Universidade Comunitária da Região de Chapecó
UNOCHAPECÓ
JOÃO PAULO LASTA
PREPARADOS HOMEOPÁTICOS NA GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE FEIJÃO
(Phaseolus vulgaris L.) SUBMETIDAS AO TESTE DE
ENVELHECIMENTO ACELERADO
Chapecó – SC, 2010
1
João Paulo Lasta
PREPARADOS HOMEOPÁTICOS NA GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE FEIJÃO
(Phaseolus vulgaris L.) SUBMETIDAS AO TESTE DE
ENVELHECIMENTO ACELERADO
Monografia (Relatório de Trabalho de Conclusão
de Curso), apresentado à Unochapecó como
parte dos requisitos para obtenção do grau de
Engenheiro Agrônomo.
Orientadores: Eng. Agr. MSc. Profa. Lúcia
Salengue Sobral; Eng. Agr. Dr.
Prof. Cristiano Raschke Lajús.
Chapecó – SC, 2010
II
2
“Dedico este trabalho a meus familiares, amigos
enfim a todos que contribuíram para que mais uma
etapa de minha vida que esta se concluindo”.
3 III
AGRADECIMENTOS
Inicialmente,
quero
agradecer
à
Deus,
pela
saúde,
à
minha
família
principalmente meus pais João Valdir e Marlei Lasta e à minha Irmã Mariana Lasta e
também meus avós, por todo apoio, dedicação e compreensão, vocês que sempre
fizeram tanto por mim, acreditando na minha capacidade de vencer, me ajudando
sempre e dando força nas horas que mais precisei, e sempre me ensinando o caminho
certo a seguir para atingir minhas metas pessoais.
Agradeço à minha professora, orientadora Lúcia Salengue Sobral, que sempre
me deu força e me apoiou, e auxiliou nas horas de maior precisão, e também pela
amizade adquirida nesse tempo de convívio na universidade e também fora dela.
Também, agradeço aos meus cordenadores do Curso de Agronomia, Lucilene
de Abreu e ao professor Cristiano Rescke Lajús, pela amizade e ensinamentos e,
principalmente pelo apoio na minha volta a Unochapecó, isso vai ficar para sempre em
minha memória, assim como, pela relevante contribuição na minha formação como
engenheiro agrônomo.
Agradeço a todos os professores do curso de Agronomia da Unochapecó, que
foram mestres e companheiros, quando poderiam ser apenas professores.
Agradeço ao Médico Veterinário Wlamir José Roner Krainer pelas orientações
sobre homeopatia, e também pela ajuda na compra dos medicamentos homeopatas.
4
Aos queridos amigos Gustavo Roberto Balbinotti, Dalberto de Souza Graminho,
Cristiano Pan, Welinton Lucas Lasta, Marcos Vanin, Felipe Martineli Ribacki, José
Renato Righi, Raquel Chiarello, Antonio Junior Dall Piva, Ricardo Bordin, Sintia Gabriel,
Victor Luiz Muller Bê, Guilherme Luiz Parize e Marcelo Brocco, Raja Antonio Lajari
Felipe Alexandre Zemijvisk, Gabriela Wolkweis e Saymom Quevedo que na hora dos
trabalhos, brincadeiras e festas, dentro e fora da universidade, sempre estiveram ao
meu lado, agradeço de coração.
Não querendo esquecer ninguém, quero dar a todos, que de uma forma ou de
outra, compartilharam comigo esta etapa de minha vida meu cordial e afetuoso abraço.
Muito obrigado!
5V
RESUMO
Este trabalho teve o objetivo de avaliar o efeito de preparados homeopáticos na
germinação de sementes de feijão submetidas ao teste de envelhecimento acelerado.
O teste foi conduzido em temperatura de 41º C por 72 horas em caixas tipo “gerbox”
(mini-câmara). As sementes após o envelhecimento acelerado foram imersas em
soluções homeopáticas por 30 minutos e, posteriormente, semeadas em substrato
papel germitest umedecido com cada solução. O teste de germinação foi realizado em
temperatura constante de 25º C e substrato rolo de papel germitest. Os tratamentos
testados foram: água destilada (testemunha); soluções de Colibacillinum CH30;
Glycerinum CH7; Glycerinum CH 12; Arsenicum album CH 7 e de Arsenicum álbum CH
12.
O experimento foi realizado em delineamento experimental Inteiramente
Casualizado com quatro repetições. O teste F revelou efeito significativo apenas para
as variáveis sementes mortas, comprimento e massa seca das plântulas normais. Para
sementes mortas o preparado homeopático Arsenicum album CH12 proporcionou a
menor percentagem de sementes mortas, diferindo significativamente da testemunha e
do Glycerinum CH7. Para o comprimento de plântulas o tratamento Glycerinum CH7
diferiu significativamente da testemunha e do Colibacillinum CH30, apresentando o
maior comprimento médio de plântulas normais. Quanto a massa seca apenas o
Arsenicum album CH12 diferiu significativamente da testemunha, com massa inferior.
Conclui-se que os preparados homeopáticos Arsenicum album e Glycerinum
interferiram no equilíbrio do metabolismo das sementes envelhecidas, e que preparado
homeopático Colibacillinum CH30 não causou efeito positivo na germinação das
sementes de feijão envelhecidas.
Palavras-chave: homeopatia, vigor e germinaçao.
VI
6
SUMÁRIO
LISTA DE ILUSTRAÇÕES............................................................................................07
LISTA DE ANEXOS.......................................................................................................08
1 INTRODUÇÃO............................................................................................................09
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA........................................................................................12
3 MATERIAL E MÉTODOS............................................................................................21
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO..................................................................................25
5 CONCLUSÕES...........................................................................................................33
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................34
REFERÊNCIAS.............................................................................................................35
VII
7
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Ilustração 1- Imersão das sementes de feijão (Phaseolus vulgaris L.) após o
envelhecimento nas soluções homeopáticas. Chapecó (SC) – 2010....22
Ilustração 2- Semeadura das sementes de feijão (Phaseolus vulgaris L.) após o
envelhecimento e o tratamento com as soluções homeopáticas.Teste de
germinação em Germinador , marca DeLeo. Chapecó (SC) – 2010.......23
Ilustração 3 - Teste de germinação: plântulas normais, anormais e sementes mortas no
tratamento com o preparado homeopático Arsenicum album CH12.
Chapecó (SC) – 2010............................................................................. 25
Ilustração 4 - Percentagens médias de sementes mortas de feijão (Phaseolus vulgaris
L.) após o envelhecimento acelerado e tratadas com preparados
homeopáticos. Chapecó (SC) – 2010....................................................... 27
Ilustração 5 – Percentagens médias de plântulas normais de feijão (Phaseolus vulgaris
L.) após o envelhecimento acelerado e tratadas com preparados
homeopáticos. Chapecó (SC) – 2010..................................................... 28
Ilustração 6 – Comprimento médio de plântulas normais de feijão (Phaseolus vulgaris
L.), após o envelhecimento acelerado e tratamento das sementes com
preparados homeopáticos. Chapecó (SC) – 2010.................................... 28
Ilustração 7 – Peso médio da massa seca de plântulas normais de feijão (Phaseolus
vulgaris L.), após o envelhecimento acelerado e tratamento das sementes
com preparados homeopáticos. Chapecó (SC) – 2010............................ 30
8VIII
LISTA DE ANEXOS
Anexo 1 – Análise de variância para plântulas normais (%) de sementes de feijão
(Phaseolus vulgaris L.) após o envelhecimento acelerado e tratadas com
preparados homeopáticos. Chapecó (SC) – 2010.
Anexo 2 – Análise de variância para plântulas anormais (%) de sementes de feijão
(Phaseolus vulgaris L.) após o envelhecimento acelerado e tratadas com
preparados homeopáticos. Chapecó (SC) – 2010.
Anexo 3 – Análise de variância para sementes mortas (%) de feijão (Phaseolus vulgaris
L.) após o envelhecimento acelerado e tratadas com preparados
homeopáticos. Chapecó (SC) – 2010.
Anexo 4 – Análise de variância para comprimento (cm) de plântulas normais de
sementes de feijão (Phaseolus vulgaris L.) após o envelhecimento
acelerado e tratadas com preparados homeopáticos. Chapecó (SC) –
2010.
Anexo 5 – Análise de variância para massa verde (g) de plântulas normais de
sementes de feijão (Phaseolus vulgaris L.) após o envelhecimento
acelerado e tratadas com preparados homeopáticos. Chapecó (SC) –
2010.
Anexo 6 – Análise de variância para massa seca (g) de plântulas normais de sementes
de feijão (Phaseolus vulgaris L.) após o envelhecimento acelerado e
tratadas com preparados homeopáticos. Chapecó (SC) – 2010.
9
1 INTRODUÇÃO
A importância do estudo do vigor de sementes parte do princípio de que as
informações, fornecidas pelo teste de germinação não refletem com precisão o
comportamento das sementes em condições de campo.
Segundo Silva e Casali
(2007), o vigor é aspecto importante também para a caracterização dos parâmetros
relacionados à deterioração das sementes, que precedem a perda da capacidade
germinativa, e na identificação de tratamentos que possam propiciar às sementes a
capacidade de recuperar a vitalidade, mesmo após certo período de armazenamento.
Complementando, Marcos Filho (2005) afirma que o vigor é reconhecido como
parâmetro de caracterização do potencial fisiológico das sementes, indicando os lotes
com maior ou menor potencial de armazenamento e probabilidade de desenvolvimento
no campo. Através da determinação do vigor das sementes é possível identificar a
relação entre as diferenças significativas do potencial fisiológico de lotes com
germinação semelhante. No teste de envelhecimento acelerado, realizado em
laboratório, as sementes são expostas por determinado período (48 a 96 horas), à alta
temperatura (41ºC a 45ºC) e alta umidade relativa do ar, próxima a 100%, tendo como
base o aumento da deterioração das sementes, quando estas são expostas a
condições adversas de temperatura e umidade relativa.
Segundo Carvalho e Nakagawa (2000), a deterioração causa o desequilibro
funcional de tecidos ativos de todos os organismos vivos, sendo determinada por
10
alterações fisiológicas, bioquímicas, físicas e citológicas, a partir da maturidade
fisiológica, resultando em queda gradativa do potencial fisiológico até paralisação do
metabolismo. Pode ser definido como a perda da capacidade das sementes em gerar
plântulas normais.
Nos vegetais a energia vital quando perturbada manifesta a perda da
homeostase. Os sintomas, sinais de desequilíbrio orgânico, são tentativas de
reequilíbrio energético, porém têm sido suprimidos pela aplicação maciça de insumos
químicos (MARQUES e CASALI, 2007).
Conforme, Casali (2004) os preparados homeopáticos tem a ação de equilibrar,
harmonizar e promover a homeostase, interferindo assim no sistema de vitalidade, que
mantém funcionando sincronizadamente o organismo vegetal e animal. A ação da
homeopatia, portanto, é sistêmica, reordenando o equilíbrio orgânico de forma global.
De acordo com Andrade (2000), a homeopatia aplicada aos vegetais ativa as
reações envolvidas na produção de enzimas, relacionadas com os mecanismos de
defesa, aumentando, desta forma, a resistência às pragas e patógenos, tolerância a
condições edafoclimáticas adversas e a produção de princípios ativos, facilita a
desintoxicação e a formação de sementes mais vigorosas. Vithoulkas (1980) já afirmava
que a utilização da homeopatia tem como objetivo preservar e conservar a saúde dos
seres vivos e resguardar o ambiente do impacto causado pelo emprego de produtos
químicos agressivos à sua energia vital. Conforme Lisboa et al. (2005), a tecnologia
homeopática é reconhecida como campo do conhecimento de grande potencial dentro
da visão moderna da qualidade alimentar e da biossegurança, pelo fato de não deixar
resíduos no ambiente, assim como, nos alimentos vegetais e animais.
11
Atualmente a agricultura está causando mudanças qualitativas e quantitativas no
meio rural, onde a redução da biodiversidades é visível, as áreas naturais estão se
transformando em sistemas centralizados reduzindo o numero de espécies. Neste
contexto a homeopatia caracteriza-se como uma alternativa para a agricultura moderna,
pois respeita as diversidades, processos e leis naturais.
Diante disto, este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito de preparados
homeopáticos na germinação de sementes de feijão submetidas ao teste de
envelhecimento acelerado.
12
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Germinação e vigor de sementes
O teste de germinação destaca-se entre os procedimentos que permitem estimar
o desempenho adequado das sementes destinadas ao plantio e expostas a várias
condições de ambiente (VIEIRA e CARVALHO, 1994). Já o vigor é reconhecido como
parâmetro de caracterização do potencial fisiológico das sementes, indicando os lotes
com maior ou menor probabilidade de desempenho no campo e no armazenamento
(MARCOS FILHO, 2005).
A International Seed Testing Association (ISTA) e a Association of Official Seed
Analysts (AOSA) definem vigor como o conjunto de características que determina o
potencial de emergência e o rápido estabelecimento de plântulas normais, em ampla
diversidade de condições ambientais (MARCOS FILHO, 1999).
As características do vigor são desenvolvidas pela planta durante o período de
formação da semente, sendo a maturidade fisiológica considerada o ponto máximo de
acúmulo de massa seca. Por isso, condições ambientais desfavoráveis durante a
formação da semente terão influencia no nível de vigor de um lote de sementes. A
ocorrência de temperaturas extremas e pouca disponibilidade de água neste período
provocam a formação de sementes com baixo vigor, pois não haverá deposição
13
adequada de carboidratos, lipídios e proteínas para constituição das estruturas da
semente (MARCOS FILHO, 2005).
Segundo Vieira e Carvalho (1994) a perda de vigor ocorre devido ao processo de
deterioração das sementes, que pode ser definido como a diminuição da capacidade
das sementes em gerar plântulas normais, ou seja, com raízes e parte aérea,
adequadamente, desenvolvidas após o processo de germinação e emergência.
Para Carvalho e Nakagawa (2000) a deterioração determina o desequilíbrio
funcional de tecidos ativos, sendo causada por alterações fisiológicas, bioquímicas,
físicas e citológicas, com início a partir da maturidade fisiológica, resultando em queda
gradativa do potencial fisiológico até paralisação do metabolismo.
De acordo com Delouche e Baskin (1973) a sequência hipotética dos processos
deteriorativos envolve a degradação das membranas celulares, a redução das
atividades respiratórias e biossintéticas, a menor velocidade de germinação, a redução
do potencial de conservação durante o armazenamento, a menor taxa de crescimento e
desenvolvimento, menor uniformidade, aumento da ocorrência de plântulas anormais e
a perda da capacidade germinativa.
Vários indicadores do metabolismo, conforme Popinigis (1985) podem revelar a
presença de deterioração em sementes e, experimentalmente, pode ser escolhido o
indicador mais facilmente quantificável. Em testes de laboratório pode-se determinar o
vigor de um lote de sementes, avaliando o estado metabólico atual da semente ou a
sua resposta, após exposição a uma condição de estresse, como no caso do teste de
envelhecimento acelerado. Este teste consiste na exposição das sementes por
períodos de tempo relativamente curtos (48 a 96 horas), à condições ambientais que
14
causam a deterioração rápida das sementes, como alta temperatura (41ºC a 45ºC) e
alta umidade relativa do ar, próximo a 95%.
2.2 Homeopatia
A homeopatia foi fundamentada em 1796 por Cristian Frederic Samuel
Hahnemann, sendo modelo terapêutico empregado mundialmente como prática segura
e barata. Tem abordagem integrativa dos seres vivos, valorizando a individualidade. É
considerada a ciência das ultradiluições e tem como paradigma científico os princípios
da similitude, experimentação no organismo sadio, doses mínimas e medicamento
único (SILVEIRA e CASALI, 2008).
O princípio da similitude, de acordo com Nunes (2005) diz que qualquer
substância que possua capacidade de despertar sintomas, de qualquer ordem no
experimentador sadio, será capaz de curar em doses adequadas o organismo enfermo
com estes mesmos sintomas. A experimentação feita com seres vivos sadios propicia o
conhecimento das propriedades terapêuticas das substâncias e permite observar os
sintomas da ação integral, superficial e profunda dos medicamentos nas mínimas
particularidades, e sobre os elementos materiais e imateriais do ser vivo (BAROLLO,
1996).
O uso de doses mínimas obtidas pela dinamização, que consiste em diluir e
agitar sucessivamente as substâncias fornece ao medicamento a sua ação energética,
isto é, um potencial de informação capaz de promover alterações nos sistemas
orgânicos. Segundo Moreno (1996), as substâncias devem ser experimentadas não só
no seu estado natural, mas também em diversas dinamizações, de modo que possam
15
atingir todos os planos da organização dos seres, desde a mais densa materialidade do
corpo físico até a sutileza da imaterialidade.
Vários modelos foram propostos objetivando explicar o mecanismo de ação das
substâncias ultradiluídas no organismo. Estes modelos estão divididos em três
categorias: estruturais, informacionais e fenomelógicos. Os estruturais adotam o
princípio de que a dinamização é capaz de alterar a estrutura molecular do solvente,
sendo estas alterações que atuarão como “agente medicamentoso”. Os modelos
informacionais baseiam-se na substituição da estrutura molecular pela informacional,
que agirá como elemento de controle da dinâmica do ser vivo. No fenomelógico o
agente medicamentoso passa a ser a dinâmica da resposta do organismo a algum
estímulo efetivo (ZACHARIAS, 2006).
O conceito de medicamento único, preconizado por Hahnemann, refere-se à
aplicação de um único medicamento por vez, para certificar-se que os sintomas
observados são decorrentes da atuação do medicamento (VITHOULKAS, 1980).
De acordo com Lisboa (2006) a homeopatia tem princípios, filosofia e
metodologia próprias. Os fenômenos da homeopatia são repetíveis, quantificáveis,
descritíveis e tem relação causa-efeito.
Casali et al. (2006) afirmam que a homeopatia é aplicável a todos os seres vivos,
pois se fundamenta em processos holísticos, com visão do todo. A terapêutica
homeopática visa o equilíbrio do organismo, tem efeito rápido e duradouro, pois atua
nas informações construtivas e defensivas dos sistemas de vitalidade. Os preparados
homeopáticos atuam na energia vital do ser, intensificando e estimulando o mecanismo
de defesa responsável pela retomada do equilíbrio (ANDRADE e CASALI, 2001).
16
A homeopatia expandiu-se muito em todo o mundo no século XIX e início do
século XX. No Brasil, a história da homeopatia foi marcada no período de 1900 a 1930,
pelo avanço desta ciência no meio popular, pela legalização do ensino e fundação de
duas escolas de medicina homeopática, uma no Rio de Janeiro e outra no Rio Grande
do Sul (RIBEIRO, 2005 apud SILVEIRA e CASALI, 2008). No final da década de 70, a
homeopatia retoma um ritmo crescente como ciência entre os profissionais médicos,
farmacêuticos, odontólogos e médicos veterinários (CORRÊA et al., 2006). Na década
de 80, conforme Ribeiro (2005) apud Silveira e Casali (2008) a homeopatia passou a
fazer parte da política oficial de saúde pública brasileira, sendo considerado recurso
terapêutico válido pela Constituição Brasileira de 1988.
Os medicamentos homeopáticos são elaborados a partir das regras contidas na
Farmacopéia Homeopática Brasileira e em Farmacopéias Estrangeiras, sendo
derivados de substâncias de origem animal, mineral, vegetal e secreções fisiológicas de
doenças (VITHOULKAS, 1980).
As soluções homeopáticas caracterizam-se pelas dinamizações, que consistem
na liberação de energia dinâmica da substância medicamentosa por meio de sucussão,
o que gera contato intenso entre as moléculas da solução (BELLAVITE, 2002). De
acordo com Schembri (1992) a liberação do potencial interno das substâncias está
diretamente relacionada com a escala de diluição que pode ser decimal (1:9),
centesimal (1:99) ou milesimal (1:999), sendo a centesimal (C) e a decimal (D) as mais
utilizadas. A escala centesimal (C) constitui a escala clássica e foi padronizada por
Hahnemann, assim como a nomenclatura homeopática, que é universal. Na
nomenclatura, Hahnemann optou pela expressão latina, seguida pela designação da
escala e dinamização. Segundo o autor, a partir da 12ª potência da dinamização
17
centesimal, os medicamentos ultrapassam o limite de dispersão da matéria, ou seja,
não há presença de moléculas da substância original por haver ultrapassado a
constante de Avogadro (6,02 x 1023).
Gusson (2002) enfatiza que a agricultura moderna está causando mudanças
qualitativas e quantitativas no meio rural, levando à redução da biodiversidade e
transformando áreas naturais em sistemas centralizados com reduzido número de
espécies. Esse modelo baseado no processo industrial é inadequado à agricultura
familiar, levando à exclusão dos agricultores e a extinção dos sistemas de produção
tradicionais. Corroborando, Andrade (2000) afirma que os modelos de agricultura
alternativa são os modelos naturais, originais, de convívio e cultivo da terra,
fundamentando-se em princípios e práticas, que transformam a propriedade agrícola
em organismo, respeitando a diversidade pela individualidade, em acordo com os
princípios naturais.
Segundo Santos (2003) apud Silveira e Casali (2008) a agricultura orgânica vem
cada vez mais se consolidando como o sistema de manejo sustentável da área
agrícola, que permite a preservação ambiental, manutenção da biodiversidade e dos
ciclos biológicos, assim como, a qualidade de vida do homem.
Nesta conjuntura, Casali et al. (2001) afirmam que os princípios da homeopatia
são muito coerentes com as bases da agricultura orgânica, onde as diversidades,
processos e leis naturais são respeitados. Salientam que por isso a homeopatia é
considerada recurso importante para aqueles que pretendem transformar sua
propriedade em organismo ecológico, potencializando as transformações de sistemas
agrícolas desequilibrados.
18
A aplicação da homeopatia como insumo agrícola foi oficializada pela Instrução
Normativa no7 de 19/05/1999, sendo que o seu uso na produção de alimentos
orgânicos tem possibilitado o equilíbrio dos sistemas de produção animal e vegetal
(LISBOA, 2006).
Segundo Arenales (1998) a experimentação da homeopatia em vegetais vem
sendo realizada por agricultores de vários países e do Brasil, com resultados positivos
quanto ao aumento da resistência à pragas e patógenos, tolerância a condições físicas
impróprias, quebra de dormência de sementes e produção de mudas sadias.
Rolim et al. (2006) em trabalho sobre o efeito do tratamento de sementes de
tomate (Lycopersicum esculentum L.) com Kali iodatum e Staphysagria, cada um deles
nas dinamizações CH6, 12, 30, 100 e 200, sobre a germinação, não encontraram
diferença significativa entre os tratamentos, quanto ao número de sementes não
germinadas. Porém, observaram que o tratamento Kali iodatum CH12 e Staphysagria
CH100 proporcionaram menor índice de falhas na germinação e diferiram dos
tratamentos Staphysagria CH6 e Kali iodatum CH200, que apresentaram as
percentagens mais elevadas de sementes não germinadas. Por outro lado, Silveira e
Casali (2008) estudando o efeito de soluções homeopáticas de ácido giberélico sobre a
germinação e o vigor de sementes de crotalaria (Crotalaria juncea L.) e alface (Lactuca
sativa L.) constataram que para crotalaria, o preparado homeopático do ácido giberélico
revigorou as sementes na dinamização CH11, diminuindo o extravasamento de
lixiviados das sementes e proporcionando uma germinação superior. Para as sementes
de alface concluíram que o ácido giberélico na dinamização CH1 proporcionou
incremento da germinação final e da velocidade de germinação quando comparado à
testemunha.
19
Silva (2007) avaliando a influência de preparados homeopáticos na germinação
de sementes de milho submetidas ao envelhecimento acelerado concluiu que o
preparado homeopático Arsenicum album CH8 foi benéfico, aumentando percentual de
germinação, assim como, o crescimento aéreo e radicular de sementes de milho, mas
que o Natrum muriaticum CH8 não causou efeito positivo na germinação das sementes
de milho envelhecidas. Marques e Casali (2007) observaram que sementes de milho
envelhecidas tratadas com Antimonium crudum CH11 mantiveram a integridade.
Betti et al. (2003) apud Silva e Casali (2007) analisaram a influência do
Arsenicum album em várias dinamizações na germinação de sementes de Triticum
durum, estressadas com trióxido de arsênico, e observaram que nas dinamizações
CH40, CH42 e CH45, a germinação foi induzida, porém na CH30 causou efeito
inibitório. Viciedo (2005) apud Rodrigues das Dores (2007) estudando a ação de
Arsenicum album, Pulsatilla, Calcarea carbonica e Graphites, na dinamização CH30,
sobre a germinação de feijão (Phaseolus vulgaris L.) também constatou efeito inibitório
do Arsenicum album CH30, assim como dos demais medicamentos testados. Porém,
Boggiano et al. (2006) citados pelo mesmo autor, obtiveram aumento da velocidade e
da percentagem final de germinação de sementes de Magnolia cubensis Urb ssp.
acunae Inch. com o uso de Pulsatilla CH30.
Moreno e Alvarez (2003) utilizaram os medicamentos Calendula CH30,
Staphysagria CH30, Oscilococcinum CH200 e Arsenicum album CH40 e como
testemunha água destilada, no controle da contaminação por bactéria das mudas de
abacaxi (Ananas comusus) cultivadas in vitro. Concluíram que o Arsenicum album
CH40 não interveio no processo de contaminação, mas aumentou o vigor e tamanho
das plântulas.
20
Anselmo et al. (2007) avaliaram o efeito da aplicação de Calcarea fluorica CH4,
Calcarea phosphorica CH4 e Calcarea carbônica CH4 sobre a germinação e
desenvolvimento de sementes de mamoeiro (Carica papaya L.) e concluíram que os
preparados homeopáticos estudados não interferiram na germinação das sementes,
nem no desenvolvimento inicial das plântulas de mamoeiro.
Segundo Marques et al. (2008) o uso de citronela (Cymbopogon winterianus
Jowitt) dinamizada tem influência sobre a percentagem de germinação, velocidade de
germinação, crescimento radicular e massa verde das plântulas de Sida rhombifolia.
Todas as diluições testadas (CH3, CH6, CH12, CH24 e CH30) estimularam o
crescimento da raiz principal, porém a percentagem e velocidade de germinação foram
superiores nas dinamizações CH6, CH12 e CH30.
Netim et al. (1969) apud Almeida (2002) demonstraram a ação desintoxicante do
preparado homeopático a base de sulfato de cobre na dinamização CH15, na
germinação de sementes de ervilha (Pisum sativa L.) previamente intoxicadas com
sulfato de cobre.
Para Boggiano et al. (2006) apud Rodrigues das Dores (2007) é importante
conhecer as características das sementes e a respectiva similitude do medicamento
homeopático, assim como, a repertorização e a matéria médica para que os estudos
sobre germinação de sementes e homeopatia possam ser expandidos.
Conforme
Bonato (2007), o princípio da similitude é um fenômeno natural e, deve ser válido,
também, para os vegetais. Assim, o estímulo a pesquisas patogenéticas em plantas
refletir-se na consolidação experimental e conceitual dos princípios da homeopatia, bem
como, gerar o desenvolvimento de uma nova biotecnologia, provavelmente, com menor
impacto ambiental.
21
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Local
O experimento foi realizado no Laboratório de Análise de Sementes, da Área de
Ciências Exatas e Ambientais, da Universidade Comunitária da Região de Chapecó.
3.2 Teste de envelhecimento acelerado
Foi conduzido em BOD a 41º C, 100% UR, por 72 horas, com sementes de feijão
cultivar IPR-88 - Uirapuru, safra 2009/2010, distribuídas em camada uniforme, sobre
tela de alumínio, fixada no interior de caixas plásticas, tipo “gerbox” (mini-câmara),
contendo 40 ml de água destilada (AOSA, 1983). Foram utilizados quatro gerbox por
tratamento com 200 sementes cada.
3.3 Preparados homeopáticos
Os preparados homeopáticos usados nos tratamentos foram Colibacillinum,
Glycerinum e Arsenicum album, selecionados com base no Tratado de Matéria Médica
Homeopática (VIJNOVSKY,1978) e adquiridos na Farmácia Homeopática Dr. Nilo Cairo
22
(Curitiba/PR),
onde
foram preparados
segundo
as
normas
da
Farmacopéia
Homeopática Brasileira (BRASIL,1997).
3.4 Tratamentos e teste de germinação
Os tratamentos realizados foram: água destilada (testemunha); solução de
Colibacillinum CH30; solução de Glycerinum CH7; solução de Glycerinum CH12;
solução de Arsenicum album CH 7; e solução de Arsenicum album CH12.
As soluções foram efetuadas na diluição de 1,5ml do preparado homeopático
para 30 ml de água destilada.
As sementes após o envelhecimento acelerado foram imersas nas soluções
(água destilada + homeopatia) por 30 minutos e, posteriormente, semeadas em
substrato papel germitest umedecido com cada solução na proporção de 2,5 vezes o
peso do substrato seco (Ilustração 1 e 2).
O teste de germinação (Ilustração 2) foi realizado em temperatura constante de
25º C e substrato rolo de papel germitest (RP).
Ilustração 1- Imersão das sementes de feijão (Phaseolus vulgaris L.) após o
envelhecimento nas soluções homeopáticas. Chapecó (SC) – 2010.
23
Ilustração 2- Semeadura das sementes de feijão (Phaseolus vulgaris L.) após o
envelhecimento e o tratamento com as soluções homeopáticas.Teste de
germinação em Germinador , marca DeLeo. Chapecó (SC) – 2010.
3.5 Delineamento experimental
O experimento foi realizado em delineamento experimental inteiramente
casualizado com seis tratamentos e quatro repetições.
3.6 Análise estatística
Os resultados expressos em percentagem sofreram transformação angular pela
fórmula Y = arc sen
% /" 100 e as comparações entre as médias foram efetuadas
através do teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.
24
3.7 Variáveis estudadas
3.7.1 Percentagem de plântulas normais e anormais e sementes mortas
A avaliação e cálculo do número de plântulas normais e anormais, e sementes
mortas, obtidas no teste de germinação, foram efetuados de acordo com as prescrições
das Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 2009).
3.7.2 Comprimento médio das plântulas normais
O comprimento das plântulas foi obtido com auxílio de uma régua milimétrica no
6º dia após o teste de germinação, medindo-se o comprimento de 30 plântulas normais,
escolhidas aleatoriamente, de cada repetição.
3.7.3 Massa verde e seca média das plântulas normais
Estes parâmetros foram também determinados no 6º dia do teste de germinação
com as 30 plântulas normais, anteriormente selecionadas. Estas foram pesadas para
obtenção da massa verde e logo, em seguida, submetidas à secagem em estufa com ar
forçado na temperatura constante de 65º C por 72 horas, até peso constante.
25
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise de variância para os resultados do teste de germinação: plântulas
normais e anormais, e sementes mortas, obtidas nos tratamentos testados pode ser
visualizada nos Anexos 1, 2 e 3. O baixo coeficiente de variação indica o rigor do
experimento.
Avaliando-se os resultados da análise de variância do teste de germinação se
observa que o teste F revelou efeito significativo apenas para as variáveis sementes
mortas (Ilustração 3).
25
23,2a*
21,5ab
Sementes Mortas (%)
20
19,1ab
17,6bc 17,1bc
14,4c
15
10
5
0
Tratamentos
Colibacillinum CH30
Glycerinum CH7
Arsenicum album CH7
Testemunha
Glycerinum CH12
Arsenicum album CH12
* Médias antecedidas por letras minúsculas diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de significância 0,05.
26
Ilustração 3- Percentagens médias de sementes mortas de feijão (Phaseolus vulgaris
L.) após o envelhecimento acelerado e tratadas com preparados
homeopáticos. Chapecó (SC) – 2010.
O preparado homeopático Arsenicum album CH12 proporcionou a menor
percentagem de sementes mortas, diferindo significativamente da testemunha e do
Glycerinum CH7, os quais não diferiram entre si e nem do Collibacilinum CH30, que foi
o tratamento com o maior índice de sementes mortas.
Portanto, conforme o
medicamento homeopático usado pode-se ter aumento ou redução da deterioração das
sementes envelhecidas.
Para o medicamento Arsenicum album o efeito observado, ou seja, melhora das
condições das sementes envelhecidas, com redução do índice de mortalidade está de
acordo com as características citadas no Tratado de Matéria Médica Homeopática
(VIJNOVSKY,1978), onde este é indicado para organismos enfraquecidos e sem
vitalidade.
Analisando estes dados e comparando-os com os resultados de plântulas
normais, apesar do teste F não ter demonstrado significância para esta variável
(Ilustração 5), verificou-se que houve uma superioridade quando foi usado o preparado
Arsenicum album CH7 e CH12, ocorrendo um acréscimo em torno de 10% com relação
ao tratamento testemunha, significando que o medicamento ativou o metabolismo da
semente (Ilustração 5). O Arsenicum album é potente veneno aos seres vivos, portanto
existe a possibilidade de serem observados muitos sintomas ao se utilizar arsênico
homeopatizado.
27
64,0
62,2
62,0
Plântulas Normais (%)
60,0
58,0
56,9
56,3
55,9
56,0
54,6
54,0
53,1
52,0
50,0
48,0
Tratamentos
Arsenicum album CH12
Glycerinum CH7
Arsenicum CH7
Glycerinum CH12
Colibacillinum CH30
Testemunha
*Médias antecedidas por letras minúsculas diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de significância 0,05
Ilustração 4- Percentagens médias de plântulas normais de feijão (Phaseolus
vulgaris L.) após o envelhecimento acelerado e tratadas com preparados homeopáticos.
Chapecó (SC) – 2010.
28
Ilustração 5 – Teste de germinação: plântulas normais, anormais e sementes mortas no
tratamento com o preparado homeopático Arsenicum album CH12.
Chapecó (SC) – 2010.
O resultado encontrado comprova os resultados de Silva (2007), que em estudo
com sementes de milho submetidas ao envelhecimento acelerado observaram uma
maior percentagem de germinação, com aumento do Índice de Velocidade de
Germinação (IVG) e percentagem nula de sementes deterioradas, quando as sementes
foram tratadas com o preparado homeopático Arsenicum album CH8. Os demais
preparados testados (Kali carbonicum CH8, Antimonium crudum CH 8, Natrum
muriaticum CH8) proporcionaram uma maior percentagem de sementes mortas.
Graminho (2009) concluiu que o preparado homeopático Arsenicum album CH7
foi benéfico ao percentual de germinação das sementes submetidas ao envelhecimento
acelerado e que entre as dinamizações de uma determinada homeopatia houve
variação na intensidade de atuação na mesma característica avaliada. Moreno et al.
29
(2005) apud Rodrigues das Dores (2007) com sementes de café (Coffea arabica)
constataram em seu estudo que a pré-embebição das sementes em Arsenicum album
CH30 foi eficiente na promoção da germinação e no aparecimento das primeiras folhas.
Já na germinação de sementes de feijão (Phaseolus vulgaris L., Viciedo (2005) apud
Rodrigues das Dores (2007) constatou efeito inibitório do Arsenicum album na
dinamização CH30.
Segundo Marcos Filho (2005) a deterioração implica em desequilíbrio funcional
de tecidos ativos das sementes, que conforme Khan (1992) apud SILVEIRA E CASALI
(2008) podem ser revigoradas. Por isso, os mesmos autores enfatizam que o intuito do
tratamento homeopático é estimular o organismo a reagir contra o desequilíbrio que
afeta o vigor.
A análise de variância para comprimento, massa verde e seca das plântulas
normais pode ser visualizada nos Anexos 4, 5 e 6. Com referência a estas variáveis, o
teste F mostrou significância apenas para comprimento e massa seca (Ilustrações 6 e
7).
Comprimento (cm)
30
14
13
12
11
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
13,2a*
11,7ab 11,5ab 11,4ab
10,8b
9,9b
Tratamentos
Glycerinum CH7
Glycerinum CH12
Colibacillinum CH30
Arsenicum album CH12
Arsenicum album CH7
Testemunha
* Médias antecedidas por letras minúsculas diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de significância 0,05.
Ilustração 6 – Comprimento médio de plântulas normais de feijão (Phaseolus vulgaris
L.), após o envelhecimento acelerado e tratamento das sementes com
preparados homeopáticos. Chapecó (SC) – 2010.
5,7
5,6
Massa Seca (g)
5,5
5,4
5,3
5,6 a*
5,5 a
5,3 ab
5,2 ab
5,2
5,1 ab
5,1
5,0 b
5,0
4,9
4,8
4,7
Tratamentos
Testemunha
Glycerinum Tratamentos
CH12
Glycerinum CH7
Arsenicum album CH7
Colibacillinum CH30
Arsenicum album CH12
* Médias antecedidas por letras minúsculas diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de significância 0,05.
Ilustração 7 – Peso médio da massa seca de plântulas normais de feijão (Phaseolus
vulgaris L.), após o envelhecimento acelerado e tratamento das
sementes com preparados homeopáticos. Chapecó (SC) – 2010.
31
O tratamento Glycerinum CH7 diferiu significativamente da testemunha e do
Colibacillinum CH30, apresentando o maior comprimento médio de plântulas normais
(Ilustração 2), porém não diferiu dos tratamentos onde foram utilizados os preparados
homeopáticos Arsenicum album CH12 e Glycerinum CH12 e Arsenicum album CH7, os
quais por sua vez também não diferiram da testemunha e do Colibacillinum CH30.
Para o peso médio da massa seca das plântulas normais (Ilustração 3) a
testemunha e os tratamentos Arsenicum album CH7, Glycerinum CH12, Colibacillinum
CH30, Glycerinum CH7 não mostraram diferenças significativas entre si. Apenas o
Arsenicum album CH12 diferiu significativamente da testemunha e do Arsenicum album
CH7. O tratamento Arsenicum album CH12 foi o apresentou o menor peso de massa
seca.
De acordo com Lathoud (2001) o Arsenicum album atua nos organismos com
pouca força vital, prostrados, debilitados e com imensa fraqueza, reequilibrando o
metabolismo. O Glycerinum é um medicamento de ação profunda e prolongada, com
um marcado efeito equilibrador do metabolismo e regenerador dos tecidos,
proporcionando o incremento do vigor. Já o Colibacillinum é indicado quando há
diminuição progressiva da resistência orgânica, que se acentua pela exposição à
umidade (VIJNOVSKY, 1978).
Complementando, CASTRO (2002) e BONATO (2004) afirmam que na ciência
homeopática há relatos que o mesmo medicamento causa efeitos distintos,
dependendo da dinamização aplicada e, que, em algumas dinamizações, ocorre
estímulo e em outra inibição na variável considerada. A alternância na expressão
fisiológica em função da dinamização ainda não tem explicação científica, mas admitese que possa estar relacionado com o movimento rítmico da natureza e também com a
32
lei da similitude que ocorre entre a solução homeopática e o organismo (VITHOULKAS,
1980; BONATO,2004).
33
CONCLUSÕES
Os preparados homeopáticos Arsenicum album e Glycerinum interferiram
positivamente no equilíbrio do metabolismo das sementes envelhecidas;
O preparado homeopático Colibacillinum CH30 não causou efeito positivo na
germinação das sementes de feijão envelhecidas.
34
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa homeopática na área vegetal ainda é incipiente e precisa ser
incrementada, pois a ciência homeopática é complexa tem princípios, filosofia e
metodologia próprias. Entretanto, os fenômenos da homeopatia são repetíveis,
quantificáveis, descritíveis e tem relação causa-efeito.
Os preparados homeopáticos atuam na energia vital dos organismos vivos,
intensificando e estimulando o mecanismo de defesa responsável pela retomada do
equilíbrio.
Acredita-se, porém, que há inúmeros medicamentos a serem testados, em
diferentes situações e dinamizações para que se possa chegar a resultados conclusivos
sobre a atuação de cada um deles.
35
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39
Anexo 1 – Análise de variância para plântulas normais (%) de sementes de feijão
(Phaseolus vulgaris L.) após o envelhecimento acelerado e tratadas com
preparados homeopáticos. Chapecó (SC) – 2010.
Causas da Variação
Tratamentos
GL
S.Q.
191,34565
Q.M.
38,26913
304,80838
16,93380
5
Valor F
2,2599
Resíduo
18
TOTAL
23
496,15403
Média geral: 56,52628
Coeficiente variação: 7,27992%
Anexo 2 – Análise de variância para plântulas anormais (%) de sementes de feijão
(Phaseolus vulgaris L.) após o envelhecimento acelerado e tratadas com
preparados homeopáticos. Chapecó (SC) – 2010.
Causas da Variação
GL
Tratamentos
S.Q.
Q.M.
5
76,69832
15,33966
Resíduo
18
205,40023
11,41112
TOTAL
23
Média geral: 27,74916
Valor F
1,3443
282,09855
Coeficiente de variação: 12,17347%
Anexo 3 – Análise de variância para sementes mortas (%) de feijão (Phaseolus vulgaris
L.) após o envelhecimento acelerado e tratadas com preparados
homeopáticos. Chapecó (SC) – 2010.
Causas da Variação
Tratamentos
GL
S.Q.
200,60566
Q.M.
40,12113
72,35583
4,01977
5
Resíduo
18
TOTAL
23
9,9810**
272,96149
Média geral: 18,80663
Valor F
Coeficiente variação: 10,66080%
40
Anexo 4 – Análise de variância para comprimento (cm) de plântulas normais de
sementes de feijão (Phaseolus vulgaris L.) após o envelhecimento
acelerado e tratadas com preparados homeopáticos. Chapecó (SC) –
2010.
Causas da Variação
GL
Tratamentos
5
Resíduo
18
TOTAL
23
S.Q.
24,24400
Q.M.
4,84880
Valor F
4,9788**
17,53000
0,97389
41,77400
Média geral: 11,41500
Coeficiente variação: 8,64527%
Anexo 5 – Análise de variância para massa verde (g) de plântulas normais de
sementes de feijão (Phaseolus vulgaris L.) submetidas ao envelhecimento
acelerado e tratadas com preparados homeopáticos. Chapecó (SC) –
2010.
Causas da Variação
Tratamentos
GL
S.Q.
Q.M.
5
7,67217
1,53443
Resíduo
18
37,28802
2,07156
TOTAL
23
Média geral 23,02792
Valor F
0,7407
44,96020
Coeficiente de variação: 6,25020
Anexo 6 – Análise de variância para massa seca (g) de plântulas normais de sementes
de feijão (Phaseolus vulgaris L.) após o envelhecimento acelerado e
tratadas com preparados homeopáticos. Chapecó (SC) – 2010.
Causas da Variação
Tratamentos
GL
S.Q.
Q.M.
5
0,96013
0,19203
Resíduo
18
0,89440
0,04969
TOTAL
23
Média geral 5,29333
1,85453
Coeficiente de variação: 4,21115
Valor F
3,8646*
Download

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