AVALIAÇÃO DE UM REFLORESTAMENTO REALIZADO NO MUNICÍPIO DE TRÊS
RIOS-RJ
Débora Chaves Faria1; David Neves de Oliveira1; Fábio Souto Almeida2
1
Graduando em Gestão Ambiental, DCAA/ ITR/UFRRJ
([email protected]);([email protected]); 2Engenheiro Florestal, Professor Adjunto I, DCAA/
ITR/ UFRRJ ([email protected]).
Apresentado no II Congresso Brasileiro de Reflorestamento Ambiental – 23 a 26 de outubro de
2012 – SESC Centro de Turismo de Guarapari, Guarapari – ES.
Resumo - Diante da crescente degradação dos ambientes naturais, a restauração de ecossistemas vem apresentando
crescente importância, a fim de manter ou melhorar a qualidade de vida das populações humanas e conservar a
biodiversidade. Neste contexto, o presente trabalho teve como objetivo avaliar o reflorestamento realizado pelos alunos
do curso de Gestão Ambiental da UFRRJ no município de Três Rios. O plantio das mudas foi realizado durante os
meses de março e agosto de 2011 e março de 2012. As espécies foram dispostas de modo aleatório com espaçamento
de, no mínimo, 1,5 m, contabilizando um total de 154 mudas. Desse total foi constatado que 40 indivíduos morreram,
sendo a taxa de mortalidade de 25,97%. Dentre as espécies utilizadas no reflorestamento, o Embiruçu, a Aroeira e a
Laranjinha pegajosa estão se mostrando promissoras para recuperação desta área, por apresentarem baixa taxa de
mortalidade e um bom desenvolvimento. Conclui-se que os reflorestamentos no município de Três Rios devem ser
feitos com os devidos tratos culturais, pois se realizados sem adubação, calagem, controle de formigas cortadeiras e
cuidados contra queimadas podem apresentar alta taxa de mortalidade de mudas.
Palavras-chave:espécies florestais, cobertura vegetal, regeneração artificial.
Introdução
O atual contexto da vegetação do município de Três Rios está diretamente ligado ao processo histórico, econômico e
cultural da região. No século XIX, quando o café se tornou o principal produto da exportação brasileira, encontrou na
região do vale Paraíba condições favoráveis para o cultivo em larga escala. Incluso neste cenário estava Três Rios, que
por muitos anos baseou sua produção agrícola nesta monocultura. Entretanto, anos mais tarde essa prática começou a
entrar em decadência devido a diversos fatores, entre eles o desgaste e empobrecimento do solo e a falta de terras para
incorporar à agricultura extensiva. Em função da fertilidade do solo ser maior nas áreas com florestas nativas, essas
eram desmatadas para dar lugar ao cafezal (STEIN, 1985).Após o ciclo do café a paisagem do vale do Paraíba passou a
ser dominada por pastagens.Influenciado por sua base histórica,atualmenteo município de Três Rios apresenta apenas
0,1% de sua cobertura florestal preservada, 57,3% do território está coberto por pastagens e 35,6% por vegetação
secundária, sendo que 2,8% da cobertura vegetal do município situa-se na área urbana (RODRIGUES, 2007). Observase também a prática de queimadas, hábito muito comum em época de seca, que juntamente com outros fatores, dificulta
a regeneração natural da vegetação.
Diante do contexto atual de crescente degradação dos ambientes naturais, a restauração de ecossistemas vem
apresentando crescente importância, a fim de manter ou melhorar a qualidade de vida das populações humanas e
conservar a biodiversidade (AMADOR, 2003). “Assim como a degradação foi fruto de um processo histórico movido
pelo ser humano, a recuperação também depende de ações humanas efetivas e emergenciais” (AMADOR, 2003). Neste
contexto, o presente trabalho teve como objetivo avaliar o reflorestamento realizado pelos alunos do curso de Gestão
Ambiental da UFRRJ no município de Três Rios.
Material e Métodos
O terreno utilizado para o reflorestamento está localizado no município de Três Rios (“22º07’25.92”S;
43º12’39.76”O) e possui uma área de aproximadamente 2.502m². As mudas de espécies arbóreas foram cedidas pela
Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Três Rios, assim como todos os equipamentos necessários (enxadas,
cavadeiras, picaretas, etc.) para a realização da atividade. O plantio das mudas foi realizado durante os meses de março
e agosto de 2011 e março de 2012.As espécies foram plantadas em quantidades distintas e dispostas de modo aleatório
com espaçamento de, no mínimo, 1,5 m, contabilizando um total de 154 mudas.
Foi obtido o número de mudas mortas no mês de julho de 2012 e calculada a taxa de mortalidade. Também foram
feitas observações sobre as prováveis causas de mortalidade das mudas.
Resultados e Discussão
Na Tabela 1 são apresentadas as espécies que se matem vivas na área de reflorestamento.
Tabela 1. Espécies utilizadas no reflorestamento que subsistiram.
Nome comum
Nome científico
Arranha-gato
Acacia plumosa Lowe
Angico
Anadenanthera colubrina Brenan
Quantidade
5
11
Pau-ferro
Sibipiruna
Pau-verde
Paineira
Laranjinha Pegajosa
Flamboyant
Mulungu
Pitangueira
Algodão da praia
Amendoeira
Ameixeira
Embiruçu
Goiabeira
Aroeira
Guapuruvu
Pau-formiga
TOTAL
Caesalpinia férrea Martius
Caesalpinia peltophoroides Benth.
Capparis speciosa Griseb.
Ceiba speciosa St. Hil.
Cordia abyssinica R. Br.
Delonix regia Raff
Erythrina mulungu Mart.
Eugenia uniflora L.
Hibiscus tiliaceus Linn.
Prunus dulcis Mill.
Prunus domestica Linnaeus
Pseudobombax grandiflorum Cav.
Psidium guajava L.
Schinus molle L.
Schizolobium parahyba (Vell.) Blake)
Triplaris americana L.
19
3
6
5
12
9
2
13
1
3
2
1
21
2
10
3
5
114
De um total de 154 mudas utilizadas para o reflorestamento, foi constatado que 40 indivíduos morreram, sendo a
taxa de mortalidade de 25,97%. Essa taxa de mortalidade pode ser considerada alta e seria indicado que fosse realizado
o replantio. Causas prováveis dessa alta taxa de mortalidade são a falta de adubação e calagem, a competição com
gramíneas, a decorrência de queimadas no local de plantio,o ataque de herbívoros de grande porte, como cavalos, e
danos causados por formigas cortadeiras.Devido ao histórico de degradação do solo na região onde ocorreu o
reflorestamento, é provável que o solo seja pobre em nutrientes.
Dentre as espécies utilizadas no reflorestamento, o Embiruçu, a Aroeira e a Laranjinha pegajosa estão se mostrando
promissoras para recuperação desta área, por apresentarem baixa taxa de mortalidade e um bom desenvolvimento.
Conclusões
A realização de reflorestamentos no município de Três Rios deve ser feita com os devidos tratos culturais.
Reflorestamentos realizados sem adubação, calagem, controle de formigas cortadeiras e cuidados contra queimadas
podem apresentar alta taxa de mortalidade de mudas.
Agradecimentos
Agradecemos à Secretaria de Meio Ambiente de Três Rios.
Referências Bibliográficas
AMADOR, D. B. Restauração de ecossistemas com sistemas agroflorestais. In: KAGEYAMA, P. Y. et al. Restauração
ecológica de ecossistemas naturais. Botucatu: FEPAF, 2003. p.333-340.
RODRIGUES, R. Três Rios possui apenas 0,1% de seu território com área de floresta preservada. Três Rios,
2007. Disponível em: <http://www.entreriosjornal.com.br/noticia/6667-tres-rios-possui-apenas-0,1--de-seu-territoriocom-area-de-floresta-preservada> Acesso em: 01 de Agosto de 2012.
STEIN, S.J. Vassouras: um município brasileiro do café, 1850-1900. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1985.
361p.
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Faria, Débora Chaves