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14/09/2011 14h07 - Atualizado em 14/09/2011 14h07
Veja perguntas e respostas sobre planejamento para aposentadoria
O consultor financeiro Mauro Calil respondeu dúvidas em chat do G1.
Planejamento deve começar ‘o mais cedo possível’, diz especialista.
Do G1, em São Paulo
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O G1 realizou nesta terça-feira (13), como parte da série “Jovens planejam aposentadoria”, um chat com o educador financeiro Mauro Calil, que respondeu perguntas enviadas por internautas sobre
como se preparar para o futuro.
Confira abaixo perguntas e respostas sobre o assunto:
Como planejar a aposentadoria?
Você pode fazer seu próprio plano de aposentadoria. Você deve estimar uma meta de consumo para daqui a 30 anos, e isso é complicado. Os planos de previdência, os PGBLs e os VGBLs auxiliam
nessa tarefa, mas não há garantia de que você vá acumular o patrimônio que você pretende.
Verifique qual é o nível de consumo, financeiramente falando, que você quer ter. Por exemplo: eu que ter uma renda de R$ 10 mil quando eu me aposentar, a valor de hoje. Uma conta simples: pegue
esses R$ 10 mil e multiplique por 200, você vai chegar à quantia de R$ 2 milhões. Esse é o valor que você deveria acumular até a sua aposentaria, para que, em aplicações financeiras conservadoras,
você consiga ter a renda almejada de R$ 10 mil.
Qual o cálculo para quem pensa em se aposentar com R$ 1 milhão na conta?
Existe uma fórmula, de R$ 10 por dia, ou R$ 300 por mês, a 1% de juros ao mês líquido – que não é fácil de conseguir – e 30 anos de espera. Repare que você está falando de aposentadoria, não dá para
falar em cinco anos. Tendo esses três ingredientes, você consegue acumular R$ 1 milhão.
Que tipo de aplicação é possível fazer?
Para nós conseguirmos ter um patrimônio substancial ao longo da vida, é preciso ter renda fixa, renda variável e imóveis na nossa carteira. Nos primeiros anos, você dificilmente vai conseguir uma renda
líquida de 1% ao mês. Tendo ações na composição da carteira, a partir do 5º ano é bem possível e provável que você já consiga ter essa rentabilidade. A partir do 8º, 10º ano, você supera bastante.
Próximo ao 15º ano, você consegue dobrar essa rentabilidade como meta. Aí você compensa o momento passado, o momento inicial onde você poupou com baixa rentabilidade.
É preciso começar cedo?
Quando se pensa em aposentadoria, é preciso imediatamente estabelecer um plano para se chegar nela. E as taxas de juros do país devem cair, portanto a renda fixa sozinha vai sustentar você, a menos
que você forme um patrimônio gigantesco.
O que é melhor, poupança, Tesouro Direto ou ações?
Depende. Antes de investir, é preciso responder a três perguntas: qual o montante a ser investido, qual o prazo desse investimento e qual a finalidade desse investimento. Estamos falando de
aposentadoria, então essa é a finalidade. Você tem 10, 15, 20 anos para se aposentar? E qual montante que você tem para investir todo mês?
Se você tiver uma quantia pequena, R$ 50 por mês para investir, você deve começar por exemplo com uma caderneta de poupança. À medida que você acumular uma quantia razoável, R$ 3 mil, R$ 5
mil, você migra essa quantidade para outra aplicação financeira, e vai juntando aqueles R$ 50 na caderneta de poupança todo mês. Poupança é bom, mas não é o que vai carregar para o resto do seu
prazo. E a partir daí você deve sofisticar suas aplicações financeiras. Primeiro passo, Tesouro Direto, renda fixa.
Tesouro Direto você consegue aplicar a partir de R$ 200, mas você precisa verificar o custo que vai haver para isso. Talvez para aplicar R$ 200, o custo de um DOC, de corretagem, fique muito alto,
então às vezes é melhor esperar juntar e então ir para o Tesouro Direto.
Aos 27 anos, tenho R$ 15 mil na poupança, R$ 7 mil em um fundo de ações e R$ 3 mil em ações. Quero investir os R$ 15 mil da poupança em outra aplicação. Qual a indicação?
Se sair da poupança para o Tesouro Direto, vai praticamente dobrar a rentabilidade em termos líquidos, desde que tenha prazos superiores a um ano. Pense em Tesouro Direto, mas não pense em sacar
em seis meses, porque a tributação será bastante grande. Já a caderneta de poupança tem imposto de renda zero.
O governo já começou a baixar os juros. Isso diminui a atratividade do Tesouro Direto?
A renda fixa é parte da estratégia, e nunca vai deixar de ser. O que pode ser é você ter uma fatia menor em renda fixa do que você teria (com os juros altos). E começa a pensar um pouco mais em ações,
em renda variável, pode ser um fundo imobiliário também, ficar sócio de um grande empreendimento, um shopping, um hospital, por exemplo.
O que acontece: nós tivemos um momento de subida nos juros, e agora tivemos uma queda. No momento em que tivemos a subida, você deveria optar por títulos pós fixados, porque você aproveita a
escalada dos juros. Agora como está sinalizando uma queda, você deve optar por títulos pré-fixados, porque você fixa a sua rentabilidade num juro alto, e em ocorrendo realmente a queda, pouco importa
com o que acontece com as novas aplicações. A que você fez hoje já está garantida com juro alto.
Quem é jovem tem mesmo que arriscar mais e investir todo o dinheiro em ações?
As ações implicam em alguns cuidados. O primeiro é ter prazo. Dos zero aos 15 anos, você deve aplicar 100% em ações. O pai que está planejando para o filho não deve colocar o dinheiro na caderneta
de poupança. Você deve pensar em ter mais ações enquanto você é jovem, porque tem o tempo a seu favor.
Mas deve também tomar outros cuidados, como diversificar. A rentabilidade depende muito mais da sua estratégia e de boas escolhas do que o produto financeiro em si. Não é porque você toma risco
que você vai ter rentabilidade. Não é uma questão de idade, mas sim uma questão de momento de vida, de plano financeiro. O plano financeiro é que vai determinar quanto vai para as ações qual
percentual fica em renda fixa.
Também não é interessante em momento algum não ficar diversificado. Mesmo nas ações é importante ter uma carteira, um leque de alternativas, de empresas.
Para quem pensa em aposentadoria, não é bom concentrar todo o dinheiro em uma coisa só?
Você não pode colocar todos os ovos em uma única cesta. Nós temos esse vício na nossa cultura, porque na época da inflação, a gente chegava para o gerente e perguntava o que estava rendendo mais, e
a gente colocava tudo ali. Hoje em dia não é assim, você precisa compreender os mecanismos e achar a melhor alternativa para o seu caso.
Tenho R$ 100 mil guardados e tenho como poupar R$ 3 mil por mês. Qual seria o melhor investimento?
Você deve estabelecer seu plano. Aonde você quer chegar? Pense sobre isso, estabeleça seu plano. Se não tiver condições de fazer isso, contrate um consultor financeiro, que pode ajudar. Você já sabe o
seu ponto de partida, agora você vai estabelecer o ponto de chegada e, então, uma rota entre um e outro. É preciso saber a sua idade, quando você quer se aposentar, o risco que você quer correr, e o que
você almeja no futuro. Tendo isso, vai ser muito fácil decidir qual é o produto financeiro mais adequado à sua realidade.
A decisão de se preocupar com a aposentadoria deve começar quando?
Nunca é tarde para começar, mas quanto mais cedo melhor. Meus filhos nasceram e já têm CPF. Mas eu não dou presente, eu dou futuro. Minha filha completa 1 ano na semana que vem. Do pai, ela não
vai ganhar presente, vai ganhar uma aplicação financeira. E isso tem um plano por trás disso. Imagina se a garotada falar que vai fazer medicina. R$ 8 mil só de mensalidade. Se eu não me preparar para
isso, vai ser complicado. Essa também é uma forma de planejar o futuro, tendo reservas financeiras, ter um colchão suficiente que sustente qualquer sonho que você queira.
Como fazer isso?
Tem várias formas de fazer. Uma delas é deixar uma quantia investida. Tem pessoas que depositam uma quantia mensal. Eu, Natal, dia das Crianças, eu não dou presente, dou futuro. E nesse momento
dou um valor um pouco mais significativo. No caso das minhas três crianças, 100% em renda variável, ações, de empresas que acredito que vão crescer.
Quero entrar no mercado de ações para me aposentar em 20 anos. Qual seria o ideal, em quantia depositada? Que cuidados é preciso ter antes de começar a investir?
Existe um método que prega que você deposite pequenas quantias por um longo espaço de tempo, reinvista os dividendos das empresas que você recebe; invista em empresas que crescem – a empresa
tem que ter um lucro crescente –, diversifique e, por fim, escolha empresas que tenham boa governança corporativa, ou seja, que respeitem também os direitos dos minoritários, entre outros fatores.
Como você tem um prazo longo, de 20 anos, está com o plano ideal. Mas é preciso saber qual a sua capacidade de poupança. O ideal é investir todo mês não menos que 10% da sua renda líquida. Se
http://g1.globo.com/economia/seu-dinheiro/noticia/2011/09/veja-perguntas-e-resposta... 15/09/2011
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você puder investir 15%, 20%, 30%, é melhor. O que importa no mercado de renda variável: ter essa regularidade de pequenas quantias. Se você investe R$ 100 por mês, não é uma quantia que vai te
quebrar. Mas é uma quantia que ao longo de 20 anos pode te deixar muito rico. Esses R$ 100 não vão mudar sua qualidade de vida no presente, e podem dar uma qualidade de vida gigantesca no futuro.
Já é possível aposentar-se, seguir trabalhando e no futuro solicitar revisão para aumentar o valor da aposentadoria?
Hoje o teto de aposentadoria (do INSS) é em torno de R$ 3,7 mil. Mas para isso você precisa trabalhar hoje praticamente até os 80 anos no caso de um homem, é muito difícil chegar lá. Existem formas
de você pedir revisão, mas é um pouco complicado. Eu acho muito mais interessante você estabelecer um plano próprio, fazer você mesmo a sua aposentadoria, do que depender dos benefícios
governamentais. O FGTS rende uma taxa de 3% ao ano mais TR. Isso é metade da poupança, praticamente. Então se você tiver a oportunidade de tirar o FGTS e aplicar em uma caderneta de poupança,
você vai dobrar o seu poder de ganho imediatamente.
Para quem está começando, nessa fase inicial, é possível recomendar entre poupança e previdência privada?
A previdência privada não é ruim, mas ela pode ser cara. Se você tem uma taxa de administração de 2% e uma taxa de carregamento de 2%, sobre R$ 250 você vai ter muito custo. E quando você tem
uma quantia de R$ 10 mil, você já encontra planos que não cobram taxa de carregamento, então você já está livre daqueles 2%, e te cobram 1% de taxa de administração. O seu custo caiu de 4% para
1%.
Então o mais importante é começar a poupar, que seja na caderneta de poupança. E, em paralelo, pesquise o mercado de previdência privada, se essa for a sua escolha. Não fique só no banco que você
tem relacionamento. Pesquise seguradoras também, têm planos ótimos de previdência privada e costumam ser mais baratos que a grande rede bancária. E aí você decide. Já juntei R$ 5 mil, R$ 6 mil R$
10 mil na caderneta, e vou continuar colocando os R$ 250 nesse meu plano aqui. O importante é firmar o passo e continuar nele.
http://g1.globo.com/economia/seu-dinheiro/noticia/2011/09/veja-perguntas-e-resposta... 15/09/2011
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