Os principais gargalos na elaboração de projetos para captação de recursos: um
Estudo de Caso TECNOVA.
Maria Helena Silva
Geneceuda Ferreira Monteiro
Uma boa ideia não garante a aprovação de um projeto. Boas ideias se perdem no meio do
caminho se não forem apresentadas de forma correta e convincente. Na maioria das vezes, a
única oportunidade que o empreendedor tem de defender o seu projeto, a sua ideia, é através
do papel, através do projeto escrito. Portanto, a acuidade na elaboração de projetos é um fator
que pode decidir se o Parecerista aprova ou não o projeto. Neste sentido, este artigo objetiva
destacar a importância do aperfeiçoamento e adequação do projeto para a captação de
recursos através de um estudo sobre projetos apresentados ao Edital TECNOVA 2013 e da
identificação dos principais problemas na elaboração desses projetos. Foram analisados
projetos de três estados sendo um da Região Nordeste, um da Região Centro-oeste e um da
Região Norte. O estudo mostra, entre outros, que os gargalos dos projetos começam no
entendimento do edital e se estendem durante toda a construção do mesmo, especialmente no
que diz respeito ao orçamento. Há que se maximizar os esforços na realização de
apresentações públicas dos editais e no apoio – projeto a projeto – a fim de minimizar os
riscos de insucesso, aumentar as chances de aprovação, ampliar a captação de recursos e
contribuir para sustentabilidade das empresas. É a primeira vez que essa análise é feita e deve
ser aprofundada posteriormente.
Palavras-chave: Projetos. Captação de Recursos. Tecnova.
Maria Helena Silva. Mestre em Ciências da Sociedade/UEPB. Coordenadora da Central de Projetos da Fundação
Parque Tecnológico da Paraíba. Rua Emiliano Rosendo Silva, 115 – Bodocongó – Campina Grande/PB.
[email protected]. Geneceuda Ferreira Monteiro. Especialista em Língua Portuguesa e produção de
texto/UFPB. Assessora de imprensa da Fundação Parque Tecnológico da Paraíba. Rua Emiliano Rosendo Silva,
115 – Bodocongó – Campina Grande/PB.
Os principais gargalos na elaboração de projetos para captação de recursos: um
Estudo de Caso TECNOVA.
1.Introdução
Uma boa ideia não garante a aprovação de um projeto. Ao elaborar projetos para captação de
recursos, o documento escrito gerado a partir daí é a única oportunidade que o empreendedor
tem de defender a sua ideia – mesmo sem estar presente. Portanto, a formatação deste projeto
se configura como um importante fator de aprovação ou não do projeto.
A captação de recursos não reembolsáveis no início da operação das empresas, é um
importante vetor de sustentabilidade das mesmas. No geral, as regiões Nordeste, Norte e
Centro-oeste são sempre alvo, em editais de apoio à inovação, de um percentual na ordem de
30% em relação ao volume total de recursos. Nem sempre este percentual é atingido e os
recursos são alocados para outras regiões. A elaboração do projeto pode ser um dos fatores
que impedem a sua aprovação.
No caso dos Editais TECNOVA os recursos foram descentralizados para os Estados e
instituições como Fundações de Apoio à Pesquisa e Institutos tecnológicos foram
responsáveis pela recepção e avaliação dos projetos. Deste artigo, fizeram parte do estudo
amostras de projetos de três estados sendo, um da Região Norte, um da Região Nordeste e
outro da Região Centro Oeste. Vários gargalos foram identificados na formatação (escrita)
dos projetos e percebe-se que os empreendedores não se debruçam com a devida atenção na
elaboração e apresentação dos projetos. Sugere-se uma ação mais interativa com os
empreendedores no sentido de efetuar um atendimento individualizado objetivando o pleno
entendimento do edital e dos conceitos relacionados a ele, bem como o apoio na elaboração
propriamente dita dos projetos.
2. Panorama TECNOVA 2013: Editais e Projetos
Os Editais TECNOVA 2013 nas regiões Norte, Norte e Centro Oeste foram semelhantes e
sem diferenças significativas na sua composição. Na análise feita, destacamos os itens
referentes à objetivo do edital, características da proposta e seleção das propostas.
Tratando especificamente do OBJETIVO dos editais, nos três estados o foco é apoiar o
desenvolvimento de produtos (bens ou serviços) e/ou processos inovadores – novos ou
significativamente melhorados pelo menos para o mercado local, regional, nacional ou
internacional (Região Norte) e pelo menos para o mercado nacional (Região Nordeste e
Centro Oeste). Neste caso, observa-se uma dificuldade das empresas em caracterizar a
inovação como pede o edital, que pode ter origem em dois motivos: na dificuldade de
entendimento dos conceitos e do próprio edital e na existência de ideias semelhantes, que
dificulta para estabelecer o limiar da inovação. Ao avaliar os projetos e fazer uma pesquisa
sobre a inovação proposta, percebe-se que existem muitas ideias semelhantes.
Nos outros dois itens, observa-se que a formatação (escrita) do projeto está “implicitamente”
colocada. Em CARACTERÍSTICAS DAS PROPOSTAS, o edital pede que haja clareza na
Maria Helena Silva. Mestre em Ciências da Sociedade/UEPB. Coordenadora da Central de Projetos da Fundação
Parque Tecnológico da Paraíba. Rua Emiliano Rosendo Silva, 115 – Bodocongó – Campina Grande/PB.
[email protected]. Geneceuda Ferreira Monteiro. Especialista em Língua Portuguesa e produção de
texto/UFPB. Assessora de imprensa da Fundação Parque Tecnológico da Paraíba. Rua Emiliano Rosendo Silva,
115 – Bodocongó – Campina Grande/PB.
apresentação do produto ou processo inovador. Em SELEÇÃO DAS PROPOSTAS,
destacamos os requisitos formais e avaliação de mérito. Observamos que, já dentro dos
requisitos formais existem três exigências que estão relacionadas à formatação do projeto no
que diz respeito a valores, contrapartida e prazo de execução. Na avaliação de mérito, todas
as exigências estão relacionadas à formatação do projeto: conformidade ao objetivo, estágio
de desenvolvimento do produto e/ou processo, grau de inovação para o mercado local,
regional, nacional ou mundial e risco tecnológico, capacitação técnica da equipe executora,
adequação da metodologia, adequação da infraestrutura, adequação do orçamento e
adequação do cronograma físico do projeto. A escrita do projeto configura-se como a única
alternativa de deixar claro estes requisitos e exigências e é o exclusivo ponto de contato do
avaliador com a empresa e seu projeto.
Tratando agora da apresentação dos projetos sob a visão do Parecerista, os principais gargalos
identificados foram: a) Baixo nível de entendimento do edital e de conceitos por parte dos
proponentes: esta dificuldade foi percebida a partir da constatação de equívocos que podemos
considerar “básicos” na formatação dos projetos, quando estes não atendem a critérios que em
princípio estão “claramente” colocados nos editais; b) Baixa aderência do projeto ao objetivo
do edital: existe uma dificuldade de caracterizar seguramente a inovação, o âmbito geográfico
em que ela se insere e como irá impactar a competitividade da empresa; c) Falta de
atendimento aos requisitos legais, especialmente no que diz respeito a valores dos projetos e
valores de contrapartidas; d) Falta de clareza nas informações que atendem à avaliação de
mérito com destaque para: estágio de desenvolvimento do produto, grau de inovação para o
mercado local, regional, nacional ou internacional; adequação da metodologia e orçamento do
projeto. Neste último, um percentual de 60% dos projetos apresentava percentuais
inadequados quanto a limites máximos de investimentos em capital.
A análise dos projetos mostra que uma média de 31% dos projetos analisados foram NÃO
RECOMENDADOS e outros 50% foram RECOMENDADOS, mas com ressalvas.
Considerações finais
A deficiência na elaboração de projetos ainda é grande. Existe um desafio que caminha junto
com a promoção da inovação nas empresas: é a capacidade de comunicar a inovação através
de um projeto. Ter uma boa ideia, um bom projeto é fundamental. Porém, o empreendedor
que não desenvolver a habilidade de expressá-la de forma correta, numa linguagem clara e
objetiva, atendendo às expectativas do edital e da instituição financiadora tem grandes
chances de perder a oportunidade de captar recursos que poderiam se configurar como o
combustível inicial para sua entrada e/ou permanência no mercado com competitividade e
inovação.
Maria Helena Silva. Mestre em Ciências da Sociedade/UEPB. Coordenadora da Central de Projetos da Fundação
Parque Tecnológico da Paraíba. Rua Emiliano Rosendo Silva, 115 – Bodocongó – Campina Grande/PB.
[email protected]. Geneceuda Ferreira Monteiro. Especialista em Língua Portuguesa e produção de
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