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Edição Especial – Projeto Pró Engenharias
Revista P&D em Engenharia de Produção V. 08 N. 01 (2010) p. 72-76
ISSN 1679-5830
ANÁLISE DE RISCOS EM PROJETOS POR MEIO DE TÉCNICAS DE
GESTÃO DO CONHECIMENTO
Sandra Miranda Neves
Mestranda em Engenharia de Produção
Universidade Federal de Itajubá - UNIFEI
Instituto de Engenharia de Produção e Gestão - IEPG
[email protected]
Prof. Dr. Carlos Eduardo Sanches da Silva (Orientador)
Professor Adjunto IV
Universidade Federal de Itajubá - UNIFEI
Instituto de Engenharia de Produção e Gestão - IEPG
[email protected]
Prof. M.Sc. Hugo José Ribeiro Junior (Co-orientador)
Professor Substituto
Universidade Federal de Itajubá - UNIFEI
Instituto de Engenharia de Produção e Gestão - IEPG
[email protected]
Palavras-chave: Gerenciamento de Riscos; Gestão do Conhecimento; Desenvolvimento de
Software; Empresas de Base Tecnológica Incubadas.
1. PROPOSTA
Todos os projetos possuem riscos, mas projetos de alta tecnologia possuem riscos
particulares, como alta variação, onde embora hajam aspectos nos projetos que lembrem
trabalhos anteriores, cada projeto tem aspecto único e objetivos que o diferem de trabalhos
anteriores de forma substancial, assim como desafios para executá-los cada vez mais
rapidamente (KENDRICK, 2003). As elevadas taxas de insucesso associados a projetos de
sistemas de informação sugerem que as organizações precisam melhorar não só a sua
capacidade de identificar, mas também para gerir os riscos associados a estes projetos
(JIANG; KLEIN; DISCENZA, 2001). Entretanto, para Neef (2005) uma organização não
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pode gerenciar efetivamente os seus riscos se não gerenciar o seu conhecimento. Goldoni
(2007) considera que nos setores como a indústria de software, que utilizam o conhecimento
como insumo para as suas atividades, existe uma atividade intensa de conhecimento, visto que
adotam constantemente, novas tecnologias e novas práticas. Farias (2003) considera que
gestores de projetos podem repetir erros do passado simplesmente por não conhecerem as
ações de mitigação que foram aplicadas com sucesso, sendo que uma gestão do conhecimento
de riscos ineficiente contribui para maximizar este problema. Baseando-se neste contexto, este
estudo visa responder à seguinte questão de pesquisa: Como integrar conceitos, técnicas e
instrumentos de gestão do conhecimento na atividade de análise de riscos em projetos?
O objetivo geral da pesquisa é analisar como a gestão do conhecimento é abordada na
identificação dos riscos de projetos de desenvolvimento de software em pequenas e médias
empresas de base tecnológica incubadas. Os objetivos específicos são selecionar abordagem
de gestão do conhecimento (GC) aplicável a tomada de decisão e gerenciamento de riscos em
projetos de empresas de base tecnológica incubadas (EBTI) utilizando o Analytic Hierarchy
Process (AHP), identificar os principais fatores de riscos em projetos de desenvolvimento de
software de acordo com o ciclo de vida das EBTI e analisar quais técnicas de gestão do
conhecimento são utilizadas nas EBTI na gestão de riscos de projetos de desenvolvimento de
software.
As justificativas para realização do estudo estão relacionadas às seguintes
observações:
• Relevância do tema: segundo Verzuh (2000) o gerenciamento de riscos é considerado um
dos principais trabalhos do gerenciamento de projetos, mas apesar disto, pesquisas
realizadas por Raz, Shenhar e Dvir (2002) demonstram que suas práticas ainda não são
largamente utilizadas pelas empresas;
• Relevância do objeto de estudo: o Spinf-off tecnológico (criação de uma empresa a partir
de um centro de pesquisa ou de uma empresa-mãe) oferece vantagens como: importantes
consequências econômicas para as universidades, conservação do patrimônio científico
dentro do território nacional, diversificação da economia, criação de empregos,
dinamização do tecido industrial, contribuição da pesquisa à sociedade, melhoria dos
produtos e serviços, dentre outros (COZZI et al., 2008);
• Levantamento de novas questões de pesquisa: para Rovai (2005) a gestão dos riscos do
projeto constitui-se em um dos desafios da gestão de projetos, devido à sua complexidade,
abrangência, dificuldade de ferramentas técnicas, inovação, escassez bibliográfica, dentre
outros fatores. Segundo Gattoni (2004), a disciplina gestão do conhecimento, que
considera recém disseminada nos meios acadêmicos e profissionais, praticamente ainda
não é enfatizada ou ressaltada no contexto da gerência de projetos.
2. CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA E OBJETO DE ESTUDO
A pesquisa classifica-se quanto à sua natureza: aplicada (APPOLINÁRIO, 2006);
Quanto ao objetivo: Exploratória (GIL, 2009); Quanto à abordagem: Quanti-qualitativa
(BRYMAN; BELL, 2007; CRESWELL; PLANO CLARK, 2007); Quanto ao método: Estudo
de caso (YIN, 2005; MIGUEL, 2007). Os procedimentos para a coleta dos dados serão o
questionário, observação, entrevista e análise documental.
O objeto de estudo desta pesquisa são empresas de base tecnológica incubadas (EBTI).
Dahlstrand (2007) define uma empresa de base tecnológica como aquela que depende da
tecnologia para o seu crescimento e sobrevivência, não significando, na maioria das vezes,
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que a tecnologia deva ser nova ou uma inovação. Para Pinho, Côrtes e Fernandes (2002)
empresas de base tecnológica (EBT) são “aquelas pequenas e médias empresas que realizam
esforços tecnológicos significativos e concentram suas operações na fabricação de novos
produtos”. Esses novos produtos podem ser resultado de processos de criação,
armazenamento e disseminação do conhecimento por toda a empresa, realizados por gestores
que materializam esse conhecimento organizacional por meio de projetos que envolvem riscos
e incertezas.
3. CONTRIBUIÇÕES TEÓRICAS E PRÁTICAS
Como contribuição teórica, cita-se a baixa ocorrência deste tipo de estudo em
empresas de base tecnológica. Resultado das consultas realizadas nos periódicos da CAPES
(Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) nas bases de dados Science
Direct, Emerald, Springer, Wiley, Wilson, IEEE e Informs, de acordo palavras-chave
previamente definidas (“risk and Project”, “risk and technology-based companies”, “risk and
knowledge management”,” risk and software”) e de acordo com as principais revistas em
gerenciamento de projetos e desenvolvimento de software, podem ser visualizadas por meio
da Figura 1.
Figura 1 – Resultado pesquisas por base de dados
Percebe-se que pesquisas relacionando riscos a empresas de base tecnológica
incubadas ainda são pouco exploradas nas bases de dados analisadas.
Encontra-se comumente na literatura a gestão de projetos aplicada a grandes empresas
(WHITE; FORTUNE, 2002; BRYDE, 2003), entretanto, pesquisas publicadas sobre o
gerenciamento de projetos em pequenas e médias empresas ainda são incipientes (MURPHY;
LEDWITH, 2007). Outra contribuição da pesquisa é proporcionar novas aplicações para a
literatura do AHP relacionada à seleção de abordagens de GC direcionadas a empresas de
base tecnológica.
Como contribuição prática, cita-se as oportunidades de melhoria identificadas em um
diagnóstico realizado pelo Núcleo de Desenvolvimento de Produtos (NDP) da Incubadora de
Base Tecnológica de Itajubá (INCIT) em treze EBTI. Identificou-se que muitos projetos,
senão a quase totalidade, são conduzidos sem o uso de metodologias de gerenciamento de
riscos, sendo que 70% destas empresas consideram ser a análise de riscos uma oportunidade
de melhoria, visto que poderia evitar, mitigar, transferir ou, até mesmo, aceitar os riscos,
desde que devidamente gerenciados.
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REFERÊNCIAS
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4. SILVA, C. E. S.; LORENZO, C. D.; MELLO, C. H. P.; NEVES, S. M.; SALGADO,
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2009.
PERÍODO
Data de início do mestrado: setembro/2008
Data prevista para defesa: julho/2010.
AGRADECIMENTOS
A CAPES - Programa Pró-Engenharias (processo PE024/2008) e à FAPEMIG (por meio do
projeto TEC 596/06).
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