Muito mais manejo
IIIIIII II II IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
Plantas
daninhas
Produtividade
da soja
Tecnologia
LibertyLink
Bayer CropScience
desenvolve soluções
inovadoras para
manejo da resistência
Pragas iniciais e
percevejos podem
reduzir rendimento
das lavouras
Inovação é aprovada
por grandes produtores de algodão da
região do Cerrado
Índice
PLANTAS DANINHAS
Prevenção é palavra-chave
Resistência exige cuidado
Manejo integrado é a solução
Conceito ganha novos adeptos
ALGODÃO
Tecnologia LibertyLink
Lavouras limpas de plantas daninhas e
mais produtivas
2
4
8
SOJA
Pragas iniciais são risco à produtividade
12
Tratamento de sementes é o melhor caminho
Percevejos exigem atenção especial
São crescentes os prejuízos registrados
nas lavouras
MILHO Bt
Tratamento de sementes complementa
manejo
Medida protege contra sugadores e
mastigadores
CANA-DE-AÇÚCAR
Cigarrinha-das-raízes ameaça
produtividade
Controle deve ser iniciado antes do nível
de dano econômico
TOMATE
Controle de traças e broca
Estas são as pragas mais nocivas à cultura
INOVAÇÃO
Incubadora de novos ingredientes ativos
Localização favorece ensaios no
hemisfério Sul
14
18
IIIIIIIIIIIIIIII
2 Correio 2010
Conferência Pan-Americana reuniu cerca de 300 profissionais em Miami
22
Plantas daninhas
IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
26
30
Deixamos de publicar a bibliografia da maioria das matérias
desta edição, que permanece à disposição dos interessados.
Prevenção é
palavra-chave
Correio – 2010
A revista Correio é uma publicação da Bayer CropScience
dirigida a engenheiros agrônomos, agricultores, técnicos
agrícolas, faculdades de agronomia, bibliotecas e
pessoas interessadas na agricultura brasileira.
Coordenação geral: Comunicação Corporativa Bayer CropScience.
Coordenação técnica: Engenheiros Agrônomos
Paulo Calegaro e Luiz Weber.
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Editor: Allen A. Dupré.
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Fotos: arquivo Bayer CropScience, Ângelo Yoshimura,
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Gráfica: Atrativa
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Bayer S.A. – Rua Domingos Jorge, 1100, Prédio 9504
São Paulo – SP / Tel. (11) 5694-5166.
www.bayercropscience.com.br
Somente uma mudança de atitude dos integrantes
da cadeia produtiva, passando a empregar modernas
técnicas de manejo, conterá o avanço da resistência
das plantas daninhas aos herbicidas
A
Primeira Conferência Pan-Americana sobre Plantas
Daninhas, organizada pela Bayer CropScience e realizada em Miami,
EUA, em janeiro de 2010, fortaleceu a posição de liderança e pioneirismo da empresa no desenvolvimento de respostas para uma
questão que preocupa de forma crescente agricultores do mundo
inteiro: o aumento da tolerância ou resistência dessas plantas à ação
dos herbicidas de uso mais tradicional, com elevação de custos e
perdas de produtividade.
Plantas daninhas
▼
O evento reuniu cerca de 300 cientistas,
pesquisadores e professores universitários, além de profissionais e técnicos de
entidades agrícolas das Américas. O objetivo foi promover uma ampla discussão
e troca de experiências sobre o problema,
dando ênfase especial à divulgação de
soluções práticas e sustentáveis.
Todas as atividades de pesquisa da Bayer
CropScience para o manejo de resistência
de plantas daninhas possuem uma abordagem exaustiva, voltada para o futuro
e seu objetivo é proporcionar aos agricultores de todo o mundo novos diagnósticos, herbicidas com novos mecanismos
de ação e uma opção mais ampla de
traits de alta performance.
Na América Latina, a resistência está presente em 14 países, incluindo o Brasil,
com 33 espécies identificadas como resistentes a seis modos de ação e ingredientes ativos de herbicidas:
• inibidores de ALS (enzima acetolactato
sintase) em soja, milho, algodão, arroz
e cereais;
• inibidores de ACCase (enzima acetilcoenzima-A-carboxilase) em soja, milho, algodão, arroz e cereais;
• glifosato em soja e milho;
• inibidores das enzimas ALS/Protox
(acetolactato sintase e protoporfirinogênio oxidase) em soja;
• atrazina em milho;
• auxina sintética em arroz.
Os especialistas apontam pelo menos
sete fatores que forçam a seleção de
plantas daninhas resistentes na região:
- enorme extensão territorial;
- variedade de climas, que vão do temperado ao tropical;
- média de temperatura elevada na
maior parte da região durante todo o
ano;
- alto índice pluviométrico, influenciado
em certos períodos pelos fenômenos
El Niño e La Niña;
- cultivo intensivo durante a maior
parte do ano;
- baixo índice de rotação de culturas em
grande parte das regiões produtoras;
- uso constante de um único herbicida
(mesmo mecanismo de ação).
A maioria desses fatores é incontrolável
pelo homem, porém os produtores e os
engenheiros agrônomos que os assistem
podem interferir diretamente nos dois
últimos (rotação de culturas e de grupos
químicos e mecanismos de ação de herbicidas) e, assim, frear o avanço da resistência. É necessária basicamente uma
atitude preventiva.
Para que se obtenha êxito nessa tarefa,
são recomendados, na prática, o emprego do manejo integrado de plantas
daninhas (MIPD) de forma consistente e
a aplicação de produtos inovadores. O
MIPD é abordado no artigo “Manejo de
plantas daninhas, um conceito consagrado de uso cada vez mais atual”, de
autoria dos pesquisadores Fernando
Adegas, Dionísio Gazziero e Elemar Voll,
publicado nas páginas 4 a 6 desta edição. A aplicação de herbicidas inovadores, focalizada no artigo “O controle
químico no MIPD”, publicado na página
7, é uma nova frente em que a Bayer
CropScience vem investindo de forma
intensa nos últimos anos, inclusive com
o lançamento de produtos inovadores.
A empresa também vem se destacando
no manejo de resistência em campos experimentais e lavouras comerciais na
América Latina. Adicionalmente, a empresa ainda tem uma série de novidades
em desenvolvimento, as quais apresentam eventos genéticos diferenciados que
as qualificam como ferramentas promissoras para o futuro próximo.
Nos últimos anos, a Bayer CropScience
desenvolveu novas moléculas com alta
eficácia no controle de plantas daninhas, algumas das quais representam
avanços significativos na estratégia de
manejo de resistência liderada pela empresa. É o caso específico do glufosinato
de amônio, comercializado com a marca
Liberty, eficaz contra mais de 120 espécies de monocotiledôneas e dicotiledôneas e que vem demonstrando no
campo sua utilidade no controle de
plantas resistentes ao glifosato e aos inibidores de ALS.
A partir dessa molécula, desenvolveu-se
a tecnologia LibertyLink, que compreende variedades geneticamente modificadas e é atualmente a única alternativa
disponível para o controle de plantas resistentes ao glifosato. Essa nova tecnologia vem sendo aplicada com êxito nas
culturas de algodão, canola, soja e milho
e mostra potencial para ter o mesmo sucesso em outras culturas.
Há também soluções em desenvolvimento, com destaque para um herbicida
de uma nova classe química com efeito
diferenciado sobre plantas daninhas tolerantes aos inibidores de HPPD (enzima
hidróxi-fenil-piruvato-dioxigenase). Com
isso, antevê-se que os inibidores dessa
enzima serão opções atrativas para o manejo de plantas tolerantes no futuro.
Os cientistas e pesquisadores da Bayer
CropScience estão convencidos de que
são necessárias novas abordagens para
o controle de plantas daninhas ante o
crescente problema da resistência em
nível mundial. Nesse sentido, a empresa
trabalha em várias frentes para oferecer
soluções integradas dentro do MIPD,
incluindo sementes, traits, novos herbicidas e serviços especializados. Essa estratégia se completa com a concessão de
licenças de uso de traits, colocando suas
tecnologias ao alcance de empresas parceiras e permitindo que suas soluções
beneficiem um número maior de agricultores em todo o mundo.
Autor: Allen A. Dupré
IIIIIIIIIIIIIII IIIIII
Principais causas
2010 Correio 3
O encontro deu ênfase especial à divulgação e
discussão de soluções práticas e sustentáveis
4 Correio 2010
Plantas daninhas
Manejo integrado é a solução
IIIIIII II II IIIIIIIIIII II IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
Um conceito consagrad
de uso cada vez mais at
A adoção de um conjunto coordenado e equilibrado de medidas preventivas,
culturais, mecânicas e químicas para controlar as plantas daninhas é essencial para
preservar a produtividade das lavouras, principalmente em razão do surgimento de
espécies resistentes à ação de herbicidas
A
competição provocada
pelas plantas daninhas em uma lavoura
comercial pode resultar em perdas significativas na produção da cultura. Também pode dificultar a operação de
colheita, prejudicando a qualidade do
grão ou da semente. As plantas daninhas
competem principalmente por recursos
básicos ao desenvolvimento da soja,
como a água, a luz e os nutrientes. No
entanto, a necessidade por esses recursos
varia dentro do ciclo da cultura, razão
pelo qual se torna importante conhecer
as fases em que a interferência das plantas daninhas pode ser mais prejudicial
para a cultura.
Trabalhos nessa área são denominados
de estudos de “matocompetição” (competição das infestantes com a cultura) ou
de períodos de interferência. Basicamente, os experimentos são realizados
diretamente no campo, com os tratamentos sendo compostos por intervalos
de tempo em que a cultura é deixada “no
limpo”, isto é, sem a presença de plantas
daninhas, complementados por períodos
de convivência entre a cultura e as infestantes. Nesses experimentos, avaliase principalmente a produtividade da
cultura sob os intervalos de tempo estudados, resultando nos períodos mais críticos de competição.
Os experimentos de matocompetição
devem retratar condições próximas às de
lavouras comerciais, com atenção especial para os diversos fatores que estão
presentes no processo de interferência.
Pitelli (1985) relata que os principais fatores ligados às culturas são a variedade
utilizada, o espaçamento e a densidade
de semeadura. Em relação às plantas daninhas, destaca o tipo de espécies infestantes, a densidade e sua distribuição na
área. Pode-se acrescentar, ainda, os fatores edafoclimáticos, como o tipo de
solo e as suas propriedades físico-químicas, a taxa pluviométrica, a temperatura
e o sistema de produção adotado com as
diferentes tecnologias utilizadas.
todos de controle, balanceando a importância de cada um dentro do planejamento de manejo na propriedade.
A nossa realidade sugere algumas particularidades nos diversos métodos,
que são descritas a seguir.
Cuidados preventivos:
• Cuidados na aquisição de sementes e
mudas.
• Limpeza de máquinas e equipamentos,
especialmente as colheitadeiras.
• Manutenção de beiras de estrada, carreadores e terraços.
Planejamento de controle
A partir do conhecimento da fase crítica
de competição, é necessário realizar o
planejamento de controle, cujos princípios devem ser norteados pelo manejo
integrado. Didaticamente, pode-se definir o manejo integrado de plantas daninhas (MIPD) como sendo a seleção e a
integração de métodos de controle e o
conjunto de critérios para a sua utilização, com resultados favoráveis dos pontos de vista agronômico, econômico,
ecológico e social.
A passagem da forma atual de controle
de plantas daninhas para o manejo integrado pressupõe diminuir o empirismo e
aumentar o conhecimento científico
(Adegas, 1997), destacando quatro áreas
estratégicas:
A. Biologia e ecologia das plantas daninhas.
B. Relações de interferência entre as
plantas daninhas e a cultura.
C. Amostragem e parâmetros de controle.
D. Eficácia na seleção e no uso dos mé-
Práticas culturais:
• Diminuir as épocas de pousio.
• Produzir palhada para cobertura do
solo.
• Realizar a rotação de culturas, privilegiando as espécies ou cultivares que
gerem maior produção de massa, que
apresentem rápido crescimento e que
sofram decomposição de seus resíduos
de forma mais lenta; na escolha das
culturas em rotação, também é importante considerar os efeitos alelopáticos
positivos.
Controle mecânico:
• Sempre que se justifique, realizar capinas de repasse ou mesmo o controle
mecânico de forma integrada.
• Quando viável, substituir a operação
de manejo químico por mecânico.
Controle químico:
• Uniformizar as áreas de controle, dividindo-as em talhões homogêneos.
• Efetuar o levantamento da distribuição, do nível populacional e do está-
Plantas daninhas
o
ual
2010 Correio 5
IIIIIIIIIIIIIII
Plantas daninhas
Buva na soja
dio de desenvolvimento da flora infestante.
• Analisar as diversas alternativas de
produtos, levando em consideração os
aspectos de eficiência, eficácia, aplicabilidade e custo.
• Aprimorar a tecnologia de aplicação
dos herbicidas.
A nova realidade
Especificamente dentro do controle químico, dois assuntos, relativamente recentes, têm-se tornado importantes alvos
de discussão: a resistência de plantas daninhas aos herbicidas e o aparecimento
das culturas geneticamente modificadas
para resistência a herbicidas.
Resistência é a capacidade das plantas
daninhas sobreviverem à aplicação de
um herbicida, ao qual a mesma população era suscetível. É de ocorrência
natural, devido às plantas daninhas
evoluírem e se adaptarem às mudanças
do ambiente e ao uso de práticas agrícolas. O surgimento da resistência
ocorre por um processo de seleção de
biótipos resistentes já existentes nas
áreas de produção, principalmente pelas
aplicações continuadas de herbicidas
com o mesmo mecanismo de ação
(Gazziero et al, 2004).
A principal solução para evitar o aparecimento ou disseminação de plantas
daninhas resistentes é planejar o controle químico com a utilização de herbicidas de diferentes mecanismos de
ação. Pode-se, ainda, evitar a resistência das plantas daninhas realizando
algumas ações, como:
Capim-amargoso
• Rotação de culturas, com rotação de
herbicidas.
• Utilizar sementes isentas de infestantes resistentes.
• Acompanhar as mudanças na flora.
• Evitar a reprodução e disseminação
inicial de plantas daninhas resistentes.
• Realizar a limpeza de tratores, implementos, colheitadeiras e semeadoras.
Resistência ao glifosato
Em relação às culturas geneticamente
modificadas, a resistência ao glifosato,
que proporciona a utilização deste herbicida na pós-emergência das lavouras,
sem dúvida foi a tecnologia que resultou
em grandes modificações no manejo
IIIIIIIIIIIIIII
IIIIIIIIIIIIIII
6 Correio 2010
Buva suscetível + buva resistente
químico das plantas daninhas nestes
anos recentes, com destaque para a soja
RR, que foi o primeiro evento liberado
no Brasil, oficialmente na safra 2005/06,
consolidando o glifosato como o produto
mais utilizado para controle de infestantes na cultura da soja.
A utilização do glifosato em pós-emergência total pode ser desejável em algumas situações, como em áreas infestadas
com plantas daninhas de difícil controle
pelos demais herbicidas e em áreas com
alta infestação, normalmente oriundas
de pousio, de escape no controle ou por
outra razão qualquer. Outra situação
para esta utilização seria o histórico de
resistência de plantas daninhas aos herbicidas “convencionais”. A partir da dé-
Plantas daninhas
azevém (Lolium multiflorum), a buva
(Conyza bonariensis e Conyza canadensis) e o capim-amargoso (Digitaria insularis). Vale reforçar que o manejo
químico de plantas daninhas tem como
uma de suas premissas a rotação de herbicidas, não sendo desejável a utilização
de um único produto ininterruptamente.
Analisando o cenário atual da agricultura brasileira e mundial, pode-se afirmar que o manejo integrado de plantas
daninhas, que consiste na adoção de um
conjunto de medidas para prevenir e
controlar essas espécies, sempre foi recomendado e, com o surgimento das espécies resistentes, está cada vez mais em
evidência. O sistema traz benefícios para
toda a área de plantio e não apenas à
cultura que está no campo naquele mo-
mento, pois o produtor deve pensar no
manejo de plantas daninhas como um
benefício para a sua propriedade durante
o ano todo.
Portanto, em qualquer sistema de produção agrícola e em qualquer cenário de
matoinfestação, o controle de plantas
daninhas deve ser sempre norteado pelos
conceitos básicos do manejo integrado e
gerenciado por um engenheiro agrônomo responsável pela atividade.
▼
cada de 1990, principalmente nos sistemas de produção de grãos, foi constatado um aumento da resistência de
plantas daninhas a herbicidas, principalmente aos inibidores de ALS e ACCase.
Como o mecanismo de ação do glifosato
é a inibição da EPSPs, a sua utilização
seria interessante nesses casos, pois a
probabilidade de sucesso seria grande.
No entanto, a alta frequência de utilização do glifosato tem provocado uma
forte pressão de seleção de biótipos de
plantas daninhas resistentes a este ingrediente ativo, que já estão naturalmente
presentes na área, mas em baixa frequência. Em razão disto, já existe o
relato de 18 espécies resistentes ao glifosato no mundo (Heap, 2010), sendo
cinco no Brasil, com destaque para o
Autores: Fernando Storniolo Adegas –
Dr. engenheiro agrônomo; Dionísio
Luiz Pisa Gazziero – engenheiro agrônomo; e Elemar Voll – engenheiro
agrônomo – pesquisadores da Área de
Plantas Daninhas da Embrapa Soja –
Londrina, PR.
O controle químico no MIPD
O manejo integrado de plantas daninhas e, em particular, o
manejo de espécies resistentes inclui medidas como rotação de
culturas, limpeza de carreadores, limpeza de máquinas, capina
mecânica e controle químico com rotação de mecanismos de
ação. Os produtos químicos precisam integrar as culturas e o
sistema agrícola. Ante essa necessidade, a Bayer CropScience
disponibiliza aos produtores herbicidas de alta tecnologia
que proporcionam o manejo eficiente de plantas daninhas
resistentes.
No decorrer do ano agrícola, durante os meses de junho a outubro, ocorre à germinação de buva nas culturas de trigo, milho
safrinha, milho verão e soja.
Na cultura do trigo, a buva (Conyza bonariensis e Conyza canadensis) tem menos espaço e luminosidade para germinar e
se estabelecer. Mesmo assim, sua germinação começa no mês
de junho e seu desenvolvimento após a colheita do trigo, causa
dificuldades de controle na dessecação pré-semeadura de soja
ou milho verão. Como solução, o herbicida Hussar (inibidor de
ALS) apresenta excelente desempenho no manejo da matocompetição existente (folhas largas, aveia-preta, azevém e também
a buva já presente na entrelinha da cultura), além de proporcionar, após a colheita, uma baixa infestação de plantas daninhas, inclusive de buva, o que facilita a dessecação para
posterior semeadura das culturas de soja e milho verão.
Após a colheita do trigo, o Finale (inibidor da glutamina sintetase) é indicado para dessecação antes da semeadura, atingindo o status de dessecante padrão, proporcionando excelente
eficiência no controle de várias plantas daninhas e da buva resistente em diferentes estádios e infestações. Com mecanismo
de ação novo no sistema agrícola, Finale contribui para a quebra de resistência de plantas infestantes que adquiriram resistência, contribuindo para o estabelecimento inicial das culturas
de soja e milho verão sem a presença de plantas mal controladas na dessecação.
Para a cultura do milho verão, uma das novidades no segmento
de herbicidas é o Soberan (inibidor da síntese do caroteno), que
controla folhas largas, folhas estreitas e a buva resistente já
estabelecida na lavoura. Assim, contribui para o total controle
das plantas daninhas, sem causar qualquer tipo de estresse à
lavoura de milho. Em outro momento, no milho safrinha, existe
a necessidade de produtos com residual, pois na fase final da
cultura durante junho/julho ocorre a germinação de algumas
plantas infestantes, inclusive a buva resistente, que será um
fator preocupante para os produtores após a colheita do milho.
Como solução, Soberan é uma ferramenta de manejo que irá
controlar todas as plantas daninhas no momento da aplicação,
conferindo o residual necessário para redução do banco de sementes, além de facilitar o manejo pós-colheita no milho safrinha no momento da dessecação, quando se nota menor
germinação do complexo de espécies, em especial a buva.
O Manejo de Plantas Daninhas da Bayer CropScience apresenta uma proposta que integra as culturas de trigo, milho safrinha, milho verão e soja, com três herbicidas com diferentes
mecanismos de ação, permitindo que o produtor utilize um manejo adequado, eliminando as plantas daninhas resistentes e
prevenindo-se contra o aparecimento de novas espécies resistentes em sua lavoura.
Novidade – A questão da resistência e tolerância de plantas
daninhas a herbicidas é um assunto prioritário para a
Bayer CropScience e mundialmente a empresa faz altos investimentos em pesquisa e no desenvolvimento de soluções inovadoras que auxiliem os produtores a manejar de forma
adequada essas plantas, que prejudicam de forma significativa
a produtividade das lavouras.
Seguindo essa estratégia, a unidade brasileira da empresa lançou o programa Muito Mais Manejo, cujo objetivo é oferecer
aos agricultores soluções inovadoras, assistência técnica especializada e também sobre práticas que contribuam para o manejo integrado de plantas daninhas (MIPD).
Autor: Desenvolvimento de Mercado – DN Sul Bayer CropScience.
2010 Correio 7
8 Correio 2010
Algodão
Tecnologia LibertyLink
IIIIIII II II IIIIIIIIIII II IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
Lavouras limpas e
mais produtivas
Simplificando o manejo de plantas daninhas, o Algodão LibertyLink contribui
para que o produtor obtenha maior rendimento e fibras com mais qualidade
Algodão
A
s plantas daninhas, ao
competirem por luz, água e nutrientes,
são um dos principais obstáculos para
que a cultura do algodão alcance plenamente seu potencial produtivo. Além
disso, afetam as operações de colheita,
pois seus resíduos se misturam à pluma
do algodão, depreciando sua qualidade e
reduzindo seu valor comercial. Nos últimos anos, esse problema foi agravado
com o desenvolvimento de várias espécies de plantas daninhas resistentes aos
herbicidas de uso tradicional.
Ante esse quadro e considerando as
perspectivas de crescimento da cotonicultura brasileira, cuja área plantada
deve chegar a um milhão de hectares na
safra 2010/11, a Bayer CropScience desenvolveu a tecnologia LibertyLink, que
marca o ingresso da empresa no segmento brasileiro de sementes geneticamente modificadas, com a única resistente ao glufosinato de amônio, o herbicida mais efetivo contra plantas daninhas hoje disponível.
O Algodão LibertyLink contém o gene
bar, responsável por codificar a proteína
PAT, que confere tolerância ao herbicida
glufosinato de amônio e permite o controle de plantas daninhas sem afetar a
planta de algodão. Conhecido desde o
início da década de 1980, este gene é
uma versão modificada do gene isolado
da bactéria natural do solo Streptomyces
Hygroscopicus e já é utilizado fora do
Brasil em lavouras comerciais de algodão, milho e canola.
Ao optar pelas sementes LibertyLink, o
agricultor pode pulverizar o herbicida
sobre as plantas em qualquer época, eli-
minando as plantas daninhas sem afetar
o algodão. Isso simplifica o manejo, aumenta as opções para um controle mais
efetivo e flexível das infestantes e proporciona melhor desenvolvimento da
planta. Na linguagem do campo, significa menos capina e o fim da corda-deviola, do leiteiro resistente, do picãopreto e de outras plantas que comprometem a produtividade e a qualidade do
algodão. Com essa nova tecnologia, o
produtor não só passa a ter maior liberdade para planejar as operações na cultura, como tem à mão o herbicida
glufosinato de amônio, opção adequada
para o manejo de plantas daninhas resistentes ou de difícil controle.
Resultados
Para avaliar a tecnologia LibertyLink no
controle de plantas daninhas em condições de lavoura comercial, foi instalada
em 2009 uma área comparativa na Fazenda São Francisco, em Rondonópolis,
MT. A variedade FiberMax 966 LL foi
comparada com a convencional FiberMax 933. Ambas foram semeadas e
conduzidas em regime adensado.
A adubação, o manejo de pragas e doenças e a aplicação de regulador de crescimento foram iguais para as duas
variedades, de acordo com as recomendações para a cultura. Na área com
Algodão LibertyLink, foi aplicado o herbicida glufosinato de amônio juntamente com os inseticidas, fungicidas e o
regulador de crescimento recomendados,
sem que fosse registrado qualquer problema ou incompatibilidade.
Sete dias após cada tratamento para
controle de plantas daninhas, foram feitas avaliações. Para isso, foram selecionados ao acaso dez pontos de um m2 por
parcela, totalizando 30 pontos por trata-
2010 Correio 9
10 Correio 2010
Algodão
Tabela 1. Plantas daninhas presentes no momento da aplicação dos
herbicidas em algodão adensado. Rondonópolis, 2009
Nome comum
Plantas/m2
Leiteiro
105
Ipomoea grandifolia
Corda-de-viola
23
Cenchrus echinatus
Carrapicho-rasteiro
16
Digitaria insularis
Capim-amargoso
15
Picão-preto
36
Nome científico
Euphorbia heterophylla
Bidens pilosa
Tabela 2. Tratamentos de herbicidas realizados na pós-emergência em
algodão adensado. Rondonópolis, 2009
Avaliação
FiberMax 966 LL
FiberMax 933
Pós-emergentes
14 DAE
Glufosinato de amônio
(2,5 L/ha) +
Aureo (0,5 L)
29 DAE
41 DAE
Pyrithiobac Sodium (0,18 L/ha p.c) +
Trifloxysulfuron (0,003kg/ha p.c) +
Haloxyfop-p-methyl (0,4 L/ha p.c) +
óleo mineral parafinico 0,2%
Pyrithiobac Sodium (0,15 L/ha p.c)+
Trifloxysulfuron (0,007 kg/ha p.c) +
Haloxyfop-p-methyl (0,4 L) +
óleo mineral parafinico 0,2%
Glufosinato de amônio
(2,5 L/ha) +
Aureo (0,5 L)
DAE = dias após a emergência
Tabela 3. Porcentagens de controle em algodão adensado das espécies de plantas
daninhas na variedade LibertyLink e na variedade convencional FiberMax 933.
Rondonópolis, 2009
Plantas daninhas
Algodão FiberMax 966 LL
Algodão FiberMax 933
% de controle de plantas daninhas por m2
21 DAE
48 DAE
62 DAE
21 DAE
36 DAE
Leiteiro
100
98
92
100
78
Corda-de-viola
100
100
100
100
100
Carrapicho-rasteiro
100
100
100
100
98
Capim-amargoso
94
100
100
85
96
Picão-preto
100
100
100
84
98
mento. Em cada ponto, foram identificadas as espécies e o número de plantas
presentes. A contagem de espécies de infestantes, os tratamentos efetuados e os
resultados medidos são descritos nas tabelas 1, 2 e 3.
Vale ressaltar que, na lavoura com a tecnologia LibertyLink, onde se utilizou o
herbicida à base de glufosinato de amônio, não foram verificados sintomas de
fitotoxicidade e o controle de todas as
espécies foi excelente. O mesmo não
ocorreu na lavoura que recebeu o tratamento padrão da fazenda, pois as espécies Euphorbia heterophylla, Digitaria
insularis e Bidens pilosa apresentaram
índice de controle mais baixo.
De forma geral, os resultados mostraram
que o manejo com a adoção da tecnologia LibertyLink, somada a aplicações de
glufosinato de amônio, contribuiu para
a diminuição ou eliminação das plantas
daninhas no período de maior mato-
Algodão
IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
Limpeza na lavoura é
característica marcante da
tecnologia LibertyLink
são Técnica Nacional de Biossegurança
(CTNBio).
A tecnologia LibertyLink foi disponibilizada aos cotonicultores na safra 2009/10
por meio da variedade FiberMax 966 LL,
da Bayer CropScience, e de outra variedade do IMA – Instituto Matogrossense
do Algodão, que, por contrato de licenciamento, também disponibiliza essa
nova tecnologia.
Nos próximos anos, a Bayer CropScience
colocará no mercado outras variedades
FiberMax com a tecnologia LibertyLink,
possibilitando que cada vez mais o produtor produza mais e com melhor qualidade de fibra e, desse modo, aumente
sua rentabilidade e sua competitividade
no mercado global.
▼
competição, evitando consequências negativas no desenvolvimento da planta e
na qualidade da fibra. Além disso, indicaram que o glufosinato de amônio desempenha importante papel no manejo
de resistência das plantas daninhas na
cultura.
O Algodão LibertyLink foi lançado no
mercado internacional em 2004 e está
em uso comercial na Austrália, nos Estados Unidos, México e Brasil. No País,
foi submetido à aprovação das autoridades regulatórias em meados de 2004
e obteve autorização para uso em 2008.
Sua comercialização teve início da safra
2009/10. É o primeiro produto geneticamente modificado comercializado pela
Bayer CropScience no Brasil e o primeiro na classe de uso seletivo de
herbicidas totais aprovado pela Comis-
Autor: Allen A. Dupré.
Qualidades comprovadas em plantios comerciais
Os bons resultados dos campos demonstrativos, como o
instalado na Fazenda São Francisco, em Rondonópolis,
MT, geraram grande expectativa entre os produtores
quanto aos benefícios que a tecnologia LibertyLink incorporada às variedades FiberMax poderia proporcionar.
Alguns dos maiores cotonicultores do País, com presença
nas principais regiões de produção do Cerrado, utilizaram
sementes FiberMax 966 LibertyLink em suas lavouras e
ficaram satisfeitos com os resultados obtidos, conforme
revelam os depoimentos a seguir.
Cultura limpa
Plantei aproximadamente 20% da área de minha propriedade com Algodão LibertyLink. O que mais me deixou impressionado com essa nova tecnologia foi o fato de a
cultura, nessa área, ter ficado limpa. Nossa região registra infestações grandes de plantas daninhas e já começamos a enfrentar o problema de aparecimento de
resistência de várias espécies aos herbicidas. Na área
plantada com o algodão LibertyLink, o controle se mostrou
bastante eficaz, proporcionando economia em tratamentos. Assim, podemos afirmar com segurança que essa tecnologia é muito bem-vinda e cumpre bem a finalidade a
que se propõe.
Sérgio de Marco, produtor com propriedades em Mato
Grosso, vice-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa).
Mais tempo para planejar
O produtor de algodão tem dois problemas principais
hoje: carência de mão de obra especializada e altas infestações de plantas daninhas, que competem com o algodoeiro, prejudicando sua produção e comprometendo a
qualidade das fibras. O Algodão LibertyLink contribui
para solucionar os dois problemas. Exige menos operações
de capina e possibilita um controle muito mais eficaz das
plantas daninhas, além de proporcionar mais tempo ao
produtor para que planeje as operações de manejo, efetuando o tratamento no momento que julgar mais conveniente. Como resultado de tudo, há ganhos de
produtividade e qualidade e redução de custos.
Alexandre Augusto da Silva, engenheiro agrônomo e
consultor técnico, diretor da TAG Consultoria, com sede
em Goiânia, GO. Foi responsável por várias áreas de lavouras comerciais plantadas com Algodão LibertyLink,
principalmente em São Desidério, BA, e Campo Novo do
Parecis, MT.
Uma ferramenta a mais
O Algodão LibertyLink é uma ferramenta a mais com que
o produtor pode contar. Facilita o manejo da cultura no
que diz respeito ao controle de plantas daninhas, permitindo que o produtor escolha melhor o “timing”, ou seja,
o momento mais adequado para a aplicação de herbicidas
na lavoura. Assim, favorece a escala de produção, possibilitando a expansão da área de plantio de algodão em
localidades onde há maior infestação. Isso porque, em termos de tempo, a “janela” de produção do algodão é estreita e temos que utilizá-la bem. Além disso, no processo
de colheita mecanizada, a lavoura limpa evita a contaminação do algodão com sementes e extratos de ervas daninhas.
Isaias Frederico Altoe, engenheiro agrônomo da Vanguarda do Brasil S.A., com propriedades em Nova Mutum
(sede), Campo Novo do Parecis, Diamantino, Tabaporã e
Tangará da Serra, todas em Mato Grosso.
2010 Correio 11
Soja
Tratamento de sementes é prática avançada
IIIIIII II II IIIIIIIIIII II IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII III I
Pragas iniciais são
risco à produtividade
O controle das pragas iniciais, por meio do tratamento de sementes, é fundamental para a
obtenção de rendimentos elevados na cultura da soja. E é adequado, do ponto de vista ambiental,
pois preserva predadores e outros organismos úteis para o desenvolvimento da lavoura
A
soja é uma planta com
características extraordinárias de qualidade, contendo aproximadamente
40% de proteína e 18% óleo no grão,
além de outros elementos nutricionais
valorizados no mercado. É uma planta
cultivada em larga escala e com contínua evolução no rendimento de grãos.
A germinação uniforme e o estabelecimento vigoroso de plântulas são os
processos mais importantes de manejo
para altos rendimentos de grãos. A proteção de sementes para garantir populações uniformes e de acordo com as
características genéticas de cada cultivar é uma das práticas que evoluiu com
a estabilidade da produção.
As pragas iniciais constituem-se em
fator limitante nos processos produtivos e podem ser agrupadas de acordo
com a localização no perfil do solo e na
planta da soja em três categorias: subterrâneas, de superfície e da parte aérea
das plantas.
• Subterrâneas - As pragas-de-solo
subterrâneas consomem sementes e
raízes. As espécies mais frequentes
são: Corós (Phyllophaga spp., Liogenys
fuscus, Anomala sp.), gorgulho-do-solo
(Pantomorus spp. e espécies afins),
larva-arame (Conoderus sp.), percevejo-castanho (Scaptocoris castanea) e
cochonilha-da-raiz (Pseudococcus sp.).
• Superfície - As pragas de superfície
do solo vivem sob resíduos de palha e
atacam o colo das plantas de soja. As
espécies mais frequentes são: broca-do-
colo (Elasmopalpus lignosellus), grilo-marrom (Anurogryllus muticus), lagartas cortadoras do colo (Agrotis
ipsilon, Feltia sp., Spodoptera frugiperda), tamanduá-da-soja (Sternechus
subsignatus), percevejo-barriga-verde
(Dichelops spp.) e cigarrinha (Ceresa
brunnicornis).
• Parte aérea - Estas pragas consomem
cotilédones e folhas. As espécies mais
frequentes são: vaquinhas (Diabrotica
speciosa, Diphaulaca volkameria, Megascelis satrapa, Cerotoma sp., Maecolaspis sp.), burrinho (Epicauta spp.),
torrãozinho (Aracanthus mourei) e trips
(Caliothrips phaseoli).
também a área de solo ocupada pela
planta. Por exemplo, as populações de
trigo, soja e milho são, respectivamente, de 300, 30 e seis plântulas por
metro quadrado. A dose de inseticida
deve considerar o número de plantas
a serem protegidas e a área de solo
ocupada por planta. Populações maiores, como as de trigo e também de
arroz, necessitam de menor quantidade de produto por semente do que
populações menores, como as de
Controle
A eficácia no controle de pragas depende do ingrediente ativo e da dose
do inseticida, que deve ser calculada
com base na necessidade de cada
plântula. A semente é o veículo que
leva o ingrediente ativo até o solo
para ser absorvido pelas raízes. A relação do tamanho da semente com a
dose de inseticida é semelhante à relação do volume de água na calda
para aplicação aérea de produtos fitossanitários. Portanto, cada semente
deve ter a dose necessária para proteger a plântula contra pragas iniciais.
Por exemplo, 300 mil plântulas de soja
por hectare necessitam de 100 ml de
inseticida para protegê-las contra pragas. Ou seja, cada plântula necessita
de 333 nanolitros do inseticida para a
proteção efetiva, independentemente
do tamanho ou do peso da semente.
Além do aspecto relacionado à dose
por plântula, deve ser considerada
IIIIIIIIIIIIIII
12 Correio 2010
Vaquinha-verde-amarela (Diabrotica speciosa)
Elasmopalpus lignosellus
Phyllophaga triticophaga
modo, a germinação e o desenvolvimento de plântulas vigorosas determinam o potencial de lavouras para
altos rendimentos.
malmente, constata-se a proteção efetiva até a segunda folha trifoliolada,
aproximadamente três semanas depois
da semeadura.
De forma geral a circulação sistêmica
de inseticidas é acropetálica, ou seja, da
base para as extremidades distais. Inseticidas convencionais aplicados na
parte aérea não circulam das folhas
para o colo das plantas nem para o sistema radicular. Portanto, as aplicações
na parte aérea das plantas não substituem o tratamento de sementes, quando
o objetivo é proteger as partes subterrâneas e o colo das plantas de soja.
O desfolhamento e os estresses nas
fases iniciais causados por pragas
tornam a planta sensível a fungos
causadores de tombamento e à infecção de doenças, que resultam na
morte súbita de plantas adultas na
fase de enchimento de grãos. Desse
Conclusão
O planejamento de lavouras para produções estáveis e rendimentos elevados
exige eficiência em todos os processos
de manejo. A proteção de sementes e
plântulas para a germinação uniforme
e o estabelecimento de populações vigorosas é a base que determina o aumento no rendimento de grãos.
▼
milho e soja. Porém, de forma geral,
prevalece a necessidade de ingrediente
ativo por plântula.
O uso de inseticidas em sementes é uma
das práticas de aplicação dirigida com
menor impacto negativo sobre o ambiente e sobre organismos úteis. O tratamento de sementes cobre menos dea
1% dessa área, atingindo apenas o alvo
desejado: a semente e a plântula. Com
isso, são preservados predadores, parasitoides e outros animais benéficos.
O tempo de persistência ou de controle
efetivo varia com o crescimento da
planta. O inseticida aplicado na semente e absorvido pelas raízes tem capacidade de proteger o colo, os
cotilédones, as folhas unifolioladas e a
primeria folha trifoliolada. Sob temperaturas mais elevadas e condições favoráveis, a planta cresce rapidamente
e o período de proteção é menor. Nor-
IIIIIIIIIIIIIII
Feltia sp
IIIIIIIIIIIIIII
IIIIIIIIIIIIIII
2010 Correio 13
Autor: Dirceu Gassen – Engenheiro
Agrônomo– Gerente Técnico da Cooplantio – Cooperativa dos Agricultores
de Plantio Direto – Eldorado do Sul,
RS.
Tratamento inseticida-nematicida completo
Proteger a semente lançada no solo, permitir uma boa emergência e promover
um crescimento inicial vigoroso aos cultivos é um fator essencial para manter o
máximo do potencial produtivo geneticamente contido neste órgão de propagação,
com valor agregado cada vez maior como veículo de tecnologias.
As plântulas de soja, a partir da emergência, são alvo do ataque de diferentes
classes de pragas, mastigadores, sugadores e também nematóides fitófagos.
A Bayer CropScience oferece com um único produto, CropStar, um tratamento
de sementes inseticida-nematicida completo, proporcionando proteção amplificada contra todas essas diferentes classes de pragas. Além disso, o produto promove o efeito força anti-stress, que deixa a cultura muito vigorosa no período
em que se define o seu rendimento.
Autor: Desenvolvimento Técnico Inseticidas Bayer CropScience.
Indicações de CropStar em soja:
Pragas controladas
Nome comum
Vaquinha-verde-amarela
Piolho-de-cobra
Corós
Lagarta-elasmo
Nematoide-das-lesões-radiculares
Nematoide-de-galhas
Nome científico
Diabrotica speciosa
Jullus hesperus
Phyllophaga cuyabana
Liogenys sp.
Elasmopalpus lignosellus
Pratylenchus brachiurus
Meloidogyne javanica
Doses
mL/100 kg
sementes
300
300
300
500 a 700
500 a 700
500 a 700
Soja
Estas pragas têm causado prejuízos crescentes
IIIIIII II II IIIIIIIIIII II IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII III II III II III I
Percevejos exigem
atenção especial
O aumento da população de percevejos preocupa, em razão dos crescentes
prejuízos que esses insetos provocam e da sua sobrevivência no período de entressafra,
colocando em risco as safras seguintes
IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
14 Correio 2010
O período mais preocupante de ataque vai do
enchimento dos grãos até a colheita, quando as
plantas estão mais vulneráveis
Soja
D
entre as pragas que atacam a
parte aérea da soja, os percevejos fitófagos são considerados como as mais importantes. Várias são as espécies que
ocorrem nessa cultura na região de Cerrado. As de maior frequência e importância econômica são Euschistus heros
(percevejo-marrom) e Piezodorus guildinii (percevejo-verde-pequeno). Outras
como Nezara viridula, Acrosternum sp.,
Edessa meditabunda, Neomegalotumus
parvus, Dichelops melacanthus são consideradas secundárias, mas formam um
complexo de percevejos que deve ser observado com muita atenção pelos produtores, por apresentar os mesmos hábitos
e causar danos semelhantes aos das
principais espécies. De todos, o percevejo-verde-pequeno é o mais nocivo,
possuindo a saliva mais tóxica e provocando altos índices de retenção foliar.
Os danos causados por esses insetos incluem chochamento, mal-formação de
grãos e abortamento de vagens. Os grãos
atacados ficam menores, enrugados,
chochos e com cor mais escura que a
normal.
Os danos dos percevejos são causados
por meio da inserção de seus estiletes
(aparelho bucal), injetando substâncias
histolícas (que destroem tecidos) e extraindo porções líquidas e nutritivas para
sua alimentação. Na fase de desenvolvimento vegetativo até a floração, os percevejos não causam danos à cultura da
soja, embora se alimentem de seiva extraída de ramos, hastes e folhas. A fase
mais vulnerável e preocupante é que vai
do enchimento dos grãos até a colheita.
Hábitos
É interessante conhecer os hábitos dos
percevejos para promover seu controle
de forma mais adequada. Alguns dados
que merecem atenção são os seguintes:
• Os insetos colonizam as lavouras pelas
bordaduras.
• Os primeiros percevejos que chegam
às plantas de soja são normalmente
adultos em final de ciclo, cujo vigor
já está comprometido, com capacidade reprodutiva afetada e longevidade curta.
• Na fase adulta, os percevejos permanecem na parte superior das plantas
no período da manhã.
• Na fase jovem (ninfas), localizam-se
no terço médio (entre as vagens), local
de difícil penetração dos inseticidas
devido à arquitetura da planta.
• O alimento principal dos percevejos
(ninfas e adultos) são os grãos, sendo
que no período vegetativo da cultura
da soja esse alimento está em falta
por ainda não haver vagens. Assim,
muitas vezes as ninfas não conseguem concluir o desenvolvimento e
morrem sem causar danos à lavoura.
• A incidência populacional na fase vegetativa da soja é decorrente do deslocamento dos percevejos dos pontos
onde passaram o período de entressafra (inverno). No Cerrado, o percevejo-marrom migra na entressafra
para as áreas de reservas naturais, que
permanecem verdes nesse período.
População crescente
Nos últimos anos, tem-se observado um
aumento substancial na população dos
percevejos na região central do Brasil.
Acredita-se que esse aumento tenha
ocorrido devido à mudança no comportamento desses insetos, adaptando-se às
mudanças no agroecossistema, como a
maior utilização do solo com cultivos de
safras de verão, safrinha e de inverno.
Com isso, os insetos têm encontrado
oferta de alimento durante o ano todo.
Este fator, associado às condições de
clima quente características do Cerrado,
fez com que os percevejos se adaptassem a outras espécies vegetais (hospedeiras alternativas), tanto para alimentação como para reprodução, não
necessitando entrar em diapausa alimentar nesses períodos.
Estudos realizados na região de Cerrado
no município de Rio Verde, GO, pela
2010 Correio 15
16 Correio 2010
Soja
IIIIIIIIIIIIIII
Gráfico 1. Sobrevivência de Euschistus heros em diferentes hospedeiros alternativos, em cultivo de safrinha. Rio Verde, GO.
Universidade de Rio Verde - Fesurv, com
o objetivo conhecer a dinâmica dos
percevejos no período pós colheita da
soja (safrinha e entressafra) verificaram as seguintes situações:
• no cultivo de safrinha, os percevejos
se alimentam e se reproduzem nas
culturas de girassol, trigo e feijão e
em áreas de pousio sem dessecação;
• em áreas de pousio sem dessecação,
adaptaram a alimentação e a reprodução a algumas espécies de plantas
daninhas, como carrapicho-de-carneiro (Acanthospernum australe),
maria-pretinha (Solanum americanum), braquiarão (Brachiaria brizanta), timbete (Cenchrus echinatus),
trapoeraba (Commelina benghalensis), amendoim-bravo (Euphorbia heterophylla) e tiguera de soja;
• na safrinha, não se reproduzem nas
culturas de milho e sorgo, apresentando apenas preferência alimentar
por essas plantas;
• em áreas totalmente dessacadas, não
se observou a presença de percevejos
entre os meses de maio a novembro
sob palhadas;
• após a colheita da safrinha, os percevejos se abrigam nas áreas de reservas nativas, permanecendo nesses
locais até o plantio seguinte de soja;
• em condições de cerrado, os percevejos não se protegem sob as palhadas
após a colheita da safrinha como
pode ocorrer em outras regiões de
clima mais ameno (conforme demonstra o gráfico 1).
Estudos mais recentes realizados pela
mesma universidade, com intuito de
avaliar em condições de laboratório
a adequabilidade dos percevejos em
plantas hospedeiras alternativas (plantas daninhas), verificou-se que o percevejo-marrom (E. heros), apresentou
longevidade média de 59 dias quando
confinado em diferentes plantas daninhas. As maiores longevidades foram
observadas nas espécies do quadro
abaixo:
Trapoeraba (C. benghalensis)
76,3 dias
Picão-preto (Bidens pilosa)
68,7 dias
Maria-pretinha (S. americanum)
64,0 dias
Joá-de-capote (N. physaloides)
63,7 dias
Erva-de-touro (T. procumbens)
56,6 dias
Canela-de-perdiz (C. grandulosus) 52,0 dias
Buva (C. canadensis)
46,0 dias
Apaga-fogo (A. tenella)
44,7 dias
▼
O conhecimento da dinâmica populacional e da preferência alimentar dos
percevejos no período de entressafra da
soja é de grande importância para as
tomadas de decisão no manejo pós-colheita, objetivando reduzir a população
desses insetos nas safras seguintes e
compreender com mais clareza as razões do aumento substancial de suas
populações nos últimos anos.
IIIIIIIIIIIIIIIII
Percevejo-verde-pequeno (Piezodorus guildinii)
Autores: Jurema F. Rattes - Profª
Drª da Universidade Rio Verde-Fesurv.
Departamento
Entomologia;
MS
Gilvane Luis Jakoby, Assistente
Técnico da Rattes Consultoria e
Pesquisa – Rio Verde, GO.
Soja
Controle com inseticida de ação residual
Após anos de pesquisa criteriosa, foram estabelecidos pela Emprapa Soja os níveis de dano para percevejos na soja.
Estes índices são de dois percevejos por metro em lavouras para grãos e de um percevejo por metro em lavouras
destinadas à produção de sementes, considerando percevejos adultos ou ninfas maiores que 0,5 cm e batendo apenas
uma fileira de soja sobre o pano, em lavouras no início da formação de vagens e enchimento de grãos.
Sempre que estes parâmetros não forem observados e a infestação de percevejos aumentar em demasia, para só então
tomar-se a decisão de controle, é muito grande a probabilidade de não se conseguir reduzir a população abaixo do
nível de dano. Os percevejos que sobram repovoam rapidamente a lavoura de soja, exigindo novas aplicações em
intervalos mais curtos, com doses máximas, levando a um maior desequilíbrio no ambiente da cultura.
O controle realizado dentro dos índices preconizados favorece a obtenção de maior tempo de proteção com o uso de
produtos de maior ação residual. Assim pode-se trabalhar com doses normais e com menor número de aplicações.
A Bayer CropScience tem em seu portfólio um produto que atende plenamente esta necessidade. Trata-se de Connect,
inseticida sistêmico que traz em sua fórmula a mistura de dois ingredientes ativos de grupos diferentes e modos
de ação distintos: imidacloprid (neonicotinóide) e betaciflutrina (piretróide). Os gráficos 1 e 2 mostram a eficácia de
Connect no controle do percevejo-marrom em Primavera do Leste, MT.
Connect - recomendações de uso
Para o controle dos percevejos na soja, as recomendações são as seguintes:
Dose: 0,6 a 0,75 L/ha.
Época de aplicação: no início da fase reprodutiva, com índices de um a dois percevejos por pano de batida.
Reaplicação: repetir a aplicação, se necessário, em 10 a 14 dias, ou quando os índices para o controle forem
atingidos novamente.
Autor: Desenvolvimento Técnico Inseticidas - Bayer CropScience.
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18 Correio 2010
Milho Bt
Medida protege contra sugadores e mastigadores
IIIIIII II II IIIIIIIIIII II IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII III II III II III II III II III II III
Tratamento de sementes
complementa manejo
Milho Bt
O milho geneticamente modificado
(Bt) resiste ao ataque de lepidópteros,
com destaque para a lagarta-docartucho, principal praga da cultura
no Brasil. Porém, não dispensa a
necessidade de tratamento
de sementes para controle de
sugadores e outros mastigadores
N
os últimos 30 anos, a produção de
milho no Brasil mais que triplicou, enquanto a
área plantada cresceu cerca de 16%, de acordo
com o IBGE. Isso foi consequência do aumento
da produtividade nas lavouras, resultante principalmente da capacidade gerencial dos produtores, que adotaram tecnologias avançadas,
dentre as quais merecem destaque maior a correção e a fertilização do solo, o plantio direto,
o uso de sementes melhoradas e a aplicação de
técnicas de manejo integrado de pragas, plantas
daninhas e doenças.
A partir de 2008, os produtores de milho brasileiros passaram a contar com mais um avanço
tecnológico: os híbridos Bt (híbridos geneticamente modificados com a tecnologia Bacillus
thuringiensis). Já na safra 2009, a área plantada
do híbrido Bt alcançou aproximadamente cinco
milhões de hectares, correspondendo a 35% da
área plantada com milho no Brasil. Isso significou o maior aumento absoluto de área com
sementes geneticamente modificadas em comparação com os demais países produtores, traduzindo também o grande benefício que
proporciona aos agricultores.
A tecnologia Bt consiste na modificação genética do milho, por meio da introdução neste de
2010 Correio 19
genes da bactéria Bacillus thuringiensis, originalmente encontrada no solo
e que produz proteínas tóxicas para
determinadas ordens de insetos. Em
forma de cristal, essas proteínas contêm um núcleo inseticida, para cuja
liberação é necessária a sua ingestão
pelos insetos e que o pH no interior
do intestino destes seja alcalino. Após
a liberação desse núcleo ativo, este se
liga a receptores específicos na parede
do intestino, destruindo-o e levando
o inseto à morte.
Híbrido P30F53 Bt sem tratamento de
semente. Menor estande devido ao
ataque de lagartas Spodoptera acima
do quarto ínstar
Pragas
Para híbridos Bt, a necessidade de um
tratamento de semente continua para
o controle de mastigadores, mesmo
naqueles com a presença da proteína
Cry1F. O mesmo ocorre para as pragas
Autor: Francisco Lozano Leonel Junior
Engenheiro Agrônomo - Gerente de
Pesquisa de Inseticidas - Bayer CropScience.
▼
Sugadores e
mastigadores
sugadoras, pois, para este grupo, o híbrido Bt não tem ação. No caso de
tratamento foliar no milho Bt, o monitoramento também se faz necessário, pois pode haver situações de alta
pressão de insetos nas quais o controle complementar com inseticidas
específicos pode ser necessário.
Há algumas situações de campo em
que a lagarta Spodoptera está presente
no plantio ou mesmo antes, como em
um plantio direto e sem manejo de
palhada. Nessa situação ou em regiões
onde há presença da cultura em diferentes estágios, a lagarta Spodoptera
pode estar presente em ínstares mais
avançados durante os estágios iniciais
de desenvolvimento da cultura, causando o corte de plantas Bt e a consequente redução de estande.
O tratamento de sementes com
CropStar mostrou-se uma ferramenta
adequada no milho Bt. Os estudos resumidos nos gráficos 1, 2 e 3 mostraram uma perfeita manutenção de
estande tanto em casos de infestação
de lagartas com hábito de cortar a
planta, quanto no controle mais efetivo no percevejo-barriga-verde. O
tratamento também contribui para o
manejo de resistência, um dos requisitos obrigatórios legais da aplicação
da nova tecnologia Bt.
Como conclusão, pode-se afirmar que
o tratamento de sementes efetuado de
forma correta e com produtos completos e mais eficientes, como é o caso de
CropStar, assegura que o emprego das
novas tecnologias de modificação genética seja acompanhado dos níveis
desejados de produtividade e custos.
No Brasil, o milho Bt apresenta-se
com proteínas específicas para o controle de lepidópteros, com destaque
para a lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda), principal praga da
cultura no País.
A presença dessa lagarta ocorre desde
a emergência até o espigamento da
cultura, podendo ocasionar perdas de
até 34%, resultantes do corte de plantas no início de desenvolvimento, no
desfolhamento e no ataque nas espigas. Um segundo grupo de insetospraga que limita a produtividade é o
dos sugadores, cujo principal representante é o percevejo-barriga-verde,
com duas espécies principais, Dichelops furcatus e D. melacanthus. A presença dessa praga na lavoura é
observada nos estágios iniciais e os
danos que provoca, já em baixas populações, podem chegar a perdas de
até 30 %, com morte de plântulas, redução de vigor e perfilhamento. O
manejo dessas duas espécies inclui o
controle químico em tratamento de
sementes e em aplicação foliar.
Em se tratando de um híbrido convencional, há necessidade de um tratamento de semente completo para
ambos os grupos, mastigadores e sugadores. Nesse caso, o inseticida
CropStar apresenta o melhor desempenho para este complexo de pragas.
Em sequência a este tratamento de semente e de acordo com o monitoramento se fazem as pulverizações.
IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
Milho Bt
IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
20 Correio 2010
Híbrido P30F53 Bt tratado com
CropStar. Com estande normal devido
à proteção contra ataque de lagartas
Spodoptera acima do quarto ínstar
Adulto de percevejo-barriga-verde
IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
Dano na folha causado por
percevejo-barriga-verde
IIIIIIIIIIIIIIII
IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
Milho Bt
Planta de milho atacada por
percevejo-barriga-verde
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22 Correio 2010
Cana-de-açúcar
Controle deve ser iniciado antes do nível de dano econômico
IIIIIII II II IIIIIIIIIII II IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII III II III II III II III II III II III II III II III II III II III II III II III II III II II II III II III II III I
Cigarrinha-das-raízes
ameaça produtividade
Áreas com população baixa da praga em geral respondem bem ao controle biológico.
Porém, quando a população está próxima ou acima do nível de dano econômico,
o controle químico é a medida mais indicada
A
cigarrinha das raízes (Mahanarva fimbriolata) tornou-se uma
praga relevante no Estado de São Paulo
a partir do final da década de 1990, com
o incremento das áreas de colheita de
cana crua. Nesse sistema de colheita, o
acúmulo de palha contribui para manter
a umidade do solo, favorecendo o crescimento populacional do inseto, enquanto a despalha a fogo, antes da
colheita, contribui para destruir parte dos
ovos depositados no solo e na palhada.
Atualmente, a cigarrinha é encontrada
em altas populações em praticamente
todo o Centro-Sul e em alguns Estados
do Nordeste brasileiro. Em todas essas regiões, são frequentes os registros de
danos não só em soqueiras de cana crua,
mas também em áreas de colheita de
cana queimada e cana planta.
Os danos à cana-de-açúcar são causados
tanto pelas formas jovens (ninfas), que
sugam as raízes, como pelos adultos, que
sugam as folhas. Durante a sucção, estes
insetos injetam saliva nos tecidos vegetais. A saliva liberada é rica em enzimas
e aminoácidos e auxilia o inseto no processo de ingestão do alimento. Porém, é
tóxica para a planta, causando necrose
nos tecidos foliares e radiculares. Além
da injeção de enzimas, as ninfas causam
danos porque retiram da planta grande
quantidade de seiva bruta, contendo sais
inorgânicos de nitrogênio, fósforo, potássio e cálcio, além de vários aminoácidos
e açúcares.
Em consequência do ataque dos adultos
e das ninfas, o processo de fotossíntese é
reduzido. Como não ocorre a formação
de açúcares nas folhas, estes não se acumulam nos colmos, que se tornam menores, mais finos e com entrenós mais
curtos. Sob infestações severas, os colmos apresentam-se desnutridos e desidratados, secando do topo para a base.
Muitas vezes racham ou se quebram, permitindo a entrada de microorganismos
que provocam a deterioração dos tecidos.
As folhas tornam-se amareladas de início
e, posteriormente, secas. Toda a planta
pode atingir a morte. O canavial fica
completamente seco, com aspecto queimado. A produtividade de colmos e o
teor de açúcar nestes caem acentuadamente.
Quebras chegam a 50%
A grandeza dos danos causados pela cigarrinha varia com diversos fatores, entre
os quais a variedade cultivada e a época
de colheita da cultura. Embora algumas
variedades sofram perdas mais acentuadas que outras, a imensa maioria delas
pode ser considerada suscetível, com
quebras de produtividade de açúcar ao
redor de 8% a 10%, para as colhidas em
início de safra, e de até 50%, para as colhidas em final de safra.
É interessante salientar que, em levantamentos populacionais feitos em canaviais
de diversas idades, é muito comum encontrar populações de cigarrinhas mais
elevadas em canaviais colhidos em início
de safra do que nos de fim de safra. Uma
das razões para isso é que, na época chuvosa, quando se dá o ataque da cigarri-
nha, os canaviais de começo de safra
estão mais desenvolvidos, muitas vezes
com alguns entrenós já formados e as
entrelinhas fechadas. Isso propicia a manutenção de umidade no solo e favorece
o desenvolvimento da praga. Nesse
mesmo período de chuvas, os canaviais
colhidos em final de safra ainda estão
pouco desenvolvidos e a incidência direta
Cana-de-açúcar
atacado entra para moagem e extração
de açúcar. Os colmos mortos e secos, em
decorrência do ataque da praga, diminuem a capacidade de moagem e, como
muitas vezes estão rachados e deteriorados, os contaminantes presentes dificultam a recuperação de sacarose e inibem
a fermentação. Desse modo, reduzem os
rendimentos industriais e dificultam a
obtenção de açúcar de qualidade.
Dinâmica populacional
A dinâmica populacional da cigarrinha
das raízes é influenciada por fatores bióticos, como variedade e época de colheita, e abióticos, dentre os quais se
destacam a umidade e a temperatura do
solo. Ambientes quentes e úmidos favorecem significativamente o desenvolvimento da praga.
As ninfas começam a emergir dos ovos
diapáusicos logo após as primeiras chuvas da primavera, que, na região CentroSul, ocorrem em setembro/outubro. O
pico populacional é atingido em dezembro/janeiro, caindo significativamente
em abril, com o final das chuvas e o início do inverno.
Em razão do ciclo, o pico populacional
IIIIIIIIIIIIIIIIIII
dos raios solares, tanto nas linhas como
nas entrelinhas da cana, contribui para
reduzir a umidade do solo e inibe o aumento populacional da praga.
Apesar disso, as perdas registradas nos
canaviais de começo de safra são geralmente menores do que nos de final de
safra porque, por ocasião do ataque, as
plantas estão maiores, com vários entrenós formados e, portanto, mais resistentes. Além disso, a cultura de início de
safra passa por um curto período de estresse hídrico, entre o final da época de
ocorrência da cigarrinha e a colheita.
Os campos colhidos no final da safra, por
outro lado, sofrem o ataque quando as
plantas ainda estão pouco desenvolvidas.
Após o ataque, o longo período de estresse hídrico até a colheita não favorece
a recuperação das plantas, fazendo com
que os danos provocados pela cigarrinha
sejam mais acentuados do que os observados em canaviais de começo de safra.
Além da redução na produtividade de
colmos e no teor de açúcar nos colmos,
a cigarrinha também causa prejuízos nos
processos industriais. Embora difícil de
mensurar, a grandeza desse tipo de dano
é sentida na indústria, sempre que material proveniente de canavial severamente
Danos à raiz causados pela cigarrinha
de adultos ocorre cerca de 30 dias após o
de ninfas. No Nordeste, o ciclo vital de
M. fimbriolata inicia-se em abril/maio,
com as populações de ninfas atingindo o
ápice em junho/julho e reduzindo-se significativamente em agosto.
Variações na curva de flutuação populacional podem ocorrer em função do regime de chuvas e/ou irrigações. Em
locais ou anos mais úmidos, o período
de ocorrência da praga estende-se ligeiramente. Por outro lado, sob estresse
hídrico, as populações reduzem-se, voltando a crescer com o aumento da umidade do solo.
2010 Correio 23
Cana-de-açúcar
Amostragem
Como as ninfas aparecem em campo
cerca de 20 dias depois das primeiras
chuvas, os levantamentos populacionais
devem ser iniciados nessa ocasião e
devem constar da amostragem de quatro pontos por hectare, sendo cada
ponto constituído por dois metros de
sulco. No local a ser amostrado, afastase com cuidado a palha entre os colmos,
dispondo-a na entrelinha, a fim de que
os pontos de espuma possam ser visualizados. Em seguida, contam-se as ninfas e eventuais adultos nas raízes.
A ocorrência de inimigos naturais também poderá ser anotada. O registro dos
dados observados deve ser feito em
ficha apropriada.
Quando a área amostrada apresenta populações inferiores ao nível de controle,
é importante que ela seja novamente
amostrada dentro de sete a 10 dias, pois
as populações de cigarrinha elevam-se
muito rapidamente, sob condições de
temperatura e umidade adequadas, podendo atingir o nível de controle em
curto período.
Na impossibilidade de amostrar todos os
talhões de uma fazenda, pode-se amostrar 30% deles, desde que apresentem
condições de cultivo homogêneas (variedade, sistema de colheita, data de colheita, número de corte e outras condições semelhantes).
Controle
Colmos e aspecto geral de canavial atacado
IIIIIIIIIIIIIII
As medidas de controle devem ser adotadas pouco antes das populações atingirem o nível de dano econômico, que
está ao redor de três a cinco insetos
por metro linear para canaviais com
dois a três meses de idade (final de
safra) e de 12 insetos por metro para
canaviais com seis a sete meses de
idade (início de safra).
IIIIIIIIIIIIIII
24 Correio 2010
Cigarrinha-das-raízes adulta
Cana-de-açúcar
Mecanismo de ação diferenciado
torna controle mais eficiente
Para o manejo de resistência de pragas a inseticidas é muito importante ter como ferramenta a alternância de grupos químicos, com mecanismos de ação diferenciados. Para disponibilizar esta ferramenta, no manejo da cigarrinha-das-raízes, a Bayer CropScience
apresenta aos produtores de cana o inseticida Curbix, do grupo químico fenilpirazol.
Curbix é um inseticida com alta eficiência no controle de cigarrinhas. Na Ásia, já é considerado uma ferramenta indispensável para o controle de cigarrinhas no arroz, as quais,
em alguns países desse continente, já apresentaram resistência a determinados inseticidas.
Seu mecanismo de ação é de difícil geração de resistência cruzada com outros inseticidas.
Descrição do produto:
• Curbix.
• Ingrediente ativo: Etiprole.
• Grupo químico: Fenilpirazol.
• Mecanismo de ação: antagonistas de canais de cloro mediados pelo GABA (ácido gamaaminobutírico), grupo 2B na classificação do IRAC BR (Comitê Brasileiro de Ação a
Resistência a Inseticidas).
• Classe Toxicológica: III – faixa Azul.
Indicações:
Curbix é recomendado para o controle de cigarrinhas na soqueira de cana-de-açúcar,
em aplicação terrestre, com bico leque dirigido sobre as linhas de plantio e também
para o controle de infestações durante o desenvolvimento da cultura, em aplicação
aérea em área total.
Resultados de campo
Os gráficos a seguir mostram os resultados de dois campos demonstrativos no interior do
Estado de São Paulo.
▼
A medida de controle a ser adotada depende das condições da área e, atualmente, se resume ao uso do fungo
Metarhizium anisopliae e inseticidas
químicos.
O fungo, multiplicado em grãos de
arroz, pode ser aplicado diretamente nos
grãos ou ter seus esporos dispersos em
água. As aplicações podem ser feitas
com trator, dirigindo-se o jato para a
base das touceiras, ou com avião. Em
qualquer caso, devem ser feitas de preferência no final da tarde, à noite ou em
dias nublados, de modo a evitar a incidência de raios ultravioleta, que afetam
a viabilidade dos esporos. Para aplicações aéreas, a distribuição direta dos
grãos de arroz infestados parece mais
apropriada que a de esporos em calda,
já que o grão de arroz atinge o solo com
mais facilidade.
Os inseticidas são indicados para locais
onde não há histórico de ação satisfatória do controle biológico e também naqueles onde as populações são maiores
do que o nível de dano econômico.
Também são indicados quando as condições climáticas não são adequadas às
aplicações de fungo e, especialmente,
em canaviais colhidos no meio ou no
final de safra, que são os mais danificados pela cigarrinha.
Quando corretamente utilizados, os inseticidas químicos promovem muito
bom controle da praga, com significativos incrementos de produtividade de
colmos e de açúcar. Nas áreas nas quais
as infestações atingem níveis próximos
ou superiores aos de dano, as respostas
ao controle químico são mais significativas, quanto antes ele for adotado, conforme os quatro gráficos da página 24.
IIIIIIIIIIIIIII
Autora: Leila Luci Dinardo-Miranda, pesquisadora científica do Centro de Cana do
Instituto Agronômico (IAC/Apta/Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do
Estado de São Paulo) - Ribeirão Preto, SP.
“Espuma” indica presença da cigarrinha
2010 Correio 25
Autor: Desenvolvimento Técnico Inseticidas - Bayer CropScience.
26 Correio 2010
Tomate
Tomate
2010 Correio 27
Adoção de métodos corretos é fundamental
IIII IIIIIIIIII IIIIIIIIIIII IIIII III IIIII III III II III III II III IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
Controle de traças e broca
requer muita atenção
A traça-do-tomateiro, a traça-da-batatinha e a broca-pequena-do-fruto são as pragas mais
nocivas da cultura, comprometendo a qualidade dos frutos, inviabilizando sua comercialização
e, com isso, provocando sérios prejuízos aos produtores. Por isso, a adoção dos métodos corretos
de controle é fundamental para assegurar a produtividade e a lucratividade do tomaticultor.
marrom-amarelada (foto 3). A fase de
pupa dura cerca de 10 dias, podendo
ocorrer no solo ou nas folhas. O ciclo
total é de aproximadamente 40 dias.
Estão presentes desde a fase de muda
até o final do ciclo. Atacam as gemas
apicais (foto 4), os frutos (foto 5), as folhas (foto 6), ou seja, todos os órgãos
aéreos da planta.
A
s traças e a broca são descritas brevemente a seguir.
Traça-do-tomateiro
Tuta absoluta
A mariposa, que tem aproximadamente
10 mm de comprimento, apresenta cor
cinza, marrom ou prateada, com man-
Foto 3: Pupa da traça-do-tomateiro
forma elíptica e cor branca. Três a
cinco dias depois, ocorre a eclosão. As
lagartas, que apresentam coloração
verde com manchas pardas no dorso
(foto 2), penetram imediatamente nas
folhas, hastes e frutos, onde permanecem por 8 a 10 dias e se transformam
em pupas, que apresentam coloração
Foto 5: Ataque ao fruto
Foto 1: Mariposa da traça-do-tomateiro
Foto 6: Folha atacada
Traça-da-batatinha
Phthorimaea operculella
Foto 2: Lagarta da traça-do-tomateiro
chas escuras no dorso (foto 1) e pode
viver aproximadamente uma semana.
Cada fêmea põe em média 50 ovos de
Foto 4: Ataque às gemas apicais
A mariposa, de coloração acinzentada
com 10 a 12 mm de envergadura, põe
uma média de 300 ovos. Após a eclosão, as lagartas penetram nas folhas,
frutos e pedúnculos. A fase de lagarta
28 Correio 2010
Tomate
dura cerca de duas semanas e a fase de
pupa, de duas a três semanas.
Broca-pequena-do-fruto
Neoleucinodes elegantalis
A mariposa tem cerca de 25 mm de envergadura e asas transparentes com
manchas marrons (foto 7), é de hábito
Foto 9: Lagartas alimentando-se da polpa
Foto 7: Mariposa da broca-pequena-do-fruto
noturno e oviposita, em média, três ovos,
de coloração branca, nos frutos ou nas
sépalas (foto 8).
Após a eclosão, a lagarta penetra no
fruto e se alimenta da polpa por cerca de
trinta dias (fotos 9 e 10). Depois de de-
Foto 8: Ovos sobre o fruto
senvolvida, a lagarta (fotos 11, 12 e 13)
perfura o fruto de dentro para fora e
cai no solo, no qual penetra e forma um
casulo. Depois de 17 a18 dias, emerge
o adulto.
Após a eclosão, as lagartas penetram nos
frutos. Elas preferem os frutos novos e,
devido ao rápido crescimento destes, os
orifícios de entrada tornam-se imperceptíveis. Porém, quando as lagartas penetram em frutos maiores, é possível
observar os pontos de entrada (foto 14),
em cada um dos quais se forma uma
ligeira depressão com uma pequena
mancha de coloração marrom-escura.
Cortando esses frutos, é possível encontrar em seu interior as lagartas em fase
de desenvolvimento (foto 15).
A mariposa tem hábitos noturnos. De
acordo com informações mais recentes,
verificou-se que as mariposas ovipositam entre 0 e 2 horas e, diferentemente
do que se pensava, a oviposição não é
feita nas flores e sim nas sépalas e nos
frutos novos.
Recomendação de controle - O controle
deve ser preventivo com pulverizações a
partir do início da frutificação. É importante que a pulverização seja dirigida de
forma que atinja as pencas.
cação incorreta dos defensivos é a
mais importante, começando pelo horário das pulverizações. Como a mariposa da broca tem hábitos noturnos e
as mariposas das traças voam e ovipositam ao amanhecer e ao entardecer,
as pulverizações devem ser feitas a
partir do entardecer e durante a noite,
a fim de atingir esses insetos.
Na prática, a maioria das pulverizações
é realizada durante o dia, nos horários
mais quentes, justamente quando a atividade das mariposas é menor. Nesse
caso, a ação de contato dos inseticidas
será muito reduzida. Além disso, há outros agravantes do calor e do sol: a fotodecomposição e a evaporação dos
ingredientes ativos dos inseticidas aplicados, reduzindo seu efeito residual e,
consequentemente, a eficácia da ação
por ingestão.
Fatores que prejudicam
o controle
A broca-pequena e as duas traças atacam com maior intensidade nos períodos
secos do ano. Além de causar danos diretos nos frutos (broca e traças), nas folhas, guias e hastes (traças), essas pragas
abrem portas de entrada de parógenos.
No dia a dia dos tomaticultores, vários
são os fatores que reduzem a eficiência
no controle da broca e das traças. Dentre
estes, destacam-se:
• não destruição ou eliminação dos restos de cultura;
• resistência das pragas aos principais
inseticidas utilizados no controle;
• associações ou rotações inadequadas
de inseticidas;
• aplicação incorreta de defensivos.
De todos os fatores mencionados, a apli-
Foto 11: Lagarta desenvolvida
A pressão do pulverizador também é importante na aplicação de defensivos. É
possível observar que as pressões utilizadas nas aplicações de defensivos são
exageradamente elevadas, o que contribui para diminuir o tamanho das gotas
e, como resultado, aumentar a deriva e
a evaporação. Nas bulas de muitos defensivos constam a pressão e o tipo de
bicos indicados para a aplicação. Com
Foto 12: Fruto perfurado pela lagarta
Foto 10: Lagarta alimentando-se da polpa
exceção dos herbicidas, as pressões recomendadas variam de 80 a 100 psi ou
lb/pol2, porém, na prática, as pressões
utilizadas são superiores a 200 lb/pol2.
Outro fator importante na aplicação de
Tomate
Resposta eficaz contra o
desenvolvimento de resistência
da traça-do-tomateiro
Foto 13: Fruto é perfurado de dentro para fora
defensivos é definir o momento correto
do tratamento. A utilização de armadilhas com feromônio sexual para monitorar a população da broca e das traças
é de grande utilidade. Além de indicar
Foto 14: Depressões indicam pontos de entrada
quando iniciar o controle químico (em
função do número de machos capturados em cada armadilha por dia), também
permite medir a eficiência do controle.
Se, após as pulverizações, o número de
A resistência de pragas a inseticidas é um desafio mundial. Em alguns
casos, importantes produtos fitossanitários, de grande utilidade para os
agricultores, acabaram sendo perdidos por deixarem de apresentar a
eficácia inicial. Ante esse quadro que tem se repetido, a descoberta e o
desenvolvimento de inseticidas de grupos químicos diferentes e com
novos mecanismos de ação é um desafio cada vez maior e mais oneroso.
A traça-do-tomateiro (Tuta absoluta) é uma das pragas mais importantes
na tomaticultura. Em algumas regiões do País, demanda pulverizações
semanais de inseticidas para o seu controle. Assim, é alto o potencial
desta praga para o desenvolvimento de resistência aos inseticidas.
Com o lançamento de Belt (Flubendiamida), a Bayer CropScience foi
novamente pioneira na introdução no mercado de um novo mecanismo
de ação, promovendo excelente controle da traça e da broca-pequena e,
ainda, apresentando alta seletividade a inimigos naturais.
A recomendação de uso de novos inseticidas, inclusive de Belt, requer
criteriosa atenção e providências dos agricultores e dos profissionais que
os orientam, no sentido de preservar os mecanismos de ação inovadores
de um rápido desenvolvimento de resistência em traça-do-tomateiro,
como já ocorreu com vários produtos nas ultimas décadas.
A propósito, no âmbito do IRAC - BR (Comitê Brasileiro de Ação a
Resistência a Inseticidas), foi constituído um grupo de trabalho com a
participação das empresas que atuarão no mercado das diamidas, com
o objetivo de definirem ações conjuntas de monitoramento de suscetibilidade da traça-do-tomateiro aos inseticidas. Adicionalmente, o grupo
de trabalho indicará formas de recomendação das diamidas, no sentido
de preservá-las do desenvolvimento de resistência e, assim, manter seu
mecanismo de ação como ferramenta de controle à disposição dos agricultores por um longo tempo.
Autor: Desenvolvimento Técnico Inseticidas - Bayer CropScience.
Posicionamento de Belt em Tomate
Janelas de aplicação de diamidas (*) para manejo de resistência
Usar outros
modos de ação
Foto 15: Lagarta em desenvolvimento
▼
machos capturados continuar aumentando, é sinal de que a pulverização não
alcançou o efeito desejado.
Autor: Angelo Masanori Yoshimura
Engenheiro Agrônomo – consultor técnico
(HF) – Mogi das Cruzes, SP.
3 aplicações
Usar outros
modos de ação
3 aplicações
Usar outros
modos de ação
• Traça-do tomateiro: iniciar na presença de primeiras mariposas e ovos,
em intervalos de 4 - 7 dias. Dose: 15 mL/100 l.
• Broca-pequena: iniciar ao sinal das primeiras flores e presença de insetos
adultos na área, fazendo bateria com três aplicações, intervalo de 5 - 7
dias. Dose: 20 mL/100 l.
Importante: Para o manejo de resistência, observar intervalo de 30 dias
entre as duas baterias com Belt, usando neste intervalo produto de outras
classes químicas, diferente das diamidas.
(*) São inseticidas registrados do Grupo 28, das diamidas (moduladores de rianodina): Flubendiamida e Clorantraniliprole.
2010 Correio 29
30 Correio 2010
Inovação
Centro de Pesquisa e Inovação
IIIIIII II II IIIIIIIIIII II IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
Incubadora de novos
ingredientes ativos
Por sua localização em zona tropical, o Centro de Pesquisa e Inovação da Bayer CropScience,
instalado no Estado de São Paulo, exerce papel fundamental no desenvolvimento inicial de
novas soluções para o desenvolvimento sustentável da agricultura
II IIIIIII IIIIIIIII III
A sensibilidade de fungos é monitorada continuamente, para permitir a
recomendação de controle mais adequada
S
ituado em Paulínia, a aproximadamente 120 km da Capital paulista,
região com solo fértil e clima que permite
o desenvolvimento de trabalhos para as
principais condições das regiões de plantio brasileiras, o Centro de Pesquisa e
Inovação da Bayer CropScience tem sob
sua responsabilidade um amplo conjunto
de tarefas. Estas incluem, entre outras
ações: avaliação da eficácia agronômica
dos novos inseticidas, fungicidas e her-
bicidas que a empresa planeja lançar no
mercado brasileiro; verificação e ajustes
de formulação de seus produtos comerciais registrados no Brasil; e testes iniciais de misturas de ingredientes ativos,
visando prevenir o desenvolvimento de
resistência nas principais pragas e doenças que atacam as lavouras do País. E
ainda representa uma importante base de
apoio para o desenvolvimento de soluções para as áreas de biotecnologia e
saúde ambiental.
O Centro ocupa uma área de aproximadamente 90 hectares, dos quais 70 ha são
ocupados por campos de testes de defensivos agrícolas, apoiados por modernos
laboratórios de análises (fitopatológicas
e de resíduos, entre outros), um biotério
(no qual são criados insetos, em especial
moscas, lepidópteros e percevejos, para
utilização nos ensaios de eficácia dos
novos ingredientes, bem como dos produtos comerciais da empresa), viveiros,
estufas, equipamentos para manejo de lavouras e aplicação de defensivos, tratores, plantadoras e sistema de irrigação.
Além disso, possui uma estação meteorológica – que registra automaticamente
dados climáticos a cada 15 minutos – e
um sistema de transmissão rápida de
dados por meio de fibra óptica.
Seu laboratório de análise de resíduos é
um dos poucos do País a ter obtido o certificado de Boas Práticas de Laboratório
(BPL), concedido pelo Instituto Nacional
de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial (Inmetro). Nessa unidade é
feita a preparação e o armazenamento de
amostras tratadas com defensivos, para
avaliar o período de persistência da ação
de defensivos em produtos in natura obtidos nas culturas e, assim, confirmar o
intervalo adequado para o seu consumo.
Inovação
ativo, já com suas formulações devidamente estabelecidas.
Misturas ganham força
IIIIIIIIIIIIIII
São realizados anualmente no Centro cerca de 500 ensaios de campo
Culturas prioritárias
▼
Os trabalhos de pesquisa da Bayer
CropScience em Paulínia têm como foco
os segmentos de maior expressão econômica no mercado brasileiro.
A soja aparece em primeiro lugar, com
trabalhos voltados para o controle da
ferrugem, com a verificação permanente
da sensibilidade do fungo Phakopsora
pachyrhizi, que causa a doença. Para
isso, o Centro recebe constantemente
amostras de folhas com esporos do
fungo retiradas de plantios comerciais de
todas as regiões em que a leguminosa é
cultivada. As análises das folhas no laboratório de fitopatologia permitem que
a cada safra seja feita a recomendação
mais adequada para o controle do fungo
em cada região, tanto para o fungicida
sistêmico para prevenção da doença via
tratamento de sementes, quanto da mistura de fungicidas dos grupos das estrobilurinas e triazóis para tratamento foliar
das plantas. Adicionalmente, também
têm sido realizados testes de sensibilidade para percevejos, cuja incidência
tem crescido muito nos últimos anos.
A segunda cultura em importância no
conjunto das atividades do Centro é o
milho, para o qual a Bayer CropScience
tem um dos portfólios mais completos,
incluindo herbicidas, tratamento de sementes, fungicidas e inseticidas para os
diferentes estádios da cultura.
Em terceiro lugar, vem a cana-de-açúcar,
para a qual está sendo testado um novo
herbicida que, a exemplo de outros produtos de lançamento mais recente da
empresa, tem formulações em mistura
com outros ingredientes ativos, com o
objetivo de ampliar seu espectro de ação
no controle de monocotiledôneas e dicotiledôneas e, ao mesmo tempo, prevenir
o surgimento de resistência nas plantas
daninhas. Além disso, vêm sendo estudadas novas soluções para o controle de
cupins e das cigarrinhas da raiz, que têm
encontrado melhores condições de sobrevivência nas áreas em que a cana é
colhida verde.
Todos os anos, o Centro de Pesquisa e
Inovação recebe cerca de uma centena
de novas moléculas. São moléculas descobertas nos laboratórios centrais da
empresa, situados em Monheim e Frankfurt, na Alemanha, e Lyon, na França,
onde são selecionadas por seu potencial
como novos ingredientes ativos.
As novas moléculas são enviadas ao
Brasil para que aqui seja descoberto o
seu perfil biológico, ou seja, sua eficácia
sobre as espécies de insetos, ácaros, fungos, nematoides e plantas daninhas que
comprometem as principais culturas
agrícolas brasileiras.
Também são enviados ao Centro brasileiro produtos mais avançados que já
mostraram viabilidade na Europa, para
ensaios mais intensivos nas condições de
campo brasileiras.
Os testes, totalizando cerca de 500 ensaios de campo por ano, em geral duram
dois anos, ao final dos quais é obtida
uma primeira resposta sobre a viabilidade agronômica de cada ingrediente.
Porém, até que um deles venha efetivamente a compor um produto comercial
e obter registro para uso no Brasil, outras
etapas devem ser superadas. Estas ficam
a cargo da área de Desenvolvimento, que
coordena e realiza os ensaios nas várias
regiões agrícolas do País, com a finalidade de definir o posicionamento técnico e comercial do novo ingrediente
Cada ingrediente é testado em diferentes
doses, isoladamente ou em mistura com
outros produtos da mesma categoria,
conforme explica Konrad Kemper, gerente de pesquisa da Bayer CropScience
no Brasil: “As misturas de ativos ganham expressão cada vez maior em
razão da preocupação mundial de se
evitar o desenvolvimento de resistência
nos organismos controlados. Nesse sentido, ingredientes ativos de diferentes
grupos químicos, com diferentes modos
de ação e atuando em conjunto, proporcionam maior garantia de não desenvolver resistência”.
Por outro lado, os produtos comerciais
também passam por testes periódicos,
para avaliar se sua eficácia se mantém
ou se é necessário efetuar alguma modificação ou até alguma mistura em sua
formulação. Nesse particular, o Centro de
Pesquisa e Inovação executa uma tarefa
considerada essencial para a longevidade
de um defensivo agrícola: o chamado
baseline monitoring, expressão que significa o monitoramento da eficiência de
cada produto ao longo do tempo. O nível
de eficiência pode mudar por diferentes
fatores, dentre os quais o uso inadequado no campo, implicando um risco
elevado de surgimento de resistência nos
organismos-alvo. Quando a baseline se
altera, são analisadas as alternativas
como a utilização de misturas, de mudanças de doses e, até mesmo, da introdução de novos mecanismos de ação.
Da mesma forma, também passam por
testes regulares as substâncias inertes
(componentes da formulação), normalmente fornecidas por terceiros, adicionadas à fórmula de cada produto para lhe
garantir maior estabilidade e outras qualidades.
Autor: Allen A. Dupré
Atuam no Centro outras unidades da Bayer CropScience:
• BioScience (biotecnologia) - O principal projeto no local é voltado para a cultura de cana-de-açúcar, com pesquisa e o desenvolvimento de nova variedade
com maior teor de sacarose por hectare.
• Nunhems (sementes de hortaliças) - Vem desenvolvendo principalmente projetos com tomate, cebola e melão.
• Environmental Science (saúde ambiental) – trabalha com testes de novas moléculas de inseticidas para controle de baratas, escorpiões e aranhas, além de
produtos para proteção de jardins e plantações de eucaliptos.
2010 Correio 31
Inteligência contra um grande inimigo da agricultura
O conceito inovador Muito Mais Manejo, lançado pela Bayer CropScience, integra de forma inteligente
práticas agrícolas, como a rotação de culturas, e cuidados fitossanitários, como o uso alternado de produtos
com diferentes modos de ação. O objetivo é permitir que o agricultor controle adequadamente as plantas
daninhas, apontadas pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) como o
inimigo número um da produção agrícola mundial, evitando que desenvolvam resistência. Para apoiar o
produtor na aplicação desse novo conceito, a empresa mantém um portfólio de herbicidas inovadores e em
constante evolução, no qual se destacam: Soberan, seletivo para as plantas de milho; Hussar, igualmente
eficaz contra folhas largas e folhas estreitas na cultura do trigo; e Finale, cujo ingrediente ativo é o glufosinato de amônio, comprovadamente eficaz contra infestantes resistentes ao glifosato. Soma-se a essas
ferramentas a tecnologia LibertyLink, desenvolvida pela Bayer CropScience, permitindo o uso seletivo do
glufosinato de amônio no controle em pós-emergência.
www.bayercropscience.com.br
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PerSpectivas
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Muito mais manejo - Bayer CropScience