SONHOS QUE CONSTROEM A REALIDADE (I)
José Domingos de Andrade
Professor e Advogado
O verdejante vale do Rio Tijucas respira ares primaveris, borbulhante e florido,
enquanto homens planejam o sucesso da cidade. Um sonho parece despertar nas suas mentes
como se possível fosse criar um curso superior para a cidade de Tijucas. É setembro de 1985.
Nilton José Fagundes, Prefeito de Tijucas, a Capital do Vale, pensa o progresso
com Marco Aurélio de Oliveira, de quem serei colega de profissão, anos depois, e Lauro
Vieira de Brito, dentista da cidade, idealista e político, respectivamente. Não afirmo que eles
têm consciência de que educação é a mãe capaz de gerar desenvolvimento. Mas a realidade
mostra que o caminho seguido por eles leva a isto.
O desejo, quase impossível, de criação de uma Faculdade no Município de Tijucas
começa a ser desenhado. Outros visionários se juntam à idéia: Luiz Carlos Vailatti, Marco
Aurélio Sedrez, Leda Regina de Souza e Ernani Bayer. À primeira vista, com nome e tudo, já
é uma realidade a Fundação Educacional do Vale do Rio Tijucas – FEVATI -, com a
participação dos municípios de Nova Trento, São João Batista, Canelinha, Major Gercino,
Bombinhas, Porto Belo e Itapema.
Descobre-se, isso sim, que entre sonho e realidade existe um abismo quase
intransponível. Os municípios vizinhos não aderem ao projeto. Falta dinheiro. Tudo volta à
estaca zero. E o sonho recomeça.
Numa nova tentativa, em 12 de novembro de 1985, o Prefeito do município de
Tijucas cria, oficialmente, a Fundação de Ensino Superior do Vale do Rio Tijucas, através da
lei n.° 586. Em 26 de novembro do mesmo ano, uma comissão de sonhadores apresenta o
Estatuto que dá o arcabouço à Fundação. O Decreto que regulamenta a lei de criação é editado
com o n.° 014/86. Nas ações arrojadas de criação da entidade, um nome é destaque: Ernani
Bayer, membro de Conselho Federal de Educação.
Um decreto Municipal, de n.º 013/86, de 30 de maio de 1986, nomeia o primeiro
diretor, Prof. Marco Aurélio de Oliveira e, a primeira Secretária, Leda Regina de Souza. Os
primeiros dirigentes da Fundação miragem pouco têm a fazer em cima do nada.
Se o leitor imagina a criação da Fundação como o começo de uma realidade,
engana-se. A cidade ainda dorme o sono dos justos e, apenas sonha. A tentativa primeira de
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trazer uma extensão da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC - ou da Universidade
para o Desenvolvimento do Estado – UDESC - resulta em fracasso. Os caminhos começam a
ser redesenhados e a realidade mostra a distância entre o que se quer o que se tem: somente
uma luzinha verde, apagada, fraca e quase invisível, tremula distante.
Fico a imaginar o que se passa na mente daqueles visionários, quando, em 09 de
junho de 1986, redigem o histórico ofício à Fundação de Ensino do Pólo Geo-Educacional do
Vale do Itajaí – FEPEVI, solicitando uma parceria na criação de um curso superior para a
cidade, o grande sonho da população que vê seus filhos dizimados em acidentes de trânsito,
muito freqüentes, na rodovia da morte, a BR – 101.
Naquele ano, é Diretor da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, da FEPEVI,
o Professor Paulo Roberto Carvalho da Silva, que tem, como Vice-Diretor o Professor Danilo
Campestrini; também, coordena o Centro de Estudos Educacionais a Professora Marlene
Buratto.
Nessa época, eu exerço, além da função de Professor da FEPEVI, o cargo de
Gerente de Recursos Humanos, nas empresas Portobello e, comigo, na mesma área, em outra
empresa do grupo, Valério Cristofolini destaca-se, como gestor criativo, dedicado e dinâmico,
com formação religiosa e de profundo conhecimento filosófico e na área da educação.
Dedica-se a projetos na cidade e surge como líder e cidadão, sendo convidado para comandar
os primeiros estudos para a instalação daquilo que, até então, considera-se um sonho: um
curso da FEPEVI em Tijucas.
Valério é jovem e acaba de chegar à cidade, vindo do Rio de Janeiro e ingressa nas
empresas Portobello. Interfiro nesta contratação e, também, sou responsável, em parte, por
envolvê-lo nesta missão que irá gravar para sempre o seu nome na história do município de
Tijucas. Falar em UNIVALI, na cidade de Tijucas, sem referência a Valério Cristofolini é o
mesmo que demonstrar desconhecer os fatos e a história da educação em Tijucas.
Lembro-me bem do dia em que ele é convidado para coordenar os trabalhos de
implantação do ensino superior no Vale do Rio Tijucas. Chega-se, pensativo, me
questionando sobre o assunto e duvidando da sua capacidade e competência para aquela
missão. Realmente, o moço tem os pés no chão e conhece a realidade dos fatos.
A missão é difícil e perdura por muitos anos, como se sabe. Falo-lhe, com
convicção, pois o conheço bem, desde os tempos do secundário, que ele é capaz de muito
mais e que o futuro mostrará a ele o resultado de quem é competente e quer realizar. Ele,
valente, enfrenta o desafio.
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Os anos dourados da Fundação de Ensino do Pólo Geo-Educacional do Vale do
Itajaí chegam com a mudança das faculdades em universidade. São lá pelos idos de 1989 que
a nossa querida FEPEVI, humilde, pequenina, mas gigante em profissionais e em qualidade,
transforma-se na pujante Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI -. E é sob esta égide que
aquele jovem, promissor, coordena o projeto de implantação do curso de Pedagogia em
Tijucas.
Valério, intelectual perspicaz, sabendo que o seu projeto é um sonho, mas que,
com ajuda de pessoas, poderá transformá-lo em realidade, busca apoio político, na cidade e na
região. Sua primeira tentativa é um encontro, à luz das estrelas, com o Secretário de Educação
do Município de Tijucas, Professor Manoel dos Anjos. Sua resposta fortifica o sonho
idealizado da região: “Um sonho tão distante quanto aquelas estrelas”, lhe diz o Secretário.
Mas, ele, persistente, já se satisfaz com o apoio, que o Secretário lhe garante.
Os deuses são favoráveis ao sucesso do empreendimento, comandado por ele. O
ano de 1990 é um marco na história de Tijucas. A comissão pró-ensino universitário reúne-se
com o então Reitor da UNIVALI, Professor Edison Villela, com o Diretor da Faculdade de
Filosofia, agora, Professor Benedito Galatto, com os prefeitos do Vale que apóiam o projeto e
assinam o Convênio de Criação do primeiro Curso de Pedagogia, em Tijucas.
Finalmente, os muitos sonhos dos muitos sonhadores estão se transformando em
realidade. O versículo bíblico de que “a fé remove montanhas” está se confirmando na
história da criação do ensino superior na cidade de Tijucas. Daí, a realidade dos fatos conta a
história.
A implantação é aprovada pelo Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão da
UNIVALI, através do parecer 02/90, de 16 de Março de 1990. A partir daí é realizada a
seleção dos candidatos ao curso de Pedagogia e a aula inaugural do curso e do Campus III é
proferida pelo Professor Doutor Ernani Bayer, no dia 09 de Abril de 1990, no Tijucas Clube,
com a presença de todos os prefeitos do Vale do Rio Tijucas e Governador Celso Ramos,
autoridades locais, alunos e comunidade. Comparecem ao ato solene, aproximadamente, 300
pessoas. Neste dia, é assinado o convênio entre as prefeituras e a UNIVALI, para a instalação
do Campus na cidade de Tijucas, com a abrangência para todo o Vale do Rio Tijucas.
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