Jato de Areia
Materiais Substitutos
A areia sempre teve sua utilização muito difundida na aplicação de jateamento no
Brasil como alternativa de baixo custo para preparação de superfícies, é importante
destacar, entretanto que apesar de ter um custo inicial aparentemente baixo apresenta
um custo operacional elevado, sem levar em consideração o risco da silicose (doença
incurável e fatal) quando utilizada sem a proteção adequada; fato lamentavelmente muito
freqüente na realidade Brasileira.
Felizmente existem algumas opções de abrasivos para substituição da areia com
vantagem econômica para o usuário, associada a outras vantagens como por exemplo:
Maior produtividade, melhor acabamento, menor desgaste do equipamento, menor
poluição ambiental, menor volume de resíduos a serem descartados, menores riscos
ocupacionais, etc.
A Blastibrás, com atuação não apenas no mercado Brasileiro, más também no
mercado Europeu e Norte Americano já está preparada, a muito tempo, para a nova
realidade a ser vivida em nosso mercado com a proibição do uso da areia no jateamento.
Sempre tivemos a preocupação de desenvolver equipamentos com grande eficiência
na reciclagem do abrasivo, fator indispensável para viabilizar a utilização de abrasivos
mais nobres, como por exemplo: granalha de aço, micro-esfera de vidro, oxido de
alumínio etc.
Um exemplo desta preocupação é o nosso gabinete de sucção GS-9075 X, que é uma
das máquinas mais vendidas em todo o mundo, principalmente pela alta eficiência de
reciclagem do abrasivo.
Além deste produto dispomos de uma série de equipamentos como gabinetes
pressurizados, cabines de jateamento, kits de purificação de abrasivo “inclusive sobre
palet para instalação imediata”, máquinas de jateamento turbinadas todas com excelente
qualidade de reciclagem de abrasivo e com a melhor relação de custo de propriedade.
Para fazermos a substituição da areia por abrasivos mais nobres teremos que
obrigatoriamente conhecer um pouco a realidade do cliente para indicarmos a opção mais
adequada, que pode ser: a simples substituição da areia por outro abrasivo em outros
casos a aquisição de equipamentos complementares como por exemplo um purificador de
abrasivos, ou ainda a substituição do sistema atualmente utilizado.
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EQUIPAMENTO DE JATO
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A SILICOSE NO BRASIL
A Silicose no Brasil - A Silíca - Eliminação da Silicose - Exposição à Silica no Brasil - Leis
sobre proibição do uso do Jato de Areia
A silicose é a pneumoconiose de maior prevalência no Brasil, devido a ubiqüidade da
exposição à sílica. Encontramos no país, todas as situações de exposição à sílica onde
há risco de silicose, assim como situações peculiares de exposição.
O número estimado de trabalhadores potencialmente expostos a poeiras contendo sílica é
superior a 6 milhões (por volta de 4 milhões na construção civil, 500.000 em mineração e
garimpo e acima de 2 milhões em indústrias de transformação de minerais, metalurgia,
indústria química, de borracha, cerâmicas e vidros).
Temos dados referentes à ocorrência de silicose de diferentes tipos, tais como número de
casos diagnosticados em serviços especializados e prevalência de silicose em grupos
industriais, tais como Pedreiras a céu aberto (3,0), Cerâmicas (3,9), Fundições (4,5),
Indústria Naval (23,6) e Cavação de poços (17,4). Estas taxas de prevalência referem-se
a trabalhadores em atividade e o contraste entre as mesmas reflete as condições de
exposição dentro de cada grupo analisado. Somente no Estado de Minas Gerais, calculase que haja cerca de 7416 casos provenientes de mineração de ouro (Min Saúde, 1997).
Sabe-se que destes cerca de 4500 casos são da região de Nova Lima. Os números de
casos provenientes de garimpo e lapidação não são bem conhecidos.
Como a silicose é uma doença de desenvolvimento lento, excetuando-se os casos de
silicose aguda e sub-aguda, e pode progredir independentemente da exposição
continuada, boa parte dos casos só serão diagnosticados anos após o trabalhador estar
afastado da exposição.
Em 1978 estimou-se que o _estoque_ de casos de silicose no país seria próximo a 30.000
casos, através de uma busca ativa de casos de silicose em sanatórios de tuberculose
(Mendes, R 1978).
Foram descritos inúmeros casos graves de silicose em cavação de poços (Holanda et al,
1995) e jateamento de areia na indústria naval (Comissão Técnica do Estado do Rio de
Janeiro, 1994). Levantamento recente de casos de silicose acompanhados no ambulatório
da FUNDACENTRO, mostra que os casos provenientes da mineração tendem a ser mais
graves do que casos provenientes de indústrias urbanas como fundições e cerâmicas. É
freqüente o aparecimento de casos graves provenientes de pequenas empresas e
empresas fantasmas, pela total ausência de medidas de controle de exposição a poeiras.
Um exemplo desta situação são os casos em lapidários, recentemente avaliados pelo
Ambulatório de Doenças Profissionais da UFMG e pelo ambulatório de Pneumologia
Ocupacional da FUNDACENTRO, assim como em jateadores de areia diagnosticados em
Curitiba.
A silicose é uma doença que pode ser incapacitante, associar-se a complicações como a
tuberculose, limitação crônica ao fluxo aéreo e câncer de pulmão. Não há tratamento
padronizado e geralmente evolui com o correr dos anos. Nos países desenvolvidos sua
ocorrência esta em franco declínio, pela instituição de medidas de controle de exposição a
poeiras, substituição da sílica em algumas operações e conscientização de empresas e
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trabalhadores. No Brasil coexistem situações nas quais houve nítidas melhorias de
condições de trabalho em alguns setores nas últimas décadas, com outras atividades
exercidas em precárias condições ou ainda pouco conhecidas. Continuamos a
diagnosticar casos de silicose com freqüência na prática clínica. É uma doença
perfeitamente prevenível e já há tecnologia disponível para evitá-la. A OMS e OIT
lançaram um programa conjunto de erradicação da silicose no ano de 1995.
No período de 06 a 10 de novembro de 2000, a FUNDACENTRO, a Faculdade
Evangélica de Medicina do Paraná e a Fundação Oswaldo Cruz, com apoio da OIT e
OMS, além de inúmeras instituições governamentais e não governamentais realizaram o
Seminário Internacional sobre Exposição à Sílica - Prevenção e Controle. A realização do
Seminário foi uma iniciativa que veio ao encontro dos objetivos propostos pelo programa
internacional para a eliminação global da silicose, pois debateu questões pertinentes à
situação da doença no Brasil com enfoque para as medidas de prevenção e controle,
procurando identificar e difundir as formas e meios que essas ações e medidas possam
ser efetivamente aplicadas e motivar todos os envolvidos com a questão a envidar
esforços para que a doença seja cada vez mais um achado raro na nossa sociedade.
Nesse Seminário firmou-se um compromisso de se elaborar um Programa Nacional de
Eliminação da Silicose que integre as ações institucionais, principalmente das áreas
Saúde, Trabalho e Previdência, garantindo que em seus projetos estratégicos contemple
a questão da eliminação da SILICOSE e que considere a possiblidade da contribuição da
Organização Mundial da Saúde, Organização Internacional do Trabalho, convênios de
cooperação técnica com outros países e ainda a participação dos demais atores sociais
envolvidos na questão.
A SÍLICA
A Silicose no Brasil - A Silíca - Eliminação da Silicose - Exposição à Silica no Brasil - Leis sobre proibição do uso do Jato de Areia
Introdução
O termo sílica refere-se aos compostos de dióxido de silício, SiO2, nas suas várias formas
incluindo sílicas cristalinas; sílicas vítreas e sílicas amorfas. O dióxido de silício, SiO2, é o
composto binário de oxigênio e silício mais comum, sendo inclusive composto dos dois
elementos mais abundantes na crosta da Terra. A sílica e seus compostos constituem
cerca de 60% em peso de toda a crosta terrestre.
Os depósitos de sílica são encontrados universalmente e são provenientes de várias eras
geológicas. A maioria dos depósitos de sílica que são minerados para obtenção das
"areias de sílica" consistem de quartzo livre, quartzitos, e depósitos sedimentares como
os arenitos.
O quartzo é um mineral de natureza dura, inerte e insolúvel. Suporta totalmente a vários
processos de ação de agentes atmosféricos (intempéries) e é encontrado desde traço até
grandes quantidades em várias rochas sedimentares. Ele é o componente principal dos
solos, variando de 90 a 95% das frações arenosas e siltosas de um solo. A areia é
composta predominantemente de quartzo.
Comercialmente, a sílica é fonte do elemento silício e é usada em grande quantidade
como um constituinte de materiais de construção. A sílica também possui numerosas
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aplicações especializadas, como cristais piezoelétricos Na sua forma amorfa é utilizada
como dessecante, adsorvente, carga e componente catalisador. Na sua forma vítrea é
muito utilizada na indústria de vidro e como componentes óticos. Sílica é um material
básico na indústria de vidro, cerâmicas e refratários, e é uma importante matéria prima na
produção de silicatos solúveis, silício e seus derivados carbeto de silício e silicones.
Pela sua abundância na crosta terrestre, a sílica é largamente utilizada como constituinte
de inúmeros materiais. Desta forma, trabalhadores podem ser expostos a sílica cristalina
em uma grande variedade de indústrias e ocupações. No Quadro 1 apresentam-se
exemplos de indústrias, operações e atividades específicas onde podem ocorrer
exposição ocupacional a sílica livre cristalina. Sílica cristalina refere-se a um grupo
mineral no qual a sílica assume uma estrutura que se repete regularmente, isto é uma
estrutura cristalina.
Oito diferentes arranjos estruturais (polimorfos) do SiO2 ocorrem na natureza, no entanto
sete dentre esses são mais importantes nas condições da crosta terrestre: a-quartzo,
cristobalita, tridimita, moganita, keatita, coesita e stishovita.
As três formas mais importantes da sílica cristalina, do ponto de vista da saúde
ocupacional são o quartzo, a tridimita e a cristobalita. Estas três formas de sílica também
são chamadas de sílica livre ou sílica não combinada para distingüí-las dos demais
silicatos.
Quadro 1 Ramos de atividade onde podem ocorrer exposição ocupacional a sílica livre
cristalina.
Industria/atividade
Operação específica/tarefa
Fonte do material
Agricultura
Aragem, colheita, uso de máquinas
Solo
Mineração e operações
relacionadas ao beneficiamento
do minério
A maioria das ocupações (em baixo da terra, superficial,
moinho) e minas (metal, não metal, carvão)
Minérios e rochas
associadas
Lavra/extração e operações
relacionadas com o
beneficiamento do minério
Processo de trituração de pedra, areia e pedregulho,
corte de pedra, abrasivo para jateamento, trabalho com
ardósia, calcinação da diatomita
Arenito, granito, pedra,
areia, pedregulho,
ardósia, terras
diatomáceas, pedra.
Construção
Abrasivos para jateamento de estrutura,
Areia e
edifícios.Construção de alto estrada e túneis.Escavação e concreto.RochaSolo e
movimentação de terra.Alvenaria, trabalho com
rochaConcreto,
concreto, demolição.
argamassa e reboque.
Vidro incluindo fibra de vidro
Vidro incluindo fibra de vidro
Areia, quartzo
moídoMaterial refratário.
Cimento
Processamento da matéria prima
Argila, areia, pedra
calcaria, terras
diatomáceas.
Abrasivos
Produção de carbeto de silícioFabricação de Produtos
Abrasivos
Areia, tripoli e arenito
Cerâmicas, incluindo tijolos,
telha, porcelana sanitária,
porcelana, olaria, refratários,
esmaltes vitrificados.
Misturas, moldagem, Cobertura vifriticada ou esmaltada,
acabamento.
Argila, pedra, areia
"Shale"Quartzito, terras
diatomáceas.
Fabricação de ferro e aço
Fabricação (manipulação) de refratários e reparos em
fornos
Material refratário
Silício e ferro-silício
Manuseio de matérias primas
Areia
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Fundições (ferrosos e não
ferrosos)
Fundição da peça, choques para retirada da peça do
molde.Limpeza da peça que encontra-se com areia
aderida na superfície. Uso de abrasivo. Operações de
alisamento/aplainamento.Instalação e reparo de fornos.
AreiaAreiaMaterial
refratário.
Produtos de metal, incluindo
metal estrutural, maquinaria,
equipamento de transporte.
Abrasivo para jateamento
Areia
Construção civil e manutenções
(reparos)
Abrasivo para jateamento
Areia
Borrachas e plásticos
Manuseio de matéria prima
Funis alimentadores
(tripoli, terras
diatomáceas)
Tintas
Manuseio de matéria prima
Funis alimentadores
(tripoli, terras
diatomáceas, sílica flour)
Sabões e cosméticos
Sabões abrasivos, pós para arear
Sílica flour
Asfalto e papelão alcatroado
Aplicação como enchimento e granulado
Areia e agregado, terra
diatomáceas.
Substâncias químicas para a
agricultura
Trituração e manuseio de matérias primas.
Minérios e rochas
fosfáticas
Joalheria
Corte, esmerilhar, polimento, lustramento
Gemas semi-preciosas ou
pedras, abrasivos
Material dental
Areia abrasiva, polimento
Areia, abrasivos
Reparos de automóveis
Abrasivo para jateamento
Areia
Escamação de "boiler"
"Boiler" com queima de carvão
Cinza e concreções.
Fonte: IARC 1997
Sinônimos, nomes comerciais e fórmula
Número de registro CAS (Chemical Abstrat Service): 7631-86-9
Nome químico: Dióxido de silício
Fórmula molecular: SiO2.
Sinônimos: Cristalina: coesista, cristobalita, jasper, sílica microcristalina, quartzo,
quartizito, entre outros. Amorfa: Sílica coloidal, terra diatomácia, diatomita, sílica "fumed"
sílica fused, opala, sílica gel, sílica vítrea, entre outros
Nomes comerciais: Cristalina: BRGM, D&D, DQ12, Min-U-Sil, Sil-Co-Snowit. Amorfa:
Aerosil, Celite, Ludox, Silcron G-910.
Origem e classificação
Origem: Mineral, biogênica ou sintética
Classificação:
a- formas cristalinas
natural - , ß quartzo; , ß1, ß2, tridimita; , ß cristobalita; coesita;
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stishovita; moganita, keatita.
sintética - keatita; sílica W; porosils
b- formas amorfas
natural - opala; sílica biogênica; terras diatomácias; fibras de sílica;
sílica vítrea.
sintética - sílica fundida; pirogênica ou sílica evaporada; sílica precipitada;
sílica coloidal; sílica gel.
c- Rochas contendo sílica (>90% de SiO2)
quartzito, quartzo arenito, diatomita, porcelanita, sílex córneo, gueiserita
(Fondel,1962; Coyle, 1982; Flörke&Martin,1993)
O -Quartzo é a forma termodinamicamente estável da sílica cristalina nas condições
ambientais A grande maioria da sílica cristalina natural existe como a-quartzo. As outras
formas existem num estado metaestável. A nomenclatura usada é "a" para uma fase de
baixa temperatura e "ß" para uma fase de alta temperatura. A estabilidade dos polimorfos
da sílica está relacionada com a temperatura e a pressão. Polimorfo é um termo usado
para descrever materiais com diferentes arranjos atômicos cristalinos mas de mesma
composição química. O -quartzo é o mais estável nas temperaturas e pressões que
caracterizam a crostra terrestre. A tridimita e cristobalita são formadas sob altas
temperaturas, enquanto coesita e stishovita são formadas sob altas pressões.
Estrutura e ligações químicas
A unidade estrutural básica da maioria das formas da sílica e dos silicatos é um arranjo
tetraédrico de 4 átomos de oxigênio ao redor de um átomo de silício centralizado, silício
tetraédrico, SiO4. Pequenas variações na orientação da cela de silício tetraédrico com
outra respectiva resulta no desenvolvimento de nova simetria, produzindo os diferentes
polimorfos da sílica, quartzo, tridimita, cristobalita, coesita e stishovita. Uma orientação
totalmente aleatória destas unidades resulta nas variedades amorfas do material.
Esse arranjo tetraédrico possibilita a formação de uma rede cristalina tridimensional
infinita por meio do compartilhamento de todos os átomos de oxigênio de um tetraedro
com os grupos vizinhos. Quando alguns dos vértices do tetraedro não se ligam, isto é,
átomos de oxigênio ficam livres, uma ampla faixa de possibilidades estruturais se abre,
algumas das quais são encontradas nos silicatos. Nas estruturas para as quais todos os
vértices do tetraedro não são compartilhados, cada átomo de oxigênio não compartilhado
contribui com uma carga negativa para o grupo aniônico então formado, o equilíbrio
dessas cargas dá-se pela presença de cátions (cargas positivas) na estrutura do silicato.
Na figura, encontra-se a representação esquemática das possíveis estruturas básicas dos
silicatos. Na figura 2, encontra-se a representação da estrutura cristalina do -quartzo, da
cristobalita e da tridimita.
A sílica a temperaturas ordinárias é quimicamente resistente a muitos dos reagentes
comuns. Além disso, ela pode suportar uma ampla variedade de transformações sob
condições severas como por exemplo, temperaturas altas. A reatividade da sílica depende
fortemente da sua forma, pré-tratamento e estado de subdivisão da amostra específica
em estudo.
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Poeiras contendo sílica livre cristalina que foram geradas recentemente, como por
exemplo, em operações com jateamento de areia, perfuração de rochas, escavação de
túneis e moagem, possuem maior toxicidade para as células do pulmão comparada com
poeiras mais velhas. Alguns estudos que demonstram isso, descrevem que esse aumento
da toxicidade é devido a geração e presença de radicais livres na superfície da partícula
de poeira. São formados radicais de oxigênio livre como o ánion superóxido (O2.-) e
radicais hidroxilas (.OH) que são altamente reativos na presença do cátion ferro bivalente
(Fe2+) e traços de outros metais
A solubilidade, as características de clivagem, a morfologia e as propriedades de
superfície da sílica podem influenciar na sua atividade biológica nos organismos.
Figura 1. Representação esquemática das estruturas básicas dos silicatos.
(a) Formas de ligação de tetraedro de SiO4;
(b) padrões de ligação química correspondente;
(c) fórmula molecular. Os átomos de Si aparecem ligados somente a 3 átomos de O, o
quarto átomo de O ligado ao Si está abaixo do plano de diagrama.
Fonte: Kirk Otmer
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Figura 2. Representações das estruturas poliédricas do a-quartzo
(a) e da tridimita e cristobalita, que é comum a ambas (b).
Exposição ocupacional
A exposição ocupacional dá-se por meio da inalação, pelo trabalhador, de poeira
contendo sílica livre cristalizada.
Poeira é toda partícula sólida de qualquer tamanho, natureza ou origem, formada por
trituração ou outro tipo de ruptura mecânica de um material original sólido, suspensa ou
capaz de se manter suspensa no ar. Essas partículas geralmente têm formas irregulares
e são maiores que 0,5 µm
O local de deposição das partículas no sistema respiratório humano, Figura 1 depende
diretamente do tamanho das partículas:
ƒ
ƒ
ƒ
as inaláveis - partículas menores que 100 µm, são capazes de penetrar pelo nariz
e pela boca;
as torácicas - partículas menores que 25 µm, são capazes de penetrar além da
laringe;
as respiráveis - partículas menores que 10 µm, são capazes de penetrar na região
alveolar.
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As poeiras podem ser classificadas de várias formas. No entanto, a classificação quanto
ao tamanho da partícula, têm importância fundamental quando trata-se de poeira que
contem sílica, pois a avaliação do risco de se desenvolver silicose, depende da
quantidade de sílica livre cristalizada inalada e depositada na região dos bronquíolos
respiratórios e alvéolos pulmonares. Os fatores determinantes são: a concentração
atmosférica de fração respirável de poeira e seu teor de sílica livre cristalina, duração da
exposição do trabalhador e a suscetibilidade individual.
Efeitos tóxicos
Os efeitos tóxicos sobre o organismo humano devido a exposição à poeiras
contendo sílica livre cristalina dependem de uma série de variáveis:
ƒ
ƒ
tipo de exposição: composição da fração respirável, concentração de
poeira ambiental, concentração de sílica livre cristalina, outros minerais
presentes na fração respirável, tamanho da partícula e o tempo de
exposição;
tipo de resposta orgânica: integridade do sistema mucociliar e das
respostas imunológicas; concomitância de outras doenças respiratórias;
hiperreatividade brônquica.
O caminho que as partículas de poeira percorrem dentro do sistema
respiratório é constituído pelo nariz, boca, faringe, laringe, árvore
traqueobronquial e alvéolos pulmonares, e se depositam em diferentes regiões
dependendo do seu diâmetro aerodinâmico. Em situações normais, o aparelho
respiratório intercepta a maioria das partículas inaladas, através da ativação
dos mecanismos de defesa e restauração Entretanto, essa capacidade de autoproteção e reparo de danos tem um limite. Durante a exposição ocupacional, a
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deposição excessiva de poeira, provocada pela inalação freqüente e contínua
desse agente, causa diversos efeitos adversos dentro do aparelho respiratório.
Na região traqueobronquial a presença da poeira estimula um aumento na
produção de muco para auxiliar o trabalho de condução dos cílios ali existentes
na remoção das partículas. A estimulação prolongada das células e das
glândulas de secreção do muco pode induzir a hipertrofia dessas estruturas.
As partículas que penetram além do bronquíolo terminal são rapidamente
ingeridas por células chamadas macrófagos, cuja função é destruir material
estranho. Alguns dos macrófagos, com suas partículas ingeridas, são
transportados sobre a lâmina mucociliar. Outros macrófagos morrem,
liberando partículas, substâncias ativas e restos celulares, que são ingeridas
por novos macrófagos, e esse processo é repetido indefinidamente. A vida do
macrófago sob circunstâncias normais é medida em termos de semanas ou
talvez um mês ou mais. Sua vida é encurtada se a partícula ingerida é
especialmente tóxica, como é o caso da sílica livre cristalina, que devido às
suas propriedades de superfície, mata o macrófago em um período de horas ou
dias. Partículas de poeira que se alojam nos alvéolos estimulam o
recrutamento e acúmulo dos macrófagos nessa área provocando reações do
tecido pulmonar. Estudos têm demonstrado um aumento nos indicadores de
inflamação principalmente nos pulmões de pessoas silicóticas. A formação de
colágeno acompanha a inflamação prolongada ou crônica na maioria dos
órgãos do corpo. É uma parte da familiar formação de cicatriz nos tecidos, que
pode agir tanto sobre a pele como dentro do pulmão. A fibrose pulmonar é
uma seqüela comum da inflamação pulmonar crônica. Além disso, as células
do pulmão que estão em contato com o ar, possuem uma alta taxa de
reposição ou renovação, onde as células com a superfície parcialmente
danificada são rapidamente trocadas por células novas. Devido à rápida
regeneração das células do pulmão, há provavelmente maior vulnerabilidade
às alterações carcinogênicas pela presença da poeira. Com base em todas as
considerações anteriores, pode-se antecipar que a poeira depositada nos
pulmões pode induzir:
ƒ
ƒ
ƒ
ƒ
ƒ
ƒ
pequena ou nenhuma reação;
hiperprodução de muco e hipertrofia das glândulas de secreção de muco,
recrutamento de macrófagos;
proliferação crônica ou reação inflamatória;
fibrose;
câncer.
Câncer
A sílica livre cristalina inalada na forma de quartzo ou cristobalita a partir de
exposições ocupacionais é carcinogênica para humanos segundo a IARC
(International Agency for Research on Cancer), instituição ligada a
Organização Mundial da Saúde.
Um Grupo de Trabalho da IARC analisou uma série de estudos epidemiológicos
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realizados em diversos ramos de atividade tais como: mineração, extração e
trabalhos com granito, cerâmica, olaria, refratário, processos industriais com
terra diatomácea, fundição entre outros.
Nos estudos epidemiológicos que relacionavam silicose e risco de câncer de
pulmão verificou-se que um silicótico possui 1,5 a 6 vezes mais risco de
adquirir câncer de pulmão do que um não silicótico.
Em grande parte dos estudos o aumento do gradiente de risco foi observado
em relação a dose, a exposição cumulativa, a duração da exposição ou a
presença de silicose definida radiologicamente.
O Grupo de Trabalho concluiu que as evidências encontradas nestes estudos
foram suficientes para comprovar o aumento do câncer de pulmão a partir de
inalação de sílica livre cristalina resultante da exposição ocupacional.
Os mecanismos que induzem a formação do câncer provocado pela sílica livre
cristalizada ainda estão sendo estudados. Existe um número maior de
evidências demonstrando que o persistente processo de inflamação dos
pulmões gera substâncias oxidantes que resultam nos efeitos genotóxicos no
parênquima pulmonar.
Bibliografia
1. Algranti E, De Capitani E M, Bagatin E. Patologia do Trabalho Segundo
Aparelho Respiratório. In: Patologia do Trabalho. 2ª ed. São Paulo, SP.
Editora Atheneu. 1995.p.87-137.
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John E. Parker, editors. Occupational Lung Disease. Londres, GB.
Chapman & Hall 1998. p. 105-115.
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Banks and John E. Parker, editors. Occupational Lung Disease. cidade
pais Chapman & Hall 1998. p. 36-525.
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Lyon, France. 1997
6. Kirk Otmer. Encyclopedia of Chemical Tecnology. Sílica. Volume 21:
p 977-1005 Fourth Edition. A Willy Interscience Publication. John
Wiley&Sons. Inc. 1997.
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cristalizada realizada no laboratório de classificação de areia do Instituto
Folha 11 de 43
de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo S/A -IPT. Relatório
Técnico RT/02, Fundacentro, São Paulo, 1998.
10.
Vallyathan V, Shi X. The role of oxigen free radicals inoccupational
and environmental lung diseases. Environmental Health Perspectives.
Vol.105, Supplement 1 February 1997.
HAZARD PREVENTION AND CONTROL IN THE WORK ENVIRONMENT
AIRBORNE DUST
Este documento é destinado ao treinamento na prevenção da geração de
poeiras minerais e controle da sua disseminação nos locais de trabalho, de
uma forma didática, com conceitos atualizados
Exposição à Silica e Silicose
Este texto descreve dados epidemiológicos, formas de apresentação,
complicações e os instrumentos mais utilizados para o diagnóstico da doença.
Algumas referências bibliográficas relevantes são sugeridas para leitura
complementar
Medidas Básicas de Prevenção da exposição á poeira contendo Silica
livre cristalizada
O texto trata de medidas básica para prevenção e controle da exposição
ocupacional à sílica envolvendo controle na fonte, enclausuramento e
ventilação, práticas de trabalho e medidas pessoais.
ELIMINAÇÃO DA SILICOSE
A Silicose no Brasil - A Silíca - Eliminação da Silicose - Exposição à Silica no Brasil - Leis
sobre proibição do uso do Jato de Areia
A silicose é a mais antiga, mais grave e mais prevalente das doenças pulmonares
relacionadas à inalação de poeiras minerais, confirmando a sua importância na lista das
pneumoconioses. A descrição da doença já foi relatada há muitos séculos.
É uma doença pulmonar crônica e incurável, com uma evolução progressiva e irreversível
que pode determinar incapacidade para o trabalho, invalidez, aumento da suscetibilidade
à tuberculose e, com freqüência, ter relação com a causa de óbito do paciente afetado. É
uma fibrose pulmonar nodular causada pela inalação de poeiras contendo partículas finas
de sílica livre cristalina que leva de meses a décadas para se manifestar.
A Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC) da OMS considera a sílica
livre cristalina inalada como um cancerígeno do Grupo 1 (em situações experimentais e
em humanos).
Apesar de muito que se conhece sobre esta doença ocupacional, perfeitamente
prevenível, ainda no século XXI a silicose continua a matar trabalhadores em todo o
mundo. Milhares de novos casos são diagnosticados a cada ano em várias partes do
mundo com predominância nos países em desenvolvimento onde as atividades que
envolvem a exposição à sílica são muito freqüentes, destacando que em países
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desenvolvidos as pneumoconioses estão em franco declínio.
No Brasil a identificação de casos novos é epidêmica e a silicose é considerada a
principal doença ocupacional pulmonar, devido ao elevado número de trabalhadores
expostos à sílica e infelizmente não há uma estatística exata sobre os casos de doentes.
É responsável pela invalidez e morte de inúmeros trabalhadores em diversas atividades.
A doença que pode ser evitável, tem importância na agenda de organismos internacionais
relacionados à saúde e ao trabalho, como Organização Internacional do Trabalho- OIT e
Organização Mundial da Saúde - OMS, que em 1995 lançaram um programa conjunto de
eliminação global da silicose, com a ambiciosa intenção de diminuir drasticamente a sua
prevalência em âmbito mundial. Este programa visa, essencialmente, a aplicação dos
conhecimentos acumulados nas últimas décadas em ações de prevenção primária da
doença e busca promover a colaboração dos países membros para estabelecerem
medidas e programas que levem a eliminação dessa doença até 2030.
No período de 06 a 10 de novembro de 2000, a FUNDACENTRO, a Faculdade
Evangélica de Medicina do Paraná e a Fundação Oswaldo Cruz, com apoio da OIT e
OMS, além de inúmeras instituições governamentais e não governamentais realizaram o
Seminário Internacional sobre Exposição à Sílica - Prevenção e Controle. A realização do
Seminário foi uma iniciativa que veio ao encontro dos objetivos propostos pelo programa
internacional para a eliminação global da silicose, pois debateu questões pertinentes à
situação da doença no Brasil com enfoque para as medidas de prevenção e controle,
procurando identificar e difundir as formas e meios que essas ações e medidas possam
ser efetivamente aplicadas. (Anexo 1)
1.,Documento de referência.
2.Higienista Ocupacional, CIH*, Consultora, 26 ch.Colladon, 1209 Geneve, Suíça.
* Certificada pelo American Board of Industrial Hygiene.
3.Médico do Trabalho, Diretor de Saúde Ocupacional da PM de Curitiba, Prof. da Fac.
Evangélica do Paraná.
Riscos Ocupacionais
O risco de adquirir silicose depende basicamente de três fatores: concentração de poeira
respirável, porcentagem de sílica livre e cristalina na poeira e a duração da exposição.
As poeiras respiráveis são freqüentemente invisíveis a olho nu e são tão leves que podem
permanecer no ar por período longo de tempo. Essas poeiras podem também atravessar
grandes distâncias, em suspensão no ar, e afetar trabalhadores que aparentemente não
correm risco.
A poeira de sílica é desprendida quando se executa operações, tais como: cortar, serrar,
polir, moer, esmagar, ou qualquer outra forma de subdivisão de materiais que contenham
sílica livre e cristalina, como areia, concreto, certos minérios e rochas, jateamento de
areia e transferência ou manejo de certos materiais em forma de pó.
No Brasil as atividades que apresentam maior risco de se adquirir a silicose são:
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Industria extrativa ( mineração subterrânea e a céu aberto, perfuração de rochas e
outras atividades de extração, como pedreiras e beneficiamento de minérios e
rochas que contenham o mineral);
Fundição de ferro, aço ou outros metais onde se utilizam moldes de areia;
Cerâmicas onde se fabricam pisos, azulejos, louças sanitárias, louças domésticas
e outros;
Produção e uso de tijolos refratários (construção e manutenção de alto fornos);
Fabricação de vidros ( tanto na preparação como também no uso de jateamento de
areia usado para opacificação ou trabalhos decorativos);
Perfuração de rochas na construção de túneis, barragem e estradas;
Moagem de quartzo e outras pedras contendo sílica livre e cristalina;
Jateamento de areia (utilizado na industria naval, na opacificação de vidros, na
fundição, polimento de peças na industria metalúrgica e polimento de peças
ornamentais);
Execução de trabalho em marmoraria4 com granito, ardósia e outras pedras
decorativas.
Fabricação de material abrasivo.
Escavação de poços.
É importante destacarmos a Construção Civil, onde os trabalhadores podem estar
expostos a grande quantidade de poeiras finas de sílica em operações como talhar,
utilizar marteletes, perfurar, cortar, moer, serrar, movimentar materiais e carga,
trabalho de pedreiro, demolição, jato abrasivo de concreto (mesmo se a areia não
for usada como abrasivo), varredura a seco, limpeza de concreto ou alvenaria com
ar comprimido.
Outra operação que merece destaque é o jateamento com areia que oferece alto risco de
silicose e que vem apresentando os casos mais graves da doença no Brasil. É importante
notar que qualquer jato abrasivo, mesmo que o material abrasivo não contenha sílica,
pode oferecer o risco de silicose, se usado para remover materiais que contenham sílica,
como resquícios de moldes de areia em perfis metálicos.
Além disto, exposição a poeiras de sílica pode ocorrer em situações inesperadas como de
trabalhadores manuseando e consertando pneus, em locais onde o ar comprimido é
amplamente utilizado para limpar pneus e o chão das oficinas. Tem ocorrido casos em
trabalho de preparação de próteses usando "jatinho" de areia para trabalhar o material.
4.No Brasil o termo marmoraria é usado para locais onde se trabalha com vários tipos de
minerais e principalmente o granito que um dos grandes responsáveis pelos casos de
silicose nesta área.
Epidemiologia
O aparecimento da doença com incapacidade temporária ou permanente e/ou morte tem
sido constante nos países desenvolvidos e, mais ainda, nos países em desenvolvimento
onde se verifica freqüentemente a exposição excessiva a poeiras respiráveis, contendo
sílica livre e cristalina.
No Vietnam, a silicose é considerada uma das doenças ocupacionais mais prevalente e a
doença é uma das maiores causas de concessão de benefícios previdenciários aos
trabalhadores (90%). Dados recentes demonstram que o número de casos acumulados
Folha 14 de 43
até o momento é de aproximadamente 9.000 casos.
Na China, em 1990, houve o registro de aproximadamente 360.000 casos acumulados de
pneumoconioses. Durante o período de 1991-1995, a China documentou mais de 500.000
casos de silicose, com quase 6.000 casos novos ocorrendo a cada ano e mais de 24.000
mortes por ano, a maior parte entre trabalhadores idosos.
Na Índia, uma prevalência de silicose de 55% foi encontrada entre os trabalhadores,
muitos deles jovens, trabalhando em pedreiras de rochas sedimentárias de xisto, e com
atividade subsequente em locais pequenos e mal ventilados.
Estudos na Malásia demonstram uma prevalência de silicose de 25% em trabalhadores
de pedreiras e de 36% em trabalhadores fazendo lápides funerárias.
Nos EUA, estima-se que mais de 1 milhão de trabalhadores são ocupacionalmente
expostos a poeiras contendo sílica livre e cristalina e 100.000 desses trabalhadores
correm o risco de terem silicose. A cada ano, mais de 250 trabalhadores morrem de
silicose.
No Brasil a silicose também é uma das pneumoconioses de maior prevalência e o número
estimado de trabalhadores potencialmente expostos a poeiras contendo sílica é superior a
6 milhões, sendo 4 milhões na construção civil, 500.000 na mineração e garimpo e acima
de 2 milhões em indústrias de transformação de minerais, metalurgia, industria química,
da borracha, cerâmicas e vidro.
Observa-se uma acentuada tendência de aparecimento de casos novos, cujo significado
deve ser creditado mais ao aumento de diagnósticos decorrentes de busca ativa de
casos, que propriamente ao aumento do problema. As estimativas sobre prevalência da
silicose no Brasil sugerem existir no país, de 25 a 30 mil casos desta pneumoconiose.
(Mendes, 1978)
Estudos demonstram o seguinte quadro de prevalência:
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Pedreiras a céu aberto - 3,0%
Cerâmicas - 3,9%
Fundições - 4,5%
Industria Naval ( jateamento de areia) - 23,6%
Cavação de poços (Ceará , 1986-1989) - 27%
Em Minas Gerais foram diagnosticados como portadores de silicose mais de 4.500
trabalhadores, e calcula-se que exista cerca de 7.500 casos.
No Paraná, o Centro Metropolitano de Apoio à Saúde do Trabalhador CEMAST/SESA, desde 1996, registrou entre os casos confirmados, suspeitos e
óbitos, 142 ocorrências em trabalhadores de Curitiba e Região Metropolitana. Nos
últimos 3 anos foram registrados 59 casos de silicose com 10 óbitos. A mineração
apresenta o maior número de casos confirmados com 37 ocorrências sendo que 2
evoluíram para óbito. O jateamento de areia apresentou 17 casos confirmados e 16
suspeitos, sob investigação. Oito trabalhadores foram a óbito. Na fundição, funilaria
e cerâmica foram registrados 43 casos, sendo 5 confirmados e 38 em investigação.
3. Os dados incluídos no texto referem-se aos apresentados por diversos especialistas
durante o Seminário Internacional Sobre Exposição à Sílica realizado em Curitiba.
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Prevenção
A fim de prevenir a silicose deve ser evitada a exposição e a inalação de poeiras
respiráveis contendo a sílica livre e cristalina, através de tecnologias apropriadas de
prevenção primária, que visem:
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Evitar o uso de materiais que contenham sílica livre e cristalina;
Prevenir ou reduzir a formação de poeiras;
Evitar ou controlar a disseminação de poeiras no local de trabalho;
Evitar que os trabalhadores inalem a poeira.
A prevenção primária deve seguir a seguinte hierarquia de controle:
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Na fonte do risco (que deve ser a primeira escolha), por meio de medidas como:
* Substituição da areia, como abrasivo, por materiais menos perigosos;
* Utilização de materiais numa forma menos poeirenta;
* Modificação de processos de modo a produzir menos poeira;
* Utilização de métodos úmidos.
Na transmissão do risco ( entre a fonte e o receptor):
uma vez gerada a poeira, sua disseminação no local de trabalho deve ser evitada
ou controlada por meio de medidas como:
* Isolamento, enclausuramento de operações;
* Ventilação local exaustora;
* Limpeza nos locais de trabalho.
No trabalhador:
* Utilização de proteção respiratória de boa qualidade, eficiente, que se adapte ao
rosto do trabalhador, e bem utilizada dentro de um programa que inclua
manutenção, higienização e reposição de filtros.
Outra estratégia preventiva de grande importância consiste em promover a disseminação
das informações aos trabalhadores e empregadores sobre os riscos da exposição à sílica
e as medidas de prevenção e controle do ambiente de trabalho bem como as medidas de
higiene pessoal.
A vigilância epidemiológica é também importante pois pode detectar precocemente os
casos e é um complemento indispensável à prevenção primária.
Dificuldades
Como podemos observar a Silicose é uma doença perfeitamente prevenível. Existe
tecnologia e métodos disponíveis para evitá-la e há interesse mundial em buscar a sua
eliminação.
Entretanto enfrentamos, nas diversas partes do mundo, inúmeras dificuldades para se
conseguir êxito no controle da doença:
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Falta de prevenção primária nos locais de trabalho;
Falhas nas legislações de alguns países;
Recursos humanos e financeiros insuficientes ou inadequados;
Falta de qualificação apropriada dos profissionais que atuam na área;
Dificuldades para se alcançar as pequenas empresas e o setor informal;
Enfoques preventivos inadequados com programas "preventivos" baseados
principalmente em vigilância e serviços médicos com ênfase maior na detecção de
casos precoces do que na prevenção da sua ocorrência;
Bloqueio da ação preventiva por não ser possível avaliação quantitativa;
Falhas na prevenção e controle dos riscos ocupacionais: falta de ação preventiva
antecipada e falta de trabalho multidisciplinar;
Falta de programas de prevenção e controle bem planejados, bem gerenciados e
sustentáveis.
Pelas experiências em outros países, um importante fator de auxílio na ação preventiva é
a vontade política para se resolver o problema. Um aspecto que influencia negativamente
a vontade política é a deficiência nas estatísticas de silicose e outras doenças
profissionais em geral, resultado de dificuldades de diagnóstico da doença e problemas
de notificação, particularmente nas pequenas empresas, na mineração e na indústria da
construção onde muitos trabalhadores não são devidamente registrados, levando a uma
visão fragmentária e parcial do problema.
Medidas necessárias para eliminar a Silicose
A fim de atingir o objetivo de eliminar a silicose, as seguintes etapas são essenciais:
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conscientização quanto ao problema da silicose e sua magnitude, bem como
vontade política, motivação e compromisso (em todos os níveis) para resolve-lo;
elaboração e implementação de uma política nacional, acompanhada de um plano
de ação que inclua programas de prevenção e controle eficientes nos locais de
trabalho com risco, a fim de evitar exposição ao agente etiológico (ou seja poeiras
contendo sílica livre e cristalina), bem como vigilância ambiental e epidemiológica.
Para isto são necessárias várias ações:
A. Promover a conscientização e a vontade política para o estabelecimento e
implementação de políticas e programas adequados
Os conhecimentos quanto a silicose e sua prevenção existem, porém não estão
suficientemente disseminados. Muitas pessoas que poderiam desempenhar um papel
importante na sua prevenção, inclusive os trabalhadores, não tem todo o conhecimento
necessário.
É importante promover a difusão da informação com instrumentos eficientes que alcance
o maior número possível de pessoas. Como ponto de partida é necessário reconhecer e
aceitar que existe um problema, compreender a natureza do risco e a importância de
prevenir a exposição a poeiras contendo sílica livre e cristalina.
B.Suprir as deficiências nas estatísticas de silicose
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Segundo estimativa da OPAS: "... na América Latina, os casos notificados de doenças
profissionais totalizam apenas 1- 5% dos casos que realmente ocorrem" (OPAS/OMS,
1998). No caso da silicose existe muita sub-notificação e, portanto deve-se melhorar o
diagnóstico e a notificação da doença, a fim de obter e divulgar estatísticas mais exatas,
que são essenciais para se alcançar os resultados esperados na prevenção da doença. A
promoção de estudos e pesquisas sobre a magnitude do problema e a elaboração de um
programa de capacitação profissional deverão ser também prioritárias.
C. Prevenção e controle de exposição a poeiras nos locais de trabalho
Já existem soluções preventivas eficazes para eliminar ou reduzir a exposição a poeiras,
e também existem conhecimentos científicos e tecnológicos que permitem projetar novas
soluções, bem como modelos para programas e sua gestão. Porém, a aplicação de
conhecimentos teóricos em soluções práticas e realistas deve ser melhorada, e as
práticas bem sucedidas, e os benefícios resultantes, devem ser mais amplamente
disseminados.
É também necessário:
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dedicar mais recursos à prevenção primária das exposições ocupacionais;
promover pesquisas aplicadas para encontrar soluções eficientes e pragmáticas;
seguir enfoques preventivos adequados;
desenvolver mecanismos para alcançar pequenas empresas, indústria da
construção e o setor informal;
As medidas preventivas devem ser integradas em programas de prevenção e controle
eficientes e que sejam bem planejados, gerenciados e sustentáveis. Devem ser também
multidisciplinares e incluir a comunicação de risco e a educação, bem como vigilância
ambiental e epidemiológica.
D. Desenvolvimento de recursos humanos
O desenvolvimento de recursos humanos é essencial tanto para avaliar a magnitude do
problema (incluindo diagnóstico adequado e avaliações ambientais) como para preveni-lo,
o que requer conhecimentos técnicos dos princípios de controle, implementação de
estratégias e programas de controle eficazes.
Quanto a recursos humanos, em geral, é necessário:
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identificar as necessidades e recursos existentes;
planejar cursos para tomadores de decisão (governo, empregadores e
trabalhadores), bem como comunicação de risco (para trabalhadores);
promover capacitação especializada de profissionais de saúde ocupacional
(inclusive para "formar formadores");
preparar materiais educativos para diferentes níveis.
A fim de promover o espírito de trabalho multidisciplinar, é recomendável fazer alguns
cursos comuns para os diferentes profissionais de saúde ocupacional.
Comentários Finais
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Concluindo, para que a eliminação da silicose tenha êxito, é necessário:
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Estabelecer uma Política Nacional;
Vontade política com motivação e compromisso em todos os níveis: governamental
(nacional e local) e nas empresas, com compromisso dos trabalhadores e
empregadores;
Desenvolver um plano com enfoque intersetorial que possibilite uma parceria com
todos os órgãos e instituições, governamentais ou não, que tenham relação com o
problema;
Buscar a parceria com organismos e outras organizações científicas de diversas
partes do mundo;
Promover, de modo continuado, a difusão de informações a trabalhadores e
empregadores sobre os riscos da exposição à sílica e sobre as medidas de
prevenção da doença;
Promover o desenvolvimento de recursos humanos com capacidade para o
enfrentar e resolver o problema;
Desenvolver programas preventivos eficientes e multidisciplinares, com
sustentação política, sólida base técnica e um bom gerenciamento;
Avaliar continuamente os programas preventivos, incluindo a vigilância ambiental e
a vigilância da saúde nos trabalhadores expostos;
Desenvolver pesquisas adequadas que ofereçam soluções viáveis técnica e
financeiramente;
Promover uma intensa campanha de divulgação quanto à existência do problema,
às medidas preventivas apropriadas, como também disponibilizar o acesso à
informação em todos os níveis.
Cooperação Internacional
Agencias internacionais podem contribuir para o desenvolvimento de programas
nacionais, pois trazem uma visão global dos problemas, podem promover e facilitar
intercâmbios de conhecimentos e experiências (assim contribuindo para evitar duplicação
de esforços e desperdício de recursos), podem orientar e facilitar o desenvolvimento de
recursos humanos e infra-estruturas adequadas. Porém o problema só pode ser resolvido
a nível de cada país.
Ação Internacional para eliminação da Silicose A magnitude do problema que vem se
apresentando no mundo, fez com que o assunto adquirisse destaque na agenda conjunta
da OIT e da OMS culminando em 1995 com o lançamento do "Programa Internacional da
OIT/OMS para eliminação global da Silicose"
O objetivo do Programa Conjunto é promover o desenvolvimento de Programas Nacionais
de eliminação da silicose que consiga reduzir significativamente as taxas de incidência da
doença até o ano 2010, e eliminar a silicose como problema de saúde pública até o ano
2030.
Os princípios da ação do Programa Conjunto OIT/OMS são:
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Formulação de planos de ações regionais, nacionais e globais;
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Mobilização de recursos para aplicação de prevenção primária e secundária;
Vigilância epidemiológica;
Monitorização e avaliação de resultados;
Fortalecimento dos recursos e competências nacionais necessários para o
estabelecimento de programas nacionais;
Este programa internacional dependerá em grande parte da cooperação entre países,
tanto industrializados como em vias de desenvolvimento, organizações internacionais e
ONGs. Em nível nacional é importante promover a cooperação entre agências
governamentais, organizações de empregadores e trabalhadores, profissionais de
Segurança e Saúde no Trabalho, a fim de construir uma infra-estrutura sólida nos países,
para prevenir e controlar a exposição a poeiras de sílica, e assim prevenindo a silicose.
O Programa Conjunto visa ainda promover a vontade política e compromisso,
colaboração intersetorial, programas de capacitação e disseminação de informação neste
campo, educação dos trabalhadores e comunicação de risco e a harmonização de
critérios de diagnóstico, utilizando a Classificação Internacional de Radiografias da OIT, a
fim de melhorar a detecção precoce da silicose e facilitar comparações epidemiológicas.
PROGRAMA NACIONAL
O Programa Conjunto OIT/OMS aconselha que os programas nacionais sejam
desenvolvidos integrando os itens citados, e incluindo outras ações como:
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Promover a análise do contexto sócio econômico;
Identificar os grupos de trabalhadores mais expostos;
Definir as estratégias preventivas;
Buscar o envolvimento de todos os parceiros na implementação do programa;
Promover a consulta e cooperação tripartite;
Buscar apoio institucional para a implementação;
Estabelecer critérios para monitorização e avaliação do programa;
Identificar as normas nacionais e estabelecer os "links" com normas internacionais;
Estabelecer estreita relação com a proteção ambiental.
O Programa Nacional deve ser acompanhado de um Plano de Ação Nacional que
contenha as ações necessárias para atingir as metas estabelecidas no Programa em
termos de cooperação interinstitucional e recursos financeiros e humanos.
O Plano de Eliminação da Silicose, devido ao seu componente de formação em
diagnóstico, poderá contribuir para avaliar a magnitude de todas as outras
pneumoconioses, como também poderá, devido ao seu componente de prevenção
primária, contribuir para eliminar outras doenças ocupacionais resultantes da exposição a
poeiras.
Certamente contribuirá para conscientizar, capacitar e educar quanto a enfoques
sistemáticos e gerenciais de programas mais abrangentes de prevenção de riscos
ocupacionais e para promover enfoques multidisciplinares e intersetoriais.
O ponto de partida para a definição do Plano Brasileiro de Eliminação da Silicose deverá
ser o relatório do Seminário Internacional sobre Exposição à Sílica realizado em Curitiba
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no mês de novembro de 2000. (Anexo 1)
O Programa Nacional, intersetorial e multidisciplinar, deve ser elaborado com uma ampla
colaboração e coordenação em nível nacional que buscará a participação de todos os
atores diretamente envolvidos com a questão.
Clique nos links para ver o anexo na íntegra.
Anexo 1
Seminário Internacional Sobre Exposição á Sílica
"Prevenção e Controle"
Curitiba - 06 a 10 de Novembro de 2000
Anexo 2
Relatório da reunião de apresentação dos resultados do Seminário Internacional sobre
Exposição á Sílica, realizada em Brasília, no dia 12 de dezembro de 2000 na sede da
Organização Internacional do Trabalho.
Anexo 3
Relatório das atividades da Oficina de Trabalho sobre o Programa Nacional de Eliminação
da Silicose, realizada em Brasília, nos dias 12 e 13 de dezembro de 2001.
Anexo 4
Reunião das Entidades de Governo, Brasília, 26/03/2002.
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Anexo 1
Seminário Internacional Sobre Exposição á Sílica
"Prevenção e Controle"
Curitiba - 06 a 10 de Novembro de 2000
No período de 06 a 10 de novembro de 2000 realizou-se, em Curitiba, o Seminário
Internacional sobre Exposição à Sílica - Prevenção e Controle, com participação de
especialistas do Brasil e do exterior que apresentaram as suas experiências nos diversos
aspectos relacionados ao tema.
Durante toda essa semana, a imprensa noticiou informações que certamente alertaram a
população sobre o grave problema que os trabalhadores expostos à sílica vêm
enfrentando, prejudicando a sua sobrevivência, sua qualidade de vida, a sua família e a
sua contribuição sócio-econômica. Temos certeza que muitos foram sensibilizados e
agora sabem que este é um problema que tem solução, desde que tenhamos uma
vontade política para enfrentá-lo.
É o momento de elaborarmos um plano de ação abrangente, que inclua os diferentes
aspectos relacionados à prevenção e controle de situações de exposição à sílica, que
consiga promover, dentro de um prazo realista, a gradual eliminação da silicose e suas
conseqüências.
Este objetivo é perfeitamente viável, levando em consideração a experiência internacional
e nacional acumuladas nos últimos anos, o engajamento solidário dos representantes de
governo, trabalhadores e empregadores além das instituições internacionais como a OIT
e OMS.
No decorrer do seminário uma série de propostas foram apresentadas pelos participantes
do evento que estão condensadas em três itens:
1- Políticas Governamentais e Legislação
2- Formação/Capacitação e Informação;
3- Estudos e Pesquisas.
Neste momento estas propostas deverão ser debatidas pela Comissão Organizadora do
Seminário junto aos órgãos de governo competentes e encaminhadas a todos os
participantes do evento.
1. POLÍTICAS GOVERNAMENTAIS E LEGISLAÇÃO
Outro mecanismo de prevenção e controle da silicose a ser considerado é uma
Legislação que busque a proteção dos trabalhadores expostos à sílica e que promova a
substituição, sempre que possível, dos produtos perigosos por outros menos agressivos.
Portanto, para se viabilizar um Programa de Eliminação da Silicose, é necessário que se
atualize a legislação brasileira, bem como se estabeleça uma política nacional que reflita
uma ação integrada e eficaz de todos os atores sociais envolvidos diretamente com a
questão..
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Algumas iniciativas, com relação à legislação, já estão sendo tomadas por estados e
municípios a respeito do assunto e outras estão sendo sugeridas neste documento:
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Apresentar ao Congresso Nacional de um projeto de Lei que proíba o uso do
jateamento de areia em todo o território nacional, substituindo por outros produtos
menos agressivos à saúde do trabalhador.
Ratificar e apoiar as medidas já tomadas por estados e municípios a respeito do
tema como a Lei do Estado do Rio de Janeiro e a Resolução nº 1076/97 da
Secretaria da Saúde do Estado do Paraná que proíbe a utilização do jateamento de
areia .
Aperfeiçoar a legislação a respeito da proibição do uso de equipamentos ou
processos de trabalho que utilizam materiais ou produtos perigosos e que tem
comprovação de serem cancerígenos.
Adequar a legislação quanto a exigência dos fabricantes de equipamentos
utilizados na área de risco da silicose (perfuratrizes e jateamento) implantarem os
dispositivos de segurança e proteção coletiva.
Incluir na legislação, em caso de acidente, a responsabilidade do fabricante e
proprietário dos equipamentos utilizados.
Elaborar uma legislação de arcabouço para a questão dos produtos cancerígenos
utilizados nos locais de trabalho.
Revisar os limites para poeira contendo sílica livre cristalina (anexo 12 da NR 15)
considerando este agente químico como cancerígeno.
Com relação às políticas governamentais é necessário que se estabeleça uma proposta
que se incorpore a uma política de estado, que garanta a plenitude da integração das
ações dos diversos organismos de governo, que possa contemplar a importante
participação das agências e organismos internacionais como também garantir a
participação dos empregadores, trabalhadores no planejamento e execução dos projetos.
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Elaborar um Programa Nacional de Eliminação da Silicose que integre as ações
institucionais, principalmente das áreas Saúde, Trabalho e Previdência, garantindo
que em seus projetos estratégicos contemple a questão da eliminação da
SILICOSE e que considere a possibilidade da contribuição da Organização Mundial
da Saúde, Organização Internacional do Trabalho, convênios de cooperação
técnica com outros países como, por exemplo, a Itália e ainda a participação dos
demais atores sociais envolvidos na questão .
Criar uma instância supra-institucional (ou supra estatal) sem fins lucrativos, com
controle social com o objetivo de viabilizar ações de controle e eliminação da
silicose. A instância trabalhará no sentido de planejar e desenvolver ações de
pesquisa e de formação com apoio dos organismos de governo responsáveis pela
área de segurança e saúde do trabalhador. Buscará recursos técnicos e financeiros
de organismos nacionais e internacionais bem como do setor empresarial que
manipula o produto ou outros que decidirem aderir ao projeto.
Extender as ações de prevenção e controle da Silicose do Programa de Saúde do
Trabalhador do Ministério da Saúde para todos os estados brasileiros,
intensificando os investimentos na implantação dos serviços de vigilância e
assistência à saúde dos trabalhadores nos estados e municípios.
Ratificar a necessidade de implantar um sistema de informação sobre acidentes de
trabalho e doenças profissionais tornando esses eventos de notificação obrigatória,
em nível nacional, independente de haver vínculo empregatício.
Criar por meio dos órgãos públicos a implantação de um cadastro das empresas
que geram ou utilizam sílica, com dados disponíveis à sociedade.
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Discutir em comissão tripartite, em nível nacional, todo o processo legal relativo a
Insalubridade, Legislação e Limite de Exposição relacionado à sílica e também as
ações de eliminação a serem desenvolvidas pelos diversos setores e atores
sociais.
Estabelecer contatos com os demais países do MERCOSUL e da América Latina
para se incorporarem a proposta de eliminação da silicose, promovendo seminários
semelhantes ao realizado em Curitiba com objetivo de fomentar a ação conjunta .
Disponibilizar os dados do INSS relativos à doença e facilitar o seu acesso.
Proceder estudos para revisão da definição do conceito de Doença do Trabalho
adotado pelo INSS.
2. INFORMAÇÃO E FORMAÇÃO/CAPACITAÇÃO
Uma das medidas de prevenção de acidentes ou doença relacionados ao trabalho se
fundamenta em promover a informação aos trabalhadores e empregadores sobre os
riscos presentes nos locais de trabalho e a capacitação dos profissionais que atuarão na
segurança e saúde dos trabalhadores.
As conclusões do SEMINÁRIO SOBRE EXPOSIÇÃO À SÍLICA apontam para algumas
estratégias de práticas educativas que foram sugeridas pelos participantes:
2.1 DIFUSÃO DA INFORMAÇÃO
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Promover uma Campanha Nacional de difusão da informação sobre os riscos da
sílica à saúde dos trabalhadores e as medidas adequadas de prevenção e controle
da sua utilização. A Campanha deverá atingir os trabalhadores e empregadores
dos setores que fazem utilização da sílica em seus processos de trabalho
elaborando documentos educativos e de esclarecimentos sobre os riscos e a
doença bem como os meios e estratégias que devem ser adotadas para sua
prevenção. As pequenas e médias empresas deverão ser priorizadas nesta
campanha devido ao elevado número de casos graves identificados e ao seu baixo
poder de investimento nas questões de segurança e saúde no trabalho.
Divulgar os resultados do seminário na mídia como mecanismo de sensibilização e
divulgação das intenções como também de esclarecimento sobre o assunto.
2.2 SITE NA INTERNET
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Criar um SITE NA INTERNET sobre ELIMINAÇÃO DA SILICOSE como
mecanismo de difusão e atualização das informações a respeito da silicose e das
medidas que estão sendo adotadas em nível nacional e local para o seu controle e
eliminação.
Disponibilizar banco de dados com resultados obtidos nos estudos e pesquisas de
casos sobre medidas, estratégias eficazes e soluções práticas para prevenir e
controlar exposição de trabalhadores a poeiras atmosféricas.
Estabelecer links com diversas instituições nacionais e internacionais que possuam
informações técnicas e científicas relativas à exposição à sílica e silicose, como a
biblioteca virtual da OPAS.
2.3 CAPACITAÇÃO TÉCNICA
Elaborar um Programa de Capacitação de Profissionais que atuam na área de segurança
e saúde do trabalhador voltados para:
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Médicos que prestam atendimento aos trabalhadores expostos à sílica,
promovendo a sua atualização no diagnóstico clínico e laboratorial da doença com
ênfase para o treinamento de leitura radiológica da pneumoconioses pelos padrões
da OIT.
Engenheiros do Trabalho, Higienistas Ocupacionais, Técnicos de Segurança do
Trabalho e outros, na atualização das estratégias técnicas a serem adotadas na
prevenção e controle da silicose.
A primeira etapa do Programa deve contemplar a identificação das necessidades da área
e também identificar os recursos existentes para serem posteriormente complementados
com outras propostas.
Os cursos deverão ser programados para atender as necessidades de todos os
profissionais envolvidos com o problema, devendo ter momentos em que as sessões
serão conjuntas e outras especializadas com objetivo de criar a cultura do trabalho em
equipe multidisciplinar.
3. ESTUDOS E PESQUISAS
Outro mecanismo de fundamental importância para a prevenção e controle da silicose é a
promoção de estudos e pesquisa sobre os efeitos da sílica e principalmente dos
mecanismos que poderão proteger o trabalhador. Estes mecanismos incluem desde a
utilização de novas tecnologias de proteção coletiva e individual até à proposta de novos
produtos alternativos que venham a apresentar menos perigo a saúde e segurança do
trabalhador. Portanto deve-se ter um investimento nesta área para que se disponibilize à
sociedade os resultados que venham contribuir para a ELIMINAÇÃO DA SILICOSE.
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Realizar estudos técnico-epidemiológicos, com as fontes de informação existentes
que contribuam para a elaboração de programas estratégicos.
Elaborar um Banco Nacional de Expostos, que cadastre os trabalhadores quanto
as suas funções e exposições que permita o desenvolvimento de programas de
vigilância e controle.
Desenvolver ações no sentido de fortalecer a questão da segurança do produto, ou
seja, deve ser produzido e comercializado sem que possa trazer risco à saúde e/ou
integridade física do trabalhador.
Elaborar de um roteiro mínimo para o reconhecimento de risco e avaliação qualiquantitativa de ambientes de trabalho com sílica.
Promover estudos e pesquisas sobre substitutos da sílica nos diversos processos
de trabalho.
Promover estudos e pesquisa sobre medidas e estratégias eficazes que evite ou
controle a exposição de trabalhadores a poeiras atmosféricas.
Anexo 2
Relatório da reunião de apresentação dos resultados do Seminário Internacional
sobre Exposição á Sílica, realizada em Brasília, no dia 12 de dezembro de 2000 na
sede da Organização Internacional do Trabalho.
Participantes:
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Armand Pereira - OIT/BRASIL
Folha 25 de 43
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Alcinéia M. dos Anjos Santos - FUNDACENTRO
Ana Maria Tibiriçá Bom - FUNDACENTRO
Beatriz Cunha - OIT/BRASIL
Berenice Goelzeer - OMS/GENEBRA
Ciro Varejão - MPAS
Eduardo Algranti - FUNDACENTRO
Gilson Lucio Rodrigues - FUNDACENTRO
Jacinta de Fátima Sena da Silva - COSAT/MS
Jacira Cancio - OPAS/OMS/BRASIL
Lenio Sérvio Amaral - FUNDACENTRO
Luiz Carlos Fadel - COSAT/MS
Néri Alcioly - OIT/BRASIL
Mário Bonciani - DSST/MTE
Zuher Handar - FACULDADE EVANGÉLICA DO PARANÁ
Pauta:
1. Abertura pelo Dr. Armand Pereira - Diretor da OIT no Brasil
2. Apresentação da proposta de Programa Conjunto OIT/OMS para Eliminação da
Silicose pela Dra. Berenice Goelzer da OMS Genebra
3. Apresentação do relatório do Seminário de Curitiba pelo Dr. Zuher Handar como
representante da Comissão Organizadora do evento.
4. Comentários e Debates dos participantes:
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Magnitude do Problema
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Custo-Benefício
•
•
•
•
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Necessidade de se estimar a real magnitude do problema.
Identificar dados estatísticos disponíveis ou recomendar pesquisa junto a
Universidades e Institutos de Pesquisas.
Buscar mais informações sobre o assunto e sobre o problema no Brasil e
criar um banco de dados sobre a exposição à sílica e silicose.
Gestão junto ao INSS/DATAPREV para atualização dos dados estatísticos
sobre a doença.
Avaliar o custo do Programa de Eliminação da Silicose, estabelecendo a
relação do custo-benefício entre o investimento no Programa e o custo dos
casos que vem acontecendo.
Levantar os custos da Previdência Social com os casos notificados ou que
geram o benefício.
Identificar os custos com benefícios, tratamento e internação hospitalar com
silicóticos.
Estimar os custos sociais para as famílias dos doentes.
Ações em andamento
•
Comitê de Doenças Pulmonares Ocupacionais no Ministério da Saúde com
ações em Silicose e Asbestose
Folha 26 de 43
•
•
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Parceria
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•
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•
•
•
Promover uma ampla divulgação de materiais educativos já existentes como
o manual do Trabalhador/FUNDACENTRO.
Promover uma Campanha Nacional de Eliminação da Silicose utilizando os
meios de comunicação.
Promover a divulgação sobre a sílica e silicose por setores econômicos e
nos sindicatos envolvidos e em eventos.
Criar uma site na internet.
Disponibilizar textos já existentes, como os da OMS sobre silicose, através
dos sites de diversas instituições correlatas.
Programa Nacional de Eliminação da Silicose
•
•
•
•
ƒ
Convidar outros atores sociais envolvidos com a questão e estabelecer a
parceria na elaboração e execução do Plano Nacional: representantes dos
trabalhadores, dos empregadores, órgãos de governo, Ministério Público,
Universidades, Instituições de Treinamento
Realizar a Oficina de Trabalho com a participação dos trabalhadores e
empregadores para apresentação do relatório dos resultados do Seminário e
a proposta da elaboração do Programa Nacional de Eliminação da Silicose
Divulgação
•
ƒ
Ações que vem sendo executada pela FUNDACENTRO e DSST/MTEM
Identificar as ações que vem sendo desenvolvidas em diversas partes do
país e criar o banco de dados dessas experiências.
Definir uma estratégia inter-institucional de articulação, que contemple a
participação de organismos de governo e não governamentais para
elaboração de uma planejamento que integre as ações de estado e
sociedade, definindo responsabilidades, metas e cronograma de execução.
Organizar um Núcleo de coordenação do projeto sob a coordenação da
OIT/OMS que dará assessoria na elaboração e acompanhamento da
execução do Programa. Esse Núcleo contará com um Grupo Assessor
OIT/OMS e um Conselho Consultivo Executivo formado pelos
representantes de governo e representantes dos atores sociais diretamente
envolvidos
Criação do Núcleo provisório de coordenação formado pelas instituições
presentes e a comissão organizadora do Seminário de Curitiba.
Elaboração de um documento de referência para que OIT e OMS, apresente
ao governo brasileiro a proposta do Programa Nacional de Eliminação da
Silicose
Encaminhamentos Imediatos
•
Oficializar ao Governo Brasileiro a proposta de um Programa Nacional para
Eliminação da Silicose em cooperação com o Programa Conjunto OIT/OMS.
Folha 27 de 43
•
•
•
•
Criação do Núcleo Provisório de Coordenação
Promover a Oficina de Trabalho com trabalhadores, empregadores e outros
parceiros para definição da estratégia de elaboração do Programa.
Elaborar documento de referência sobre a proposta.
Criar o site sobre silicose.
Folha 28 de 43
Anexo 2
Relatório da reunião de apresentação dos resultados do Seminário Internacional
sobre Exposição á Sílica, realizada em Brasília, no dia 12 de dezembro de 2000 na
sede da Organização Internacional do Trabalho.
Participantes:
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Armand Pereira - OIT/BRASIL
Alcinéia M. dos Anjos Santos - FUNDACENTRO
Ana Maria Tibiriçá Bom - FUNDACENTRO
Beatriz Cunha - OIT/BRASIL
Berenice Goelzeer - OMS/GENEBRA
Ciro Varejão - MPAS
Eduardo Algranti - FUNDACENTRO
Gilson Lucio Rodrigues - FUNDACENTRO
Jacinta de Fátima Sena da Silva - COSAT/MS
Jacira Cancio - OPAS/OMS/BRASIL
Lenio Sérvio Amaral - FUNDACENTRO
Luiz Carlos Fadel - COSAT/MS
Néri Alcioly - OIT/BRASIL
Mário Bonciani - DSST/MTE
Zuher Handar - FACULDADE EVANGÉLICA DO PARANÁ
Pauta:
1. Abertura pelo Dr. Armand Pereira - Diretor da OIT no Brasil
2. Apresentação da proposta de Programa Conjunto OIT/OMS para Eliminação da
Silicose pela Dra. Berenice Goelzer da OMS Genebra
3. Apresentação do relatório do Seminário de Curitiba pelo Dr. Zuher Handar como
representante da Comissão Organizadora do evento.
4. Comentários e Debates dos participantes:
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Magnitude do Problema
•
•
•
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ƒ
Necessidade de se estimar a real magnitude do problema.
Identificar dados estatísticos disponíveis ou recomendar pesquisa junto a
Universidades e Institutos de Pesquisas.
Buscar mais informações sobre o assunto e sobre o problema no Brasil e
criar um banco de dados sobre a exposição à sílica e silicose.
Gestão junto ao INSS/DATAPREV para atualização dos dados estatísticos
sobre a doença.
Custo-Benefício
•
Avaliar o custo do Programa de Eliminação da Silicose, estabelecendo a
relação do custo-benefício entre o investimento no Programa e o custo dos
casos que vem acontecendo.
Folha 29 de 43
•
•
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Ações em andamento
•
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•
Convidar outros atores sociais envolvidos com a questão e estabelecer a
parceria na elaboração e execução do Plano Nacional: representantes dos
trabalhadores, dos empregadores, órgãos de governo, Ministério Público,
Universidades, Instituições de Treinamento
Realizar a Oficina de Trabalho com a participação dos trabalhadores e
empregadores para apresentação do relatório dos resultados do Seminário e
a proposta da elaboração do Programa Nacional de Eliminação da Silicose
Divulgação
•
•
•
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ƒ
Comitê de Doenças Pulmonares Ocupacionais no Ministério da Saúde com
ações em Silicose e Asbestose
Ações que vem sendo executada pela FUNDACENTRO e DSST/MTEM
Identificar as ações que vem sendo desenvolvidas em diversas partes do
país e criar o banco de dados dessas experiências.
Parceria
•
ƒ
Levantar os custos da Previdência Social com os casos notificados ou que
geram o benefício.
Identificar os custos com benefícios, tratamento e internação hospitalar com
silicóticos.
Estimar os custos sociais para as famílias dos doentes.
Promover uma ampla divulgação de materiais educativos já existentes como
o manual do Trabalhador/FUNDACENTRO.
Promover uma Campanha Nacional de Eliminação da Silicose utilizando os
meios de comunicação.
Promover a divulgação sobre a sílica e silicose por setores econômicos e
nos sindicatos envolvidos e em eventos.
Criar uma site na internet.
Disponibilizar textos já existentes, como os da OMS sobre silicose, através
dos sites de diversas instituições correlatas.
Programa Nacional de Eliminação da Silicose
•
•
Definir uma estratégia inter-institucional de articulação, que contemple a
participação de organismos de governo e não governamentais para
elaboração de uma planejamento que integre as ações de estado e
sociedade, definindo responsabilidades, metas e cronograma de execução.
Organizar um Núcleo de coordenação do projeto sob a coordenação da
OIT/OMS que dará assessoria na elaboração e acompanhamento da
execução do Programa. Esse Núcleo contará com um Grupo Assessor
OIT/OMS e um Conselho Consultivo Executivo formado pelos
representantes de governo e representantes dos atores sociais diretamente
envolvidos
Folha 30 de 43
•
•
ƒ
Criação do Núcleo provisório de coordenação formado pelas instituições
presentes e a comissão organizadora do Seminário de Curitiba.
Elaboração de um documento de referência para que OIT e OMS, apresente
ao governo brasileiro a proposta do Programa Nacional de Eliminação da
Silicose
Encaminhamentos Imediatos
•
•
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Oficializar ao Governo Brasileiro a proposta de um Programa Nacional para
Eliminação da Silicose em cooperação com o Programa Conjunto OIT/OMS.
Criação do Núcleo Provisório de Coordenação
Promover a Oficina de Trabalho com trabalhadores, empregadores e outros
parceiros para definição da estratégia de elaboração do Programa.
Elaborar documento de referência sobre a proposta.
Criar o site sobre silicose.
Folha 31 de 43
Anexo 3
Relatório das atividades da Oficina de Trabalho sobre o Programa Nacional de
Eliminação da Silicose,
realizada em Brasília, nos dias 12 e 13 de dezembro de 2001.
Local de realização:
Sede da Organização Internacional do Trabalho - OIT
Promoção:
Núcleo Provisório de Implantação do Programa Nacional de Eliminação da Silicose:
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Organização Internacional do Trabalho
Organização Pan-americana de Saúde
Ministério do Trabalho e Emprego
Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho
FUNDACENTRO
Ministério da Saúde
Coordenação de Saúde do Trabalhador
FIOCRUZ
Ministério da Previdência e Assistência Social
Introdução
Em novembro de 2000 realizou-se, em Curitiba, o Seminário Internacional sobre
Exposição à Sílica - Prevenção e Controle, com participação de especialistas do Brasil e
do exterior que apresentaram as suas experiências nos diversos aspectos relacionados
ao tema. Durante o evento foram difundidas informações que alertaram a sociedade sobre
o grave problema que os trabalhadores expostos à sílica vêm enfrentando, prejudicando a
sua saúde e qualidade de vida, afetando a sobrevivência de sua família, bem como
gerando um alto custo sócio-econômico para o país. Em dezembro do mesmo ano foi
realizada em Brasília, na sede da OIT, uma reunião entre as instituições governamentais
e os organismos internacionais com objetivo de se elaborar um Plano Nacional de
Eliminação da Silicose, justamente por se entender que este problema tem solução e que
isto é viável. Como resultado da reunião instituiu-se um Núcleo Provisório de
Coordenação do Plano formado pelos Organismos Internacionais, OIT e OPAS/OMS, e
pelos órgãos governamentais: Ministério do Trabalho - DSST e Fundacentro, Ministério da
Saúde e Ministério da Previdência e Assistência Social. Algumas ações foram
desenvolvidas desde aquela data e agora é o momento de elaborarmos um plano de ação
mais abrangente, que inclua os diferentes aspectos relacionados à prevenção e controle
de situações de exposição à sílica, que consiga promover, dentro de um prazo realista, a
gradual eliminação da silicose e suas conseqüências. Este objetivo é perfeitamente viável,
levando em consideração a experiência internacional e nacional acumuladas nos últimos
anos, o engajamento solidário dos representantes de governo, trabalhadores e
empregadores além das instituições internacionais como a OIT e OMS.
Objetivos
Folha 32 de 43
1. Apresentar a proposta política e o documento de referência do Programa Nacional
de Eliminação da Silicose.
2. Apresentar experiências de Programas de controle e/ou eliminação da Silicose.
3. Iniciar o processo de consulta para elaboração do plano de ação do Programa
Nacional de Eliminação da Silicose para os próximos três anos.
Resultados Esperados
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Melhor conhecimento do problema da silicose no Brasil.
Identificação das dificuldades com relação à prevenção e controle da silicose;
Reavaliação dos princípios do Programa.
Estabelecimento das diretrizes para o Programa.
Definição da ação de governo sinérgica, integrada, eficaz.
Compromisso dos empregadores e trabalhadores no desenvolvimento do
Programa.
Compromisso do apoio das instituições internacionais.
Estabelecimento e disponibilização de uma linha de comunicação eficiente e
permanente entre os interlocutores do Programa.
Criar um "Fórum" Nacional de acompanhamento do Programa.
Participantes:
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convidados indicados pelas representações de governo, trabalhadores,
empregadores e comissão organizadora;
representantes dos trabalhadores e empregadores dos setores considerados de
grande prevalência da doença: Mineração, Indústria da Construção (construção
civil, cerâmica e vidro), Metalurgia e Indústria de minerais não metálicos
(marmoraria e lapidários);
representantes das Comissões Nacionais de Negociação em SST dos setores
envolvidos e da CTPP.
Metodologia:
Momento 1 - Plenária
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Apresentação pelas instituições de governo dos projetos para atuação na questão
da silicose.
Relato dos encaminhamentos realizados desde o Seminário de Curitiba.
Apresentação do site Sílica e Silicose.
Apresentação do documento de referencia para a elaboração do programa.
Momento 2 - Plenária
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Apresentação de experiências de ações de controle e/ou eliminação da silicose.
Momento 3 - Trabalho em Grupo
Formação de:
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cinco grupos setoriais com representantes dos trabalhadores, empregadores e
profissionais envolvidos com a respectiva atividade produtiva;
Folha 33 de 43
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um grupo composto por representantes das instituições públicas nacionais e
organismos internacionais.
Momento 4 - Plenária
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Apresentação das conclusões dos grupos e propostas de encaminhamento.
Programa
Dia 12 de dezembro - Quarta Feira
8:30 - 9:30h
Abertura com relato das instituições sobre as ações programadas
9:30 - 10:40h
Informes dos encaminhamentos desde o Seminário de Curitiba e apresentação do site
Sílica e Silicose. Dr. Zuher Handar - Consultor OIT. Apresentação do Documento de
Referência para elaboração do Programa Nacional de Eliminação da Silicose Dra.
Berenice Goelzer - Consultora OPAS/OMS
10:40 - 11:00h
Intervalo
11:00 - 13:00
Painel:
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Experiências em ações de controle e/ou eliminação da silicose:
• Cerâmica - Santa Gertrudes
• Marmorarias - São Paulo
• Jato de Areia - Rio de Janeiro
• Lapidários - Minas Gerais
Informes sobre linhas de financiamento para melhoria dos processos e ambientes
de trabalho Dr. Ronald Caputo - Representante da CNI na CTPP
13:00 - 14:00h
Almoço
14:00 - 18:00h
Trabalho em Grupo
Discussão de subsídios para elaboração da proposta de Plano de Ação Setorial (por
atividade produtiva) para os próximos três anos, atendendo às diretrizes do Programa
Nacional de Eliminação da Silicose.
Dia 13 de dezembro - Quinta Feira
8:30 - 11:30h
Trabalho em Grupo Elaboração das conclusões e relatório
11:30 - 12:30h
Intervalo
12:30 - 15:30h
Plenária
Folha 34 de 43
Apresentação dos resultados e encaminhamentos
RELATÓRIO DAS ATIVIDADES A Oficina iniciou seus trabalhos no dia 12 de dezembro e
contou com a participação de 60 pessoas, dentre técnicos dos Ministérios do Trabalho,
Saúde e Previdência, FUNDACENTRO, FIOCRUZ, UNICAMP, UFRJ, UFRS, UFMG,
Secretarias de Saúde do Estado do Paraná, Rio de Janeiro, Criciúma, representantes do
Ministério Público do Trabalho, Ministério Publico do Estado de São Paulo, representantes
dos trabalhadores de diversas centrais sindicais (CGT, Força Sindical, CUT e SDS), de
vários Sindicatos de Trabalhadores (Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da
Construção Civil de São Paulo, FETICON/SP, Federação dos Trabalhadores nas
Indústrias Cerâmicas, Vidros do Est. de São Paulo, Sindicato dos Trab. na Indústria de
Cerâmica de Limeira e Região, Sindicato dos Trabalhadores na Indústria do Mármore,
Granito e Pedras Ornamentais de São Paulo), e de representantes dos empregadores
(Sindicato da Indústria do Mármore e Granito do Estado de São Paulo, Sindirochas,
Câmara Brasileira da Indústria da Construção, SESI). Conforme metodologia e
programação da Oficina, os trabalhos do período da manhã do dia 12 concentraram-se na
atividade de plenária com relato das instituições sobre os trabalhos que vêm sendo
desenvolvidos. Posteriormente foram apresentados o documento de referência do projeto
do Programa Nacional de Eliminação da Silicose e um painel de experiências que vem
sendo desenvolvidas em diversas partes do país. No período da tarde os trabalhos foram
conduzidos por 3 grupos setoriais (Indústria da Construção e Cerâmica, Marmoraria e
Lapidários, e Mineração e Jato de Areia, constituídos por representantes dos
trabalhadores, empregadores e técnicos de governo e universidades com o objetivo de
proceder a uma análise da situação em cada setor produtivo e elaborar propostas de
encaminhamento para os problemas identificados. O grupo institucional foi constituído
pelos representantes das instituições governamentais presentes na Oficina e teve a
incumbência de discutir a minuta do Programa Nacional de Eliminação da Silicose. A
finalização da Oficina ocorreu com a apresentação dos relatórios dos grupos com
excelentes resultados, os quais poderão contribuir para o desenvolvimento do Programa a
ser aprovado pelas partes. Considera-se que a Oficina atingiu o seu objetivo e apresenta
como produto final a elaboração de um documento preliminar que contém o Programa
Nacional de Eliminação da Silicose. O Programa deverá ser encaminhado a todos os
participantes para análise, correção e sugestões, bem como para apresentação às
instâncias de decisão do governo, empregadores e trabalhadores. Ressalta-se que, com a
conclusão da Oficina de Trabalho, o Núcleo Provisório de Coordenação do Programa
conseguiu atender a 100% das demandas e encaminhamentos decididos em 12 de
dezembro de 2000 com as seguintes ações: - elaboração do documento de referência do
Programa e encaminhamento ao Núcleo Provisório, criado durante a reunião de
dezembro de 2000; - lançamento do site SILICAeSILICOSE, em setembro/2001,
disponível na página da FUNDACENTRO, e - realização da Oficina de Trabalho, em
dezembro/2001, concluindo a primeira etapa do processo de elaboração da proposta do
PROGRAMA NACIONAL DE ELIMINAÇÃO DA SILICOSE, que se encontra em anexo.
Brasília, 14 de dezembro de 2001.
Folha 35 de 43
Anexo 4
Reunião das Entidades de Governo, Brasília, 26/03/2002
Participantes:
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Alcinéia M. dos Anjos Santos - FUNDACENTRO
Armand Pereira - OIT/BRASIL
Beatriz Cunha - OIT/BRASIL
Edenilza Campos de Assis e Mendes - DRT/MTE
Eduardo Algranti - FUNDACENTRO
Elvécio Moura dos Santos - MPT
Gil Vicente F. Ricardi - DRT/MTE
Luiz Carlos Fadel - COSAT/MS
Mário Bonciani - DSST/MTE
Sonia Maria Bombardi - FUNDACENTRO
Zuher Handar - FACULDADE EVANGÉLICA DO PARANÁ
Como desdobramento das ações do PNES, foi feita uma reunião em Brasília, em
26/03/2002, tendo como ítens de pauta:
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Definir a coordenação do programa: Foi proposta a criação de um Grupo Operativo
Interinstitucional (GOI), composto por membros do MTE, MS, MPT, MPAS, OIT,
OPAS, FIOCRUZ e FUNDACENTRO para dar sustentação técnica e política ao
programa. A FUNDACENTRO foi ratificada como entidade responsável pela
coordenação técnica do programa, uma vez que tem assumido o tema como parte
de sua agenda política, além de fornecer apoio material e técnico, juntamente com
outras instituições públicas, para as ações destinadas á concretização do PNES,
desde sua concepção em 2000. Será, portanto, a entidade responsável pela
coordenação do GOI.
Definir linhas comuns de convergência entre os diferentes setores do governo
envolvidos no programa: Pela peculiaridade de ações dos diferentes orgãos
envolvidos no programa é necessário que o PNES contemple as especificidades de
ação e objetivos dos mesmos. Isto é perfeitamente viável, devendo ser bem
definido desde o início para que não se criem dificuldades desnecessárias para o
bom andamento do programa.
Discutir as estratégias de execução das propostas sumarizadas em Dezembro de
2001: Os quadros do Anexo 1 sumarizam as discussões sobre a responsabilidade
das ações, encaminhamentos e alguns prazos (quando possivel) das diferentes
propostas que foram geradas a partir do Seminário de Curitiba e da reunião de
Brasília em 12/2001. As ações referentes à FUNDACENTRO e GOI apresentam os
quadros de "encaminhamentos" preenchidos. As ações que tem como
responsáveis o MS/FIOCRUZ/MTe/INSS aguardam definições.
Definir uma agenda interinstitucional para 2002: Foram definidas duas reuniões, a
primeira em 19/04, na FIOCRUZ, com o objetivo de se discutir as linhas comuns de
convergência do PNES, tendo como participantes o MS, MTE, FIOCRUZ e
FUNDACENTRO. A segunda reunião será em 18/06 (data a ser confirmada), na
FUNDACENTRO, coordenada pela OIT, com o objetivo de se apresentar o PNES
para lideranças sindicais (patronais e de trabalhadores) dos setores de interesse,
em princípio definidos como: Construção Civíl/ Mármores e Granitos
Cerâmicas/Vidros/Fundições/Metalurgia Mineração/Preparação de Minerais
Lapidários/Garimpo Abrasivos/Fibras Artificiais
Folha 36 de 43
Leis que proíbem o uso de Jato de Areia
A Silicose no Brasil - A Silíca - Eliminação da Silicose - Exposição à Silica no Brasil - Leis
sobre proibição do uso do Jato de Areia
PROJETO DE LEI Nº 1.670, DE 1999 (Do Ilmo. Sr. Deputado Federal Carlito Merss)
Lei aprovada em 20 de outubro de 2004 Proíbe a utilização do jateamento de areia a
seco, determina prazo para mudança tecnológica nas empresas que utilizam este
procedimento e dá outras providências.
O Congresso Nacional decreta:
Art. 1º Fica proibido em todo o território nacional o uso de sistemas de jateamento de
areia a seco para limpeza e reparo, tendo em vista a degradação do ambiente e os riscos
à saúde dos trabalhadores.
Art. 2º A substituição do sistema de jateamento de areia a seco dependerá de autorização
expedida pelo órgão municipal competente que realizará a fiscalização respectiva através
do seu serviço de saúde do trabalhador da divisão de vigilância sanitária e
epidemiológica.
§ 1º. A autorização referida no caput deste artigo deverá respeitar normas que assegurem
melhores tecnologias visando à proteção ambiental e à saúde do trabalhador.
§ 2º. Os sindicatos, empresários e especialistas ambientais envolvidos com a questão do
jateamento de areia a seco participarão da análise das propostas, da autorização e da
fiscalização do processo de substituição dos sistemas de jateamento.
Art. 3º O descumprimento do disposto nesta lei implicará a apuração de
responsabilidades administrativas, civis e criminais previstas nas legislações específicas.
Art. 4º A proibição constante desta lei passa a vigorar cento e oitenta dias após a sua
publicação.
Art. 5º O Poder Executivo regulamentará a presente lei, no que couber, no prazo de
noventa dias da sua publicação.
Art. 6º Esta lei entra em vigor na data da sua publicação.
JUSTIFICAÇÃO
Uma pesquisa realizada em trabalhadores de empresas que usam o jateamento de areia
a seco, feita pelo Serviço de Saúde do Trabalhador da Secretaria Municipal de Saúde de
Joinville (SC), revelou que 33,3% destes trabalhadores estavam com silicose, em
diagnóstico confirmado por meio da clínica e de laboratório.
Na faixa etária entre 30 e 49 anos de idade, o diagnóstico confirmado de silicose atingiu a
alarmante taxa de 57,15% dos trabalhadores. Em 9% das empresas pesquisadas havia
acontecido casos de óbitos de trabalhadores por silicose.
Folha 37 de 43
A pesquisa revelou uma situação muito séria e perversa pois a silicose é uma doença
muito grave que diminui gradativamente a capacidade respiratória dos pacientes até leválos a uma morte tão sofrida quanto prematura.
Este projeto inspira-se em matéria semelhante já aprovada na Câmara de Vereadores de
Joinville onde muitas empresas já adotaram medidas para minimizar o problema e há
boas perspectivas, entre elas, sobre a substituição do sistema de jateamento de areia a
seco por outros sistemas.
Cabe salientar, igualmente, que a mesma matéria já foi aprovada na Assembléia
Legislativa de Santa Catarina, configurando-se como a Lei Estadual 3.414 de 9 de janeiro
de 1997.
Entendemos que este problema, mostrado na pesquisa de Joinville, de proporções
alarmantes, se reproduz em todo o território nacional e que, por isso, esta Casa
Legislativa não pode permanecer impassível face à situação destes trabalhadores e a
perspectiva sombria para sua expectativa de vida.
São estes os motivos que nos levam a apresentar este Projeto de Lei para o qual
solicitamos, de nossos ilustres colegas Deputados, o exame sensível e a aprovação neste
plenário.
Deputado Carlito Merss
DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO - Seção 1
No 203, quinta-feira, 21 de outubro de 2004
SECRETARIA DE INSPEÇÃO DO TRABALHO
PORTARIA Nº 99, DE 19 DE OUTUBRO DE 2004
A SECRETÁRIADE INSPEÇÃO DO TRABALHO E O DIRETOR DO DEPARTAMENTO
DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO, no uso de suas atribuições legais,
conforme disposto no inciso II, do artigo 14, e no inciso I, do artigo 16, do Decreto n.º
5.063/04, que aprova a Estrutura Regimental do Ministério do Trabalho e Emprego, e
Considerando que o processo de trabalho de jateamento com areia é gerador de uma
elevada concentração de sílica cristalina (quartzo), responsável por uma alta incidência de
quadros graves de silicose;
Considerando que a sílica cristalina é uma substância comprovadamente cancerígena e
que trabalhadores com silicose estão mais propensos a contraírem câncer de pulmão;
Considerando que as medidas de controle da exposição à sílica cristalina nas atividades
de jateamento com areia são comprovadamente inadequadas ou insuficientes;
Considerando a existência de tecnologia disponível para substituição do processo de
trabalho de jateamento com areia;
Folha 38 de 43
Considerando que os estados do Rio de Janeiro, Santa Catarina e Paraná, já proibiram os
sistemas de jateamento com areia; e
Considerando que é de responsabilidade do MTE estabelecer disposições
complementares à lei sobre medidas de prevenção de acidentes e sobre proteção do
trabalhador exposto a substâncias químicas nocivas, resolve:
Art. 1º -Incluir o item “7”, no título “Sílica Livre Cristalizada”, do Anexo nº 12, da Norma
Regulamentadora nº 15 - “Atividades e operações insalubres”, com a seguinte redação:“
"7". - Fica proibidoo processo de trabalhode jateamento que utilize areia seca ou úmida
como abrasivo”.
Art.2º - Esta Portaria entra em vigor 90 dias da sua publicação.
RUTH BEATRIZ VASCONCELOS VILELA
Secretária de Inspeção do Trabalho
MÁRIO BONCIANI
Diretor do Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho
Folha 39 de 43
EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL À SÍLICA NO BRASIL
1,2,3
Fátima Sueli Neto Ribeiro
4
Eduardo Algranti
5
Esther Archer de Camargo
3
Victor Wünsch Filho
1
Universidade do Estado do Rio de Janeiro – [email protected]
2
Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro – [email protected]
3
Universidade de São Paulo/ Depto Epidemiologia – [email protected]
4
Fundacentro – São Paulo – [email protected]
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Universidade Federal de São Paulo/ Depto Enfermagem- [email protected]
RESUMO
Introdução. A exposição à sílica associa-se à silicose e ao câncer de pulmão. Sua
abundância na crosta terrestre e a intensa utilização em diversos processos de trabalho
fazem com que a exposição ocorra em diversas ocupações, bem como no ambiente de
entorno de sítios de exposição ocupacional. Desta forma, configura-se num problema de
saúde pública, em especial no campo da saúde do trabalhador e do meio ambiente. Este
trabalho visa estimar o número de trabalhadores expostos à sílica no Brasil e identificar as
atividades econômicas mais importantes, propiciando assim informações adequadas para
a implantação de medidas efetivas de prevenção. Métodos. Construiu-se uma Matriz de
Exposição Ocupacional, considerando-se a atividade econômica e a ocupação,
desenvolvida por codificadores especializados e utilizando dados da Relação Anual de
Informações Sociais (RAIS). Para mensuração do número de expostos considerou-se a
média entre os anos 1999/2000, buscando-se minimizar o viés de informação com a
avaliação em apenas um ponto histórico. Resultados. No período estudado 34.066.789
trabalhadores estavam formalmente ocupados no Brasil. Destes, 1.815.953 (5%) estavam
expostos à sílica em mais de 30% da jornada semanal de trabalho. Assumindo-se
exposições entre 1% e 30% da jornada semanal, o número de expostos aumenta para
4.861.423 (14%) trabalhadores ocupados no mercado formal. Estes valores são maiores
do que os Estados Unidos ou países da Europa, onde estimativas comparáveis estão
disponíveis. Dentre as atividades econômicas, aquelas que concentraram maiores
percentuais de expostos foram: construção civil com 62% de expostos; extração mineral
com 61%; indústria de minerais não metálicos (cerâmica, vidro, cimento) com 55%;
metalúrgica com 23% de expostos. A agricultura apresentou 69% de trabalhadores
expostos entre 1% e 30% da jornada de trabalho. Conclusões. O país apresenta uma
importante parcela dos trabalhadores expostos à sílica. Estas informações são subsídios
importantes para a organização de ações de vigilância em saúde de trabalhador através
de políticas governamentais adequadas.
Descritores: exposição ocupacional, câncer, vigilância em saúde do trabalhador
Revista Ciência & Saúde Coletiva, volume 8, suplementos 1 e 2 , 2003 Anais do VII
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INTRODUÇÃO
A exposição ocupacional à sílica relaciona-se com a silicose, bronquite crônica,
maior incidência de tuberculose e de doenças auto-imunes. Em 1997 a Agência
Internacional de Pesquisa do Câncer (IARC) reconheceu a sílica como definitivamente
cancerígena para humanos. A exposição é descrita em mineração, pedreira, construção,
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fundição e na indústria do vidro e cerâmica [IARC, 1997], e também na indústria de
alimento e bebida, de madeira, de borracha, agricultura, produção de petróleo e outros
serviços médico-dentários [Kauppinen, 1998].
No Brasil, a extensão desta exposição é virtualmente desconhecida. Algranti (1998)
estimou em aproximadamente 6 milhões de trabalhadores expostos
Neste estudo a estimativa do número de trabalhadores expostos à sílica no Brasil
segundo atividades econômicas se deu através da construção de uma Matriz de
Exposição Ocupacional, classificadas por especialistas e considerando a população
ocupada registrada na base de dados “Relatório de Atividades Sociais” - RAIS do
Ministério do Trabalho e do Emprego.
MATERIAL E MÉTODOS
A exposição ocupacional foi avaliada por um epidemiologista e um higienista
ocupacional que elaboraram uma Matriz de Exposição Ocupacional (MEO) de dupla
entrada com informações do setor econômico e de ocupação. Cada célula resultante da
intersecção entre estas duas variáveis foi classificada segundo o tempo de exposição na
jornada semanal de trabalho em 4 categorias: NÃO EXPOSTO (menos de 1% da
jornada), POSSIVELMENTE EXPOSTOS (1% a 5% da jornada), PROVAVELMENTE
EXPOSTOS (de 5% a 30% da jornada) e DEFINITIVAMENTE EXPOSTO (mais de 30%
da jornada).
Uma média entre as informações dos anos 2000 e 1999 foi obtida da base de dados
RAIS e considerada para cada célula de intersecção da MEO. A casuística final de
34.066.789 trabalhadores com informação de ocupação válida para este estudo foi
analisada segundo a ocupação, classificada pela Classificação Brasileira de Ocupações
(CBO) de 1995 e desagregada em 3 dígitos, obtendo-se 348 grupos de categorias
ocupacionais. O setor econômico foi classificado segundo a Classificação Nacional de
Atividades Econômicas (CNAE), versão de 1994, desagregada a 2 dígitos, em 25 setores.
@
O software Excel foi usado para justapor os dados da RAIS e a classificação da
MEO. A análise de consistência se deu por especialistas externos.
Revista Ciência & Saúde Coletiva, volume 8, suplementos 1 e 2 , 2003 Anais do VII
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RESULTADOS
A análise dos dados mostrou que 14,3% dos trabalhadores possuíam algum nível
de exposição assim distribuído: 4,6% possivelmente expostos, 4,3% provavelmente e
5,3% definitivamente expostos.
Tabela I - Número e prevalência de trabalhadores classificados em vários níveis de
exposição e o total de trabalhadores ocupados em setores econômicos selecionados.
Brasil 1999- 2000
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Provavelmente Exposto
Possivelmente Exposto
Definitivamente Exposto
Trabalhador Total por
Setor
Setor Econômico
Nº Prevalência
Nº Prevalência
Construção Civil
210.700
10,1
287.635
13,8
1.299.066
62,4
2.082.061
6,1
Extração Mineral e
Pedreira
23.079
17,0
6.928
5,1
82.556
60,9
135.582
0,4
Indústria de Material
não Metálico
79.434
22,0
26.342
7,3
199.262
55,3
360.304
1,1
Indústria Metalúrgica
e Siderúrgica
97.193
15,5
48.623
7,7
144.576
23,0
628.295
1,8
Indústria da
Borracha,Fumo e
Couro
Administração
Técnica Profissional
5.487
1,9
31.026
10,5
7.942
2,7
295. 804
0,9
244.239
6,3
98.451
2,5
65.271
1,7
3.904.180
11,5
670.811
35,0
658.482
34,4
890
0,1
1.915.041
5,6
9.112
2,7
38.699
11,3
2.193
0,6
342.901
1,0
238.247
1.578.302
1,0
4,6
270.982
1.467.168
1,1
4,3
14.197
1.815.953
0,1
5,3
24.402.621
34.066.789
Agricultura
Indústria Mecânica
Outros
Total
Nº Prevalência
Nº %
71,6
100
Entre as atividades econômicas, a maior prevalência de exposição foi observada na
construção civil com 62% de expostos; extração mineral 61%; indústria de minerais não
metálicos (cerâmica, vidro, cimento) 55% e metalúrgica com 23% de expostos. A
agricultura apresentou 69% de trabalhadores expostos entre 1% e 30% da jornada de
trabalho, conforme tabela I. Estes setores, todavia, não concentram o maior número
percentual de trabalhadores ocupados.
DISCUSSÃO
A aplicação da MEO neste estudo demonstrou a grave situação da exposição
ocupacional à sílica no Brasil. Comparada com outros países, que também utilizaram a
MEO através do sistema CAREX Revista Ciência & Saúde Coletiva, volume 8,
suplementos 1 e 2 , 2003 Anais do VII Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva 3/5
[Kauppinen, 2000; Kauppinen, 2001], a prevalência de 5,3 % é muito mais
importante do que a pior situação na União Européia que foi de 3,9% na Finlândia e 3,5%
na República Checa. Estas diferenças, embora demonstre a propriedade do uso da MEO,
podem estar associadas à peculiaridades metodológicas entre os estudos.
Os setores econômicos com maior prevalência de exposição, construção civil,
extração mineral indústria de mineral não metálico e metalurgia, estão em consonância
com os achados da literatura internacional [IARC, 1997]. A prevalência de 1,7% de
expostos no setor Administração Técnica Profissional, que aglutina a alocação de
máquinas e mão de obra, sugere a importância do processo de terceirização industrial em
departamentos de intensa exposição à sílica, associado à mobilidade e às condições
desfavoráveis de proteção à saúde deste grupo.
Este estudo apresenta algumas limitações ligadas à possibilidade de viés de
informação que a categoria “ocupação” encerra [Kauppinen, 1998]. A base de dados RAIS
resulta de informações administrativas, espontâneas e não possui supervisão ou controle
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de qualidade e está restrita a trabalhadores formais, o que exclui categorias fortemente
expostas à sílica.
CONCLUSÃO
A reversão desta situação está mais ligada à adoção de procedimentos econômicos
e políticos do que medidas individuais [Pearce,1994]. Assim, as medidas prioritárias estão
vinculadas à forte redução do tempo de exposição, implantação ampla de medidas de
controle ambiental e substituição da sílica nos diversos processos em que isto já é
possível. Reduzir a exposição depende de um processo progressivo de vigilância, sempre
com o objetivo de maximizar a proteção quando a manipulação de material silicogênico é
imprescindível.
Estas estratégias são tecnicamente factíveis, eticamente necessárias e
epidemiologicamente urgentes. O potencial de prevenção coloca o controle das
exposições ocupacionais como primeira prioridade na prevenção do câncer e a utilização
de MEO se configura como um instrumento apropriado para identificar prioridades e
monitorar a situação de exposição como estratégia de vigilância.
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Ciência & Saúde Coletiva, volume 8, suplementos 1 e 2 , 2003 Anais do VII Congresso Brasileiro de Saúde
Coletiva 5/5.
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