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Campinas, 28 de setembro a 4 de outubro de 2015
Livro de Renato Ortiz faz apanhado
Foto: Antonio Scarpinetti
Para professor do IFCH, debates acerca do
comum e do diverso alimentam tensão vista
por ele como mal-estar contemporâneo
CARLOS ORSI
[email protected]
Universalismo e Diversidade”, mais
recente livro do pesquisador e docente Renato Ortiz, do Instituto de
Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da
Unicamp, propõe uma discussão crítica da
emergência da diversidade como novo valor
universal. “Transformar a diversidade num
valor universal é um oximoro. Mas isso é
interessante, revela uma tensão que caracteriza o mundo em que vivemos”, disse Ortiz.
O pesquisador lembra que a crítica do
velho universalismo dos iluministas, e do
mal realizado em seu nome — do imperialismo, do colonialismo, do racismo — já foi
feita, mas que a diversidade ainda não foi
pensada de forma crítica. “Ninguém diria:
‘Sou contra a diversidade’”, exemplificou.
“Veja, não estou defendendo o ponto de
vista contrário a ela. A questão é: se você
não pode sequer formular a pergunta, é
porque o termo já se encontra positivado, a
ponto de não se perceber mais as coisas de
outra maneira”.
“É importante entender que não é mais
possível falar do mundo através de uma
perspectiva eurocêntrica”, ressalta. “Mas,
dando um passo à frente, não podemos
reduzi-lo às identidades específicas. É
preciso falar das duas coisas: o comum e
o diverso. Surge assim uma tensão, o que
denominei de mal-estar contemporâneo”.
Para Ortiz, isso significa que o tema da
diversidade não está vinculado às diferenças culturais propriamente ditas. “Porque o
passado era muito mais rico em diferenças
culturais do que hoje”, lembra. “Significa
que foi no contexto atual que tais diferenças adquiriram outro sentido”.
A ideia do livro, explica ele, é apresentar e problematizar os diferentes níveis em
que o tema da diversidade aparece. “No
mercado, nas ciências sociais, na questão
política, na questão dos direitos, na questão do relativismo. Tratam-se, portanto, de
dimensões diferentes trabalhadas dentro
de uma mesma sintonia, a problemática do
universalismo e da diversidade”.
O pesquisador também comentou o
acirramento da intolerância política no
Brasil, exemplificada, recentemente, na pichação da frase “morte aos comunistas da
Unicamp” numa das paredes externas do
Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
(IFCH) da Unicamp, acirramento que se dá
neste mesmo momento de crescente valorização da diversidade (leia carta de Ortiz
sobre o episódio na página 5). “Creio que
no caso brasileiro, no momento atual, o
tema da intolerância vincula-se diretamente à polarização política”, disse. “O discurso agressivo, naturalizado pela linguagem
partidária, passa a ser válido em nossas relações pessoais”. Ele vê na pichação “o embrião de uma cultura autoritária, na qual
a intolerância torna-se natureza, código de
comportamento a ser exaltado pelo desprezo e destruição do outro”.
Leia, abaixo, os principais trechos da
entrevista de Renato Ortiz ao Jornal da
Unicamp.
Jornal da Unicamp - Como a diversidade
emerge como valor?
Renato Ortiz - A diversidade é um tema
do mundo global. Sem ele não haveria sua
valorização. Essa é a ideia central. Quando
o mundo era composto apenas de nações
ricas e pobres, ou civilizações “superiores”
e “inferiores”, a questão não se colocava.
Ninguém diria na década de 1950, quando os Estados Unidos invadem a Coreia,
que deveríamos preservar a diversidade.
Tratava-se simplesmente de uma operação
imperialista, de um sistema de dominação
que se impunha, como antes, o colonialismo britânico ou francês.
A questão da diversidade surge quando
percebemos que vivemos num mesmo lugar, o planeta Terra. Um mundo moderno
e tecnológico. Mas nele existem diferenciações. Como estabelecer agora as identidades? Regionais, nacionais, culturais?
O processo de globalização evidencia uma
realidade comum, mercado e tecnologias
globais. Entretanto, as diferenças manifestam-se no âmbito da esfera cultural. Por
isso a discussão sobre a diversidade situase, sobretudo, neste nível.
É preciso entender que a noção de diversidade, tal como a compreendemos, é
recente. Ela não existia desta forma no passado. A afirmação: “a diversidade da sociedade helênica na Antiguidade” faz pouco
sentido. Nesta época existiam os gregos e
os bárbaros, ou seja, os não gregos. O tema
tampouco era importante no contexto da
Idade Média ou do Iluminismo.
JU - Mas o capitalismo é realmente o mesmo em todo o mundo? Ou há “capitalismos”?
Renato Ortiz - Se a resposta fosse “sim”,
as coisas seriam difíceis para os economistas, cada mercado funcionaria de maneira
regional, com lógicas independentes. Não
faria sentido falarmos de uma lógica capitalista, ela seria negada pela “diversidade”
dos mercados. Isso não ocorre, porém, com
a esfera da cultura. Nela se inserem as tensões identitárias, ou seja, a valorização das
diferenças.
JU - Falando sobre as tensões entre o
universal e o diverso: há perspectivas que
se propõem universais, como a dos direitos
humanos.
Renato Ortiz - Sim. Há um fato curioso. Em 1947, a ONU pede a um grupo de
antropólogos americanos um texto para ser
anexado à Declaração dos Direitos Humanos. O resultado é decepcionante. Imbuídos do relativismo cultural da época, esses
antropólogos chegam à conclusão de que
seria impossível falar em direitos humanos. Isso seria contrário à “diversidade cultural” dos povos indígenas. Tal perspectiva
seria hoje impensável. Todo antropólogo,
sobretudo etnólogo, justifica a defesa dos
povos indígenas invocando os direitos humanos. Este é o argumento que legitima
a reivindicação dos direitos negados. Isso
indica como a questão do universal e da diversidade transformou-se ao longo do século 20. Por isso, um dos capítulos do livro
refere-se ao relativismo cultural. Este tipo
de proposta teórica encerra, justamente,
esta tensão entre o particular e o universal
que procuro trabalhar nos ensaios.
JU - Não é estranho que a globalização
traga uma valorização da diversidade, e não
seu oposto, um acirramento dos conflitos?
Um choque violento, digamos, entre civilização norte-americana e civilização chinesa?
Renato Ortiz - Não existe uma civilização chinesa, tampouco uma civilização norte-americana. O que se tem é a realização
da modernidade na China e nos Estados
Unidos. Postular a ideia de uma civilização
autóctone é postular a existência de um
mundo independente, como se cada unidade possuísse uma centralidade própria, independente das outras. Cada país tem uma
história específica, isso marca a sua especificidade, mas a modernidade-mundo é algo
que os atravessa a todos.
JU - Então a diversidade é apenas uma
faceta da universalização do capitalismo?
Renato Ortiz - Não creio, a ideia de universalização também é polissêmica, e depende do que você quer dizer com universal
(há no livro todo um capítulo sobre a polissemia das palavras). Para os filósofos iluministas, ele era sinônimo do ser humano, ou
seja, todos os homens; para os sociólogos
que estudaram as religiões, identificava-se
apenas a algumas delas: cristianismo, islamismo, judaísmo, etc. Na situação de globalização a polissemia dos termos, universal e
diversidade, evidencia que eles são redefinidos dentro de um outro contexto.
O professor Renato Ortiz, autor do livro “Universalismo e Diversidade”:
“Postular a ideia de uma civilização autóctone é postular a existência de um mundo independente,
como se cada unidade possuísse uma centralidade própria, independente das outras”
JU - A redefinição não é, então, instável?
Renato Ortiz - Isso não é instabilidade.
São redefinições. Deveríamos nos perguntar: o que estamos dizendo com universalismo ou diversidade quando consideramos
o mundo dentro desses parâmetros. A crítica ao eurocentrismo é uma forma de evitarmos considerar como “universal” uma
narrativa que, na verdade, foi criada a partir
de uma província do mundo, a Europa ocidental. Mas devemos também ser críticos,
ou seja, reflexivos, em relação à nossa contemporaneidade, e distinguir diversidade
de pluralismo ou de desigualdade.
JU - A promoção da diversidade, às vezes, é criticada como uma tentativa de transformar o mundo num “zoológico humano”
para turistas europeus...
Renato Ortiz - Existe certamente uma
“indústria da diversidade” explorada em
escala global, muitas vezes ela recupera a
velha ideia de exotismo do século 19. Mas
esta é apenas uma das faces do problema.
Pois existe também o lado dos direitos culturais, que trabalha a noção de diversidade
dentro de outra perspectiva.
JU - E também há a ideia de que o discurso do valor da diversidade protege tiranos,
que o reivindicam para oprimir seus próprios povos.
Renato Ortiz - Isso também é possível.
Em alguns países asiáticos existe, inclusive, o argumento de que a democracia
seria um conceito alheio à “diversidade
cultural” autóctone. O exemplo confirma
minhas suspeitas em relação à problemática. A polissemia do termo permite que
ele seja utilizado em situações as mais diversas e contraditórias. Na verdade, o uso
da ideia de diversidade encontra-se vinculado à valorização das identidades, particularmente a identidade nacional. Esta é
a forma de se situar num mundo comum,
partilhado por todos.
JU - A valorização da identidade é uma
compensação para a perda do poder nacional, num mundo globalizado?
Renato Ortiz - Não creio. Veja o caso da
construção da identidade nacional. Ela se
fazia, sobretudo, dentro das fronteiras de
uma determinada nação. Por exemplo, o
Brasil. Havia diversas maneiras de defini-la: um país mestiço (Gilberto Freyre), um
país triste (Paulo Prado), um país “alienado” (intelectuais do Instituto Superior de
Estudos Brasileiros, o Iseb). Apesar dessas
diferenças, elas partilhavam um terreno comum: postulava-se a existência de um único Brasil, de uma cultura específica, enfim,
de um território no qual seria possível, no
seu interior, e apenas no seu interior, definir o que seria “o” brasileiro. No mundo
atual, isso torna-se inviável. O “território”
nacional não pode mais ser pensado como
uma unidade independente de sua posição
no espaço da modernidade-mundo. A formulação da identidade nacional, para ser
convincente, deve ser redefinida (o que significa, ela não desaparece) levando-se em
consideração o novo contexto.
Outro exemplo, que seria o inverso de
sua pergunta: o mercado. Para vender seus
produtos em escala global, os administradores de empresas e os homens de marketing introduzem em suas práticas mercadológicas o tema da diversidade. O mercado é
global, mas não é homogêneo; existem segmentos de mercado. Neste caso valoriza-se
a diversidade para se “ganhar poder”, isto
é, agregar aos produtos comercializados
um valor simbólico que os diferencie uns
dos outros.
JU - Se a diversidade é um valor, e assim
os pontos de vista também se diversificam,
de onde pode partir o olhar crítico?
Renato Ortiz - Eu diria que a primeira
coisa a ser feita é livrar-nos do senso comum. Ou seja, as explicações apressadamente avançadas em nosso cotidiano. Este
é, sobretudo, o caso do discurso veiculado
na mídia nacional e internacional. Ele repete os argumentos e nos dá a impressão de
se constituir numa verdade. E acrescento:
hoje existe um senso comum planetário.
Tem-se, às vezes, a impressão que o mundo
vai explodir; haveria tantas diferenças que
não poderíamos mais contê-las. Penso que
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Campinas, 28 de setembro a 4 de outubro de 2015
crítico das dimensões da diversidade
o contrário é mais verdadeiro: porque o
mundo está conectado, discute-se mais a
diversidade. Sublinho: “discute-se mais”
e não “existe mais”. Consideremos o
exemplo dos idiomas. Há cinco mil anos,
existiam muito mais línguas do que hoje.
Muitas delas desapareceram (as razões
são inúmeras). Do ponto de vista linguístico, o mundo contemporâneo é menos
“diversificado” do que o foi no passado.
Entretanto, com o surgimento de um idioma central, o inglês, redefine-se a hierarquia das línguas na situação de globalização. Neste caso, a questão da diversidade
torna-se relevante.
Por outro lado, é um equívoco pensar
que os problemas atuais decorrem da diversidade das culturas ou dos costumes.
Isso é apenas uma maneira de ocultar a
realidade dos conflitos: imigração, problemas ecológicos, guerras, desenvolvimento
desigual, pobreza, fome, indústria bélica,
etc. Veja, no passado, precisamente no
século 19, dizia-se que os problemas do
mundo é que falávamos muitas línguas.
Um único idioma, “perfeito”, “universal”,
resolveria os problemas dos homens. Por
isso foram inventadas as línguas artificiais
como o esperanto ou o volapuque. Pregava-se assim o fim dos idiomas, à medida
em que eles desaparecessem, e falássemos
uma única língua, não mais haveria discórdia entre nós, todos se entenderiam.
Claro, este tipo de diagnóstico é uma ilusão, mas ela foi confortavelmente alimentada entre nós durante mais de um século.
Pergunto: alguém hoje em sã consciência
defenderia tal perspectiva?
JU - A diversidade traz, consigo, a questão da tolerância...
Renato Ortiz - A questão da tolerância
recoloca-se, sobretudo, no contexto da
globalização, no qual as diferenças entre
os países, os costumes, as crenças religiosas, os modos de vida, são colocadas lado
a lado. É como se a diversidade espacial
manifestasse-se de maneira sincrônica.
Os ideais de equidade são, desta forma,
desafiados. Eles deixam de ser uma afirmação abstrata (o que é importante) para
serem testados na prática. Um exemplo: a
questão dos refugiados do Oriente Médio
na Europa. Por um lado existe a afirmação da livre circulação dos indivíduos no
interior da Comunidade Europeia; existe
ainda toda uma tradição de asilo político
aos refugiados. Entretanto, a outra face da
moeda é mais sombria, a crise econômica
que se arrasta desde 2008, o nacionalismo
dos países do Leste Europeu, o ideário de
direita que concebe o imigrante como um
perigo para a “raça” branca.
A questão da “diversidade” torna-se
assim um tema controverso. Ela significa
simultaneamente, “pluralismo” e “ameaça”. Creio que este tipo de situação estará
cada vez mais presente em nossas vidas,
de uma certa forma ela decorre das contradições de nossa contemporaneidade. A
resposta deve, portanto, ser encontrada no
nível da política: como enfrentarmos os
novos desafios sem cairmos na tentação
do autoritarismo e da discriminação.
JU - Se o mundo globalizado, de certa
forma, força a aceitação da diversidade,
o que explica fenômenos de intolerância e
Carta aos Colegas do
Instituto de Filosofia e Ciências
Humanas da Unicamp
Foto: Reprodução
RENATO ORTIZ
Morte aos comunistas da Unicamp”. A frase estava escrita na
parede de entrada do prédio da
direção do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. O lugar escolhido era estratégico, ao subir as escadas a mensagem
podia ser vista no seu brilho ofuscante.
Minha reação foi de espanto, permaneci
imóvel diante do texto, nunca havia visto
algo assim em minha vida universitária.
No dia seguinte, ao chegar no Instituto,
os dizeres tinham sido apagados.
“Morte aos comunistas”. A segunda
parte da frase é genérica não tem intenção de ser precisa. Dificilmente, após o
colapso da União Soviética, ela poderia dirigir-se àqueles que se consideram
“comunistas”. Não, o termo possui uma
conotação polissêmica: “esquerda”, “canalha”, “safado”, “petista”, “corrupto”.
A denominação deve ser suficientemente
ampla para dar a impressão que a pessoa
que escreve situa-se na condição fictícia
de que é possível falar “contra todos”.
Ela estaria indefesa, ameaçada pelas forças estranhas que a rodeiam. A primeira
parte da sentença é, no entanto, clara,
límpida, lembra a palavra de ordem do
fascismo: morte. Não há nenhuma dubiedade no que é dito: os adversários devem
ser aniquilados. Creio que foi precipitado
apagar o grafite. Ele deveria, temporariamente, permanecer no muro, vestígio
e testemunho da estupidez que nos cerca.
Temos a ilusão que a universidade, um
lugar de liberdade e debate, estaria ao
abrigo dessas coisas. Engano. As fissuras
sociais nos atingem diretamente. Existe
atualmente na sociedade brasileira um
clima explícito de cretinice, ela não se envergonha de si mesmo, orgulhosa, torna-se pública, revelando sua face distorcida.
Pior, não se contenta em circunscrever-se
aos espaços dos partidos ou dos movimentos políticos, invade o cotidiano, as
conversas, amizades, relações de trabalho. A intolerância sente-se confortável,
à vontade para se apresentar como um
código moral duvidoso. “Morte”, “Comunista”. As palavras não nos machucam
diretamente mas contém uma potencialidade inquietante, a passagem da intenção
polarização como os vistos na atual cena
política brasileira, e que se manifestam, por
exemplo, na recente pichação “morte aos
comunistas da Unicamp” deixada na parede do Instituto?
Renato Ortiz - Creio que no caso brasileiro (no momento atual) o tema da intolerância vincula-se diretamente à polarização política. Há uma disputa em termos
político-partidária que se torna explícita
na cena pública. É como se estivéssemos
em estado eleitoral permanente. Dentro desta perspectiva, os excessos são,
não apenas tolerados, mas incentivados.
Trata-se de uma arma para enfraquecer e
derrubar o adversário. O problema é que
este “estado das coisas” não se restringe ao domínio da política, ele transborda
suas fronteiras e começa a invadir nosso
cotidiano (a grande mídia é em boa parte
responsável disso). O discurso agressivo, naturalizado pela linguagem partidária, passa a ser válido em nossas relações
pessoais. As acusações de ordem institucional (por exemplo: Lava-Jato) são
transferidas para o plano social e cultural,
legitimando uma série de atitudes violentas que não mais se envergonham de si
mesmas.
A divergência em relação a uma determinada interpretação das coisas transforma-se em suspeita de um mal maior.
Todorov [Tzvetan Todorov, filósofo e
cientista social franco-búlgaro] utiliza
um termo sugestivo para se referir às
crenças totalitárias: “a tentação do bem”.
Ao pensá-la de maneira absoluta, em
oposição ao “mal”, ela pode se impor pela
persuasão ou pela força. “Morte aos comunistas” significa isso. Trata-se do embrião de uma cultura autoritária na qual a
intolerância torna-se natureza, código de
comportamento a ser exaltado pelo desprezo e destruição do outro.
JU - Ressurge a necessidade de nos lembrarmos de nossa humanidade comum.
Renato Ortiz - Não creio que o tema
da humanidade, enquanto conceito filosófico e abstrato, seja assim tão central.
Não importa tanto o que se define como
comum, como pensavam os iluministas.
Ou seja, sem tal definição o destino dos
homens estaria comprometido. A realidade é que já “vivemos juntos”, “estamos
todos no mesmo barco”, o problema é
que se trata de um barco conflitivo; é a
maneira de “estarmos juntos” que importa, ou seja, a política que iremos traçar no
momento de enfrentamento das crises,
conflitos e divergências. Não é o conceito
de humanidade que está em crise, mas o
de política.
Pichação no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp:
para Ortiz, “no caso brasileiro, no momento atual, o tema da intolerância
vincula-se diretamente à polarização política”
ao ato, da agressão verbal à violência física.
Resta-nos a indignação, dizer não a esta deriva autoritária, expor sua arrogância e falsidade. A indignação é um sentimento de repulsa, retira-nos da passividade, recorda-nos
que o presente é frágil e as conquistas que
conhecemos nada têm de perenes, permanentes.
Renato Ortiz, 10 setembro de 2015
SERVIÇO
Título: Universalismo e Diversidade
Autor: Renato Ortiz
Editora: Boitempo
Páginas: 176
Preço: R$ 39,00
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