EDITORIAL
Lutar pelo que é nosso
2014 é mesmo um ano de expectativas. Em
cinco meses a população terá a chance de
renovar o cenário político, através de seu
voto consciente. Elegeremos presidente da
República, governador, senador, deputado
federal e estadual. Não é cedo para iniciar
uma reflexão sobre o assunto. E deixar para
analisar os critérios que o levarão a escolher
um candidato apenas na hora de votar poderá
ser tarde demais. Londrina, a cada dia, grita
por liberdade. Libertar-se da corrupção.
Libertar-se das más influências. Libertar-se
da hipocrisia. Para isso, precisamos eleger,
com sabedoria, quem olhe por nós. Do outro
lado, Londrina enfrenta o desafio de ampliar
a sua representatividade no quadro político,
tanto junto à Assembleia Legislativa, quanto
na Câmara Federal. A discussão vai além.
O trabalho começa por aqui mesmo, no
Legislativo, nossa Casa de Leis. Afinal, uma
Câmara Municipal forte, ética e cumpridora
de seus princípios poderá contribuir para o
surgimento de novos líderes políticos.
Por sua vez, quem estiver no comando
precisará combinar o espírito empreendedor
junto à sua visão política e teórica. Hoje,
infelizmente, muitos empresários vivem
presos a uma política que não os permite
crescer. Nossos empreendedores concebem
suas empresas com o sonho de construir uma
história de sucesso, mas são acordados pelos
gargalos da burocracia cruel e de tributações
infundadas.
É hora de colocar a teoria em prática. Acabar
com o achismo. Trocar a morosidade
pelo progresso. E, por falar em progresso,
aguardamos o avanço da reforma
administrativa na Prefeitura de Londrina,
necessária para garantir mais eficiência e
qualidade dos serviços à população.
A outra face do desenvolvimento de um
município é a economia. Embora pontos
facultativos, feriados nacionais, estaduais e
municipais tragam descanso, eles também
geram prejuízos significativos. A cada dia não
trabalhado Londrina deixa de movimentar
R$ 20 milhões. Perdemos ainda mais por
não ser uma cidade turística na área de lazer.
A comemoração não deve jamais deixar
de existir. Mas algumas datas poderiam ser
revistas e celebradas em conjunto, ou fixadas
em sábados e domingos.
2014 ainda terá muitos desafios pela frente. E
não desistiremos da transformação. Lute com
a gente pelo desenvolvimento e progresso!
Flávio Montenegro Balan
Presidente da ACIL
DIRETORIA DA ACIL – GESTÃO 2012/2014
Fundada em 5 de junho de 1937
Rua Minas Gerais 297 – 1º andar
Ed. Palácio do Comércio
Londrina (PR) – CEP 86010-905
Telefone (43) 3374-3000
Fax (43) 3374-3060
E-mail [email protected]
Flávio Montenegro Balan
Presidente
Luiz Carlos I. Adati
Vice-Presidente
Ary Sudan
Diretor Secretário
Fabricio Massi Salla
2º Diretor Secretário
Rogério Pena Chineze
Diretor Financeiro
Rodolfo Tramontini Zanluchi
2º Diretor Financeiro
Marcelo Paganucci Ontivero
Diretor Comercial
Herson R. Figueiredo Júnior
Diretor Industrial
Marcelo Bisatto Cardoso
Diretor de Serviços
Brasilio Armando Fonseca
Diretor de Comércio Internacional
Luigi Carrer Filho
Diretor de Produtos
Fernando Lopes Kireeff
Diretor Institucional
Mercado em Foco é uma publicação da Associação Comercial e Industrial de Londrina. Distribuição gratuita.
Correspondências, inclusive reclamações e sugestões de reportagens, devem ser enviadas à sede da Associação ou pelo
e-mail [email protected]
Rosangela Khater
Presidente do Conselho da
Mulher Empresária
CONSELHO DELIBERATIVO
Carlos Alberto De Souza Faria
David Dequêch Neto
Eduardo Yoshimura Ajita
Enio Luiz Sehn Júnior
Fábio Aurélio Mansano Melaré
José Guidugli Júnior
Paulo Briguet
Coordenação
Susan Naime
Edição
Josoé de Carvalho
Fotografia
Thiago Mazzei
Projeto gráfico
Marcelo Massayuki Cassa
Nivaldo Benvenho
Oswaldo Pitol
Rubens Benedito Augusto
Silvana Martins Cavicchioli
Valter Luiz Orsi
Wellington Moreira
CONSELHO FISCAL
Diego Rigon Menão
Superintendente
Claudia Motta Pechin
Coord. Comercial e SPC
Barbara Della Libera
Analista de Marketing
Colaboradores
Alexandre Sanches
Felipe Brandão
Gisele Rech
Guto Rocha
Juliana Mastelini
Michelle Aligleri
Vinícius Bersi
Titulares
Jaime Celeste Ponce
Michel Menegazzo
Gouvêa
Ronaldo Pena Chineze
Suplentes
Marcus Vinícius Bossa
Grassano
Marcus Vinicius Gimenes
Rafael Andrade Lopes
Impressão
Midiograf
Tiragem
8 mil exemplares
Agenda junho 2014
ATENDIMENTO E VENDAS
FINANÇAS
Palestra: empreenda com sucesso
Sheila Dal Ry
05 de junho
19h às 21h
• Oportunidades para empreender
• Desafios de empreender
• Empreendendo com sucesso
Não associados R$65,00
Associados R$32,00
Gestão de projetos: como coordenar
projetos de forma prática e eficiente
2ª edição
Rodrigo Giraldelli
07 de junho
Das 8h30 às 12h e das 13h às 17h30
• Iniciação do projeto
• Termo de abertura e identificação dos
stakeholders
• Planejamento do projeto
• Coleta de requisitos e elaboração do
escopo
• Elaboração do cronograma e do
orçamento
Não associados R$250,00
Associados R$195,00
Workshop: elabore um plano
estratégico de marketing
Sheila Dal Ry
09 de junho
19h às 23h
•
•
•
•
Analise Interna e Externa da empresa
Publico alvo
Macroambiente e estratégia
Composto de marketing e
implementação
Não associados R$90,00
Associados R$45,00
Cobrança e negociação de dívidas
Braz Vendramini
09 a 11 de junho
19h às 23h
• Código de defesa do consumidor
• Cartas de cobrança: como torná-las mais
eficazes
• Como obter maiores resultados nas
cobranças de clientes inadimplentes
• Como organizar uma carteira de atrasos
de forma produtiva
• Como cobrar por telefone
Não associados R$173,00
Associados R$86,00
Intensivo em fluxo de caixa, contas a
pagar e a receber
Thiago Terzoni
10 e 11 de junho
19h às 23h
• Tesouraria: principais funções, gestão da
tesouraria
• Conceitos de capital de giro, ciclo
operacional e ciclo financeiro
MARKETING
GESTÃO DE RH
• Ações que refletem na administração do
caixa
• Administração do contas a pagar:
processos de pagamentos, fluxo
operacional, funções do contas a pagar,
controle do contas a pagar, ciclo de
pagamentos, riscos
Não associados R$250,00
Associados R$195,00
Qualidade de serviços em recepção e
secretaria
Silvana Oliveira
14 de junho
Das 8h30 às 12h e das 13h às 17h30
• Desenvolvimento pessoal e profissional
• Perfil e postura profissional
• Espírito de equipe
• Atendimento telefônico
• Técnicas de Recepção e Atendimento
Não associados R$152,00
Associados R$76,00
Técnicas de vendas - a venda com foco
no cliente
Silvana Oliveira
23h e 24 de junho
19h às 23h
•
•
•
•
O profissional de vendas
Perfil do vendedor
O relacionamento com o cliente
Compreensão das necessidades e
expectativas do cliente
• A importância da comunicação
Não associados R$152,00
Associados R$76,00
WEB
DIVERSOS
• Demissão de empregados
• Incidência e cálculo dos impostos
• Desoneração da folha de pagamentos e
seus impactos
Não associados R$250,00
Associados R$195,00
Como importar da china
Rodrigo Giraldelli
25 e 26 de junho
19h às 23h
• Pesquisa de fornecedores
• Escolha da embalagem
• Meios de transporte
• Custos de importação
• Impostos de Importação
Não associados R$300,00
Associados R$200,00
ABRASEL NORTE DO PARANÁ
CURSO DE BOAS PRÁTICAS E
HIGIENIZAÇÃO NAS MANIPULAÇÕES
DE ALIMENTOS
24, 25 e 26 de junho
13h30 às 17h30
Local: Blue Tree Premium
Av. Juscelino Kubtischek, 1356
Informações: 3327 0202
Não associados: R$100,00
Associados ACIL: R$70,00
Intensivo em departamento fiscal:
ICMS, IPI, PIS e COFINS
Rosangela Aparecida da Silveira
24, 25 e 26 de junho
INÉDITO
19h às 23h
Opinião do associado
Intensivo em rotinas trabalhistas e
departamento pessoal – 2ª edição
Mario Sergio Curti
25 e 26 de junho
19h às 23h
Vanderley Negri, encarregado Recursos Humanos
Norpave: Investimento em capacitação profissional
se faz necessário cada vez mais. Com extrema
competência, o Centro de Capacitação Empresarial
e de Pessoas da ACIL vem contribuindo para o
desenvolvimento e aperfeiçoamento dos profissionais
de nossa organização, através de treinamentos que
vêm ao encontro às necessidades das empresas e
ainda a preços acessíveis. Parabéns a todos, estão no
caminho certo.
• Regulamento do Imposto Sobre
Circulação de Mercadorias e Serviços
• Legislação do ISS
• Regulamentação e Legislação do IPI –
Imposto sobre produto industrializado
• Impactos dos tributos sobre o
faturamento da empresa
• Códigos de recolhimentos e guias
Não associados R$300,00
Associados R$230,00
• Procedimento para admissão
• Contrato e jornada de trabalho
• Folha de pagamentos e suas
especificidades
Saiba mais:
3374.3000
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3374.3082 com Tatiane Goes:
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ÍNDICE
INFRAESTRUTURA PRECÁRIA
Modernizar para crescer .....................................................
6
8
MUDANÇA
HOME OFFICE
18
ARTIGO
21
Minha casa, meu negócio ...................................................
Enquanto a reforma não chega ..............................................
A hora é essa
12
PROBLEMA AMBIENTAL
FOCO NO PODER
25
ENDOMARKETING
26
Mais competitividade para empresas pequenas ..............
Planejamento inteligente ..................................................
PERFIL
30
DESTRAVA LONDRINA
32
AGRONEGÓCIO
36
Visões de um empresário pé-vermelho ..............................
Juntos pela Junta ...............................................................
Belagrícola de casa nova ....................................................
COMÉRCIO TRADICIONAL
Santa feira de cada dia ........................................................
COLUNA DA ACIL
Charles Vezozzo assume a
Presidência do Fórum Desenvolve Londrina ......................
Bosque pede mais atenção.
E menos pombas!
14
CONSCIENTIZAÇÃO
Pichação é crime. Denuncie!
22
38
ECONOMIA
Sob a batuta do consumidor
41
34
EMPREENDORISMO
Quem quer pão?
Associação Comercial e Industrial de Londrina
5
INFRAESTRUTURA
PRECÁRIA
MODERNIZAR PARA CRESCER
Prédio da Prefeitura de Londrina tem quase o triplo da capacidade de servidores e
as instalações elétricas não suportam todos os aparelhos das secretarias e órgãos
Por Vinícius Bersi
Não é preciso ser engenheiro ou arquiteto para perceber que o prédio
da Prefeitura de Londrina precisa de uma reforma urgente. Fios
à mostra e goteiras são a prova da necessidade de reparos. A rede
elétrica também é precária; picos de energia são frequentes em dias
quentes, quando os aparelhos de ar condicionado ficam ligados,
porque a rede não consegue alimentar todos os equipamentos.
O espaço tem oito mil metros quadrados divididos por 900
servidores de 16 secretarias e órgãos públicos. A estimativa da
Secretaria Municipal de Gestão Pública é que 30% do espaço são
usados para áreas de circulação como corredores e escadas. Outros
30% da área são ocupados por móveis. Sobram 3,2 mil metros
quadrados, espaço dividido pelos 900 servidores que trabalham
no prédio. Cada servidor tem em média 3,55 metros quadrados
de espaço. O recomendado pela Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT) e pelas normas de segurança do trabalho é que
cada trabalhador tenha uma área de dez metros quadrados.
O secretário de Gestão, Rogério Carlos Dias, reconhece que as
secretarias já têm um déficit de pessoal e os servidores que trabalham
em condições ruins têm o rendimento prejudicado. “A eficiência
depende do conforto e da concentração do servidor em cada serviço.
O guarda municipal precisa de visualização do espaço para trabalhar,
já o funcionário que fica dentro do escritório precisa de espaço
6
Bruno Veronesi:“É constrangedor. Como é
que você explica para o investidor estrangeiro
que você precisa deixar um balde no chão por
causa da goteira?”
e concentração,
isolamento acústico.
Como um pregoeiro
se concentra em
um edital se ele
tem quatro pessoas
ao redor dele
conversando sobre
outros processos? Eu
tenho que ter uma
estação de trabalho.
Eu não posso
continuar desse jeito”,
desabafa.
Recursos do BNDES para modernização
A Prefeitura aguarda a liberação de R$ 19 milhões do Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para reformar o
prédio. Somado ao valor, a Prefeitura deve investir mais R$ 2,1 mi,
num total de R$ 21,1 mi. Só 11% dos recursos vão ser usados para a
reforma. O restante será investido em equipamentos, informatização
e novos sistemas que modernizam a gestão. “Tem que comprar
desde equipamentos, consultorias para desenvolver o trabalho,
maio de 2014 | www.acil.com.br
CADA SERVIDOR TEM 3,5M2 PARA TRABALHAR. IDEAL SERIAM 10M2
Rogério Carlos Dias, secretário
Municipal Gestão Pública: “A eficiência
depende do conforto e da concentração
do servidor em cada serviço”.
sistemas, modernizar
o datacenter para
gerenciar todo o
banco de dados que
vai ser gerado da
gestão documental”,
afirma o assessor de
modernização da
Secretaria Municipal
de Gestão Pública,
Newton Hideki
Tanimura. “São vários
investimentos para
você dar possibilidade
de sucesso às ações”,
completa.
A nova divisão do prédio deve ser definida por um projeto
arquitetônico que a prefeitura ainda deve contratar. Rogério Dias
adiantou que a prefeitura deve abrigar as chamadas secretarias e
órgãos de atividade meio, que têm apenas função administrativa,
como as secretarias de Gestão, Planejamento, Governo, Fazenda,
além da Controladoria e a Procuradoria. Ficam de fora as secretarias
que exercem atividade fim e prestadoras de serviço, como as
secretarias da Saúde, Defesa Social e Políticas para Mulheres. “Para
que a atividade fim funcione, tudo que é atividade meio tem que ficar
no Centro Administrativo. O projeto também respeita as normas
com o limite de pessoas que deve ocupar cada espaço”, garante o
secretário.
Projeto arquitetônico
Desde o ano passado a prefeitura tenta contratar um escritório
de arquitetura para realizar o projeto arquitetônico do prédio. A
Prefeitura oferece R$ 140 mil para a empresa que assumir o trabalho.
Em 2013, foram abertos dois processos de licitação, mas não houve
interessados.
Neste ano, a Prefeitura fez mais uma tentativa. Apareceu uma
empresa interessada que não pôde ser contratada, porque não
apresentou todos os documentos exigidos pela Lei de Licitações.
Para tentar atrair novos interessados a Secretaria de Gestão
Pública pretende lotear a licitação. Ao invés de tentar contratar
uma empresa que assuma todos os projetos, a Prefeitura vai abrir
licitações diferentes para o projeto arquitetônico e para cada projeto
complementar. “É difícil ter um empresa que faça tudo. As que
fazem estão cheias de projetos. Pode ser que uma pegue o projeto
arquitetônico, outra o projeto elétrico, outra o projeto de alvenaria”,
explica o assessor de modernização da Secretaria de Gestão Pública,
Newton Hideki Tanimura.
Assim que a Prefeitura assinar o contrato do empréstimo com o
BNDES, os projetos de execução das obras já poderão ser licitados.
De acordo com Newton Hideki Tanimura, mesmo sem os projetos
arquitetônicos e complementares, será possível executar outras ações
de modernização da gestão que não dependem da reestruturação
do prédio. Entre as mudanças que poderão ser encaminhadas
Associação Comercial e Industrial de Londrina
antes, estão o gerenciamento eletrônico de documentos e o
desenvolvimento do portal de compras. “A reforma ou a readequação
da estrutura física é uma parte do projeto que não vai inviabilizar
a execução dos outros projetos que não dependem de reforma”,
assegura o assessor de modernização.
Mudança de endereço da Codel
O presidente do Instituto de Desenvolvimento de Londrina (Codel),
Bruno Veronesi, reconhece que as condições do prédio dificultam
a criação de parcerias entre a Prefeitura e empresários. “O prédio é
um cartão de visitas. Eu recebo empresários de Londrina, de outras
cidades e de outros países; não tem a mínima condição de receber
esse pessoal”, admite.
O presidente da ACIL, Flávio Balan, também acredita que o prédio
espanta investidores. “Precisamos mostrar uma imagem de zelo pela
cidade porque o empresário pensa: ‘se a prefeitura é assim, imagina
a cidade?’. Não precisa ser suntuoso, mas precisa ter uma estrutura”,
ressalta.
A Codel é o primeiro órgão a deixar o prédio. O Instituto alugou um
andar do edifício City Hall, em frente ao Centro Cívico, na Rua Elias
César. “Não podemos ficar muito longe de outras secretarias e do
gabinete do prefeito”, explica o presidente da Codel.
O novo espaço tem 340 metros quadrados e foi alugado por R$ 8.500
por mês. “Ali poderemos receber com o mínimo de conforto”, garante
Veronesi.
Dívida em precatórios
A Prefeitura deve R$ 60 mi em precatórios. A maior parte da dívida é
de ações trabalhistas de servidores municipais. A situação do prédio
cria condição para que o débito aumente. Servidores expostos a
condições de trabalho ruins, como temperaturas acima ou abaixo
do recomendado, ventilação insuficiente e mobiliário inadequado
podem requerer reparações na Justiça. “Na última onda de calor, os
servidores chegaram a enfrentar temperaturas de 38 graus dentro
do prédio porque os aparelhos de ar condicionado não podiam ser
ligados”, reclama o presidente do Sindicato do Servidores Municipais
de Londrina (Sindserv), Marcelo Urbaneja. “Tem que existir o
compromisso de resolver essas situações urgentes, justamente para se
evitar ações, que vão custar mais ao Município”, alerta.
Investimento estimado para a reforma
e modernização da Prefeitura
Inventário patrimonial: 936.862,00; 5%
Capacitação: 1.768.000,00; 8%
Geoprocessamento: 1.924.234,00; 9%
Informatização: 2.257.000,00; 11%
Reestruturação elétrica predial: 2.314.532,00; 11%
Infraestrutura de rede: 5.345.000,00; 25%
Gestão Documental: 6.556.284,00; 31%
Total: 21.101.912,00
Fonte: Secretaria Municipal de Gestão Pública
7
MUDANÇA
8
maio de 2014 | www.acil.com.br
“É PRECISO QUE OS POLÍTICOS DE LONDRINA SIGAM UMA CONDUTA IMPECÁVEL DIANTE DA CIDADE”
Por Felipe Brandão
Ano de eleição é ano de mudanças. De
antever e preparar os novos ares que
serão respirados ao longo dos próximos
quatro anos, em cada setor da vida
pública e privada. Momento em que
mudanças não podem significar apenas
a troca de representantes políticos, mas
a substituição de interesses pessoais
dos que governam por um olhar na
direção de uma sociedade mais justa,
mais saudável, mais educada, e mais
preparada para escolher.
É um período de responsabilidade.
Responsabilidade que irá refletir no dia
a dia de cada cidadão – nos impostos,
na segurança, na qualidade de vida.
E, desta vez, bem maior e mais ampla
que dois anos atrás, na última eleição
municipal, é a vez de escolher os novos
presidente da República, senadores,
deputados federais e estaduais, além
dos novos governadores de cada
Estado.
Na hora de selecionar o candidato,
qualquer que seja o cargo, diversos
fatores devem ser levados em conta.
Além das propostas de campanha,
é preciso atentar para o histórico
político e ético daqueles que pedem
o voto. Para o presidente da Câmara
Municipal de Londrina, vereador Rony
Alves (PTB), é neste aspecto que reside
a grande carência do contexto político
brasileiro atual.
“É triste, mas o que mais vemos hoje
são políticos que perderam a noção
do que é ser político. Pessoas que
deveriam ser exemplos para a nação,
mas se revelam a escória da sociedade
brasileira. O poder público necessita
de homens de conduta ilibada, que
não misturem o interesse público com
motivações particulares e econômicas.
Que transpareçam honestidade e
sejam, de fato, honestos”, aponta.
Nivaldo Benvenho, conselheiro da
ACIL e proprietário da Midiograf,
enxerga na vida política brasileira
um período de grande instabilidade
e insatisfação. “Hoje, nós brasileiros
vivemos o pleno trabalho sem
crescimento. Precisamos que o
Associação Comercial e Industrial de Londrina
próximo presidente tome posturas de
estadista para avançar e conduzir as
várias reformas – tributárias, políticas
e trabalhistas – de que o Brasil precisa.
É impossível termos reformas dessa
magnitude e importância tentando
conciliar todos os interesses, públicos
e particulares.”
“Uma nação que discute somente
seus direitos – e nunca seus deveres
– está condenada. E discutir deveres
não é algo que um político comum
consegue colocar em pauta, somente
estadistas”, diz, categórico. “Se não
mexermos em questões estruturais,
não aumentaremos a produtividade
e ficaremos para sempre nesse ciclo:
todos trabalhando, e o País não cresce”,
completa Benvenho.
Otimista, o empresário torce para que
esse quadro comece a ser revertido
já a partir do próximo mandato
presidencial. “A mudança tem de
começar na mentalidade eleitoral
dos brasileiros. É preciso separar o
joio do trigo, valorizando candidatos
cujas propostas tenham potencial de
devolver ao Brasil o seu horizonte de
futuro”, defende.
“O Brasil tem chegado ao fundo do
poço nesse aspecto político, o que
interfere negativamente em todos os
setores da sociedade. O corporativismo
político não pode mais se sobrepor
ao interesse da sociedade – isso é
inaceitável e tem que acabar”, afirma o
presidente do Sindicato das Indústrias
Metalúrgicas, Mecânicas e de Material
Elétrico de Londrina (Sindimetal),
Valter Orsi.
Cenário local
A instabilidade geral do âmbito político
brasileiro ganha contornos particulares
no caso específico de Londrina.
Com um histórico de corrupção nos
mandatos municipais dos últimos 15
anos, a cidade parece tomada de um
sentimento de aversão à própria política
local, o que refletiu diretamente nas
últimas eleições estaduais e federais.
“Ao olhar para dentro e não enxergar
Rony Alves: “Nossa região é rica
em votos. Londrina tem dado uma
quantidade de votos absurda para a
região de Cascavel, Maringá, Curitiba
– votos que têm faltado para eleger
representantes daqui”
boas possibilidades, o eleitor se vê
forçado a optar pelo candidato de
outra região”, analisa Benvenho. Os
dados são contundentes: a cidade,
que já elegeu senadores e chegou a
ter mais de seis representantes na
Assembleia Legislativa do Paraná, hoje
tem o respaldo direto de apenas três
deputados federais – André Vargas
(PT), Luiz Carlos Hauly (PSDB) e
Alex Canziani (PTB) – e dois estaduais
– Luiz Eduardo Cheida (PMDB) e
Tercílio Turini (PPS).
“A representatividade fica muito
enfraquecida. Nossa região é uma rica
em votos. Londrina tem dado uma
quantidade de votos absurda para a
região de Cascavel, Maringá, Curitiba
– votos que têm faltado para eleger
representantes daqui”, observa Rony
Alves. “Isso reflete em uma cidade
muito mal assistida. A segunda maior
cidade do Estado do Paraná receber
a verba que recebe quase faz pensar
que ela sequer passe pela pauta do
governo estadual, nem do atual, nem
de governos anteriores.”
Rony acredita que é preciso
conscientizar o cidadão londrinense
da importância de se votar em
candidatos locais para os cargos na
9
Osmar Alves: “Os nossos
representantes, tanto federais como
estaduais, devem batalhar com
mais afinco e foco. O bom político
sempre vai defender a contento
os interesses dos eleitores que
representa.
10
Nivaldo Benvenho:
“Ao olhar para dentro e não enxergar
boas possibilidades, o eleitor se vê
forçado a optar pelo candidato de
outra região”
Além dos números
Para ilustrar a imagem negativa que
o eleitor londrinense – e de outras
regiões – tem sobre a política local,
Valter Orsi comenta a repercussão
que as denúncias de corrupção ativa
envolvendo o deputado federal André
Vargas tiveram na mídia nacional e
internacional. “Vemos certos órgãos
de imprensa relacionando o nome do
Vargas a Londrina, aproveitando para
‘relembrar’ os nossos ex-prefeitos
cassados e até questionando a
integridade da cidade como um todo
por conta disso”, lamenta o presidente
do Sindimetal. “É triste, para o cidadão
londrinense, assistir ao nome da cidade
ser achincalhado dessa forma. E mais
triste ainda ver a manobra que se faz
– sugere-se a renúncia do envolvido ao
cargo, como se isso fosse apagar todo o
mal feito.”
O presidente do Sindicato da Indústria
da Construção Civil do Norte do
Paraná (Sinduscon), Osmar Alves,
é outro que vê com preocupação a
queda da representação de Londrina
no Legislativo Federal e Estadual. Ele
ressalta, porém, que a representação
eficaz não se restringe à questão
numérica, mas depende em especial
do desempenho individual dos eleitos.
“Temos vários projetos de interesse da
cidade e da região que ainda estão em
aberto, como a questão do ILS para
o aeroporto, da linha férrea, do Arco
Norte – nenhuma está definida. Os
nossos representantes, tanto federais
como estaduais, devem batalhar com
mais afinco e foco para que esses
projetos sejam concretizados. O
bom político sempre vai defender a
contento os interesses dos eleitores
que representa. Não se trata apenas
de números, mas sobretudo do
desempenho de quem esteja lá”,
argumenta.
Alves também lamenta a relação do
nome de Londrina com a repercussão
negativa do caso André Vargas. “Já
tivemos aqui vários casos de corrupção
envolvendo os nomes de políticos
londrinenses. Isso acaba trazendo
uma imagem negativa, para a cidade e
para seus políticos. Londrina está no
noticiário já há alguns anos em casos
assim, isso precisa mudar. E a mudança
começa nas urnas”, constata.
O fato é que, até as eleições em outubro,
políticos e eleitores ainda têm chão
pela frente. Foi dada a largada. E que
vençam os melhores – para Londrina e
para o Brasil.
“
Muitas vezes
precisamos de
mudanças na
interpretação, não
necessariamente na
lei. E o que não está
definido por lei não
pode ser exigido pelo
órgão público
“
Assembleia Legislativa e na Câmara
dos Deputados, que possam pleitear
benefícios à cidade e sua região
metropolitana. “Nós temos cerca de
350 mil votos na região de Londrina.
Se houver união das forças políticas e
econômicas que investem na cidade,
em uma campanha que incentive o
eleitor a votar em candidatos locais,
essa representatividade pode aumentar.
Agora, é evidente que a questão não
termina por aí. Acima de tudo é
preciso que os políticos de Londrina
sigam uma conduta impecável diante
da cidade”, considera o presidente da
Câmara Municipal.
Nivaldo Benvenho concorda: “É
necessário criar uma empatia entre o
cidadão e seu representante. O primeiro
representante do cidadão é o vereador,
por isso acredito que esse trabalho deve
começar na Câmara de Vereadores.
Um trabalho de base, de mudança
de cultura. Legislativo e Executivo
precisam trabalhar em conjunto para
retirar cada dia mais Londrina das
páginas policiais, e colocá-la na capa
do caderno de economia.” Procurado
pela reportagem da ACIL, o prefeito
de Londrina, Alexandre Kireeff (PSD),
não quis se pronunciar sobre o assunto.
Gerson Guariente
Júnior, do Núcleo de
Desenvolvimento
maio de 2014 | www.acil.com.br
PROBLEMA
AMBIENTAL
Por Paulo Briguet
O que há em comum entre empresários, moradores de condomínios,
ambientalistas, religiosos, professores, biólogos, veterinários,
advogados, economistas, jornalistas, políticos, o presidente da ACIL,
o pároco da Catedral e o arcebispo de Londrina?
A resposta é simples: ninguém aguenta mais as pombas! Dia após
dia, a superpopulação das “amargosinhas”, especialmente no Bosque
Marechal Rondon, torna-se um problema ambiental mais grave, com
efeitos na paisagem urbana, na saúde pública, na imagem da cidade e
na qualidade de vida da população. A sujeira das calçadas e o cheiro
insuportável transformam um simples passeio em tormento; um
tormento diário para quem mora ou trabalha no centro.
No começo de abril, representantes de todos os setores citados no
parágrafo acima foram ao gabinete do prefeito Alexandre Kireeff
para buscar uma solução. A audiência foi solicitada pela ACIL e
a Arquidiocese de Londrina. O prefeito sabe que o caso é sério – e
prometeu ações imediatas.
Questão de
saúde pública
As aves da espécie Zenaida auriculata se multiplicaram em
decorrência de várias situações de desequilíbrio geradas pelo
homem. A derrubada das florestas diminuiu o número de
12
Entidades reunidas na ACIL discutem o problema dos
pombos e do Bosque
predadores naturais das pombas, que encontraram em certos
ambientes urbanos as condições ideais para refúgio e reprodução.
Em geral, as amargosinhas voam para o campo durante o dia,
em busca de grãos. Ali costumam atacar depósitos de grandes
cooperativas – onde o alimento é mais fácil e abundante. “O
instinto desses animais é impressionante”, comenta a promotora
Solange Vicentin, que estuda a questão há alguns anos.
O problema das pombas não se restringe ao mau cheiro e ao
desconforto. Segundo o médico veterinário Valmor Venturini,
da Vigilância Sanitária Municipal, já foram registrados ao menos
dois casos de morte por criptococose na cidade. “Mas nós sabemos
que há subnotificação nesse tipo de doença, porque ela costuma
atingir pessoas imunodeprimidas, o que dificulta a identificação
das verdadeiras causas”, afirma Valmor. A professora Kerlei
Médici, do Departamento de Medicina Veterinária da UEL, diz
que regiões como o Bosque de Londrina são potencialmente
maio de 2014 | www.acil.com.br
“É UMA QUESTÃO DE SAÚDE PÚBLICA QUE EXIGE AÇÕES IMEDIATAS”
Bosque Marechal Rondon, na área central de Londrina: comunidade
exige medidas imediatas para controle da população de pombos e
revitalização da área verde
criadouros de agentes patogênicos, com grandes riscos para
a população. “É uma questão de saúde pública que exige ações
imediatas.”
Na opinião da professora Kerlei, o abate deve ser considerado
como um dos métodos não para a erradicação, mas para o
controle das pombas. “Eu sempre fui favorável ao abate”, disse o
prefeito Alexandre Kireeff. Segundo ele, o procedimento só não
foi adotado até agora por decisão do comitê formado para tratar
do assunto. “É preciso reconsiderar a possibilidade do abate,
porque o ser humano é o que está sendo mais prejudicado nesta
situação toda”, comentou o monsenhor Bernard Gaffá, pároco da
Catedral de Londrina – e vizinho do Bosque. Vale lembrar que o
Município possui uma autorização do Ibama para um eventual
abate de pombos da espécie Zenaida auriculata.
“Para cada problema complexo, existe uma solução simples
e completamente errada”, dizia o jornalista americano H. L.
Mencken. O abate não é a solução mágica para o problema
das pombas – até porque não existe solução mágica nestes
casos. O que existe é um conjunto de medidas que, de maneira
combinada, podem resolver o problema. De nada adianta citar
cidades como Roma, Veneza e Maringá, onde o problema das
pombas foi resolvido, porque lá se tratava da espécie Columba
livia – a pomba doméstica, bem mais fácil de controlar. “Nosso
desafio é maior e mais complicado”, admite a secretária municipal
do Ambiente, Maria Silvia Cebulski.
Água e sabão,
por favor
Uma boa maneira de começar a resolver o problema das pombas
é simples: água e sabão. “Determinei à CMTU que volte a fazer
a limpeza regular das calçadas do centro”, disse o prefeito. “Não é
possível que uma Prefeitura com 2,9 mil empregados e não consiga
limpar as calçadas do centro.” Outra medida imediata é a poda das
árvores na região central.
Associação Comercial e Industrial de Londrina
O prefeito determinou ainda
que a Secretaria Municipal
do Ambiente elabore um
Plano de Manejo do Bosque
Marechal Rondon. Assim, o
Bosque poderá ser adotado
por um grupo de empresas,
por meio do projeto Empresa
Boa Praça, da CMTU. A ideia
é transformá-lo numa espécie
de “mini Central Park”, com
atividades artísticas, culturais,
esportivas e religiosas. A
Prefeitura também estuda a inclusão do bosque no Plano de Metas da
Administração.
É certo que algumas ações com efeito em longo prazo – como o
reflorestamento e o plantio de mudas em fundos de vales – têm o
seu valor para que se chegue a uma solução definitiva. Mas não custa
lembrar a frase de John Maynard Keynes: “A longo prazo estaremos
todos mortos”. A gestora do Colégio Mãe de Deus, irmã Rosa Maria
Ruthes, mostrou ao prefeito um recorte de jornal de 1991, em que
se discutiam os mesmos problemas no Bosque de Londrina. “Não
podemos esperar mais 23 anos para mudar esse quadro”, disse a
religiosa.
O presidente da ACIL, Flávio Montenegro Balan, acredita que o
Bosque Marechal Rondon pode ser o ponto de partida para uma ampla
revitalização do centro da cidade. “O Bosque tem um grande valor
histórico e afetivo para os londrinenses. Se conseguirmos recuperálo, vamos aumentar muito a autoestima da comunidade”, disse Balan.
“A ACIL poderá chamar empresários para que adotem o Bosque e se
tornem corresponsáveis pela manutenção do lugar”, propôs.
Na tradicional cantiga, o bosque se chama Solidão. Em Londrina, o
Bosque hoje tem o nome de abandono. Chegou o tempo de resgatá-lo
para todos nós, humanos.
PROPOSTAS LEVADAS AO PREFEITO KIREEFF
* Limpeza (lavagem) regular das calçadas e vias públicas no
centro da cidade.
* Poda regular das árvores.
* Definição do Plano de Manejo do Bosque de Londrina, com
vistas à sua adoção por empresas e ocupação por práticas
artísticas, esportivas, religiosas e culturais.
*­ Inclusão do controle da população de pombos no Programa
de Metas da Administração.
* Reconsideração da possibilidade de abate, não como forma
de erradicação, mas de controle populacional da espécie.
* Definição do Bosque como foco central para ações do
poder público. Afinal, ele é o coração de Londrina.
13
CONSCIENTIZAÇÃO
Por Susan Naime
Em Londrina, elas estão por todos os lados. Em prédios públicos,
privados, espaços históricos, estabelecimentos comerciais, igrejas,
casas e condomínios residenciais. Nem mesmo os automóveis
escapam desta prática ilegal. Lamentavelmente, a cidade divide seus
cartões-postais com os rabiscos de spray de quem nada entende
de arte. E se por um lado os autores das pichações as consideram
uma obra-prima ou uma ferramenta de comunicação, por outro, a
pichação é considerada um ato de vandalismo e crime ambiental pela
Constituição Federal, além de ser repudiada pela absoluta maioria da
comunidade.
Apesar da ousadia de alguns, a maioria dos pichadores age de
madrugada, o que dificulta e desafia o trabalho da polícia. “A pichação,
no ponto de vista do dano que provoca, é considerada crime pelo nosso
ordenamento jurídico. E assim como acontece nos demais crimes, na
medida em que alguém perceba uma atividade dessa natureza, seja
no patrimônio público ou privado, deve ligar para o 190 para que seja
feito o deslocamento imediado de uma viatura na tentativa de realizar
a abordagem desses indivíduos”, orienta o porta-voz do 5º Batalhão de
Polícia Militar, capitão Nelson Villa Junior.
O alerta de Villa torna-se mais eficaz se pensarmos que o pichador
não precisa ser abordado apenas no momento do delito. “O flagrante
fica caracterizado não somente no momento em que a pessoa está
fazendo a pichação, mas também se ela for encontrada depois com
objetos que se presuma pertencer ao autor da infração penal. Por
isso é importante a participação da comunidade”, ressalta. “Algumas
pessoas até flagram a ação, mas como não é no seu estabelecimento ou
no seu prédio, acabam não ligando para a polícia e esquecendo que, ao
não ligar, poderão ser a próxima vítima”, completa.
Campanha na ACIL
Em 2013, autoridades de segurança pública deram início à campanha
“Pichação é Crime”, uma iniciativa do Núcleo Permanente de
Segurança de Londrina. Desde então, uma força-tarefa foi montada
pela Polícia Civil, Polícia Militar e
Guarda Municipal com o objetivo
de incentivar a comunidade a
denunciar formalmente casos de
pichação e, desta forma, inibir a
prática ilegal. A ronda com viaturas
e o monitoramento através de
câmeras de segurança também
passam a integrar as estratégias da
ação.
No entanto, segundo o secretário
municipal de Defesa Social,
Coronel Rubens Guimarães: “Os
coronel Rubens Guimarães de
olhos de todos precisam estar
Souza, a campanha deixou de
estendidos pela cidade, pois não
ser diretamente eficaz a partir do
somos onipresentes”
14
maio de 2014 | www.acil.com.br
“ALGUMAS PESSOAS FLAGRAM A AÇÃO, MAS NÃO LIGAM PARA A POLÍCIA”
momento em que não houve a participação da comunidade. “Não
tivemos o retorno em termos de denúncias. E é muito importante o
envolvimento da comunidade, da vigilância privada e do comércio
como um todo. Está faltando atitude. A população precisa se envolver
mais e trazer informações pra gente poder chegar nessas pessoas.
Os olhos de todos precisam estar estendidos pela cidade, pois não
somos onipresentes. Outras pessoas estão em muitos lugares que não
conseguimos estar durante todo o tempo. Infelizmente, os segmentos
da sociedade civil não se envolveram da forma como esperávamos”,
afirma.
O presidente da ACIL, Flávio Montenegro Balan, avalia que os prejuízos
com a pichação são grandes, principalmente no que diz respeito ao
aumento da poluição visual da cidade. “Denúncias de empresários
que tiveram seus comércios pichados levaram a entidade a procurar
as autoridades, e este debate gerou uma força-tarefa entre as polícias.
Percebemos viaturas circulando pela cidade ou estacionadas em locais
estratégicos. Mas, infelizmente, esse crime pode ocorrer em qualquer
ponto da cidade, a qualquer hora do dia. Por isso é importante que
agora haja a contrapartida da população em denunciar. O tema
vai além disso. É preciso que ocorra a conscientização das famílias
e dentro das escolas. Pichar um local privado ou público é crime,
provoca o excesso de poluição visual e desvaloriza o que é nosso.
Entendemos que o combate à pichação é uma decorrência natural da
Lei Cidade Limpa”.
Capitão Nelson Villa: “Algumas
pessoas até flagram a ação, mas
como não é no seu estabelecimento
ou no seu prédio, acabam não
ligando para a polícia e esquecendo
que, ao não ligar, poderão ser a
próxima vítima”
Pena branda
Medidas paliativas
“
É preciso que ocorra
a conscientização
das famílias e dentro
das escolas. Pichar
um local privado
ou público é crime,
provoca o excesso
de poluição visual e
desvaloriza o que é
nosso. O combate
à pichação é uma
decorrência natural da
Lei Cidade Limpa
“
De acordo com o artigo 65 da Lei Federal 9.605/98, pichar edificação
ou monumento é crime e prevê a pena de três meses a um ano de
detenção, e multa. O mesmo artigo, em seu parágrafo primeiro, relata
que “se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada em
virtude do seu valor artístico, arqueológico ou histórico, a pena é de
seis meses a um ano de detenção, e multa.”
No entanto, tal punição também pode ser revertida em penas
alternativas ainda mais leves, como o fornecimento de cestas básicas
ou a prestação de serviços comunitários. “Trata-se, lamentavelmente,
de uma infração penal com menor potencial ofensivo, o que permite à
polícia apenas fazer o encaminhamento para a lavratura de um termo
circunstanciado de ocorrência, sendo possível, inclusive, por ocasião
de ser submetido a um processo judicial, receber a oferta da transição
penal. Mas é importante dizer que se o infrator recebeu rapidamente a
oferta de transição penal, não ficou impune. E, às vezes, mais eficiente
que uma pena severa é uma pena rápida”, ressalta capitão Villa.
Flávio Balan, presidente
da ACIL
Sem controle sobre o vandalismo, a população tem se virado como
pode para driblar a pichação. Nem mesmo as residências estão fora
Associação Comercial e Industrial de Londrina
15
da lista desses infratores. A preferência se dá por aqueles que
possuem muros largos e claros, que darão mais visibilidade
às palavras e frases quase indecifráveis. No Jardim Interlagos,
Região Leste de Londrina, os moradores de um condomínio
residencial de casas estão pintando o muro pela segunda vez
para encobrir os rastros deixados pelos pichadores. “Dá a
impressão de que é sempre o mesmo grupo porque é o mesmo
estilo de desenho”, conta o vice-síndico, Junio Silva Branco.
Na tentativa de evitar tanta poluição visual, o grupo resolveu
adotar medidas paliativas de proteção. “Vamos reformar
a fachada e pintar o muro com uma cor mais escura como
forma de prevenção. Também iremos instalar câmeras de
segurança. Jeito não tem. Mas é uma tentativa de inibir essa
prática. Toda essa impunidade é o combustível da desordem
em nossa cidade”, desabafa Junio.
Comércio legal
Outra frente adotada pela campanha “Pichação é Crime”, Desde 2011, uma lei federal proíbe a venda de tintas
desde o ano passado, é a conscientização junto aos
spray a menores de 18 anos. O não cumprimento
da determinação gera penalidades ao comerciante
estabelecimentos que comercializam tintas. No ano de 2011, a
presidente Dilma Rousseff aprovou a lei nº 12.408, que proíbe
a venda de tintas spray a menores de 18 anos. No caso dos
compradores maiores de idade, a compra deve ser realizada
com nota fiscal em nome do comprador. Ainda de acordo com
o texto, o não cumprimento da determinação gera multas e
outras penalidades ao comerciante.
O administrador do Mercadão das Tintas, Fábio Marques,
deixou fixado próximo aos produtos de pichação um cartaz
com a informação ditada pela lei federal. “Não vendemos mais
o spray para menores de idade. E sempre que desconfiamos,
pedimos o documento de identidade. Além do aviso sobre a
Junio Silva Branco: “Toda essa impunidade é o
venda proibida a menores de 18 anos, também preparamos o
combustível da desordem em nossa cidade”
ambiente de forma com que o cliente não tenha acesso direto
ao spray. E, para quem tem mais de 18 anos, fazemos a nota fiscal com os dados do comprador no caso dele ser
abordado pela polícia”, informa.
Mas um problema apontado por Fábio vale receber a atenção das autoridades. “Com a lei federal, e após a
campanha iniciada pela ACIL, percebo que os próprios comerciantes ficaram mais exigentes. Mas estamos em
um momento onde o spray não é o único problema. Já ouvi falar de situações em que essas pessoas utilizam até
mesmo as tintas normais para realizar a pichação. Parece que eles tentam sempre estar à frente. Precisamos de
mais conscientização dentro das escolas e das famílias para esclarecer que esta prática é um crime”, argumenta
o administrador.
Para denunciar, ligue:
Polícia Militar: 190
Polícia Civil: 197
Guarda Municipal: 153
16
maio de 2014 | www.acil.com.br
A PORTONAVE ESTÁ EM UMA LOCALIZAÇÃO PRIVILEGIADA:
EM PRIMEIRO LUGAR NA MOVIMENTAÇÃO
DE CONTÊINERES EM SANTA CATARINA.
MAIS QUE UM PORTO, UM POLO LOGÍSTICO COMPLETO.
A Portonave é o porto responsável pela movimentação de 45%
das cargas conteinerizadas de Santa Catarina e está preparada para
aumentar cada vez mais esse número. Com investimentos em
infraestrutura e equipamentos, está inserida em um complexo portuário
consolidado e com serviços integrados. Venha crescer com a Portonave.
HOME OFFICE
18
maio de 2014 | www.acil.com.br
“TEM QUE FAZER HOME OFFICE PARA DAR MAIS QUALIDADE DE VIDA PARA O FUNCIONÁRIO”
Por Juliana Mastelini
Já passou o tempo em que trabalhar em uma
grande empresa significava ter que morar
em uma metrópole e enfrentar problemas
como trânsito, por exemplo. O programador
Flávio Granero trabalha na empresa Inaka,
de Los Angeles, e mora aqui mesmo em
Londrina. O principal benefício, segundo
ele, é a flexibilidade. “Eu levanto, tomo café e
em 10 minutos estou trabalhando”. Granero
trabalha com o computador em um
escritório em sua própria casa e o contato
com a sede da empresa nos Estados Unidos
se dá por meio da internet.
Como os fusos horários dos Estados
Unidos e do Brasil são diferentes, as rotinas
de trabalho aqui e na sede também se
distinguem. Quando Granero começa
a trabalhar, os funcionários americanos
ainda não começaram. Então ele aproveita
o período da manhã para fazer o trabalho
sem interrupções. À tarde, quando nos
Estados Unidos ainda é de manhã, os outros
funcionários começam a trabalhar e a
mandar mensagens via internet. A empresa
na qual ele trabalha conta com um bate-
“Busco manter uma rotina como se estivesse numa
empresa. A diferença é que com três passos estou
no trabalho”, conta Tanila Dalmut, diretora da
Revista Marriée
papo virtual por onde todos os funcionários
conversam, mesmo aqueles que estão lado
a lado na sede. O objetivo é que todos
os funcionários, independente de onde
estejam, fiquem a par de tudo o que ocorre
na companhia.
Para o programador, o home office não deve
ser adotado pelas empresas com o único
objetivo de diminuir custos. “Tem que fazer
home office para dar mais qualidade de
vida para o funcionário. Por exemplo, se
eu estou estressado com o trabalho, posso
vir pra sala e brincar um pouco com o meu
O programador Flávio Granero acredita
que o home office deve ser adotado pelas
empresas para aumentar a qualidade de vida do
funcionário, não para diminuir custos
filho. Se preciso ir no banco, posso ir em um
horário que não seja de pico. Isso melhora a
qualidade de vida”, explica.
Granero acredita que o número de home
offices tende a crescer, já que a internet
está cada vez mais rápida e as tecnologias
possibilitam, por exemplo, chamadas de
vídeo gratuitas. “Isso é uma tendência
mundial. A empresa Wordpress, por
exemplo, está espalhada por 32 países.
Quando se busca os melhores, não se pode
restringir a apenas um lugar. Os melhores
muitas vezes não querem mudar.”
Negócio social
Em seis meses de home office, a relações públicas Tatiana
Moraes já trouxe a mesa de trabalho para a sala de casa para
fugir do isolamento que um escritório separado traz
Associação Comercial e Industrial de Londrina
A relações públicas e desenvolvedora
social Tatiana Moraes, desde novembro
empreende em casa. Ela desenvolve um
negócio social que busca gerar impacto na
população de baixa renda em Londrina.
O trabalho está em fase de planejamento.
No currículo, Tatiana carrega 13 anos
trabalhando em uma grande empresa, onde
começou como estagiária. “É claro que o
emprego em uma empresa é mais simples,
19
tem o salário garantido, tem uma estrutura
para trabalhar. Para empreender, é preciso
ter o dom mesmo”, conta Tatiana.
O principal aspecto positivo que a relações
públicas vê no home office é a flexibilidade.
Com o filho pequeno, ela se organiza para
lidar com a rotina dele. “Eu me organizo
do jeito que achar melhor. Se preciso fazer
algo de manhã que não seja do trabalho, me
programo para trabalhar até mais tarde.”
Assim, de manhã ela pode ficar com filho e
à tarde levá-lo para a escola.
O trabalho de Tatiana foi pouco a pouco
sendo inserido no ambiente doméstico. No
início, ela trabalhava em um quarto da casa,
onde montou seu escritório. Depois, levou a
mesa para a sala. “No quarto eu ficava muito
isolada.” Mas a relações públicas lembra que
é necessária a colaboração da família, que
precisa entender que a pessoa está em casa,
mas está trabalhando.
Para Tatiana, trabalhar em casa também
exige regras. “Na empresa, a pessoa é mais
cobrada porque o chefe está perto. Se a
pessoa empreende por si mesma, ela precisa
de mais disciplina. Na empresa há também
rigidez de horário. Oito horas por dia dá pra
fazer muita coisa e ainda ficar ocioso. Então
por que estar lá? Se no lugar as pessoas
fossem cobradas por resultados, seria
melhor. Algumas empresas surgem com
essa mentalidade, por exemplo, trabalhando
seis horas por dia e produzindo mesmo.”
Revista Marriée
Quando a revista Marriée, de Londrina, foi
criada, a opção mais viável foi um negócio
home office. Pelo tipo de trabalho, isso foi
possível, com profissionais como jornalistas
e designers que trabalham nas suas casas.
A diretora da revista, Tanila Dalmut, que
tem um escritório em casa, de onde cuida
da administração e do gerenciamento
da empresa, conta que os profissionais
trabalham por produtividade e metas
diárias. “Temos essa flexibilidade. A equipe
é bem entrosada, fazemos reuniões por
e-mail, skype. E quando precisamos, nos
reunimos no Jun.tus, espaço colaborativo”.
Apesar da flexibilidade que se tem
trabalhando em casa, Tanila busca manter
uma rotina como se estivesse em uma
empresa. Acorda cedo, trabalha das 8h30
20
às 12h e das 14h às 18h. Inclusive se veste
para o trabalho. “A diferença é que com três
passos estou no trabalho”.
Tanila também aponta outros benefícios
em se fazer home office, como escapar do
trânsito das grandes cidades e a economia
com a estrutura financeira, já que não é
preciso pagar aluguel. Por outro lado, o
trabalho em casa tem suas desvantagens.
A principal delas é quando os familiares
não entendem que a pessoa está em
casa trabalhando. “Hoje meus familiares
entendem meu trabalho e não mandam
mais ninguém de férias pra cá, por exemplo.
E quando vem alguém eu já deixo avisado
que eu preciso trabalhar, deixo a pessoa na
sala e venho para o escritório”.
SETE DICAS PARA HOME OFFICE
A psicóloga organizacional Maria Cristina Consalter alerta para as frustrações que
um negócio home office pode trazer. “O profissional acha que trabalhando em casa vai
conseguir conciliar as necessidades do trabalho, as necessidades pessoais e familiares.
O que muitas vezes não acontece. As pessoas não conseguem se organizar direito,
a família não consegue gerenciar os limites de cada profissional e acaba cheio de
interrupções.” Por isso, a psicóloga dá sete dicas que auxiliam na organização e no
bom andamento do trabalho em casa:
1
É preciso manter condições
ergonômicas básicas, como mesa
e cadeira ajustadas, para que o físico
do profissional não seja prejudicado.
A iluminação também deve estar
adequada e confortável ao trabalho.
2
É fundamental estabelecer um
local específico para o trabalho.
“Especialmente quem tem família, é
importante um local privativo com
móveis e equipamentos básicos”,
explica.
3
É importante que a família
compreenda e apoie o trabalho
de quem faz home office. “Deve-se
aproveitar os horários em que a família
não está em casa, como períodos de
maior concentração.”
4
O profissional que faz home office
precisa, também, participar de
grupos sociais, associações e trabalhos
voluntários para sair do isolamento que
o trabalho em casa muitas vezes pode
gerar.
5
É preciso estabelecer limites claros
entre o profissional e o pessoal.
Para encontrar clientes, o ideal é que se
procure locais fora da casa, como cafés
ou espaços colaborativos. “Ter limites
de horários e de locais é importante
porque senão o trabalho acaba se
tornando uma extensão da vida como
um todo. Perceber assim que não é só
o espaço de trabalho que é produtivo,
mas o encontro com os amigos, o lazer”,
acredita Maria Cristina.
6
Outra necessidade para quem
faz home office é trabalhar com
agendas. Nessa agenda, considerar o
horário de trabalho, um horário para
atividades físicas, lazer, investimento
na carreira. Essas variadas atividades
podem, inclusive, ser intercaladas
durante o dia. “E aí, é importante
perceber qual horário você funciona
melhor e adequar esses horários aos
horários de atendimento aos clientes.”
7
Por fim, a psicóloga destaca a
importância da autogestão para
se ter um negócio home office, já que
não se tem o chefe ao lado cobrando
resultados. “É preciso ter um senso
de responsabilidade. Quem regula é o
profissional”, completa.
maio de 2014 | www.acil.com.br
ARTIGO
É preciso aproveitar quando o vento sopra a nosso favor.
Recentes decisões do STJ confirmam desoneração da folha de pagamento
Por Helder Eduardo Vicentini
O empresariado vive numa constante sensação de sufocamento,
em geral com margens de lucro apertadas, sobretudo em razão
da pesada carga tributária, do alto custo da mão-de-obra e dos
encargos sobre ela incidentes.
Há muito temos ouvido falar da necessidade de uma reforma
tributária, bem como sobre a necessidade de redução dos
encargos incidentes sobre a folha de pagamento. Contudo, não
há indícios de que a desejada reforma possa ocorrer a curto ou
médio prazo, pois é manifesto o desinteresse do poder público
de resolver o problema, especialmente quando os recordes de
arrecadação são quebrados a cada ano.
Para que se tenha uma ideia, no primeiro bimestre de 2014,
segundo dados fornecidos pela Secretaria da Receita Federal, foi
batido o recorde histórico da arrecadação federal, aí incluídos
os impostos, contribuições federais e outras receitas (como
royalties), com um rendimento aos cofres públicos de R$ 206,8
bilhões.
Por outro lado, é grande a descrença de que esse dinheiro
retorne à sociedade de forma eficiente, seja para cumprir com as
obrigações básicas do Estado, isto é, como forma de propiciar o
bem estar social, seja para o incremento da atividade produtiva,
sobretudo através de investimentos em infraestrutura. Ao
empresário não resta outra opção senão buscar alterativas lícitas
para driblar a omissão e incompetência do Estado, e sobreviver às
adversidades que surgem em virtude desses ventos desfavoráveis.
É incontestável a criatividade nata do empresário brasileiro, de
criar oportunidades diante das constantes adversidades. Contudo,
também há oportunidades que não dependem necessariamente
da criatividade, mas surgem da simples utilização de ferramentas
que estão disponíveis no mercado e que podem estar passando
despercebidas.
Uma eficiente ferramenta para identificar oportunidades é
realizar um bom planejamento tributário, pelo qual é possível
redesenhar operações, identificar créditos e até mesmo minimizar
riscos. Apesar disso, nem sempre se está disposto a passar por um
processo de análise ou de reengenharia tributária, pois algumas
decisões podem impactar até mesmo a forma de funcionamento
da empresa.
Associação Comercial e Industrial de Londrina
Contudo, existem algumas outras ferramentas que podem
ser implementadas de plano, sem que isso signifique alguma
mudança significativa, e sem que haja riscos financeiros. Basta
estar atento.
Recente decisão do Superior Tribunal de Justiça confirmou
decisão favorável às empresas contribuintes, no sentido de
reconhecer que sobre algumas verbas da folha de pagamento, não
deveria incidir a contribuição previdenciária que é recolhida ao
INSS.
Esse reconhecimento permite às empresas que operam sob
o regime de lucro real ou lucro presumido, deixar de recolher
dita contribuição previdenciária (20%) incidente sobre o aviso
prévio indenizado, sobre 1/3 de férias gozadas, e sobre os 15
primeiros dias de salário do empregado que se afasta por doença
ou acidente do trabalho. Segundo o voto do relator, ministro
Mauro Campbell, estas verbas são de natureza indenizatória
ou compensatória, por isso não é possível a incidência da
contribuição. Como a decisão foi tomada sob o rito de recurso
repetitivo, o caso servirá de orientação para os demais tribunais
na avaliação de casos semelhantes.
Apesar de a questão estar consolidada perante o STJ, o Estado não
se entrega facilmente e, dentro de seu espírito voraz de arrecadação,
continua se negando a reconhecer administrativamente esse
direito ao contribuinte.
A oportunidade está aí. Os ventos são favoráveis ao empresário,
que tem uma clara oportunidade de desonerar sua folha de
pagamento, bem como recuperar os valores pagos indevidamente
nos últimos cinco anos.
A luta é válida porque restabelece, ao menos em parte, parte
da arrecadação ao contribuinte, que poderá se utilizar desses
recursos para incrementar suas atividades, e cumprir com sua
função social, já que nem sempre o Estado cumpre com a sua.
Helder Eduardo Vicentini é advogado, sócio do escritório
Motta Santos e Vicentini Advogados Associados (www.msv.adv.
br), assessor jurídico da FACIAP (Federação das Associações
Comerciais e Empresariais do Estado do Paraná).
21
ECONOMIA
Por Gisele Rech
Em frente a uma joalheria do Calçadão de
Londrina, o aposentado Cornélio Gomes
ensaia um flerte em frente à vitrine que
expõe toda sorte de relógios. O apelo à
compra se traveste em modelos de design
arrojado e condições de pagamento em até
dez vezes. No entanto, a despeito da oferta
sedutora, este apaixonado por relógios não
cede à tentação. “Estou segurando os gastos
para manter as contas em dia, já que os
preços estão mais altos”, diz o consciente
consumidor, que tenta evitar ao máximo
a compra parcelada e passa longe dos
empréstimos bancários.
A percepção do aumento dos preços e a
22
consequente constatação da necessidade
de segurar as rédeas do consumo não
são exclusividade de Gomes. A dentista
Lusimara Alves de Paiva assegura que
cortou os supérfluos da lista de compras.
“Os preços subiram sutilmente, mas a soma
no final do mês dá diferença. O negócio
é comprar o necessário e sempre à vista,
para evitar o comprometimento da renda”,
ensina. Para o porteiro Antônio Marcos
Naves, o reflexo do aumento dos preços
gera uma percepção nada agradável de
redução do poder de compra. “A sensação é
de que o salário não acompanha o ritmo dos
preços no supermercado.”
O discurso dos três londrinenses, somado
ao medo da perda do emprego, reflete o
Ronaldo Antunes da Silva,
economista. “É como se o ICC fosse
um aparelho para medir pressão.
No caso da economia, a partir da
sondagem das expectativas do
consumidor, é possível, tanto para
a indústria quanto para o comércio,
saber que estratégias utilizar para
tentar recobrar essa confiança”
maio de 2014 | www.acil.com.br
“DEPOIS QUE SE FAZ A LEITURA, É POSSÍVEL SABER COMO RESOLVER O PROBLEMA”
Associação Comercial e Industrial de Londrina
O que é o ICC?
O Índice de Confiança do
Consumidor (ICC) é medido por
meio da sondagem de expectativas
do consumidor e calculado pelo
Instituto Brasileiro de Economia,
da Fundação Getúlio Vargas, desde
2002. Segundo a FGV, a sondagem
de expectativa do consumidor é
feita mensalmente com base numa
amostra de aproximadamente
2.000 domicílios de sete capitais
– na Região Sul, a representante
é Porto Alegre. Depois da revisão
metodológica realizada em 2005, a
margem de erro da pesquisa caiu
para 2,2% e a confiabilidade chega
hoje a 95%.
De acordo com o economista Ronaldo
Antunes, o ICC é uma das principais
ferramentas de medição dos rumos
da economia, já que, pela lógica,
quanto menos confiante o consumidor
se apresenta, menos propenso ao
consumo ele fica. “É como se o ICC
fosse um aparelho para medir pressão.
Depois que se faz a leitura, é possível
saber que medidas são necessárias
para resolver o problema. No caso da
economia, a partir da sondagem das
expectativas do consumidor, é possível,
tanto para a indústria quanto para o
comércio, saber que estratégias utilizar
para tentar recobrar essa confiança”,
explica.
evolução sobre o mês anterior (com ajuste sazonal)
Fev/Jan
Mar/Fev
-1,7%
0,1%
evolução sobre o mesmo mês do ano anterior (sem ajuste sazonal)
Fev14/Fev13
Mar14/Mar13
-7,7%
-5,9%
Fonte: Fundação Getulio Vargas
Estratégias
O empresário Marcelo Ontivero está
sempre de olho no ICC e utiliza a sondagem
para determinar as táticas para atrair os
consumidores, mesmo em tempos em que,
como agora, a confiança não esteja tão em
alta.
Uma dessas estratégias está sendo utilizada
justamente em função do apelo da Copa do
Mundo, quando a procura de televisores
para assistir aos jogos costuma crescer de
modo significativo. Consciente da postura
do consumidor em segurar os gastos, o
empresário lançou uma promoção para
“
O índice parou de
cair, o que já é um
bom sinal. Acredito
não apenas na
estabilização, como
até mesmo em uma
sensível melhora,
especialmente no
período da Copa do
Mundo
“
que na economia é conhecido como Índice
de Confiança do Consumidor (ICC), uma
pesquisa feita mensalmente pelo Instituto
Brasileiro de Economia da Fundação
Getúlio Vargas (FGV), que mede o grau de
satisfação dos consumidores com a situação
econômica geral. Nos últimos 14 meses, o
índice se mantém abaixo da média histórica
de 116,3 pontos, apesar de, em março, ter
apresentado uma sensível melhora de 0,1%,
reflexo da avaliação do consumidor em
relação ao momento presente – na última
sondagem, o Índice da Situação Atual (ISA)
avançou 1,3%.
Para o economista Ronaldo Antunes, a
manutenção do ICC abaixo do patamar
médio é consequência de uma série de
fatores. “A alta na inflação influencia no
preço dos produtos, provocando uma
sensação da perda do poder de compra”,
explica. A consequência principal é a
contenção de gastos, especialmente no
que se refere a produtos considerados
supérfluos, como bens duráveis.
Outro fator determinante é o reflexo do
endividamento dos consumidores. “As
pessoas ficaram muito tempo sem acesso
ao crédito e quando a oferta ressurgiu,
as compras parceladas passaram a fazer
parte da vida dos consumidores. Agora,
experimentamos um momento em que
em vez de fazer novas dívidas, as pessoas
priorizam pagar os créditos adquiridos
anteriormente”.
Os reflexos da redução do poder de compra e
a necessidade de quitar dívidas já assumidas
acabam por esfriar a economia, já que a
queda no consumo reduz a movimentação
no comércio que, por sua vez, influencia no
ritmo da produção industrial, que também
desacelera. “É o que chamamos de efeito
cascata”, diz Antunes.
No entanto, a boa notícia é que, a despeito
de o resultado dos últimos 14 meses não
ter sido muito animador e a parcela de
consumidores projetando otimismo no
futuro ter diminuído um ponto percentual
– na sondagem de março ficou em 25% - a
tendência, segundo Antunes, aponta para
a estabilização do ICC. “O índice parou de
cair, o que já é um bom sinal. Acredito não
apenas na estabilização, como até mesmo
em uma sensível melhora, especialmente
no período da Copa do Mundo”, aposta.
Ronaldo Antunes,
economista
23
incentivar a aquisição de um novo aparelho.
“O cliente pode usar o televisor antigo como
parte do pagamento. Os aparelhos usados,
por sua vez, são vendidos em uma área
especial da loja, por preços mais acessíveis”,
explica.
Além desta ação, o empresário garante que
segue firme na oferta de variadas opções
de pagamento – há desde o desconto para
compras à vista, que pode ser negociado
diretamente com os gerentes da loja – ao
parcelamento por meio de crediário. Aliás,
Ontivero garante que para segurar o cliente,
costuma orientar os funcionários a analisar
cada caso cuidadosamente, para garantir
não apenas a compra, mas também que o
cliente saia satisfeito, sem comprometer a
própria renda.
Na modalidade crediário, a loja oferece
ainda outro serviço que visa dar mais
tranquilidade ao cliente. “Oferecemos ao
comprador a possibilidade de aquisição do
seguro prestamista, que consiste em uma
garantia de quitação de parte das parcelas
caso o cliente venha a perder o emprego”,
explica. O valor, cobrado no ato da compra,
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O empresário Marcelo
Ontivero utiliza o
Índice de Confiança
do Consumidor
para determinar as
estratégias de seu
negócio e, assim, atrair
os consumidores,
mesmo em tempos
em que, como agora, a
confiança não esteja tão
em alta
é calculado com uma porcentagem em
cima do custo total do produto e todas as
regras são minuciosamente explicadas ao
consumidor. “É uma garantia para os dois
lados: o comprador sente-se mais confiante
em fazer um parcelamento mais estendido
e o empresário sabe que vai receber,
independentemente das circunstâncias”, diz.
Assim como o economista Ronaldo
Antunes, o empresário se mantém otimista
e acredita na estabilização no ICC para os
próximos meses. “A despeito desta queda
de confiança do consumidor, os negócios
vão caminhando bem. As indústrias
fornecedoras dos produtos ainda estão
mantendo os preços, o que nos permite
seguir fazendo promoções e facilitando o
crédito”, finaliza.
FOCO no PODER
MAIS COMPETITIVIDADE
PARA PEQUENAS EMPRESAS
Câmara de Vereadores aprovou projeto do Executivo que atualiza
a lei municipal de incentivo às micro e pequenas empresas
Por Susan Naime
A Câmara Municipal de Vereadores aprovou o projeto
17/2014, do prefeito Alexandre Kireeff (PSD), que revoga e
atualiza a Lei Municipal 10.778/2009 para micro e pequenas
empresas instaladas em Londrina. A matéria estabelece
tratamento diferenciado e favorecido, proporcionando mais
competitividade ao setor. Para o Executivo a substituição
do diploma legal é necessária para adequar a legislação
municipal à federal diante das modificações trazidas pela
Lei Complementar 139/2011. “A proposta é regularizar
alguns capítulos da lei que haviam sido considerados
inconstitucionais na lei anterior. Eles estão relacionados
ao mercado institucional, ou seja, o mercado de compras
públicas. Dessa forma você cria condições das empresas
públicas realizarem compra de micro e pequenas empresas
da cidade, seguindo a legislação federal. Isso faz com que o
dinheiro gerado permaneça aqui, o imposto seja trabalhado
no município e também sejam criados mais postos de
empregos”, explica o gerente regional do Sebrae do Norte do
Paraná, Heverson Feliciano.
Gastos expressivos
Segundo dados do Sebrae, na região de Londrina, cerca de R$
100 milhões são gastos na compra de apenas oito produtos.
No entanto, pouco mais de 70% são adquiridos de empresas
que estão fora da cidade. Com a aprovação da lei este quadro
poderá ser alterado. O empresário local que quiser participar
do mercado de compras públicas pode encontrar grandes
oportunidades. Em Londrina existem 63 entidades de caráter
público que buscam esse setor.
Compra Londrina
A ACIL, através de uma ação de parceria cooperativa com
outras entidades e órgãos públicos e privados, apresenta
o programa Compra Londrina. O objetivo é fomentar
o desenvolvimento e a competividade das empresas
londrinenses que desejam participar de licitações, pregões
eletrônicos e outras modalidades definidas pela lei.
Associação Comercial e Industrial de Londrina
Novo prazo para Cidade
Limpa
O projeto 9/2013, do vereador Gustavo Richa (PHS),
aprovado no último mês, estabelece uma nova dinâmica
para a aplicação de multas aos proprietários de imóveis cujo
anúncio não atenda aos critérios estabelecidos na Lei Cidade
Limpa. A partir de agora, o prazo para a regularização do
anúncio, desde que caracterizados como indicativos, especial,
obrigatório e informativo ao consumidor, será de três dias
úteis – até então a legislação não estabelecia prazo antes da
aplicação da multa. Caso a situação permaneça irregular, o
infrator pagará multa de R$ 1 mil acrescida do valor R$ 100
para cada metro quadrado que exceder os limites fixados
pela legislação. Na reincidência, a multa será aplicada em
dobro até a regularização, podendo ser reaplicada a 30 dias
da lavratura anterior, cabendo ao infrator arcar ainda com os
custos relativos à retirada do anúncio pelos órgãos públicos.
A nova regra não atinge os anúncios publicitários e especiais.
CEI dos Alvarás
Diversos documentos que envolveram o processo de
liberação do empreendimento Marco Zero, na região Leste
de Londrina, já foram solicitados pela Comissão Especial
de Inquérito (CEI) da Câmara Municipal, que investiga
supostas irregularidades na emissão de alvarás e habite-se
pela Prefeitura. O grupo, formado por Jamil Janene (PP)
– presidente; Padre Roque (PR) – relator; e Gustavo Richa
(PHS) – membro, também solicitou documentos para
averiguar as denúncias que apontaram a emissão de habitese para supostas obras irregulares do jardim Colúmbia,
na zona Oeste da cidade. A comissão terá 90 dias para
apresentar o relatório final das apurações, com mais 45 dias
em necessidade de prorrogação.
25
ENDOMARKETING
Já dizia o lendário Chacrinha: “Quem
não se comunica se trumbica”. No atual
mundo competitivo dos negócios, o
ditado torna-se um dos ingredientes,
se não a receita, para o sucesso nas
organizações.
Para que o resultado seja no estilo
efeito cascata, cada vez mais as
empresas apostam em projetos de
qualificação e em ferramentas para
estimular os colaboradores a fim de
fazer com que eles realmente se sintam
parte da equipe.
Por Susan Naime
Mercado em Foco: Como você define o
endomarketing?
Fabio Regioli: Na minha visão e de uma
forma bem simples, endomarketing são
ações, de marketing, realizadas para o
primeiro público existente em qualquer
empresa, ou seja, seu funcionário.
Mercado em Foco: Toda empresa precisa
trabalhar o endomarketing?
Fabio Regioli: Com as mudanças que o
mercado vem sofrendo, principalmente
após a globalização, as empresas
perceberam a importância de negociar
com diversos mercados os seus produtos,
sejam eles produzidos ou apenas
comercializados. Cabe à empresa começar
a buscar um diferencial perante seus
concorrentes e as ações de endomarketing
26
podem ser esse diferencial competitivo.
Imagine as empresas que souberem como
estruturar seus planos de abordagem aos
seus funcionários, tendo como ênfase
nesta estratégia buscar a otimização
dos produtos/serviços oferecidos aos
clientes. Isso hoje acaba sendo um grande
diferencial, seja através do atendimento
ou do conhecimento implícito no produto
no qual é ofertado aos consumidores.
Mercado em Foco: Após a decisão de
iniciar o endomarketing, o que deve
ser observado e por onde as empresas
devem começar?
Fabio Regioli: O primeiro passo é o
trabalho conjunto entre o departamento
de marketing e o de recursos humanos.
Mas por que esta junção de ideias?
Vale lembrar que uma empresa é
constituída por diversas pessoas com
interesses comuns ou divergentes. Com
maio de 2014 | www.acil.com.br
REVISTA MERCADO EM FOCO | MAIO DE 2014
WWW.ACIL.COM.BR
Esta prática recebe o nome de
endomarketing e é capaz de fazer
a empresa decolar. Quanto mais
motivações no ambiente interno forem
geradas ao funcionário, maior será o seu
grau de satisfação com a organização.
Este ciclo refletirá diretamente no bom
relacionamento com o cliente externo.
Aprenda mais sobre o tema na entrevista
de Fabio Regioli, especialista em gestão
de marketing.
o conhecimento do departamento de RH,
essa complexidade pode ser transformada
em informações, que são repassadas ao
departamento de marketing para a criação
destas estratégias e a busca de resultados.
Mercado em Foco: Na hora de implantar
uma campanha de endomarketing, quais
os erros mais comuns provocados pelas
empresas e que devem ser evitados?
Fabio Regioli: Alguns autores, e concordo
com as teorias empregadas pelos mesmos,
apontam dois erros mais comuns nas
estratégias de endomarketing: 1) a falta
de alinhamento do planejamento dos
programas de endomarketing com as
reais necessidades dos funcionários e 2) a
pouca divulgação das políticas de recursos
humanos. Vale ressaltar que o sucesso ou
fracasso destas ações estão vinculados,
principalmente, na aproximação dos
funcionários e empresas.
Associação Comercial e Industrial de Londrina
Mercado em Foco: Podemos citar
algumas ações que podem ser aplicadas
para o endomarketing eficiente?
Fabio Regioli: O primeiro passo é a
mudança cultural das empresas. Vale
lembrar que as ações (estratégias)
criadas devem ser postas em prática,
caso contrário a motivação por parte dos
funcionários não acontecerá. Algumas
dicas de ações:
– Trabalhar a comunicação interna: criar
canais de comunicação na qual a empresa
e funcionários consigam se comunicar de
forma rápida, onde ambos falam e ambos
escutam. Neste tipo de ação podem ser
trabalhados murais boletins informativos,
jornal interno ou até mesmo a intranet.
– Pesquisa de satisfação interna ou de
clima: realizada anual ou semestralmente
este tipo de ação, permite que o
27
proprietário avalie o clima organizacional
da empresa, onde são pontuadas falhas
ou potenciais problemas com seu público
interno. Mas este tipo de ação não deve ser
utilizado como instrumento de retaliação
por parte da empresa.
Fabio Regioli: “Através de uma estratégia
de Endomarketing, onde o funcionário
perceba realmente que é valorizado, sua
motivação irá crescer e seu rendimento
também”
– Eventos e iniciativas de integração:
happy-hours e festas pontuais, como
as de final de ano, são alguns dos casos
mais comuns. Mas a empresa também
deve pensar em ir além. Para criar um
diferencial a empresa pode trabalhar,
por exemplo, um grupo de estudo para
promover o aprendizado coletivo e o
trabalho colaborativo; grupos de corrida
ou de exercício coletivo, para estimular
o sentimento de ultrapassar obstáculos;
grupos de auxílio a entidades carentes ou de
reciclagem, para incentivar a colaboração e
o pensamento sustentável e social, algo que
realmente envolva toda a equipe.
– Palestras / eventos motivacionais /
cursos: este é um bom exemplo a ser
seguido pelas empresas. Proporcionar o
conhecimento aos seus colaboradores.
Vale lembrar que esta ação poderá
acarretar em benefícios mútuos, tanto ao
funcionário pela oportunidade de deter
o conhecimento, quanto à empresa que
irá colher os frutos do conhecimento
adquirido pelo funcionário.
- Benefícios extras: quando citamos esta
questão dos benefícios, acredito que muitos
irão pensar em vale-alimentação, transporte
e assistência médica e odontológica. Mas
existem outros benefícios que podem ser
agregados a eles. Por exemplo, um valeacademia ou convênio com alguma próxima
ao local de trabalho. Horário flexível e
espaço para pets ou crianças pequenas
também são algumas opções interessantes
para serem adotadas.
Mercado em Foco: Quais resultados
uma boa estratégia de endomarketing
pode trazer para a empresa?
Fabio Regioli: Os melhores, pois um
funcionário que trabalha motivado,
contente com a empresa e seus colegas
de profissão (ambiente) poderá render
28
mais, passar esta motivação aos seus
consumidores, ou seja, a empresa com
este tipo de ação pode realmente pensar
em lucro.
Mercado em Foco: E para o profissional,
como essas práticas podem melhorar
em seu desempenho?
Fabio Regioli: Os resultados são vários,
desde a motivação para enfrentar o diaa-dia de trabalho, ganho na qualidade de
vida, respeito não só dele, mas das pessoas
próximas a ele que conhecem a empresa e
seus benefícios, além da visão do mesmo
em relação ao seu trabalho, ambiente e
colegas. Estas ações podem estimular e
permitir uma flexibilidade na vida pessoal.
Mercado em Foco: Qual a diferença
entre o endomarketing e a comunicação
interna?
Fabio Regioli: Endomarketing seria a
teoria implementada pelas empresas,
a criação de estratégias de marketing
pensando no funcionário.
Já a comunicação interna seria uma
ferramenta desta estratégia, como citado
em exemplo anterior.
Mercado em Foco: Quando utilizar,
individualmente, o endomarketing, a
comunicação interna, ou os dois juntos?
Fabio Regioli: Acho que ambos
caminham juntos. Uma das estratégias de
endomarketing mais fácil e mais prática
é a comunicação interna. Acredito que a
maioria das empesas possui um mural.
Agora, as empresas devem rever se esta
ferramenta está sendo utilizada de forma
correta, como canal de comunicação mútuo.
Mercado em Foco: Durante a prática
de endomarketing, como utilizar a
tecnologia, como redes sociais, a favor
da empresa?
Fabio Regioli: Como citamos, o primeiro
público dentro de uma empresa é seu
funcionário. Em relação às redes sociais,
vale a pena a empresa esquecer um
pouco do consumidor final e usá-las
maio de 2014 | www.acil.com.br
“CABE ÀS EMPRESAS COMEÇAR A BUSCAR UM DIFERENCIAL PERANTE SEUS CONCORRENTES”
como um braço da comunicação interna,
mostrando o que foi trabalhado, quem são
os aniversariantes do mês, como foi aquele
passeio de bicicleta na qual os familiares
e os funcionários participaram, enfim,
ações internas mostradas ao público
interno. Não que o consumidor final da
empresa não deva saber destas ações, mas
melhor seria se ele soubesse desta ação
por parte do próprio funcionário que a
compartilhou.
Mercado em Foco: Como fazer com que
o ambiente diferenciado proporcionado
pelo endomarketing permaneça na
empresa?
Fabio Regioli: Através da continuidade
das ações pelos proprietários, diretores
ou gerentes. Independentemente destas
substituições, o sucessor deve ser
alertado pelo resultado positivo que estas
estratégias estão proporcionando aos
funcionários e os resultados das mesmas
ao consumidor final.
Mercado em Foco: De que forma esse
resultado chega ao cliente final?
Fabio Regioli: Através do atendimento.
Quantas empresas que nós conhecemos
– e vou citar isso como um consumidor
– possuem um funcionário que está
desmotivado, não obtém conhecimento,
simplesmente se imagina como um
número para cumprir sua meta e pronto?
Acredito que temos vários nesta situação.
A causa está na própria empresa da
qual ele faz parte. Portanto, através de
uma estratégia de endomarketing, em
que o funcionário perceba realmente
que é valorizado, a sua motivação irá
crescer e seu rendimento também, pois
o funcionário não quer deixar de fazer
parte de uma empresa que realmente
lhe dá valor. Essa motivação é repassada
ao consumidor através das vendas e do
conhecimento, gerando relacionamento e
fidelidade.
PERFIL
Por Paulo Briguet
De sua janela no Sindimetal, Valter Orsi tem uma visão ampla de
Londrina. A cidade pode ser contemplada ali em 360 graus; por
isso, o 25º andar do Edifício Oscar Fuganti, onde se localiza a sede
da entidade, tem sido frequentemente procurado por fotógrafos e
cinegrafistas em busca de belas imagens urbanas. Dali eles podem
focalizar a Catedral, a Alameda Manoel Ribas, o Júlio Fuganti, o
Centro Comercial, a Rodoviária, o Boulevard, o Estádio do Café, o
Relojão, o Palácio do Comércio, a Praça Willie Davids, o Ouro Verde.
É um caso em que o lugar traduz perfeitamente o homem. Valter Orsi
é um londrinense da gema, de coração, de pé rigorosamente vermelho.
Nasceu há 59 anos numa casa na esquina da Rua São Salvador com a
Avenida Duque de Caxias, filho dos pioneiros Éssio e Zulmira Orsi.
Atravessando a rua, seus pais tinham o Armazém Nossa Senhora
Aparecida, onde o pequeno Valter ajudava desde pequeno. Quer dizer
que você morava na Vila Casoni, Valter? “Não”, ele corrige, londrinense
conhecedor dos limites urbanos. “Vila Casoni era para baixo da Rua
Belém. Ali era considerado Centro.” De forma que podemos dizer
com toda precisão geográfica: Valter Orsi nasceu, cresceu e continua
vivendo no Centro de Londrina.
A pergunta de todos os dias
“Qual é a tua obra?” Todas as manhãs, quando acorda, Valter Orsi
procura responder a essa questão. “Estou fazendo o certo ou o errado?
Estou sendo justo? Estou atingindo os melhores objetivos? São as
perguntas que eu me faço todos os dias.” Desde muito jovem, Valter
sempre quis se realizar como empresário, pai de família e cidadão.
Seus quatro filhos – o mais velho com 33 anos, o mais novo com 14
– lhe dão muitas alegrias. Nayara, de 17 anos, cursa Oceanografia em
Florianópolis, mas destacava-se como pesquisadora desde a escola
secundária. “Ela já esteve duas vezes em Nova York para falar sobre
pesquisa, teve um trabalho selecionado entre os cinco melhores do
Brasil, participou da maior feira sobre pesquisa do mundo [a da Intel,
em Los Angeles] e foi convidada a atuar em um centro de pesquisa
biológica em Israel”, enumera Orsi, com orgulho.
Educar bons filhos para o mundo é uma conquista importante, mas
Valter pensa em algo mais. “E a sociedade? Eu quero que o presidente,
o governador, o prefeito, o síndico do meu prédio resolvam os meus
problemas? Serei um eterno cobrador? Não: eu quero contribuir com
meu país, meu estado, minha cidade. Essa é a luta do meu dia a dia.
Para falar a verdade, é o que mais me realiza”, diz o presidente do
Sindimetal, entidade que congrega as empresas do ramo metalúrgico
em Londrina.
Prosperidade tem seu valor, mas é preciso enxergar mais longe: “Às
vezes me dizem que eu poderia ter duas ou três vezes mais do que
tenho. Mas isso não me abala. Ser feliz é mais do que uma soma em
dinheiro; é uma soma de virtudes e atitudes.” Virtudes e atitudes que
às vezes precisam ser utilizadas para superar o desânimo causado pelas
manchetes de jornais: “Eu peço sempre a Deus que me mantenha
motivado. Porque às vezes os casos de corrupção me dão vontade de
abandonar tudo e cuidar apenas da minha família, da minha empresa”.
30
maio de 2014 | www.acil.com.br
“SER FELIZ É UMA SOMA DE VIRTUDES E ATITUDES”
O ex-futuro
bancário
Ser empresário era algo que
estava no sangue de Valter
Orsi desde os tempos em que
ele ajudava o pai no balcão
do Armazém Nossa Senhora
Aparecida. Mas, em 1975, Valter
esteve muito perto de tomar
outros rumos: passou em um
concurso do Banco do Brasil.
Na época, trabalhava como
vendedor numa empresa de
Valter Orsi: “Quando uma equipamentos. Depois de fazer
indústria é desativada, perdemos
uma venda para um senhor de
empregos, riquezas e talentos.
Não é algo que se recupera da cabelos brancos, Valter lhe disse
noite para o dia.” que estava para sair do emprego.
O homem ficou em silêncio por
um instante e disse: “Meu jovem, pense bem no que está fazendo.
Eu trabalhei como auditor no Banco do Brasil e acho que é uma
carreira excelente. Mas, pelo que eu pude ver, pelo modo como
você me atendeu, deu para notar que a sua vocação é outra. Pense
bem se você quer mesmo trabalhar em banco”.
Aquelas palavras impressionaram fortemente o jovem Valter
Orsi. Ele pensou bem e decidiu não entrar para o banco.
Deixou o emprego, mas para tornar-se pequeno empresário.
“Hoje talvez eu fosse um gerente de banco, não sei. Mas depois
daquela conversa resolvi fazer o que gostava.” Valter sentese grato ao homem que lhe deu aquele conselho. “Nem sei o
nome dele, nunca mais o vi. Mas agradeço. A vida é tão bela,
tão rica. Fazer o que se gosta é fundamental para a felicidade.”
Há quase 40 anos, o mundo perdeu um bancário e ganhou um
empreendedor. Valter foi o primeiro presidente da Associação
de Micro e Pequenas Empresas do Norte do Paraná. Depois,
presidiu a federação estadual do mesmo segmento. O espírito
associativista manifestou-se seguidamente nas lutas por melhores
condições para os pequenos negócios. “Queríamos aplicar no
Brasil os bons exemplos de apoio às microempresas em outros
países.” Em meados dos anos 80, Valter participou da elaboração
do Estatuto das Micro e Pequenas Empresas do Brasil. Chegou a
ganhar um diploma por assiduidade nos cursos de capacitação
oferecidos aos empreendedores. “Se tinha curso, eu estava lá.”
Associação Comercial e Industrial de Londrina
“
“
Quem ocupa cargo público deve
servir, e não se servir. Tenho
respeito pelo funcionário público,
até porque a sociedade depende
do trabalho dele.
Momento histórico
da cidade
Por 12 anos, Valter Orsi participou da diretoria da ACIL. Trabalhou,
por exemplo, na implantação do atual Centro de Capacitação. Eleito
presidente da entidade para a gestão 1999-2000, teve então um dos
maiores desafios de sua vida ao integrar, ao lado de outras lideranças
locais, o movimento Pé Vermelho Mãos Limpas, também conhecido
como Movimento pela Ética na Administração Pública de Londrina.
Eram tempos difíceis. No terceiro mandato de Antonio Belinati
em Londrina, estourou o escândalo AMA-Comurb. Parte de R$
186 milhões provenientes da venda de ações da Sercomtel foram
desviados em licitações fraudulentas. Diante do silêncio da mídia
local, as entidades locais, lideradas pela ACIL e a OAB, exigiram
a investigação e punição dos desvios. Foi um momento histórico
– na vida da cidade e na vida de Valter. “Eu me orgulho daqueles
dias. Foi um movimento democrático, passo a passo. Em nenhum
momento partimos para a agressão ou baixaria. Diante dos desvios,
simplesmente acreditávamos que a nossa cidade não poderia ser
assim. Que a nossa prefeitura não poderia ser assim. Que os nossos
vereadores não poderiam ser assim. Que as licitações não poderiam
ser assim. Que o dinheiro público não podia ser tratado assim.”
Em junho de 2000, o prefeito Antonio Belinati teve o seu mandato
cassado pela Câmara de Vereadores. “Eu fico feliz por ter participado
de um momento histórico para Londrina. O tempo deu a resposta:
todo aquele esforço tem o seu reflexo hoje. A partir dali, Londrina
começou a entender que o interesse público precisa ser respeitado.”
Na opinião de Valter Orsi, a cidade vive hoje um clima de confiança
cujas sementes foram plantadas naquele período turbulento. “Não há
mais espaço para populismo nem para desvio do dinheiro público em
Londrina”, afirma. “Quem está no cargo deve servir, e não se servir. É
preciso resgatar a grandeza da expressão servidor público. Tenho certeza
de que Londrina será um modelo de gestão pública para o Brasil.”
No entanto, a cidade só pode chegar a esse nível de desenvolvimento
se contar com as empresas e os empresários. “Infelizmente, muitos
ainda acham que empresário é sinônimo de explorador, sonegador,
poluidor. Na verdade, o empresário brasileiro é quem gera empregos,
impostos e qualidade de vida”, argumenta. Valter Orsi acredita que as
entidades têm o dever de combater o preconceito contra a atividade
empresarial. “Uma nação que criminaliza a atividade empresarial
está expulsando os talentos do país. No momento em que se apagam
as luzes de uma empresa, a cidade, o estado e o país perdem demais.
Capital e trabalho precisam estar de mãos dadas. Estamos todos no
mesmo barco. O sucesso do empresário é o sucesso do trabalhador.
Quando há desequilíbrio, os dois perdem.”
Valter Orsi olha pela janela do Sindimetal. “Outro dia colocaram
aqui uma câmera filmando por 24 horas. Desta janela se vê o
amanhecer e o anoitecer de Londrina.” Diante da paisagem urbana,
surge uma pergunta: como foi possível fazer tantas coisas em apenas
80 anos de história? A resposta está em uma palavra: união. Vinte
e um anos mais novo que a cidade, o ex-futuro bancário sabe que
ainda é preciso fazer muito mais – em todos os 360 graus da Filha
de Londres.
31
DESTRAVA LONDRINA
JUNTOS PELA JUNTA
Administrada pelo Sindicato dos Contabilistas, Junta Comercial de Londrina
procura oferecer atendimento ágil e seguro para abertura de empresas.
Dificuldade maior dos empreendedores são os alvarás da Prefeitura
Por Paulo Briguet
A Junta Comercial é um lugar
importantíssimo para o desenvolvimento
de qualquer município. Ali se faz a
certidão de nascimento das empresas que
vão movimentar a economia, gerar renda,
oferecer empregos e criar valor para a
sociedade. Ali também se formalizam as
mudanças, os registros e os fechamentos
de empresas. Pela Junta passam as boas e
más notícias da economia; as crises e as
oportunidades; os períodos de calmaria e
tempestade. De certa forma, ela é a bússola
e o termômetro do desenvolvimento. Por
isso, vale a pena perguntar: como anda
funcionando esse órgão público?
Em Londrina, a Junta Comercial
vai bem, obrigado. Quem garante é
o vice-presidente do Sindicato dos
Contabilistas, Paulino José de Oliveira.
“O funcionamento da Junta nunca
esteve tão bem quanto agora. Digo isso
como representante de entidade e como
usuário”, afirma Paulino. A Junta local
funciona há vários anos por meio de um
convênio entre o Governo do Estado e o
Sincolon.
O posto da Junta em Londrina conta
hoje com três vogais e seis funcionários.
Segundo Paulino, trata-se de um número
adequado de profissionais. O vogal é um
servidor público nomeado pelo Governo
do Paraná e tem a chamada “fé pública” –
sua assinatura vale como uma autorização
32
oficial do Estado. Os documentos
assinados pelo vogal têm a tarja do
governo e possuem validade em todo
o território nacional. Toda e qualquer
empresa formalizada deve passar pelo
crivo de um vogal da Junta Comercial.
Entre as atividades realizadas pelo órgão
estão aberturas, extinções, alterações,
certificações, livros de registros – “enfim,
toda a parte burocrática do registro do
comércio”, como define Paulino José de
Oliveira.
Pequenas cidades,
novas agências
Nos últimos anos, a Junta Comercial do
Paraná tem criado agências em cidades
menores. Na região, por exemplo, o
Governo Estadual inaugurou postos da
Jucepar em Cambé, Rolândia, Bela Vista
do Paraíso e Cornélio Procópio. Também
está prevista a criação de uma agência
em Ibiporã. “Isso é bastante positivo,
pois ajuda o contribuinte”, afirma o vicepresidente do Sincolon. Ele não afasta
a possibilidade de que sejam criados
novos postos da Jucepar no município
de Londrina, a exemplo do que acontece
em Curitiba. “Antes, era Londrina que
fazia o registro de empresas para todas
essas cidades. Mas, a persistir a tendência
atual, Londrina vai ganhar outros postos”,
comenta Paulino.
O presidente da Junta Comercial do Paraná,
Ardisson Akel: “Com as novas agências no
interior do Estado, agilizamos os atos do
registro empresarial”
O presidente da Junta Comercial do
Paraná, Ardisson Akel, afirma que
a atual administração estadual tem
ampliado a rede de agências regionais
para estimular o empreendedorismo
no interior do Estado. “Com as novas
agências, proporcionamos maior rapidez
no atendimento e na execução dos atos
do registro empresarial, com economia de
custos de deslocamento e comodidade aos
empresários, contabilistas e advogados”,
assegura Akel.
No primeiro trimestre de 2014, foram
abertos 28.051 novos empreendimentos.
Em Londrina, foram registradas 1.647
empresas. Por diversas vezes, Londrina
tem ficado atrás de Maringá no número
de empresas criadas. Mas será que esse
número expressa fielmente a realidade?
Há algumas controvérsias.
Com a criação de postos da Jucepar em
cidades vizinhas, muitos contabilistas
maio de 2014 | www.acil.com.br
têm procurado esses outros municípios
para fazer o registro de empresas que, na
realidade, operam em Londrina. Paulino
Oliveira ressalta que os processos são
bastante rápidos na agência londrinense.
“Pela lei, temos três dias para dar uma
resposta assim que recebemos o pedido
de abertura da empresa – e temos
cumprido esse prazo.” Ocorre que em
cidades pequenas a demanda é menor.
“Então, é muito comum que nesses postos
a resposta saia no mesmo dia.”
Há um problema aí, porém. O diretor
da ACIL e contabilista Rodolfo Zanluchi
observa que os vogais das novas agências
não têm a mesma experiência e traquejo
de seus colegas de Londrina. Às vezes,
acabam aceitando registros de empresa
com falhas de documentação. “Isso
dificilmente acontece em Londrina,
onde os vogais são experientes e
tarimbados”, observa Zanluchi, que
iniciou sua vida profissional estagiando
na Junta Comercial. Uma diferença
importante em relação à Junta Comercial
e as de outras cidades está no convênio de
funcionamento. “Na maioria das cidades,
essa parceria se dá entre o Governo
e as associações comerciais, e não os
sindicatos de contabilistas”, diz o diretor
da ACIL.
Paulino Oliveira observa que as mesmas
leis de registro empresarial funcionam
para todo o País. “Se o vogal identifica
uma cláusula incorreta, ele tem por
obrigação apontar o erro”, diz o vicepresidente do Sincolon. “Há colegas
que preferem dar entrada em postos de
cidades menores, o que é um direito deles.
Eu sinceramente não vejo necessidade”,
opina. O que não se pode ter, ressalta
Paulino, é compromisso com o erro em
favor da velocidade dos processos. “As
regras são iguais para todos, e devem ser
seguidas. Não é porque o contador deu
entrada com um processo que ele precisa
ser imediatamente aprovado.”
Embora o trabalho da Junta Comercial
de Londrina vá bem, é possível melhorar
Associação Comercial e Industrial de Londrina
Paulino José de Oliveira, vicepresidente do Sincolon: “As
regras são iguais para todos,
e devem ser seguidas. Não é
porque o contador deu entrada
com um processo que ele precisa
ser imediatamente aprovado.”
em alguns aspectos. Paulino acredita que
os postos do interior poderiam ter mais
autonomia em relação à sede da Jucepar
em Curitiba. “Estamos adiantado, mas
ainda dependemos muito da capital”,
afirma. Em comparação com outras
cidades do interior, a estrutura da Junta
de Londrina não fica a dever. “Estive em
Maringá dias atrás, e não vejo grande
diferença no funcionamento e na
estrutura da agência de lá.” A diferença
– ressalta Paulino – está nos alvarás que
dependem da Prefeitura. “Em Maringá
esse processo que depende do município
é muito mais ágil.”
Alvará é
o que mais trava
Como já foi ressaltado pela Mercado
em Foco, na edição de abril, o
processo de abertura de empresas em
Londrina geralmente trava quando
chega à Prefeitura. Daí, a criação do
Fórum Destrava Londrina – que tem
por objetivo descomplicar a vida dos
novos empreendedores e diminuir a
burocracia para que os já se encontram
estabelecidos. “Os empecilhos maiores
estão na Prefeitura. Não se libera alvará
de jeito nenhum!”, critica Paulino.
“Queremos agilizar o processo de
abertura das empresas. E agilizar é
muito diferente de passar por cima da
lei. Defendemos o cumprimento da lei,
mas com dinamismo.”
A proposta do Sincolon coincide
com a do Fórum Destrava Londrina
– com o qual, aliás, a entidade está
colaborando: criar um Departamento
de Alvarás na Prefeitura, com a
presença dos representantes de diversos
órgãos (Secretaria de Obras, Sema,
Ippul, Bombeiros, etc.). “O sonho
dos contabilistas é criar esse setor de
alvarás na Prefeitura, para evitar que as
empresas fiquem meses na fila à espera
de uma autorização para operar”, afirma
Paulino.
Rodolfo Zanluchi, empresário e
contabilista, concorda que o caminho
para as empresas poderia ser muito
mais fácil em Londrina. E diz que a
Junta Comercial tem sido um parceiro
importante nesse desafio. “Mesmo sem
um espaço físico adequado e com uma
estrutura que não é a ideal, os vogais
tem realizado um ótimo trabalho. São
servidores íntegros e responsáveis,
que merecem os nossos parabéns.” A
presidente do Sincolon, Danielle Frank,
salienta que, na visão da entidade, a
estrutura atual atende plenamente as
necessidades de Londrina. “É claro
que sempre podemos melhorar, mas
operamos com alto nível de satisfação”,
afirma a presidente.
Serviço:
Junta Comercial de Londrina – Rua
Espírito Santo, 199 – Fone (43) 3323-9896.
33
EMPREENDEDORISMO
Por Michelle Aligleri
Não há quem resista ao cheirinho do pão
quente logo pela manhã. O “pãozinho nosso
de cada dia” está presente há milhares de
anos na mesa das famílias e torna o café da
manhã muito mais gostoso. De batata ou de
leite, broas ou baguetes, a variedade de pães
é quase infinita, tem para todos os gostos e
de todos os sabores. Apesar das inúmeras
opções, quem ganha mesmo o coração
do brasileiro é o tradicional pão francês.
Os proprietários de padarias podem falar
com autonomia sobre este assunto, já que
acompanham de perto a escolha dos clientes
pelo pãozinho.
Na Panetteria Palhano são produzidos
cerca de 400 tipos de pães e diariamente
podem ser encontrados no estabelecimento
entre 40 e 50 pães de diferentes sabores.
Apesar disso, a proprietária Elieth Hodas
sabe bem qual é o pão que não pode faltar
no balcão. “Por conta da preferência dos
clientes pelo pão francês, nós acabamos
desenvolvendo o pão francês integral e
34
ainda oferecemos uma versão assada com
queijo”, conta.
Além de prezar pela qualidade e manter
a tradicional receita do pãozinho, é
importante estar atento a uma rotina
na hora de enfornar. “As pessoas vêm
à padaria nos horários de pão quente.
Quem mantém esta rotina fideliza o
cliente”, destaca Itamar Carlos Ferreira,
proprietário da padaria Savana’s, que
diariamente oferece pão quente aos
clientes às 7h, 8h, 9h, 9h30 e 10h.
Apesar de o pão francês ser o carrochefe das padarias, as empresas não
sobrevivem apenas da venda deste
produto. Por isso, prezar a qualidade, a
variedade e acompanhar as tendências
do setor são atitudes que fazem toda
a diferença para desenvolver um bom
negócio. Aos poucos o londrinense está
adquirindo o hábito de tomar café da
manhã nas padarias, característica mais
comum nas grandes cidades. Para isso os
estabelecimentos estão se adequando e
vão oferecendo espaços apropriados para
“Por conta da
preferência dos
clientes pelo
pão francês,
nós acabamos
desenvolvendo o
pão francês integral
e ainda oferecemos
uma versão assada
com queijo”, Elieth
Hodas, proprietária
da Panetteria
Palhano
que os clientes sejam bem recebidos e
comecem o dia de forma agradável.
O ambiente da Panetteria Palhano foi
se adaptando gradativamente. “Quando
abrimos a padaria, há quatro anos, eu
tinha apenas 22 lugares, que eram usados
para servir um suco ou um lanche. Com a
mudança no comportamento dos clientes,
nós fomos aumentando o número de
mesas. Hoje contamos com mais de 80
lugares, e em alguns dias temos fila de
espera na porta”, garante Elieth.
maio de 2014 | www.acil.com.br
“QUEM MANTÉM UMA ROTINA FIDELIZA O CLIENTE”
Cliente fiel
A concorrência acirrada, especialmente
com os supermercados, traz à tona a
necessidade de renovação das padarias.
Itamar conta que, além de mudar
o layout do seu negócio, é preciso
sempre buscar novos produtos para
oferecer aos clientes. “Hoje nos grandes
centros as padarias abrangem outros
segmentos e grande parte delas oferece
refeições”, lembra o empresário. Apesar
de reconhecer essa característica do
mercado, ele afirma que pretende manter
a sua padaria da forma tradicional,
servindo pães, roscas e cafezinho. A
Savana’s também é ponto de encontro de
quem gosta de tomar café fora de casa.
A padaria costuma ficar lotada das 7h às
9h30. “O pão com manteiga na chapa,
acompanhado do pingado médio, é o
pedido mais frequente”, ressalta.
O cliente da padaria é geralmente muito
fiel e por frequentar o estabelecimento
todos os dias acaba desenvolvendo uma
relação mais próxima dos atendentes
do que em outros segmentos. “Muitos
colaboradores acabam chamando os
clientes pelo nome, oferecendo um
atendimento personalizado, o que ajuda
na fidelização”, complementa Itamar.
Para ele, o fato da padaria cortar os
frios na hora e conforme o pedido
do cliente é um ponto positivo em
relação ao atendimento prestado pelos
supermercados. “Enquanto nos mercados
o presunto e a muçarela ficam prontos na
bandeja, aqui a pessoa pode escolher a
quantidade e a grossura da fatia que vai
levar para casa”, exemplifica.
“As pessoas vêm à padaria nos horários de
pão quente. Quem mantém esta rotina fideliza
o cliente”, Itamar Carlos Ferreira, proprietário
da padaria Savana’s
Associação Comercial e Industrial de Londrina
Para garantir que o cliente volte sempre,
Elieth foca sua empresa na qualidade
tanto do produto quanto do atendimento.
Para ela, não vale a pena fazer certas
economias, que refletem diretamente
no resultado final da panificação.
“Muitas padarias aboliram o padeiro da
madrugada e trabalham com um padeiro
a noite que prepara a massa e outro que
assa o pão pela manhã. No entanto, a
qualidade do produto final fica diferente,
por isso eu optei por continuar com um
padeiro que fica durante a madrugada,
mas realiza o processo todo do preparo
do pão do começo ao fim”, ressalta a
proprietária da Panetteria Palhano.
Agregar valores
Investir em produtos
e ampliar os serviços
oferecidos pelas
padarias é um filão
que está começando
a ser descoberto
pelas empresas
londrinenses.
Modernização não
“Algumas empresas
pode faltar neste
de Londrina estão
segmento e conforme desenvolvendo suas
próprias marcas.
a consultora de
São produtos de
marketing e vendas
qualidade e eu
Natasha Bacchi,
acho que isso é
um grande filão
fundamental para a
competitividade”,
das padarias são os
Natasha Bacchi,
demais produtos que
consultora de
agregam valores.
marketing
“Estas empresas
conseguem ter uma margem de lucro
muito boa com produtos diferenciados.
A produção de alimentos mais
elaborados como bolos acabam gerando
uma competitividade grande”, salienta.
A diferenciação na prestação de serviços
também deve ser encarada pelos
empresários como uma oportunidade
de crescimento. Para Natasha este pode
ser um caminho interessante e lucrativo.
“Outro dia fui numa festa de aniversário
numa padaria, mas parecia um Buffet.
Este tipo de proposta chama atenção”,
ressalta a consultora. Outro elemento
que já foi descoberto por algumas
padarias são os produtos exclusivos.
“Algumas empresas de Londrina estão
desenvolvendo suas próprias marcas. São
produtos de qualidade e eu acho que isso
é fundamental para a competitividade”,
complementa.
A consultora ainda destaca a presença
das empresas na internet através de sites
e das redes sociais. “É preciso usar estas
ferramentas de forma estratégica. Postar
informações aleatórias não agrega muita
coisa, é preciso pensar em como vai ser
feito”, aponta. Conforme ela, algumas
empresas já estão disponibilizando até
catálogos online para que os clientes
possam fazer encomendas e este tipo de
ação é interessante porque possibilita
ampliar o leque de clientes.
Dicas para ter um pão francês gostoso
no dia seguinte:
Guarde o pão em um saco de papel,
assim ele murcha. A sacolinha de plástico
faz com que o pão fique duro no dia
seguinte.
- Pouco antes de comer, coloque o pão
em uma panela e leve ao fogo baixo.
São necessários apenas alguns minutos
para que o pãozinho fique novamente
crocante por fora e macio por dentro.
35
AGRONEGÓCIO
BELAGRÍCOLA
DE CASA NOVA
Empresa que se mudou para antigo Ecomercado
Palhano passou por consultoria para rever
processos e modernizar procedimentos
Por Guto Rocha
Desde o final de maio, a Belagrícola está
de casa nova. A empresa, que atua no
setor do agronegócio, como fornecedora
de insumos agrícolas, beneficiamento
de sementes, armazenamento de grãos
e frigorífico de aves, transferiu sua sede
administrativa para o prédio que já foi
ocupado pelo Ecomercado Palhano, às
margens do lago Igapó 2. O objetivo é
concentrar em um único espaço as áreas
administrativas, que, até então, estavam
divididas em três prédios localizados
em diferentes pontos da Avenida
Bandeirantes, em Londrina.
36
A mudança busca promover uma melhor
integração entre os colaboradores da
empresa e seus processos administrativos.
“Adotamos o conceito de espaço único,
onde todas as áreas vão trabalhar no
mesmo plano, em um ambiente aberto
e colaborativo, com diversas salas de
reunião ao redor”, explica o diretor
administrativo da Belagrícola, Alberto
Araújo.
Fundada em 1985, em Bela Vista do
Paraíso, a Belagrícola transferiu sua sede
administrativa para Londrina em 2008,
onde estava presente desde 1995, como
filial. Araújo observa que no ano passado
a empresa, que tem origem familiar,
passou por uma reformulação em seu
quadro com o objetivo de promover uma
maior profissionalização.
Para isso, observa o diretor administrativo,
a empresa buscou executivos para que
assumissem postos de direção. Foi o caso
dele, que está na empresa há um ano e três
meses. Formado em Engenharia Naval e
Direito, Araújo passou por empresas de
engenharia e do setor financeiro.
Outro passo nesse sentido foi o trabalho
realizado pela Consultoria Internacional
Deloitte, concluído em meados do mês
de abril. Segundo Ricardo Brunhara,
da Deloitte, o trabalho dos consultores
consistiu em revisar todo o processo
de comercialização de grãos e insumos.
Com isso, observa Brunhara, foi possível
identificar gaps (falhas) no sistema e as
possibilidades de melhorias.
O trabalho, segundo o consultor, foi
realizado no período de 10 semanas,
quando, por meio de entrevistas e análises
diretas nas áreas relacionadas, foi feito o
mapeamento dos fluxos em toda a cadeia
da comercialização. “Analisamos desde a
chegada do grão entregue pelo produtor
no silo até a efetivação da venda e a parte
financeira, para então escrever um plano
de ação”, explica o consultor.
Brunhara afirma que a consultoria
identificou a necessidade de se adotar
um sistema que integrasse todos os
processos, que funcionavam de maneira
fragmentada. “Parte do sistema é
comprada, outra é desenvolvida dentro
de ‘casa’. Era um tipo de sistema que
chamamos de Frankenstein”, ilustra o
consultor. A ideia, segundo ele, é que
a partir do projeto desenvolvido pela
Deloitte, a empresa já considera implantar
um ERP (enterprise resource planning)
para integrar todos os processos, melhorar
o dia a dia das pessoas e consolidar a troca
de informações.
Ao todo, observa o consultor, foram
identificados mais de 300 gaps
operacionais, dos quais cerca de 50 estão
ligados a questões de logística, além dos
gaps de governança, de sistemas e de
pessoas. “Neste caso das pessoas, não
tivemos muitos problemas, a equipe está
bem capacitada. O problema está mais na
estrutura organizacional. Como questões
maio de 2014 | www.acil.com.br
“COMO A EMPRESA É FAMILIAR, AS COISAS SEMPRE FORAM FEITAS NA BASE DA CONFIANÇA”
de segregação de função, por exemplo, a
pessoa que faz a compra não poderia ser a
mesma que faz os pagamentos”, comenta.
No que diz respeito à governança
corporativa, o consultor observa que a
Belagrícola já estava com os possíveis
gaps nesse quesito sendo resolvidos.
“Como é uma empresa familiar, as coisas
sempre foram feitas na base da confiança.
Mas, por regras de governança é preciso
aplicar melhores práticas”, comenta.
E isso começou a ser feito com a vinda
de executivos do mercado, o que
segundo o consultor é algo que o setor de
agronegócio tem buscado cada vez mais
para garantir maior profissionalização
do negócio. “Conforme vai crescendo,
a empresa percebe que o primo não é o
mais indicado para a função que vinha
exercendo, por exemplo. O executivo do
mercado chega para fazer o saneamento
necessário para apresentar resultado com
maior produtividade e rentabilidade do
negócio”, comenta.
TVI
14 Kadministrativo
APRESENTADORES da
REGIONAIS
ANUNCIO
O 0041
diretor
Belagrícola
afirma que, com a conclusão dos
trabalhos da consultoria, a empresa está
revendo todos os processos das duas áreas
que participaram do projeto. “Estamos
fazendo alterações na integração entre
os colaboradores das áreas de insumos
e grãos. Em alguns casos estamos
segregando e em outros unificando pessoal
para melhorar as falhas identificadas pela
consultoria”, observa.
Finalizada a fase de realocação de
equipes e de melhorias tecnológicas com
a automatização dos processos, Araújo
afirma que a empresa passará para a
segunda fase. “Vamos desenhar como o
processo ficou com as mudanças adotadas
e identificar as melhorias conquistadas em
relação ao processo anterior. O objetivo
é melhorar a qualidade da informação e
de como ela flui dentro da empresa para
garantir sempre o melhor atendimento ao
produtor”, afirma.
Atualmente,
segundo
Araújo,
a
Belagrícola atende produtores de grãos
205X137MM
copy.pdf
1
30/04/14
17:14
do Paraná,
São Paulo
e Santa Catarina.
Alberto Araújo, diretor administrativo da Belagrícola:
“Adotamos o conceito de espaço único, onde todas
as áreas vão trabalhar no mesmo plano, em um
ambiente aberto e colaborativo”
Nesse Estado, a empresa conta com três
unidades de comercialização de insumos.
No Paraná e São Paulo, são 38 unidades
de recebimento de grãos e 38 unidades
de insumos, sendo que em alguns casos,
as unidades são mistas, ou seja, vendem
insumos e recebem grãos. Em Tamarana,
a Belagrícola mantém uma unidade de
beneficiamento de sementes. A empresa
conta com 2.480 funcionários.
PROGRAMAÇÃO REGIONAL
RICTV RECORD 2014
TODO MUNDO GOSTA
TV ABERTA - CANAL 9
NET - CANAL 4
COMÉRCIO
TRADICIONAL
Por Alexandre Sanches
Acordar de madrugada, ir ao Ceasa ou ao
Mercadão do Povo buscar mercadorias
frescas e montar a sua barraca antes de o
sol nascer. Este é o cotidiano de muitos
londrinenses que vivem das feiras livres
distribuídas diariamente nos diversos pontos
da cidade.
Se para quem trabalha como feirante o dia
começa quando muitos londrinenses estão
dormindo, para outros, a busca por produtos
frescos logo ao raiar do sol, indo até o meiodia ou 13h, é uma constante, independente
dos mesmos produtos serem ofertados nas
grandes redes de supermercados ou nos
sacolões que se espalham pelos bairros. Tudo
por conta de diferenciais que o consumidor
não encontrará em outros estabelecimentos:
a oportunidade de pechinchar, preço mais
em conta, os produtos caminhando pouco
e, principalmente, pelo clima proporcionado
por este comércio ambulante que leva as
pessoas a não se sentirem apenas fazendo
compra, mas dando um passeio, encontrando
38
amigos e cultivando amizades.
Nas feiras de Londrina são comercializados
de tudo um pouco: frutas, verduras, legumes,
raízes e especiarias, alimentos pré-prontos
e de origem japonesa, pamonha e produtos
derivados do milho, café em pó e em grão,
arroz e feijão a granel, flores, artesanato, ovos.
Atualmente, por conta das leis sanitárias,
não são mais vendidos animais vivos,
como galinhas. Porém, em determinados
pontos é possível comprar frangos e
peixes, defumados, embutidos, queijos e
outros produtos. E, no final das compras,
as pessoas podem ainda parar nas bancas
dos pastéis para recarregar as energias e
se refrescar com um bom refrigerante.
Hoje, Londrina possui 251 feirantes
cadastrados junto à Companhia Municipal
de Trânsito e Urbanização (CMTU) para
as feiras livres, que coordena e fiscaliza o
funcionamento do setor, distribuídos em 32
pontos diferentes semanalmente (média de
quatro por dia). Atrás destes empresários, que
não se enquadram nem como micro e nem
como pequenos, mas como comerciantes
Paulo Rogelo: “A mercadoria das
feiras é mais fresca. Não temos
como estocar, sem câmara fria
para armazenagem. Compramos
com frequência direto do campo
para a feira”.
maio de 2014 | www.acil.com.br
“HÁ PESSOAS QUE GASTAM COM PSICÓLOGOS E HÁ QUEM VEM À FEIRA GASTAR COM PASTEL”
Osvaldo Canesso: “Os fregueses são sempre pontuais. A
feira é um patrimônio público e não pode deixar de existir
porque fará falta”
ambulantes, há uma movimentação de
dinheiro e geração de empregos.
Algumas barracas são administradas por
uma única pessoa. Outras, por núcleos
familiares. Mas há quem contrate ajudante
para as vendas, organização e limpeza das
barracas.
Um desses feirantes é Paulo Rogelo, 52 anos
e há 35 anos nas feiras livres que, após deixar
a sua banca, está há cinco trabalhando como
auxiliar na banca de dona Maura, 67 anos e
há 49 vendendo frutas nas feiras. Rogelo diz
que, apesar da oferta por supermercados
e outros estabelecimentos comerciais que
trabalham hortifrutigranjeiros, a feira livre
sempre vai sobreviver.
“A mercadoria das feiras é mais fresca. Não
temos como estocar, sem câmara fria para
armazenagem. Compramos com frequência
direto do campo para a feira. E as pessoas
vêm à feira por tradição de 20, 30 anos,
são clientes fiéis. Temos clientes que há
mais de 30 anos fazem questão de virem
semanalmente aqui”, comenta, informando
que há casos em que o núcleo familiar está na
segunda, terceira geração de consumidores
das feiras.
Para Rogelo, o diferencial é que as feiras se
tornam um lugar de passeio, não apenas
de compras, onde as pessoas se divertem,
conversam, desabafam. “Há pessoas que
gastam com psicólogos. E há quem vem
à feira gastar com pastel, frutas, verduras,
falar com o feirante. Temos tempo para
conversar. Já no mercado vai conversar
com quem? Com o repositor, que nem
sempre está lá no horário das compras?”
Há ainda a concorrência entre os feirantes
distribuídos em áreas que vão de dois a
Associação Comercial e Industrial de Londrina
cinco quarteirões no máximo, como na
tradicional feira da Avenida São Paulo, às
quintas e domingos, com quatro quadras. “A
gente ganha centavos, não ganha milhões.
Não podemos fazer loucuras, mas sempre
procuramos cobrir o preço da concorrência,
agradando aos nossos clientes”, salienta,
lembrando que uma das diferenças da feira
para o supermercado está na venda por quilo
e por dúzia entre os feirantes.
Adicionando valor
O feirante Osvaldo Canesso, 62 anos e
há 49 nas feiras livres, sempre vendendo
ovos, fez a vida e deu educação aos filhos
como ambulante. Apesar de considerar
que está meio devagar para o trabalho
rotineiro, continua na lida por amor aos
fregueses. “Eles são sempre pontuais, vem
bater papo com a gente, contar piada. A
feira é um patrimônio público e não pode
deixar de existir porque fará falta”, enfatiza.
Ele lembra que algumas feiras livres
londrinenses podem ser consideradas
patrimônio cultural, histórico e turístico,
pois muitas pessoas de outros municípios
procuram passear e ver novidades no
setor. Por este motivo, aliado à necessidade
de aumentar os rendimentos, Canesso
passou a trabalhar com artesanato de
madeira em sua barraca, adicionando valor.
Para combater a concorrência dos
supermercados, o feirante cita a necessidade
de procurar por produtos com diferencial
a mais. “Hoje os supermercados compram
grandes quantidades e podem armazenar
os produtos. Eu, semanalmente, compro a
minha quota de ovos para vender, pois além
de perecível, meu produto é frágil. Então,
procuro os ovos maiores e até mesmo os de
duas gemas, que agradam a dona de casa”,
salienta.
Nestes 49 anos de feirante, Canesso diz que
já viu de tudo, até mesmo a fuga de muitos
ambulantes descendentes de japoneses, na
década de 80, que foram ganhar a vida no
Japão. “Muitos dos feirantes eram de origem
japonesa. Famílias inteiras deixaram os
pontos e foram embora ganhar dinheiro lá
fora. E ao voltar, não quiseram mais trabalhar
nas feiras”, comenta.
Ele mesmo diz não ter quem dê continuidade
ao seu comércio quando for parar de vez.
“Consegui dar uma boa educação aos filhos,
que fizeram faculdade e hoje trabalham na
área que escolheram, ganhando um bom
salário. Aqui o ganho é praticamente o
mesmo sempre. Muitos desistem por conta
disso”, explica. No entanto, boa parte dos
feirantes de Londrina possui mais de dez
anos no ramo e há casos de quem começou
com os pais e estão há décadas na lida, como
o Jorge, um japonês que mal fala o português
e vende verduras e legumes. Ele atua como
feirante há 50 anos, mantendo sua banca com
a ajuda de diversos auxiliares contratados.
Feirantes são
moradores de
Londrina
As feiras livres de Londrina são regidas
pela Lei Municipal 11.468/2011 (Código
de Posturas do Município). E uma das
exigências para que possam explorar um
ponto é que o comerciante seja morador
estabelecido no município, não podendo
morar nas cidades vizinhas. Além das feiras
livres, há as chamadas Feiras da Lua, que
atualmente tem 35 feirantes cadastrados,
e a Feira dos Produtos, esta coordenada
e fiscalizada pela Secretaria Municipal da
Agricultura.
De acordo com a supervisora de Espaços
Públicos da CMTU, Josi Aparecida Durante,
as feiras livres são concessões públicas. E uma
comissão composta de representantes de
órgãos públicos e sociedade organizada é que
autoriza a instalação de novas barracas. Após
39
ser requerida a vaga, a fiscalização verifica
a existência de pontos nas feiras solicitadas.
“Não basta só existir o ponto, mas é preciso
verificar se o produto que vai comercializar
não tem em demasia nos locais pedidos.
Tem que haver um equilíbrio dos congêneres
ofertados”, explica.
A rotatividade no setor não é tão grande. E
nos últimos anos, segundo a supervisora, a
desistência de pontos tem sido mais difícil.
“Normalmente a desistência se dá por
problemas de saúde. E quando a pessoa falta
mais de três semanas seguidas no mesmo
ponto. Aí a legislação determina a revogação
do alvará de funcionamento para este ponto”,
comenta.
Mesmo assim, Josi deixa claro que, em caso
do comerciante ambulante resolver parar
com sua atividade e quiser passar para um
funcionário ou um familiar, ele tem que
entrar com a solicitação de transferência
do ponto junto à CMTU. “A comissão vai
analisar a documentação, o histórico e
decidir se poderá ser transferida ou não”,
orienta.
Números da vida de feirante
32 feiras livres
5 feiras da lua
1 feira do produtores
251 feriantes (feiras livres)
35 feirantes (feiras da lua)
Não há informações sobre total de feirantes na feira do produtor
Funcionamento da Feira Livre: de segunda a domingo, com média de quatro por dia
Funcionamento da Feira da Lua: de terça a sábado, sendo uma por dia
Funcionamento da Feira do Produtor: aos domingos
COLUNA DA ACIL
Charles Vezozzo assume
a Presidência do Fórum
Desenvolve Londrina
“Nós somos o que fazemos. O que não
se faz não existe. Portanto, só existimos
quando fazemos. Nos dias que não
fazemos, apenas duramos.” Com essa
frase do padre Antônio Vieira (16081697), o empresário e engenheiro Cláudio
Tedeschi despediu-se da Presidência
do Fórum Desenvolve Londrina, cargo
Charles Vezozzo assume que ele ocupou no biênio 2012-2014. O
a presidência do Fórum novo presidente do Fórum, professor
Desenvolve Londrina para
Charles Vezozzo, da PUC-PR, tomou
o biênio 2014-2016
posse no último mês em uma cerimônia
simples, mas emocionante, na sede da AML, onde são realizadas as
sessões semanais do Fórum, no que ficou conhecido como “milagre
das quintas-feiras”. Todos os anos, as 37 entidades que compõem o
Fórum realizam estudos sobre temas específicos. Neste ano, o assunto
abordado será o valor da industrialização.
Charles Vezozzo assume a Presidência do Fórum para o biênio 20142016 com grande entusiasmo. “É uma honra para mim fazer parte
desse grupo tão qualificado. Aqui se aprende civismo e democracia.
Aqui se pensa uma Londrina melhor.”, disse o novo presidente.
Se você quiser conhecer melhor o milagre das quintas-feiras, acesse o
site http://www.forumdesenvolvelondrina.org/
Comerciantes fazem
propostas para a Duque
“A Duque está doente e a cura depende de nós.” A frase de um
empresário local define a situação desta importante e histórica avenida
londrinense. No levantamento realizado pela ACIL junto a empresários
e proprietários da Duque de Caxias, os lojistas e moradores são
unânimes em afirmar que a situação deveria voltar ao que era antes,
com faixa não-exclusiva para os ônibus e estacionamento permitido.
“O retorno experimental do estacionamento na avenida já revela
um resultado benéfico à vida comercial local, sem maior transtorno
à mobilidade dos veículos”, diz o médico Paulo Talizin, morador do
local desde a infância.
Os comerciantes levaram ao prefeito Alexandre Kireeff as seguintes
propostas: 1) fim da faixa exclusiva de ônibus na Duque de Caxias,
tornando-a somente preferencial; 2) ampliação do estacionamento
para todo o trecho da Duque entre a Rua Benjamin Constant e a
Avenida JK, das 8 às 18 horas, inclusive aos sábados; 3) instalação
de parquímetros da Zona Azul na avenida; 4) pintura de faixas e
Associação Comercial e Industrial de Londrina
ACIL e grupo de
comerciantes
apresentaram ao
prefeito Alexandre
Kireeff propostas
sobre mudanças no
trânsito da Avenida
Duque de Caxias
adequação das informações nas placas; 5) transferência de linhas
de ônibus para a Rua Uruguai; 6) instalação de um semáforo no
cruzamento com a Rua Alagoas, em função do grande movimento de
estudantes no local.
Os próprios comerciantes se dispuseram a elaborar uma campanha
informativa sobre as regras de estacionamento na Duque de Caxias.
ACIL forma 10ª turma do
Programa Bom Negócio
Ao final do curso,
empreendedores
participantes
arrecadaram fraldas
geriátricas para
doar ao Lar dos
Vovozinhos
Cerca de 60 empreendedores finalizaram o ciclo de aperfeiçoamento
do Programa Bom Negócio, oferecido pela ACIL em parceria
com a Fomento Paraná e Universidade Estadual de Londrina. Eles
concluíram as cinco etapas da formação – Gestão de Negócio,
Gestão Comercial, Gestão Financeira, Gestão de Pessoas e Gestão
Estratégica. Essa é a décima turma em formação desde novembro
de 2011, quando os primeiros empreendedores foram capacitados.
Entre os objetivos do programa está o crédito subsidiado, com
juros a partir de 0,55% ao mês, além da carência de três meses
para começar a pagar. As linhas de crédito são provenientes do
Banco do Empreendedor da Agência de Fomento. O recurso
concedido pode ser usado para investimento fixo (obras, móveis,
utensílios, instalações, aquisição de máquinas e equipamentos),
capital de giro ou investimento misto (combinação dos dois).
Ao final do curso, os alunos/empresários se uniram por uma causa
solidária e arrecadaram fraldas geriátricas que serão doadas ao Lar dos
Vovozinhos. A próxima turma de capacitação do Bom Negócio está
programada para o segundo semestre de 2014. Mais informações pelo
telefone da ACIL 3374-3000.
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NOVOS
ASSOCIADOS
SERVIÇOS
INFORMÁTICA
Rhede Sistemas
Avenida Maringá, 445
PRODUÇÃO MUSICAL
Sucesso Produções
Avenida Waldemar Sprager, 1235
LOTEAMENTOS
Loteadora Santa Fé
Rua Alagoas, 1557
ODONTOLOGIA
Clínica Central Popular
Avenida São Paulo, 155
CABELEIREIROS
Fio a Fio Cabeleireiros
Rua Piauí, 1300
INFORMÁTICA
Góes e Coelho
Arapongas
OFICINA MECÂNICA
Retoque.Com
Rua Grafita, 435
ÓTICA, JÓIAS E RELÓGIOS
Ótica Olhar
Rua Sergipe, 413
AGÊNCIAS DE TURISMO E CÂMBIO
TM Turismo
Rua Piauí, 71
COM/SERVIÇOS
IMOBILIÁRIAS E CORRETORAS
Imobiliária Mila
Rua Piauí, 211
PAISAGISMO
Londri Jardinagem e Paisagismo
Rua Vasco da Gama, 250
CABELEIREIROS
Marcela Quedas Marques Oliveira
Rua Alessandro Volta, 715
COMÉRCIO E VAREJO DE PEÇAS DE
AUTO
Gaúcho Peças e Acessórios
Avenida Dez de dezembro, 1121
ODONTOLOGIA
Odonto Excellence
Cambé
PROMOTORA DE VENDAS
Open Line Group
Rua Santa Luzia, 198
ESCOLA DE IDIOMAS
Teachers
Avenida Madre Leônia Milito, 400
COMÉRCIO
HOTELARIA
Franz Hotel
Avenida Duque de Caxias, 3063
ALIMENTAÇÃO
Avant Comercial
Rua Rangel Pestana, 623
TRANSPORTES DE PASSAGEIROS E
CARGAS
Fabio Nunes
Avenida Dez de Dezembro, 1354
ODONTOLOGIA
Odonto Excellence
Rua da Lapa, 415
BAZAR, AVIAMENTOS E UTILIDADES
DOMÉSTICAS
Arrabal Acessórios
Rua Senador Souza Naves, 75
TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO
Concretta Escola da Construção
Rua Sergipe, 721
PINTOR
Oliveira Pinturas
Rua Bahia, 1394
TRANSPORTADORA
Colletti Transportes Rodoviários
Cambé
MÓVEIS
Favorita
Avenida Higienópolis, 1397
PRODUTOS DE LIMPEZA
Primula
Avenida Santa Mônica, 639
COMÉRCIO DE ELETRODOMÉSTICO
Max System
Rua São Vicente, 575
IND/COM
VESTUÁRIO E ARMARINHO
Reibrink
Rua Whashington de Souza Carvalho, 180