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ICTR 2004 – CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA EM RESÍDUOS E
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Costão do Santinho – Florianópolis – Santa Catarina
PERFIL E TRABALHO DOS CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS EM MANAUS,
AMAZONAS
Marinete Barroso Martins
Christine Storey
PRÓXIMA
Realização:
ICTR – Instituto de Ciência e Tecnologia em Resíduos e Desenvolvimento Sustentável
NISAM - USP – Núcleo de Informações em Saúde Ambiental da USP
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PERFIL E TRABALHO DOS CATADORES DE
MATERIAIS RECICLÁVEIS EM MANAUS, AMAZONAS
Marinete Barroso Martins e (2) Christine Storey
Catadores informais em Manaus se sentem discriminados pela maioria das pessoas
porque trabalham de forma avulsa, desordenada e até prejudicial para a sua saúde.
Também vêem esta atividade como uma necessidade temporal e tem desejos de
serem reconhecidos como trabalhadores registrados. Este trabalho traça um perfil
socioeconômico das condições de trabalho dos catadores informais de material
reciclável de Manaus. Esta pesquisa constitui-se como indicativa, devido seu
objetivo de entender a essência do trabalho dos catadores. Faz uma análise
quantitativa, também utilizada para comparar as informações buscadas com este
público. Foram feitas entrevistas estruturadas, a partir de um questionário para os
catadores. Entrevistamos 52 catadores de diversas localidades de Manaus. A
maioria dos entrevistados moram na Zona Leste da cidade. Concluímos que este
trabalho de pesquisa, resultou em benefício para os catadores de recicláveis. Após o
inicio deste trabalho, os catadores começaram a se unir e conseguiram abrir uma
Associação. Eles fundaram a Associação dos Catadores de recicláveis – ACR e
nesta associação, funciona uma escola que beneficia crianças carentes do bairro e
adjacências. Os catadores têm hoje uma meta que é transformar a Associação em
cooperativa. Entretanto, é preciso somar os esforços de todos para mudar de vez a
mentalidade e a situação socioambiental da gestão dos materiais recicláveis e das
pessoas que trabalham com esses materiais em Manaus. Esta pesquisa foi
financiada pelo centro Universitário Nilton Lins. Não poderiamos ter conduzido este
trabalho sem o apoio da Dra. Profª Christine Storey, a qual foi a principal
incentivadora e, como conseqüência de sua dedicação, este trabalho representa
uma grande mudança para os catadores informais em Manaus – AM.
Palavras-chaves: Materiais recicláveis, catadores, Manaus-AM.
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ABSTRACT
Informal collectors in Manaus feel themselves discriminated by most part of the
people because they work in a free, unordered and even prejudicial to health. They
also see this activity as a temporary need and desire to recognized as workers. In
this essay, we intend to develop a social economic and work conditions profile of the
informal collectors of recycle material in Manaus. This research is indicative due to its
objective of understanding the essence of their collect work. A quantitative analysis is
also used to compare the information searched with this public. There were made
interviews, structured in a formulary to the collectors. We interviewed 52 collectors
from several areas in Manaus. Most of the interviewed live in the East zone of the
city. We conclude that this research resulted in benefits to the recycle materials
collectors. After the beginning of this work, the collectors began to unite themselves
and managed to open an Association. They founded the Recycle Materials Collector
Association – RMCA and in that association they have a school that benefits needed
children of the borough and nearby areas. The collectors have today and objective:
to transform the association into a cooperative. However, it is needed to joint efforts
of all people to change the mind and the social environmental situation of the
management of the recycle material and of the people that work with this material in
Manaus. This research was financed by the Universitary Center Nilton Lins. I could
not have conducted this work without the help of Professor Dr. Christine Storey. She
was my mentor, and as a consequence of her dedication, this work represents a
great change for all the recycle material collectors in Manaus
Key words: recicle materials, collectors, Manaus
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INTRODUÇÃO
Devido à modernização e alto consumismo, a produção dos materiais
recicláveis está em pleno crescimento e em geral, as pessoas não têm uma noção
da quantidade de lixo que geram no decorrer do dia, e nem se preocupam com o
destino que é dado a esse lixo. Além disso, muitas pessoas desconhecem os
problemas ambientais relacionados com o mesmo.
Catadores informais em Manaus se sentem discriminados pela maioria das
pessoas porque trabalham de forma avulsa, desordenada e até prejudicial para a
sua saúde. Também vêem esta atividade como uma necessidade temporal e tem
desejos de serem reconhecidos como trabalhadores registrados.
É preciso somar os esforços de todos para mudar de vez a mentalidade e a
situação socioambiental da gestão dos materiais recicláveis e das pessoas que
trabalham com esses materiais em Manaus.
A questão de reciclagem é pertinente em Manaus, pois seguindo a avaliação
do lixólogo Bosco Ladislau, a cidade tem uma produção de 1.300 toneladas de lixo
por mês (jornal Á Crítica 2002, p. a.16). Perante este cenário pensamos que um
diagnóstico sobre o mesmo precisa ser trabalhado, principalmente em relação à
preservação do meio ambiente e a possibilidade de gerar uma fonte de renda para
as pessoas necessitadas. O trabalho dos catadores existentes é um assunto
polêmico, especificamente em Manaus, onde sua força de produção é
desvalorizada, que deixa estas pessoas sem condições de se organizar, o que por
sua vez leva as companhias de reciclagem a monopolizarem o preço do produto no
mercado nesta cidade.
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OBJETIVO
•
Traçar um perfil socioeconômico das condições de trabalho dos catadores
informais de material reciclável de Manaus.
MÉTODOLOGIA
Esta pesquisa é informativa, devido seu objetivo de entender a essência do
trabalho dos catadores. Uma análise quantitativa também foi utilizada para comparar
as informações buscadas com este público. O processo de coleta de dados durou
quatro meses a partir de entrevistas em amostra aleatória com os ciquenta e dois
(52) catadores de lixo. Foram feitas entrevistas com perguntas fechadas em forma
de questionário com os catadores realizados na cidade Manaus no estado do
Amazonas.
RESULTADOS ESPERADOS
A maioria dos entrevistados, moram na Zona Leste da cidade de Manaus,
mais especificamente no bairro São José, os demais moram em outros bairros como
Gilberto Mestrinho, Zumbi, São Lucas e Grande Vitória. Tais bairros são
considerados novos, pois, sua ocupação se deu através de invasão por pessoas que
não tinham onde morar ou não tinham condições de pagar aluguel. Os entrevistados
que moram mais tempo em uma localidade, foram de um bairro que fica próximo ao
Centro da cidade, estas pessoas já possuíam residência fixa antes da crise do
desemprego.
20
15
10
5
Zumbi
Tancredo
São José
Petrópolis
Monte das
Japiim
Gilberto
Centro
Antonio
0
Gráfico 1: Bairro onde moram os catadores
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Quanto a procedência, 36 nasceram em Manaus, 13 vieram do interior para
tentar trabalho ou estudo por não ter opção no interior e alguns dos entrevistados
alegaram que vieram para a capital por problemas familiares. Apenas 3 vieram de
outros estados à procura de um emprego melhor, vale ressaltar que estas pessoas
que vieram do interior e de outros estados possuem baixo nível de escolaridade.
Procedência
Interior
Manaus
Outros Estados
Nº de pessoas
36
13
3
Localidade
Gráfico 2 Procedência dos catadores
Quanto ao grau de escolaridade, 36 pessoas possuem 1º grau incompleto, 8 1º grau completo, 3 - 2º grau completo, 1- 2º grau incompleto e 3 são alfabetizados,
apenas assinam o nome.
Escolaridade
1º Grau completo
40
1º Grau
incompleto
2º Grau completo
30
20
10
2º Grau
incompleto
Alfabetizado
0
1
Gráfico 3: Nível de escolaridade
Dos entrevistados que ainda estudam, 11 consideram o ambiente escolar
bom, 2 declararam ser ótimo e 3 acham o ambiente regular, pois, dizem que os
professores não estão interessados em ensinar. Dentre os que estão estudando e os
que pararam de estudar porque tiveram que trabalhar para ajudar a sustentar a
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família, 37 pretendem terminar os estudos para obterem mais conhecimentos e
melhores oportunidades de trabalho.
Quanto ao estado civil 29 são solteiros e 23 são casados. Em nossa
pesquisa, consideramos casadas todas as pessoas que declararam viverem
conjugalmente, ou seja, vivem com os companheiros e também os que são casados
no cartório cível. Para os solteiros, consideramos também as pessoas desquitadas,
separadas ou divorciadas.
Estado cilvil
35
30
25
20
15
10
5
0
29
23
Casado
solteiro
Gráfico 4: Estado civil dos catadores
Os níveis de idade variam de 12 a 64 anos, sendo que a predominância está
na faixa de 20 a 29 anos de idade e dos entrevistados, apenas 11 são menores que
trabalham para ajudar no sustento da família.
Idade
a
70
m
en
or
es
:1
1
60
61
to
ta
ld
e
51
a
50
a
40
41
31
a
30
a
21
12
a
20
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
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Gráfico 5: Idade dos catadores entrevistados
A maioria possui casa de madeira. Quanto ao número de quartos, 17 famílias
moram em casas de 1 quarto, 16 famílias em casas de 2 quartos, 10 famílias em
casas de 3 quartos, e 1 família de quatro quartos e oito famílias moram em um
cômodo que chamam de vagão que pela necessidade, tem que sobreviver toda a
família. A maioria dos banheiros, ficam fora destas casas. Quanto à convivência
familiar 71% consideram uma vida tranqüila em família sendo que 29% declararam
não ter tanta tranqüilidade.
Dos 52 entrevistados, 26 consideram sua situação econômica de classe
média, 21 pessoas consideram-se pobres e 5 declararam-se não pobres, pois
possuem pelo menos um eletrodoméstico dentro de casa.
Condição social
40%
50%
Classe Média
Não pobre
Pobre
10%
Gráfico 6: situação Econômica dos catadores
O meio de transporte mais usado é o coletivo.
50
41
40
Bicicleta
30
Caminhão
20
Coletivo
Nenhum
10
3
4
4
0
Gráfico 7: Meio de transporte usado pela maioria dos catadores
A maioria destes catadores já tiveram outros empregos, 19 trabalharam no
comércio, 6 trabalharam em indústrias, 15 em serviços gerais 1 era pescador, hoje
eles têm a catação como trabalho para sua sobrevivência. Os catadores
entrevistados chegaram até esta atividade através de parentes (21 pessoas),
convidados (19 pessoas) ou como não tinha outra opção, procuraram as empresas
recicladoras consideradas fundo de quintal (12 pessoas). 46 catadores têm somente
este trabalho e seis fazem outras atividades como: manicure, costuras e quando
alguns encontram oportunidade, trabalham como pedreiros.
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CONCLUSÃO
Hoje, lixo não é mais problema. Virou solução para muitos trabalhadores
desempregados na cidade de Manaus. Esses trabalhadores são conhecidos pela
maioria das pessoas como catadores de lixo. Os catadores sentem-se discriminados
e estão lutando por uma melhoria de vida na sociedade. O material coletado dá o
sustento diário, mas também compromete a qualidade de vida, trazendo problemas
de saúde, sobretudo para as crianças que vão ajudar os pais na catação.
Concluímos que este trabalho de pesquisa resultou em benefício para os
catadores de recicláveis. Após o inicio deste trabalho, os catadores esforçaram-se e
começaram a se unir, reuniram-se e com nossa ajuda conseguiram uma tonelada de
material que seria vendido para que eles arrecadassem dinheiro e poderem abrir
uma Associação. Eles fundaram a Associação dos Catadores de recicláveis- ACR,
que funciona no bairro São José. Na ACR funciona uma escola que beneficia
crianças carentes do bairro e adjacências. Os catadores têm hoje uma meta que é
transformar a Associação em cooperativa. Órgãos municipais começaram a procurálos e sempre fazem promessas de ajuda, infelizmente, a maioria fica na promessa,
até mesmo porque alguns órgãos os procuram com intuito de beneficiarem-se e não
com a intenção de ajudar os catadores.
A Associação já conseguiu alugar um depósito no centro da cidade e paga o
aluguel com seu próprio esforço.
Concluímos que é preciso somar os esforços de todos para mudar de vez a
mentalidade e a situação socioambiental da gestão dos materiais recicláveis e das
pessoas que trabalham com esses materiais em Manaus.
É importante incluir o apelo à solidariedade social, demonstrando que, como
há muito desperdício por um lado, há os que sobrevivem desse desperdício do
outro. Devem ser discutidas soluções que possam reverter o quadro de que os
catadores não são lixeiros, e sim, trabalhadores dignos que fazem um dos melhores
trabalhos em benefício do planeta, que é a limpeza, e que, apesar de todas as
dificuldades, esses trabalhadores são hoje responsáveis por uma grande quantidade
de material que alimenta as industrias de reciclagem em Manaus
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Agradecimentos
Esta pesquisa foi financiada pelo centro Universitário Nilton Lins. Não poderíamos
ter conduzido este trabalho sem o apoio da Profª Dra. Christine Storey, a qual foi
nossa principal incentivadora, e como conseqüência de sua dedicação, este trabalho
representa uma grande mudança para os catadores informais em Manaus – AM.
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BIBLIOGRAFIA
FIGUEIREDO, Paulo Jorge Moraes. A Sociedade de Lixo: os resíduos, a questão
energética e a crise ambiental 2a ed. Piracicaba, S.P: Editora Unimep, 1995.
(jornal Á Crítica 2002, p. a.16).
MAGNÒLIO, Paulo. Roberto. Spósito. Oliveira. Educologia: a educação ambiental
ativa. Guararema, São Paulo: J. Pádua Gráficos Ltda, 2003.
RUSCHEINSKY, Aloísio. Educação Ambiental: abordagens múltiplas. Porto Alegre:
Artmed, 2000.
SATO, Michèle. Educação Ambiental. São Carlos, SP: RiMa, 2002.
ZACARIAS, Rachel. Consumo, Lixo e Educação Ambiental. Juiz de Fora, MG:
FEME, 2000.
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