RESULTADOS ESCOLARES NO MUNICÍPIO DE NOVA IGUAÇU:
DESAFIOS DO IDEB NA PERIFERIA DA REGIÃO
METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO.
Dayana Kelly Lemos de Souza; José Roberto da Silva Rodrigues
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, [email protected];
Universidade do Estado do Rio de Janeiro. [email protected]
INTRODUÇÃO
O significativo avanço da matricula verificado no Ensino Fundamental desde os
anos 1970 possibilitou o deslocamento ao longo do tempo das preocupações acerca da
Qualidade em educação no Brasil, desde o acesso até o desempenho/aprendizagem
escolar, passando pela difícil busca da melhoria dos resultados de fluxo (FRANCO,
ALVES, BONAMINO, 2007). A partir dos anos 1990 os governos federal, estaduais e
municipais passaram a investir mais sistematicamente em políticas publicas baseadas
em avaliações de larga escala acerca da qualidade da educação nas escolas brasileiras
como um todo. Partindo da análise dos resultados da série histórica do Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) desde o inicio de sua aplicação em 2005
até 2013 esta pesquisa procurou observar o desempenho da rede de ensino fundamental
municipal de Nova Iguaçu na Prova Brasil. Constatou-se que em média essa rede,
embora tenha tido um desempenho superior ao de muitas cidades da região
metropolitana do Rio de Janeiro denominada Baixada Fluminense, não conseguiu
empreender avanço significativo dos seus resultados ao longo de toda a série. A
observação de que apenas uma escola da rede conseguira atingir as metas traçadas, nos
levou a supor que determinadas condições ou fatores intra ou extra-escolares podem ter
levado essa escola em especial a ter resultados superiores às demais da rede
(SOARES,2007) . A hipótese inicial elaborada por esta pesquisa indaga até em que
medida a gestão e as ações pedagógicas docentes da escola em questão podem ser
consideradas responsáveis pelos resultados positivos apresentados.
METODOLOGIA
Para responder as muitas perguntas colocadas e averiguar a veracidade de nossa
hipótese iremos selecionar escolas na rede de ensino de Nova Iguaçu que apresentem
IDEBs que tenham avançado e alcançado a meta e também escolas que tenham tido
dificuldade para avançar. Pretendemos fazer um levantamento das políticas
educacionais da prefeitura, entrevistar a direção das escolas, professores e observar o
dia-a-dia dos alunos em todo o ambiente. A pesquisa pretende assim, obter por meio de
dados qualitativos e quantitativos, responder as questões aqui levantadas contribuindo
assim para a melhoria da qualidade da educação básica nas redes municipais.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em 2007, quando iniciei minha atividade docente na rede pública de ensino
Estadual e Municipal no Estado do Rio de Janeiro, fui apresentada de maneira formal a
essas avaliações externas e a toda complexidade de dados e polêmicas que as cercam
dentro das unidades escolares. Os resultados pouco significativos do IDEB que escolas
onde leciono alcançaram, fomentaram o nascimento dessa pesquisa.
Pretendemos investigar e analisar o histórico das avaliações externas no Brasil,
bem como os resultados alcançados pelas escolas municipais da prefeitura de Nova
Iguaçu, rede na qual leciono, e que não apresentou mudanças na aprendizagem segundo
demonstra o seu IDEB no período 2005-2013. A Prefeitura Municipal de Nova Iguaçu
localiza-se na Região Metropolitana do Rio de Janeiro numa sub-região conhecida
como Baixada Fluminense.
No gráfico abaixo, são evidenciados os resultados da referida rede no IDEB,
comparados a suas metas estabelecidas, o resultado alcançado pela rede pública estadual
e a toda rede municipal da federação:
Ideb comparativo - Nova Iguaçu
6
5,2
5
5,5
5
4,7
4,3
3,9
4
3,5
3,6
3,5
3,4
3
3,1
2,9
2,9
3,7
3,6
3,5
3,1
3,8
3,5
3,2
3,8
3,6
Município
3,4
Meta
Rio de Janeiro
2
Brasil
1
0
2005
2007
2009
2011
2013
2015
2017
2019
2020
Fonte: INEP
No ano de 2005, a avaliação foi realizada para verificação da situação educacional
apresentada pelos municípios, somente a partir do quadro inicial individualmente
apresentado é que as metas foram traçadas. A meta é um caminho de evolução
individual dos índices traçados para que cada escola, município, estado e unidade da
federação possam avançar e alcançar patamar educacional desejável1 respeitando
Na cidade de Nova Iguaçu, o desempenho inicial da rede municipal (3,5) foi
superior a média nacional (3,1) e também a estadual (2,9). Ainda que comparativamente
superior, a nota ainda é baixa se levarmos em consideração a desejável. A cidade
apresentou um tímido crescimento (3,6) de 0,1 pontos em 2007, mas o fato de ter
superado a meta (3,5) é um aspecto positivo a ser observado. Na avaliação seguinte em
2009, o resultado apresenta queda de 0,1 pontos repetindo o desempenho de 2005 (3,5),
1
No caso do PNE, 5,5 para os anos finais do ensino fundamental até 2024.
mas, desta vez, ficou abaixo na meta estipulada. Em 2011 a nota não cresce (3,5) e se
afasta ainda mais da meta (3,9) deste ano que já não fora cumprida também em 2009.
Em 2013, o resultado (3,4) trás uma queda de 0,1, que embora possa parecer pouco
relevante, faz a cidade sustentar um IDEB, inferior ao de quando ele fora inicialmente
medido em 2005.
Diante dos dados, chama a atenção o fato do IDEB alcançado pelo município ter
partido de uma nota superior a média estadual e nacional e, ao final de oito anos, essa
nota ser inferior tanto a média do estado do Rio de Janeiro quanto à do Brasil. As notas
destes dois últimos apresentaram uma capacidade de crescimento que não foi alcançada
pela cidade de Nova Iguaçu. Uma análise mais detalhada do desempenho apresentado
pelas 24 escolas da rede revela dados ainda mais preocupantes: apenas 8 escolas tiveram
crescimento do IDEB, destas, apenas uma atingiu a meta estabelecida.Os resultados
apontam que mais de 60% das escolas do município estão em situação de alerta pois não
cresceram o IDEB, não atingiram a meta e estão muito distantes de alcançar o resultado
proposto pelo PNE para 2024 no que se refere ao crescimento da aprendizagem,
revelado pelo IDEB.
Considerando que a implantação das avaliações de larga escala tenham sido
intensificadas neste período, e que políticas públicas2 tenham efetivamente contribuído
para fomentar mudanças de estratégicas nas práticas escolares de gestores e docentes,
teria a rede de Nova Iguaçu encontrado algum obstáculo para o avanço dos resultados
escolares aqui expressos, considerando a natureza da constituição do indicador IDEB
[IDEB = fluxo + aprendizagem]? Em que medida seria possível relacionar tais
desempenhos escolares observados a estas duas dimensões do IDEB, verificando o peso
de cada uma em algumas escolas? Apenas uma Escola em Nova Iguaçu superou a meta
esperada, apesar de uma queda pontual na media do seu IDEB 2011. Em que medida as
2
O PDE (Plano de desenvolvimento da Escola) é a mais direta destas políticas. Desde 2006 utiliza o IDEB
como parâmetro para repassar recursos por dois anos a escolas com baixo resultado na avaliação,
visando instalar um programa direcionado de melhora da gestão escolar, da qualidade do ensino e da
permanência das crianças na escola.
práticas docentes e de gestão podem estar relacionadas a estes quadros mais gerais da
rede e mais específico em relação a essa escola que obteve destaque no IDEB 2013?
CONCLUSÕES
A queda do IDEB na grande maioria das escolas de Nova Iguaçu no período
2005-2013 é um dado intrigante uma vez que a literatura aponta que a inserção do
sistema de avaliação na educação básica brasileira tem corroborado para mudanças na
prática docente, na gestão escolar e nas políticas públicas de forma sensível para que se
alcancem as metas estabelecidas.
Acreditamos que a prática docente que se funda no empoderamento de seus
alunos faz diferença na qualidade da formação destes e isso poderá ser observado,
inclusive, em melhores resultados do IDEB.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.
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DF: Senado, 1988.
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Todos pela Educação. Disponível em: . Acesso em: março de 2015.
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dez. 1996.
FRANCO,Creso;ALVES, Fátima e BONAMINO, Alicia. Qualidade do ensino
fundamental: políticas, suas potencialidades, seus limites. EDUc. Soc., Campinas,
Vol.28, n. 100 – Especial, p.989-1014, out. 2007
INEP/MEC. Estatísticas do ideb. 2013.
MEC. Plano Nacional de Educação - PNE. Brasília, INEP, 2014.
OLIVEIRA, R. P. De & ARAUJO, G. C. de. Da universalização do ensino
fundamental ao desafio da qualidade: uma análise histórica. Educação &
Sociedade, Campinas, vol. 28, n. 100 - Especial p. 661-690; out. 2007.
SILVA, Isabelle Fiorelli. O sistema nacional de avaliação: características, dispositivos
legais e resultados. Est. Aval. Educ., São Paulo, v. 21, n. 47, p. 427-448, set./dez. 2010.
SOARES, JOSÉ Francisco. Melhoria do desempenho cognitivo dos alunos do ensino
fundamental. Cadernos de Pesquisa.v.37. n.130. p.135-10. Jan.abr.2007.
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