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Senhor presidente, senhoras e senhores deputados,
Vivemos um tempo de desesperança. De vitória da violência, da covardia, da
crueldade. Um tempo em que os valores mais caros da nossa sociedade parecem submergir
em um mar de insegurança, de impunidade, de falta de respeito para com o próximo e até
mesmo de ausência de compaixão. Mas hoje, não venho a esta tribuna falar de tristezas.
Não venho aqui expressar minha justa indignação de brasileiro que não se conforma com a
selvageria que tomou conta das nossas cidades.
Hoje eu venho falar de honra, de glória, abnegação, nobreza de alma e
principalmente de vitória. Eu venho falar de um passado que nos orgulha e que deveria
guiar nosso País por um caminho de civismo, amor à Pátria e à Justiça e principalmente um
caminho de coragem e altruísmo.
Venho a essa tribuna falar do 62º aniversário da Tomada de Monte Castelo, na
Itália, que marcou de forma indelével a participação do Brasil durante a Segunda Grande
Guerra. Uma Guerra na qual o Brasil se viu impelido a participar depois que navios
brasileiros foram torpedeados por navios alemães. Mas também pelo dever moral de lutar,
ao lado dos países Aliados, contra as atrocidades que vinham sendo cometidas por regimes
cruéis e totalitários que controlavam Alemanha, Itália e Japão.
A bravura dos nossos soldados, que venceram uma batalha decisiva lutando não
somente contra a supremacia bélica dos inimigos, mas também contra as adversidades
climáticas que tornavam muito mais difícil a luta em solo italiano, é digna de ser
rememorada. É importante salientar, senhoras e senhores, que os homens da Força
Expedicionária Brasileira (FEB) lutavam em nome de uma liberdade que cultuavam no
coração, mas que não existia de fato em nosso País, que vivia à época sob um regime
ditatorial.
Mais de 25 mil bravos brasileiros compuseram a FEB. Desembargaram na Itália em
setembro de 1944 cheios de coragem e desejo de dignificar o seu País. Por certo tinham
medo também. Sabiam dos riscos que corriam. Sabiam que nem todos retornariam para
suas famílias tão distantes, e o sangue brasileiro iria tingir o solo italiano. Mas não
recuaram, foram bravos e fortes e de lá saíram com importantes vitórias.
A Tomada de Monte Castelo se tornara uma questão de honra para os bravos
brasileiros, depois de três derrotadas amargamente engolidas no final de 1944. O monte se
mantinha como ícone da resistência alemã nas montanhas dos Apeninos, cuja conquista
estava sob a responsabilidade da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária.
O primeiro revés foi sofrido em 24 de novembro daquele ano, quando brasileiros e
americanos lutaram juntos. Cinco dias depois, lutando sob condições climáticas adversas,
os brasileiros tiveram mais de uma vez de calar o grito de vitória.
Em 12 de dezembro de 1944, a responsabilidade da conquista de Monte Castelo
ficou inteira sobre os ombros dos brasileiros. Mas queria que o destino que a vitória só
viesse no ano seguinte. Na madrugada de 21 de fevereiro de 1945, os batalhões Uzeda,
Franklin e Sizeno Sarmento marcharam para a vitória. Ao mesmo tempo, tropas de elite
americanas partiram tendo por objetivo tomar o Monte della Torracia.
Os brasileiros porém completaram antes a sua missão. A previsão inicial era de que
Monte Castelo só cairia em mãos brasileiras depois que o Monte della Torracia estivesse
sob controle americano. Mas às 17h30 daquele 21 de fevereiro, soldados do Batalhão
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Pronunciamento – Tomada de Monte Castelo
Deputado Federal Leandro Vilela
Brasília, 21 de fevereiro de 2007
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Franklin já pisavam o cume do Monte Castelo, enquanto a batalha seguiu para os
americanos, que só ao anoitecer cumpriram sua missão.
Além da bravura da infantaria, foi fundamental para a vitória brasileira o valoroso e
preciso auxilio da Artilharia Divisionária, comandada pelo general Cordeiro de Farias, que
com bombardeio ajudou a quebrar a resistência alemã. A emblemática tomada de Monte
Castelo abriu as portas para uma seqüência de vitórias. Nossos pracinhas ocuparam ainda
os montes Belvedere, Della Castellana e Castelnuovo. Essas vitórias garantiram aos aliados
o controle da estrada Porreta Terme-Morano. Coube ainda ao Brasil as conquistas de
Montese, Montello e Zocca.
Ainda em 1945, expedicionários brasileiros obtiveram ainda a rendição de toda uma
divisão alemã – a 148ª Infantaria, resultando na captura de 14.779 soldados nazistas. O
general Joseph Von Pimsel e o seu 75º Corpo do Exército Alemão também viriam a se
render aos brasileiros.
O preço da vitória em Monte Castelo foi o sangue de mais de 400 pracinhas
brasileiros, que perderam suas vidas ao longo das quatro investidas. Um alto preço que
jamais será esquecido e que não foi em vão. O nosso Exército gravou seu nome na história
da Grande Guerra e contribuiu para que o mundo pudesse viver após a amargura da guerra
um período de paz e liberdade.
É esse o exemplo que eu quero ressaltar. Lembrar um Brasil de glórias e valores
elevados que não pode ficar no passado. Aproveito a oportunidade, para homenagear todo
o Exército Brasileiro que tem dignificado nosso País e se apresentado prontamente sempre
que a defesa dos interesses nacionais se viu ameaçada.
Aproveito a oportunidade para homenagear dois homens valorosos, que cultivam
um amor inquestionável não só pelo Brasil, mas como pelas suas Forças Armadas. Um
deles é o ex-senador e presidente regional do PMDB, Maguito Vilela, que para minha
honra é meu tio. Maguito serviu como soldado no Batalhão da Guarda Presidencial, na 1º
Cia de Fuzileiros em 1969 e se destacou no esporte durante as instruções militares, sendo
agraciado com a medalha de praça mais distinta, como melhor soldado de sua
Coorporação.
Ele seguiu uma profícua carreira política, como vereador por Jataí, deputado
estadual, deputado federal constituinte, vice-governador, governador de Goiás e senador,
sem jamais se esquecer dos amigos que fez no Exército. Como prova de seu carinho,
Maguito sempre menciona a importância da passagem pelo Exército para a formação do
seu caráter como homem público.
Gostaria também de homenagear o Sargento José Mulato de Souza, que é hoje um
dos meus assessores. José Multado de Souza prestou o serviço militar inicial no Batalhão
da Guarda Presidencial. Ao longo de sua carreira, acumulou mais de 46 elogios, em que
destaca-se o preparo para missões de qualquer natureza. Ele foi agraciado ainda com
condecorações de bronze, prata, ouro, mérito militar no grau de cavaleiro, medalha do
pacificador com palma por ato de bravura e risco de vida, e ainda medalha de amigo da
Marinha e do Mérito Tamandaré.
Tê-lo em minha assessoria é um gesto não somente de reconhecimento pelos seus
relevantes serviços prestados, como também de deferência ao Exército Brasileiro, que me
honrou com a medalha do Pacificador. Termino esse pronunciamento, pedindo a Deus que
os bons exemplos hoje aqui citados não se apaguem de nossas memórias e que nosso Brasil
também colecione vitórias nas guerras contra a violência, a fome e a desigualdade social.
Era o que tinha a dizer, “Exército Brasileiro, Braço Forte, Mão Amiga”
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Muito obrigado.
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Pronunciamento – Tomada de Monte Castelo