MARCÔNIO MARTINS RODRIGUES
FITOMASSA E COMPORTAMENTO DE CABRAS ANGLO- NUBIANA EM
PASTAGEM NATIVA MELHORADA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
TERESINA
2007
MARCÔNIO MARTINS RODRIGUES
FITOMASSA E COMPORTAMENTO DE CABRAS ANGLO- NUBIANA EM
PASTAGEM NATIVA MELHORADA
Trabalho apresentado ao Centro de Ciências
Agrárias da Universidade Federal do Piauí como
parte dos requisitos exigidos para obtenção da
graduação em Engenharia Agronômica.
ORIENTADORA: Drª. Maria Elizabete de Oliveira
TERESINA
2007
FITOMASSA E COMPORTAMENTO DE CABRAS ANGLO- NUBIANA EM
PASTAGEM NATIVA MELHORADA
MARCÔNIO MARTINS RODRIGUES
Trabalho apresentado a BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________
M.Sc.: ANTÔNIO DE SOUSA JUNIOR
UFPI
_____________________________________________
Profa. Dra. DANIELLE MARIA MACHADO RIBEIRO AZEVÊDO
EMBRAPA MEIO-NORTE
_____________________________________________
ORIENTADORA: Profa. Dra. MARIA ELIZABETE DE OLIVEIRA
UFPI
Teresina, 27 de Julho de 2007
AGRADECIMENTOS
Agradeço principalmente a Deus por ter me dado saúde, perseverança
e iluminação nos momentos de dificuldades, dando-me forças para que eu
conseguisse vencer mais uma batalha.
Ao meu pai em (in memoriam), José Evandro Rodrigues Martins, que
está sempre vivo em meu coração.
À minha mãe Ana Martins Rodrigues que é minha fonte de inspiração
por seu exemplo de humildade, seriedade, responsabilidade, honestidade e pelo seu
apoio incondicional de estar sempre me ensinando a lutar sempre pelos sonhos.
À professora, mestre e amiga Maria Elizabete de Oliveira, que, com
sua dedicação incondicional, na vastidão dos seus conhecimentos, foi fundamental,
orientando-me devidamente como pessoa humana que é.
Às minhas irmãs Rosiane e Lidiane, pela amizade e pelo carinho que
elas sempre me proporcionaram.
Aos meus familiares: tios, tias, primas, primos, avôs, avós e padrinhos
pelo apoio constante para essa conquista.
Aos professores do curso de Engenharia Agronômica pelos seus
conhecimentos transmitidos, em especial à professora Maria Elizabete de Oliveira,
pelo exemplo de educadora.
Aos amigos agradeço pela dedicação, apoio e acima de tudo
confiança proporcionando por eles junto a minha pessoa, principalmente: Antônio de
Almeida de Araújo Neto, André Silva Nascimento, Miguel Arcanjo Moreira Filho,
Cléia Amaral Rodrigues e Lidiane Martins Rodrigues.
Aos funcionários da Universidade Federal do Piauí, em especial
Gilberto Alves Texeira, Sr. Narciso e Manuel que sempre estão ali para nos ajudar,
auxiliando para que tudo acabe em sucesso.
SUMÁRIO
RESUMO....................................................................................................................5
1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................6
2 MATERIAL E MÉTODOS........................................................................................9
2 1 Disponibilidade e composição botânica
do extrato herbáceo de espécies lenhosas rebrotadas..............................................11
2 2 Comportamento animal.................................................................................................12
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................................14
3 1 Disponibilidade e composição botânica
do extrato herbáceo de espécies lenhosas rebrotadas..............................................14
3 2 Comportamento animal.................................................................................................19
4 CONCLUSÕES......................................................................................................22
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................23
RESUMO
Foram avaliados a disponibilidade de fitomassa, a composição botânica
do extrato herbáceo, as freqüência de espécies lenhosas e o comportamento de
cabras Anglo-nubianas em pastagem nativa melhorada. O experimento foi realizado
no período seco (outubro e
novembro) no município de Teresina, PI. Na área
experimental de 1,1 ha, foram coletadas 20 amostras para determinar a fitomassa
herbácea e a freqüência de espécies lenhosas. Para determinação da freqüência de
espécies lenhosas e disponibilidade de fitomassa total utilizaram-se áreas de 16 e
0,50 m², respectivamente. No período seco a percentagem de gramíneas na
composição botânica do experimento é sempre superior em relação às ervas. A
percentagem de matéria seca foi superior para as gramíneas no período avaliado
em outubro e novembro. A disponibilidade de forragem em pastagem nativa
melhorada permitiu a produção de caprinos no período seco. A temperatura
ambiente não influenciou os períodos de pastejo de caprinos que se constitui na
atividade predominante dos animais em pastagem nativa melhorada.
1 INTRODUÇÃO
Pastagens nativas são áreas que por razões de limitações, tais como,
aridez, ocorrência de rochas superficiais, solos rasos, topografia acidentada entre
outros fatores, são inapropriadas para o cultivo, tornando-se uma fonte de forragem
para os animais domésticos e silvestres, bem como área de produção de águas,
madeira e vida selvagem (STODDART et al., 1975).
A pastagem nativa tem como vantagem a manutenção da diversidade do
componente florístico nativo, reposição natural da fertilidde do solo e tem como
limitação a baixa capacidade de suporte e as mudanças na composição botânica e
produção de biomassa devido às flutuações anuais na precipitação pluviométrica
(ARAÚJO, 1980 ; PRIMAVESI, 1986).
A pastagem nativa melhorada consiste na introdução de forrageiras
exóticas adaptadas, não com a substituição da flora nativa, mas como o seu
enriquecimento buscando uma maior produtividade de forragem e um melhor
desempenho animal (OLIVEIRA et al., 2001). O enriquecimento garante a presença
da forragem em maior quantidade durante a época seca. Com isso, a capacidade
de suporte aumenta consideravelmente (CAVALCANTE e CÂNDIDO, 2003).
Oliveira et al. (2001) trabalhando com capoeira manipulada para fins pastoris no
períodoseco
7
observaram um aumento de 1000 kg de MS/ha com a introdução do capim
andropogon.
O capim Andropogon gayanus utilizado como uma das espécies exóticas
para melhoramento de pastagem nativa, é uma planta perene, de origem africana,
com touceiras eretas, colmos variando de 1,50 a 2,50 m de altura, às vezes
atingindo até 3 m. As lâminas das folhas são lineares, com 30-60 cm de
comprimento, 4-20 mm de largura, estreitadas na base, retas ou involutas, pilosas,
acuminadas (NASCIMENTO e RENVOIZE, 2001).
O capim Andropogon gayanus resiste bem a seca devido a seu sistema
radicular profundo. Prefere solos bem drenados e vegeta bem em regiões pobres de
pH ácido. Como característica negativa ocorre o fácil acamamento e a dificuldade de
produção de sementes. Produz em torno de 12 t de matéria seca/ha, prestando-se
para pastejo e fenação. O rendimento de matéria seca dessa gramínea com
intervalos de corte de 60 dias no período seco e 35 dias no chuvoso, foram 3.118 e
8.747 kg/ha, respectivamente (BOTREL et al.,1999).
Diferentes espécies têm diferentes características que se refletem nas
respostas dos animais, em particular no padrão de comportamento de pastejo, na
busca de sombra, descanso e ruminação. Do ponto de vista bioclimático, apesar
dos caprinos serem considerados rústicos, a associação entre elevada temperatura
e alta umidade do ar e radiação solar direta pode acarretar alterações
comportamentais, diminuição da ingestão de alimentos e redução do nível de
produção (LU, 1989). Damasceno et al. (1998) avaliando respostas produtivas de
vacas holandesas com acesso à sombra observou aumento na produção de leite
para os animais mantidos em abrigos com proteção.
8
No estado do Piauí cerca de 92% da área pastoril é constituída de
pastagem nativa (IBGE,1985), sendo estas pastagens, em geral, a principal fonte de
alimentação dos caprinos. O caprino é classificado como animal selecionador
intermediário, consumindo uma ampla variedade de forragens, selecionando a parte
mais nutritiva de uma planta (VAN SOST, 1994). Uma outra estratégia de
alimentação dos caprinos é a flexibilidade na alimentação, podendo ocorrer uma
variação estacional da dieta da estação chuvosa para a seca, aumentando o
percentual de dicotiledôneas herbáceas e brotos, além de folhas de arbustos e
árvores e reduzindo o percentual de gramíneas (MESQUITA, 1982).
O objetivo deste trabalho foi estimar a disponibilidade de fitomassa,
composição botânica do extrato herbáceo e freqüência de espécies lenhosas
rebrotadas e o comportamento em pastejo de cabras Anglo-Nubiana em pastagem
nativa melhorada no período seco em Teresina, Piauí.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi realizado em uma área de pastagem nativa melhorada
localizada no Departamento de Zootecnia (DZO) do Centro de Ciências Agrárias
(CCA) da Universidade Federal do Piauí (UFPI), em Teresina, Piauí (latitude
05°05’21”S, longitude 42º48’07” W) (Figura 1). O clima do município é de transição
sub-úmido, distinguindo-se duas estações – chuvosa e seca. A precipitação
pluviométrica é concentrada em mais de 70% nos meses de janeiro a maio. Esse
comportamento mostra a deficiência hídrica na maior parte do ano, tendo os meses
de outubro e novembro precipitação pluviométrica média anual respectivamente de
20 e 52 mm (BASTOS e ANDRADE JÚNIOR, 2000).
Na época do experimento em outubro e novembro registraram-se
precipitações pluviométricas de 23 e 59 mm (Figura 2).
10
70
Chuva (mm)
60
50
40
30
20
10
0
Out
Nov
Meses
Figura 2- Precipitação pluviométrica no período experimental em área
de pastagem nativa melhorada no período seco no
município de Teresina, região sub-úmida
A vegetação nativa é classificada como matas de babaçu. Na área
ocorrem as espécies arbóreas: pau d`arco (Tabebuia sp), Caneleiro (Cenostigma
gardnerianum), Jatobá (Hymenaea sp), Jacarandá (Swartzia sp), Sapucaia (Lecythis
pisonis), Xixá (Sterculia striata) (EMBRAPA, 1984).
A pastagem nativa melhorada é formada pelo capim-andropogon
associado à vegetação nativa, predominantemente lenhosa. A formação dessa
pastagem ocorreu em 1988, com o semeio do capim andropogon associado a
culturas de grãos no modelo de agricultura de broca e queima. Posteriormente a
cada ano é realizado roço manual da vegetação lenhosa, a uma altura de 30 cm do
solo, preservando árvores remanescentes do período de formação da pastagem.
11
Figura 1- Área experimental de pastagem nativa melhorada com
capim Andropogon gayanus, Teresina, PI
No período seco de 2006 foram realizados dois experimentos nessa área:
1. Avaliação da disponibilidade e composição botânica do extrato herbáceo e
freqüência de espécies lenhosas rebrotadas; 2. Comportamento de caprinos.
2.1 DISPONIBILIDADE E COMPOSIÇÃO BOTÂNICA DO EXTRATO HERBÁCEO
E FREQUÊNCIA DE ESPÉCIES LENHOSAS REBROTADAS
A lotação utilizada foi de 10 cabras/ha em sistemas de lotação
rotacionada, uma vez que o capim estava seco, “feno em pé”, os animais
permaneceram em cada piquete até uma altura média do resíduo de cerca de 20
cm.
Na área experimental de 1,1 ha, nos meses de outubro e novembro, antes
da entrada dos animais no pasto, foram coletadas 20 amostras da fitomassa
herbácea, cortadas a uma altura de 10 cm do solo, utilizando um quadro de 0,5 m x
12
1,0 m. Em cada amostra foi registrada a altura do capim-andropogon utilizando uma
régua graduada. No laboratório as amostras foram pesadas e depois divididas, em
gramíneas e ervas. Essas amostras foram levadas à estufa para secarem a 60ºC por
72 horas.
A freqüência de espécies lenhosas rebrotadas foi determinada nos meses
de outubro e novembro. Foram coletadas 20 amostras distribuídas ao acaso, sendo
percorrido toda a área, utilizando quadro com área de 4m x 4m. A densidade de
árvores adultas foi realizada pela contagem de todos os indivíduos presentes na
área experimental. A identificação das espécies foi realizada a partir de consultas ao
herbário Graziela Barroso da UFPI e em bibliografias especializadas.
Foram determinadas as médias e o desvio padrão dos dados de
disponibilidade de fitomassa do extrato herbáceo, altura do capim andropogon e do
comportamento de cabras.
2.2 COMPORTAMENTO ANIMAL
Para observar o comportamento em pastejo de caprinos foi utilizado um
lote uniforme quanto ao peso vivo, idade e estado fisiológico, de fêmeas da raça
caprina Anglo-nubiana (n=dez) em novembro. Os animais tinham à disposição água
a vontade, livre acesso à sombra natural e sal mineral no cocho nas instalações do
aprisco.
Os animais ficaram 15 dias na pastagem das 7 às 18 horas para
adaptação. Após esse período, coletaram-se dados sobre o comportamento das
cabras durante três dias consecutivos através de observações diretas, instantâneas,
a cada meia hora e anotados em quadros etogramas. Também foram registrados os
13
períodos de ingestão de água. Os parâmetros observados foram pastejo, ruminação,
deslocamento e ócio.
No período de coleta dos dados foram anotadas a cada duas horas a
temperatura ambiente (TA) e umidade relativa do ar (UR) na pastagem utilizando
termo-higrômetro analógico.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 DISPONIBILIDADE E COMPOSIÇÃO BOTÂNICA DO EXTRATO HERBÁCEO
E FREQUÊNCIA DE ESPÉCIES LENHOSAS REBROTADAS
Na tabela 1 estão registrados os dados de altura do capim-andropogon e
disponibilidade de fitomassa do extrato herbáceo. No mês de outubro tivemos a
maior média de altura e a maior disponibilidade de fitomassa. A altura média do
capim foi 74 cm. Essa altura do capim representa o crescimento no final do período
chuvoso, quando os animais foram retirados do pasto, portanto, a maioria dos
perfilhos não entrou na fase de florescimento, em virtude da escassez de chuvas
que contribuiu para retardar a rebrota. No manejo dessa pastagem as cabras são
retiradas do piquete quando o capim atinge uma altura entre 10 e 20 cm. Nessa
gramínea, de acordo com Nascimento e Renvoize (2001) na fase de florescimento
ocorre um alongamento do colmo, cuja altura média ultrapassa 2,0 m ou mais.
A disponibilidade de fitomassa variou de 1.619 a 1.482 kg de matéria
seca/ha entre os meses de outubro e novembro no final do período seco. Essa
fitomassa permite alimentar dez cabras com peso vivo médio de 45 kg em um
hectare por 60 dias.
15
Tabela 1 - Altura e disponibilidade de forragem em área de pastagem nativa
melhorada no período seco em Teresina, região sub-úmida
Meses
Altura ( cm )
Disponibilidade (Kg)
Outubro
75 ± 16,06
1.619,82 ± 912,72
Novembro
73,4 ± 16,30
1.482,21 ± 979,65
A composição botânica da pastagem indica a dieta disponível aos animais,
no extrato herbáceo verificou-se alta predominância de gramíneas, a participação do
componente gramíneas na composição botânica foi acima de 80% em outubro e
novembro, e ervas entre 11 e 16% (Tabela 2). Oliveira et al. (2001) trabalhando com
capoeira enriquecida obtiveram resultados semelhantes com composição inferior a
50% na participação das dicotiledôneas herbáceas. Rezende et al. (1995)
trabalhando com melhoramento de pastagens nativas por meio de introdução das
gramíneas exóticas braquiarão (Brachiaria brizantha cv. Marandu) e andropogon
(Andropogon gayanus) observaram maior participação das espécies introduzidas em
relação às espécies nativas nas duas épocas de corte com que trabalharam durante
o período chuvoso.
Tabela 2 - Composição botânica em área de pastagem nativa no período seco em
Teresina, região sub-úmida
Composição Botânica (%)
Meses
Gramínea
Ervas
Outubro
84
16
Novembro
89
11
16
A gramínea foi utilizada como feno em pé, o que pode ser observado pelo
teor de MS que nos meses de outubro e novembro foi em média de 80%. A
percentagem de MS do capim-andropogon é elevada, devido a precipitação
pluviométrica para estes meses não serem suficientes para a ocorrência de
rebrotações (Tabela 3).
Tabela 3 - Percentagem de matéria seca em área de pastagem nativa
melhorada no período seco em Teresina, região sub úmida
% de Matéria Seca
Meses
Fitomassa Total
Gramíneas
Ervas
Outubro
78,67
84,83
76,42
Novembro
65,73
77,04
49,46
A média histórica de precipitação pluviométrica nos meses de outubro e
novembro são 20 e 52 mm respectivamente (BASTOS e ANDRADE JÚNIOR, 2000).
No período de realização do experimento foram registradas na área durante os
meses de leitura (outubro e novembro) precipitações pluviométricas de 23 e 59 mm,
respectivamente. Não ocorreu a rebrota do capim o que pode ser observado pela
alta percentagem de matéria seca.
Todas as espécies lenhosas mostradas na tabela 4 são rebrotas, uma vez
que anualmente são submetidas a roço. Essa prática visa reduzir o sombreamento
do estrato herbáceo. As espécies lenhosas rebrotadas contribuem para a dieta dos
animais. Oliveira e Oliveira (1992) trabalhando com dieta de caprinos em pastagem
nativa melhorada verificaram que 20 espécies participaram da dieta dos caprinos,
que correspondeu a 45% dos arbustos presentes na área. Contudo neste trabalho o
consumo dessas espécies pelos caprinos restringe-se às folhas tenras, que
17
correspondem aos pontos de crescimento e folhas novas. Deste modo grande parte
da massa verde produzida contribui para deposição de matéria orgânica para o solo
quando submetidas a podas.
As espécies predominantes nas amostras da área com freqüências
superiores a 50% foram: caneleiro, jitó, sipaúba, araçá bravo e pau darquinho. As
leguminosas espinheiro preto e o pau ferro, estão entre as mais palatáveis, contudo
suas freqüências são baixas nesta pastagem e os caprinos consomem brotos e
folhas jovens de outras espécies menos palatáveis, tais como a sipaúba, babaçu e
mofumbo (Tabela 4).
Tabela 4 - Freqüência de espécies em área de pastagem nativa melhorada em
Teresina, região sub-úmida.
Família
Nome vulgar
Nome científico
Freqüência
(%)
80,0
Combretaceae
Sipaúba
Thiloa glaucocarpa (Mart.) Eichler
Caesalpinaceae
Caneleiro
Cenostigma gardnerianum Tul.
60,0
Mirtaceae
Araçá bravo
Psidium cattleianum Sabine
57,0
Bignoniaceae
Pau darquinho
Tabebuia sp
55,0
Sapindaceae
Jitó
Sapinduns sp
52,5
Combretaceae
Mofumbo
Combretum leproseum Mart.
42,0
Flacourtiaceae
Folha de carne
Casearia sp
32,0
Palmaceae
Babaçu
Orbignia martiniana Barb.Rodr.
32,0
Borraginaceae
Grão de galo
Cordia piauhiensis Fresen
25,0
Bignoniaceae
Cipó de chapada
Arrabideae sp.
25,0
Combretaceae
Farinha seca
Combretum sp.
17,5
Bignoniaceae
Pau d´arco
Tabebuia serratifolia (Vahl) Nichols
17,5
Solaneaceae
Jurubebinha
Solanum crinitum Lam.
15,0
Borragináceae
Maria preta
Cordia sp
15,0
Esterculiaceae
Sacatrapa
Helicteres heptranda L. B. Sm.
10,0
Papilionoideae
Quebra Machado
Mascherium sp
10,0
18
Caesalpinaceae
Pau ferro
Caesalpinea ferrea Mart.
7,5
Desconhecido 01
Cipó de catitu
Mirtaceae
Olacaceae
Guabiraba
Ameixa de raposa
Campomanesia sp
Ximenia americana L.
5,0
2,5
Rutaceae
Limãozinho
Fagara sp
2,5
Caesalpinoideae
Jatobá
Hymenaea sp
2,5
Erythronxilaceae
Rompe gibão
Erytronxilum sp
2,5
Desconhecido 02
Cabo de baladeira
Mimosoideae
Espinheiro preto
7,5
2,5
Piptadenia flava (Spreng. ex DC.)
2,5
Benth
Caesalpinoideae
Jacarandá
do
Swartizia flaemingii Raddi var.
2,5
cerrado
A densidade absoluta de árvores adultas na área foi de 83 indivíduos por
ha, com predominância de caneleiro (Tabela 5). A presença destas árvores na
pastagem visa à conservação dos recursos naturais, tais como solo e água e
também melhoria das condições ambientais para os animais.
Tabela 5 - Densidade de árvores e palmeiras adultas em área de pastagem nativa
melhorada em Teresina, região sub-úmida
Família
Espécie lenhosa
Nome científico
(Nº de ind./ha)
Caesalpinaceae Caneleiro
Cenostigma gardnerianum
42
Bignoniaceae
Pau d‘arco
Tabebuia serratifolia
28
Palmaceae
Tucum
Bactris marajua
12
Palmaceae
Babaçu
Orbignia martiniana
4
19
3.2 COMPORTAMENTO ANIMAL
Na estação seca, as temperaturas médias mínimas e máximas nos três
dias de observação foram 32 e 40,5°C, respectivamente. Os valores para umidade
relativa média, mínima e máxima, foram 47 e 70%, respectivamente. A maior
temperatura e menor umidade relativa foram registradas às 14 horas.
Os animais despenderam 8,85 horas do tempo em pastejo e 1,33 horas
em ócio (Tabela 6). Esse maior tempo de pastejo indica que no período seco devido
à qualidade da dieta disponível (89% da composição botânica do estrato herbáceo
foi do capim andropogon e o seu teor de MS era de 65%) os animais consomem
menos forragem por bocado. Esse comportamento está de acordo com o hábito
seletivo dos caprinos, que reduzem a quantidade consumida no bocado,
provavelmente para consumir uma dieta de melhor qualidade (VAN SOST, 1994).
Isto pode ser visualizado na figura abaixo onde se observa que o consumo de
palmeiras jovens de babaçu, é restritas à apenas partes da folha (Figura 3).
Partes da
folha
consumida
por
caprinos
Figura 3: Palmeira de babaçu consumida por caprinos em área de
pastagem nativa melhorada.
20
Oliveira e Oliveira (1992) trabalhando com comportamento de cabras SRD
em pastagem nativa no período seco obtiveram tempo de pastejo de 4,4 horas e
2,7 horas de ócio. Contudo a pastagem é descrita como capoeira de primeiro ano,
após corte e queima, com elevada presença de leguminosas, tais como sabiá e
espinheiro. Rodrigues et al. (2006) avaliando o comportamento de cabras AngloNubiana em pastagem cultivada de Brachiaria brizantha no período chuvoso
obtiveram 4,45 horas de pastejo, próximo ao obtido por Oliveira e Oliveira (2001).
Nos dois trabalhos citados o tempo de pastejo foi 50% menor do que o encontrado
neste experimento.
Tabela 6 - Comportamento de cabras Anglo-nubiana em pastagem nativa
melhorada no período seco em região sub-úmida
Atividades
Tempo Despendido (Horas)
Desvio Padrão
Pastejo
8,85
0,75
Ócio
1,33
0,49
Ruminação
0,35
0,40
Deslocamento
0,48
0,24
O comportamento em pastejo das cabras entre 7 e 18 horas pode ser
observado na Figura 4. A percentagem de cabras em pastejo foi superior a 90% na
maior parte do dia. As cabras iniciaram o pastejo às 7 horas e terminaram às 17
horas, ficando até o final das leituras às 18 horas em ócio. O menor número de
animais em pastejo foram observados às 9 e 12:30 horas. No horário de maior
temperatura e menor umidade (14 horas) não houve uma redução significativa no
tempo de pastejo, este fato pode ter sido propiciado pelas sombras das árvores que
estavam distribuídas pela pastagem amenizando a temperatura no ambiente, pois a
21
diferença entre as temperaturas a sombra e ao sol foram de 2 a 3°C. Santos et al.
(2004) avaliando a influência do sol e do ambiente parcialmente sombreado sobre o
número de períodos discretos de ruminação, ócio e pastejo de cabras em pastejo de
Tifton (Cynodon Dactylon), observaram que os animais com ou sem acesso à
sombra gastaram mais tempo pastejando em relação as outras atividades. O horário
de maior de consumo de água pelas cabras foi registrado entre 9 e 12 horas.
Percentagem de cabras em pastejo
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
07:00
08:00
09:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
Horas
Figura 4 - Porcentagem de cabras em pastejo em pastagem nativa melhorada
no município deTeresina, região sub-úmida.
4 CONCLUSÕES
A disponibilidade de forragem em pastagem nativa melhorada permitiu a
produção de caprinos no período seco. Na rebrota do extrato lenhoso predomina as
espécies sipáuba, caneleiro e jitó.
A temperatura ambiente não influenciou os períodos de pastejo de
caprinos que se constitui na atividade predominante dos animais em pastagem
nativa melhorada.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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SEMI-ÁRIDO, 1., 1980, Fortaleza. Anais.... Fortaleza: SBZ, 1980 p. 45-56.
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(EMBRAPA – CPAMN. Documentos, 47).
BOTREL, M.A.; ALVIM, M.J.; XAVIER, D.F. Evaluation of forage grasses for the
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CAVALCANTE, A.C.R.; CÂNDIDO, M.J.D. [2003]. Alternativa para aumentar a
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Nordeste. Disponível em: <http://www.cnpc.embrapa.br/DOC47.pdf> Acessado em:
09 jul. de 2007
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limitada. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 27, n. 3, p.595-602, 1998.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA. SERVIÇO
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RJ. Zoneamento Edafoclimático do babaçu nos Estados do Maranhão e Piauí.
Rio de Janeiro, EMBRAPA-SNCLS/SUDENES-DRNA, 1984.557p.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Utilização
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NASCIMENTO, M.P.S.C.B.; RENVOIZE, S. A. Gramíneas forrageiras naturais e
cultivadas na região Meio-Norte. Teresina: Embrapa Meio-Norte; Kew: Royal
Botanic Gardens, Kew; 2001. p. 33-39.
24
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MARCÔNIO MARTINS RODRIGUES FITOMASSA E