RELAÇÃO ENFERMEIRO/PACIENTE PSIQUIÁTRICO:
UM ESTUDO EXPLORATÓRIO
ARAÚJO, Carla Priscila Cavalcanti
ASSIS NETO, Luiz Pereira da
LIMA, Pauliana Caetano
CARTAXO, Ziclomar Rodrigues
RESUMO
A enfermagem psiquiátrica é um ramo que se diferencia dos outros da profissão devida ser
seu alvo pacientes “especiais” exigindo do enfermeiro um desenvolvimento mais completo,
uma compreensão mais notável e uma maior preocupação no que se refere ao relacionamento
enfermeiro/cliente. Este estudo foi desenvolvido com o objetivo de investigar a relação entre
o enfermeiro e o paciente psiquiátrico, avaliando as dificuldades e facilidades encontradas
nesse relacionamento. Trata-se de um estudo exploratório realizado em um hospital
psiquiátrico da cidade de João Pessoa – PB. Os dados foram coletados no mês de junho do
ano de 2004 através da técnica de entrevista. Da análise realizada, as dificuldades encontradas
pela maioria dos entrevistados foram a agressividade do paciente, seguida da aceitação do
paciente ao tratamento; diálogo com o paciente; demora do restabelecimento do paciente para
um quadro de melhora; e, cuidado tardio por parte da família. Com relação às facilidades
encontradas, a experiência na área foi a opção mais relatada pela maioria dos participantes,
seguido da satisfação em trabalhar na área; consciência em aceitar o comportamento do
paciente devido sua patologia; e, não discriminar nem ter medo de lidar com o pacientes
psiquiátricos. A compreensão deste estudo nos permitiu um maior conhecimento diante do
relacionamento enfermeiro/paciente psiquiátrico onde podemos concluir que esta interação é
difícil, porém contornada quando há conscientização por parte do enfermeiro em saber lidar
com as situações encontradas perante o paciente psiquiátrico.
PALVRAS CHAVES: enfermagem; paciente psiquiátrico.
RELATION MEDICAL PERSONEL/ PSYCHIATRIC PATIENT:
ANALYZING STUDY
ABSTRACT
Psychiatric treatment is a segment that differs from other methods of Medical practice
because of its patient’s special condition, requirering from the doctor of nurse a far more
complex skill of understanding and interpretation as well as relation with patients. This study
was developed with the purpose of investigating the relationship between the psychiatric
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Medical staff and patients, analyzing the difficulties and advantages in the process. This study
took place in Joao Pessoa City, PB Brazil. All the data was collected with a series of
interviews with a medical staff team during the month of June 2004. From these interviews
four topics were pointed as difficulties: aggressiveness and acceptance of treatment,
establishing communication, restraining after a nervous attack and family denial. The
advantages that Psychiatric Medical Personnel state is regarding to the experience acquired in
such relationships, personal gratification, total understanding of the patient’s pathologic
condition and to acknowledge that the lack of prejudice the good will, and lots of love for
other is essential to any kind of treatment. The conclusion of these studies provided us with
the understanding of the basic in patients and medical personnel relation. There is no easy
task in this matter, but dominated with professional skills, training and LOVE.
Keywords: medical personel; psychiatric patient.
1.INTRODUÇÃO
Não podemos falar sobre relacionamento sem enfatizarmos a comunicação, pois
esta é uma parte especial no processo terapêutico. Comunicação é a habilidade de transmitir
idéias para outros e de manter a mente aberta para estender as idéias e sentimentos dos outros.
O processo terapêutico se inicia quando o paciente compartilha com o
profissional da área de saúde algum conhecimento de si mesmo, que tenha significado,
permitindo ao profissional conhecer seus pensamentos e sentimentos e pôr em prática suas
habilidades de ouvir, falar e perceber, principalmente, aquilo que não foi dito.
È preciso que os pacientes encarem os enfermeiros como seres humanos, isso é
muito importante hoje em dia, mais do que em qualquer outra época, pois, os cuidados
terapêuticos estão tornado-se cada vez mais impessoais, os pacientes muitas vezes se vêem
num relacionamento como uma “máquina” que pode emitir sons incompreensíveis e que
parece estar no lugar daqueles cuja humanidade menospreza e discrimina.
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O enfermeiro psiquiátrico desempenha um papel importantíssimo e para obter
êxito, necessita de uma preparação e de uma qualificação que o torne capaz de cuidar,
entender e ajudar seus pacientes “especiais”.
A enfermagem psiquiátrica diferencia-se dos outros ramos da profissão no que se
refere ao principal objeto, no caso, o esforço visando à resistência ao usuário, que requer do
enfermeiro um desenvolvimento mais completo, uma compreensão especial e um maior
interesse no relacionamento enfermeiro-cliente.
O cuidado de enfermagem depende do entendimento do comportamento do
paciente e o seu modo de reagir. È preciso aprender a encarar o paciente como seu
semelhante, sendo para ele tanto um enfermeiro como uma pessoa comum.
Quanto mais preparado o enfermeiro estiver para compreender o comportamento
humano e lidar com isso, mais confiança ele terá em sua capacidade de responder ao
“desafio” das necessidades emocionais do seu cliente.
Por isso a nossa preocupação como futuros participantes de uma equipe
interdisciplinar, está voltada para pesquisas que devem avançar em relação à atuação na rede
de saúde mental voltando-se para o desempenho dos profissionais de enfermagem com suas
dificuldades, expectativas, suas satisfações para com pacientes e terapias específicas
vivenciadas nesta rede.
Temos como objetivo nesta pesquisa investigar a relação entre o enfermeiro e o
paciente psiquiátrico.
2.REVISÃO DA LITERATURA
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Enfermagem psiquiátrica constitui num processo onde a enfermeira auxilia as
pessoas, individualmente ou em grupos, a desenvolverem um autoconceito mais positivo, um
padrão mais gratificante de relacionamentos interpessoais e um papel mais satisfatório na
sociedade. (TAYLOR, 1992).
Psiquiatria: parte da medicina que se ocupa do diagnóstico e do tratamento das
doenças mentais. A psiquiatria atual considera todos os fatores capazes de ocasionar
perturbações psíquicas e se esforça, na teoria e na prática, em sondar a essência, do espírito
doente, a fim de ajuda-lo a recobrir a saúde e, desse mesmo passo, curar também o corpo.
Para este fim, dispõe de medicamentos em número sempre crescente, e cada vez mais ativos
como neurolépticos, tranqüilizantes, etc. (O Grande compêndio de Enfermagem Sivadi).
Psicopatologia: ramo da patologia que se ocupa com o estudo sistemático das
doenças mentais. A psicopatologia constitui a base teórica da psiquiatria. (O Grande
compêndio de Enfermagem Sivadi).
Psicose: nome que se dá ao conjunto das doenças mentais. (O Grande compêndio
de Enfermagem Sivadi).
Segundo Stuart e Laraia, (2001), a função de oferecer cuidados de enfermagem
ou simplesmente atender às necessidades dos doentes, existe desde o inicio da civilização.
Antes de 1860, a ênfase nas instituições psiquiátricas, concentravam-se nos cuidados de
custódia, e os atendentes eram contratados para manterem o controle dos pacientes com
freqüência. Esses atendentes eram nada mais que carcereiros com pouco treinamento,
tornando os cuidados psiquiátricos de qualidade muito baixa. A enfermagem, como profissão,
começou a emergir no final do século XIX, e no século XX já evoluíra para especialidade
com papéis e funções próprias.
Pouco citado nas literaturas, Pussin foi o primeiro enfermeiro a cuidar de
pacientes psiquiátricos. Ele trabalhou nas reformas políticas e sociais que influenciaram os
hospitais psiquiátricos e prisões em Paris, juntamente com Philippe Pinel (1745 – 1826) em
1792. Pinel foi nomeado pela história, o pai da psiquiatria. Ele conseguiu provar, de maneira
conclusiva, a falácia do tratamento desumano às pessoas com doenças mentais.(STUART E
LARAIA, 2001).
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Em 1873, Linda Richards formou-se no New England Hospital for women and
children, em Boston. Ela aprimorou os cuidados de enfermagem nos hospitais psiquiátricos e
organizou práticas de enfermagem e programas educacionais em manicômios públicos, nos
Estados Unidos. Por essas atividades ela é tida como sendo a primeira enfermeira psiquiátrica
norte-americana.(STUART E LARAIA, 2001).
A primeira escola a preparar enfermeiros para cuidar de doentes mentais surgiu
no McLean Hospital, Wanvarly, Massachusetts, em 1882. Ela oferecia um programa de dois
anos, mas poucas habilidades psicológicas eram abordadas. As enfermeiras cuidavam de
necessidades físicas dos pacientes, como medicação, nutrição, higiene e atividades de lazer.
Naquela época, os cuidados psicológicos consistiam de gentileza e tolerância para com os
pacientes.(STUART E LARAIA, 2001).
Uma das contribuições mais importantes de Linda Richards foi à ênfase na
avaliação das necessidades tanto físicas quanto emocionais do individuo. Nesse período
inicial da historia da enfermagem, a formação reparava essas duas necessidades. Os
enfermeiros aprendiam tais habilidades no hospital geral ou no psiquiátrico.(STUART E
LARAIA, 2001).
Apenas no final dos anos 30, a formação em enfermagem passou a reconhecer a
importância do conhecimento psiquiátrico nos cuidados gerais da enfermagem para todas as
doenças. Um importante fator no desenvolvimento da enfermagem psiquiátrica foi o
surgimento de terapias somáticas, como psicocirurgias, terapia de choque insulínico e terapia
eletroconvulsiva, tornando os pacientes mais susceptíveis ao tratamento.(STUART E
LARAIA, 2001)
À medida que se evoluíam as terapias somáticas, as enfermeiras iniciavam seus
esforços para a definição do seu papel como enfermeiras psiquiátricas. A prática
contemporânea da enfermagem psiquiátrica ocorre em um contexto social e ambiental. A
função desta, cresceu em complexidade desde seus elementos históricos originais. Hoje ela
engloba as dimensões da competência clinica, defesa do paciente, da família, responsabilidade
fiscal,
elaboração
interdisciplinar,
responsabilidade
social
e
parâmetros
éticos
e
legais.(STUART E LARAIA, 2001).
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O centro de serviços de saúde mental reconheceu oficialmente a equipe
interdisciplinar de saúde mental como formada por enfermagem, psiquiatria, psicologia
clínica e assistência social. Todas elas emergiram como especialidade dentro de suas
respectivas profissões durante a última metade do século XIX, época em que as pessoas com
perturbações de comportamento passaram a ser vistas como doentes e não como possuidores
de demônios ou moralmente corruptas. (TAYLOR, 1992).
Durante todo o período colonial (1500-1822) no Brasil não vamos encontrar
nenhuma manifestação concreta pela assistência aos pacientes mentais. O completo abandona
que abatia sobre os doentes mentais ocorria de forma generalizada, em todas as províncias
brasileiras, causando preocupações em algumas poucas autoridades nos estados mais pobres e
distantes da corte. (SILVA, 1998).
Os doentes da mente, como eram rotulados, viviam perambulando pelas ruas,
becos, estradas, misturados com os flagelados das secas periódicas (a pior delas que assolou o
nordeste foi a de 1877 – 1879) e as terríveis epidemias (cólera e varíola), mendigos, marginais
e prostitutas como se vê, faziam engrossar a parcela marginalizada da sociedade em todos os
recantos do Brasil. (SILVA, 1998).
O começo efetivo das mudanças no campo da saúde ocorreu com a vinda da
corte portuguesa ao Brasil, ocorrendo a propagação das ciências médicas. Foi o esforço do
notável Dr. Cruz Jobim que ocorreu o “primeiro protesto público do Brasil” contra o modo
desumano como eram tratados os pacientes mentais, em meados de 1830. (SILVA, 1998).
No diário da saúde de 1835, o ilustre Dr. José Francisco Xavier Sigmund
publicou um artigo intitulado “Reflexos acerca do transito livre dos doidos pelas ruas da
cidade do Rio de Janeiro”, em que protesta contra as más condições, em que se encontravam
os doentes mentais, e sugere a construção de um hospital para assisti-los.(SILVA, 1998).
O imperador Dom Pedro II após sua consagração como soberano no Brasil, criou
um hospital destinado a construção do Hospício Pedro II, tempos depois esta obra foi
considerado o mais belo edifício localizado na América do Sul. (SILVA, 1998).
A fundação do Hospício Pedro II e a criação cátedras de clinica Psiquiátrica,
pelo decreto nº 8024, de 18 de março de 1881, nas faculdades de medicina na Bahia e no Rio
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de Janeiro, as únicas existentes no país até então, contribuíram significativamente para dar
origem às condições necessárias ao aparecimento da psiquiatria brasileira. (SILVA, 1998).
A historia dos primeiros pacientes paraibanos acometidos com problemas
psiquiátricos ou psicológicos, não é diferente de outras localidades espalhadas pelo Brasil
como vimos, pois sabemos que a questão cultural, ou seja, os problemas dos preconceitos
impregnados por milhares de anos sobre os pacientes mentais, a ponto de persistir ainda hoje
inúmeras situações carregadas de puro preconceito contra os pacientes, seus familiares, os
psiquiatras, são vários tipos de discriminações. (SILVA, 1998).
Nesta época eram rotulados doentes mentais os pobres, prostitutas, mendigos–
pedintes e vitimas de pestes e secas daí geralmente eram destinadas a cadeias públicas, as
correntes dos quartos esquecidos das casas, os porões escuros e sótãos imundos das mansões,
etc. (SILVA, 1998).
Por outro lado à situação dos pacientes paraibanos que possuíam uma condição
financeira satisfatória começou a mudar de mentalidade com a inauguração do famoso
“Hospício de visitação de Santa Isabel” em Olinda-Pernambuco. Na Paraíba o primeiro local
especifico para tratamento de insanos o “Asilo do Sant’Anna”, neste período não ocorreram
grandes avanços na psiquiatria. (SILVA, 1998).
Vivemos numa época de intensas mudanças, marcada por acontecimentos
tecnológicos, econômicos e políticos, que afetam todas as áreas de nossa vida, dentre elas, a
profissional. No âmbito atual, a enfermagem exige de seus profissionais um conhecimento
técnico-científico. E paralelo a essas mudanças surgem modificações no planejar, cuidar e no
desenvolver de trabalhos pelos profissionais de enfermagem. (STUART E LARAIA, 2001).
Os cuidados psiquiátricos estão numa área de especial mudança, que se apresenta
como uma matéria em constante evolução, marcada por uma trajetória de erros, mas que
também chegou a acertos, na qual gradativamente vem ganhado terreno na sociedade,
procurando sempre novos recursos terapêuticos e acima de tudo uma maior aceitação do
paciente. (STUART E LARAIA, 2001).
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Atualmente, a doença mental deixou de ser considerada um estigma de vergonha
e quase sobrenatural. Hoje em dia, a concepção integral da saúde e do ser humano presume
maior aceitação do componente mental como parte inseparável da pessoa, admitindo-se a
influência recíproca entre o fisiológico, psicológico e o social. (STUART E LARAIA, 2001).
O enfermeiro atuante nesta área deve desenvolver uma disposição pessoal, além
de um conhecimento de si mesmo que facilitem a relação terapêutica, o que não é muito fácil
para o profissional, que deve transpor suas próprias barreiras para prestar uma assistência
adequada ao paciente psiquiátrico. Além disso, deve estar em constante formação para
adaptar-se às características dos pacientes a quem tem de prestar cuidados. Porém a maioria
dos profissionais não tem o conhecimento básico acerca da doença mental, o que torna difícil
a adaptação dos modelos terapêuticos. (STUART E LARAIA, 2001).
Ao cuidar de pacientes, o enfermeiro segue as etapas do processo de
enfermagem: diagnóstico, planejamento, implementação e avaliação. Em outras palavras ele
aplica a técnica da solução de problemas ao seu cuidado de enfermagem. No diagnóstico ele
identifica e determina prioridades quanto às necessidades do paciente, levando em
consideração suas condições, as circunstancias especificas e suas habilidades de satisfazer
suas próprias necessidades. A seguir, com o paciente, ele traça plano de cuidados de
enfermagem, o qual delimitam objetivos a longo e curto prazo para o paciente e as ações e
intervenções de enfermagem necessárias para auxilia-lo a alcançar tais objetivos.(IRVING
R.,1979).
O enfermeiro põe em execução o plano usando a sua própria personalidade tardia
de forma terapêutica, para auxiliar o paciente a progredir em função de sua saúde. Ele
documenta as reações do paciente dos cuidados prestados e modifica as ações de enfermagem
de acordo com os resultados da avaliação. Assim, cada cuidado ao paciente é individualizado
e dirigido para a resolução dos seus problemas específicos. (IRVING R., 1979).
A enfermagem psiquiátrica é diferente e, no entanto, tem semelhanças com todas
as outras áreas da enfermagem. Algumas pessoas consideram a enfermagem psiquiátrica
como sendo a base, o coração, o cérebro, a verdadeira arte da enfermagem. Outras pensam
que a enfermagem psiquiátrica é estritamente limitada aos cuidados do paciente diagnosticado
como doente mental. Enfermagem psiquiátrica não é, definitivamente, um conjunto
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organizado de procedimentos ou rituais que terminem com a “cura”. É principalmente uma
luta árdua, pessoal e humana em direção à saúde. (IRVING R., 1979).
Pode-se concordar geralmente que a enfermagem psiquiátrica é o processo de
comunicação humana que envolve duas pessoas, o enfermeiro e o paciente, e seu
relacionamento, a soma das interações. O propósito inicial do relacionamento enfermeiropaciente é auxilia-lo para maior satisfação de suas necessidades básicas e utilizar as maneiras
efetivas de agir a fim de se obter maior sucesso em viver. Além disso, é responsabilidade do
enfermeiro, estabelecer, manter e concluir tal relacionamento. Se este relacionamento é
terapêutico, útil, saudável ou não, pode ser mensurado muito simplesmente pelo senso de
bem-estar que um paciente experimenta como resultado do mesmo. (IRVING R., 1979).
Freqüentemente, o profissional de enfermagem que está iniciando estudo ou
prática de enfermagem psiquiátrica é influenciado por preconceitos comumente existentes em
relação aos doentes mentais, a seu tratamento e a sua contribuição como enfermeiro aos seus
cuidados. Como resultado, ele pode tentar abordar os cuidados de paciente psiquiátricos com
atitudes e ações que são mais prejudiciais do que benéficas. É essencial para o enfermeiro
reconhecer, compreender e corrigir sua abordagem se agir terapeuticamente com o paciente –
todos os pacientes – e, creio, todas as pessoas. (IRVING R., 1979).
Antes de tudo, o usuário é uma pessoa, um ser humano único, diferente de todos
os outros. Ele não é um tipo de doença, uma condição do estado de saúde ou um conjunto de
sintomas. Ele é uma pessoa, um indivíduo que está doente, em dificuldade, sozinho e com
medo. Ele freqüentemente torna-se um alienado, um rejeitado, um peso, um estranho em seu
próprio mundo, podendo defrontar-se com o medo, a ira, a desconfiança, a hostilidade, o
desdém, o desgosto, o desespero ou o ridículo tanto da parte daqueles que lhe são mais
próximos, como daqueles que nem mesmo o conhecem. Quando ele não pode mais tolerar o
medo e a solidão, volta-se para os estranhos em busca de afeto e da receptividade de que
necessita, tornando-se um paciente. (IRVING R., 1979).
Ele é doente, com uma “estranha” e amedrontadora doença, sobre a qual ele tem
pouco ou nenhum controle. Muitas vezes o paciente sabe, no seu intimo, que não deveria
pensar e sentir tais coisas, quanto mais dize-las ou faze-las, mas parece não poder parar. Vê as
pessoas olharem para ele com medo ou desconfiança, culpa ou raiva, desprezo ou vergonha.
Acha que as coisas estão se tornando piores em lugar de melhorar, e começa a experimentar
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uma sucessão sempre crescente de fracassos e rejeição. Quando não pode mais enfrentar suas
necessidades ou dirigir seu comportamento apropriadamente, busca obter conforto e auxílio
daqueles que estão preparados para ajudá-los. (IRVING R., 1979).
O enfermeiro também é uma pessoa, um ser humano único, diferente de todos os
outros. Ele não é uma espécie particular de personalidade, ou um conjunto de atributos, ou
uma acumulação de qualidades especiais. É um individuo, um produto de suas experiências de
vida, o qual adquiriu conhecimentos específicos e atividades para prestar cuidados aos outros,
ele decidiu que o trabalho, em sua vida, seria prestado no serviço a outras pessoas tornando-se
um enfermeiro. (IRVING R., 1979).
Ele deve ser um adulto sadio, bastante maturo emocionalmente para ser capaz de
adiar a satisfação de suas próprias necessidades e permitir que as necessidades do paciente
tenham precedência. Deve ser capaz de tolerar frustrações e tensões de forma suficientemente
efetiva, de modo a manipular os sentimentos resultantes de maneira construtiva, ter suficiente
autoconhecimento para avaliar o impacto que produz sobre outras pessoas e assumir
responsabilidade por seu comportamento. Ser bastante flexível para aceitar mudanças e
bastante receptivo para aprender novas maneiras de perceber e responde à vida. Preocupar-se
com o bem-estar dos pacientes e fazer algo sobre isto se tornado um enfermeiro. (IRVING R.,
1979).
O relacionamento do profissional com o usuário deve sempre envolver algo
sobre a natureza muito importante, crítico e profundamente pessoal, atendendo às
necessidades do paciente, aumentando seu sentimento de conforto, segurança e bem-estar.
(IRVING R., 1979).
O enfermeiro deve ser capaz de aceitar o paciente, não importando o que ele diga
ou faça, ou de onde ele vem, não apenas porque ele é um paciente, mas porque ele é uma
pessoa de valor essencial e dignidade e que merece respeito. O enfermeiro pode ter
sentimento de discordância, desgosto ou mesmo recusar por alguma de suas ações. É
necessário, entretanto, que ele seja capaz de controlar e expressar seus sentimentos de forma
construtiva, de maneira a não rejeitar, punir ou ignorar o paciente. Ao mesmo tempo, ele
precisa saber o que se espera quanto a um comportamento apropriado e aceitável de sua parte,
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e necessita de auxilio para aprender como se comportar dentro desses padrões. (IRVING R.,
1979).
O relacionamento entre o enfermeiro e o paciente deve ser honesto. Isto quer
dizer que o enfermeiro deve ser realmente interessado no bem-estar do paciente e que deve
auxilia-lo a fazer alguma coisa sobre o mesmo. Significa, além disso, que ele deve estar certo
de qualquer coisa que faça ou diga em sua interação com pacientes, expressando tal tipo de
preocupação: ”Não há lugar para fingimentos”. Por outro lado, é importante que o enfermeiro
não transfira seu sentimento e frustração por outras causas ao seu relacionamento com o
usuário, é, portanto, necessário que o enfermeiro entenda seus motivos para tais frustrações e
seja capaz de enfrenta-los e dirigi-los para uma resolução construtiva. (IRVING R., 1979).
A compreensão deve esta sempre presente na assistência ao cliente, isto quer
dizer que o enfermeiro deve conhecer bem o paciente de forma individualizada para ser capaz
de compreender como o mesmo se sente na situação em que se encontra, e não como é sentido
pelo profissional, ou como o tem sentido em situação semelhante. Esta é a diferença entre
empatia de um lado e simpatia, do outro. Empatia em termos psiquiátricos é uma das formas
não-verbais que o enfermeiro usa para comunicar seu interesse e preocupação pelo cliente. O
enfermeiro deve fazer mais do que presumir quanto ao que sente um usuário, e sim esclarecer
consigo mesmo para estar seguro de como o paciente realmente se sente. (IRVING R., 1979).
A confiança mútua que existir na interação enfermeiro – cliente, significa que o
enfermeiro deve ter confiança na sua habilidade de ajudar o paciente, assim como sua
capacidade em corresponder profissionalmente. Por parte do paciente também deve existir
uma confiança na competência e nos cuidados do enfermeiro, onde ambos devem afastar
situações de dificuldades. Nenhum relacionamento humano existe sem conflitos ou tensões e
isto inclui o relacionamento terapêutico. (IRVING R., 1979).
Ao cuidar do paciente, o enfermeiro se defronta com muitos problemas que
podem interferir seriamente na sua eficiência. Estes problemas parecem agrupar-se em áreas
comuns em que cada enfermeiro, cada paciente e cada circunstância em certo grau. Para ser
bem-sucedido, o enfermeiro tem que ser capar de resolver ou lidar com êxito e com os
problemas que ocorrem no cuidar ao paciente psiquiátrico. As áreas de problemas comuns
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incluem o próprio enfermeiro, a equipe, o comportamento do paciente e de sua família, as
dificuldades físicas e a comunidade do qual o cuidado é oferecido. (IRVING R., 1979).
O relacionamento enfermeiro – paciente já foi chamado de uma variedade de
termos que inclui “relacionamento terapêutico enfermeiro – paciente”, “terapia de
enfermagem
psiquiátrica”,
“psicoterapia
de
apoio”,
“terapias
de
reabilitação”
e
“aconselhamento não-diretivo”. A relação enfermeiro – cliente evolui para uma relação de
parceria entre ambos, que expande as dimensões do papel de enfermagem psiquiátrica, que
incluem competência clínica, defesa do paciente – família, responsabilidade fiscal,
colaboração interdisciplinar, responsabilidade social e parâmetros ético-legais. Todos fazendo
parte desta parceria. (TAYLOR, 1992).
O enfermeiro psiquiátrico deve desenvolver uma relação terapêutica com o seu
cliente ou grupo de pacientes, através de uma interação adequada com eles e
conseqüentemente com a sua família. Para isso, ele deve utilizar-se de autoconhecimento,
formação técnica e habilidade pessoal. (TAYLOR, 1992).
A relação social entre o enfermeiro e o paciente consiste numa relação
superficial, neutra e sem nenhuma intimidade. Muitos enfermeiros desenvolvem esta relação
devido à inexperiência, o estresse causado pela profissão, o cotidiano, etc. Já a relação
terapêutica é dotada principalmente de confiança, realizado num ambiente terapêutico (espaço
de segurança no qual se proporcionam cuidados que não exista atmosfera punitiva) onde o
enfermeiro tem a oportunidade de conhecer o problema do paciente podendo assim realizar e
planejar procedimentos adequados. Nesta relação busca uma aceitação mútua e bastante
aprofundada. (ESPINOSA, 1998).
Os objetos de um relacionamento terapêutico voltam-se ao crescimento do
paciente e incluem os seguintes pontos: auto-realização, auto-aceitação, incentivo de autorespeito genuíno; um claro senso de identidade pessoal e um nível intensificado de integração
pessoal; capacidade para formar um relacionamento íntimo, interdependente e interpessoal,
com habilidades para dar e receber amor; melhora no funcionamento e maior capacidade para
satisfazer necessidades e atingir metas pessoais realistas. Para que estes objetivos sejam
satisfeitos, vários aspectos das experiências de vida do paciente são explorados. O enfermeiro
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permite que o paciente expresse pensamentos e emoções, e os relacionam às ações observadas
e relatadas, classificando áreas de conflito e de ansiedade. (STUART E LARAIA, 2002).
Ele deve ajudar o usuário a satisfazer as suas necessidades de maneiras mais
adequadas, isto se consegue, ajudando o paciente a aprender novos métodos de
funcionamento, a partir das suas interações com o enfermeiro. Este por suas vez deve
acrescentar algo ao conforto e segurança do paciente.(STUART E LARAIA, 2002).
Espinosa (1998), divide o processo da ralação terapêutica em três frases. A
primeira fase é chamada de introdutória, de orientação ou informação, esta consiste no
primeiro contato entre o paciente e o enfermeiro, onde o enfermeiro procura primariamente a
conquista da confiança e a aceitação, utilizando-se de uma linguagem clara para que ambas as
partes obtenham as informações para um relacionamento futuro satisfatório. Depois desta
etapa, passa-se para a segunda fase, chamada de intermediária, que constitui a própria
realização do trabalho.
Na fase intermediaria o enfermeiro estimula o paciente a tomar consciência de si
mesmo, escutando seus problemas, deixando as propostas abertas para que o cliente conduza
conversação e escutando todos os seus problemas e relatos. Durante esta interação, o
enfermeiro utiliza-se bastante de silêncio, faz pausas durante a conversa para que o cliente
possa refletir melhor, reforça mensagens para um eficiente entendimento do paciente, simula
situações para que o paciente possa obter e valorizar um outro ponto de vista do seu problema
e em casos de contradições e incongruências entre o verbal ou lógico e o não-verbal ou
analógico por parte do paciente, o enfermeiro confronta-o para que o usuário fique consciente
de tais atitudes. È nesta fase onde as estratégias adaptam-se às necessidades do cliente, mas
em geral ocupa-se da ajuda ao paciente no reconhecimento das suas formas de conduta
anteriores, e a experimentar outras alternativas de adaptação mais positivas.
A última fase é a de resolução, finalização ou conclusão. Onde se tem como
objetivo principal, ajustar o paciente para que este prepare o seu futuro. Nesta fase é bastante
comum se observar sentimentos de rejeição, ansiedade e agressividade no paciente e, por
vezes, também no profissional. È a fase de conclusão com planificação, em conjunto, de
novos objetivos a serem atingidos no seio da família e da comunidade.
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Na relação terapêutica, o enfermeiro psiquiátrico deve sempre se atentar para as
barreiras e obstáculos que prejudiquem o avanço do tratamento do seu cliente, evitando
dificuldades como a resistência, transferência, contratransferência e a extrapolação de limites
(transgressões de limites).
Estes são os principais impasses terapêuticos que bloqueiam a progressão do
relacionamento. Têm origem em uma série de motivos e podem tomar muitas formas
distintas, mas criam, sem exceção entraves no relacionamento terapêutico. Esses impasses
provocam sentimentos intensos no enfermeiro e no paciente que podem variar desde
ansiedade e apreensão até a frustração, amor ou raiva intensa. (ESPINOSA, 2000).
A resistência é uma tentativa do paciente de não perceber os aspectos que geram
ansiedade nele próprio. É uma relutância natural ou uma defesa aprendida contra a
verbalização ou, até mesmo, a experimentação de aspectos problemáticos dele mesmo, com
freqüência, uma resistência imediata resulta da má vontade do paciente em mudar quando se
reconhece a necessidade da mudança. (ESPINOSA, 2000).
A transferência é uma resposta inconsciente em que o paciente experimenta
sentimentos e atitudes pelo enfermeiro que estavam originalmente associadas a figuras
significativas na vida progressiva do paciente. O termo refere-se a um conjunto de reações
que tentam reduzir ou avaliar a ansiedade. As reações de transferência só são perigosas para o
processo terapêutico quando permanecem ignorados e não examinados pelo enfermeiro. Os
dois principais tipos são as reações hostis e as reações dependentes. (ESPINOSA, 2000).
A contratransferência é um impasse terapêutico criado pelo enfermeiro, não pelo
cliente. Refere-se a uma resposta emocional específica dada pelo enfermeiro ao paciente, a
qual é imprópria para o conteúdo e o contexto do relacionamento terapêutico ou impróprio
quanto à sua intensidade emocional. A contratransferência é a transferência aplicada ao
enfermeiro. São, em geral, de três tipos: reações de amor ou preocupações intensas, reações
de hostilidade ou aversão, e reações de ansiedade intensa, freqüentemente em resposta a uma
resistência do paciente. (ESPINOSA, 2000).
Para superar os impasses terapêuticos, o enfermeiro deve estar preparado para
ficar exposto a sentimentos e emoções intensos dentro do contexto do relacionamento
enfermeiro – cliente. De início, o enfermeiro deve ter conhecimento dos impasses e
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reconhecer os comportamentos que indicam a sua resistência. Em seguida, o enfermeiro pode
esclarecer e refletir sobre o sentimento e esforçar-se por enfocar de maneira mais objetiva o
que está acontecendo. (ESPINOSA, 2000).
Os motivos que há por trás do comportamento são discutidos, e o paciente (para
as reações de resistência e transferência) ou a enfermeira (para as reações de
contratransferência e extrapolação de limites) assume a responsabilidade pelo impasse e pelo
impacto negativo deste sobre o processo terapêutico. Por fim, os objetivos do relacionamento
e as áreas de necessidade e de problemas do paciente são revistas, ajudando o enfermeiro a
restabelecer um pacto terapêutico compatível com o processo do relacionamento enfermeiro –
paciente. (ESPINOSA, 2000).
A transgressão de limites é um impasse terapêutico também criado pelo
enfermeiro. Estas ocorrem quando o enfermeiro sai dos limites do relacionamento terapêutico
e estabelece um relacionamento social, comercial ou pessoal com um paciente. Como por
exemplo: o enfermeiro vai a uma festa a convite do paciente, o enfermeiro freqüenta as
obrigações sociais do paciente, o enfermeiro mantêm algum tipo relação comercial com o
paciente, abraça-o rotineiramente ou tem contato físico com paciente freqüentemente, etc.
(ESPINOSA, 2000).
Os
enfermeiros
psiquiátricos
não
podem
mais,
apenas
concentrar-se
exclusivamente nos cuidados à beira do leito e nas necessidades imediatas do paciente. Eles
devem ampliar o conceito dos cuidados que oferecem, a responsabilidade e a compreensão
que trazem à situação de oferta de seus cuidados. A prática atual da enfermagem psiquiátrica
exige maior sensibilidade para o ambiente social e para as necessidades de defesa dos
pacientes e suas famílias. Exige também, atenta consideração de dilemas éticos e legais
complexos, que surgem de um sistema de assistência à saúde que se concentra na eficiência
dos cuidados gerenciados, que podem apresentar desvantagens e discriminação contra os
portadores de doenças ou transtornos mentais. (STUART E LARAIA, 2001).
3.METODOLOGIA
Tipo de pesquisa: A pesquisa é do tipo exploratória. Essa pesquisa tem como principal
finalidade desenvolver e esclarecer conceitos e idéias, com vistas na formulação de problemas
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mais precisos ou hipóteses para estudos posteriores(GIL, 1995). Informamos que este estudo
obedece as normas da ABNT.
Local do estudo: A pesquisa foi desenvolvida em um hospital psiquiátrico da cidade de João
Pessoa - PB.
População/Amostra: A população será composta pelos enfermeiros que trabalham no
hospital e a amostra pelos enfermeiros presentes no momento da pesquisa. Totalizaram vinte
participantes.
Considerações éticas: Por envolver seres humanos, a pesquisa obedece ao que preconiza a
Resolução 196/96, da Comissão Nacional de ética e Pesquisa, que regulamenta as Diretrizes e
Normas da Pesquisa em Seres Humanos, do Ministério da Saúde. Desta forma, foi
apresentado aos participantes do estudo o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido que
garante a privacidade, o anonimato e a desistência da pessoa que está sendo entrevistado, sem
prejuízo para o mesmo em qualquer etapa da pesquisa.
Coleta de dados: Os dados foram colhidos no mês de junho do ano de 2004, e o instrumento
utilizado para a pesquisa foi uma entrevista com o seguinte questionamento: Como é sua
interação enfermeiro/paciente psiquiátrico?
Análise de dados: Os dados obtidos foram analisados, através de uma leitura minuciosa dos
depoimentos e das expressões chaves; além disso, foram calculadas as freqüências absolutas e
percentuais, dispostas em tabelas.
4.ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Neste capítulo mostraremos as dificuldades e facilidades encontradas pelos
enfermeiros psiquiátricos, com relação ao tratamento do paciente. Vale salientar que do total
de 20 profissionais apenas 01 relatou não sentir dificuldades e facilidades na relação
enfermeiro/ paciente psiquiátrico. A opinião dos demais, colocaremos em quadros, conforme
exposição abaixo.
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Quadro 1. Expressões que caracterizam a relação enfermeiro/paciente psiquiátrico, segundo as
dificuldades encontradas.
Respostas obtidas
Número de pessoas
Porcentagem (%)
Agressividade do paciente
4
31%
Aceitação do paciente ao
2
15%
Diálogo com o paciente
2
15%
Dificuldade por ser um
2
15%
Carência do paciente
1
08%
Aguardar pelo
1
08%
1
08%
tratamento
paciente especial
restabelecimento do
paciente para um quadro de
melhora
Cuidado tardio por parte da
família
FONTE: Pesquisa em campo
Diante da análise realizada observamos que na relação enfermeiro/paciente
psiquiátrico, segundo as dificuldades encontradas, a agressividade do paciente é a opção mais
relatada entre os participantes da pesquisa.
O profissional enfermeiro deve entender a situação de tal paciente devido a sua
patologia. O enfermeiro pode discordar ou até mesmo recusar a aceitar as atitudes do
paciente, mas é fundamental que ele controle e procure utilizar seus sentimentos de forma
positiva para a recuperação do paciente, não ignorando o mesmo, Sabendo respeitá-lo como
ser humano, valor essencial e único.
Desse modo, segundo Espinosa (2000), o enfermeiro deve estar preparado para
enfrentar os seus próprios sentimentos e emoções no contexto da relação com o paciente:
averiguar que condutas provocam o bloqueio terapêutico, refletir sobre os seus próprios
sentimentos para saber o que está se passando. Terá de explorar as razões que motivam tanto a
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conduta do paciente como as suas próprias. Deve aceitar, assim, a responsabilidade da sua
influência negativa no processo terapêutico.
Quadro 2. Expressões que caracterizam a relação enfermeiro/paciente psiquiátrico, segundo as
facilidades encontradas.
Respostas obtidas
Número de pessoas
Porcentagem (%)
Devido a experiência na
03
43%
02
29%
01
14%
01
14%
área
Satisfação em trabalhar na
área
Não Ter discriminação nem
medo se torna fácil a
interação
Consciência em aceitar o
comportamento do paciente
devido sua patologia
FONTE: Pesquisa em campo
Com base na análise realizada observamos que na relação enfermeiro/paciente
psiquiátrico, segundo as facilidades encontradas, a experiência na área de psiquiatria contribui
para interação com pacientes “especiais”, isto relatou a maioria dos enfermeiros entrevistados.
O enfermeiro atuante nesta área, por um período mais prolongado, desenvolve um
conhecimento de si mesmo que facilita a relação terapêutica, o que é fundamental para que o
profissional supere suas próprias barreiras para uma assistência cada vez mais qualificada ao
paciente psiquiátrico.
Atualmente, reconhece-se que o uso que o enfermeiro faz de sua própria
personalidade pode ter uma influência terapêutica na experiência do cliente, se ele usar de
compreensão e habilidade. Essa é a única ferramenta exclusiva sua e que apenas depende dele
seu manejo. É importante que o profissional faça o melhor uso possível de seu tempo, sua
energia e suas habilidades, dedicando-se àqueles clientes cujo diagnóstico de enfermagem
indica um potencial em beneficiar-se com esse tipo de investigação feita pelo enfermeiro
(TAYLOR, 1992).
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5.CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a realização deste estudo, consideramos que o paciente psiquiátrico do ponto de
vista do cuidar, é um paciente que determina cuidados específicos, dado que as patologias
psiquiátricas,
envolvem de maneira geral o comportamento desses pacientes. Portanto a
relação enfermeiro / paciente é determinada por dificuldades e facilidades no que se refere ao
tratamento. A pesquisa ainda possibilitou averiguar que esta relação possui mais dificuldades
que facilidades. Neste sentido, o Enfermeiro psiquiátrico, deve estar preparado para as
adversidades que ocasionalmente são encontradas nesta relação. Assim esperamos que
estudos futuros venham complementar este, contribuindo para a prática destes profissionais.
6.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DALLY, Heather Harrington. Psicologia e Psiquiatria na Enfermagem. São Paulo:
Pedagógica e universitária Ltda, 1978.
ESPINOSA, Ana Fernández. Psiquiatria: Guias Práticos de Enfermagem. Rio de Janeiro:
McGraw-Hill Interamericana do Brasil Ltda, 1998.
FRAGA, Maria de Nazaré Oliveira. A Prática de Enfermagem Psiquiátrica: subordinação e
resistência. São Paulo: Cortez, 1993.
MANZOLLI, Maria Cecília. Enfermagem Psiquiátrica: Da Enfermagem Psiquiátrica à
Saúde mental. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1996.
MANZOLLI, Maria Cecília. Enfermagem Psiquiátrica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
1996.
NUNES, Portella; BUENO, Romildo. Psiquiatria e Saúde Mental: Conceitos Clínicos e
Terapêuticos Fundamentais. São Paulo: Atheneu, 2000.
QUEIROZ FILHO, José Pinto. Função, Disfunção e Controle da mente humana:
Fundamentos de Psiquiatria para a clínica diária. Salvador: Universitária Americana, 1991.
RODRIGUES, Antonia Regina Furegato. Enfermagem Psiquiátrica: Saúde mental:
prevenção e intervenção. São Paulo: E.P.U, 1996.
R, Susan Irving. Enfermagem Básica. 2ª ed. São Paulo: Editora M.S., 1979.
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22
SILVA FILHO, Edvaldo Brilhante. História da Psiquiatria na Paraíba. João Pessoa: Santa
Clara, 1998.
STUART, Gail W.; LARAIA, Michele T. Enfermagem Psiquiátrica: Princípios e Prática. 6º
edição. Porto Alegre : Artmed, 2001.
STUART, Gail Wiscartz; LARAIA, Michele Teresa. Enfermagem
Enfermagem Prática. Rio de Janeiro: Reichmann e Affonso, 2002.
Psiquiátrica:
TAYLOR, Cecília Monat. Fundamentos de Enfermagem Psiquiátrica de Mereness. 13ª
ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.
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23
7.APÊNDICES
APÊNDICES
(Termo de Consentimento/Questionário)
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7.1.APÊNDICE I
Termo de consentimento
Caro profissional, somos acadêmicas de enfermagem da Escola de Enfermagem Santa
Emília de Rodat, e pretendemos realizar um estudo intitulado: Relação Enfermeiro/Paciente
Psiquiátrico: Um estudo exploratório.
Para a realização desse estudo, solicitamos a vossa colaboração, respondendo ao
roteiro de perguntas em anexo.
Informamos-lhe que o seu anonimato será garantido, bem como será mantida em sigilo
sua opinião acerca do tema; asseguramos-lhe que não haverá riscos nem prejuízos à sua
pessoa. Garantimos também a total liberdade para desistência em qualquer etapa da pesquisa.
Os benefícios deste estudo estão voltados para melhor entendimento dos profissionais de
enfermagem a cerca de sua opinião sobre o tema da pesquisa.
Para coleta de dados, pedimos à sua autorização para realizarmos entrevista e após a
conclusão do estudo, pudermos publicar em periódicos e/ou eventos científicos.
Estamos a sua disposição para qualquer esclarecimento.
_________________________________
Pesquisadora
__________________________
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25
Participante
7.2.APÊNDICE II
Questionário
1.COMO É A SUA INTERAÇÃO ENFERMEIRO/PACIENTE PSIQUIÁTRICO ?
( ) fácil
( )difícil
1.1. Se fácil, justifique sua resposta.
1.2. Se difícil, cite o principal problema encontrado na relação enfermeiro/paciente
psiquiátrico.
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RELAÇÃO ENFERMEIRO/PACIENTE PSIQUIÁTRICO: UM ESTUDO