmeas do mosquito alimentadas com sangue depositam seus ovos em superfícies ásperas,
sombreadas e com água limpa e parada. Ao entrar em contato com a água, inicia-se a eclosão das
larvas. As larvas se movimentam rapidamente e se alimentam de restos orgânicos localizados na
água, são sensíveis à luz e a movimentos bruscos da água, por isso as fêmeas escolhem locais
sombreados e de água parada para depositarem seus ovos. As larvas crescem até se transformarem
em pupas, que também se movimentam, mas não se alimentam. O mosquito adulto é formado no
interior da pupa, que fica na superfície da água. Quando está pronto, o mosquito sai da pupa,
deixando-a pra trás. Durante algumas horas, o mosquito ficará perto de onde foi concebido,
esperando que seu corpo e suas asas endureçam.
Temos que considerar que qualquer tampinha de garrafa que possua água parada já é um foco de
mosquitos da dengue. Ou seja, todo cuidado é pouco.
As fases da vida de um mosquito, em condições normais, têm a seguinte duração:
Ovo: 2 a 3 dias
Larva: 5 a 7 dias
Pupa: 2 a 3 dias
Mosquito: aproximadamente 43 dias
3 – Os sintomas da doença
A dengue possui vários sintomas característicos, dentre eles podem ser citados:
Febre alta, dor de cabeça, dor atrás dos olhos, perda do paladar e apetite, manchas e erupções na pele
semelhantes ao sarampo, náuseas e vômitos, tonturas, extremo cansaço, moleza e dor no corpo,
muitas dores nos ossos e articulações.
Na grande maioria das vezes, uma pessoa infectada por dengue passa por transtornos com sintomas
leves da doença, mas sem risco de vida.
Ao ser infectada, uma pessoa não apresenta os sintomas da doença imediatamente. Há um período
de incubação do vírus que, na dengue clássica, pode variar de 3 a 15 dias após a infecção. Geralmente
essa variação é de 3 a 6 dias. Após esse período a pessoa começa a melhorar. Em casos mais graves da
doença, pode haver eritemas e/ou hemorragias na pele; sangramento nasal, gengival e/ou
gastrointestinal; diminuição da pressão sanguínea e do número de plaquetas no sangue, que pode
levar à morte. Em casos de queda brusca no número de plaquetas no sangue, a pessoa é submetida a
uma transfusão de plaquetas.
O cessar da febre não significa a cura, pois é nesse período que podem ocorrer sangramento gengival,
nasal, vaginal, hematomas na pele, entre outras manifestações.
4 – Diagnóstico
O diagnóstico da dengue é muito complicado. Um exame físico do paciente pode levantar a hipótese,
mas como há outras doenças que se manifestam de maneira semelhante, fica difícil determinar com
certeza se uma pessoa tem dengue ou não. Um exame sorológico específico pode comprovar a
hipótese de um caso de dengue, mas não permite a identificação do vírus causador (o que também
não é importante, visto que qualquer um dos tipos conhecidos pode causar os mesmo efeitos) e
também não permite identificar se o caso é de dengue hemorrágica ou não.
5 – Tratamento
O tratamento da dengue se direciona aos sintomas, uma vez que ainda não há meios específicos de
combate ao vírus. São recomendados: repouso, ingestão de líquidos e alimentação normal. Não se
automedique! Remédios com Ácido Acetil Salicílico devem ser evitados, pois podem causar
sangramentos.
Em casos de suspeita de dengue, procure um médico!
6 – Como combater a dengue
A melhor forma de combater a dengue é não permitir a propagação dos mosquitos transmissores.
Sem mosquitos, sem dengue. E como reduzir a propagação de mosquitos? Fácil. Basta não darmos
condições para sua reprodução/perpetuação. Eliminando locais com água parada, reduzimos o
campo de reprodução dos mosquitos e, assim, reduzimos também o seu número.
Para evitar que o mosquito tenha condições de viver entre nós, seguem algumas dicas:
_ Mantenha caixas d’água, cisternas e poços sempre bem tampados.
_ Encha de areia (até a borda) os pratinhos dos vasos de plantas.
_ Não deixe água acumulada em lajes e varandas.
_ Não deixe as calhas entupidas! Remova folhas, galhos e o que mais possa obstruir a água desses
locais.
_ Coloque garrafas e potes de cabeça para baixo.
_ Coloque o lixo em sacos plásticos e mantenha a lixeira bem fechada.
_ Se possuir plantas aquáticas, troque a água com freqüência e lave o recipiente onde ela se encontra.
_ Não jogue lixo e entulho em terrenos baldios.
Há de se destacar que cada casa tem um potencial específico para criadouros de dengue. E que até
locais improváveis (para nós) podem ser utilizados pelos mosquitos para procriação. É o exemplo da
canaleta onde correm os vidros do Box, no banheiro.
Além destas, existem outras formas de combatermos a dengue.
6.1 – Aplicação de inseticidas
A aplicação de inseticidas em áreas com focos de dengue tem seu uso restrito. Isso porque nem todos
os mosquitos morrem com o uso dessas substâncias. Com o tempo, as populações da espécie iriam se
tornando cada vez mais resistentes, o que acarretaria num uso de inseticidas mais fortes, que
prejudicariam a natureza, matando outros insetos e até aves e peixes que se alimentassem dos insetos
envenenados. Além disso, o uso de inseticidas mais fortes poderia não matar todos os mosquitos
transmissores da dengue e ser prejudicial ao homem e a animais domésticos.
6.2 – Armadilhas
A armadilha para o mosquito da dengue consiste em um objeto feito com uma garrafa pet, uma tela,
água e algum material orgânico.
Corte a parte superior em forma de funil e depois 10 cm da base da garrafa. Depois, lixe a superfície
interna do pedaço em forma de funil, de forma a deixá-la bem áspera, pois as fêmeas dos mosquitos
da dengue só colocam seus ovos em superfícies assim. Utilizando o anel da própria garrafa, vede a
boca da garrafa com um pedaço de tela dobrado. Coloque o material orgânico, arroz amassado, por
exemplo, no fundo da garrafa (esse material servirá de alimento para as larvas). Sele as duas partes
com fita isolante.
Funciona da seguinte forma:
As fêmeas do mosquito depositarão seus ovos na superfície áspera. Ao eclodirem, as larvas irão até o
fundo da armadilha atrás da comida deixada lá, passando pelo filtro formado pela boca da garrafa
vedada com a microtela. Ao se alimentarem e crescerem, as larvas não conseguem atravessar o filtro
novamente, ficando presas e morrendo afogadas.
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