A morte de um Anjo
Aos grilhões entrego meu corpo,
Pois minha alma jaz,
No profundo solo amargo,
Da dor que o algoz traz.
A doce canção, que do peito saia,
Agora em sussurros guturais cai,
No inanimado coração do Ás,
Que o eterno sofrer não permita jamais,
A dor de um viver sem um algo mais
No leito de morte repousa,
O intocado e belo anjo,
O qual ousou um dia amar,
A melodia de uma arpa em seu cantar.
Suas asas cederam ao vento,
A pureza já não mais acendia,
A lágrima no rosco escorria,
E o punhal em seu coração o atingia,
Por amar aquilo que não deveria.
1
A Hipocrisia Irracional
Vamos latir as multidões!
Bradar sonho de liberdade,
Arcar com a ignorância,
De quem não saiu da caverna.
Vamos iludir as massas!
Sangrar a sociedade cardinal,
Com sabres afiados a língua e no pau,
Até desfalecer o sujeito social.
Vamos vender a sociedade ideal!
Mentiras e artimanhas voltadas ao caos,
Famílias destruídas em prol desse ideal,
Morte, Anarquia e Caos.
Viva a hipocrisia irracional!
As minorias oprimindo as maiorias,
As inversões de valores em evidência,
E o errado sucumbindo o certo.
2
Soneto Cruel
Oh senhor, que fazes comigo que sangras minha alma,
As dores não param, o frio do ar queima a pele dos lábios,
O fogo da vida se esvai, em cada gota que de meu rosto cai,
O peito aperta, o último fôlego sufoca ao derramar-se no chão.
Os tremores aumentam em segundos que me parecem horas,
A morte me espia, rindo ao longe da peça que me é vivida,
O coração bate mais rápido pedindo socorro a quem não ouve,
E o medo deixa sua cicatriz, que na face surge infeliz.
E de um súbito momento, a morte resolve por fim sumir,
O pânico que na expressão se descrevia, nem por saudades queria,
A chama que do peito fugia, nasceu de um ponto que não se saberia.
A primeira crise viveu, nas estranhas da pele enfim renasceu,
Seus pés no chão voltaram a pisar, seus ouvidos a escutar,
Ao longe uma voz no luar dizendo, que um dia a morte pode voltar.
3
Caos Aleatório Psico Social
Bi bi! Olha o pensamento frouxa passando!
Cri cri! Lá vem o vermelhinho chiando!
Ti ti! Ouço vozes de pessoas martelando!
Di di! Olha o menino surfando!
Mi mi! Sua mulher está me espiando!
Fi fi! Pra poder sorrir não é preciso chorar!
Zi zi! Vamos todos festejar!
Li li! Almoçar ou nadar no mar!
Pi pi! Olho o moço do sorvete gritando!
4
Psicoterapia em versos
Medicar é preciso
A precisão deve ser precisa
A dor jamais deve ser sentida
A prescrição sempre mantida
A conversa tem que ser ouvida
A vida não pode deixar de ser vivida
O sonho não pode ser lido
A lida tem que ser colhida
O filme tem que ser visto
E o sorriso deve ser dito.
5
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A morte de um Anjo Aos grilhões entrego meu corpo, Pois minha