FUVEST 2007 - 2a FASE
PORTUGUÊS
01.
Resolução
a)
Embora os jornalistas não devessem fazer previsões, fazem-nas o tempo todo.
b)
O pronome “o”, em destaque na questão, é demonstrativo e retoma “ao
trabalho de prestar contas quando erram”.
02.
Resolução
a)
Não. A solidão e a comunicação satisfazem desejos separados do ser
humano. A solidão satisfaz o homem no desejo de estar só, de isolamento e
de se afastar do mundo e do seu meio social. Já a comunicação satisfaz a falta
(e necessidade) que o homem sente da convivência e do relacionamento com
o mundo e com seu meio social.
b)
Nossa aversão à multidão será curada pela solidão e o tédio à solidão será
curado pela multidão.
03.
Resolução
a)
Não. No primeiro caso, as aspas são usadas para destacar o epíteto de
Lampião, ou seja, para tomar um termo de conhecimento geral. Já em
“fotógrafo” as aspas são utilizadas porque aquele a quem se refere o termo
não era propriamente um fotógrafo, tendo assumido este papel por uma
exigência da situação.
b)
I. Um cangaceiro encontrou uma Kodak e entregou ao chefe, que perguntou:
– A quem ela pertence?
II. O “rei do cangaço” disparou que queria que o dono da máquina tirasse seu
retrato.
04.
Resolução
a)
Não. O que, na verdade, ocorre é uma variação lingüística. Muitas palavras
apresentam significados diferentes dependendo do lugar em que são usadas.
b)
Não, pois o problema entre o narrador e a secretária era de bases semânticas
e não ortográficas.
05.
Resolução
a)
O que diferencia fundamentalmente as duas situações trazidas por Pirandello
é o fato de que, no caso do “sentimento do contrário”, há uma tentativa, por
parte daquele que ri de compreender e, assim, aproximar-se daquele que é
objeto de seu riso.
b)
Ao percebermos que aquela senhora velha não corresponde ao que uma
respeitável senhora deveria ser, produzimos o riso.
PORTUGUÊS 1
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06.
Resolução
a)
De acordo com Millôr, a expressão que possui “significado estabelecido” é
“atirar pérolas aos porcos”, por se tratar de uma expressão que tem como
referência um trecho da Bíblia, sendo, assim, uma imagem já bastante
recorrente em nosso contexto cultural.
b)
Os dois segmentos possuem o significado de que não se deve dar algo nobre
ou valioso àquele que não pode compreender essa nobreza ou esse valor e,
por isso, reforçam-se mutuamente.
07.
Resolução
a)
O movimento literário conhecido também como “escola americana” é o
Romantismo, mais precisamente a fase denominada Indianismo, que teve
como principais representantes Gonçalves Dias, na poesia; e José de Alencar,
na prosa. Seu principal objetivo era a busca de identidade nacional que
consolidasse artisticamente a recém-proclamada Independência do Brasil,
através da valorização da cor local, ou seja, da presença constante da
natureza e do índio, assim como de uma forma de expressão lingüística mais
brasileira, entre outros.
b)
Sim, pois Alencar procurou criar uma obra genuinamente indianista, utilizando
através de intensa pesquisa vocabulário tupi, que abarca desde nomes
próprios até topônimos, ou seja, nomes de lugares. Além disso, o termo bardo
(trovador) remete à Idade Média, fonte de inspiração dos autores românticos
que utilizavam os cavaleiros e as batalhas medievais para idealizarem heróis,
como Martim e Iracema, e as lutas, como entre Pitiguaras e Tabajaras.
08.
Resolução
a)
Alberto Caeiro assemelha-se ao desbravador português da época das
Grandes Navegações. Assim como estes encontraram um Novo Mundo,
chegando à precisa visão do planeta como o conhecemos hoje, se comparada
à medieval, supersticiosa, o poeta encontra a forma verdadeira de sentir a
realidade, a natureza, sem idealizações ou o intermédio do pensamento.
b)
Considerando a obra de Caeiro, os versos demonstram que tanto o
descobridor quanto o poeta buscam uma verdade. A diferença é que enquanto
o navegante buscava um mundo material e desconhecido até aquele
momento, o poeta apresenta o mundo que sempre esteve diante de nós, a
natureza apreendida exclusivamente pelos sentidos físicos, mas que o
intelecto humano costuma tornar abstrato. Daí o “novo Universo” ser o
“Universo ele-próprio”.
PORTUGUÊS 2
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09.
Resolução
a)
Escobar: conhecido que aspira à proteção.
D. Glória (mãe de Bentinho): um proprietário mais considerável.
José Dias: agregados: agregado.
Tio Cosme: parentes pobres em graus diversos.
Prima Justina: parentes pobres em graus diversos.
b)
José Dias, na posição de agregado, não poderia mostrar alguma discordância
em relação ao pensamento de D. Glória, aquela que o recebe, ou de um
parente dela. Isso fica expresso nos advérbios que iniciam suas falas:
“seguramente” quando responde a tio Cosme, concordando com a prima
Justina; “justamente” quando responde a D. Glória.
10.
Resolução
I.
“Falo somente com o que falo” = “Falo com uma linguagem enxuta, objetiva,
árida, escassa de adjetivos”
II.
“Falo somente do que falo” = “Falo das mazelas sociais e injustiças das
classes menos favorecidas do sertão”
III. “Falo somente por quem falo” = “Falo pelas pessoas humildes e ignorantes
que são incapazes de se indignarem e se expressarem por si mesmas”
IV. “Falo somente para quem falo” = “Falo para o leitor educado que necessita e
quer se conscientizar melhor sobre a miséria de um mundo ignorado pelas
elites”
Comentário
A prova da Fuvest deste ano pode ser considerada, no geral, de fácil e média
dificuldade. As questões de Gramática, como tem ser tornado cada vez mais
comum, não exigiram conhecimentos específicos e nomenclatura técnica, mas a
reconstrução de frases, inclusive partindo de trechos dados, bastando que o
candidato tivesse relativa habilidade no uso de conjunções e pronomes. As
questões de interpretação de texto também não exigiram muito, a não ser a
habitual atenção de costume, comum às pessoas que cultivam o hábito constante
da leitura, principalmente de textos informativos. As de Literatura ofereceram um
pouco mais de dificuldade, embora tenham surpreendido por, na sua maioria, não
terem exigido detalhes das obras, mas sim das estéticas em que estão inseridas,
como ocorreu com as questões sobre Iracema e Vidas Secas.
PORTUGUÊS 3
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Comentário da Redação
A Fuvest apresentou aos candidatos a proposta de Redação com o tema “Mundo
Digital”. Foram oferecidos três textos na coletânea: o primeiro, publicado na
revista Veja, do administrador e consultor de empresas Stephen Kanitz; o segundo,
adaptado do jornal O Estado de S. Paulo com o título “Países se unem em projeto
da ONU”; e o terceiro estímulo foi um excerto de Modernidade Líquida, do
sociólogo polonês Zygmunt Bauman.
Kanitz oferece uma análise sobre a preocupação oferecida pela modernidade
digital: a credibilidade da informação. Todos podem escrever em páginas de
internet, as notícias circulam com velocidade quase instantânea e com a liberdade
de “se expressar o que bem quiser, de qualquer opinião que seja”. Assim, como
separar as boas ou fidedignas informações dos achismos e imprecisões?
O texto do Estado de S. Paulo apresenta uma foto de D. Pedro II e a notícia da
formação, no mês de outubro de 2007, da Biblioteca Digital Mundial, iniciativa da
ONU – Organização das Nações Unidas. Texto essencialmente informativo,
mostrou ao candidato uma forma de disponibilização da informação através da
Cultura na Rede, o que facilita o intercâmbio cultural entre vários países.
Bauman, no terceiro texto da coletânea, discorre sobre o acesso à informação
através dos meios eletrônicos. Ele destaca o noticiário e sua perecibilidade, a
rapidez das transmissões, com sua constância e mutabilidade.
O candidato deveria notar a importância de se elaborar uma dissertação bastante
reflexiva sobre o tema, com aprofundamento na questão da disponibilização da
informação, causas e conseqüências. Não bastaria escrever sobre qualquer tópico
de disponibilização do Mundo Digital, como Orkut, Blogs ou Mensagens
Instantâneas, mas sim analisar como o chamado Mundo Digital está interagindo
com as pessoas do Mundo Real.
Tema bem atual, direto e bastante claro para os candidatos que, possivelmente,
não encontraram dificuldades para expressar suas opiniões.
PORTUGUÊS 4
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