Universidade Federal do Vale do São Francisco – UNIVASF
Pró-Reitoria de Integração aos Setores Comunitários e Produtivos - PROIN
Programa Institucional de Bolsas de Integração – PIBIN 2012/2013
ANEXO I – Ficha de Identificação
Título do Projeto: II Ciclo do Projeto Integrar: a Educação Permanente ampliando repertórios
de cuidado integral a saúde
Colegiado Proponente: Colegiado de Psicologia
Área temática em que o Projeto se enquadra: (Assinalar a área predominante)
Comunicação
Cultura
Direitos Humanos e Justiça
Educação
Meio Ambiente
x Saúde
Tecnologia e Produção
Trabalho
Linha de Extensão em que o Projeto se enquadra
44 (Saúde da Família)
46 (Saúde Humana)
Coordenador: (nome, telefone, e-mail)
Alexandre Franca Barreto
(87) 9944-7352
[email protected]
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Resumo: (máximo de 700 palavras)
Este Projeto visa à continuidade da parceria UNIVASF-SESAU com foco em ações
que privilegiem a inclusão de novas tecnologias de cuidado no cotidiano das ações
em saúde no SUS de Juazeiro-BA, visando à resolubilidade de doenças crônicas e a
promoção da saúde no contexto dos serviços públicos locais, bem como a ampliação
do repertório de cuidado, ampliando a noção de saúde-doença hegemônica da
biomedicina. Amparados por um tripé epistemológico, político e educativo-prático,
realizamos ações em território e na UNIVASF. Ao longo de 17 meses, no período
entre julho de 2010 e novembro de 2011, realizamos atividades semanais de
promoção da saúde com cerca de 39 usuários/as portadores de doenças crônicas,
com ênfase na hipertensão arterial, atendidos pela Unidade Básica de Saúde – UBS
– do Alto da Maravilha da cidade de Juazeiro/BA, ampliando as ofertas de cuidado e
favorecendo novos olhares e práticas em saúde, tanto para usuários quanto para
profissionais, potencializando a integralidade da atenção em saúde. Por meio de
Grupos de Movimento e sessões de aplicação de agulhas, metodologias
terapêuticas
pautadas
na
Análise
Bioenergética
e
MTC/Acupuntura,
respectivamente, obtivemos resultados significativos e imediatos em alguns
sintomas, que comprovam a eficácia dessas tecnologias no cuidado da atenção
básica.Na UNIVASF, coordenamos e executamos o Núcleo Temático de Práticas
Terapêuticas do Vale do São Francisco, ofertando acesso de informação e
qualificação a estudantes de psicologia e medicina sobre Práticas Integrativas de
Saúde, ampliando a visão sobre os processos de saúde-doença-cuidado. Através
de reuniões de avaliação do primeiro ano do Projeto Integrar junto a população
beneficiada, profissionais da UBS envolvida no trabalho e gerências competentes
(Distrital, Atenção Básica e Educação Permanente), avaliamos a importância da
continuidade do Projeto, todavia com um outro direcionamento. O II Ciclo do Projeto
Integrar pretende manter as atividades do Núcleo Temático da UNIVASF, bem como
direcionar suas ações de cuidado à uma Equipe de Saúde da Família que presta
seus serviços em uma UBS da cidade supracitada, visando a possibilidade de maior
sensibilização e institucionalização dessas práticas. Deste modo, em consonância
com a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares do SUS (2006),
a Política Nacional de Educação Permanente (2010) e a Política Nacional de
Atenção Básica (2011), pretendemos realizar ações de formação e transferência de
tecnologia, a partir da implementação de práticas corporais com a Análise
Bioenergética e ações de MTC/Acupuntura, junto a uma Equipe de Saúde da Família
e a estudantes de cursos da saúde da UNIVASF, para que possam avaliar com a
experiência o potencial de cuidado dessas práticas, os benefícios e a resolubilidade
no cuidado de doenças crônicas e promoção da saúde.
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Universidade Federal do Vale do São Francisco – UNIVASF
Pró-Reitoria de Integração aos Setores Comunitários e Produtivos - PROIN
Programa Institucional de Bolsas de Integração – PIBIN 2012/2013
ANEXO II – Modelo de Proposta
Título: Projeto Integrar: Educação Permanente para a ampliação de repertórios de cuidado
integral a saúde em Juazeiro-BA (Ciclo II).
Colegiado Proponente: Colegiado de Psicologia
Coordenador: Alexandre Franca Barreto
Equipe
Nome
Unidade
Categoria Profissional
Alexandre Franca Barreto
CPSI
Anne Crystie da Silva Miranda
CPSI
Professor efetivo
(Psicólogo, Mestre em
Antropologia e
Especialista em
Psicologia Clínica com
ênfase em Análise
Bioenergética)
Discente de Psicologia
Dulce Dantas Lima Ribeiro
CMED
Israel José da Silva Filho
SESAU
Jânio Fábio Alcântara Pinto de
Araújo
Lourivan Batista de Souza
Função no
Projeto
Coordenador e
Orientador
Bolsista
Colaboradora
CPSI
Professora Voluntária
(Médica, Especialista em
Cardiologia e
Acupuntura)
Fisioterapeuta e
Especialista em
Acupuntura
Discente de Psicologia
CPSI
Discente de Psicologia
Voluntário
Colaborador
Voluntário
Área temática: Saúde
Linha de Extensão: 46 (Saúde Humana) e 44 (Saúde da Família)
Fundamentação Teórica
Apresentação:
A fundamentação teórica desta proposta de extensão tem como base três níveis
complementares: um no âmbito da epistemologia; outro no das políticas públicas e; por último,
um no âmbito da formação em saúde. Vamos nos dedicar um pouco a cada uma destas
esferas.
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No campo epistêmico há uma tensão entre o paradigma cartesiano, materialista e
positivista em contraponto a perspectiva sistêmica, quântica e holística (SANTOS, 2001;
CAPRA, 2002; MORIN, 2003 WEIL, 1990). A primeira perspectiva afina-se com o pensamento
da física clássica, promovendo a fragmentação em dualidades sujeito-objeto, corpo-mente,
corpo-espírito. Tal paradigma no campo da saúde produziu inúmeros sucessos no se refere às
tecnologias de transplante de órgãos, erradicação de inúmeras doenças infectocontagiosas,
progressos de conhecimento em diversas partes do corpo humano por meio das especialidades
e nas abordagens emergenciais.
Contudo, variáveis que transcendem os determinantes biológicos, tais como os fatores
socioeconômicos, emocionais e ecológicos são cada vez mais evidenciados para compreender
a crise mundial da saúde que vivemos hoje. Na esfera da promoção em saúde, tal paradigma
anuncia suas fragilidades e limitações técnicas e humanas para lidar com as doenças crônicas
que se alastram no cotidiano dos territórios da Atenção Primária em Saúde. Segundo Campos:
A Estratégia de Saúde da Família, principal Política Pública propõe mudanças
paradigmáticas na maneira de se conceber a relação do profissional com a população e
com a questão da saúde-doença. Essas mudanças são muito difíceis de serem
realizadas porque implicam uma cadeia de transformações que afetam desde
concepções pessoais dos diversos agentes a respeito do problema até questões
políticas mais amplas. (CAMPOS, 2001)
Caminhando com estas mudanças paradigmáticas, nos apoiamos no paradigma holístico
que, amparado pelas descobertas nos estudos da física quântica, trazem para o campo
científico em geral posicionamentos e práticas diferentes diante das noções de verdade,
realidade e ação. Esses aspectos direcionados para a saúde fazem-nos repensar a noção
clássica da clínica, da compreensão do ser humano apenas como uma “máquina orgânica”. Há
uma integração complementar entre o conhecimento científico e a sabedoria das tradições
culturais, expandindo para compreensão sistêmica do processo saúde-doença, das práticas
profissionais e suas técnicas.
A dimensão do relacional das práticas terapêuticas ganha visibilidade. Categorias como
acolhimento, vínculo, vitalidade e integralidade balizam o olhar do profissional e suscitam novas
posturas e práticas. Aliado à compreensão transdisciplinar (ALMEIDA FILHO, 1997;
NICOLESCU, 2001) tal perspectiva entoa a necessidade de expandir as fronteiras dos diversos
saberes de saúde, em diálogos integrados, bem como transcender a fragmentação em prol de
uma perspectiva integral. É um pensamento fundamentado simultaneamente no contexto das
políticas públicas, diante das novas demandas de cuidado, e no contexto da promoção de
saúde.
Visto disso, este projeto se apoia na perspectiva sistêmica de saúde, adotando
abordagens da Análise Bioenergética e Acupuntura, como recurso complementar a outras
práticas biomédicas vigentes, para potencializar ou proporcionar – conforme seja – cuidados
com a população que presta serviço na área da saúde, agindo em uma esfera de promoção da
saúde onde as técnicas advindas do paradigma cartesiano e biomédico não têm conseguido
efetividade e eficácia no cuidado.
Passando ao âmbito das políticas públicas, cada vez mais constantemente têm sido
discutidas perspectivas e práticas em saúde. Quer nas academias ou nos setores de prestação
de serviços, que estão diretamente ligados à comunidade, o par indissociável saúde-doença
vem sendo questionado e, por vezes, resignificado. São novas formas de ver o mundo, oriundas
do movimento persistente das tecnologias e, por que não dizer, da (re)valorização de outros
saberes e técnicas. São outras possibilidades de rotas a tríplice filosofia-ciência-profissão que
influenciam, diretamente, a criação e reciclagem de políticas, formas de trabalho e sentidos.
Nesse âmbito, inúmeros dispositivos têm sido gestados para favorecer a emergência de
novos paradigmas e práticas de saúde. As Políticas Nacionais de Práticas Integrativas e
Complementares – PNPIC –, por exemplo, estimulam os mecanismos naturais de prevenção de
agravos e recuperação da saúde por meio de tecnologias eficazes e seguras, com ênfase na
escuta acolhedora, no desenvolvimento do vínculo terapêutico e na integração do ser humano
com o meio ambiente e a sociedade, ampliando, destarte, a visão do processo saúde-doença e
a promoção global do cuidado humano, especialmente do autocuidado (BRASIL, 2006).
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Além das PNPIC, inúmeras outras políticas têm por objetivo e diretriz reforçar novos
recursos terapêuticos que promovam saúde a partir de uma perspectiva ampliada: a Política
Nacional de Promoção de Saúde (BRASIL, 2006); a Política Nacional de Plantas Medicinal e
Fitoterápico (BRASIL, 2006); a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (Brasil,
2009); a Política Nacional de Atenção Básica (BRASIL, 2011) e; tantos outros dispositivos que
favorecem espaços para fertilizar tais estudos e práticas. Elas reforçam a dimensão da
integralidade, valorizando a cultura e as práticas de cuidado tradicionais, bem como
demandando posicionamento clínico e de educação em saúde voltado para práticas corporais
que não fragmentem o sujeito, mas que possam compreendê-lo a partir de uma perspectiva
somática, psíquica, social e espiritual.
Partindo ao terceiro campo de fundamentação, a formação em saúde, são vistas também
muitas mudanças em operação neste âmbito, em relação aos paradigmas já citados, no entanto
ainda necessita-se de espaços férteis para produção de conhecimento. Referências globais da
educação (UNESCO 1998; DELORS, 1996), por exemplo, aliadas às propostas de
metodologias ativas em voga no campo da educação em saúde (ANASTASIOU; ALVES, 2003),
propõem alianças da pedagogia da autonomia, pedagogia rizomática e pedagogia experiencial.
Já ações intersetoriais dos Ministérios da Saúde e da Educação, essas têm promovido férteis
debates e reestruturações no âmbito da formação e modelo prática profissional.
Nesse cenário, dispositivos como o Pró-Saúde, o Pet-Saúde e as residências médicas e
Multiprofissionais em Saúde da Família, assim como o PROEXT, servem como espaços de
aprofundamento teórico-prático para revisão de modelo e emergência de novas práticas de
cuidado e é certo que proporcionar experiências para estudantes de graduação em sistemas
terapêuticos complexos, favorecem indiscutivelmente a ampliação da noção de saúde-doença,
bem como as referências técnicas e éticas para os profissionais que em breve serão
responsáveis por protagonizar as mudanças almejadas pelo Sistema Único de Saúde – SUS.
No ano de 2010, o início do Projeto Integrar foi uma tentativa bem sucedida de fazer
com que tanto estudantes de graduação quanto uma parte da população baiana da cidade
de Juazeiro pudesse viver a experiência de um sistema terapêutico complexo. O projeto
surgiu da parceria entre a Universidade Federal do Vale do São Francisco – UNIVASF – e a
Secretaria de Saúde do Município de Juazeiro/BA, por meio do interesse comum entre
docentes, estudantes e gestão do serviço em ampliar alternativas de cuidados a população
assistida pelos serviços públicos de saúde.
O principal objetivo era contribuir com as práticas de novos cuidados clínicos pautados
na integralidade, na promoção de saúde de usuários/as do SUS diagnosticados com
doenças crônicas. Foi privilegiada a população com hipertensão arterial, já que no Município
de Juazeiro, segundo informação do Sistema de Informação da Atenção Básica – SIAB – da
Secretaria Municipal de Saúde, no ano de 2010, mais de 11% da população adulta sofria
com hipertensão arterial e outras complicações cardíacas e estimava-se que cerca de 70%
da população atendida na Atenção Básica, era portadora de doenças crônicas (em especial
a hipertensão arterial e o diabetes).
Foram trabalhadas duas ferramentas novas que se ancoram no paradigma holístico de
saúde: a Análise Bioenergética e a Medicina Tradicional Chinesa - MTC/Acupuntura. A Análise
Bioenergética é uma abordagem psicocorporal desenvolvida pelo psiquiatra norte-americano
Alexandre Lowen na década de 70 (1977; 1982; 1997), a partir de estudos psicanalíticos,
reicheanos e psicossomáticos. Atualmente, é difundida ao redor do globo com sociedades
formadas por profissionais da saúde (majoritariamente médicos e psicólogos) e sua técnica já foi
ampliada por inúmeros colaboradores que aprofundaram a teoria, bem como sua aplicabilidade
em contextos diversos. A partir dela, 39 usuários atendidos por uma Unidade Básica de Saúde –
UBS – experimentaram o Grupo de Movimento (LOWEN, 1985; CAÑIZARES, 2002; RASCH;
GARCIA, 2004) como recurso metodológico terapêutico por quase 14 meses.
Em se tratando da MTC/Acupuntura, é uma medicina tradicional chinesa (MACIOCIA,
1996; 1996a) que, cada vez mais, tem crescido em todo ocidente e no Brasil. Recentemente, ela
foi adotada no rol das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde no SUS, bem como foi
legitimado a prática de profissionais de distintas graduações na saúde (medicina, psicologia e
fisioterapia) com especialização na área. Sua eficácia no tratamento de inúmeros distúrbios tem
sido evidenciada pelo acúmulo das produções científicas, bem como a crescente procura por
tais métodos. A concepção energética e holística da técnica faz com que o humano seja
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compreendido como um todo – a inter-relação entre os órgãos do corpo, as emoções e os
elementos básicos da natureza –, ofertando uma anatomia minuciosa (MAO LIANG, 2001;
STUX; HAMMERSCHILAG, 2005) e orientando a compreensão detalhada do adoecimento,
bem como das estratégias de cuidado e promoção da saúde. Por meio de 225 sessões de
aplicação de agulhas, no Projeto Integrar a acupuntura atendeu 20 usuários da UBS
supracitada.
Simultaneamente a estas ações em território o grupo do Projeto Integrar, ampliou-se
com outros docentes e profissionais da região e de referência nacional no trabalho tanto no
âmbito epistemológico, como político e prático deste campo. Com isto, pudemos criar um
ambiente formativo na graduação (no Núcleo Temático de Práticas Terapêuticas do Vale do
São Francisco) que passaram mais de 120 estudantes de medicina e psicologia (nos últimos
3 semestres), sendo introduzidos nesta visão de saúde e no repertório ampliado de
tecnologias de cuidado para além da prática biomédica convencional.
Além disso, fundamos nosso grupo de pesquisa, vinculado ao CNPq, Laboratório de
Estudos e Pesquisas e Intervenções em Integralidade (LEPII), conseguimos também
financiamos para outras ações, através de recursos advindos do Proext/Mec e Pet
Saúde/Saúde Mental, com isto estendemos nossas práticas para outros contextos
(trabalhando com usuários abusivos de drogas), bem como conseguimos realizar um evento
local que ganhou proporções regionais, pois estiveram presentes pessoas de diferentes
cidades de Pernambuco, Bahia e Paraíba, bem como de outras regiões do país.
Ainda realizamos a primeira publicação de nosso grupo de pesquisa, através de um
livro que sistematiza de maneira introdutória reflexões epistemológicas, políticas e práticas
sobre a integralidade na saúde (BARRETO, 2011), trazendo também resultados do trabalho
de campo em nosso primeiro ano de Projeto.
Em função do sucesso dos resultados produzidos a partir do Integrar notou-se a
importância de trabalhar em outra esfera para a institucionalização de nossas práticas,
ampliando o repertório de tecnologias de cuidado ofertadas no município. Neste sentido, em
parceria com gestores da Secretaria de Saúde do município de Juazeiro, estrategicamente
optamos neste atual projeto de realizar ações de Educação Permanente através de
atividades formativas de cuidados à saúde dos próprios profissionais que atuam na área,
com vistas a qualificá-los para ampliação de seus repertórios de tecnologias de cuidado
impactando na organização cotidiana de seu processo de trabalho.
Os trabalhadores da saúde – componente indispensável para se alcançarem os
objetivos dos serviços e a finalidade dos processos de trabalho – precisam buscar e acessar
constantes espaços de reflexão sobre a prática, a atualização técnico-científica, o diálogo
com usuários/população e demais trabalhadores que integram os serviços (PEDUZZI, 2009)
e, tão importante quanto, reflexões acerca dos mecanismos de cuidado com eles próprios –
é ter saúde para fazer saúde.
Em resumo, fundamentado em nível epistêmico, político e prático, reforçando que sua
proposta nutre as demandas atuais no contexto público e acadêmico para fomentar novos
referenciais teóricos e práticas de cuidado em saúde, adotando como recurso estratégico os
Grupos de Movimento da Análise Bioenergética e as sessões de aplicação de agulhas da
MTC/Acupuntura, que abordam a saúde em consonância com os pilares acima
mencionados, este projeto quer propor uma prática de Educação Permanente e
transferência de tecnologia a uma Equipe de Saúde da Família de uma UBS da cidade de
Juazeiro/BA, visando à ampliação do repertório de cuidado a saúde desses trabalhadores,
acreditando que assim é possível, melhorar a resolubilidade dos problemas de saúde da
população juazeirense que é atendida pelo SUS.
Justificativa:
Vários documentos políticos e técnicos internacionais atestam que vivemos uma Crise
mundial de saúde. Um exemplo é a Carta dos Povos pela Saúde (2000), fruto de uma
Assembleia internacional envolvendo a população de todos os continentes do globo, que
explicita a crise mundial por meio das desigualdades sociais, das práticas políticas injustas e da
manutenção das relações de poder e dependência entre as nações, com a saúde sendo tratada
como um bem comercial.
A despeito de inúmeras legislações e acordos internacionais, como a Declaração de Alma
Ata (1978) e o próprio Sistema Único de Saúde Brasileiro (2003), a saúde majoritariamente é
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tratada como seu antônimo, a “doença”, e serve como recurso lucrativo e instrumental. Um
estudo realizado em Pernambuco com o título “Contra a desumanização da Medicina” constata
tais evidências (2003).
A perspectiva biomédica predominante no modelo de saúde vigente já é continuamente
problematizada por inúmeras frentes (Medicina Integral, Saúde Coletiva, Práticas Alternativas,
abordagens contemporâneas da Psicoterapia Psicocorporal e Transpessoal, Medicinas
Tradicionais do Oriente – Acupuntura e Ayurveda –, Homeopatia, etc). Os avanços no campo de
intervenções com fraturas e outras situações emergenciais são inegáveis, porém a
fragmentação do sujeito, o abuso da alopatia e a lógica lucrativa pervertem a concepção de
saúde, oneram os recursos públicos e reduzem as possibilidades de intervenção,
principalmente, no campo prioritário da promoção de saúde.
Urge uma necessidade, no âmbito das políticas públicas de saúde, de ofertar resolubilidade
dos problemas atuais presentes no cotidiano dos territórios. A ampliação de tecnologias de
cuidado (incluindo aqui práticas integrativas, tais como a Análise Bioenergética e
MTC/Acupuntura) favorece melhores resultados no cotidiano das ações. Por este motivo, que a
última Política Nacional de Atenção Básica à Saúde (PNAB, 2011), reforça necessidade de
incluir práticas integrativas no cotidiano do cuidado em saúde.
É a partir dessa realidade que este projeto visa, por meio da Educação Permanente
em Saúde – EPS – continuar problematizando o modelo biomédico, trazendo, contudo,
novas possibilidades de pensamento e práticas e, por meio da transferência de tecnologia,
buscando estender essas reflexões e ações aos principais agentes do SUS, que são os
profissionais que integram a assistência à saúde cotidiana nas Equipes de Saúde da
Família. A EPS apresenta-se como uma proposta de ação estratégica capaz de contribuir
para a transformação dos processos formativos, das práticas pedagógicas e de saúde
(BRASIL, 2004 apud PEDUZZI, 2009).
Com a ideia de que os profissionais da saúde se aproximem cada vez mais dos
pacientes, levando em conta as necessidades do lugar em que estes vivem, e pressupondo
que para aprender não basta transferir conhecimento, mas é preciso criar um ambiente
propício à construção compartilhada, a EPS é um movimento pedagógico da interface
saúde-educação que constitui, sem dúvida alguma, um grande desafio institucional.
Sua proposta (da EPS) foi lançada pela Organização Pan-Americana da Saúde –
OPAS – no início dos anos 80, com a finalidade de reconceituar e reorientar os processos
de capacitação de trabalhadores dos serviços de saúde. Ela toma como eixo da
aprendizagem o trabalho executado no cotidiano dos serviços, organizando-se como
processo permanente, de natureza participativa e multiprofissional (HADDAD; ROSCHKE;
DAVINI, 1994 apud PEDUZZI, 2009).
Pautada na concepção pedagógica transformadora e emancipatória de Paulo Freire, é
uma proposta que vem sendo construída com base nas noções de aprendizagem
significativa e de problematização difundidas pelo autor, constituindo-se, assim, em
processos educativos que buscam promover a transformação das práticas de saúde e de
educação (FARIA, 2008; CECCIM, 2005b apud PEDUZZI, 2009). A EPS reconhece o
caráter educativo do próprio trabalho, que passa a ser compreendido não apenas em seu
sentido instrumental da produção de resultados, da ação dirigida a um dado fim já definido a
priori, mas também como espaço de problematização, reflexão, diálogo e construção de
consensos por meio dos quais se torna possível promover mudanças e transformações na
perspectiva da integralidade da saúde (CECCIM, 2005b, 2005c; CECCIM; FEUERWERKER,
2004; PAIM, 2002 apud PEDUZZI, 2009).
Por meio do conhecimento advindo de dois campos da saúde, a Análise Bioenergética e a
Acupuntura, que favorecem uma leitura energética e integrativa da relação mente-corpo,
pretendemos realizar atividades de Educação Permanente e transferência de tecnologia com
uma Equipe de Saúde da Família em uma Unidade de Atenção Básica Juazeiro/BA, com o
objetivo de ampliar os repertórios de cuidado a saúde, favorecendo novos olhares e práticas
saúde para tanto para os profissionais quanto, indiretamente, para os usuários do sistema de
saúde. Esta ação pretende lançar um olhar complementar para prática médica, alicerçando
ações de cuidado que potencializem a integralidade dos sujeitos, avaliando a efetividade de tais
ações e, assim, qualificando ações de políticas públicas na rede municipal local.
Em nosso cenário local, na UNIVASF, também é preciso institucionalizar disciplinas que
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abordem a Acupuntura em seu campo epistêmico e técnico, mesmo sendo legítimo os espaços
sociais de atuação para profissionais médicos e psicólogos. Abordagens psicológicas mais
contemporâneas tal como a Análise Bioenergética, que se pautam na unidade da relação
mente-corpo, também não encontram espaço na grade obrigatória do curso de formação. Outra
parte necessária, são os espaços para aprofundar as “tecnologias leves”, a capacidade de
vincular-se com o outro em práticas de cuidado cotidianas, que muitas vezes podem ser
abordadas no campo teórico, mas a sua vivência fica reservada para o final do curso, sendo
insuficiente o tempo dedicado para estes dispositivos tão preciosos e que serão os principais
recursos de atuação cotidiana de qualquer profissional de saúde que esteja nos serviços de
ponta.
A realidade do Submédio São Franscisco é recortada por esta problemática, inúmeros
desafios há para consolidação de uma política pública de saúde que garanta a promoção de
saúde como estratégia primeira, bem como aborde os usuários a partir da integralidade. A
função social de formação do quadro dos profissionais de saúde e contribuição para ofertar
serviços em consonância com os princípios do SUS é um compromisso científico, social, político
e ético da UNIVASF, e várias iniciativas ligadas aos serviços públicos de saúde já explicitam tal
prática, realizadas no âmbito de ações da educação, extensão, pesquisa e pós-gradução.
Porém, ainda são escassos os dispositivos da rede para intervenções pautadas em
tais paradigmas da integralidade que adotem recursos clínicos de campos da Análise
Bioenergética e Acupuntura, bem como aprofunde sua capacidade auto-gestiva de
tecnologias leves e, principalmente, são insuficientes práticas de Educação Permanente em
Saúde na perspectiva da saúde integral, contrariando as demandas de documentos e
marcos referenciais propostos pelo SUS.
Este Projeto vincula-se ao Núcleo Temático de práticas terapêuticas no Vale do São
Francisco (estratégia gestada para suprir tal carência), como o intuito de potencializar tais
ações em consonância com as demandas da região (em especial, os profissionais que
prestam serviço na Atenção Básica e a gestão do município de Juazeiro/BA) e o Guia
PPSUS (Seleção de Prioridades de pesquisa em Saúde) principalmente no que se refere à
educação permanente e manejo de tecnologias leves (2009).
Em suma, este projeto visa a continuidade da parceria UNIVASF-Secretaria de Saúde
de Juazeiro/BA, com foco em ações que privilegiem a inclusão de novas tecnologias de
cuidado, visando resolubilidade de doenças crônicas e promoção de saúde no contexto da
atenção primária à saúde. Por meio de reuniões de avaliação do primeiro ano do Projeto
Integrar junto a população beneficiada, profissionais da UBS envolvida no trabalho, bem
como gerências competentes (Distrital, Atenção Básica e Educação Permanente), avaliamos
a importância da continuidade do Projeto, com foco em ações formativas direcionadas a
Equipe de Saúde da Família, visando a possibilidade de maior sensibilidade e
institucionalização de práticas de saúde integral.
Assim, em consonância com a Política Nacional de Práticas Integrativas e
Complementares no SUS (2006), a Política Nacional de Educação Permanente (2010), a
Política Nacional de Atenção Básica (2011), pretendemos realizar ações de transferência
tecnológica, a partir de implementação de práticas corporais com a Análise Bioenergética e
ações de MTC/Acupuntura junta a uma Equipe de Saúde da Família, para que ela possa
avaliar por meio da experiência o potencial de cuidado dessas práticas, os benefícios e a
resolubilidade no cuidado de doenças crônicas e promoção à saúde.
Objetivos:
Geral:
Promover a saúde e a qualificação técnica de profissionais em uma Unidade de Saúde da
Família na rede de Atenção Básica de Saúde no município de Juazeiro/BA, a partir da Análise
Bioenergética e Acupuntura, estudando aspectos teórico-práticos de sua efetividade no cuidado.
Específicos:
1 – Ampliar o conhecimento sobre os fundamentos históricos, teóricos e resultados práticos de
das estratégias terapêuticas (Análise Bioenergética e MTC/Acupuntura), fomentando a
compreensão sobre os processos de saúde-doença e os fatores que o influenciam promovendo
uma visão de saúde que ultrapassa os processos orgânicos, expandindo-se para a valorização
das dimensões psicossomática, social e espiritual;
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2 – Ofertar a experimentação de estratégias de cuidado integral com a saúde baseadas na
Análise Bioenergética e MTC/Acupuntura;
3 – Realizar Educação Permanente em Saúde com foco na ampliação do repertório de
tecnologia de cuidado;
4 – Possibilitar uma visão interdisciplinar/transdisciplinar e fortalecer a capacidade de trabalhar
em equipe;
5 – Contribuir para a institucionalização de práticas terapêuticas ancoradas na visão integral de
saúde no contexto acadêmico e dos serviços públicos de saúde, e;
6 – Propor recomendações aos serviços públicos de saúde o uso de práticas terapêuticas em
saúde integral e promoção da saúde.
Metas:
1 – Realizar atividades de estudo de marcos referenciais da Integralidade. Aprofundamento
teórico-conceitual do paradigma quântico, através de textos que abordem as perspectivas
sistêmica, holística e da complexidade;
2 – Realizar estudos sobre saúde coletiva, SUS e as Políticas Públicas que sustentam as
práticas integrativas e de promoção de saúde (a exemplo da Política Nacional de Práticas
Integrativas e Complementares (Brasil, 2006), Política Nacional de Educação Permanente em
Saúde (Brasil, 2009), Política Nacional de Atenção Básica e outros documentos que referenciam
tais abordagens);
3 – Realizar atividades de avaliação dos estudantes, bem como do Projeto com vistas a
mensurar o impacto das ações na compreensão sobre os processos de saúde-doença;
4 – Realizar estudo dirigido sobre a Análise Bioenergética e a MTC/Acupuntura com foco na
promoção de saúde e resolubilidade de doenças crônicas, bem como metodologias de cuidado
advindo dos campos específicos, adotando recursos da pedagogia experiencial e dialógica;
5 – Realizar atividades de promoção da saúde ancorada em cada uma das práticas, sob a
supervisão de docente e/ou técnico capacitado em uma Unidade Básica de Saúde de
Juazeiro/BA;
6 – Realizar reuniões e estabelecer comunicação contínua entre o grupo de docentes e
profissionais envolvidos no Projeto, fomentando o diálogo dos diversos saberes disciplinares
(Psicologia, Medicina, Fisioterapia) e interdisciplinares (MTC/Acupuntura e Análise
Bioenergética) construindo uma cultura transdisciplinar;
7 – Integrar as ações do Projeto de Extensão ao Núcleo Temático de Práticas Terapêuticas no
Vale do São Francisco envolvendo estudantes de diversas áreas da saúde (Psicologia,
Medicina, Educação Física, Farmácia e Enfermagem);
8 – Desenvolver espaços com troca de experiência e socialização dos trabalhos realizados;
9 – Sistematizar o acúmulo teórico dos estudos, bem como as diversas experiências práticas em
formato de trabalhos científicos e/ou artigos para comunicação e publicação, auxiliando no
desenvolvimento teórico-prático do campo.
Resultados Esperados:
- Envolver no mínimo 20 estudantes de diversos cursos de graduação nas ações de
ensino/pesquisa e extensão do Programa;
- Promover mudanças nos referenciais teóricos, orientação pedagógica e práticas profissionais
de estudantes e cursos de graduação, bem como de trabalhadores do SUS que se refere à
promoção de saúde e tecnologias de cuidado que se pautam na integralidade;
- Beneficiar no mínimo 1 Equipe de Saúde da Família (médico, enfermeiro, agentes de saúde
comunitários, auxiliares administrativos, técnicos e odontólogo) com cuidados integrais que
potencializem a formação profissional e a qualidade do serviço ofertado pela Unidade de Saúde
da Família;
- Ampliar o repertório de tecnologias de cuidado da equipe de Saúde da Família beneficiada
pelo projeto;
- Realizar no mínimo 5 produções técnicas-científicas sobre Práticas de Cuidado Integral e
Promoção da Saúde no âmbito do Vale do São Francisco, com vistas a contribuir na
institucionalização da legislação federal no âmbito das Políticas Públicas locais.
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Metodologia:
Pautados nas referências de extensão institucional da UNIVASF, adotamos como princípios
metodológicos: a) a pedagogia dialógica freireana (1999), entendendo a contínua troca
relacional, único meio para construção de autonomia e aprendizagem na resolução de desafios
comuns no âmbito da saúde; b) a perspectiva transdisciplinar proposta por Nicolescu (2001)
priorizando o saber implicado, complementar, intuitivo e interventor ao invés do explicativo e
neutro, e; c) a pesquisa-ação, pois “faz do conhecimento uma práxis, onde cada momento
empírico é repensado no confronto com outros momentos e a partir da reflexão crítica, novos
caminhos
de
investigação
são
traçados...”
(Lane,
1984:27).
Todas as nossas ações serão norteadas por tais princípios acima pontuados e algumas
atividades serão pontuais, outras permanecerão de forma contínua ao longo do projeto.
Ação 1 – Inserção no Campo
Com base em parceria já estabelecida com a Diretoria de Humanização e Educação
Permanente em Saúde da Secretaria de Saúde do Município de Juazeiro, definiremos uma
Unidade Básica de Saúde (UBS) que tenha interesse e perfil para apoiar o Projeto. As précondições dizem respeito a possuir uma equipe multidisciplinar aberta a EPS de novas
tecnologias de cuidado. Definida a Unidade nós iniciaremos nossa inserção em campo, a
princípio participando de uma reunião da Equipe da UBS e definindo uma sistemática de
trabalho:
1.1.
Estratégias de mobilização e convite dos profissionais: Será definida a dinâmica
detalhado de como será feito o convite, a entrevista e a mobilização dos profissionais para
participar do Projeto;
1.2.
Planejamento e definição prazos e datas: Neste momento será elaborado um quadro
com foco nas atividades iniciais do Projeto (ação 1 e 2), definido prazos, datas e
responsáveis para as atividades iniciais com a equipe do serviço.
Ação 2 – Sensibilização, Elaboração de diagnóstico local e Construção de Contrato de Trabalho
2.1. Nesta etapa nossas ações serão orientadas para realizar um diagnóstico do grupo a ser
trabalhado. Para isso, será feito de antemão uma sensibilização, com vistas a explicar sobre a
função do Projeto, sua concepção de saúde-doença, seus objetivos e seus laços ético-políticos
com os serviços públicos de saúde.
2.2. Em seguida, através de encontros em grupo será realizado um mapeamento clínico (levanto
em consideração aspectos fisiológicos, psicossomáticos, energéticos e sociais) que sirvam de
referência para elaboração de uma proposta de trabalho e acompanhamento evolutivo dos
casos. Será priorizado o trabalho em grupo, apesar de eventualmente podermos nos embasar
em informações colhidas em conversas individuais;
2.3. Com base nestes primeiros encontros e de posse de um diagnóstico norteador, será
proposto um plano de trabalho. Este plano será discutido e ajustado com a Equipe de Saúde,
fechando com um Contrato de Trabalho que servirá de referencia para nossas ações e
orientações clínicas do trabalho.
Ação 3 – Estudo orientado para elaboração, execução e avaliação das práticas clínicas
Durante todo o Projeto serão realizados estudos em Análise Bioenergética, com foco nos
exercícios e na metodologia de Grupos de Movimento (Lowen, 1895 e Cañizares, 2002; Rasch
e Garcia, 2004) e na Acupuntura com foco em pontos periféricos e específicos (Maciocia, 1996
e Mao Liang, 2001). Com base, nos sintomas e queixas mais prevalentes no grupo, bem como a
dinâmica do desenvolvimento do trabalho, serão feitos estudos adicionais específicos.
Ação 4 – Realização de Oficinas terapêuticas
Ao longo do Projeto serão realizadas oficinas terapêuticas semanais (com foco na promoção de
saúde) com Grupos de Movimento e Aplicações de Acupuntura aos profissionais que
participarem do Projeto. Semanalmente será feito os planejamentos das oficinas com base nas
ações anteriores. Esta ação será o espaço estratégico do Projeto de Extensão visando por em
prática técnicas e recursos científicos que dialoguem semanalmente com as demandas de
promoção da saúde, favorecendo um amadurecimento do método, bem como ofertando
benefícios aos participantes.
Ação 5 – Monitoramento e Avaliação do projeto
10
Continuamente será feito um monitoramento das ações do Projeto, visando dois aspectos: 1) a
promoção de saúde dos participantes e; 2) a educação permanente de tecnologias de cuidado
advindas da Análise Bioenergética e Acupuntura.
5.1. Com relação à promoção de saúde, iremos avaliar a evolução clínica dos participantes,
objetivando os resultados das ações.
5.2. No que se refere à Educação Permanente, iremos avaliar a ampliação do repertório de
tecnologias de cuidado adotadas no cotidiano do trabalho da equipe.
5.3. A metodologia da pesquisa-ação demanda reflexão contínua sobre os passos trilhados ao
longo de cada percurso. Serão feitas avaliações pontuais ao longo das ações realizadas e, por
fim, uma avaliação final que objetiva compilar o acúmulo do trabalho, seus resultados e
perspectivas de avanço metodológico, bem como político no cenário da promoção de saúde.
Iremos privilegiar metodologias qualitativas, como o grupo focal e observação participante.
Ação 6 – Produção de Conhecimento Inter e Transdisciplinar
6.1. As atividades de planejamento e reuniões de equipe envolverá continuamente profissionais
e estudantes de diversas disciplinas da saúde, com isso espera-se aproveitar este ambiente
favorável para ofertar reflexões e produzir conhecimentos que integrem tais disciplinas e
possam transcender o método cartesiano-newtoniano, privilegiando aspectos intuitivos e
relacionais no trabalho. Neste sentido objetivamos um contínuo inter/transdisicplinar;
6.2. Parte das atividades do Projeto serão integradas ao Núcleo Temático de Práticas
Terapêuticas no Vale do São Francisco. O Núcleo Temático dentre as várias ações, prevê
atividades interventivas pautadas na Análise Bioenergética e Acupuntura. Com isso,
envolveremos um número mais expressivo de estudantes (de diversas graduações da saúde),
bem como docentes de Colegiados distintos, favorecendo um fértil espaço de trocas e
produção.
6.3. Serão elaborados documentos científicos com o objetivo de: a) socializar os resultados
obtidos ao longo do Projeto; b) fortalecer a produção científica sobre práticas integrais de
cuidado e promoção da saúde, e; c) propor recomendações técnicas de educação permanente
e transferência de tecnologias de cuidado e promoção da saúde.
Referência Bibliográfica:
ALMEIDA FILHO, N. DE. Transdisciplinaridade e Saúde Coletiva. Ciência e Saúde Coletiva, n.
11, 1997.
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2003.
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Oficial da União, n. 43, 04 mar., p. 38-42, 2008.
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Básica. Política Nacional de Atenção Básica - PNAB. Brasília: Ministério da Saúde, 2011.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção
Básica. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS - PNPIC-SUS.
Brasília: Ministério da Saúde, 2006.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos.
Departamento de Assistência Farmacêutica. Política Nacional de Plantas Medicinais e
Fitoterápicos. Brasília: Ministério da Saúde, 2006.
11
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos.
Departamento de Ciência e Tecnologia. Seleção de prioridades de pesquisa em saúde: guia
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BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde.
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<http://www.centroreichiano.com.br/artigos/>. Acesso em: 28 jan. 2011.
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12
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WEIL, P. Holística: uma nova visão e abordagem do real. São Paulo, Palas. Athena, 1990.
Público-Alvo:
Beneficiários diretos
- Estudantes de graduação na área de saúde (20)
- Profissionais de Equipe de Saúde da Família do SUS de
Juazeiro/BA (15)
Beneficiários indiretos
- Comunidade acadêmica da UNIVASF (principalmente
docentes e discentes de curso na área de saúde)
- Família e comunidade dos profissionais beneficiados pelo
Projeto
- Usuários/as dos serviços públicos de saúde de Juazeiro
Diretos:
35
Nº de Pessoas
Beneficiadas
Indiretos:
3500
Cronograma de Execução
Evento
Ação 1
Período
Mar./Abr. 2012
Ação 2
Abr. 2012
Ação 3
Abr. 2012 – Jan. 2013
Ação 4
Maio 2012 – Dez. 2013
Ação 5
Abr. 2012 – Jan. 2013
Ação 6
Abr. 2012 – Fev. 2013
Observações
Acompanhamento e Avaliação
13
Indicadores:
1. Quantitativos
1.1. Quantidade de profissionais presentes em atividades de planejamento, monitoramento e
avaliação do Projeto;
1.2. Quantidade de estudantes envolvidos nas ações do Projeto;
1.3. Quantidade de campos disciplinares da saúde (de estudantes e profissionais) envolvidos
nas ações;
1.4. Quantidade de profissionais beneficiados pela Educação Permanente;
1.5. Quantidade de produções técnicas-científicas produzidas;
2. Qualitativos
2.1. Avaliação de Impacto do Projeto pelos profissionais da Gestão e Unidade Básica de Saúde
do Município de Juazeiro/BA envolvidos nas ações;
2.2. Avaliação de Concepção sobre os processos de a saúde-doença dos estudantes de
graduação envolvidos no Projeto;
2.3. Avaliação diagnóstica dos profissionais da equipe de saúde;
2.4. Acompanhamento da evolução dos profissionais dos serviços beneficiados pelas ações;
2.5. Avalição da ampliação do repertório de tecnologias de cuidado dos profissionais da Equipe
de Saúde da Família beneficiada pelo Projeto;
2.6. Avaliação da qualidade das produções técnico-científicas realizadas ao longo do Projeto.
Sistemática:
Com relação aos indicadores quantitativos eles serão acompanhados ao longo das ações do
Projeto, adotando um instrumento simples de lista frequência (especificando dados sobre
formação profissional).
Já para acompanhar o quantitativo de produções técnico-científicas, nós vamos criar um banco
de dados com todas as produções realizadas desta ordem.
No que se refere aos indicadores qualitativos privilegiaremos a metodologia de grupo focal e
observação participante. Serão realizados grupos focais para avaliar as impressões da equipe e
dos gestores sobre o impacto do Projeto.
A avaliação da concepção de saúde-doença dos estudantes de graduação envolvidos no
Projeto se dará através das atividades avaliativas do Núcleo Temático. Os estudantes
envolvidos mais diretamente ao longo de todo o Projeto serão avaliados processualmente
através de supervisões semanais com foco no desenvolvimento de habilidades teórico-práticas
relacionadas ao campo.
Os itens 2.3., 2.4. e 2.5 podem ser considerados o “foco” do Projeto. Seus indicadores serão
detalhados e acompanhados ao longo de toda atividade desenvolvida. Com relação à Avaliação
diagnóstica dos profissionais do serviço público de saúde, serão usados dois procedimentos de
mapeamento dos sintomas individuais e a prevalência no grupo: 1) o Somagrama (FREIRE,
2009) e; 2) procedimento tradicional de diagnóstico da MTC/Acupuntura. Com base nestes
sintomas e outras características relevantes para o diagnóstico inicial da saúde destes
profissionais, iremos organizar um programa de promoção da saúde. Neste programa de
atividades haverá uma rotina de acompanhamento e evolução dos casos.
Serão realizados 3 grupos focais ao longo do Projeto (1 no início, 1 no meio e outro no final),
com a intenção de avaliar a evolução e o impacto das ações tanto no âmbito da saúde quanto
no âmbito da prática profissional dos beneficiários.
Com relação à observação participante, será um recurso utilizado ao longo de todo o projeto e
ofertará subsídios adicionais para a compreensão qualitativa de nossas ações.
Por fim, a qualidade das produções técnico-científicas será avaliada com base nas submissões
de trabalhos em eventos técnico-científicos e outras possíveis publicações, ofertando uma
avaliação externa sobre a produção da equipe do Projeto.
Observação: Mesmo o Programa financiando apenas as bolsas para os estudantes, é
imprescindível a apresentação do orçamento.
Proposta Orçamentária
Justificativa
Rubrica
Valor (R$)
Custeio
Bolsa de Extensão
R$
14
4.320,00
Material de Consumo
Outros Serviços de
Terceiros – Pessoa Jurídica
Comprar material referente às oficinas de
promoção de saúde:
- 2 bolas de ginástica 75cm: R$110,00 (un);
- 1 bola de ginástica 65cm: R$110,00 (un);
- 30kg de folhas de borracha: R$15,00 (Kg);
- Elaboração, confecção e impressão de
certificados: R$ 20,00
Total
R$ 780,00
R$ 20,00
R$ 5.120,00
Co-Financiamento
(Informe se o Projeto terá outro financiamento além do PIBIN – 2012/2013)
Agências de Fomento
Quais:
Outros
Quais:
15
Programa Institucional de Bolsas de Integração – PIBIN 2012/2013
ANEXO III – Solicitação de Ampliação e Implementação
Título do Projeto: Projeto Integrar: Educação Permanente para a ampliação de repertórios de
cuidado integral a saúde em Juazeiro-BA (Ciclo II)
Colegiado Proponente: Colegiado de Psicologia
Coordenador: Alexandre Franca Barreto
Área Temática: Saúde
Linha de Extensão: 46 (Saúde Humana) e 44 (Saúde da Família)
Resumo:
Este Projeto visa à continuidade da parceria UNIVASF-SESAU com foco em ações
que privilegiem a inclusão de novas tecnologias de cuidado no cotidiano das ações
em saúde no SUS de Juazeiro-BA, visando à resolubilidade de doenças crônicas e a
promoção da saúde no contexto dos serviços públicos locais, bem como a ampliação
do repertório de cuidado, ampliando a noção de saúde-doença hegemônica da
biomedicina. Amparados por um tripé epistemológico, político e educativo-prático,
realizamos ações em território e na UNIVASF. Ao longo de 17 meses, no período
entre julho de 2010 e novembro de 2011, realizamos atividades semanais de
promoção da saúde com cerca de 39 usuários/as portadores de doenças crônicas,
com ênfase na hipertensão arterial, atendidos pela Unidade Básica de Saúde – UBS
– do Alto da Maravilha da cidade de Juazeiro/BA, ampliando as ofertas de cuidado e
favorecendo novos olhares e práticas em saúde, tanto para usuários quanto para
profissionais, potencializando a integralidade da atenção em saúde. Por meio de
16
Grupos de Movimento e sessões de aplicação de agulhas, metodologias
terapêuticas
pautadas
na
Análise
Bioenergética
e
MTC/Acupuntura,
respectivamente, obtivemos resultados significativos e imediatos em alguns
sintomas, que comprovam a eficácia dessas tecnologias no cuidado da atenção
básica.Na UNIVASF, coordenamos e executamos o Núcleo Temático de Práticas
Terapêuticas do Vale do São Francisco, ofertando acesso de informação e
qualificação a estudantes de psicologia e medicina sobre Práticas Integrativas de
Saúde, ampliando a visão sobre os processos de saúde-doença-cuidado. Através
de reuniões de avaliação do primeiro ano do Projeto Integrar junto a população
beneficiada, profissionais da UBS envolvida no trabalho e gerências competentes
(Distrital, Atenção Básica e Educação Permanente), avaliamos a importância da
continuidade do Projeto, todavia com um outro direcionamento. O II Ciclo do Projeto
Integrar pretende manter as atividades do Núcleo Temático da UNIVASF, bem como
direcionar suas ações de cuidado à uma Equipe de Saúde da Família que presta
seus serviços em uma UBS da cidade supracitada, visando a possibilidade de maior
sensibilização e institucionalização dessas práticas. Deste modo, em consonância
com a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares do SUS (2006),
a Política Nacional de Educação Permanente (2010) e a Política Nacional de
Atenção Básica (2011), pretendemos realizar ações de formação e transferência de
tecnologia, a partir da implementação de práticas corporais com a Análise
Bioenergética e ações de MTC/Acupuntura, junto a uma Equipe de Saúde da Família
e a estudantes de cursos da saúde da UNIVASF, para que possam avaliar com a
experiência o potencial de cuidado dessas práticas, os benefícios e a resolubilidade
no cuidado de doenças crônicas e promoção da saúde.
Público Atingido: 50
Nº. de Pessoas
Beneficiadas
500
Local: Juazeiro/BA
Nome
Alexandre Franca Barreto
Anne Crystie da Silva Miranda
Dulce Dantas Lima Ribeiro
Israel José da Silva Filho
Jânio Fábio Alcântara Pinto de
Araújo
Lourivan Batista de Souza
Equipe
Instituiçã
Categoria Profissional
o
UNIVASF
Professor efetivo
(Psicólogo, Mestre em
Antropologia e
Especialista em
Psicologia Clínica com
ênfase em Análise
Bioenergética)
UNIVASF Discente de Psicologia
UNIVASF
Professora Voluntária
(Médica, Especialista em
Cardiologia e
Acupuntura)
SESAU
Fisioterapeuta e
Especialista em
Acupuntura
UNIVASF Discente de Psicologia
UNIVASF
Discente de Psicologia
Função no Projeto
Coordenador e
Orientador
Bolsista
Colaboradora
Colaborador
Voluntário
Voluntário
17
Público-Alvo: 35
Nº. de pessoas
a serem
beneficiadas
3500
Co-Financiamento
Entidade
Quais:
Quais:
Parcerias:
UNIVASF - Universidade Federal do Vale do São Francisco
SESAU-JUAZEIRO/BA – Secretaria Municipal de Saúde de Juazeiro Bahia
Resultados Obtidos:
Foi envolvida no projeto, ao longo dos semestres 2010.2 e 2011.1 a equipe do
Núcleo Temático de Práticas Terapêuticas no Vale do São Francisco, contando com a
colaboração de 9 professores e pouco mais de 90 alunos de psicologia, medicina e
engenharia da produção. Deste grupo, 3 professores e 8 estudantes foram envolvidos
diretamente nas atividades. O restante ouviu os relatos de experiências do Projeto, bem
como pode contribuir com seu olhar sobre as ações que estão sendo realizadas.
Ainda no Núcleo Temático, pudemos aprofundar algumas discussões sobre
Epistemologia e Saúde, Políticas e Práticas Integrativas de cuidado, situando o escopo
de nosso Projeto em uma discussão mais ampla contextualizada com desafios nos
âmbitos local, nacional e internacional.
Além dos já citados, participaram de alguns dos nossos encontros na comunidade 6
alunos do PET Saúde-Saúde do Adulto de Juazeiro/BA, que aferiram a pressão arterial
dos usuários e compartilharam do momento das atividades de Grupo de Movimento.
Ao longo de 18 meses de trabalho, realizamos atividades semanais de promoção da
saúde com cerca de 39 usuários/as portadores de doenças crônicas, com ênfase na
hipertensão arterial, atendidos pela Unidade Básica de Saúde do Alto da Maravilha,
ampliando as ofertas de cuidado e favorecendo novos olhares e práticas em saúde para
usuários e profissionais, potencializando a integralidade da atenção em saúde.
Por meio de aproximadamente 18 meses de Grupos de Movimento e sessões de
aplicação de agulhas de Acupuntura semanais, obtivemos resultados significativos e imediatos
em alguns sintomas que comprovaram a eficácia destas tecnologias no cuidado da atenção
básica. Em nossos resultados analisamos que todos os usuários que aderiram ao projeto
relataram benefícios variados como: redução de insônia, cefaleias e dores físicas variadas.
Ainda apontaram melhoras no humor e na ansiedade. Além disso, todos os
participantes relataram maior estabilidade na pressão arterial e em alguns casos houve
redução ou extinção medicamentosa. Desta maneira, ficou notória a capacidade de
resolubilidade destas práticas.
Por fim, ao longo do projeto foram feitas 7 produções bibliográficas.
Dificuldades Encontradas:
Em primeira instância, foi detectada a falta de conhecimento das metodologias
terapêuticas do Grupo de Movimento e da Medicina Tradicional Chinesa - MTC/Acupuntura, que
seriam aplicadas pelo Projeto, pela maior parte da Equipe da Unidade Básica de Saúde, sendo
necessário realizar mais de uma reunião para nivelamento de conhecimento e de
experimentação das práticas.
Outro fator a ser ressaltado, foi quanto ao espaço para as atividades do Grupo de
Movimento (sala do Centro Comunitário Raul Rosas), que por algumas vezes não foram
18
possíveis serem realizadas, em decorrência do local estar fechado ou sujo.
A falta de material adequado a realização das atividades, tais como colchonetes e agulhas
de acupuntura, que foram requeridos na proposta orçamentária do projeto também foi uma
dificuldade com a qual tivemos que lidar, adaptando algumas ações, bem como buscando
outros financiamentos e apoiadores.
O fator mais difícil do Projeto se refere à dificuldade de manter o nosso trabalho vinculado
ao cotidiano das ações de saúde da Equipe da Unidade Básica do Alto da Maravilha. No início
do Projeto, quando tivemos várias reuniões de experimentação metodológica e planejamento do
trabalho, houve uma adesão maciça que conferiu a êxito na presença da comunidade no início
de nossas atividades. Contudo, com o passar dos meses, pelo fato de nossas atividades não
fazerem parte do repertório cotidiano de cuidado que a Equipe oferta a comunidade, nossas
ações ficaram distantes, como uma espécie de ação complementar do serviço. Principalmente
por este motivo, após avaliações que realizamos nos últimos meses de trabalho, que
percebemos consensualmente a necessidade de direcionar nossas ações no próximo ano, para
a Educação Permanente dos profissionais, para que as tecnologias e práticas de cuidado
adotadas no Projeto Integrar façam parte do repertório de cuidado cotidiano dos profissionais de
saúde do município, não sendo mais um ação complementar, mas uma prática institucionalizada
que contribua para a qualidade do serviço.
Justificativa para Continuidade:
Por meio de reuniões de avaliação do primeiro ano do Projeto Integrar junto à população
beneficiada, profissionais da UBS envolvida no trabalho, bem como gerências competentes
(Distrital, Atenção Básica e Educação Permanente), avaliamos a importância da continuidade do
Projeto, passando as ações a serem direcionadas a Equipe de Saúde da Família, visando a
possibilidade de maior sensibilidade e institucionalização de práticas de saúde integral.
O projeto apresentou resultados positivos, constatou a resolubilidade de praticas
integrativas no cuidado e promoção de saúde de pessoas com doenças crônicas. Neste sentido,
ressaltamos a validade das ações do Projeto.
Somando ainda a estas questões, pelo nosso projeto de extensão adotar tecnologias de
cuidado (Análise Bioenergética e MTC/Acupuntura) não convencionais, constatamos a
necessidade de ações mais consistentes no âmbito da Educação Permanente em Saúde, tanto
no contexto da comunidade de profissionais do SUS de Juazeiro, bem como da comunidade
acadêmica da UNIVASF, com vista a institucionalizar tais práticas.
Assim, em consonância com a Política Nacional de Práticas Integrativas e
Complementares no SUS (2006), a Política Nacional de Educação Permanente (2010), a
Política Nacional de Atenção Básica (2011), pretendemos realizar ações de transferência
tecnológica, a partir de implementação de práticas corporais com a Análise Bioenergética e
ações de MTC/Acupuntura junta a uma Equipe de Saúde da Família, para que ela possa avaliar
por meio da experiência o potencial de cuidado dessas práticas, os benefícios e a resolubilidade
no cuidado de doenças crônicas e promoção à saúde.
A Análise Bioenergética e a MTC/Acupuntura são: legítimas do ponto de vista legal;
inovadoras do ponto de epistêmico-científico; eficazes do ponto de vista da resolubidade dos
problemas de saúde da atualidade, e; sustentáveis do ponto de vista da economia e da ética
humana.
Este projeto visa, por meio da Educação Permanente em Saúde – EPS – continuar
ampliando o modelo biomédico, trazendo novas possibilidades de pensamento e práticas e, por
meio da transferência de tecnologia, buscando estender essas reflexões e ações aos agentes
do SUS, os profissionais que integram as Equipes de Saúde da Família.
Em síntese, este atual projeto, ampliando as práticas do Projeto Integrar, que eram
direcionadas aos usuários/as da rede pública de saúde, propõe uma prática de Educação
Permanente e transferência de tecnologia a uma Equipe de Saúde da Família de uma UBS
da cidade de Juazeiro/BA, visando à ampliação do repertório de cuidado a saúde desses
trabalhadores, acreditando que assim é possível, melhorar a resolubilidade dos problemas
de saúde da população juazeirense que é atendida pelo SUS.
19
20
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Projeto Integrar