Aula 4 - 2-Um quadro teórico para o estudo das
Instituições (organizações)
2.1 Individualismo metodológico e natureza humana
2.1.1 IM neoclássico: indivíduos, racionais e egoístas
2.1.2 Racionalidade e altruísmo
2.1.3 IM heterodoxo: reciprocidade, racionalidade limitada e
adaptação.
2.1.4 Implicações
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
1
Aula 4 - 2-Um quadro teórico para o estudo das
Instituições
Bibliografia:
Pereira, P. T. (2005)
O prisioneiro, o amante e as sereias, p. 31-39
Pereira, P. T. (1997) “A Teoria da escolha Pública (public
choice): uma abordagem neo-liberal?” in Análise Social
XXXII (141) p. 419-442
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
2
Aula 4 - 2-Um quadro teórico para o estudo das
Instituições
Enquadramento Geral:
Aula 4 – Como modelizar a natureza humana?
Aula 5 – Direitos, contratos e custos de Transacção
Aula 6 - Informação assimétrica teoria da agência
Aula 7 – A dinâmica e a escolha organizacional
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
3
Aula 4 - 2-Um quadro teórico para o estudo das
Instituições
Motivações
individuais
Regras
Comportamentos/Acções
É preciso conhecer as motivações, para saber que efeitos
têm as regras nos comportamentos.
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
4
2.1 Individualismo metodológico (IM) e
a natureza humana
•Instituições têm uma estrutura, mas são compostas por
indivíduos que se assumem racionais. O IM opõe-se a
concepções orgânicas das instituições.
O IM é tratado em duas variantes nos textos de:
•
IM neoclássico
(Buchanan, Williamson)
•
IM evolucionista
(Axelrod, Pereira)
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
5
2.1.1 IM neoclássico
•Indivíduos
•Racionais
•Egoístas
Indivíduos podem ter motivação para satisfazer
apenas os seus interesses materiais de forma simples
(egoísmo- Buchanan) ou mesmo com oportunismo
(egoísmo forte- Williamson).
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
6
2.1.1 IM neoclássico
•Qual o domínio de aplicação?
. Qual o seu alcance?
Quais as limitações?
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
7
2.1.2 Racionalidade e altruísmo
Altruísmo significa que o bem-estar do outro afecta o nosso
nível de bem-estar.
Alguns indivíduos dão:
•
•
•
Sangue
Donativos para org. humanitárias
Tempo e trabalho para servir outros
Como escolher entre duas acções altruístas?
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
8
2.1.3 IM heterodoxo:
A abordagem heterodoxa diverge do IM neoclássico pois,
considera uma versão mais ampla da natureza humana
que inclui a reciprocidade. A racionalidade limitada e a
adaptação. (o egoísmo é um caso particular) .
Reciprocidade: a um acto amigável responder com um
acto amigável. A um acto hostil responder com um acto
hostil.
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
9
2.1.3 IM heterodoxo:
Indivíduos:
Racionais
Adaptam-se às instituições e ao meio:
•certas instituições premeiam a competição e o mérito
individual
•certas instituições premeiam a cooperação e o mérito
colectivo (ou de equipa)
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
10
2.1.3 IM heterodoxo:
Indivíduos aprendem a cooperar e a reciprocar
Axelrod- A evolução da cooperação
Dilema do prisioneiro jogado repetidas vezes.
A estratégia do Tit for tat (olho por olho dente por
dente) derrotou todas as outras.
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
11
2.1.3 IM heterodoxo:
Os indivíduos são capazes de:
Confiar
Recompensar acções amigáveis
Punir acções não amigáveis
Preocupam-se com:
Pagamentos materiais
Intenções dos outros
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
12
2.1.3 IM heterodoxo:
Pereira, Silva e Silva- A reciprocidade
Experiência no ISEG:
Empresa oferece salário
Trabalhador responde com nível de esforço
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
13
2.1.4 Implicações
As implicações da análise de se considerar IM
neoclássico ou IM evolucionista não são as mesmas.
•Dilema Prisioneiro.: egoísmo vs. norma da reciprocidade
•Contratos incompletos: oportunismo vs. ética de trabalho
•Incentivos: externos vs. internos
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
14
2.1.4 Implicações
Por vezes a abordagem do IM neoclássico é uma boa
aproximação da realidade. Nas situações “mercantis” em
que o comportamento dos agentes é anónimo, atomístico,
e não há sentido de comunidade entre os indivíduos.
Noutros contextos o IM evolucionista é mais realista.
Quando os indivíduos interagem em pequenos ou médios
grupos, quando existem alguns laços de confiança e
solidariedade mútua. Quando existe identificação do
indivíduo com a comunidade ou organização em que se
insere.
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
15
AULA 5 - 2.2 Direitos, contratos e
custos de transacção
2.2
2.2.1
2.2.2
2.2.3
2.2.4
Direitos, Contratos e custos de transacção
Direitos de propriedade e sua atenuação.
Tipos de contratos
Os custos de transacção.
A hipótese sobre mudança institucional: exemplos
Bibliografia: Livro p.44-49
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
16
2.2.1 Direitos de Propriedade
Os direitos dos indivíduos em relação a activos (bens e
/ou recursos) podem designar-se por direitos de
propriedade (DP). O valor de um bem ou recurso, no
mercado é definido pelas condições relativas de oferta e
procura.
A procura define-se em relação a um conjunto de atributos
ou características do bem em causa e aos direitos que estão
associados à posse do bem.
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
17
2.2.1 Direitos de Propriedade
Os direitos podem ter várias dimensões:
•Direito de usar um activo
•Direito de obter rendimento de um activo
• Direito de alienar permanentemente esse activo
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
18
2.2.1 Direitos de Propriedade
Exemplos:
1. Um lote de terreno
2. Um carro
3. Força de trabalho
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
19
2.2.1 A atenuação dos D. P.
O Estado ou outro organismo público pode, sob diversas
formas, atenuar os direitos de propriedade de outros
indivíduos através de regulamentação (leis e DLs)). Os
direitos de propriedade dir-se-ão não atenuados se os
agentes puderem dispor de total liberdade de usar,
arrendar ou alienar um activo sob as formas e condições
que lhes aprouverem.
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
20
2.2.1 A atenuação de D. P.
Exemplos:
1. O controle de rendas, limita o máximo de renda que
um proprietário pode auferir do aluguer da sua
propriedade. É uma forma de atenuação de direitos.
2. -A fixação administrativa de preços abaixo de preços
competitivos também o é.
3. -O limite de velocidade numa estrada ou numa autoestrada é um limite aos direitos de usar (livremente) um
carro.
4. O salário mínimo é uma limitação ao direito de
propriedade (força de trabalho).
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
21
2.2.2 Tipos de contratos
A transferência de direitos de propriedade entre agentes
realiza-se através de contratos.
Os contratos ocupam um lugar central na economia dos
custos de transacção (Williamson)
Deles depende, em grande medida, a forma de coordenação
escolhida (mercado, associação, empresa, organismo
público)
Um contrato no sector privado é diferente de um contrato
na função publica.
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
22
2.2.2 Tipos de contratos
•Modos de relação contratual
1. Contrato agora para realizar a tarefa x no futuro.
2. Contrato agora para o direito de realização no futuro de
uma tarefa x pertencente a um conjunto de tarefas X.
3. Contrato agora para a realização da tarefa xi
dependendo da contingência ei no futuro.
Nota: Todos os contratos são incompletos
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
23
2.2.2Tipos de contratos
 Prazo do contrato:
Mensal
3 meses, 6 meses, 1 ano,
3anos, 5anos.
Vitalício
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
24
2.2.2 Tipos de contratos
Forma de remuneração
.À hora, à semana, ao mês
.Uma componente fixa e uma componente variável (com
as vendas, ou produção, ou lucros)
.Uma componente fixa e fringe benefits (horas extra, senhas
de refeição, gasolina, carro)
.Só componente variável (por exemplo “à peça”)
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
25
2.2.3Os custos de transacção
Custos de transacção são o “custo de fazer funcionar o
sistema económico”(Arrow) são o equivalente à fricção
no sistema económico. Aos custos de produção, os
únicos considerados na teoria económica neoclássica, a
nova economia institucional adiciona os custos de
transacção.
Os custos de transacção dependem dos contratos e de
outros factores. Há custos ex ante e ex post.
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
26
2.2.3 Os custos de transacção
Custos de transacção são para Douglas North:
Os custos de medir os atributos com valor daquilo que
é trocado e os custos de proteger direitos e os custos de
implementar acordos.
Estes custos de medida e de implementação são as fontes
das instituições sociais, políticas e económicas.”
p. 27 “Institutions, Institutional Change and economic
Performance”
Os custos de transacção dependem dos contratos (quando
existam) e de outros factores. Há custos ex ante e ex post.
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
27
2.2.3 Os custos de transacção
Ex ante- Custos de:
• elaborar um contrato/acordo
• de o negociar e
•de se alcançar um acordo sobre as cláusulas (pontos)
desse contrato (acordo).
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
28
2.2.3 Os custos de transacção
Ex post:
Custos de implementação do contrato/acordo:
•Custos de monitorização.
• Custos de negociação quando após realização de
contrato as condições se alteram relativamente ao
previsto
•custos de instalação e funcionamento de entidades
mediadoras de conflitos
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
29
2.2.3 Os custos de transacção
Há uma tarefa a fazer. Pode realizar-se de diferentes formas.
Com contratos explícitos ou implícitos, através do mercado
(sistema de preços) ou através de uma organização de certo
tipo (empresa, associação ou burocracia estatal).
A economia dos custos de transacção sugere que a forma
institucional com que se resolve o problema de como
desempenhar uma tarefa, tem a ver com a minimização de
custos de transacção.
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
30
2.2.4 Exemplos
A privatização dos comuns.
Tornar público (vedado e vigiado) um jardim de livre
acesso.
De como os partidos políticos reduzem os custos de
transacção...
De como as associações reduzem os custos de transacção.
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
31
AULA 6- 2.3 Problemas de
informação, agência e confiança
2.3 Agência e problemas de informação
2.3.1 A teoria da agência
2.3.2 O problema do risco moral
2.3.3 A selecção adversa
2.3.4 Como combater os problemas?
Bib: Livro: p. 39 a 44
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
32
2.3.1 A teoria da agência
Eggertson 40/41
“Uma relação de agência estabelece-se quando um
“principal” delega alguns direitos – por exemplo direitos de
uso de um recurso - num agente que está limitado por um
contrato (formal ou informal) a representar os interesses do
principal em troca de um pagamento de qualquer natureza.”
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
33
2.3.1 A teoria da agência
Relações de agência podem ser intra-institucionais ou
interinstitucionais:
Entre indivíduos no seio de uma instituição (organização)
-Entre instituições diferentes: por exemplo entre o Governo
(executivo) e um instituto público
-Entre indivíduos e instituições
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
34
2.3.1 A teoria da agência
A teoria da agência foi desenvolvida sobretudo no quadro
de actores racionais e egoístas (oportunistas mesmo) onde as
preferências do agente são distintas do principal. A
heterogeneidade de preferências e um certo grau de egoísmo
dos agentes é uma característica necessária para se aplicar a
teoria.
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
35
2.3.1 A teoria da agência
Agentes tomam partido de mais informação para actuarem
em seu benefício, mas não do principal. A hipótese de base é
que quer as características quer o comportamento do agente
não podem ser observadas, na sua totalidade, pelo principal.
A omissão de características dá origem à selecção adversa.
O comportamento não observado dá origem ao risco moral.
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
36
2.3.1 A teoria da agência
Exemplos de relações de agência:
A relação entre um Director-geral e um funcionário do
serviço
A relação entre um sócio e um elemento da direcção da
Associação
A relação entre votante e o deputado, em que votou, no
parlamento
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
37
2.3.2 O problema do risco moral
O problema do risco moral deriva de uma acção escondida
por parte do agente.
O risco moral existe sempre que há uma acção conjugada do
agente e da “natureza” (leia-se factores externos ao agente) e
o principal não consegue discriminar o que é atribuível a um e
a outro.
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
38
2.3.2 O problema do risco moral
Exemplo: actividade de Inspecção
Principal - Dirigente da organização
Agente - Fiscal
É levantado um Auto de Notícia (A) sempre que o fiscal
detecta uma situação irregular.
A=A(I,e) Os Autos são função das infracções (I) e do esforço (e),
que se assume não observável
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
39
2.3.2 O problema do risco moral
Exemplo: seguro automóvel
Principal – Companhia de seguros
Agente - Segurado
Hipóteses:
1. O segurado tem património que vale 1000 e faz seguro
contra roubo. Será roubado com probabilidade pc=0,05 se
for cauteloso e pnc=0,10 se for descuidado.
2. 2. A companhia de seguros tenta definir um prémio T
justo, que não gera lucros anormais, ou seja iguala o valor
esperado da compensação em caso de roubo. T=p.1000
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
40
2.3.2 O problema do risco moral
(com quantificação de output)
Bom
Contrato
Mau
Contrato
Segurado
cuidadoso
U (950),0
U (900),3
Segurado
descuidado
U (950)   ,3
U (900)   ,0
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
41
2.3.2 O problema do risco moral
(com quantificação de output)
Com informação simétrica e perfeita, o bom contrato
(prémio 50) seria dado ao segurado cuidadoso e o pior
contrato (prémio 100) ao segurado descuidado.
Com informação assimétrica, o comportamento do agente não
sendo totalmente observado, há risco moral.
O equilíbrio de estratégias dominantes (de Nash) é oferecer o
pior contrato e os segurados escolherem a estratégia de não
serem cuidadosos.
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
42
2.3.2 O problema do risco moral
(com quantificação de output)
Aplicando ao caso dos trabalhadores
Com informação simétrica e perfeita, o bom contrato seria
dado ao trabalhador esforçado e o pior contrato ao
trabalhador indolente.
Com informação assimétrica, o comportamento do agente não
sendo totalmente observado, há risco moral.
O equilíbrio de estratégias dominantes (de Nash) é oferecer o
pior contrato e os trabalhadores escolherem a estratégia de não
se esforçarem.
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
43
2.3.2 O problema do risco moral
(sem quantificação de output)
Aqui é mais difícil combater pois sem quantificação de output
não é possível discriminar contratos em função da
performance.
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
44
2.3.3 A selecção adversa
A selecção adversa é criada pela informação assimétrica,
nomeadamente a incapacidade do principal avaliar
correctamente as características do agente (bem, serviço,
risco).
Selecção adversa – Sempre que não há discriminação de
remunerações (preço, prémio de seguro) em função de
diferenças na qualidade, haverá uma selecção adversa em
que os produtos/agentes de melhor qualidade saem do
mercado (produtos) ou da organização (agentes).
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
45
2.3.3 A selecção adversa
Exemplo (G. Akerlof- Nobel da Economia)- Market for
“Lemmons”
Se há bons e maus carros em segunda mão, mas os
compradores não conseguem discriminá-los.....
....ambos são vendidos ao mesmo preço médio.....
...alguns proprietários de bons carros consideram o preço baixo
e retiram-nos do mercado....
...o preço volta a baixar e uma nova leva de bons carros sai!...
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
46
2.3.3 A selecção adversa
Consequências da selecção adversa:
Nos mercados – Os bons produtos saem do mercado
Nas organizações – Os bons empregados (ou funcionários)
saem das organizações ou ficam desmotivados
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
47
2.3.4 Como combater os
problemas?
A perspectiva neoclássica (homo oeconomicus):
O combate faz-se através de um desenho apropriado de
contratos diferentes, de forma que os agentes revelam as suas
características (ou comportamento) pela escolha de um ou
outro contrato.
Nas organizações – Os bons empregados (ou funcionários)
saem das organizações ou ficam desmotivados
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
48
2.3.4 Como combater os
problemas?
A perspectiva baseada na reciprocidade e confiança:
Incentivos externos tendem a reduzir os incentivos internos.
Contratos moderadamente diferentes (incentivos externos
diferenciados)
Apelo ao sentido do dever, ao espírito de equipa e de
cooperação dos agentes (incentivos internos)
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
49
Aula 7
2.4 A dinâmica e escolha organizacional
2.4.1 O mercado e a empresa
2.4.2 A tragédia dos comuns.
2.4.3 A associação e o bureau
2.4.4 Instituições e custos de transacção.
Livro: p. 46-50
Bib Complementar: P.T. Pereira 1996, “A Acção Colectiva
Voluntária e o Papel do Estado” in Carvalho Ferreira et al.
Entre a Economia
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
50
Porque existe uma variedade de
organizações?
Objectivo da aula:
•Perceber os limites variáveis entre o papel do mercado e
e o papel da empresa
•Perceber os limites variáveis das associações e dos
bureaus (administração)
Em resumo: Porque existem as organizações.
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
51
2.4.1 O mercado e a empresa
O que entendemos por mercado?
O mercado é um mecanismo de coordenação (relativamente
eficiente) da acção de inúmeros agentes económicos
(sobretudo consumidores e produtores) e da utilização de
recursos, através do sistema de preços.
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
52
2.4.1 O mercado e a empresa
Uma empresa é uma forma de coordenação de relações
entre factores produtivos, por parte de um entrepreneur,
onde se processam transacções numa lógica de integração
vertical, sem utilização do mecanismo de preços. Pelo
menos alguns contratos são de médio, longo prazo.
Uma empresa cresce quando transacções adicionais (que
poderiam ser transacções mercantis) são organizadas pelo
entrepreneur.
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
53
2.4.1 O mercado e a empresa
Problemas:
Porque (ou quando) é que vale a pena criar uma empresa?
O que limita o crescimento de uma empresa?
Porque é que o entrepreneur não incorpora mais uma (menos
uma) transacção na empresa?
Porque é que as empresas não se vão consolidando
(agregando) até formar uma empresa gigante?
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
54
2.4.1 O mercado e a empresa
Preliminares de Respostas:
1. Existem custos (e benefícios) de se usar o mecanismo
dos preços.
2. Existem custos (e benefícios) na actividade de
entrepreneur.
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
55
2.4.1 O mercado e a empresa
Custos (comparativos) de se usar o mecanismo de
preços:
1. Custos de informação de se conhecer os bens/factores, os
seus preços, as suas qualidades
2. Custos de negociação com diversos fornecedores
potenciais de factores produtivos
3. Custos de celebração de contratos (curto prazo)
4. Custos fiscais (visto tratar-se de uma operação mercantil).
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
56
2.4.1 O mercado e a empresa
Custos (comparativos) da actividade de entrepreneur
(e não se usar o mecanismo de preços):
1. Custos do exercício da autoridade
2. Custos de informação, monitorização
3. Custos de ineficiência associadas a relações contratuais de
médio/longo prazo
.....
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
57
2.4.1 O mercado e a empresa
1. Custos do exercício da autoridade:
1.1 Custos directos - derivam de fraquezas no carácter, de
inteligência ou de uma estrutura mal desenhada de
incentivos do decisor .
1.2 Custos de influencia. Derivam de esforços, tempo e
dedicação por parte de indivíduos ou grupos para tentar
influenciar as decisões em seu benefício.
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
58
2.4.1 O mercado e a empresa
2. Custos de informação, monitorização
Com contratos incompletos, haverá lugar para
comportamentos oportunistas por parte dos agentes, o que
leva ao problema do risco moral.
Isto implica custos, para o principal (que detém o poder e
autoridade na organização) para monitorar o comportamento
dos agentes.
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
59
2.4.1 O mercado e a empresa
Conclusão:
A economia dos custos de transacção sugere que se faça uma
análise comparativa dos custos de ambas as formas
organizacionais
A opção pelo mercado será quando os custos de se usar o
sistema de preços forem baixos e os custos da integração
vertical (custos de más decisões, custos de se combater o
risco moral, etc.) forem altos.
A opção pela empresa será no caso contrário.
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
60
2.4.2 A tragédia dos comuns
Na presença de um recurso comum, a utilização individual
não coordenada, leva a um uso excessivo em relação à
capacidade de renovação, de modo que se poderá acabar
numa situação trágica de esgotamento do recurso.
Exemplos: …..
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
61
2.4.2 A tragédia dos comuns
Note-se que a estrutura de interacção subjacente é a de
dilema do prisioneiro.
A solução para o dilema passa pela instituição de uma forma
qualquer de direitos de propriedade (privada, ´pública ou
comunitária).
Cada solução tem as suas vantagens e inconvenientes.
Cada solução institucional deve ser analisada à luz de duas
hipóteses: minimização de custos de transacção e/ou rendas
associadas.
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
62
2.4.3 A associação e o bureau
Muitas actividades de associações voluntárias e de
organismos da administração pública (bureaus) vão no
mesmo sentido: fornecimento de bens colectivos (ou
públicos?
Problemas:
1. Porque é que certas actividades são organizadas no sector
voluntário?
2. Porque é que outras actividades estão no sector público?
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
63
2.4.3 A associação e o bureau
Antes do mais interessa distinguir os dois tipos de
organizações
A associação é uma organização democrática. Os seus
dirigentes são democraticamente eleitos. A adesão é
voluntária. Os seus membros pertencem à organização porque
partilham os objectivos da organização.
O bureau é uma organização de tipo burocrático, onde os
dirigentes são nomeados. Os trabalhadores são funcionários.
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
64
2.4.3 A associação e o bureau
Quais as vantagens e os inconvenientes da associação
voluntária?
Há um problema com os bens públicos: saber o que os
cidadãos verdadeiramente pretendem.
Uma associação voluntária, se bem sucedida, permite que
haja revelação de preferências por bens públicos.
Contudo, tem dificuldades em combater os free riders.
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
65
2.4.3 A associação e o bureau
Quais as vantagens e os inconvenientes do bureau?
Muitas pessoas que aqui trabalham, têm nomeações de
médio/longo prazo (vitalício) em certos casos. A incapacidade
de combater a selecção adversa e o risco moral tem efeitos
perniciosos.
A revelação de preferências pelos bens públicos não se realiza
aqui (mas no processo político- AR)
Consegue combater os free rider (todos têm que contribuir).
Há funções que não podem ser privatizadas (nem mesmo para
associações).
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
66
2.4.3 A associação e o bureau
Quando se prefere uma associação à intervenção
espontânea e individual?
Como veremos a acção colectiva no sentido de criação
de uma associação surge quando os benefícios da acção
colectiva superam os custos (que são essencialmente
custos de transacção)
Quando se escolhe a administração em vez de uma
associação?
Quando são necessários poderes de administração e/ou quando
são menores os custos de transacção e/ou quando o problema de
revelação de preferências não é relevante e/ou quando o combate
ao free rider é relevante.
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
67
2.4.4 Instituições e custos de
transacção
A economia dos custos de transacção sugere que a forma
institucional com que se resolve o problema de como
desempenhar uma tarefa, tem a ver com a minimização de
custos de transacção.
Dá-nos uma perspectiva interessante de análise
Mas tem limitações: A mais importante é considerar
implicitamente que as instituições que existem são mais
eficientes do que alternativas organizacionais (o que nem
sempre é verdadeiro).
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
68
2.4.4 Instituições e custos de
transacção
A perspectiva que desenvolvemos é contudo mais ampla:
As instituições evoluem por um lado, no sentido da
minimização de custos de transacção.
...mas por outro, a evolução ou estagnação de uma
instituição tem a ver com razões distributivas.
Mudar o status quo, implica sempre consequências
redistributivas. Há quem beneficie do status quo, e há quem
beneficiaria de uma mudança.
Por vezes os ganhos líquidos para a sociedade da mudança
institucional seriam grandes, mas quem fica prejudicado pode
bloquear essa mudança.
ISEG-EINS (Paulo Trigo Pereira)
69
Download

Aula 5 -