0
UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO
RIO GRANDE DO SUL
DHE – DEPARTAMENTO DE HUMANIDADES E EDUCAÇÃO
CURSO DE HISTÓRIA
A HISTÓRIA DA INDÚSTRIA MILITAR BRASILEIRA: ORGANIZAÇÕES,
COMPLEXO INDUSTRIAL E MERCADO DURANTE O SÉCULO XX
RAFAEL LUCIANO WELFER
Ijuí – RS
2014
1
RAFAEL LUCIANO WELFER
A HISTÓRIA DA INDÚSTRIA MILITAR BRASILEIRA: ORGANIZAÇÕES,
COMPLEXO INDUSTRIAL E MERCADO DURANTE O SÉCULO XX
Trabalho de Conclusão de Curso
Graduação, com vistas à graduação
Curso de Licenciatura de História
Universidade Regional do Noroeste
Estado do Rio Grande do Sul.
Orientadora: Profª Vera Lucia Trennepohl
Ijuí – RS
2014
de
no
da
do
2
“Como as guerras nascem na mente dos homens, é
na mente dos homens que as defesas da paz devem
ser construídas” (preâmbulo da Constituição da
UNESCO).
3
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 4
1 O BRASIL E O MERCADO NACIONAL DE MATERIAL BÉLICO ......................... 12
1.1 EXÉRCITO ........................................................................................................... 12
1.2 MARINHA DO BRASIL ......................................................................................... 26
1.3 AERONÁUTICA ................................................................................................... 31
1.4 FORÇAS POLICIAIS ............................................................................................ 40
1.5 MERCADO CIVIL E O CRIME ORGANIZADO .................................................... 44
2 INDÚSTRIA DE DEFESA NACIONAL.................................................................... 49
2.1 A INDÚSTRIA DE ARMAS LEVES, PORTÁTEIS E DE MOBILIDADE ................ 50
2.2 A INDÚSTRIA DE VEÍCULOS DE COMBATE DE EMPREGO MILITAR ............. 59
2.3 A INDÚSTRIA AEROESPACIAL E DE MEIOS AERONÁUTICOS ....................... 68
2.4 A INDÚSTRIA DE EMPREGO MARÍTIMO E NAVAL .......................................... 79
2.5 A INDÚSTRIA DE SUPORTE, MANUTENÇÃO, APLICAÇÕES DIVERSAS E
SERVIÇOS GERAIS .................................................................................................. 82
3 A PRODUÇÃO E O COMÉRCIO GLOBAL E A INDÚSTRIA DE DEFESA
NACIONAL ................................................................................................................ 86
3.1 ARMAS LEVES E PORTÁTEIS ........................................................................... 87
3.2 VEÍCULOS DE COMBATE................................................................................... 90
3.3 EMBARCAÇÕES ................................................................................................. 94
3.4 AERONAVES ....................................................................................................... 95
CONCLUSÃO .......................................................................................................... 100
FONTES BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 103
SITES CONSULTADOS .......................................................................................... 107
4
INTRODUÇÃO
Nesta pesquisa o objetivo proposto é mapear, analisar, apontar e dar um
contexto histórico ao conceito de “complexo industrial militar” em nossas terras
tupiniquins, gradualmente constituído principalmente a partir do século XX.
Desde os mais remotos tempos a humanidade “concebeu” a possibilidade de
estabelecer um processo contínuo de conquista e manutenção do poder através da
sua capacidade beligerante. Esse processo de construção do “poder de
convencimento” através de armas (prático e retórico) seja ele concebido para uma
sociedade tribal ou uma Cidade-Estado, um Estado absoluto ou democrático, em
sua essência é basicamente sempre o mesmo.
Ferramentas neolíticas provavelmente já eram usadas como armas (graças
a seu poder de convencimento) mesmo antes da história registrada. Já na Idade do
Bronze e da Idade do Ferro ocorreu o surgimento de indústrias complexas na
fabricação de armamento, com o ferro e seu processo de fundição. Em uma escala
manufatureira e o uso de moldes de formas específicas para a produção de pontas
de flechas, adagas e balistras permitiu a criação de um “complexo militar industrial”
utilizado por Qin Shi Huang para unificar o Império Chinês. No entanto, essas
indústrias também tinham outras aplicações práticas como a produção de utensílios
agrícolas e ferramentas em tempos de paz. Esta realidade da produção militar
começou a mudar com o emprego constante de novas tecnologias, desenvolvidas
em nome do necessário manuseio deste “poder de convencimento” através das
forças militares nesta gradual formatação histórica. Das bigas assírias, do couro e
das malhas de ferro usadas pelas legiões de Roma, o complexo militar, cada vez
mais foi se tornando um setor fabril e um ramo de atividades mais exclusivo, que
5
necessitava de matérias-primas e recursos próprios e privilégios, muitas vezes em
detrimento ao restante da sociedade que esta “força militar” representava.
As pedras usadas como “projéteis de artilharia” da antiguidade até a baixa
Idade Média, nos “equipamentos de engenharia militar” como o mangonel e o
trebuche, viram o surgimento da artilharia com alto poder de fogo detonado pela
pólvora, antigo minério explorado pelos chineses, mas de até então baixo resultado
prático nos campos de batalha da época. Os “Janízaros” otomanos com seus
canhões de tiro portátil, por volta de 1400 representam o modelo primordial de
unidade militar de infantaria (0003) que veremos até os nossos dias e tema de
nossos estudos. A maior capacidade de fogo dos canhões tornou obsoleta a
cidadela murada e a “portabilidade” dos canhões foi completada com as grandes
navegações que também agraciou todas as demais “armas de guerra” com suas
inovações tecnológicas e possibilitou a chegada dos europeus ao nosso Continente
Americano.
No que tange ao nosso particular estudo sobre a realidade do complexo
militar em nosso país, cabe destacar que já em 1526, ou seja, pouco tempo depois
de Portugal tomar posse destas terras, na atual Itália a Fabbrica d'Armi Pietro
Beretta fazia sua primeira venda para o Arsenal de Veneza. Comércio de armas que
se estende até nossos dias e tem um papel muito relevante em nossa pesquisa
particular no Brasil do século XX.
Prosseguindo em nossa análise geral da formatação histórica do modelo
fabril industrial militar que veremos mais adiante em nosso estudo contemporâneo,
cabe destacar uma série de fatos e eventos históricos que estabelecem um novo
padrão para a produção industrial de artefatos militares. As campanhas
expansionistas Napoleônicas, as questões coloniais (com uso de força militar para
combater insurreições), as disputas constantes entre as grandes coroas geram a
necessidade de constantes efetivos militares e logicamente um sistema constante de
produção e capacitação bélica deste contingente.
No início do século XVIII a produção independente de outrora deveria agora
ser padronizada e chancelada pela Torre de Londres (Board of Ordnance) no caso
Britânico, ou seja, as armas começaram a ser “controladas” tanto na qualidade,
quanto na distribuição e quantidades, bem como as licenças de produção.
6
O estabelecimento do Brasil Colônia e seu pacto colonial com a metrópole
Portugal veda a possibilidade de se instalarem aqui unidades de fabrico de armas,
sendo assim, todas eram providas via Portugal ou contrabando. A mudança deste
modelo foi gradual, em 1711 funda-se no Rio de Janeiro a Casa do Trem de
Artilharia, com a finalidade de suprir as necessidades de defesa em termos de
reparação de material bélico, de fundição e de logística. Em 1763, no Rio de Janeiro,
instala-se o Arsenal de Marinha a fim de atender as necessidades navais de nossa
força naval de maneira mais complexa e, em 1808, Dom João VI decreta e cria a
Fábrica de Pólvora da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Bairro Jardim Botânico, no Rio
de Janeiro.
Decreto pelo qual Sua Alteza Real há por bem mandar erigir uma fábrica de
pólvora, no engenho, e terras denominadas Lagoa de Rodrigo de Freitas; e
que pelo Conselho da Fazenda, se proceda logo a incorporar nos próprios,
da sua real Coroa o sobredito engenho, e terras, procedendo-se primeiro a
competente avaliação.
Sendo-me presente a grave e urgente necessidade que há de erigir sem
perda de tempo uma fábrica de pólvora, onde se manufature este tão
necessário gênero para a defesa dos meus Estados, e igualmente para o
mesmo fim outra fábrica para a fundição [forneação] e perfuração das peças
de artilharia, o que tudo exige não só um local espaçoso, mas ainda
abundância de águas para o movimento das diferentes máquinas, por cujo
meio se hão de executar todas as necessárias operações; e constando-me,
outrossim, que o engenho e terras denominadas Lagoa de Rodrigo de
Freitas, seja o lugar mais próprio para estes grandes estabelecimentos: sou
servido ordenar, que pelo Conselho da Fazenda se proceda logo a
incorporar nos próprios da minha real Coroa... (http://www.imbel.gov.br/).
Essa estrutura criada em 1808 é hoje a pedra fundamental da Indústria de
Materiais Bélicos (Imbel), até hoje empresa do ramo militar ligada ao Ministério da
Defesa e fornecedora de equipamentos militares especializados para nossas forças
armadas desde então e uma das empresas que serão analisadas de maneira
individual em nossa pesquisa.
Ainda de maneira embrionária outra questão que devemos elencar nesta
fase introdutória do modelo industrial militar são os avanços adquiridos com a
Segunda Revolução Industrial (eletricidade/eletrônica e comunicações, radiologia,
indústria química) e o modelo gerencial da “Paz Armada” europeia. Neste
“efervescente” setor industrial que viria a abastecer as trincheiras na “Primeira
Grande Guerra”, principalmente com novas peças de artilharia, armas químicas,
novos detonantes, carros de combate e veria no aparecimento dos aviões um novo
7
conceito para as guerras posteriores e o fim da guerra de trincheiras. Estes
momentos devem ser entendidos como paradigmas primordiais deste novo modelo
da indústria militar do século XX que estudaremos a seguir.
Foi a partir deste momento final do século XIX ao início do século XX que o
armamento militar necessitou de um grande subconjunto de indústrias dedicadas
exclusivamente à sua produção. Armas de fogo (metralhadoras e armas anticarro),
artilharia com autopropulsão (desenvolvimento de balística e aerodinâmica e os
primeiros sistemas de foguetes), navios a vapor (novas funções como o emprego de
aeronaves e a defesa aérea), aviões (início da utilização dos primeiros metais leves)
e a indústria química (penicilina, antibióticos) num primeiro momento; e a era
atômica nuclear (Bomba H) e o desenvolvimento dos radares e sonares e mísseis de
longo alcance (V-1) durante e após a Segunda Grande Guerra. Estas mais recentes
armas, mais complexas, necessitarão de mão de obra altamente especializada,
novos conhecimentos, máquinas e tecnologias. A indústria de apoio necessária para
a construção destes sistemas de armas de crescente complexidade e integração
maciça, já não seria viável se fossem utilizados somente em tempos de guerra. Em
vez disso, as nações passaram a dedicar parte de suas economias para a produção
em tempo integral de ativos de guerra. Esta interdependência crescente de militares
e governos civilistas sobre a indústria bélica deu origem ao conceito de “complexo
militar industrial” que constatamos existir atualmente. Essa necessidade de um
complexo industrial militar permanente gera a necessidade de “criar” mercados
consumidores, a fim de manter a sustentabilidade do modelo, principalmente sobre o
enfoque capitalista. Junto com os movimentos de acomodação geopolíticos
derivados da Segunda Grande Guerra e imediata divisão do mundo em zonas de
influência da Guerra Fria também marcou esse novo mercado global de armas, do
século XX. No Brasil com o governo Getúlio Vargas e a participação do Brasil na
Segunda Grande Guerra, que marca o início da maior colaboração comercial entre
os setores bélicos do Brasil e dos EUA, em especial após a implementação da
Doutrina Truman por parte dos americanos.
Desde o início da década e, de forma mais dramática, depois da guerra civil
de 1932, havia um nítido consenso na cúpula militar brasileira em torno da
debilidade da capacidade de defesa de suas forças armadas. A guerra do
Chaco, a escalada militar na Europa e na Ásia, e o programa de
rearmamento argentino – o então tradicional rival e inimigo potencial do
Brasil – compunham um cenário cuja avaliação pelos militares brasileiros
8
não era nada favorável ao seu país. O temor quanto à superioridade bélica
argentina perpassou as negociações do Brasil com os Estados Unidos
(SVARTMAN, 2008).
Esses momentos, os anos subsequentes e anteriores ao regime militar pré1964 será o momento de “iniciação” de nossa pesquisa propriamente dita. Foi neste
período que a aceleração industrial e tecnológica dá uma formatação inicial ao
modelo fabril bélico brasileiro pertinente ao nosso estudo, pois tanto o governo
“getulista”, a administração JK e as juntas militares, identificavam a necessidade de
um desenvolvimento de nossa base industrial de defesa, apesar de seus interesses
políticos serem distintos.
Primeiro ciclo industrial militar, que se estendeu desde a fundação da Casa
do Trem, em 1762, até a Revolução Democrática de 1964, era caracterizado
por fábricas pertencentes às Forças Armadas. No segundo ciclo, que vem
de se encerrar com a Guerra do Golfo, o incremento da participação civil
ensejou o aparecimento de inúmeras empresas nacionais dedicadas à
produção de material de defesa (AMARANTE, 2004).
Destaco que nesta pesquisa, a metodologia empregada consiste de um
levantamento de informações oriundas de diversas fontes, a fim de perfazermos um
quadro suscetível de nosso complexo industrial militar brasileiro. Devido ao fato
deste “complexo” ser formado de vários setores e segmentos de empregos distintos,
como marítimo, aeronáutico, terrestre, químico, telecomunicações e outros, as fontes
utilizadas a fim de mapear os respectivos segmentos são logicamente bastante
variadas.
Para esta análise quantitativa foram necessárias consultas a tabelas,
gráficos e relatórios, disponibilizados de maneira “virtual” por organizações não
governamentais, privadas e governamentais. Na parte relativa às armas leves a fim
de rastrear os “seus caminhos”, os materiais disponibilizados por “ONGs” como a
“Sou da Paz”, “A Publica.Org” e a “Viva Rio” foram usados na pesquisa.
Os documentos disponibilizados pela The Library of Congress of USA e seus
relatórios e estudos em especial aos países “parceiros” do Brasil (importadores e
exportadores) além do próprio {http://lcweb2.loc.gov/frd/cs/cshome.html}, são
fornecedores de valiosas informações sobre estas temáticas, principalmente em
relação ao contexto geopolítico de nossa pesquisa (Brasil, EUA, Iraque, Líbia,
Guiana, Chile, Argentina, etc.). Além deste o renomado Stockholm International
9
Peace
Research
Institute
{http://www.sipri.org/research/armaments/milex/
milex_database} foi consultado.
Na parte relativa às empresas e organizações foram usados seus próprios
históricos disponibilizados, seja no setor privado estrangeiro como: a Remington
Arms
dos
EUA
{http://www.remington.com},
a
italiana
Beretta
{http://www.beretta.com/en/}, Magtech {http://www.magtechammunition.com} etc. Do
setor nacional empresas como: Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC)
{http://www.cbc.com.br},
Forja
Taurus
{http://www.taurus.com.br},
Imbel
{http://www.imbel.gov.br}, assim como a Embraer e a história de suas aeronaves
{http://www.embraer.com.br/, http://www.centrohistorico embraer.com.br} e outras.
Organismos governamentais como o Ministério da Defesa brasileiro
{http://www.defesa.gov.br} e suas organizações como Exército {http://www.eb.mil.br}
e Marinha {http://www.mar.mil.br} tem seus dados oficiais de referência. Assim como
fontes alternativas como o site especializado no tema Army Guide {http://armyguide.com/} e os trabalhos realizados pelo Centro de Pesquisas Estratégicas
“Paulino
Soares
de
Sousa”
da
Universidade
Federal
de
Juiz
de
Fora
{http://www.ecsbdefesa.com.br/defesa/}, referência em questões militares em termos
de Brasil são utilizados nesta pesquisa. A pesquisa também se dará através de uma
série de fontes audiovisuais oriundas do Arquivo Nacional, da Casa Civil da
Presidência da República, que conta com excelente e vasto material sobre o tema
disponibilizado através do endereço {http://zappiens.br/portal/tema.jsp?idTema=3} e
documentários, além destes, me nortearei por uma série de publicações
especializadas na temática industrial militar e forças armadas (magazines e
periódicos), bem como alguns livros como Global Arms Trade e A indústria brasileira
de armas leves e de pequeno porte: produção legal e comércio e outros títulos.
A primeira parte da pesquisa terá como foco as forças armadas do Brasil,
suas políticas e pesquisas no campo militar. Dando maior ênfase nas partes relativas
ao esforço de guerra e a modernização experimentada por essas “forças” a partir do
estabelecimento do regime militar brasileiro em 1964, que significou um grande salto
tecnológico em nossa indústria militar e um maior estreitamento das relações
geopolíticas com os interesses tanto comerciais quanto estratégicos com
Washington e os demais participantes do círculo estadunidense como: França,
Inglaterra, Alemanha Ocidental, Itália e Bélgica. Estas relações de “cooperação” com
os membros da OTAN permitiram às nossas forças uma série de dotações que se
10
estenderam desde tratados e acordos de cooperação comercial, negociados no
governo Getúlio Vargas nos anos 30 e que se estendem até o final dos anos 70.
Essa “parceria” se deu tanto em operações militares conjuntas, como a Segunda
Grande Guerra, a Intervenção no Suez, chancelada pela ONU e na República
Dominicana, dando suporte aos americanos, além da aliança providenciada durante
o regime de “exceção militar” no Brasil e suas campanhas secretas como a guerra
do Araguaia ou a operação Condor. Essa “parceria” nas relações políticas e
societárias e de ordem econômica faz de nossas forças uma grande importadora de
material bélico e tecnologias, principalmente os “produtos” de melhores conceitos
tecnológicos. “Brazil and the United States signed a Military Assistance Agreement in
1952, through which the United States provided most of Brazil's major weapons”
(LIBRARY OF CONGRESS COUNTRY STUDIES, 1997). Esses equipamentos e
dotações de nossas “Armadas” serão mapeados, devido a esses serem os
“inspiradores” e fornecedores das tecnologias, por nossas forças, posteriormente
replicadas em nosso país.
Década de 1930 assinalou o Primeiro Ciclo Industrial Militar, que tinha como
base o fato de que todo esse parque industrial utilizava tecnologias
estrangeiras, sob licença ou adquiridas. Seus engenheiros sabiam como
fazer, mas não porque fazer. Até então não se fabricavam, no Brasil,
materiais pesados de emprego militar, como canhões, metralhadoras e
viaturas blindadas, só possíveis com a implantação no país da indústria
siderúrgica pesada (AMARANTE, 2004).
Além do “mercado militar” em nossas forças armadas também faremos
apontamentos com relação aos mercados periféricos integrantes deste vasto
sistema industrial e comercial em meio a sociedade brasileira que são suas forças
policiais, bem como os grupos paramilitares e insurgentes ou criminosos, bem como
nosso mercado civil.
Já na segunda parte de nossa pesquisa será feita uma análise particular
sobre a espinha dorsal de nossa indústria militar brasileira, tanto as empresas
públicas ligadas ao Ministério da Defesa (AMRJ e Imbel), quanto às empresas
privadas do setor (CBC, Taurus, Avibras, Engesa, Bernardini etc.), as empresas de
constituição pública/privada e posteriormente (anos 90) “privatizadas” como a
Embraer, serão catalogadas individualmente, com seus históricos, instalações,
propósitos
e
particularidades
nos
quesitos:
produção,
comercialização
e
11
compartilhamento de tecnologias tanto na fabricação de aviões, veículos militares,
armas leves e munições, radares, detonantes e demais equipamentos e produtos,
relativos a este setor. Esses segmentos industriais terão seus representantes
analisados de acordo com a área de atuação, embora alguns destes “grupos
empresariais” atuem em mais de um segmento.
Na terceira parte desta pesquisa, terá por fim o intento de mapear a
produção e os “consumidores” de nossas armas “Made in Brazil”, geralmente o
terceiro mundo, mas há exceções. Daremos destaque aos principais itens fabricados
com nossas tecnologias e ferramental, em nossos parques industriais, e assim
sendo, realizaremos uma análise específica deste comércio, das principais
negociações de nossa indústria de defesa, sua clientela, os mercados a que nossa
indústria já teve acesso. Os conflitos e mercados aonde nossas armas ou produtos e
equipamentos bélicos foram absorvidos e utilizados serão apontados neste terceiro
apêndice.
A ordem dos capítulos foi definida nesta sequência devido ao fato, de a
necessidade de equipamentos bélicos e a existência de um enorme mercado, era
até os anos 30, praticamente todo abastecido via importações. Foi a existência deste
vasto mercado de consumo que serviu de referência para que os governos e a
iniciativa privada, praticamente já na segunda metade do século XX definissem
como “inadiável” a formação de um setor industrial bélico de capacitações e níveis
de atender não apenas a este mercado, como os mercados exteriores. Assim sendo,
o capítulo secundário de nossa pesquisa, destaca esse segundo momento de
esforço de nossos setores públicos e privados, o fomento e o surgimento de um
“complexo industrial militar”, e no terceiro, a proposta é destacar essa agora
“tangível” base industrial de defesa no mercado global e suas negociações ao redor
do mundo.
Concluirei
a
pesquisa
buscando
contrastar
esses
processos
de
transferências de capitais, tecnologias e os interesses que perpassaram o século XX
com mercados consumidores pré-estabelecidos em zonas de influência, com o
mundo atual em perspectiva, o fim do regime militar brasileiro, o processo de
falência do setor privado e a privatização de nossas indústrias “nacionais” nos anos
90. O término da guerra fria e a era da informática e aeroespacial mudaram
praticamente todo esse sistema, agora globalizado e de guerras preventivas, com
novos atores ganhando destaque e emergindo neste cenário geopolítico atual.
12
1 O BRASIL E O MERCADO NACIONAL DE MATERIAL BÉLICO
Este capítulo se torna necessário em nossa pesquisa devido ao fato de ser
praticamente impossível uma dissociação do sistema de produção de materiais
bélicos e de nossas organizações militares e dos mercados consumidores destes
materiais de emprego bélico. Sendo assim, estas organizações e segmentos
analisados neste primeiro capítulo, serão mapeadas, apenas no critério de suas
dotações de emprego e equiparação bélica e no fomento tecnológico da nossa base
industrial de defesa.
Durante os períodos anteriores ao século XX, nosso mercado de material
bélico era maior que nossa capacidade fabril, essa insuficiente produção caracteriza
a necessidade de colocarmos nosso “mercado consumidor” em primeiro plano, com
relação ao nosso modelo de produção de material bélico que se dará em um
segundo momento.
No particular de nossas forças armadas, estas necessitam de equipamentos
e veículos que atendam aos seus requisitos técnicos específicos básicos, para isso
estas contam com organizações que estabelecem critérios (CTEx, DCTA e IPqM), a
fim de regular a produção bélica das “indústrias de armas” de acordo com suas
realidades no cenário nacional e global.
Diante desta lógica seja as dimensões das “lagartas” dos tanques que
deviam atender as exigências das linhas férreas nacionais, o calibre das munições
produzidas que devem ser compatíveis com as armas aqui fabricadas e usadas.
Estes detalhes muitas vezes “determinam” a qual mercados consumidores estes
produtos podem ser encaminhados. Diante disso, em nossa realidade brasileira de
provisões de armas que seguem uma tendência de uniformização e padronização
com os equipamentos utilizados pelos países integrantes da OTAN, como veremos a
partir deste primeiro anexo que tem por finalidade mapear esse compartilhamento de
esforços governamentais, militares e privados do Brasil.
1.1 EXÉRCITO
Apesar da existência das forças coercitivas e militares aqui instaladas no
Brasil Colonial por nossa metrópole portuguesa e a constituição de um corpo militar
submetido ao governo geral, nosso Exército é simbolicamente operacional desde
13
1648 (batalha dos Guararapes), aonde o sentimento de autodeterminação e
soberania “nacional” é perceptível: “Pela primeira vez, indígenas brasileiros,
africanos, escravos e brancos portugueses e brasileiros se uniram para reconquistar
o território há anos ocupado pelos holandeses no nordeste do Brasil” (SANTIAGO,
2012).
O Exército Nacional (Imperial) e de fato, já a partir de nossa independência,
esta “arma de emprego terrestre” do país se faz notar. Participou da questão da
independência,
como
a
causa
Cisplatina,
reprimiu
insurreições
como
a
pernambucana revolução dos alfaiates, combateu os inconfidentes mineiros, os
beatos no agreste, os farroupilhas separatistas no sul, entre outros. Envolveu-se em
guerras regionais, contra o “expansionismo” de seus vizinhos, apenas quando estes
representavam perigo real e imediato à nossa soberania, como na questão “Oribe e
Rosas” e na campanha expansionista paraguaia, já nestes períodos longínquos
utilizava-se em geral de equipamentos “estrangeiros”.
Tão logo chegamos ao regime republicano brasileiro e os nossos militares, já
estavam participando do controle de nosso Estado de modo político.
A República da Espada abrange os governos dos marechais Deodoro da
Fonseca e Floriano Peixoto. Foi durante a República da Espada que foi
outorgada a Constituição que iria nortear as ações institucionais durante a
Primeira República. Além disso, o período foi marcado por crises
econômicas, como a do Encilhamento, e por conflitos entre as elites
brasileiras, como a Revolução Federalista e a Revolta da Armada (PINTO).
É justamente está “presença” militar em nosso processo político do século
XX que dará moldes a uma série de eventos ligados ao complexo industrial militar,
relativo a esta pesquisa.
Os primeiros anos da República foram marcados por grande instabilidade
política. Os diversos governos estiveram mais preocupados com a
segurança interna do que com a externa, razão pela qual o Exército teve
seu reequipamento congelado a partir da 1ª Guerra Mundial, quando
cessaram as importações (AMARANTE, 2004).
Destacamos ainda que neste período “republicano” e “militarizado” ocorreu
uma série de levantes e contestações, com o emprego de materiais bélicos, como a
Guerra do Contestado, o levante do Forte de Copacabana, a Revolta da Armada e
14
da Chibata, a Revolta Paulista de 1924, a Revolução Federalista, o Tenentismo,
entre outros.
No que tange ao estudo do braço militar de emprego terrestre e seus
equipamentos no século XX, sua proximidade com este modelo fabril bélico terá
seus equipamentos analisados de forma a dar um pequeno prospecto de como
foram “simbióticas” as ações desta “força militar” com o sistema de aquisição de
armas de países desenvolvidos (França, Estados Unidos e Itália) e o implemento
gradual de nossa indústria militar em parceira com nosso Exército Brasileiro (EB). A
nossa parca base industrial militar anterior a esse momento (século XX) era
unicamente as instalações militares como alguns arsenais e a Fábrica da Estrela
pertencente ao Exército, hoje da Imbel.
Entre 1900 e 1918, essa “obsolescência” e “defasagem” de equipamentos
bélicos nacionais ficaram evidenciadas, se compararmos com aqueles que às
indústrias fornecedoras dos equipamentos produzidos na “Paz Armada” e utilizados
nas campanhas da Primeira Grande Guerra, por estas mesmas potências industriais
do setor bélico. Em 1919, buscando modernizar e mecanizar nosso Exército, o Brasil
entra em contato com a França, que era uma das detentoras de tecnologia militar de
ponta na época e com esta firma um contrato a fim de suprir nossas deficiências
estratégicas. São adquiridos os primeiros carros de combate, com capacidades de
assalto e artilharia, as 12 unidades Renault FT-17 chegaram ao Brasil em 1921,
vindas direto de suas fábricas francesas, com seis unidades destinadas à função
“canhoneira”, outras cinco unidades eram armadas com metralhadoras anticarro e
uma unidade era equipada com sistema de comunicação telegráfico. A partir desta
incorporação o Brasil tornou-se o primeiro país da América do Sul a contar com esse
tipo de veículo “pesado” em suas fileiras. Estes veículos já tiveram seu “batismo de
fogo” durante a “Revolução de 1924” em São Paulo que contava com alguns
veículos a motor e sobre rodas, blindados de modo artesanal, mas sem poder de
fogo, dos Renault FT-17 que se mantiveram na ativa de nosso Exército até 1942, ao
lado do “mini-tanques”, Fiat-Ansaldo CV 3-35 de fabricação italiana, além de
caminhões Ford, Chevrolet e Dodge americanos.
Os revolucionários de 1930 liderados por Getúlio Vargas, sabendo das
capacidades militares de nossa força, desenvolveram de modo “empírico” três
unidades de combate blindadas, fabricadas pelo estaleiro Alcaraz & Cia e Mabilde
Ltda, que eram tratores “Caterpillar” transformados com chapas de aço, em veículos
15
de combate sobre “esteiras”. Estes “blindados artesanais” podem ser considerados
os primeiros veículos de combate sobre “lagartas”, produzidos em uma série no
Brasil. Com a vitória getulista uma destas unidades chegou a ser integrada ao EB.
O “titubeante” presidente Vargas tinha um recente acordo no setor
aeronáutico com a Alemanha nazista e “enfadonhamente” postergava nossa entrada
no segundo grande conflito mundial do século, até este decidir-se pela manutenção
do acordo de cooperação militar já existente antes da guerra com os Estados
Unidos. A partir de então estes “aliados” passaram a fornecer uma série de
equipamentos a fim de serem estes usados por nossos “homens” nas campanhas da
Força Expedicionária Brasileira (FEB).
A importância de se analisar todos estes veículos oriundos do contingente
da FEB de maneira mais criteriosa é devido ao fato que estes são à base de nossa
própria indústria nacional de veículos blindados, que só irá “surgir” a partir da
“engenharia
reversa”
desenvolvida
nestes
veículos
em
programas
de
“modernização”, realizados por empresas privadas e nossos próprios centros bélicos
e tecnológicos do Exército já no limiar dos anos 60 e sob julgo da ditadura militar.
O nosso desenvolvimento tecnológico foi amortecido pela invasão de
equipamentos militares, postos à disposição do Exército a baixo custo e
com todas as facilidades de suprimentos e manutenção, em face de um
acordo de cooperação militar, firmado com os EUA (AMARANTE, 2004).
Sendo assim, os equipamentos de emprego da FEB dignos de um maior
destaque são:
M-3 A1 Scout Car, que foi um veículo desenhando pela White Motor
Company dos Estados Unidos, para ser empregado como carro de transporte de
infantaria, servido com uma potente metralhadora anticarro. Apesar de ser blindado
com chapas de aço, era totalmente vulnerável ao ataque com granadas ou
“coquetéis molotov”. Foram adquiridos pelo EB para o emprego na guerra, 90
unidades, porém “apenas” 51 destas foram entregues até o fim do conflito, as
demais posteriormente e foram empregados durante décadas por nossa armada, e
foi referência para alguns projetos nacionais de transporte de infantaria, como o EE11 Urutu.
Em 1941 entra em cena o carro de combate leve “M-3 Stuart” de fabricação
norte-americana, este foi utilizado em larga escala pelos países aliados na Segunda
16
Guerra Mundial. O Brasil que recebeu cerca de 350 unidades deste “pequeno
tanque” foi apelidado de “perereca” (devido as suas proporções em nossas forças),
fez uso deste modelo na guerra mundial e durante as décadas de 50, 60 e 70.
Sendo então retirado da ativa quando passou a ser modificado e modernizado para
o EB pela Bernardini S/A e Moto Peças S/A para utilização destes chassis em
versões bastante
modificadas deste obsoleto veículo de combate, agora
“transformado” em Bernardini X-1A ou M3-A1 (80 unidades) e M3-A2 (30 unidades),
veículos com canhões de 90 mm ou lança-pontes a serviço de nossa engenharia de
combate a partir dos anos 80.
Outro veículo adquirido pelo nosso EB neste período de conflitos ao redor do
globo foi o modelo Dodge WC-63, fabricado por esta subsidiária da Chrysler
Corporation, foram 129 unidades, empregados em vários regimentos e comandos
(manutenção, intendência, saúde e transmissões) da FEB na Itália e depois foram
trazidos para o Brasil e incorporados ao EB.
O M-8 Greyhound foi desenvolvido em 1941 e fabricado pela Ford Motor
Company em 1943 nos Estados Unidos; veículo “leve”, de excelente mobilidade
sobre rodas 6x6, este foi empregado durante as campanhas da Segunda Guerra,
por americanos, britânicos e pela nossa FEB, com grande eficiência, em missões de
reconhecimento, escolta de tropas de infantaria, combate contra veículos leves e no
suporte logístico direto nos campos de batalha.
Os Greyhound tiveram como missão dar apoio ao avanço da 11º Regimento
de Infantaria na tomada da cidade e das posições de defesa alemã. Foi um
duro teste para soldados e veículos, pois a FEB se viu envolvida em um
combate urbano. Algo que nunca o Exército Brasileiro havia enfrentado em
toda a sua história, ainda mais no contexto de uma guerra moderna.
Apesar do sofrimento, das baixas e dificuldades enfrentadas, a coragem e
bravura dos pracinhas lhes valeram a vitória frente ao inimigo bem
entrincheirado. Com a conquista de Montese, os aliados conseguiram
romper a Linha Gótica. O principal objetivo da Ofensiva de Primavera.
A atuação brasileira em Montese repercutiu de forma bastante positiva junto
ao comando americano. Alguns escritos dizem que o General Mark Clark
teria dito a seguinte frase a respeito da vitória brasileira em Montese:
“De todas as tropas sob meu comando, apenas os brasileiros merecem
meus cumprimentos. O soldado brasileiro está apto a ensinar a qualquer
Exército do mundo como conquistar uma cidade”.
... Após a rendição alemã, todo contingente da FEB foi desmobilizado e teve
início seu repatriamento. Os M8, assim como os demais veículos, armas e
equipamentos cedidos pelos americanos foram devolvidos pelos pracinhas
em Roma. Mas os homens que conduziram os Greyhound da FEB não
ficariam longe de seus veículos por muito tempo, já que após algum tempo,
os americanos enviaram para o Brasil a maior parte do material utilizado
pelos pracinhas deixados na Itália. Incluindo todos os M8 remanescentes
(VIANA, 2010).
17
Essas unidades foram repassadas para o Brasil através do “Lend-Lease
Act”, um programa global de repasse de equipamentos militares, desenvolvido pelos
norte-americanos a seus aliados durante este conflituoso período.
O Lend-Lease Act, de 11 de março de 1941, era o principal meio de
fornecimento de ajuda militar dos EUA para nações estrangeiras, durante a
Segunda Guerra Mundial. O ato autorizou o presidente a transferir armas ou
qualquer outro material de defesa, que o Congresso destinou dinheiro para
“o governo de qualquer país cuja defesa o Presidente considere vital para a
defesa dos Estados Unidos”. Grã-Bretanha, União Soviética, China, Brasil e
muitos outros países receberam armas nos termos desta lei (http://www.
history.com/topics/lend-lease-act).
E a partir de 1943 estas viaturas do M-8 foram alocadas às unidades de
reconhecimento da FEB durante a guerra (15 unidades) e, posteriormente,
integralizadas ao EB, que continuou recebendo unidades entre 1944 e 1952, que
perfizeram um total de 180 viaturas que serviram na ativa até os anos 70, inclusive
participando da campanha antiguerrilha no Araguaia. Cabe também destacar que o
M-8 Greyhound foi o referencial, a base e a plataforma de que partiu a indústria
brasileira para a concepção e fabrico de viaturas militares com blindagens e
multitração sobre rodas, como os “EE-9 Cascavel” e “EE-11 Urutu” da Engesa S/A.
Outro exemplo de modelo americano adquirido neste contexto bélico de
interesse global foi o “destacado” M-4 Sherman, tanque médio americano que foi o
principal tanque utilizado pelas forças americanas e seus aliados durante a Segunda
Guerra Mundial. Este foi construído em várias plantas metalúrgicas dos EUA a partir
de 1941, sendo imediatamente alocado nas próprias linhas do U.S. Army e ainda
sendo repassado a seus aliados através do Lend-Lease Act como os países do
Commonwealth, a resistência francesa e polonesa e o Brasil. O EB em 1941
recebeu 53 tanques M-4 Sherman via Lend-Lease Act, mas estes não foram
utilizados por nossas tropas (FEB) em solo europeu, ficando a cargo destes tanques
a defesa do próprio território nacional, contra possíveis invasores do Eixo. Em 1950
mais 30 tanques Sherman foram agregados ao arsenal brasileiro através do
Programa de Assistência Militar com os EUA.
O Brasil recebeu um total de 53 tanques Sherman sob Lend-Lease Act, em
1941, todos equipados com a arma de 75 mm. Estes tanques não foram
utilizados pela Força Expedicionária Brasileira na Itália durante a guerra,
mas enviada diretamente para defender o Brasil (http://en.wikipedia.
org/wiki/Lend-Lease_Sherman_tanks).
18
O EB utilizou os M-4 Sherman até 1979, sendo estes substituídos por
tanques M-41 Walker Bulldog. Após sua desativação em 1980 os M-4 Sherman
passaram por processos de conversão. Visando atender as necessidades de carros
especializados, o Centro Tecnológico do Exército (CTEx) e a empresa Moto Peças
S/A, desenvolveram a partir do chassi do M-4 Sherman, uma viatura blindada
especial de engenharia de combate, agora denominada M-4A1, foram produzidas
apenas 11 unidades das 83 possíveis (M-4 não sucateados), pois seu desempenho
foi considerado insatisfatório pelo EB e o projeto foi cancelado.
Durante os anos 50 a Fábrica Nacional de Motores (FNM) produziu o modelo
FNM D-11000 (projeto licenciado pela Alfa Romeo da Itália) que foi incorporado pelo
EB e participou do engajamento do EB na crise do Suez em 1956. Embora nas
areias do deserto este caminhão tenha encontrado bastante dificuldade de operação
a serviço de nossas tropas na “Força de Emergência das Nações Unidas” – criada a
fim de garantir o cessar fogo e evitar novos conflitos entre árabes e israelitas – este
se manteve na ativa. Algumas versões destes “descontinuados” caminhões
seguiram nas fileiras do EB até pelo menos o final dos anos 90.
Ele chamou a atenção do Exército Brasileiro, por possuir diversas inovações
em relação aos modelos americanos em uso, razão que o levou a ser
adquirido em grandes quantidades, visto que até os dias de hoje algumas
unidades, principalmente de Intendência e Logística ainda o empregam com
sucesso (BASTOS).
A Willys Overland Motors de Ohio – EUA, produzindo em sua planta no
Brasil, em larga escala, já a partir de 1954 o veículo M-38 A1 modelo utilizado por
várias forças militares e conhecido como “jipe” (0031, 0032) e a versão “pickup”
(pickup Willys) lançada em 1961, passaram a ser gradualmente adquiridas pelas
nossas forças armadas. Esta “pickup” teve uma versão militar da denominada
também F-85 quando fabricada pela Ford, ganhou o pitoresco apelido de “Cachorro
Louco”, substituiu a partir de 1962 os modelos Dodge WC-67 (importadas)
remanescentes da Segunda Guerra. Foi utilizada pelo Exército, servindo para o
transporte de pessoal e carga e foram utilizados com equipados acoplados como
metralhadoras ou canhões, em inúmeras versões como ambulâncias, viatura da
polícia do Exército, lançadores de foguetes, artilharia móvel ligeira, entre outras
aplicações, como viatura da polícia do Exército, tem papel destacado nas operações
urbanas da repressão impostas pelo regime militar.
19
Mesmo antes do “derradeiro golpe militar” no Brasil, a experiência de
assistência militar entre nossos governos e os Estados Unidos, não parou nas
aquisições via Lend-Lease Act, pois no final da década de 50, o nosso Exército
pactuou o acréscimo de um “prestigiado” veículo militar às suas fileiras o M-41
Walker Bulldog.
O M-41 Walker Bulldog é um “imponente” tanque de combate, “ligeiro ou
leve”, fabricado nos Estados Unidos com sua produção seriada, iniciando-se em
1951 este tanque deveria ser de múltiplo emprego e capaz de atender a várias
missões no campo de batalha.
O tanque, como em outros casos, tinha que atender a vários requisitos: ser
capaz da luta anticarro com uma arma poderosa, sendo leve e com alguma
capacidade anfíbia para fornecer o desembarque rápido de tropas, e ter um
tamanho reduzido para proporcionar o embarque em unidades
aerotransportáveis (http://es.wikipedia.org/wiki/M41_Walker_Bulldog).
Devido a estes requisitos de multitarefas (antitanque, artilharia ligeira e
capacidade aerotransportável) foi adotado pelas forças americanas no conflito no
Vietnã e foi exportado para muitos outros países, como Espanha, Guatemala, Chile,
Tailândia, Taiwan, Filipinas, Líbano, Tunísia, Dinamarca, Bélgica, Áustria, Nova
Zelândia, etc.
Através de um programa de assistência militar acordado em 1959, o Brasil
adquiriu cerca de 340 unidades deste modelo a partir dos anos 60, tornando o
tanque M-41 Walker Bulldog o principal carro de combate de nosso Exército e sua
adoção nas fileiras do EB, representou um salto operacional e tecnológico sem
precedentes na época.
Durante os eventos que desencadearam na “revolução” ou “golpe” militar de
1964 em nosso país, estes blindados foram usados pelos “militares” para proteger os
locais estratégicos do governo, assim como também desempenharam um destacado
papel “simbológico” nestes eventos e ocupações, estacionados ou locomovendo-se
pelas ruas, estradas e avenidas do país.
Durante essa agora revitalizada, harmoniosa e fraternal “relação” entre o
governo americano e nossos militares, na presidência Lyndon Johnson e no governo
Castello Branco, já em 1965 o Exército do Brasil participou das operações de
intervenção na República Dominicana, comandadas por “americanos”. Com seus
próprios equipamentos foi convidado para participar das operações “americanas” no
20
então Vietnã do Sul, com envio de tropas, porém nossos generais declinaram desta
possibilidade, enviando apenas recursos logísticos. “O governo brasileiro já
providenciou o envio de café e medicamentos para o Vietnã, através da Cruz
Vermelha Brasileira” (BIAGI, 2004).
Enquanto isto no Brasil o Toyota Bandeirante alcançou 100% de
nacionalização em 1968 e foi amplamente utilizado por nossas forças armadas como
utilitário, o nosso Exército conta ainda com cerca de 1200 destes veículos deste
modelo para várias funções. Assim como o Bandeirante, neste período também
foram integralizados os “utilitários pesados” Mercedes, os quais foram adquiridos em
vários modelos da Mercedes-Benz do Brasil, que ainda estão na ativa em nosso
Exército. Assim como os caminhões Unimog-Mercedes, caminhões importados e de
específico emprego militar.
Durante este período de um complexo cenário de “guerra fria” e de uma
ditadura militar vigente e movimentos guerrilheiros de “esquerda” operacionais no
Brasil do final dos anos 60 (guerrilha urbana) e início dos anos 70 (guerrilhas rurais)
vale destacar que estes equipamentos militares (armas, veículos, helicópteros, etc.)
sejam os de manufatura nacional ou os oriundos do mercado exterior foram
amplamente empregados pelo EB nas campanhas de combate aos guerrilheiros
subversivos, principalmente na Guerrilha do Araguaia. “Num total de 63 armas
longas para 71 guerrilheiros; contra isso havia quase dois mil homens com fuzis FAL
e submetralhadoras” ... “Só se deslocam em estradas e picadas e usam muito
helicóptero, fazendo com que a guerrilha saiba de antemão de sua aproximação”
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerrilha_do_Araguaia).
Já durante nossa “lenta, gradual e segura abertura política”, cabe destacar
que em 1978 um programa de modernização dos M-41 Walker Bulldog foi
desenvolvido pelo EB, cabendo à empresa paulistana Bernardini S/A Indústria e
Comércio a modernização de canhões, armas e estrutura e à empresa Novatração
Artefatos de Borracha S/A a modernização das lagartas ou esteiras destes veículos.
Os “recondicionados” Walker Bulldog, de modernização nacional eram agora
designados M-41 Caxias e tiveram sua vida operacional estendida até nossos dias.
Atualmente (século XXI) estão sendo desativados e alguns foram vendidos pelo EB
ao Exército uruguaio.
Outro veículo iconográfico incorporado às nossas forças terrestres já sob o
julgo dos governos militares ditatoriais, também através dos programas de ajuda
21
militar, entre este governo brasileiro e os Estados Unidos, foram “negociados” e
recebidos durante as décadas de 60 e 70 algo em torno de 600 “Viaturas Blindadas
de Transporte de Pessoal” (VBTP) de designação M-113. Um veículo anfíbio sobre
esteiras levemente blindado, projetado pela Food Machinery Corp (FMC), no final de
1950, nos Estados Unidos, com 584 unidades alocadas no Exército em brigadas de
infantaria, cavalaria, engenharia e comunicações. No início dos anos 80 passou por
um processo de atualização de modernização de sistemas e componentes e a
instalação de motores fabricados pela Mercedes-Benz do Brasil, realizado pela
empresa Moto Peças S/A. Ainda hoje está em operação em nossas forças e podem
ser vistos atuantes nas recentes ocupações das comunidades cariocas.
Como podemos observar até este momento, todo este “aparato” bélico, de
procedência estrangeira, é originário do complexo industrial americano, salvo raras
exceções e os nossos projetos nacionais nascem da cooperação ou cópia/variante
ou modificações de projetos estrangeiros.
Entre os nossos projetos nacionais originários, incorporados em nossa
armada terrestre e frutos deste intercâmbio com as tecnologias oriundas desde
“equipamentos importados” estão os Engesa EE-11 Urutu e EE-9 Cascavel e o
Avibras Astros II, desenvolvidos a partir dos anos 70, estes “veículos de combate
nacionais” serão analisados posteriormente e individualmente nesta pesquisa.
Ainda neste presente anexo devemos também destacar os centros
tecnológicos e os arsenais de nosso EB, que ainda realizam atividades fabris em
favor do nosso Exército. Dentro desta organização militar encontra-se a Diretoria de
Fabricação a qual estão subordinados o Arsenal de Guerra do Rio (AGR), o Arsenal
de Guerra de São Paulo (AGSP) e o Arsenal de Guerra General Câmara (AGGC).
O arsenal carioca, fundado em 1762, no particular de nosso estudo no
século XX, produziu um “morteiro pesado”, para ser usado por nossa artilharia,
projeto esse desenvolvido pelo atual CTEx e a partir de 1996 essa unidade é
responsável pela produção de equipamentos “optrônicos” (óculos/monóculos de
visão noturna e miras laser). Outra unidade sob controle desta “diretoria” é o AGGC,
localizado no Rio Grande do Sul, na cidade de General Câmara, próximo a Porto
Alegre, fundado em 1773. Atualmente atende ao EB, na fabricação de peças e
componentes descontinuados no mercado para a reposição de nossos estoques,
bem como peças e componentes para programas de transformação, adaptação,
modernização, nacionalização ou padronização de modelos e versões, em nossas
22
armas e equipamentos e materiais de engenharia e intendência. Esta unidade ainda
realiza a manutenção de armas leves (fuzis e pistolas), armas pesadas (obuses e
canhões). A terceira planta industrial ainda mantida sob controle de nosso Exército,
é o AGSP, localizado em Barueri – SP, fundado em 1957, este se constitui de uma
estrutura industrial, capaz de atender as necessidades de produção, manutenção e
revitalização do EB. Atua na produção de conjuntos de geradores e iluminação
elétricos e conjuntos de redes modulares de camuflagem. Atualmente desenvolve
programas de revitalização de viaturas blindadas sobre rodas como Urutu e
Cascavel.
Além destes, o destaque principal destas estruturas produtivas de
equipamentos bélicos do EB é o CTEx, vinculado ao DCT, foi criado em 1979 nas
antigas dependências do Arsenal da Urca no Rio de Janeiro – RJ, é uma instituição
militar de nosso EB que tem por finalidade desenvolver projetos de materiais e
sistemas de emprego militar de acordo com os requisitos e necessidades de nossas
forças. Com suas pesquisas no campo militar este “centro tecnológico” tem
influenciado nossa indústria com seus processos de inovação e constantes
programas de aperfeiçoamento de nossos meios e equipamentos bélicos. O CTEx é
diretamente subordinado ao atual Comando do Exército (antigo Ministério do
Exército).
A pesquisa e desenvolvimento no Exército foi institucionalizada em 1946
quando, no âmbito do Ministério da Guerra, foi criado o Serviço de
Tecnologia (ST), órgão responsável pela normalização, tecnologia industrial
e evolução técnico-científica do material de guerra do Exército. A partir de
1952, essa organização militar evoluiu, recebendo, sucessivamente as
seguintes denominações: Diretoria de Estudos e Pesquisas Tecnológicas
(DEPT), Diretoria de Pesquisas Tecnológicas (DPT), novamente Diretoria de
Estudos e Pesquisas Tecnológicas (DEPT), Diretoria Geral de Pesquisas e
Provas (DGPP) e Diretoria de Pesquisa e Ensino Técnico (DPET). A
denominação atual, Centro Tecnológico do Exército (CTEx), foi formalizada
pelo Decreto nº 84.095, de 16 de outubro de 1979. O CTEx se estruturou,
então, a partir da década de 80, com três Organizações Militares
Diretamente Subordinadas (OMDS): Campo de Provas da Marambaia
(CPrM), Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento (IPD) e Instituto de
Projetos Especiais (IPE). Em 1º de outubro de 2001, o IPE foi extinto, sendo
seus acervos, linhas de pesquisa, patrimônio e pessoal absorvidos pelo IPD.
Em 2005, a Secretaria de Ciência e Tecnologia (SCT) fundiu-se à Secretaria
de Tecnologia da Informação (STI), dando origem ao Departamento de
Ciência e Tecnologia (DCT), enquanto o CPrM foi unificado ao Centro de
Avaliações do Exército (CAEx) – adotando essa última denominação e
passando a subordinar-se diretamente ao Departamento recém-criado
(http://www.ctex.eb.br/index.php/o-ctexinstitucionalcols2/historiconossas-ori
gens).
23
O CTEx é subdividido em divisões de “Armamento e Munição”, “Sistemas”,
“Tecnologia da Informação” e “Defesa Química, Biológica e Nuclear” (0049). Entre os
projetos desenvolvidos durante o século XX estão os dos blindados “nacionais”
Cascavel, Jararaca e Urutu, posteriormente fabricados pela Engesa e a
modernização dos M-41 Walker Bulldog repotencializado pela Bernardini, e
transformados em M-41 Caxias, um modelo nacional de lança-chamas, também fez
montagem de 200 mísseis “COBRA”, entre outros. Mais recentemente seus
programas mais proeminentes estão a “arma leve anticarro” (ALAC), em parceria
com a Imbel e o desenvolvimento de uma aeronave não tripulada “Vant”, em
parceria com a Mectron.
Ao adquirir em 1996 a fim de substituir definitivamente os M-41 Walker
Bulldog, o seu sucessor americano, M-60 Patton, pela primeira vez nossa armada se
equipou com um veículo de combate com sistema de visão noturna, foram
comprados “usados” dos Estados Unidos 91 unidades desde poderoso “Main Battle
Tank”. Neste mesmo período foram adquiridos também os “Main Battle Tank”
Leopard 1, de fabricação alemã, mas comprados “usados” do Exército da Bélgica.
Toda essa gama de aquisições estrangeiras, projetos nacionais e
experiências de engenharia reversa forma a base de defesa de nosso EB até nossos
dias atuais.
Entre as armas “portáteis” de emprego de nossas forças destacamos os
modelos “Mauser”, que permearam o período de transição entre os séculos e
dotando nosso Exército neste período inicial do século XX.
“Em 1894, a Comissão Técnica Consultiva, que estranhamente já havia
deixado de lado a ideia de adotar as carabinas „belgas‟ da Mauser modelo 1889, em
favor dos fuzis 88, voltou a pensar nelas como alternativa” (NETO, 2011).
Desde então e até as primeiras décadas dos anos 1900 este modelo
importado dotou “fartamente” nossas forças.
Cerca de 75.000 armas foram entregues ao Governo. Em 1899, um
inventário acusou 57.000 delas, só no Rio de Janeiro. Mas, é por volta de
100.000 armas a quantidade estimada da compra desse modelo, que
desembarcaram em terras tupiniquins ainda em tempo de participar de
diversos conflitos armados tais como a Revolução Federalista, a Revolta da
Armada e a Guerra de Canudos, mas ainda convivendo lado a lado com as
carabinas belgas Comblain e os fuzis modelo 1888. Como o Exército, na
época, contava com um efetivo em tempos de paz de 28.000 homens, e
cerca do dobro disso em período de guerra, essa aquisição serviu para
substituir todo o estoque de armas antigas existentes (NETO, 2011).
24
Posteriormente este rifle passou a ser “replicado” durante os anos 30, os
“Mauser”, fabricados em Itajubá – MG, eram a arma de dotação básica nos anos
seguintes. Na década de 40 estes rifles foram empregados nas operações da FEB
nas mãos de nossos pracinhas e também foram utilizados na década de 50, quando
passaram a ser substituídos em parte pelas submetralhadoras INA M-1950 e pelo
fuzil FN-FAL (ainda importados da Bélgica). E deu lugar definitivamente nas mãos de
nossos soldados, nos anos 70, com a introdução do fuzil FN-FAL, fabricados sob
licença na mesma planta industrial de Itajubá – MG, só que agora sob a “chancela”
da recém-criada Imbel.
Quanto às pistolas, foram usadas “réplicas” das “Colt”, fabricadas em Itajubá
– MG e desde os anos 70 as dotações deste tipo no EB, são basicamente modelos
“Beretta” fabricados pela própria Beretta no Brasil ou pela Taurus, como veremos
mais adiante em nossa pesquisa. Além destas, algumas unidades do EB são
dotadas com as pistolas de fabricação alemã Heckler & Koch. Já as metralhadoras
pesadas de nosso EB são todas “importadas do exterior”, visto que não
disponibilizamos de “conhecimento e tecnologia” durante este período para essa
produção, sendo assim o EB é dotado com as icônicas .50 Browning de fabricação
americana.
Com relação a este período delimitador de nossa pesquisa, de um inicial e
lento processo de modernização de nossos equipamentos, podemos destacar que
neste final de século XX e no limiar desta nova era de vertiginosas transformações
tecnológicas do século XXI, as dotações sejam entre veículos ou materiais bélicos
defasados, sucateados e/ou obsoletos. São equipamentos militares mantidos em
nossos arsenais do EB há décadas.
Sendo assim, no intuito de mapear conclusivamente sobre estes
equipamentos do nosso EB, com os seus números aproximados entre veículos leves
e utilitários, peças de artilharia e obuses, blindados e carros de combates, presentes
no serviço ativo, bem como suas possibilidades de emprego, em nossos quadros
mais recentes dão conta dos seguintes números.
Para a realização de intervenções militares e de supremacia territorial, os
“tanques pesados de batalha”, de fabricação alemã Leopard 1, dos modelos A1 (128
unidades) e A5 (250 unidades) são os 378 veículos mais capacitados para seus
pressupostos de combate presente em nossa força, o outro tanque médio presente
25
na ativa é o M-60 Patton de fabricação americana que tem cerca de 90 unidades
ativas (0037).
Na década de 1960, o Exército Brasileiro adquiriu centenas de unidades do
carro de combate M-41 Walker Bulldog que se tornaram o principal carro de
combate brasileiro. Estes são tanques leves de 23,5 toneladas, pois o
sistema rodoviário e ferroviário brasileiro não comporta o translado de
veículos maiores.
Como o desenvolvimento de veículos nacionais, o Tamoyo e o EE-T1
Osório, foi paralisado, e o M-41 se aproximava do fim de sua vida útil, o
Brasil procurou no mercado internacional veículos que pudessem substituílo. Entre as opções disponíveis, o Leopard 1 pesa 42,4 toneladas, o M-60,
por exemplo, aproximadamente 56.
O Exército Brasileiro selecionou o Leopard e adquiriu 128 unidades usadas
do Leopard 1A1 da Bélgica com treinamento, ferramental e peças.
Interferências políticas levaram a aquisição de 91 carros de combate M-60
dos EUA. Os 128 Leopards foram recebidos entre 1997 e 2000. Os M-60 e
os Leopards foram os primeiros MBTs (Main Battle Tank) do Exército
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Leopard).
Entre os carros de “combate leve” no serviço ativo do Exército vemos ainda
os “infindáveis” Engesa EE-9 Cascavel (600 unidades) e EE-11 Urutu (226
unidades), o transporte de infantaria sobre lagartas de fabricação americana M-113
(por volta de 550 unidades). Cabe aqui destacar que destes veículos, algumas
unidades do Engesa EE-11 Urutu estão operacionais no Haiti, enquanto os M-113
podem ser vistos nas ocupações das “favelas/comunidades” cariocas.
Na artilharia pesada autopropulsada destacam-se os modelos americanos
M-108 e M-109 “Paladin”, com cerca de 100 unidades, também foram adquiridos no
final dos anos 90 o sistema de fabricação nacional ASTROS da Avibras (20
unidades), com propósitos de artilharia por saturação. Entre as armas rebocáveis,
como baterias antiaéreas móveis e peças de artilharia e obuses, há nos ativos mais
de 600 unidades, dentre modelos americanos (M-101, M-102 e M-114), ingleses (L118), italianos (OTO Melara), alemãs (Oerlikon) e suecos (Bosfors).
Já entre as unidades de emprego geral, utilitários, destaca-se a presença de
caminhões Mercedes-Benz do Brasil, entre todas as variantes são cerca de 1500
unidades, há ainda 100 unidades da Unimog {divisão de veículos espacializados} do
Grupo Mercedes alemão. Há 400 unidades do caminhão militar M-35 adquiridos do
US ARMY, cerca de 850 unidades do “Land Rover Defender” e 1200 unidades do
Toyota Bandeirante, há ainda 318 Jeep-Willys e 115 Engesa EE-4, há ainda cerca
26
de 20 unidades do helicóptero HB-350 Esquilo, que haviam sido adquiridos nos anos
80, dos quais 15 ainda restam operacionais.
A partir dos anos 2000 começou a integralizar novos equipamentos
nacionais como o Agrale Marruá, o JPX Montez e caminhões Volkswagen entre
outros, mas devido a delimitação de nossa pesquisa, não abordaremos estas
recentes incorporações.
Numa análise final sobre as dotações de nosso EB constatamos que estes
equipamentos estrangeiros usados por nossa força, invariavelmente, são produtos
norte-americanos, os de maior tecnologia, enquanto as armas leves e portáteis
adquiridas junto a aliados “menores” da OTAN como Itália, Alemanha Ocidental e
Bélgica. Constatamos, também, que a participação de nossa indústria se faz
presente de maneira “suplementar” e “auxiliar” em nossa armada de combate em
solo, de nossas forças militares.
1.2 MARINHA DO BRASIL
Antes mesmo desta força marítima ser constituída como uma “armada naval
nacional”, ainda sob regime colonial, nossa armada “metropolitana” nestas terras
instaladas necessitou de uma série de benfeitorias que podem ser consideradas o
primordial “elo de ligação” entre os complexos industriais fabris de emprego militar,
com as atividades fim de suprir as forças militares em nosso território. Diante disto, o
Arsenal estabelecido no Rio de Janeiro de 1763, para atender a manutenção e os
requisitos técnicos das embarcações ali atracadas, posteriormente designado
(Arsenal Real da Marinha, Arsenal Imperial da Marinha e etc.), que é atualmente o
Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ), uma estrutura até hoje controlada e
voltada aos interesses de nossa Marinha. Esta “tricentenária” organização militar da
Marinha do Brasil, o AMRJ será analisado posteriormente em um momento próprio
dentro de nosso complexo de produção de material bélico no século XX.
Após a Independência do Brasil, nossa força naval agiu no combate a
insurreições em nossa costa litorânea e teve papel destacado na questão
“Cisplatina” e em inúmeras batalhas fluviais da “Guerra do Paraguai” apenas para
referenciarmos essa sua construção institucional. A partir da proclamação
republicana, o complexo naval e a Marinha do Brasil passam a ser parte de nossa
pesquisa de maneira mais relevante. Os novos sistemas de metalurgia, a introdução
27
de sistemas telegráficos, novas técnicas balísticas e a aviação estabelecem um novo
patamar tecnológico para as forças navais, que serão pertinentes ao nosso estudo
particular.
Em nossa Marinha do Brasil devemos observar que boa parte das
embarcações é de fabricação nacional, produzidas invariavelmente no AMRJ e em
alguns outros estaleiros periféricos. No entanto, aquelas “embarcações” mais
especializadas e complexas da Marinha como os porta-aviões e cruzadores,
continuaram sendo aquelas embarcações que foram adquiridas de nossos parceiros
comerciais do século XX (EUA, França e Grã-Bretanha). Em sua grande parte são
embarcações de segunda mão que estavam sendo desligadas de suas marinhas
originárias e aqui sofreram processos de modernizações e capacitações, a fim de
atender nossas maiores necessidades de emprego marítimo.
Outra colocação que se faz pertinente, é o fato que a partir do século XX,
com os avanços aeronáuticos, as “forças navais” necessitaram se adaptar às novas
formas de combate. Atualmente está é considerada uma Armada, “autossuficiente”
quando de seu engajamento em operações, visto que as “marinhas modernas”
contam com suas unidades terrestres de desembarque (fuzileiros navais) e o
emprego de unidades aeronáuticas como helicópteros, mísseis de cruzeiro e aviões,
em suas dotações “aeronavais” embarcadas em suas plataformas oceânicas.
Em nossa particular pesquisa propriamente dita, sobre a Marinha do Brasil, a
análise se inicia durante um período de total paralisação e estagnação tecnológica
desta força. A partir da proclamação republicana em 1889 até o início do regime
“getulista” de 1930 a construção naval brasileira de cunho militar em escala industrial
esteve praticamente paralisada e abandonada, com apenas embarcações
integralizadas apenas para o Lloyd Brasileiro ou Marinha Mercante.
A situação era precária neste período inicial republicano e os equipamentos
e navios eram defasados. Em 1906 inicia-se a nossa modernização, com a
encomenda de três encouraçados de blindagens maciças, equipados com grandes
canhões “Dreadnought” a estaleiros ingleses, mas apenas dois foram adquiridos,
devido a falta de verbas. Já durante os anos da Primeira Grande Guerra Mundial, a
MB enviou algumas embarcações, matérias-primas e pilotos até o “teatro de
operações europeu”, a fim de apoiar os britânicos. Em 1937 é retomada a
construção de embarcações nos estaleiros do AMRJ, essas apesar de contar com
28
os novos conceitos tecnológicos do período ainda eram embarcações de menor
capacidade que as produzidas pelas “potências industriais”.
Durante as operações de bloqueio realizadas pela Marinha da Alemanha, no
Atlântico, obrigou o titubeante Vargas a se decidir e colocou o Brasil no conflito, ao
lado dos “aliados”. Embora em 1942 a nossa Marinha, ainda permanecesse obsoleta
em meio aquele moderno conflito bélico, essas embarcações produzidas nos anos
30 tiveram um eficiente emprego como o navio lança-minas, NM Carioca (C-1) e
encouraçado NM Parnaíba (U-17), entre outros. A partir da aliança forjada na guerra,
com os programas de reaparelhamento e fornecimento de equipamentos,
disponibilizados pelos americanos para a nossa Marinha, permitiu a esta se
integralizar ativamente a este esforço de “guerra antissubmarina” no Atlântico Sul e
em nosso litoral, na zona Central do Atlântico e Caribe. Também foi capaz de
participar das operações de escolta nas costas africanas e no Mediterrâneo,
inclusive com algumas vitórias em combate.
Com o fim do conflito mundial, no início dos anos 50, nossa MB seguiu seu
lento e gradual processo de modernização, buscando a excelência com algumas
incorporações oriundas do estrangeiro como a classe de navios rebocadores
“Audaz” (6 unidades) adquiridas junto ao estaleiro Holland Nautic, da Holanda,
também é retomado o desenvolvimento de embarcações no Arsenal de Marinha,
estes passam a ser recebidos de maneira gradual e com maior proficiência. Os
navios contratorpedeiros produzidos pelo AMRJ da própria Marinha e produzidos
exclusivamente para esta serão vistos mais detalhadamente na parte relativa a este
Arsenal (AMRJ), no próximo capítulo, como o navio de guerra, F União (F-45) e a
corveta Cv Jaceguai (V-31).
Neste ponto nossa Marinha também habilita o Brasil ao status de um
detentor de um navio de embarque de unidades aéreas, o “NAeL Minas Gerais” (A11) ou navio-aeródromo ligeiro “Minas Gerais”, construído pela Grã-Bretanha e
operacional a partir de 1945 na “Royal Navy” com o nome de HMS Vengeance, tinha
212 metros de comprimento, capacidade de transporte de até 14 aeronaves. Em
serviço na Marinha Australiana, entre 1953 e 1955, este “porta-aviões” foi comprado
no governo JK, pelo Brasil em 1956, modernizado em Rotterdam na Holanda e
integralizado a nossa Marinha Brasileira em 1960. Esta aquisição inacreditavelmente
gerou um “mal-estar” entre a Marinha e a Aeronáutica, que não admitia a presença
de aeronaves de asas fixas sob o comando da primeira. Um arranjo político dotou
29
esta embarcação da Marinha do Brasil com uma unidade da Força Aérea Brasileira
(FAB). “Criado o 1º Grupo de Aviação Embarcada da FAB, com a finalidade precípua
de guarnecer navios aeródromos da Marinha Brasileira” (http://pt.wikipedia.org/wiki/
NAeL_Minas_Gerais).
As unidades que dotavam esta embarcação eram inicialmente os Grumman
TBF Avenger, que vieram juntos ao “porta-aviões” entre 1956 a 1965, quando foram
substituídos pelos Grumman S-2 Tracker, já sob o programa de melhorias idealizado
pelo nosso governo militar. Também foram embarcadas unidades do North American
T-28 Trojan no período entre 1963 e 1972. Entre 1987 e 1996, um problema
mecânico em sua “catapulta de lançamento” o incapacitou do emprego de
aeronaves “transformando” este em um “porta-helicópteros”, no final de sua vida útil
embarcou algumas unidades do A-4 Skyhawk, hoje embarcados no NAe São Paulo
(A-12). O NAeL Minas Gerais (A-11) foi desativado em 2001, posteriormente vendido
e transformado em sucata na Índia.
No início dos anos 70, enquanto supostamente no governo militar do general
Médici e no governo Nixon dos EUA “tramavam ou idealizavam” a queda de
Salvador Allende no vizinho Chile e tão estratégico Atlântico Sul, o governo militar,
criou seu programa de desenvolvimento industrial. Este possibilitou à nossa Marinha
a encomendar um projeto de uma classe de fragatas que foram construídas e
montadas de forma independente tanto nos estaleiros do AMRJ quanto nos
estaleiros da Vosper-Tornicroft Ltd., na Inglaterra. Também foram produzidas
localmente unidades de navios de patrulha, para emprego fluvial e marítimo. Este
governo ditatorial, a partir de 1980 também encomendou corvetas como a Cv
Jaceguai (V-31), navios-hospital, navios-escolas, balizadores, rebocadores e de
guerra como a fragata F União (F-45), todos construídos nos estaleiros do AMRJ e
incorporados pela Marinha.
Assim como o Exército (CTEx) e a Aeronáutica (CTA), a Marinha do Brasil
também tem suas estruturas de desenvolvimento de materiais e equipamentos de
emprego naval designado como IPqM. Devido as transformações tecnológicas por
que estava passando o mundo havia a necessidade urgente de um centro de
excelência técnica a fim de atender as exigências da nossa força naval. No Brasil,
durante o governo JK, em 1959 foi criado o Instituto de Pesquisas da Marinha, que
instalado na Ilha do Governador – RJ, passou a capacitar nosso país para a nova
realidade da guerra naval (eletrônica, balística, engenharia etc.). A partir dos anos
30
70 passou a desenvolver pesquisas no campo energético, biológico, entre outros,
além de suas pesquisas militares. Para a Marinha do Brasil esse instituto produz
“minas detonantes” de emprego marítimo “Mina de Casco Temporizada” (MCT),
“Mina de Fundo” (MF), propelentes e componentes para mísseis, sistemas de guerra
eletrônica, sistema de defesa aéreo e navegação e aplicações digitais, até nossos
dias atuais.
Com relação às unidades de emprego em operações terrestres a serviço da
Marinha do Brasil esta tem uma origem remota. Já em 1797 a Marinha Brasileira
identificou a necessidade de criar um conjunto de forças responsável por atividades
e propósitos em terra aliado dos meios navais, assim sendo, foi estabelecida na
“Brigada Real da Marinha”, com funções de infantaria naval, atualmente designado
Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil. No atual contexto de nossa
pesquisa, os nossos “fuzileiros”, têm como recursos e equipamentos próprios para
suas operações de desembarque e missões com objetivos terrestres três
embarcações de grande calado, próprias para tal, sendo uma de fabricação inglesa
e as demais americanas. Entre seus veículos de combate terrestre, pertencentes a
estas forças estão: cerca de 50 unidades do “Assault Amphibious Vehicle” AAV-7A1,
veículo de transporte de tropas sobre “lagartas” e anfíbio (americano), blindados de
combate sobre rodas e pneumáticos Mowag Piranha, de fabricação suíça (30
unidades) e o blindado sobre lagartas M-113 americano (24 unidades) que estão
substituindo os Engesa “EE-11 Urutu”. Este corpo especialista de nossa Marinha
ainda conta com veículos utilitários Toyota Bandeirante (270 unidades) e Land Rover
Defender (250 unidades) e caminhões Unimog (220 unidades), para funções
utilitárias. E entre suas armas neste período estão basicamente as mesmas
dotações de nossas unidades de infantaria do EB.
Em 1982 foi criada pelo governo militar a Emgepron, a fim de desenvolver
ainda mais a nossa indústria naval militar e estes programas passaram a ser
incorporados no final dos anos 90 já sobre o novo regime democrático brasileiro.
Em 1994 foi incorporada a corveta, a Cv Frontin (V-33), montada no estaleiro
Verolme Estaleiros Reunidos do Brasil S/A, em Angra dos Reis – RJ. Também nos
anos 90 nas instalações estatais do AMRJ se produziram e montaram os
submarinos da classe “Tupi”, um projeto de origem alemã, iniciado no Brasil ainda
sob regime militar, além destes, os navios-patrulha NPa Grajaú (P-40) e NPa Guaíba
31
(P-41), foram produzidos localmente (AMRJ e Inace) e também incorporados a
nossa atual frota naval.
Mais recentemente o destaque se dá à incorporação dos novos “usados”
equipamentos adquiridos no mercado externo de equipamentos militares por nossa
Marinha, como o “porta-aviões” NAe São Paulo (A-12) e os caças americanos
comprados usados do Kuwait, A-4 Skyhawk, modernizados pela nossa Embraer
para a MB.
Concluindo, destacamos que excluímos de nossos estudos os equipamentos
integralizados a nossas forças após 2000, sejam estes oriundos de nossas fábricas
nacionais ou estrangeiras devido ao fato que a proposta desta pesquisa é apenas
mapear o quadro deste complexo militar e industrial no século XX.
1.3 AERONÁUTICA
A história dos desbravadores da aviação nacional mereceria um capítulo
próprio, pois vários projetos foram realizados nesta área no início deste século, no
entanto, nenhum destes projetos foi realmente voltado para a questão militar
especificamente e não foram desenvolvidos por nossas organizações oficiais
públicas. Sendo assim, a aviação militar do Exército chegou a ter alguns biplanos
franceses e alguns “Muniz” de fabricação nacional a partir das décadas iniciais do
século XX. No entanto, viu-se uma mudança radical do ponto de vista da engenharia
aeronáutica. Os biplanos com estruturas de madeira foram substituídos por aviões
monoplanos de fuselagem metálica, muito mais pesados que o ar, mas
“potencializados” por enormes motores turboélices e capacidades de empregos
multiplicadas, passaram a ser a referência em todas as potências industriais e nas
forças militares que se confrontariam mais adiante na Segunda Grande Guerra. Este
material aeronáutico vai ser adquirido gradualmente por nossas forças, que
compartilhara esta tecnologia com indústrias de nosso complexo aeroespacial como
veremos a seguir. Sendo assim, destacaremos algumas das principais aquisições da
nossa FAB.
Nos anos 30, durante o período getulista, com intento de dotar a MB (pois
não existia a FAB) este firma um acordo para a produção local de quatro modelos de
aeronaves de origem alemã da empresa Focke-Wulf Flugzeugbau G.m.b.H sob
licença, que seriam montadas nas instalações da Fábrica do Galeão, mas apenas
32
algumas unidades de dois destes modelos foram montados até a entrada do Brasil
na guerra ao lado dos aliados.
Neste cenário em 1941, em plena grande guerra, o governo brasileiro decide
pela criação de um novo Ministério da Aeronáutica. Com isto a aviação naval da
Marinha, a aviação militar do Exército e o departamento de aviação civil que
estavam alocados no Ministério da Viação e Obras Públicas passam a integralizar
esta nova pasta, que tem sua agora a FAB como armada, integralizada pelas
aeronaves das armadas aéreas extintas.
O Brasil recebeu a partir de 1944 as primeiras aeronaves que comporiam
sua dotação inicial para operação na Itália durante a guerra, cerca de 30 unidades
do modelo Republic Aviation P-47 Thunderbolt, que foram fabricados e fornecidos
pelos americanos. Destes versáteis e possantes “caças, interceptadores e
bombardeiros” com motor a pistão, mais de 30 aeroplanos realizando missões, 12
foram abatidos pela artilharia antiaérea inimiga durante o conflito e ao término desta
campanha militar restavam operacionais apenas 15 unidades que foram remetidas
ao Brasil e integralizadas à nossa força a partir de 1946. Outro destacado modelo é
o hidroavião bimotor Consolidated PBY Catalina produzido a partir de 1936 pela
Consolidated Aircraft e também usado pelos americanos e seus aliados na Segunda
Guerra. A partir de 1943 foram recebidos pela FAB por volta de 30 hidroaviões que
eram utilizados no Brasil, em missões de patrulha e vigilância aérea do litoral
brasileiro e operações “antissubmarinas”, que resultaram no afundamento de um
submarino U-199 do Eixo, em águas do Atlântico Sul. Depois da guerra passaram a
exercer a função de busca e salvamento no litoral e múltiplas funções
(cargueiro/transporte) na bacia amazônica, foi retirado de operação em 1982. Neste
período “conflituoso” também foi recebido o “Fairchild PT-19”, treinador primário
monomotor americano desenvolvido e construído pela Fairchild Aircraft, que serviu
os Estados Unidos e outros tantos países a partir de 1940. No Brasil, o emprego da
aeronave (cerca de 100 unidades) se deu no treinamento acadêmico de pilotos entre
1942 e 1960. Além deste outro modelo fabricado nos EUA pela North American
Company, o B-25 Mitchell é um bombardeiro de porte médio, utilizado em larga
escala na Segunda Guerra Mundial. Foi empregado com sucesso em vários “palcos
de operações” distintos como na África e Itália. Foi fornecido a países aliados
“periféricos” durante este conflito, como China, Indonésia e Brasil. As 75 unidades
que dotaram a FAB, a partir da década de 40 foram desativas em 1975. A aquisição
33
destes modelos específicos encerrou a possibilidade de encomendas serem
realizadas pela FAB, a nossa indústria nacional então colapsou e só ressurgiria nos
anos 60.
Ainda também foram incorporados os modelos “Lockheed A-28 Hudson”
oferecido dentro do programa Lend-Lease Act, esta aeronave americana fabricada
pela Lockheed Corporation foi adquirida pelo Reino Unido (450 unidades), das quais
revendeu algumas modificadas para o transporte de cargas (27 unidades) para a
FAB. “… A-28 with convertible interiors as troop transports; 450 delivered to RAF as
Hudson
VI;
27
units
passed
to
the
Brazilian
Air
Force…”
(http://en.wikipedia.org/wiki/Lockheed_Hudson). Estas aeronaves foram integradas e
operaram em nosso território de 1942 até 1951.
Logo após a guerra, a FAB recebeu com atraso, devido às necessidades
americanas em suas campanhas, o Douglas A-20 Havoc que era um caça de
“ataque noturno” norte-americano, interceptador e bombardeiro “leve”, utilizado na
Segunda Guerra, por americanos, russos, holandeses, britânicos e canadenses. O
Brasil recebeu 30 destas aeronaves após o término dos confrontos no front europeu
da guerra em 1944. Sendo assim, estas não participarão dos confrontos, mantendose na ativa em nossas forças apenas até 1955, pois já estavam defasados em
relação às aeronaves de emprego tanto diurno quanto noturno. Outra aeronave já
obsoleta recebida nesta época foi o renomado bombardeiro Boeing B-17 Flying
Fortress (Fortaleza Voadora), utilizado decisivamente pelos americanos na guerra
mundial, já totalmente obsoleto foi revendido para as nossas forças nacionais em
1951 (13 unidades), aonde modificado passou a operar apenas em missões de
busca e salvamento, transporte, patrulha e reconhecimento aéreo até 1968.
O Gloster Meteor foi o primeiro “caça a jato” britânico e o único utilizado
pelas forças aliadas durante a Segunda Guerra Mundial, fabricado pela Gloster
Aircraft Company de 1943 até 1954, para a Royal Air-Force (RAF) do Reino Unido,
foi revendido para Egito, Israel, Síria, Bélgica, Suécia e para os “hermanos” Brasil e
Argentina (100 unidades). Em nossas forças foram incorporados cerca de 70
unidades e kits (montados na fábrica do Galeão) dos Gloster Meteor F-8 versão com
assento ejetável, tecnologia inovadora para a época, estes operaram entre 1953 e
1974 na FAB. Em 1957, com a incorporação destes “novos” caças F-8 Gloster
Meteor (a jato) em nossa Força Aérea, aliado a dificuldade de reposição de peças,
levou a FAB a decidir pela desativação operacional dos P-47. Cabe aqui destacar
34
também que deste “espolio” deixado pelo P-47 Thunderbolt seus tubos de foguetes
(sob as asas) foram retirados, recondicionados e usados pelo nosso Exército no
desenvolvimento de nossos primeiros foguetes e veículos lançadores de foguetes.
Sendo este o marco inicial de uma indústria nacional de lançadores de foguetes
mundialmente reconhecida atualmente, como veremos mais adiante na parte relativa
ao sistema ASTROS da Avibras e nos mísseis “Piranha” da AEL Sistemas.
Em 1956, em um grande salto rumo à modernização, o Brasil adquire seus
T-33 fabricados pela “gigante” do setor aeroespacial americano Lockheed
Corporation, o caça Lockheed T-33 Shooting Star foi utilizado pelas forças
aeronavais da Marinha e Força Aérea Americana, foi vendido para cerca de 30
nações “amigas” de Washington, como Brasil, Turquia, Tailândia, Holanda, Grécia,
México, etc. Também foi produzido pelo Canadá (CT-133), com vendas para os
países da América Latina, também aliados como a Bolívia. Em nosso particular
estudo, no Brasil, esses “eficientes” jatos entraram em operação em 1956. E no ano
de 1967, um desses exemplares se envolveu no “ruidoso acidente aéreo” que
vitimou o ex-presidente Castelo Branco, apenas três meses após este deixar a
presidência, quando um caça T-33 “Shooting Star” da FAB atingiu a cauda do
bimotor Piper PA-23 Aztec que o transportava. Com a crise do petróleo esses
grandes consumidores de combustíveis, de reatores obsoletos, foram desativados
pela FAB em 1975.
Outro modelo adotado da “gigante” Lockheed pela FAB foi o seu projeto
desenvolvido especificamente para realizar missões de patrulha marítima e AntiSubmarine Warfare (ASW) ou guerra antissubmarina a pedido da Marinha
Americana, o Lockheed P-2 Neptune, que teve sua produção iniciada em 1946 e foi
utilizado por esta organização militar (US Navy) e exportado para vários países a
partir de 1947. No Brasil, em 1958, a FAB adquiriu 14 unidades “usadas” deste
modelo oriundas da RAF britânica, aonde atuou até 1976.
Em 1959 a FAB adquiriu os Neiva P-56 Paulistinha, fabricado pela Indústria
Aeronáutica Neiva, aeronave monomotor leve de utilidade e ligação, que veremos
mais detalhadamente na parte relativa à nossa indústria aeronáutica.
Na década de 60, já sob o regime ditatorial militar, foram adquiridos os
Cessna T-37 “Tweet” na versão civil ou de treinamento e instrução e Cessna T-37
“Dragonfly” em sua versão militar “contrainsurgência” (antiguerrilha), é um avião
ainda muito usado em vários países do mundo, apesar de ter sido fabricado entre
35
1955 e 1975 pela Cessna Corporation americana. Empregado com destaque na
guerra do Vietnã e na Guerra Civil colombiana esta aeronave adquirida pela junta
militar, entra em operação em 1968, mas devido à falta de peças de reposição e
fadiga
do
material
“contrainsurgência”
teve
pelos
de
ser
substituído
modelos
nacionais,
em
1978
Neiva
nas
T-25
missões
de
Universal
e,
posteriormente, o Embraer EMB-312 Tucano, que serão analisados em momento
oportuno. Em 1968 passou a ser incorporado aos quadros da FAB na instrução
básica e treinamento o Aerotec T-23 Uirapuru. No total foram vendidos 100 destas
aeronaves para a FAB, que também será analisada mais adiante, na parte relativa à
nossa indústria aeronáutica nacional.
Desenvolvido pela De Havilland Aircraft Company canadense, que o produz
desde 1965, o De Havilland DHC-5 Buffalo é um avião utilitário de médio porte, com
destinação militar, podendo transportar mais de 50 paraquedistas ou transportar
carros de combate leve entre outras utilidades como resgate de feridos, que pode
abrigar cerca de 20 macas em sua versão ambulatório. Em nossa realidade aérea
brasileira, esta aeronave talvez seja o mais icônico e representativo avião a serviço
de nossas forças, tamanho foi seu emprego em missões “aerotransportáveis” da
bacia amazônica até o continente antártico. As 24 aeronaves DHC-5 “Buffalo” de
nossas asas cruzaram nossos céus de 1968 até o recente ano de 2008 quando
foram substituídos pelos CASA C-295, fabricados na Espanha pelo consórcio
europeu EADS. O mesmo vale para os “gigantes” Lockheed C-130 Hercules,
adquiridos a partir de 1964 por nossa junta militar e que tinham as mesmas funções
básicas do “Buffalo”, porém em maior escala, das 29 unidades engajadas durante a
metade final do século XX restam 23 ativas.
Muitas destas aeronaves “importadas” recebidas a partir dos anos 40 e
desligadas de nossas forças passaram por processos de desmonte e “engenharia
reversa” nos centros de tecnologias do Brasil como ITA e o CTA (hoje DCTA). E
estes conhecimentos obtidos são os fundamentos de nosso primeiro “grande” projeto
nacional neste setor, que após ser desenvolvido é denominado “Bandeirante” e leva
o nosso governo militar decidir pela fundação da Embraer a fim de iniciar sua
produção em 1969.
Dentro
do
Estado-Maior
da
Aeronáutica
existem
alguns
centros,
departamentos e divisões que devem ser destacados aqui, devido as suas
destinações, quanto ao nosso tema, que é o “material bélico” desta força.
36
Primeiramente o Centro de Catalogação da Aeronáutica (CECAT),
responsável pela padronização dos equipamentos de nossa força e racionalizando
os inventários de peças e itens, e seu aproveitamento nos processos de
modernização desenvolvidos pela FAB. Há também a “Diretoria de Material
Aeronáutico e Bélico” (DIRMAB), que tem como atividade fim o controle, a
manutenção, o armazenamento e a distribuição dos equipamentos e armas da FAB.
O Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), que tem
como missão desenvolver pesquisas e inovações no campo aeroespacial e em
nossa realidade local, tem o controle dos parâmetros necessários à indústria
aeronáutica e aeroespacial nacional através de seus processos de homologação e
requerimentos e especificações para o emprego de equipamentos militares com alto
grau de complexidade como aviões e mísseis em nossas forças aéreas e aeronavais
e na certificação e homologação do mercado civil.
Criado pelo Decreto nº 5.657, de 30 de dezembro de 2005, através de uma
reestruturação organizacional entre o antigo Centro Técnico Aeroespacial e
o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) é o órgão do
Comando da Aeronáutica ao qual compete a consecução dos objetivos da
Política Aeroespacial Nacional para os setores da Ciência, Tecnologia e
Indústria e a contribuição para a formação e condução da Política Nacional
de Desenvolvimento das Atividades Espaciais.
Com sede em São José dos Campos – SP, o DCTA é formado por 10
organizações militares, nas áreas de ensino, pesquisa, desenvolvimento e
de infraestrutura e apoio operacional, estando algumas de suas OM‟s
localizadas em outras regiões do país, como o Centro de Lançamento de
Alcântara (CLA), no Maranhão.
Através dos seus quatro institutos (ITA, IAE, IFI e IEAv), o DCTA vem
realizando atividades técnico-científicas de alto nível, nos mais diferentes
campos da pesquisa tecnológica aeroespacial, participando, assim, de
importantes projetos da indústria nacional, e contribuindo de forma
acentuada para o desenvolvimento da região, considerado o mais
importante polo de indústria e tecnologia aeroespacial do Brasil.
Com a reestruturação implantada, esses institutos – engenharia,
aeronáutica e espaço, fomento à indústria e estudos avançados – passaram
a ser subordinados diretamente ao novo Comando, tornando mais ágeis os
processos do antigo Centro.
Além do Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI), ainda fazem
parte do organograma do DCTA o Grupo Especial de Ensaios em Voo
(GEEV), o Centro de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR-SJ), a
Prefeitura de Aeronáutica de São José dos Campos (PASJ) e o Grupamento
de Infraestrutura e Apoio de São José dos Campos (GIA-SJ), unidade ímpar
na Força Aérea Brasileira (FAB), que tem a missão de prover apoio de
saúde, segurança, alimentação e administrativo a toda a Guarnição de
Aeronáutica de São José dos Campos (Guarnaer-SJ).
Em meio século de história, o CTA, hoje Departamento de Ciência e
Tecnologia Aeroespacial (DCTA), conquistou o reconhecimento da
comunidade científica internacional, sendo considerado um dos mais
importantes centros de ensino, pesquisa e desenvolvimento aeroespacial da
América Latina e do mundo (http://www.fcmf.org.br/sitenovo/cta.php).
37
Há ainda o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) que realiza os testes e
provas das aeronaves e armamentos aeronáuticos (foguetes) desenvolvidos pela
indústria nacional, bem como suas homologações, para emprego tanto civil como
militar.
É através destes institutos (ITA, IAE, IFI e IEAv) já a partir de 1946 que o
CTA (atualmente DCTA) realiza sua integração ao complexo industrial militar
aeroespacial, seja as empresas de personalidades jurídicas distintas como as
público/privadas, privadas, públicas, bem como aquelas que foram extintas,
incorporadas ou privatizadas. Foram nestes núcleos tecnológicos e complexos
militares de destinação aeroespacial em “parceria” com as empresas nacionais
(Embraer, Avibras, Mectron, Gespi, etc.) que se estabeleceram os padrões e
requisitos que moldam tanto nossa indústria aeronáutica quanto nossa Força Aérea.
Nos anos 70, o Brasil sob seus “anos de chumbo”, adquiriu uma aeronave
considerada um dos mais eficientes caças de combate de sua época devido ao seu
êxito nos conflitos árabes-isralenses nos anos 60, os supersônicos Dassault Mirage
III fabricados pelos franceses da Dassault Aviation e vendidos para várias nações ao
redor do mundo a partir de 1961, como Israel, Paquistão, Argentina, Chile,
Venezuela, entre outros. Foram incorporados em nossa FAB os Dassault Mirage III
“F-103” (32 unidades) que foram operados como “caça interceptador” de 1972 até
2005, substituídos pelos Mirage 2000.
Ainda na ativa e atualmente o equipamento de ataque padrão de nossa força
de elite, o Northrop F-5 (em várias versões) foi recebido a partir de 1975. Este
“grande sucesso” do segmento industrial militar aeronáutico americano foi
introduzido comercialmente no início da década de 60, este eficiente caça de
combate extremamente ágil e manobrável teve grande eficiência no emprego em
“campo de batalha” no Vietnã e no Oriente Médio. Introduzido no Brasil em 1975 a
FAB recebeu seus F-5 adquiridos em dois momentos distintos. O primeiro lote foi
encomendado no início dos anos 70 direto da fábrica no valor de US$ 115 milhões e
o segundo lote negociado durante o governo Reagan em 1988, com unidades
usadas ex-USAF (United States Air-Force) ao preço módico de US$ 13,1 milhões.
O emprego destas aeronaves na defesa de nosso país é muito importante
até hoje. No início dos anos 90 iniciou-se um processo de modernização realizado
pela Embraer e AEL Sistemas que transformou um caça originalmente de terceira
38
geração em um de quarta geração, com aviônicos, eletrônicos, sistemas de armas,
radares e trem de pouso, atualizados.
O F5BR (F5M) é uma versão brasileira modernizada do caça F-5 Tiger II
empregada na Força Aérea Brasileira. O projeto F5BR (posteriormente
chamado de F5M) foi realizado pela Embraer, na cidade de São José dos
Campos, em São Paulo, e pela AEL Sistemas, subsidiária da israelense
Elbit, a pedido da FAB e teve custo de US$ 285 milhões. O projeto consistiu
na aplicação de aviônicos de última geração, atualização dos sistemas de
navegação, armamentos e autodefesa, inclusive com equipamentos
recentes de contramedidas eletrônicas. A modernização destes caças foi
uma alternativa ao Projeto FX original do governo Brasileiro a fim de
conseguir um sistema de defesa aérea efetivo na segurança aérea
brasileira.
Ela inclui a última tecnologia disponível, com a capacidade técnica de
ambas empresas para desenvolver a solução certa para os cenários
operacional e orçamentário da Força Aérea Brasileira. São
aproximadamente 60 caças F-5E/F que serão atualizados e irão assegurar a
sua vida operacional por mais 15 anos (http://pt.wikipedia.org/wiki/
Northrop_F-5E_Tiger_II).
Esta versão nacionalizada e atualizada/modernizada está programada para
se manter em atividade na FAB até por volta de 2030. Em outras forças armadas ao
redor do mundo a processos semelhantes de atualização de seus F-5 como Irã,
Turquia, México e Chile.
Com o estabelecimento da Embraer e o estímulo maçivo do regime militar
nesta, começaram a surgir projetos “nacionais” nos esquadrões e unidades da FAB
a partir do início dos anos 70, o Embraer EMB-326 Xavante, que era uma “réplica”
do italiano Aermacchi MB-326, que havia sido produzido em 1962 e foi construído
sobre licença no Brasil para dar “know-how” a nossos “engenheiros” na fabricação
de aviões de combate. Outro exemplo desta presença da Embraer nesta nova etapa
da FAB foi o EMB-121 Xingu, incorporado em 1976, além destes na década de 80,
há os EMB-120 Brasília e EMB-312 Tucano e o AMX International, mas todos estes
projetos terão destaque mais adiante em nosso estudo.
Na parte relativa a aeronaves de asas rotativas na FAB destacamos o Bell
UH-1 Iroquois “Huey”, fabricado a partir de 1960 pela americana Bell Helicopter
Textron, esse que é talvez o mais “reconhecido” helicóptero militar já produzido no
mundo, devido a sua participação na guerra do Vietnã. O Brasil que passou a
receber unidades deste modelo a partir de 1971 ainda conta com cerca de 30 destas
aeronaves de asas rotativas da FAB. Atua em missões de ataque, no deslocamento
de tropas “aerotransportáveis”, salvamento e resgate em combate. O outro relevante
39
helicóptero de dotação de nossa FAB, durante o século XX, é o Helibras HB-350
Esquilo, que será analisado na parte relativa à nossa produção local.
Vale destacar que no período 1986/87 a FAB adquiriu quatro aeronaves
Boeing 707 que estavam sendo substituídas pela VARIG. Destas unidades, três
foram convertidas em unidades de abastecimento aéreo nos EUA e uma foi
destinada para o “transporte VIP e presidencial”, esta posteriormente foi apelidada
de “sucatão”, devido a alguns incidentes em voo, foi substituída do serviço
presidencial durante o governo Lula, mas ainda segue nos quadros ativos da FAB,
assim como as demais unidades de “reabastecimento aéreo”.
Além destes destacamos aqui que entre os equipamentos utilizados em
nossas aeronaves destacam-se as cópias dos “canhoneiros” franceses DEFA,
reproduzidos no Brasil pela Bernardini para vários modelos da FAB. Mísseis e
foguetes são geralmente adquiridos junto aos mesmos complexos estrangeiros
desenvolvidos e fornecedores das aeronaves, em “pacotes fechados” e há também
projetos nacionais que são via de regra reproduções de tecnologias já
ultrapassadas, oriundas de nossos principais parceiros (americanos e franceses),
como o programa de criação do MAN-1 ou nosso “Exocet” brasileiro da atualidade,
além dos projetos de foguetes e mísseis fornecidos pela Equipaer, exclusivamente
para a FAB e outras empresas como: Avibras, AEL e Mectron. Atualmente, lentos e
arrastados processos de aquisições e modernizações de nossas armas estão sendo
realizados, embora as políticas públicas não sejam satisfatórias para o segmento.
Entre nossas principais dotações atuais da FAB, advindas do século XX,
mas ainda em uso do serviço ativo, destacamos então estas aeronaves, algumas
estão “modernizadas” e outras em fase de desligamento. Citaremos genericamente
essas aeronaves quanto emprego e unidades ativas.
Entre as aeronaves atuais em números aproximados de ativos, destacamos
no emprego de ataque ligeiro e leve os Northrop F-5 americanos (50 unidades) e os
“AMX Internacional A1” montados pelo consórcio ítalo-brasileiro realizado nos anos
90, também com cerca de 50 unidades em operação. No emprego de guerra “antiinsurgência”, patrulhamento e treinamento há ainda cerca de 100 aeronaves EMB312 Tucano. Produzidos nos anos 80 pela Embraer estão sendo gradualmente
substituídos pelos seus sucessores “Super Tucanos” a partir do século XXI. De
fabricação nacional para os serviços utilitários há cerca de 70 unidades dos Embraer
EMB-110 Bandeirante e 12 unidades modificadas para “patrulha marítima” e guerra
40
“antissubmarina” EMB-111 Bandeirulha. Para o treinamento acadêmico de nossa
Força Aérea ainda estão ativos os Neiva T-25 Universal (cerca de 80 unidades),
destinadas à instrução inicial dos pilotos.
Há ainda cerca de 20 unidades do utilitário Cessna 208 Caravan americano
e os Embraer EMB-810 Seneca, fabricados sob licença da Piper americana. Os
helicópteros Bell UH-1 Iroquois e Bell 206 “Jet Ranger” são as unidades de “asas
rotatórias” integradas neste período específico da pesquisa e ainda ativos.
1.4 FORÇAS POLICIAIS
A origem histórica de nossas forças coercitivas ou “policiais” datam mesmo
antes da vinda da realeza portuguesa ao Brasil, pois em 1775 já havia em terras
mineiras (atual Ouro Preto – MG) um regimento de cavalaria regular (mercenários)
considerada a mais antiga força militar de patrulhamento, responsável pela
manutenção da ordem pública nestas áreas durante esta época de intensa extração
de minérios valiosos como o ouro.
O estabelecimento de forças coercitivas, de constituição estatal data de
1809 com a instituição “Guarda Real de Polícia”, por Dom João VI. Durante os
períodos regenciais, com a sua frequente instabilidade, o ainda então Ministro da
Justiça, padre Antonio Diogo Feijó, estabelece a ideia de “corporações de guardas
municipais permanentes”, a fim da preservação da ordem. Primeiramente instala-se
uma corporação no Rio de Janeiro e posteriormente nas demais províncias.
A ideia de Feijó foi aceita e no dia 10 de outubro de 1831 foi criado o Corpo
de Guardas do Rio de Janeiro, através de um decreto regencial, que
também permitia que as outras províncias brasileiras criassem suas
guardas, ou seja, as suas próprias polícias. E a partir de 1831, vários
Estados aderiram a ideia e foram montando suas próprias polícias (SOUZA,
2008).
Nossa pesquisa ganha vulto com a proclamação republicana e o advento do
século XX. Estas forças coercitivas estaduais constituíam uma força militar de
representatividade semelhante a um Exército de caráter e escala estadual. Estas
forças compravam e se supriam de equipamentos de forma independente e a
“revelia” do governo central brasileiro, apesar deste governo federal ter feito algumas
41
doações de rifles “Mauser” usados pelo EB a essas forças estaduais no início do
século.
Muitas delas foram equipar as Polícias Militares de alguns Estados, como o
do Rio de Janeiro, que mesmo nos anos 90 ainda eram vistas nas mãos de
integrantes da PM daquele Estado. Este fuzil passou a ser denominado aqui
como Mauser modelo 1908 (NETO, 2011).
Diante deste e outros fatos, em vários momentos deste período inicial do
século, estas se confrontaram com as Forças Armadas da “República” de modo
equivalente. Em 1921 a Polícia Militar do Rio de Janeiro adquire duas
Automitralleuse White 4x2, e em 1924 os primeiros “blindados sobre rodas”
brasileiros foram montados no Quartel da Luz em São Paulo – SP e “batizados em
fogo” na revolução do mesmo ano no lado paulistano, ao mesmo tempo unidades da
polícia militar paranaense entravam em combate na fronteira paulista ao lado de
tropas federais. Já em Pernambuco em 1928 sua Força Pública do Estado também
operou veículos motorizados, assim como alguns veículos foram operados por
“militares estaduais paulistas” em 1932.
Em 1930 durante o engajamento revolucionário orquestrado por Getúlio
Vargas algumas destas forças policiais estavam devidamente equipadas para o
enfrentamento de tropas federais, no lado do levante “getulista”.
“O apoio dos principais comandantes da Brigada Militar, milícia estadual tão
bem equipada quanto às forças do Exército estacionadas no Estado. Em Minas, a
Força Pública também estava pronta para a luta” (http://antoniolassance.blogspot.
com.br/2010/10/ destaques_26.html).
Em 1935 a Polícia Especial de São Paulo operava blindados holandeses e
motocicletas “blindadas” de fabricação belga. Durante a “intentona comunista” de
1935 no nordeste brasileiro ocorreram combates entre militares rebeldes sitiados em
Natal – RN e forças policiais da Paraíba e Rio Grande do Norte, que utilizavam
recursos e equipamentos próprios nestes embates. Após este período de constantes
“tensões entre forças militares”, com a Constituição Federal de 1946, as corporações
militares dos Estados passam a ser designadas Polícia Militar, salvo no Rio Grande
do Sul, aonde foi mantido a designação Brigada Militar, e suas dotações e
equipamentos passaram a seguir um mesmo modelo.
42
O surgimento de fábricas de revólveres, carabinas, rifles e munições como a
CBC, Taurus, Rossi, INA entre outras no início do século, que fabricavam
reproduções de modelos estrangeiros, estas invariavelmente abasteceram os
“guardas” de nossas forças policiais, dando ao país, autossuficiência, no emprego
de armas leves, de produção nacional a partir do final dos anos 40 e início dos anos
50.
O mesmo vale para a instalação das indústrias de veículos automotores de
capital estrangeiro que se instalaram no Brasil, principalmente a partir dos anos 50.
Essas montadoras, Ford Motors (Corcel), Volkswagen (Fusca), Willys Overland
(Rural Willys) e Mercedes-Benz (Caminhões) abasteceram nossas forças policiais
com suas “viaturas” e, posteriormente, nos anos 70, a Toyota (Bandeirante) e a
Chevrolet (Veraneio e Opala) se uniram a estas neste fornecimento de unidades
automotoras para as Polícias Militares e Civis subordinadas aos seus respectivos
Estados e as Polícias Federal e Rodoviária Federal, subordinadas a União.
Destacamos ainda o papel destas forças, que durante os anos anteriores ao
regime militar e após a instalação deste “golpe” exerceram papéis distintos, porém
destacados em nossa história. As forças paulistas se engajaram em movimentos
insurgentes na defesa dos interesses de seu Estado como já havíamos citado e a
Brigada Militar que teve destacada participação nos esforços na campanha da
legalidade em 1961, por exemplo.
Mas já a partir do golpe militar de 1964 as forças policiais estaduais
passaram a ter o controle “atrelado e subordinado” ao comando de nossas Forças
Armadas.
De suma importância em nosso estudo, destaca-se que em 1967 o regime
militar cria a Inspetoria Geral das Polícias Militares (IGPM), órgão subordinado ao
EB que a partir de então tem o objetivo de coordenar e controlar as Polícias Militares
dos Estados de nossa federação.
Em 1970 a Polícia Militar paulista combateu a guerrilha rural encampada por
Lamarca em várias ocasiões no “cerco militar” estabelecido pelo EB, no Vale do
Ribeira, região sul deste Estado. Em 1971 agentes da Polícia Federal e da Polícia
Militar da Bahia participaram dos esforços militares que terminaram com a morte de
Lamarca.
43
Já a partir da Constituição Federal de 1988 esta “Inspetoria/Agência”, a
IGPM, ainda subordinada ao nosso EB, passa a ter como atribuições, regular os
aspectos e ações relativos aos efetivos equipamentos e todo material bélico de
emprego em nossas polícias e corporações de bombeiros militares, de jurisdições
estaduais. Dentre os equipamentos de uso de nossas forças policiais, regulados
pela
IGMP
destacam-se:
armamentos,
munição,
material
e
equipamentos
motomecanizados, material de comunicações, material de emprego em guerra
química, aeronaves e embarcações e materiais de engenharia de campanha que
podem ser empregados por nossas forças coercitivas pertencentes aos Estados da
União. Devido a este fato, abordaremos algumas destas instituições policiais, de
modo mais apartado, destacando seus equipamentos de dotação básica, em suas
atividades operacionais durante os períodos relativos às décadas de 60, 70, 80 e 90,
embora já esteja explicitado que estas dotações de nossas forças estaduais são
basicamente supridas pela indústria nacional. Já a nossa Polícia Federal tem uma
tendência de incorporar alguns exemplares de armas importadas, como também
veremos a seguir.
Nas armas leves como já citamos, as modelagens produzidas pela INA,
Taurus e a Fábrica de Itajubá (hoje Imbel) foram largamente usados nestas forças
policiais durantes essas décadas, assim como as munições da “nossa” CBC. Mais
recentemente os modelos do fuzil FN-FAL da Imbel e o AR-15 de fabricação
americana e as pistolas Beretta/Taurus também passaram a fazer parte desta
dotação básica.
Quanto aos veículos, usando como paradigma as dotações tanto da Brigada
Militar do Rio Grande do Sul, a Polícia Militar do Estado de São Paulo e a Polícia
Militar do Estado do Rio de Janeiro, nos anos 50 foram usados Volkswagen Fusca;
nos anos 60 apontamos a presença dos modelos Ford Corcel, os Fuscas e as Rural
Willys, em forças paulistas e na Polícia Rodoviária Federal. Já nos anos 70 os
destaques foram os veículos da Chevrolet do Brasil (General Motors) Chevrolet
Veraneio, utilizados amplamente por todas as forças como “camburão” e o Opala
utilizado como viatura tática de combate ao crime. Nos anos 80 o Volkswagen Gol e
outros e a “pickup” Chevrolet D-20 são destaques nestas forças policiais. Com o
incremento e multiplicação dos modelos oferecidos pelo setor automotivo nacional a
partir dos anos 90 essas forças policiais ganharam uma maior “variação” em suas
aquisições de veículos automotores. Mesmo assim é notada com destaque a
44
utilização das “caminhonetes” Blazer e S-10 da Chevrolet, tanto em nossa Polícia
Federal e Rodoviária Federal, quanto em nossas forças policiais estaduais.
No período final da ditadura militar, nos derradeiros anos dos anos 80 e
início dos anos 90, com o incremento nas dotações do crime organizado nos
grandes centros urbanos, algumas forças policiais necessitaram adotar “novos”
equipamentos de requisitos específicos como os veículos de “emprego blindado
urbano” apelidados de “Caveirão”, estes foram e são montados por algumas
empresas brasileiras como Ceppe e Bernardini, para este tipo de força militar, sob
chassis de “caminhões” Ford, Volks ou Mercedes em nosso território nacional, para
serem utilizados no combate ao crime.
Há também o uso de unidades aéreas de asas rotatórias, geralmente
helicópteros HB-350 Esquilo, fabricados no Brasil pela Helibras, mas há também
alguns modelos americanos fabricados pela Bell como os Bell UH-1 Iroquois e o Bell
206 “Jet Ranger” em algumas forças policiais.
As polícias militares do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais foram
pioneiras na utilização do helicóptero como fator inibidor do crime. Hoje, as
corporações do Distrito Federal e dos Estados do Acre, Amazonas, Bahia,
Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraná,
Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Roraima, Tocantins
e Santa Catarina, além da Força Nacional de Segurança Pública e da
Polícia Federal, operam com aeronaves Esquilo (BENI, 2011).
Também devemos destacar que atualmente essas forças fazem o uso de
equipamentos como capacetes, escudos, armas não letais e armas químicas leves
que são produzidos por empresas “nacionais” como Inbrafiltro, Condor e Taurus.
1.5 MERCADO CIVIL E O CRIME ORGANIZADO
Ao nos dedicarmos a analisar o Brasil durante o século XX e suas armas,
devemos nem que seja, de maneira sucinta, destacar como este setor fabril bélico se
faz inserir dentro de nossa sociedade civil durante os conturbados períodos de
nossa instável República. Esse mercado de armas que durante décadas foi
livremente instalado só acabou sofrendo processos de regulamentações durante a
“repressão” aos movimentos de cunho revolucionário durante o período militar. E
recentemente com as campanhas de desarmamento e as proibições do comércio
45
deste setor industrial com o nosso vizinho Paraguai, devido ao fato que esta
produção retornava e abastecia nosso mercado paralelo e clandestino de armas de
fogo.
O mercado das armas leves e portáteis em nossa esfera de estudo deve
observar as seguintes questões sobre esta massiva produção. O Brasil é um dos
líderes atuais deste segmento industrial bélico (pistolas, carabinas, rifles,
submetralhadoras e munições), no entanto, apesar de sermos um dos líderes
mundiais em produção e vendas, estas companhias (Taurus, CBC e Imbel), devido
as “recentes” e “necessárias” políticas governamentais de controle desta produção e
comércio, a fim de evitar o “armamento” da população, normatiza algumas
regulações tanto ao seu comércio no mercado civil, quanto as exportações e ao
emprego militar.
Ao abordamos o mercado civil, dentro de nossa sociedade brasileira, é
impossível desprezarmos a existência do crime organizado, do contrabando e
descaminho na produção e comércio de artefatos de emprego militar ou bélico.
Sendo assim, faremos alguns apontamentos sobre esta porção do setor produtivo de
armas e com impacto direto à população civil deste país.
Durante os anos 40 e 50, as gaúchas (Rossi e Taurus) e as paulistas (CBC e
INA), revólveres mais vendidos, se “digladiavam” no comércio de armas leves,
formado por revólveres e alguns modelos de rifles e munições para atender a
demanda de consumo de nossa população civil neste período pré-regulamentação e
controle de armas imposto pela ditadura militar. Logicamente essas armas também
serviram os primeiros grupos (quadrilhas) de criminosos organizados nos centros
urbanos e também serviram aos grupos insurgentes e revolucionários, esses
também se utilizaram do modelo “Mauser” e das submetralhadoras INA, usadas no
nosso EB e roubadas durante suas expropriações revolucionárias, como já descrevia
Mariguella em seu manual de guerrilha.
A metralhadora ideal para o guerrilheiro urbano é a INA calibre .45. Outros
tipos de metralhadoras de diferentes calibres podem ser usados – com o
prévio conhecimento, dos problemas de munições. É preferível que o
potencial industrial do guerrilheiro urbano permita a produção de um só tipo
de metralhadora, para que a munição utilizada possa ser padronizada.
Cada grupo de tiro das guerrilhas urbanas tem que ter uma metralhadora
manejada por um bom atirador. Os outros componentes dos grupos têm que
estarem armados com revólveres calibre .38, nossa arma “padrão”. O
calibre .32 também é útil para aqueles que querem participar. Mas o .38 é
46
preferível já que seu impacto usualmente põe o inimigo fora de ação
(MARIGUELLA, 1969).
A produção de armas leves cresceu de forma progressiva nos últimos 30
anos, principalmente durante o período da ditadura militar, mas tiveram que se voltar
para o mercado civil externo, devido ao controle de nosso governo ditatorial.
Muitas destas armas retornavam ou chegavam rapidamente ao país de
maneira ilegal via Paraguai, Estados Unidos, Argentina e chegaram às mãos dos
grupos criminosos organizados cariocas, como o Comando Vermelho e outros. As
armas de vários calibres muitos destes “pesados” representaram uma mudança
necessária, inclusive nas dotações de nossas forças policiais para poder manter a
capacidade de enfrentamento, pois esses grupos criminosos, que logicamente
sempre foram dotados de forma bastante irregular, passaram a ter um diferenciado
“poder de fogo”. Apesar desta informalidade na formação de seus arsenais, segundo
informações do início dos anos 90, esses grupos criminosos tinham a seu dispor
alguns modelos dignos de destaque pela sua constante presença em seus arsenais,
sejam estes obtidos através de “descaminho, contrabando ou importações ilegais”,
algumas outras são de uso exclusivo de uso de nossas forças armadas ou
coercitivas, produzidas por nossa própria indústria que seguem distintos caminhos
“tortuosos” até chegar a estes grupos. Há ainda modelos artesanais ou variantes e
modificações sob peças de armas corrompidas ou sucateadas.
Nas armas de grosso calibre usadas por essas verdadeiras “forças
paramilitares” a serviço do crime estão os modelos de fuzil AR-15 de fabricação
americana e uso da infantaria do US ARMY sob a designação (M-16), o fuzil de
assalto de projeto soviético AK-47 {Avtomat Kalashnikova}, em inúmeras versões ou
variantes, principalmente o AKM. Essas armas foram construídas em mais 20 países
no século XX, mas apenas em um no continente americano, Cuba, mesmo assim,
não conseguimos identificar suas origens. Outra arma seguidamente encontrada em
posse dos criminosos organizados nas comunidades cariocas no final dos anos 80 e
início dos 90, no entanto de fácil verificação de procedência, era a submetralhadora
UZI, fabricada pela Israel Military Industries. Desde 1948 é uma das armas mais
disseminadas ao redor do mundo, principalmente por ser barata e poderosa, embora
de mira deficiente, logicamente também está a serviço de criminosos. Entre outras
dotações dos grupos criminosos brasileiros se encontram nossas próprias armas
47
“Made in Brazil”, o fuzil FN-FAL (e suas variantes), produzido pela Imbel. Para nosso
EB, é constantemente “encontrado” junto de nossos criminosos, assim como
submetralhadoras CBC/Magtech fabricadas nos Estados Unidos pela nossa
“brasileira” CBC e revólveres INA e Taurus, fabricados a partir dos anos 40, também
são acessórios comuns a estes grupos.
Quanto aos veículos empregados pelo crime, apenas a título de ilustração e
comparação junto dos demais receptores destes veículos que podem ser
empregados de forma beligerante, devemos destacar ainda neste espaço, com
relação aos veículos automotores usados por nossos criminosos, que estes
“logicamente” apesar de serem os mesmos modelos disponibilizados no mercado
regular brasileiro do século XX (Volks, Willys, Ford, Chevrolet, Mercedes e Toyota)
têm diferentes “empregos” nas ações destes criminosos. Enquanto que em crimes,
infelizmente “cotidianos” em nossos centros urbanos como as execuções sumárias e
assaltos à mão armada são geralmente utilizadas motocicletas de baixa cilindragem.
O crime organizado tem dado ênfase ao emprego de veículos de grandes
proporções como caminhonetes e carros de três volumes, tipo “sedan” em ações de
assaltos a banco, sequestros ou roubos de cargas. Os narcotraficantes e os
traficantes de armas utilizavam aeronaves bimotores ou monomotores nas suas
rotas andinas e latinas, mas atualmente no século XXI, devido ao melhor controle de
nosso espaço aéreo, a FAB impossibilitou essas operações, atualmente nota-se o
uso de caminhões e outros meios terrestres e iates e lanchas (meio fluvial) como
principais meios de distribuição de entorpecentes e armas.
Brasil tem para evitar o contrabando e a entrada de drogas e armas no país
é o tamanho de suas fronteiras. São 16 mil quilômetros só por terra. Para
combater o tráfico feito por via aérea, em 2004 foi regulamentada a lei
7.565, conhecida como a “Lei do Abate”, que permite que aeronaves
consideradas suspeitas (que não tenham plano de voo aprovado) sejam
derrubadas em território nacional. Com medo, os contrabandistas de armas
e drogas que usavam o espaço aéreo para transportar suas mercadorias,
voltaram a usar as rotas terrestres. Segundo a Polícia Federal, grande parte
das armas e drogas também chega pelo mar (SOUZA, 2008).
Ainda destacamos que segundo dados dos serviços de inteligência dos
Estados Unidos, a tríplice fronteira (Paraguai, Argentina e Foz do Iguaçu no Brasil) é
um dos maiores sustentáculos do crime organizado no Brasil. Sendo ao mesmo
tempo o “elo de ligação” entre diversos tipos de crimes, desde o roubo de veículos
48
automotores e cargas, contrabando e descaminho, tráfico de drogas e de armas.
“Dois principais centros de recepção de veículos roubados e mercadorias
contrabandeadas são as Cataratas do Iguaçu do lado brasileiro e Ciudad del Este”
(REX, 2003).
Atualmente a rígida regulação governamental imposta ao mercado de armas
para a nossa população civil engessa ao menos as vendas legais à população civil
em território nacional. De acordo com estudos recentes divulgados pela organização
www.ilanud.org.br, 57% das armas em circulação no Brasil estão ilegais, e segundo
os dados do Instituto Sou da Paz, que desenvolve pesquisas na área, de cada dez
armas apreendidas em mãos de criminosos sete são de fabricação nacional.
49
2 INDÚSTRIA DE DEFESA NACIONAL
Ao nos dedicarmos a mapear e apontar os integrantes de nosso “incipiente”
complexo industrial militar brasileiro, nesta segunda parcela de nossa pesquisa
observamos de pronto algumas diferenciações que se fazem necessárias, dentre
estas indústrias, além das distinções óbvias (aeronáutica, armas de fogo, veículos,
etc.) cabe destacar que estas também se dividem em outros dois tipos.
Há indústrias de ponta com capacidades e recursos técnicos especializados:
capazes de realizar trabalhos de nível tecnológico e excelência de alto nível, em
nosso cenário geralmente através de esforços governamentais, como os do ITA e do
CTA e, posteriormente, compartilhados e repassados, para este setor privado
especialista (Avibras, Embraer e Mectron). Este parque industrial militar brasileiro
mais tecnológico está centralizado na cidade de São José dos Campos – SP.
Há um segundo grupo de indústrias metalúrgicas de laminação que atuam
na retificação de equipamentos obsoletos e de produção de artefatos em metais
como aço ou alumínio, ou minérios e químicos. Estas estão descentralizadas e
compartilham das tecnologias oriundas de organizações como o IPqM e o CTEx.
Estas indústrias têm seus parques em vários Estados como no Rio Grande do Sul
(Taurus e Rossi), Ceará (Inace), Minas Gerais (Imbel), Rio de Janeiro (AMRJ) e
principalmente em São Paulo – SP, particularmente sua região metropolitana
(Bernardini, Imbel, CBC, Mercedes, Toyota, Beretta, etc.).
Durante o período de 1970-1990, vários dos países em desenvolvimento
alcançaram um crescimento notável em suas capacidades de produção de
defesa. A expansão das indústrias de defesa tem sido acompanhada pelo
aumento da sofisticação dos produtos militares, suas aeronaves avançadas
de ataque, tanques, veículos blindados, mísseis e desenvolvimento naval.
Brasil tem demonstrado as suas capacidades de marketing, exportando
sistemas de armas de nível intermediário para muitos países em
desenvolvimento (U.S. CONGRESS, OFFICE OF TECHNOLOGY
ASSESSMENT, 1991).
Apesar das distinções entre as tecnologias e destinações destas indústrias,
algumas flutuam entre ambas (Engesa e Avibras) e ambos os modelos de fabricação
utilizam-se amplamente da “engenharia reversa”, ou seja, são indústrias copistas
(desmontam equipamentos importados antigos para remontá-los ou modernizá-los),
e assim adquirem “novas tecnologias”. Nossa indústria nacional bélica também se
50
caracteriza pela aquisição de projetos desenvolvidos em outros países para a
produção local sob licença ou pré-fabricados para serem montados no Brasil.
2.1 A INDÚSTRIA DE ARMAS LEVES, PORTÁTEIS E DE MOBILIDADE
- Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC Group):
Fundada em 1926 com capitais nacionais (família Matarazzo), com o nome
de Fábrica Nacional de Cartuchos e Munições (FNCM). Esta além desta produção
dedicou-se também a importação de material bélico. Em 1932 forneceu “cartuchos e
munições” para as tropas “paulistas” durante a revolução constitucionalista, e já em
1936 teve seu controle adquirido pela Remington Arms Company (americana) e a
Imperial Chemical Industries (ICI) do Reino Unido, quando passou a se chamar
Companhia Brasileira de Cartuchos S/A (CBC). Durante os conturbados anos da
Segunda Guerra nos anos 40 essa indústria forneceu toda sua produção de
munições para as forças brasileiras (FEB) no conflito. “Durante a Segunda Guerra
Mundial, CBC dedicou toda a sua produção para as tropas brasileiras, que lutou ao
lado dos Aliados” (http://intl.cbc.com.br/the-company/history).
Continuou atuando neste seguimento desde então e como constante
fornecedor destas matérias a nossas forças armadas e nos anos 60 introduziu-se na
produção de rifles com a tecnologia da Remington Arms (sua proprietária). Nos anos
70 incrementa sua participação no mercado externo através de importações, e em
1978 instala uma nova planta fabril em Ribeirão Pires – SP (munições), e em 1979 a
CBC volta a ser uma empresa de capital nacional com a aquisição desta junto a
Remington por seus ex-diretores brasileiros.
Agora a “renacionalizada” CBC em 1980 firma um contrato de fornecimento
com a Marinha do Brasil de cartuchos de grande calibre para as embarcações de
nossas flotilhas. Estabelece a partir de 1983 exportações para o território americano,
sem a participação de sua antiga dona, e em 1987 inaugura mais uma planta fabril
em Ribeirão Pires – SP (pólvora). Em 1990 a CBC cria a marca subsidiária
“Magtech” (com uma linha de armas leves), de enorme distribuição ao redor do
mundo, sendo vendida em mais de 90 países e sendo uma das principais empresas
do segmento nos Estados Unidos, o maior mercado consumidor destas “armas leves
e munições” do mundo.
51
Entre seus produtos encontram-se rifles (variantes de modelos Remington e
Winchester), revólveres e pistolas (variantes de modelos Smith & Wesson, Magnum
e Luger) e a submetralhadora Magtech, além de uma imensa gama de munições e
projéteis tanto de calibres civis quanto calibres especializados e de grande porte
para instituições militares. “CBC, que produz munições para canhões de médio
calibre” (FERREIRA; SARTI, 2011).
Recentemente a CBC adquiriu o controle da Metallwerk Elisenhütte GmbH
(MEN) da Alemanha e a Sellier & Bellot da República Tcheca, ambas fábricas de
munições.
Por ter suas armas “amplamente difundidas” entre os criminosos nos
Estados Unidos esta sofre constantes processos nos tribunais americanos, junto
com os demais gigantes do setor, processos estes movidos por associações de
vítimas de armas de fogo contra este segmento industrial e comercial nos Estados
Unidos. Atualmente ainda é a maior fornecedora de munições e cartuchos, tanto
para nossas forças armadas quanto policiais e para o nosso controlado mercado
civil.
- Indústria de Material Bélico do Brasil (Imbel):
Em meio ao período ditatorial brasileiro em que nossa indústria nacional de
materiais de defesa experimentava seu maior crescimento e desenvolvimento, nosso
governo militar decide-se pela criação de uma empresa estatal de direito
público/privado. Sendo assim, em 1975 é constituída a Indústria de Material Bélico
do Brasil (Imbel), uma empresa que iria reunir e centralizar as até então
“independentes” plantas de produção de equipamento bélico que já eram
controladas pelo EB, objetivando melhor desempenho.
A INDÚSTRIA DE MATERIAL BÉLICO DO BRASIL – Imbel®, constituída
nos termos da Lei 6.227 de 14 de julho de 1975, é uma empresa pública
dependente, com personalidade de direito privado, vinculada ao Ministério
da Defesa por intermédio do Comando do Exército, com a missão de
produzir e comercializar produtos de defesa e segurança, para clientes
institucionais, especialmente Forças Armadas e Forças Policiais, e clientes
privados (http://www.imbel.gov.br/index.php).
Apesar desta fundação institucional durante os anos 70, suas origens
remontam ao período relativo à chegada da realeza portuguesa em terras coloniais,
pois já se entendia então a necessidade de nossa força militar ter uma estrutura
52
fabril própria de atender suas necessidades logísticas para a sua plena dotação.
Assim sendo, em 1808 D. João VI decreta e cria a Fábrica de Pólvora da Lagoa
Rodrigo de Freitas, transferida para Magé – RJ em 1824, atuante na produção de
pólvora negra.
A Fábrica da Estrela foi fundada por D. João VI em 1808, com o nome de
Fábrica de Pólvora da Lagoa Rodrigo de Freitas, localizada no Jardim
Botânico, no Rio de Janeiro. Em 1824 foi transferida para a atual
localização, com a denominação de Real Fábrica de Pólvora da Estrela,
mediante Decreto de D. Pedro I (http://www.imbel.gov.br/index.php/pt/
features-mainmenu-48/fe).
Esta planta industrial, especialista na produção de detonantes, estava
totalmente operacional em 1831, e desde então, até nossos dias, estas estruturas
fabris, por onde passava a primeira linha férrea do Brasil, seguem “agregadas” às
nossas organizações militares até nossos dias, suprindo nossas forças com cordéis
detonantes, petardos, traçados, pólvora negra militar, entre outros detonantes,
porém hoje sob controle da Imbel. Além desta primordial unidade fabril, outras
organizações de manufatura especializada do Exército, que haviam sido criadas,
também foram reunidas a esta para dar forma à estrutura e capital da Imbel.
Buscando nossa autossuficiência na produção de pólvora e detonantes em
1909 foi criada a fábrica de Piquete – SP, permitindo ao nosso Exército ser suprido
“internamente”, evitando-se a dependência do mercado externo. Ativa desde então
no interior paulista, esta planta originalmente era voltada para a fabricação de
“pólvora sem fumaça”, inclusive sendo assim denominada. Ainda hoje segue
produzindo detonantes e produtos químicos, explosivos e propelentes de emprego
civil e militar. Entre seus produtos estão: nitrocelulose, TNT, nitroglicerina, gelatina
explosiva, pólvora a base simples e de base dupla, éter sulfúrico, emulsão explosiva,
dinamites, propelentes e explosivos carbonitratos. Assim como as demais plantas foi
incorporada à Imbel nos anos 70, atualmente a “Fábrica de Pólvora sem Fumaça de
Piquete – SP” é denominada Fábrica Presidente Vargas.
Outra planta integralizada ao capital da Imbel foi a unidade fabril do EB,
inaugurada em 1934 com o nome de Fábrica de Canos e Sabres para Armamento
Portátil em Itajubá – MG, com a destinação de fabricar armas portáteis. Já nos anos
30 passou a produzir o fuzil “Mauser” sob um contrato de licenciamento com a
Deutsch Waffen und Munitionsfabrik (DWM).
53
Foi então que a partir de 1934, e como forma de minimizar a dependência
de importação de armas, a Fábrica de Itajubá decidiu produzir fuzis e
carabinas no Brasil, originando assim o chamado modelo 1908/34, uma
versão “nacionalizada” e encurtada, nos moldes das carabinas (NETO,
2011).
Esta planta integrada ao patrimônio da Imbel em 1975 passou a suprir
integralmente nosso EB com o fuzil FN-FAL, produzido sob licença da “Fabrique
Nationale de Herstal” (FN Herstal) da Bélgica. Desde então “substituíram” estes rifles
e as submetralhadoras INA do nosso Exército, além deste também forneceu os rifles
“Mosque-FAL” para treinamento de recrutas, “lançando mão de pouquíssimo
investimento, a Fábrica de Itajubá resolve transformá-los em uma arma para venda
no comércio, destinada à caça; uma espingarda de alma lisa” (NETO, 2011). É a
principal fornecedora de armas deste emprego em nosso Exército. Além de suas
linhas de fuzil, variantes dos modelos belgas FN-FAL. Produz revólveres e pistolas
que são derivadas dos projetos licenciados da Colt Americana e importa para o
mercado americano de armas leves por intermédio da Springfield Inc.
Em Juiz de Fora – MG, já durante a era “getulista” e criada dentro da
organização fabril do nosso Exército, entra em operação em 1937, com o nome de
Fábrica de Estojos e Espoletas de Artilharia (FEEA). Esta estrutura industrial é
especializada na fabricação de materiais de emprego militar como foguetes, projéteis
e munições de vários calibres e suas embalagens/cartuchos, que são utilizados em
morteiros e obuses, conhecidos popularmente/vulgarmente como “balas de canhão”.
Além de material bélico esta unidade é fornecedora de ferramentas de produção e
controle e serviços de radiografia industrial, tratamento térmico e superficial de
metais, bem como serviços laboratoriais, mecânicos e balísticos, para clientes
nacionais e internacionais.
Em 1939 a fim de suprir as carências e defasagens tecnológicas de nossas
forças decide-se pela criação dentro do organograma do EB a “Fábrica de Material
de Transmissões” (FMT). Com instalações no Rio de Janeiro esta também foi
incorporada à Imbel, agora designada Fábrica de Material de Comunicações e
Eletrônica (FMCE), esta unidade destina-se ao fabrico de diversos equipamentos
largamente empregados em nosso Exército, desde então, tais como, os rádios
transmissores e receptores, telefones de campanha, sistemas e redes de
comunicação de uso militar.
54
Essas cinco unidades produtoras de material bélico e de interesse militar
anexadas sob a estrutura corporativa da Imbel em 1975 e de grandes aportes
financeiros durante os derradeiros anos do regime militar mantém-se ativa no
suprimento de nossas forças.
Atualmente é responsável pela elaboração final dos produtos da South
America Ordnance (SAO), uma “joint venture” da Imbel com a Royal Ordnance, uma
subsidiária da British Aerospace Defense Group inglesa, como foguetes, projéteis,
jaquetas, munições e cartuchos, que são utilizados em morteiros e obuses, que são
fabricados na unidade de Juiz de Fora – MG e vendidos ao mercado internacional. A
partir de 1992 o CTEx elaborou estudos de viabilidade tanto técnicas quanto
econômicas, a fim de atender seus requisitos operacionais básicos de uma “arma
leve anticarro” (bazuca) ou ALAC de produção nacionalizada, um prático canhão
sem recuo capaz de proporcionar ao combatente terrestre um meio eficaz de
enfrentar uma ameaça blindada. Várias organizações e empresas participaram do
projeto como a Emgepron e a GESPI Aeronáutica Ltda. Cabendo à Imbel a
produção desta arma “anticarro”, que desde então dotam nossas tropas do Exército,
além desta, continua atendendo as demais necessidades em armas como fuzis,
munições e explosivos de nossas forças terrestres e os demais mercados deste
segmento no século XXI.
“Os maiores clientes são as Forças Armadas, a Secretaria Nacional de
Segurança Pública (SENASP), Forças Auxiliares, compreendendo a Polícia Civil e
Polícia Militar, Polícia Federal, mercado civil nacional e o mercado de exportação”
(DELLAGNEZZE, 2008).
- Indústria Nacional de Armas S/A (INA):
Sua fundação se dá no ano de 1949 em Santo André – SP (região
metropolitana), tendo como principal produto a submetralhadora INA modelo-1950,
projeto
“variante”
do
modelo
Madsen
modelo-1946,
doado
pelo
governo
dinamarquês após o fim da Segunda Guerra para o proprietário desta indústria de
armas, de capital genuinamente nacional.
Desde 1950, incorporada em nossas Forças Armadas a submetralhadora
INA modelo-1950 foi utilizada largamente até 1972 quando foi substituída. É um dos
mais emblemáticos equipamentos de dotação de nosso EB, presente na ocupação
da República Dominicana (a partir de 1965), nas mãos de nossos soldados também
foram notados nas operações de repressão à guerrilha urbana, em nossos grandes
55
centros metropolitanos durante os anos 60. Entre as várias forças policiais estaduais
a utilizarem o modelo-1950 da INA encontram-se as Polícias Militares do Rio de
Janeiro e São Paulo e a Brigada Militar do Rio Grande do Sul, que fazia uso destas
“armas” durante os dias da crise institucional da “legalidade”, para a posse de Jango.
Unidades destas submetralhadoras foram exportadas para países próximos como:
Chile, Paraguai e Uruguai.
Produziu também revólveres variantes dos modelos americanos Smith &
Wesson, em distintos calibres, que eram chamados TIGRE no Brasil e TIGER nos
Estados Unidos, para aonde foi regularmente exportado. Este modelo foi o revólver
mais vendido no mercado civil brasileiro, pré-regulamentação e controle de armas
imposto pela ditadura militar e fabricou uma diminuta série de pequenas pistolas
denominadas “Chanticler”, uma variante do modelo de pistola CZ-45, da tcheca
Česká Zbrojovka. A partir do golpe de 1964 esta empresa entrou em um momento
de estagnação e insolvência, entre as causas estariam a falta de pagamento de
armas vendidas ao mercado exterior, despesas oriundas do desenvolvimento de
vários projetos ao mesmo tempo, insolvência de órgãos públicos, restrições
impostas pelo governo militar e até mesmo uma “suposta sabotagem” orquestrada
pela Junta Militar, que teria levado a Indústria Nacional de Armas S/A a sua
derrocada e falência em 1972, seu parque fabril foi adquirido posteriormente pela
CBC.
- Forjas Taurus S/A (Taurus):
Iniciando suas atividades em 1937 no Rio Grande do Sul, como uma planta
industrial de ferramental, produziu seu primeiro revólver em 1941, mas devido às
dificuldades para o recebimento de máquinas e materiais metalúrgicos durante os
anos 40, em 1949 tornou-se uma sociedade anônima e em 1951 começou a
produção de “revólveres” em escala industrial.
Com o fim da Segunda Guerra, a importação de máquinas começou a ser
feita com facilidade e a preços muito baixos. Isto tornava a comercialização
dos produtos nacionais extremamente difícil. Hora de voltar ao objetivo
original e redirecionamos os investimentos, começando a fabricar revólveres
e ferramentas manuais. Em 27 de junho de 1949, a Forjas Taurus se
transformou em uma Sociedade Anônima, dando início a um novo ciclo de
crescimento (http://www.taurus.com.br/?on=empresas&in=historico&decada
=1940).
56
Na década de 50 aumenta sua produção e vendas de armas leves devido a
demanda do mercado interno e inicia o aumento de seu parque fabril em Porto
Alegre – RS, que é concluída já na década seguinte e sobre o regime militar
brasileiro, que passou a regular o mercado civil destas armas leves e levando a
Taurus S/A a uma situação econômica delicada.
A década de 60 foi marcada por grandes tensões políticas no país, que
resultaram numa regulamentação extremamente rígida para a
comercialização de armas. Ainda sem estrutura para concorrer no mercado
externo, vimos o controle acionário da Forjas Taurus passar para uma
empresa
estrangeira
no
início
da
década
de
70
(http://www.taurus.com.br/?on=empresas&in=historico&decada=1960).
Passou a exportar para os Estados Unidos em 1968 e teve 54% de suas
ações adquiridas em 1970 por um conglomerado chamado Bangor Punta,
controladora da americana “Smith & Wesson”, essas duas empresas se tornaram
“irmãs” e compartilharam projetos e tecnologias, mas se mantiveram concorrentes
em mercado americano até a reaquisição das ações da Taurus, pertencentes a
Bangor Punta, pela Polimetal – Indústria e Comércio de Produtos Metálicos Ltda em
1977.
Nesse meio tempo, a Smith & Wesson tinha sido comprada por um
conglomerado chamado Bangor Punta. Em 1970, Bangor Punta também
compraram 54% da Taurus. Assim, as duas empresas se tornaram “irmãs”.
Smith & Wesson nunca possuiu Taurus. Ambas eram empresas
independentes. No entanto, durante os próximos sete anos, uma grande
quantidade de tecnologia e metodologia foi passada entre os dois ... 1977
os atuais proprietários compram os 54% da Taurus que eram da Bangor
Punta (http://www.taurususa.com/history.cfm).
Em 1980 adquire a integralidade das operações da Indústria e Comércio
Beretta S/A, empresa subsidiária da Beretta italiana localizada em São Paulo – SP,
especializada na fabricação de pistolas e metralhadoras. A Taurus S/A absorveu o
departamento técnico e pessoal, as instalações, o ferramental e maquinário, assim
como os projetos e desenhos das pistolas e submetralhadoras aqui fabricadas pela
Beretta para as nossas forças armadas e policiais.
Em 1981 a Taurus S/A cria a Taurus International Manufacturing Inc (TIMI),
em Miami, Flórida – EUA, com o objetivo de produzir e vender armas em solo norteamericano, aonde ainda hoje atua solidamente no mercado americano de armas.
57
Ainda na década de 80, mais precisamente em 1983 inicia-se na atuação de
blindagens e soluções balísticas com a criação da Taurus Blindagens Ltda,
produzindo em “kevlar” desde 1986, destaca-se na produção de escudos antitumulto
e coletes à prova de balas para as nossas forças coercitivas brasileiras.
Entre os produtos principais da Taurus Armas destacamos as pistolas
réplicas dos modelos Beretta (PT-92/PT-99 etc.) e submetralhadoras (M-12), produz
ainda revólveres e carabinas, alguns de calibragem proibidas no Brasil e vendidos
apenas no exterior e a submetralhadora MT-40 projeto desenvolvido pela estatal
chilena de produção de armas FAMAE, também é produzida pela Taurus voltada ao
mercado policial militar brasileiro e atualmente dota várias forças policiais no Brasil.
Em 1997 adquiriu o controle da Amadeo Rossi S/A, outra empresa também
gaúcha do setor e até então sua maior concorrente no mercado brasileiro de rifles e
revólveres.
Taurus Armas, maior fabricante de armas curtas do mundo. Produzimos
armas, carabinas, pistolas, revólveres, espingardas, metralhadoras,
submetralhadoras, carabinas de ar comprimido, pistolas de ar comprimido
de uso para polícia civil, forças armadas, atiradores, magistrados
(http://www.taurusarmas.com.br/).
Em 1999 a Taurus já ocupava a posição de uma das três maiores
fabricantes mundiais de armas curtas, com vendas em mais de 70 países em cinco
continentes, mercado este que detém ainda hoje. Atualmente está detentora na
liderança mundial na produção de armas portáteis, realiza uma parceria com a IMI
de Israel para a montagem de um moderno fuzil de assalto, a fim de competir com
os modelos da Imbel, na modernização de nossas forças do EB.
- Indústria e Comércio Beretta S/A (Beretta):
A Indústria e Comércio Beretta S/A (Brasil) foi criada no Brasil pela Fabbrica
d'Armi Pietro Beretta (S.p.A.). Companhia de capital fechado e administração familiar
que tem suas atividades registradas desde 1526 no norte da atual Itália (Lombardia).
“Transmitida através de 15 gerações da família Beretta, a empresa já era
ativa na Gardone Valtrompia em 1400 e seu trabalho tem sido documentado desde
1526” (http://www.beretta.com/en/world-of-beretta/today/).
Primeiro veio o lendário Bartolomeo (desde antes de 1498 a 1565-8). Em
seguida, Pietro (1791-1853), que foi o primeiro a trazer o nome Beretta na
família, iniciou as obras para expandir o negócio. Seu filho Giuseppe (1840-
58
1903) abriu novos horizontes internacionais e por sua vez o filho do último
Pietro (1870-1957) transformou o negócio artesão em uma empresa de
fabricação através da introdução de técnicas modernas de produção. Sob a
orientação de filhos de Pietro Giuseppe (1906-1993) e Carlo (1908-1984), a
empresa tornou-se uma multinacional e alcançou sucesso brilhante nos
setores militares e desportivo. Beretta sempre produziu armas
(http://www.beretta.com/en/world-of-beretta/today/).
No início dos anos 70, ganha vulto a participação desta empresa estrangeira
em nosso cenário armamentístico brasileiro, a italiana Fabbrica d'Armi Pietro
Beretta, firma um grande contrato de fornecimento com o governo militar, que exigia
a instalação de uma fábrica em solo brasileiro bem como utilização de mão de obra
nacional. E assim em 1974 a Beretta iniciou a produção de armas leves de pequeno
porte (Pistola PT-908 e submetralhadora M-12 Beretta, etc.), a fim de suprir o
Exército do Brasil e nossas forças policiais, em uma planta industrial na cidade de
São Paulo – SP. Com o fim deste contrato de suprimento entre o governo militar e a
Beretta italiana em 1980, esta decide por encerrar suas operações no Brasil,
vendendo suas instalações paulistanas, o ferramental e maquinário, assim como os
projetos e desenhos das pistolas e submetralhadoras aqui fabricadas para a Forjas
Taurus S/A, que também absorveu o departamento técnico e pessoal.
A Beretta especializada em armas portáteis de emprego por parte de forças
coercitivas e de aplicação da lei é referência mundial na produção de pistolas,
submetralhadoras e rifles, que são vendidos em nosso mercado global atual por esta
e suas subsidiárias na Finlândia, Alemanha e na própria Itália. Além do Brasil estas
“armas de fogo” da Beretta foram e são produzidas sob licença na França, Turquia,
Egito, Taiwan, África do Sul, Chile e na Espanha (cópias não licenciadas).
Atualmente no Brasil a Taurus S/A produz “variantes” dos modelos Beretta sem a
necessidade de uma licença, já que as patentes destes projetos já expiraram.
- Amadeo Rossi S/A (Rossi):
Fundada em 1889 como uma empresa familiar e levando o nome de seu
criador a Amadeo Rossi S/A Metal e Munições se estabeleceu no mercado de armas
devido a sua alta qualidade e excelência em seus projetos de armas de fogo. Esta
empresa virou referência na produção de “garruchas” (armas de cano curto, similar a
um revólver, porém possuindo apenas um tiro por cano), além destas produziu
revólveres, rifles, espingardas de caça, que foram disponibilizados tanto ao mercado
59
policial quanto civil, quanto para o mercado internacional (na época, distribuídas pela
Interarms dos EUA) durante todo o século XX até os dias atuais.
A Rossi foi revolucionária no projeto e fabricação de armas de fogo, teve
início com a fundação da empresa em 1889 por Amadeo Rossi. Ao longo
dos últimos 115 anos, essa tradição tem crescido junto com a empresa e a
família Rossi. O nome de Rossi representa um pedaço da história da arma
de fogo e uma tradição de excelência.
Ao longo dos anos, as armas de fogo Rossi tem liderado o caminho em
design e engenharia. Ao mesmo tempo, tem sido sempre importante para
produzir um produto acessível, sem sacrificar a qualidade ou precisão
(http://www.rossiusa.com/history.cfm).
Mas em 1997, esta passou a ser controlada pela Forja Taurus S/A, outra
empresa gaúcha do setor e até então sua concorrente no mercado brasileiro de rifles
e revólveres, e passou a ter seus produtos distribuídos pela Braztech Internacional
L.C. na América do Norte, aonde até hoje tem sua produção distribuída.
2.2 A INDÚSTRIA DE VEÍCULOS DE COMBATE DE EMPREGO MILITAR
- Avibras Indústria Aeroespacial S/A:
Estabelecida em 1961, com capitais de origem nacional, oriundos do setor
privado, por um grupo de engenheiros do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA),
em São José dos Campos – SP, a fim de atender os nossos segmentos de defesa,
de imediato deu ênfase ao setor aeronáutico, inclusive com seu nome sendo um
anacrônico “aviões brasileiros”, com projetos de um avião monomotor de transporte
chamado Alvorada e um treinador designado Falcão. Porém nenhum destes projetos
foi produzido em série. Passou ainda a desenvolver foguetes de pesquisa
meteorológica e foi escolhida para participar do nosso “Programa Espacial Brasileiro”
em 1963 pelo Ministério da Aeronáutica e desde então participa ativamente de
nossos programas aeroespaciais governamentais. Entre 1965 e 1975 a Avibras
produziu inúmeros foguetes em especial os modelos SONDA I, SONDA II, entre
outros. Especializou-se também na produção de componentes de antenas e radares
meteorológicos. “A maior parte do território brasileiro é coberto por antenas de 10
metros
de
diâmetro
fornecidos
por
Avibras”
extended/brazil/avibras/avibras_home.html).
(http://www.epicos.com/epicos/
60
Produziu para o Exército conjuntos de casulos lançadores de foguetes
“rebocáveis”, que lhe deram o conhecimento específico que aliado aos seus demais
recursos possibilitou a fabricação do mais icônico produto desta empresa – o
“sistema” ASTROS (Artillery SaTuration ROcket System), literalmente “sistema de
artilharia de saturação por foguetes”, desenvolvido no final dos anos 70, a fim de
atender as necessidades do Iraque em sua guerra com o Irã. Este sistema nada
mais é que uma plataforma com vários casulos para o lançamento de mísseis de
vários calibres e com alcances distintos (9 km a 90 km), montados sobre um chassis
de caminhão blindado. Além deste, um outro “caminhão” de menor porte é
empregado neste “conjunto” como unidade repositória e opcionalmente mais
equipes podem ser “agregadas” a este “sistema” como unidades de suporte
eletrônico e controle de tiro.
Uma configuração típica bateria consiste de seis AV-LMU lançadores
múltiplos de universais, seis veículos de abastecimento de munição AVRMD juntamente com uma unidade de controle de fogo AV-UCF opcional.
Uma unidade de controle de comando e controle AV-VCC veículo/fogo,
juntamente com dois veículos oficinas móveis, que seriam estacionados na
sede do batalhão (http://www.army-technology.com/projects/astros/).
Estes veículos que tiveram seu “batismo de fogo” em 1983 nos desertos
iraquianos têm seus materiais bélicos montados e produzidos na própria Avibras, o
chassis dos caminhões 6x6 são montados e blindados pela Tectran Engenharia,
uma subsidiária da própria Avibras para esse propósito de produção de veículos
militares. É nas instalações da Tectran, também em São José dos Campos, que são
instalados os motores produzidos pela Mercedes-Benz brasileira. O sistema
ASTROS foi um grande sucesso de vendas de nossa indústria bélica no mercado
externo dos anos 80, tendo unidades vendidas para o Iraque, Catar, Bahrein, Arábia
Saudita, Angola, além do Brasil que os comprou depois dos demais países. Nos
anos 90 essa empresa participou da construção do “Veículo Lançador de Satélites”,
idealizada pelo CTA.
Atualmente emprega vários de seus recursos em programas realizados em
conjunto com nosso setor de defesa, tanto público quanto privado, o DCTA e
Agência Espacial Brasileira e outros estão entre seus parceiros públicos. E está
desenvolvendo atualmente com o setor privado, para uso de nossas Forças
Armadas brasileiras do “Vant” Falcão, repassado à Harpia devido ao fato que
61
recentemente o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou o
acordo entre a Embraer, AEL Sistemas e a Avibras. Consiste na aquisição, pela
Avibras, de 9% do capital Harpia, “joint venture” formada entre a Embraer Defesa e
Segurança e a AEL Sistemas, subsidiária do grupo israelense Elbit Systems, para a
produção destas aeronaves não tripuladas controladas remotamente.
No atual momento geopolítico global a Avibras continua realizando o intenso
comércio de seu sistema de artilharia e defesa aérea ASTROS II para vários países
ao redor do mundo como: Paquistão, Malásia e o próprio Brasil. Está em fase final
de desenvolvimento de um versátil carro de combate leve 4x4 designado Avibras
Guara, já adquirido pelo México e sendo testado no Haiti por nossas tropas.
Também continua desenvolvendo vários projetos compartilhados no campo
aeroespacial.
- Bernardini S/A Indústria e Comércio:
Iniciando suas operações no ramo metalúrgico e na fabricação de cofres em
1912 na cidade de São Paulo – SP a Bernardini S/A Indústria e Comércio só iniciou
no setor industrial bélico bastante tempo depois, através de serviços de manutenção
e modernização de veículos “jeeps” e caminhões de emprego militar.
Sobre a plataforma do M-3 Stuart americano esta empresa desenvolveu um
lançador de foguetes a pedido de nosso comando militar em um tempo recorde (dois
meses) para os desfiles de 07 de setembro de 1976, este foi feito designado
Bernardini XLF-40, desfilou diante de nossas autoridades militares e civis em Brasília
e passou por testes posteriores no CTEx em 1979, porém não foi fabricado em série.
Em 1978 esta empresa foi escolhida pelo EB para junto com a empresa
Novatração Artefatos de Borracha S/A, a fim de realizarem um programa de
modernização dos M-41 Walker Bulldog do EB. Esses “novos” tanques de combate
remontados pela Bernardini foram designados M-41 Caxias. Este “aprendizado” na
montagem e modernização do M-41 levou esta empresa a desenvolver um projeto
próprio de um veículo de combate leve sobre “esteiras”, esse recebeu o nome de
MB-3 Tamoyo e teve seus protótipos construídos em 1984. Apesar deste veículo
atender os requisitos básicos do nosso Exército, esse não os adquiriu, levando ao
cancelamento deste “interessante” projeto de nossa indústria após a fabricação de
apenas três unidades.
62
Em 1986 esta empresa paulista foi contratada a fim de “revitalizar” os
“Jeeps” M-38 A1 Willys/Ford, com isto estes ganharam nova motorização e
instrumentalização e ainda hoje encontram-se ativos em unidades do EB.
Em 1988 se dedicou a produção de um veículo robusto de espessa
blindagem, a fim de ser empregado como veículo policial “antidistúrbios” ou usado
como “carro-forte” pelo setor de segurança. Esses veículos, cerca de 60, foram
vendidos no mercado interno e para as unidades policiais chilenas. A Bernardini S/A
Indústria e Comércio encerrou suas atividades em 1992 durante o período da
falência total de quase todas as empresas do setor no cenário nacional.
- Engenheiros Especializados S/A (Engesa):
Fundada como uma microempresa por engenheiros da USP no final dos
anos 50 como prestadora de serviços ao setor petroquímico, esta foi integralizada
como
uma
sociedade
de
capitais
paulistanos,
denominada
Engenheiros
Especializados S/A (Engesa) em São Paulo – SP no ano de 1963 e com suas
instalações fabris em São José dos Campos – SP e Barueri – SP. Esta passou a ser
uma das “principais” fabricantes de veículos de emprego militar do mundo e a mais
significativa do setor em nosso país a partir dos anos 70. O sucesso de desempenho
da “suspensão boomerangue” fabricada pela Engesa e usada pelos veículos da
Petrobras chamou a atenção dos nossos militares que passaram a compartilhar seus
projetos de veículos sobre rodas com a Engesa. Durante o período desta “parceria”
nasceram o Engesa EE-12, um pequeno “jipe” que também teve uma versão civil, o
Engesa EE-15 um pequeno caminhão, o Engesa EE-25 e o EE-50 caminhões de
maior porte e a “pickup” Engesa EE-34, empregados em nosso Exército. Além
destes veículos militares “utilitários” sem o emprego de armas acopladas, os
destaques desta empresa ficam por conta de seus “carros de combate” propriamente
ditos, que veremos a seguir.
A partir do início dos anos 70, o nosso governo militar desenvolveu
programas de modernização de nossas forças junto com o CTEx, destes projetos
entregues a Engesa nasceram os dois principais “carros de combate” fabricados em
solo brasileiro e usado largamente por nossas forças militares. Os Engesa EE-11
Urutu e Engesa EE-09 Cascavel ainda hoje seguem operacionais em nossos
quadros. Outros projetos foram desenvolvidos para atender as necessidades de
outras armas como Engesa EE-18 Sucuri e Engesa EE-03 Jararaca que visavam o
mercado iraquiano principalmente. Houve ainda dois projetos importantes que são o
63
Engesa EE-T4 Ogum, visando tanto nosso EB quanto o mercado exterior e o “Main
Battle Tank” Engesa EE-T1 Osório, maior projeto de nossa indústria nacional e que
visava o mercado saudita, infelizmente estes projetos não foram concluídos. Estes
últimos e principais veículos de combate produzidos por esta empresa serão vistos
individualmente, a fim de melhor identificá-los.
O Engesa EE-11 Urutu, este “versátil e robusto” veículo 6x6 blindado e
anfíbio de transporte de pessoal entrou em operação em nossas forças no ano de
1974 no Exército e na Marinha. “A EE-11 Urutu foi originalmente desenvolvido para
os fuzileiros navais brasileiros, que necessitou de um veículo capaz de operar em
ondas fortes” (http://army-guide.com/eng/product553.html). Com cerca de 700
unidades das 1500 unidades produzidas, alocadas em nossas forças, as demais
unidades “blindadas e anfíbias” foram exportadas para inúmeros países como:
Chipre, Líbia, Tunísia, Gabão, Zimbábue, Angola, Emirados Árabes, Jordânia,
Iraque, Chile, Venezuela, Equador, Colômbia, Suriname, Paraguai e Bolívia.
O Engesa EE-09 Cascavel, desenvolvido a partir dos conceitos usados pelos
M-8 Greyhound foi um grande “sucesso” de nossa indústria bélica.
O sucesso no mercado de veículos militares no mundo é determinada por
sua alta capacidade, simplicidade, confiabilidade de usar o “Cascavel” para
reconhecimento, ou apoiar a infantaria, e para a luta contra carros de
combate inimigos (http://army-guide.com/eng/product551.html).
Este pequeno tanque, com um potente canhão, fraca blindagem e de grande
mobilidade no campo de batalha teve cerca de 1700 unidades produzidas, destas
cerca de 400 para o nosso próprio Exército e as demais vendidas para países como:
Chipre, Líbia, Burkina Faso, Zimbábue, Nigéria, Togo, Gana, Catar, Iraque, Chile,
Uruguai, Venezuela, Equador, República Dominicana, Colômbia, Guiana, Suriname,
Paraguai, Bolívia e outros.
Outro destaque desta empresa no mesmo período é o carro de combate leve
4x4 e veículo de reconhecimento, Engesa EE-03 Jararaca, que foi produzido em
série no final da década de 70. Essas unidades foram adquiridas pelas forças
terrestres do Chipre, Gabão, Equador, Uruguai e outros.
No final dos anos 70, utilizando-se do projeto de grande mobilidade do
chassis do Cascavel, a Engesa desenvolveu um veículo de artilharia pesada,
autopropulsado sobre rodas, designado Engesa EE-15 Sucuri, este visava o seu
64
crescente mercado externo e nosso próprio EB, mas apesar de serem montadas
algumas unidades que passaram por testes “satisfatórios”, inclusive em outros
países, este projeto não foi fabricado em série.
O primeiro projeto sobre “lagartas” da Engesa no início dos anos 80 foi o
veículo de emprego “antiaéreo” e “antitanque” de pequeno porte, nominado Engesa
EE-T4 Ogum. Este veículo que visava tanto o mercado local quanto o Oriente Médio
não passou de seu protótipo. Quando a Engesa se decidiu pelo “revolucionário” e
“inédito” programa de um tanque de grande potência e poder de fogo sobre lagartas,
encampado exclusivamente com seus recursos e capitais com o MBT Engesa EE-T1
Osório, a Engesa buscava se estabelecer como uma das maiores empresas do setor
no mundo. Este veículo seria muito mais “abrangente” que as necessidades de
nosso Exército, sendo assim, esta empresa buscava exclusivamente o mercado
exterior, principalmente os integrantes da OPEP no Oriente Médio, principalmente a
Arábia Saudita que havia criado uma “concorrência internacional” para aquisição
deste tipo de colossal tanque de guerra.
Este projeto desenvolvido posteriormente que seus concorrentes americanos
e franceses, já utilizando de modernas técnicas de desenvolvimento em programas
de computador foi um marco na indústria mundial da época. Quando seus protótipos
participaram das “batalhas simuladas” e “testes” realizados pelos sauditas nas areias
do deserto, estes superaram com grande desempenho os seus concorrentes
estrangeiros, levando o governo da Arábia Saudita a assinar um pré-contrato com a
Engesa para a pré-produção dos “Osórios”. A Engesa adquiriu de seus fornecedores
todo o ferramental e equipamentos necessários para iniciar a produção seriada
destes MBT, mas nos bastidores, o governo americano pressionava o governo
saudita, para este comprar seus tanques M-1 Abrams, sob pena destes “árabes” não
terem acesso aos seus caças e interceptadores de origem americana. Assim sendo,
o contrato foi rompido unilateralmente pelos sauditas e logo se iniciou a Primeira
Guerra do Golfo, levando a Engesa, a seu estado falimentar, do qual nunca mais
saiu, até o encerramento de suas operações em 1993.
O fomento à indústria de defesa já não era prioridade do governo e a
empresa não conseguiu se adaptar ao mercado civil, como Embraer e
Avibras. A falência veio em 1993, representando o fim da empresa que
figurou entre as cinco maiores fabricantes de material bélico do mundo
(http://quatrorodas.abril.com.br/carros/classicos-brasileiros/engesa-ee-34-72
9752.shtml).
65
Ainda devemos destacar que durante suas operações esta empresa que
tinha um faturamento anual médio de cerca de US$ 300 milhões de dólares, durante
a década de 80 contava com uma extensa lista de “subsidiárias” como: a Engelétrica
(ex-Bardella-Borriello Eletromecânica) em Jandira – SP, a Engetrônica em São
Paulo – SP, a Fábrica Nacional de Vagões (FNV) adquirida no início dos anos 80 e
localizada em Cruzeiro – SP, a Engepeq com seu centro de pesquisa em Barueri –
SP, a Órbita no setor aeroespacial e a Engemissil, a Engevideo, entre outras.
No início dos anos 90, o fracasso da venda do MBT Osório para a Arábia
Saudita, o fim do ciclo militar em nossa governança executiva, o fim da guerra fria e
a “expressiva” oferta e venda dos antigos espólios bélicos, outrora comunistas, o
embargo a seu melhor cliente Saddam Hussein e a Primeira Guerra do Golfo ou
“Operação Tempestade no Deserto” e o descaso com a quebradeira geral e falência
do setor bélico nos governos Collor e Itamar arruinaram as chances de recuperação
desta empresa no cenário industrial.
Após seu fechamento parte de seu espólio foi incorporado ao EB e o parque
industrial de São José dos Campos – SP foi adquirido pela Embraer. “Engesa foi
desmembrada e algumas de suas empresas foram vendidas a setores privados”
(http://www.army-guide.com/eng/firm1036.html).
O
projeto
do
Agrale
Marruá,
fabricado atualmente e vendido mundialmente, foi desenvolvido pela Engesa e
posteriormente repassado a Agrale, após sua falência.
- Fábrica Nacional de Motores S/A (FNM):
Fundada em 1942, na cidade de Duque de Caxias – RJ, inicialmente
destinada para a produção de motores de aviões, esta atua neste segmento
específico até os anos 50, quando seus motores se tornaram obsoletos diante da
nova era do setor aeronáutico do pós-guerra.
A produção de fato começou apenas em 1946, quando o maquinário ficou
pronto, e pouquíssimas unidades de motores de avião chegaram a ser
construídas pela FNM, pois com o fim da guerra os mesmos já estavam
ultrapassados e se tornaram obsoletos (http://alfafnm.com/historia-da-fnm/).
A partir de então a FNM diversificou sua produção, montando automóveis,
geladeiras, tratores e caminhões. No particular de nosso estudo, os caminhões
produzidos por esta indústria durante os anos 50 modelo FNM D-11000 (projeto
licenciado pela Alfa Romeo da Itália), foi logo incorporado pelo EB e participou do
66
engajamento do EB na crise do Suez em 1956. Nas areias do deserto este
caminhão encontrou bastante dificuldade de operação a serviço de nossas tropas na
“Força de Emergência das Nações Unidas”, criada a fim de garantir o cessar fogo e
evitar novos conflitos entre árabes e israelitas. Assim como o EB, estes caminhões
foram adquiridos e incorporados também tanto pela Marinha quanto pela
Aeronáutica.
Em 1968 a FNM tem suas operações adquiridas pela Alfa Romeo numa de
nossas primeiras privatizações. Em 1976 é incorporada junto com a FNM,
compradas pelo Grupo Fiat, em 1983 saíram os últimos caminhões de suas linhas
de montagem. Em 1985 esta foi fechada pela sua administradora e englobada pela
Iveco, também do grupo Fiat. Algumas versões destes “descontinuados” caminhões
seguiram nas fileiras do EB até o início dos anos 90.
- Mercedes-Benz do Brasil:
Ainda durante o processo de industrialização fomentado por Getúlio Vargas
em 1953 instala-se em São Bernardo do Campo (região metropolitana de São Paulo)
uma das maiores companhias automotivas do mundo, a Mercedes-Benz do Brasil.
Renomada empresa de capital alemão, que no Brasil dedica-se ao setor de “veículos
pesados”, produzindo e comercializando chassis, motores para ônibus e caminhões,
e caminhões montados em suas próprias linhas. Nos anos 60 tinha uma grande linha
própria de caminhões de vários empregos (leves e pesados), bem como uma
produção própria de ônibus. Além de seus veículos forneceu motores para um
incontável número de clientes nacionais, inclusive o nosso setor industrial militar.
Nos anos 70 forneceu vários modelos do “caminhão Mercedes 1113” para o
emprego geral e outros para emprego mais específico em nossas forças terrestres,
destaca-se a presença de caminhões Mercedes-Benz do Brasil no EB, entre todas
as variantes são cerca de 1500 unidades, e há ainda 100 unidades “importadas” da
Alemanha de marca Unimog também pertencente à Mercedes. Esses importados
também encontravam espaço na Marinha, especificamente no “Corpo de Fuzileiros
Navais”. Também forneceu unidades destes veículos para forças militares da
América Central. Continua operando com sucesso no ramo de veículos no Brasil,
embora a partir dos anos 2000 o EB começou adquirir caminhões de outras
montadoras.
67
- Willys Overland do Brasil:
Após o término da Segunda Guerra Mundial e com o devido sucesso
adquirido com seu “jeep” a Willys Overland Motors de Ohio – EUA desembarca no
Brasil em 1952, pouco mais de uma década depois teve sua operação integralmente
adquirida pela Ford do Brasil em 1967, mas manteve-se como marca subsidiária até
1975 no Brasil. Produziu em larga escala já a partir de 1954 o veículo M-38 A1
modelo utilizado por várias forças militares. No Brasil, este modelo usando peças
brasileiras foi fabricado em várias versões desde 1954 até 1983, quando teve
produção foi terminada. Dentre as múltiplas atribuições deste veículo M-38 A1,
denominado no Exército do Brasil M-520 (Willys/Ford) e posteriormente CJ5B
(Bernardini), destaca-se como “viatura táctica ligeira”, “veículo de reconhecimento”,
“artilharia móvel ligeira” {versão canhoneira}, além de ligação, resgate {versão
ambulância}, entre outras aplicações.
Devido a necessidade de mantê-los em operação, já que não havia
substituto imediato para estes em 1986 a empresa paulista Bernardini S.A. é
contratada a fim de “revitalizar” os “Jeeps” M-38 A1 Willys/Ford, com isto estes
ganharam nova motorização e instrumentalização e ainda hoje encontram-se ativos
em unidades do EB, sendo atualmente substituídos de forma gradual pelos Agrale
Marruá.
As “pickup” Rural J-34 fabricadas pela Willys foram muito usadas como
ambulâncias e viaturas policiais militares, civis e da Rodoviária Federal, nas
intendências e até como “plataforma lançadora de foguetes” em nosso EB. Esta
versão militar da Rural Willys “F-85”, criada em 1962, foi vendida para o Exército de
Portugal e também foi utilizada na Marinha do Brasil por seus Fuzileiros Navais,
durante estes períodos entre os anos 50 e final dos anos 70, mas com sua
incorporação pela Ford, esta se retirou do mercado automotor.
- Toyota do Brasil Indústria e Comércio Ltda:
Estabelecida no Brasil em 1958 a Toyota do Brasil Indústria e Comércio
Ltda, subsidiária da empresa matriz japonesa na capital paulista foi a primeira planta
fabril instalada pela Toyota japonesa fora do Japão. Com carrocerias em chapa de
aço fabricadas em São Caetano do Sul pela Brasinca e motores fornecidos pela
Mercedes-Benz do Brasil, em 1962 inicia a produção e montagem de um veículo
robusto e versátil, derivado dos “jeeps” em sua fábrica de São Bernardo do Campo,
o Toyota Bandeirante. Este veículo alcançou 100% de nacionalização em 1968 e foi
68
amplamente utilizado tanto por forças policiais estaduais quanto pelas forças
armadas federais, além de uma série de agências e instituições governamentais e
empresas privadas até o fim de sua produção no derradeiro ano do século XX
haviam sido produzidas cerca de 100 mil unidades. O Corpo de Fuzileiros Navais da
Marinha Brasileira utiliza ainda hoje cerca de 270 unidades deste utilitário, embora
estes já estejam sendo substituídos pelos Agrale Marruá.
2.3 A INDÚSTRIA AEROESPACIAL E DE MEIOS AERONÁUTICOS
- AEL Sistemas S/A (AEL):
Empresa brasileira fundada em Porto Alegre no início dos anos 80.
Atualmente é o principal fabricante de hardware e software de aviônicos no Brasil.
Produz equipamentos específicos para a área de defesa militar e aeroespacial, como
sistemas eletrônicos militares e espaciais, para aplicações em plataformas aéreas,
marítimas e terrestres. Também atua no setor automotivo (computadores de bordo)
e em apoio logístico e investe constantemente no desenvolvimento e tecnologia de
fabricação. Seu controle acionário é partilhado pelos grupos Elbit Systems Ltd. e
Embraer Defesa e Segurança. Participa da modernização de várias aeronaves,
como os AMX e os F-5 dos ativos da FAB e no fornecimento de componentes para
foguetes e mísseis, componentes de comunicação para as unidades de nossas três
forças.
- Aerotec S/A Indústria Aeronáutica:
Fundada em 1962 projetou e desenvolveu o “Modelo 122” também
designado “A-122” que teve seu protótipo voando em 1965. Esta aeronave agora
denominada “Uirapuru” em 1967 recebeu um motor mais potente a fim de atender as
exigências do Ministério da Aeronáutica e em 1968 passou a ser incorporado aos
quadros da FAB na instrução básica e treinamento com a designação T-23 Uirapuru.
No total foram vendidas 100 destas aeronaves para a FAB e aproximadamente 18
aeronaves foram vendidas para a Bolívia e outras 16 foram exportadas para o
Paraguai aonde atualmente seguem ativos. Em 1981 iniciou o desenvolvimento do
Aerotec A-132 Tangará, mas apenas seis foram vendidos e construídos para a Força
Aérea Boliviana, além de um protótipo. A Aerotec ainda modernizou e deu suporte a
essas aeronaves até a desativação destas por parte da FAB no final dos anos 80. A
69
Aerotec foi absorvida pela Embraer em 1987 e as aeronaves T-23 foram doadas
para aeroclubes do Brasil.
- Companhia Aeronáutica Paulista (CAP):
Criada em 1942, em Santo André – SP, em plena guerra mundial pelo grupo
Pignatari, proprietário da “Companhia Brasileira de Zinco” e da “Laminação Nacional
de Metais”, que serviria de base para esta nova estrutura do setor aeronáutico.
Passou a produzir planadores e pequenos aviões que não obtiveram bons
resultados. Adquiriu-se o projeto do avião EAY-201 da empresa aeronáutica
Ypiranga, que eram cópias de modelos americanos de mesma designação. Este
projeto foi desenvolvido e repotencializado, surgindo assim o “eficiente” CAP
“Paulistinha”.
Em 1943, as empresas do grupo Pignatari produziam instrumentos, rodas,
freios, cabos e tubos de aço, peças usinadas que envolviam ligas especiais.
As hélices, as chapas de contraplacado, as telas que recobriam a estrutura,
as tintas, os pneus e os tanques de combustíveis eram fabricados no país.
Dessa forma, apenas os motores do Paulistinha eram importados. A
empresa produziu os aviões ininterruptamente até 1948. Foram construídos
ainda dois protótipos de uma versão sanitária do Paulistinha, designado
CAP-4B, e um aparelho Paulistinha para uso militar, como avião de
observação e orientação de artilharia, designado CAP-4C (http://www.
museutec.org.br/resgatememoria2002/old/enciclop/cap002/029.html).
Ainda em 1943 passou a ser comercializado e integrado às nossas forças
com relativo sucesso. Este sucesso comercial, inclusive em nível internacional,
durou apenas até o fim desta década. “Entre 1943 a 1948 foram produzidas 777
unidades do Paulistinha. Foram exportadas aproximadamente 20 unidades para
países como: Argentina, Chile, Uruguai, Paraguai, Portugal, Itália e Estados Unidos”
(http://www.centrohistoricoembraer.com.br/sites/iba/pt-BR/Historia/Paginas/Detalhes.
aspx?IDI=7).
O fim da guerra e o excedente de materiais bélicos disponíveis no mercado
tornaram essa empresa insolvente de estado falimentar, que encerrou suas
atividades em 1949. Este projeto do “Paulistinha” voltou a ser produzido
posteriormente pela Neiva Aeronáutica.
- Companhia Nacional de Navegação Aérea (CNNA):
Considerada a primeira empresa do ramo de produção de aviões do Brasil
em 1935 surgia a Companhia Nacional de Navegação Aérea (CNNA), destinava-se
tanto ao transporte de cargas e passageiros, além de ter uma divisão para a
70
fabricação de aviões, que apesar de não contar com personalidade jurídica própria,
esta sua “subsidiária”, a “Fábrica Brasileira de Aviões”, desenvolveu e produziu
vários modelos a partir de 1936, denominados Muniz (nome de seu engenheiro e
desenhista), M7, M9 etc. Em 1939 o Exército (na época não havia Força Aérea)
adquiriu as primeiras 20 unidades do Muniz-M9, outras cinco unidades foram
exportadas para a Argentina (02), Paraguai (02) e Uruguai (01), fez algumas vendas
para aeroclubes e centros de formação de pilotos brasileiros, durante a “Campanha
Nacional da Aviação” idealizada por Getúlio Vargas. Em 1941 mais 10 unidades
foram adquiridas pelo governo de São Paulo, Adhemar de Barros, aeronaves estas
para serem integralizadas ao Aeroclube de São Paulo e outras 20 unidades do
Muniz-M9 foram encomendadas à CNNA pela nossa aviação militar.
As dificuldades de conseguir motores durante a guerra e o excedente de
materiais “americanos” no cenário global do pós-guerra engessaram suas
operações, que teve sua produção em série encerrada em 1943 e encerrando
definitivamente suas atividades no setor aeronáutico em 1951.
- Empresa Brasileira de Aeronáutica S/A (Embraer):
A Empresa Brasileira de Aeronáutica foi constituída em 1969 como uma
companhia de capital misto e controle estatal, por nosso governo militar que viu no
projeto exitoso desenvolvido pelo CTA em 1965 do “avião Bandeirante” a
possibilidade de produzi-los em série, sendo que esta planta fabril foi instalada em
São José dos Campos – SP.
Esta empresa ligada ao nosso governo militar passou a ser o referencial e
constante “parceira” na constituição de muitos dos esquadrões de nossa Força
Aérea desde 1970. Primeiramente este projeto agora designado EMB-110
Bandeirante, para transporte regular e de carga e o EMB-200 Ipanema (aviação
agrícola). E em 1971 a fabricação sob licença do supersônico caça, já defasado
modelo italiano Aermacchi MB-326, aqui designado EMB-326 Xavante, que também
foi fabricado na África do Sul pela Atlas com o nome de Impala e na Austrália.
Estes “Xavantes” produzidos pela Embraer representaram um grande salto
tecnológico para a nossa indústria e seus programas de atualizações e
modernizações, permitiram uma maior capacitação de todo o setor em questão.
Estes caças com “motores de reação a jato”, fabricados no Brasil, foram adquiridos
pela FAB, pelo Paraguai e o Togo.
71
“A Embraer produziu 182 unidades do BEM-326 Xavante, dos quais 167
para
FAB,
nove
para
o
Paraguai
e
seis
para
o
Togo”
(http://www.centrohistoricoembraer.com.br/pt-BR/HistoriaAeronaves/Paginas/EMB326-Xavante.aspx).
Além dos 80 EMB-110 Bandeirantes já adquiridos pela FAB no início dos
anos 70, em 1975 essa necessitava de uma aeronave de emprego em “patrulha
marítima” e “guerra antissubmarina”, sendo assim, coube a Embraer, que optou por
“montar” este projeto sobre a estrutura do Bandeirante. Essa “modificada” e de “nariz
estendido” aeronave, seria designada EMB-111 “Bandeirulha” (bandeirante +
patrulha).
O nariz do Bandeirante foi modificado, coberto pelo radome de fibra de vidro
que protege a antena de seu radar AN/APS – 128, para vigilância costeira,
busca, salvamento, navegação, e apoio na elaboração de carta
2
meteorológica. O radar é capaz de detectar um alvo de 150 m a cerca de
100
quilômetros
de
distância,
mesmo
em
mares
agitados
(http://www.centrohistoricoembraer.com.br/pt-BR/HistoriaAeronaves/Paginas
/EMB-111-Bandeirante-Patrulha.aspx).
Estas aeronaves de emprego em batalhas marítimas entraram em serviço na
FAB a partir de 1977, também foram adquiridas pelo Chile para a sua Marinha em
1978 e pelo Gabão em 1981. Vale destacar também que algumas aeronaves deste
modelo foram “emprestadas” pelo governo militar brasileiro para o governo argentino
e foram usadas por estes durante a “Guerra das Malvinas” e, posteriormente,
devolvidos a FAB.
Em 1974 a Embraer havia fechado um acordo com a Piper americana para a
produção de pequenas aeronaves e em 1976 desenvolveu o EMB-121 Xingu,
projeto similar ao do “Bandeirante”, porém de menor escala e pressurizado com
capacidade de transporte executivo, voltado para o mercado militar apenas. Foram
produzidas 106 aeronaves, sendo que cerca de metade destas para a FAB e metade
para as Forças Aérea e Aeronaval Francesa aonde esta aeronave utilitária recebida
em 1982 ainda é utilizada.
Na década de 80, a Embraer teria dois projetos reconhecidos em nível
mundial, verdadeiros sucessos tanto de vendas quanto em seu emprego.
Primeiramente o EMB-120 Brasília, um avião de transporte de porte médio (30
passageiros) e bom raio de alcance (autonomia), um modelo ideal e de eficiente
72
custo operacional para o mercado aéreo regional principalmente o norte-americano
deste período, entrou em operação em 1985.
Em 1994 o Brasília era considerado o avião regional mais utilizado no
mundo: 26 empresas de 14 países formaram uma frota que voou mais de
três milhões de horas e ainda opera em várias companhias nacionais e
internacionais. Em 1996 o Brasília recebeu um prêmio especial de
segurança, outorgado pela FAA (Federal Aviation Administration)
(http://www.centrohistoricoembraer.com.br/pt-BR/HistoriaAeronaves/Paginas
/EMB-120-Brasilia.aspx).
Estas aeronaves de transporte fabricadas pela Embraer operam em mais de
30 companhias aéreas em vários países ainda hoje, além de dotar as Forças Aéreas
de Equador, Uruguai e Brasil com cerca de 15 unidades ativas. O Brasília ainda é
fabricado (sob encomenda), porém atualmente pela Neiva subsidiária da Embraer,
em Botucatu – SP.
O outro grande sucesso da Embraer nos anos 80, tanto do ponto de vista
“comercial” quanto no “emprego militar” é o EMB-312 Tucano, que fora desenvolvido
a partir de 1978, atendendo as necessidades de uma aeronave com capacidades
acrobáticas e de múltiplos empregos como treinador avançado e interceptador leve.
Este novo modelo de aeronave passou a dotar a FAB em 1983, com mais de 100
aeronaves e 12 unidades foram vendidas a Honduras.
Em 1983 a Embraer firmou um acordo para a venda de “kits” e tecnologia,
para a fabricação desta aeronave em solo egípcio. “Em dezembro de 1983, um $
181 milhões USD contrato foi assinado por 10 aeronaves completas, além de mais
110 aeronaves em forma de kit...” (http://en.wikipedia.org/wiki/Embraer_EMB_312_
Tucano). Estas aeronaves, cerca de 40 para o Egito e 80 para o Iraque, foram
produzidas nas instalações fabris governamentais em Helwan, subúrbio do Cairo até
por volta de 1989.
Já no ano seguinte foi a vez da Embraer fechar um acordo com a “histórica”
Short Brothers plc. Mais uma vez para a fabricação desta aeronave “acrobática” sob
licença. Este “Short-Tucano” foi produzido em solo britânico, mais precisamente em
Belfast, Irlanda do Norte, aonde foram produzidas a partir de 1986, 130 unidades
para a RAF da Grã-Bretanha e mais 16 unidades para o Kuwait, 12 unidades para o
Quênia.
73
Enquanto isto a Embraer vendia esta aeronave de produção local aos
nossos vizinhos. Em 1986 o Peru adquiriu 20 unidades e a Venezuela 30 unidades,
já em 1987 foi a vez de Argentina e Paraguai se equiparem com esta aeronave,
foram 30 e seis unidades respectivamente. Em 1989 o Irã adquiriu 25 unidades, em
1990 a França encomendou cerca de 80 destas aeronaves e em 1992 foi a vez da
Colômbia passar a ter em suas forças na guerra contra as FARC, cerca de 14
aeronaves EMB-312 Tucano. Posteriormente esse modelo foi adquirido por Angola,
Mauritânia e Moçambique, atualmente está sendo substituído na FAB por seu
sucessor direto o EMB-314 Super Tucano.
É importante destacar neste ponto, dois programas internacionais realizados
por esta empresa nacional com empresas estrangeiras. Aeritalia e Aermacchi da
Itália e Embraer em 1981 selaram um compromisso no desenvolvimento conjunto e
compartilhado de uma aeronave subsônica de combate “ligeiro”. A este programa foi
dado o nome de AMX Internacional.
A empresa brasileira responderia por 1/3 do programa e dos custos, sendo
responsável pelas seções das asas, empenagem e testes de fadiga da
estrutura. A Aermacchi responderia pelos outros 2/3 e produziria a
fuselagem, os sistemas de bordo, e faria os testes estáticos e com
armamentos (http://www.centrohistoricoembraer.com.br/pt-BR/HistoriaAero
naves/Paginas/AMX.aspx).
Essas aeronaves subsônicas AMX passaram a voar pelas Forças Aéreas
tanto de Itália como do Brasil, em 1989 foram produzidas 200 unidades, cabendo a
FAB cerca de 60 unidades. Destas aeronaves montadas em proporções conjuntas
tanto no Brasil quanto na Itália, as aeronaves italianas foram empregadas com
destaque na Guerra do Golfo em 1991 e na Guerra do Kosovo, no fim do século,
enquanto as nossas estão sendo empregadas na defesa de nosso espaço aéreo, de
sul a norte do Brasil.
Outro programa desenvolvido a partir de 1986 em parceira seria o CBA
(Cooperação Brasil-Argentina), com suportes governamentais e as empresas
Embraer e FMA (Fábrica Argentina de Aviones S/A), produziram em conjunto uma
aeronave turboélice birreator de design e conceito novos, o CBA-123 Vector, porém
a crise global que se abateu sobre o setor no início dos anos 90 fez deste um projeto
cancelado.
74
Durante a grave crise mundial do setor, em 1994 a Embraer foi privatizada.
Ainda sob o regime estatutário estatal em 1989, a Embraer desenvolveu o programa
de “família” de jatos regionais, os ERJ de grande fuselagem e com capacidade de
transporte de 50 passageiros. Este basicamente designado EMB-145 tornou-se um
sucesso entre as companhias aéreas regionais do mundo todo, com seu antecessor
o Brasília, porém este “novo” modelo, sendo dotado de dois “poderosos” motores a
jato, aumentando muito tanto a velocidade quanto o alcance destes EMB-145. São
estes dois últimos requisitos que tornaram esta “plataforma” importante para os
meios militares, pois estas capacidades dão a esta aeronave capacidade de
emprego auxiliar as aeronaves de caça e interceptação em combates aéreos,
também podem ser usadas na guerra eletrônica e no controle do espaço aéreo, com
sistemas de detecção.
Sendo assim, a Embraer em parceria com “gigantes” do setor tecnológico e
militar mundial como Ericsson Honeywell e Elbit, desenvolveu “variantes” militares
deste modelo, a fim de realizar estas tarefas relativas à guerra aérea moderna atual.
Estas aeronaves são: Embraer EMB-145 MP/ASW, de vigilância aérea marítima e
guerra antissubmarina; Embraer EMB-145 RS/AGS, usado em “sensoriamento
remoto”, levantamento cartográfico com imagens e fotografias de altíssima
resolução, mesmo em altas altitudes. Há ainda a versão Embraer EMB-145 AEW&C,
destinada a vigilância e controle do espaço aéreo e em missões de “alerta aéreo
antecipado”, detectando outros aviões a grandes distâncias, tanto em operações de
defesa como de ataque. Esta modernas aeronaves, tanto nas versões de emprego
na guerra eletrônica, quanto na versão de transporte de passageiros foram
adquiridas pela FAB, a partir do final dos anos 90 e em 1998 foram encomendados
pela Grécia. Em 1999 o Super Tucano faz seu primeiro voo e os novos jatos EMB170 e 190, com capacidades de 70 e 90 passageiros são lançados e é criada a
ELEB como uma empresa subsidiária.
Atualmente a Embraer realiza programas de modernização para a FAB e MB
(F-5, AMX, A-4), e produz jatos executivos e comerciais para o mercado global e têm
instalações de suporte, assistência e vendas, na Europa, na China e nos Estados
Unidos. Produz atualmente no campo militar os EMB-314 Super Tucano já vendidos
além da FAB, para: Chile, Colômbia, Equador, Guatemala, Indonésia, Angola, entre
outros. E também estão sendo montadas e vendidas para países como Índia e
México, as versões militares de “guerra eletrônica”, do EMB-145 AEW&C. Está
75
desenvolvendo em conjunto com a FAB o projeto do Embraer KC-390, uma
aeronave de grande porte “quadrirreator” a jato para transporte militar pesado e
reabastecimento em voo.
A Embraer é uma das maiores empresas do setor aeronáutico mundial, com
várias empresas subsidiárias e participações em outras tantas companhias do
segmento de aviação e defesa, assim como “joint venture”.
- Indústria Aeronáutica Ltda (EQUIPAER):
Em 1969, a pedido da Aeronáutica, esta empresa desenvolveu alvos “ar-ar”
para nossa Força Aérea. Este projeto pioneiro permitiu a esta empresa paulistana
adquirir habilidades para o desenvolvimento de produtos e suporte técnico para a
FAB para suas missões de treinamento. Por outro lado, trouxe também benefícios
econômicos e estratégicos para o país, visto que, agora havia um fornecedor local.
O projeto abriu novas perspectivas para a empresa que investiu no desenvolvimento
de novos alvos aéreos com os sistemas de detecção mais sofisticados, como o
sistema de destino acústico (sistema de detecção tipo sonar).
Em meados dos anos 80 a empresa desenvolveu sistemas de lançadores de
foguetes (seis modelos diferentes) e assim passou a ser a principal fornecedora da
FAB para este tipo de produto. Ainda desenvolveu o adaptador de mísseis para o
programa AL-X/Embraer, bombas e um dispensador de foguete, equipamentos e
tecnologias que ainda fornece às nossas forças.
- GESPI Aeronáutica Ltda:
Com vistas a atender o mercado aeronáutico tanto civil e militar quanto
nosso mercado interno e exterior esta foi fundada em 1974, em São José dos
Campos – SP e atua no desenvolvimento de novas tecnologias, aplicações e
manutenção de aeronaves. Em 1992 participou do programa “ALAC” do EB e
atualmente
está
desenvolvendo
um
aeromodelo
de
treinamento
e
“contrainsurgência” com vistas a dotar a FAB e o mercado externo de aeronaves
militares.
- Helicópteros do Brasil S/A (Helibras):
Em 1973 a necessidade do governo militar brasileiro em desenvolver o setor
de asas rotatórias no Brasil levou este a desenvolver um projeto que previa a
constituição societária, de uma “joint venture” entre uma empresa estatal brasileira
criada para este intuito e uma empresa estrangeira “fornecedora de tecnologia”. O
capital desta “nova” empresa nacional deveria ser formado majoritariamente de
76
capitais nacionais. Este programa de requerimento tecnológico estipulava o
licenciamento e compartilhamento de tecnologias, bem como a produção final e
montagem de uma versátil aeronave de asas rotatórias, a fim de suprir as carências
deste tipo de aeronave em nossas forças militares e policiais. Este projeto acabou
sendo desenvolvido em parceria com a empresa francesa Aerospatiale que instalouse provisoriamente em São José dos Campos – SP, junto ao CTA, aonde já produziu
as primeiras unidades do modelo Aerospatiale AS-350, no Brasil designado Helibras
HB-350 Esquilo, tendo já entregue as primeiras unidades deste à nossa Marinha em
1979.
Em abril de 1978 era constituída a Helibras – Helicópteros do Brasil S.A.,
tendo a Societé Nationale Industrielle Aerospatiale 45% do capital, a Cia. de
Distritos Industriais de Minas Gerais e Minas Gerais Participações com
22,5% cada, a Serviços Aerofotogamétricos Cruzeiro do Sul com 10%,
totalizando 62 milhões de cruzeiros. O projeto previa a fabricação de 200
helicópteros em dez anos, chegando a 57% de índice de nacionalização,
em
valor,
no
final
do
período
(http://www.museutec.org.br/
resgatememoria2002/ old/enciclop/cap002/039.html).
Passou suas operações definitivas para a cidade de Itajubá – MG em 1980 e
firmou com a FAB em 1984 um contrato para o fornecimento de 41 Helibras HB-350
Esquilo e 10 unidades do modelo Aerospatiale AS-332 Super Puma, produzidos pela
Helibras. Em 1986 o EB também adquiriu cerca de 20 unidades do helicóptero HB350B Esquilo da Helibras, que também foi adotado inicialmente por forças policiais
do Brasil (PMESP, PMERJ, PMEMG etc.). Em 1987 oito aeronaves Esquilos foram
entregues à Marinha do Brasil, e ainda em 1988, um consórcio formado pela
Helibras/Aerospatiale
e
Engesa
venceu
a
concorrência
internacional
para
fornecimento de 36 helicópteros AS-565 Panther, de emprego militar, denominado
no Brasil HB-565 Pantera e mais 36 unidades do HB-350 Esquilos ao EB.
Na França em 1992, resultante da fusão das divisões de helicópteros das
empresas Aerospatiale e Daimler Chrysler Aerospace é criado o Eurocopter Group,
atual grupo controlador da subsidiária Helibras. Até 1999 a Helibras entregou ao
mercado brasileiro 400 helicópteros de diversos modelos tanto ao mercado civil
como militar. Atualmente segue fornecendo uma ainda maior gama de aeronaves às
nossas Forças Armadas, instituições de segurança pública (Corporações de
Bombeiros) e empresas estatais (Petrobras), como os novos modelos Eurocopter
AS-532 Cougar adquiridos pelo EB a partir de 2001. A Helibras atualmente tem mais
77
de 700 unidades entregues no Brasil e vendas para diversos países latinos como:
Argentina, Bolívia, Chile, Paraguai e Venezuela. Informações ao ano de 2011 davam
conta da presença de unidades do HB-350 Esquilo, nas forças policiais do: Acre,
Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato
Grosso, Minas Gerias, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do
Norte, Rio Grande do Sul, Roraima, Tocantins, São Paulo e Santa Catarina, além da
Polícia Federal e Força Nacional de Segurança Pública. A Helibras tem 51% da frota
de helicópteros operados no país.
- Engenharia, Indústria e Comércio S/A (Mectron):
Fundada em São José dos Campos – SP em 1991 por engenheiros oriundos
de empresas em estado falimentar, no cenário nacional daquele período como a
Embraer e Engetch do grupo Engesa que formavam uma joint venture chamada
ÓRBITA.
Atua no setor aeroespacial e de defesa, fabricando “armas inteligentes”
como: mísseis, foguetes, bombas teleguiadas, além de aviônicos e radares. A
Mectron de imediato passou a receber os programas brasileiros de mísseis que
estavam em mãos dos consórcios já citados, como o programa de desenvolvimento
do míssil “Piranha”. E desde então passou a produzir e suprir com esses
equipamentos as nossas forças armadas. Já em 1991 foi designada para capacitar
nossas fragatas com a capacidade antiaérea com mísseis.
Empresa é contratada pelo DACM (atual DSAM), órgão da Marinha do
Brasil, então responsável pela escolha dos fornecedores para o programa
de modernização das fragatas classe Niterói, visando capacitá-las para a
defesa antiaérea contra ataque de mísseis voando a baixa altitude
(http://www.mectron.com.br/historia.asp).
Em 1992 assume mais alguns negócios da extinta ÓRBITA, com o EB, como
novos sistemas de detecção de alvos.
“Mectron é contratada pela Embraer (antiga controladora da Órbita) para
finalizar o desenvolvimento e fabricar o Simulador de Tiro e os equipamentos
logísticos do Sistema de Armas MSS 1.2 AC, para o Exército Brasileiro”
(http://www.mectron.com.br/historia.asp).
Esta empresa tem programas de compartilhamento tecnológico com a Denel
Dynamics (ex-Atlas) da África do Sul, além de Embraer, AEL Sistemas e Avibras.
78
Atualmente atua em vários programas em andamento nas nossas Forças
Armadas, como a modernização dos aviônicos do “caça” AMX para a FAB. Faz a
montagem de nossos mísseis “Piranha” e outros modelos. Atualmente faz parte do
Grupo Odebrecht Defesa e Tecnologia.
- Sociedade Construtora Aeronáutica Neiva (Neiva):
Sociedade Construtora Aeronáutica Neiva, fundada em 1954 no Rio de
Janeiro – RJ, esta sociedade de capital privado, em 1955 adquire os direitos de
fabricação do CAP “Paulistinha”, instalou-se com estrutura de construção de
aeronaves em Botucatu – SP em 1956, a fim de produzir este projeto modificado e
renomeado de Neiva “Paulistinha” P-56. Foram produzidas 240 unidades, desta
aeronave leve e útil, nas instalações da Neiva em Botucatu – SP. Em 1959
desenvolve um projeto próprio de uma aeronave monomotor de asa alta, este é o
Neiva C-42 Regente, que foi empregado “exclusivamente” pela Força Aérea
Brasileira, nas funções de ligação e observação, de carga ou utilitária, essas versões
ainda contavam com “hardpoints” para a fixação de bombas ou lançadores de
foguetes, cerca de 120 unidades foram produzidas e integralizadas pela FAB a partir
de 1961, sendo que 20 destas ainda estão operacionais.
A fim de atender os requisitos da FAB de um avião de treinamento avançado
e capacidades de ataque ao solo e missões de “contrainsurgência” é desenvolvido o
projeto do Neiva T-25 “Universal” que foram sendo incorporadas cerca de 180
unidades entre 1966 e 1978.
Sua história teve início em 1962, quando o Ministério da Aeronáutica, cujo
orçamento modesto impedia a importação de treinadores Beech T-34
“Mentor” e Pilatus PC-2, contatou a Indústria Aeronáutica Neiva, então
fabricante dos Paulistinha P-56 e Regente C-42 e L-42 em Botucatu (SP),
para projetar e construir um monomotor de treinamento básico-avançado
(http://www.esquadrilhadafumaca.com.br/index.php/quem-somos-52/aerona
ves/5-n-621-neiva-t-25-quniversalq).
Algumas unidades deste modelo, a partir de 1980 foram integradas à
“Esquadrilha da Fumaça”, o renomado grupo de exibição acrobática de nossas
forças aeronáuticas e 10 foram vendidos para o Chile. Esta aeronave é ainda
utilizada na instrução acadêmica básica na FAB e está operacional nas Forças
Aéreas do Paraguai e Bolívia, através de doações feitas pelo governo Lula em 2005.
“Em 2005, a Força Aérea Brasileira doou seis T-25s para a Fuerza Aérea Paraguaia
79
e outros seis para a Fuerza Aérea Boliviana” (http://en.wikipedia.org/wiki/Neiva_
Universal).
Em 1974 firma um acordo para a produção de aeronaves sob licença com a
Piper Aircraft Inc. dos Estados Unidos e passa a fabricar “réplicas” licenciadas dos
modelos de transporte leve Seneca, Navajo e Cherokee. No Brasil este último foi
designado Neiva Tupi, os demais, mantiveram seus respectivos nomes. Alguns
modelos foram absorvidos por nossas forças e os demais pelo mercado civil.
No início de 1980 esta empresa de capital privado é incorporada a Embraer
da qual se torna subsidiária, mantendo sua estrutura fabril em Botucatu – SP. Desde
então passa a produzir os dos modelos “Neiva Ipanema” (EMB-202 Ipanema)
movidos a Etanol, também produz o EMB-120 Bandeirante (sob encomenda, desde
1999), além destes dois modelos, produz vários componentes, utilizados nas demais
aeronaves fabricadas pela Embraer.
2.4 A INDÚSTRIA DE EMPREGO MARÍTIMO E NAVAL
- Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ):
Esta organização militar, atualmente sob controle do Comando da Marinha,
tem sua origem remota na instalação em 1763 na cidade do Rio de Janeiro de um
estaleiro com o intuito de reparar os navios da Marinha Portuguesa.
Em 1808 com a presença da realeza portuguesa nestas terras este Arsenal
passou a ser designado como Arsenal Real da Marinha e em 1820 se expandiu para
sua atual localização na Ilha das Cobras. Teve outras denominações como Arsenal
Imperial da Marinha em 1822, Arsenal de Marinha da Ilha das Cobras em 1938 e a
partir de 1948 tem a sua atual denominação Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro
(AMRJ).
A introdução do Brasil no contexto da construção e engenharia naval do
século XX passa pelo reinício das operações do Arsenal de Marinha, durante esta
fase de industrialização nacional dos anos 30 até o final do século XX este estaleiro
produziu mais de 50 embarcações para a nossa força naval. Desde então realiza
projetos e atividades técnicas e industriais no setor da construção e manutenção de
embarcações de grande porte que atendam as necessidades do complexo militar
naval brasileiro.
80
Quase totalidade das embarcações militares construídas no Brasil – desde
pequenas lanchas-patrulha até os submarinos da classe Tupi – foi
produzida no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ), seja a partir de
projetos próprios, estrangeiros ou adaptações (FERREIRA; SARTI, 2011).
O navio lança-minas, NM Carioca (C-1) da Marinha do Brasil foi construído
nos estaleiros do AMRJ em 1937, participando do esforço de guerra, patrulhando a
costa brasileira e atuando como navio de escolta assim como outros. O encouraçado
da Marinha do Brasil, M Parnaíba (U-17) foi construído pelo AMRJ em 1938,
participou de nossa campanha durante a Segunda Guerra, foi modernizado em
1998, e atualmente é o navio mais antigo da Marinha ainda em operação. Também
fabricado no AMRJ os navios do tipo contratorpedeiro, CT Araguaia (D-14) e CT
Amazonas (D-12) foram incorporados à Marinha em 1949, e desativado entre 1973 e
1974. Após o fim da guerra e com os equipamentos americanos disponíveis em
abundância no mercado mundial esta instalação militar industrial, “hibernou”
novamente nos anos 50 e 60, período quando construiu balsas, chatas e barcos
pesqueiros.
Obviamente, com mais esse descaso, a década de 70 encontrou a
capacidade do Arsenal com um atraso tecnológico de 30 anos em relação
ao Hemisfério Norte. O navio de guerra deixara de ser uma simples
plataforma para ser um sistema único de armas integrado por computadores
(http://www.defesabr.com/MB/mb_amrj_historia.htm#XX).
Com o aporte do governo imposto pelos militares retomou a agenda de
produções de emprego militar nos anos 70. A Marinha encomendou um projeto de
uma classe de fragatas que foram construídas e montadas de forma independente
tanto nos estaleiros do AMRJ quanto nos estaleiros da Vosper-Tornicroft Ltd., na
Inglaterra. Também foram produzidas oito unidades de navios de patrulha para
emprego fluvial e marítimo. Ainda com o incentivo do governo militar, a partir de
1980 foram incorporados pela Marinha corvetas como a Cv Jaceguai (V-31) e
navios-hospital, balizadores e rebocadores, e de guerra como o F União (F-45),
todos construídos nos estaleiros do AMRJ.
Nos anos 80 das Corvetas Inhaúma e Jaceguai, incorporadas à Esquadra
em 1989 e 1991, e tidos como os primeiros navios de combate de projeto
nacional depois do cruzador Tamandaré, de 1890. Essas duas unidades
foram construídas no Arsenal de Marinha, e outras duas na indústria privada
(http://www.defesabr.com/MB/mb_amrj_historia.htm#XX).
81
Nos anos 90 dos estaleiros da AMRJ saíram os três submarinos da classe
“Tupi”, Tamoyo (S-31), Tapajós (S-33) e Timbira (S-32) e os navios-patrulha NPa
Grajaú (P-40) e NPa Guaíba (P-41) provando a eficiência e excelência destas
instalações estatais que continuam a desenvolver projetos atualmente, embora após
o fim do regime militar e a crise do setor nos anos 90 esteja apenas sempre
dependendo de recursos dos governos democráticos atuais.
- Empresa Gerencial de Projetos Navais (Emgepron):
Localizada em anexo ao AMRJ na Ilha das Cobras. A Empresa Gerencial de
Projetos Navais (Emgepron) é uma empresa pública brasileira fundada em 1982,
idealizada pelo governo militar que tinha interesse em revitalizar nossa indústria
naval desde meados dos anos 70. Esta se especializou em desenvolver projetos
navais para o Ministério da Marinha do Brasil (atual Comando da Marinha).
Art. 1º - Fica o Ministro de Estado da Marinha autorizado a constituir a
“Empresa Gerencial de Projetos Navais – Emgepron”, na forma da Lei nº
7.000, de 09 de junho de 1982.
Parágrafo único - Precedendo aos atos constitutivos da Empresa, o Ministro
de Estado da Marinha providenciará o arrolamento dos bens a que se refere
o artigo 5º da Lei nº 7.000, de 09 de junho de 1982, para serem avaliados
por Comissão Especial, na forma estabelecida na citada Lei.
Art. 2º - Para a integralização do capital pertencente à União na Emgepron,
o Ministro de Estado da Marinha promoverá a transferência para o
patrimônio da Empresa, depois de aprovada a respectiva avaliação, de
conformidade com o item I, §1º, do artigo 6º da Lei nº 7.000, de 09 de junho
de 1982:
I - dos bens móveis e imóveis que se encontrem sob a jurisdição do
Ministério da Marinha (Decreto nº 87.336, de 28 de junho de 1982).
Desde então esta “empresa” controla todos os meios e recursos dos projetos
da Marinha, tendo como missão, a pesquisa, a construção e a modernização de
navios militares em conjunto com o AMRJ. Também atua na fabricação de munição
de artilharia embarcada e presta serviços oceanográficos, apoio logístico e
treinamento científico para nossos meios navais. Atuou na construção da classe de
fragatas “Niterói” e dos submarinos classe “Tupi”. E terceirizou serviços para a Inace
do Ceará. É hoje uma das associadas da Associação Brasileira das Indústrias de
Materiais de Defesa e Segurança (ABINDE).
- Indústria Naval do Ceará S/A (Inace):
Iniciando suas operações de construção de embarcações em 1969 em um
estaleiro de Fortaleza – CE a Indústria Naval do Ceará Ltda, introduz no início dos
anos 70 uma linha de montagem de embarcações. Desde sua fundação o estaleiro
82
mantém negócios com a Marinha do Brasil, construindo diversas embarcações e
reparando outras para esta instituição. No início da década de 80 assim como os
demais estaleiros do país que se beneficiaram do “Segundo Plano Nacional da
Construção Naval”, programa de incentivo governamental desenvolvimentista do
setor naval brasileiro, a Inace iniciou seu projeto de expansão. A partir de 1984, esta
passou a produzir, além de pesqueiros e iates luxuosos uma nova série de
embarcações de pequeno e médio porte de propósitos mais específicos como
rebocadores, balsas, barcos para a indústria petrolífera, embarcações de combate e
patrulha marítima e empurradores e foi pioneira na utilização do alumínio no setor
privado de nossa indústria naval.
No final dos anos 80 o agora societário grupo Inace S/A fez uma série de
aquisições e diversificações em seus empreendimentos e durante a crise que afetou
o setor naval brasileiro no início dos anos 90 foi um dos poucos estaleiros nacionais
que não encerrou as atividades mantendo-se como uma empresa sob o controle de
capitais de origem nacional. Em 1996 a Inace construiu os Navios Patrulha
“Guanabara” e “Guarujá”, projeto desenvolvido pela Marinha do Brasil de uma flotilha
de 12 embarcações construídas sob o mesmo projeto, seis unidades foram
construídas em um estaleiro alemão, quatro foram construídas no AMRJ e duas no
estaleiro estatal da Marinha do Brasil. Atualmente realiza projetos para as Marinhas
do Brasil como a fragata AviPa Anequim (LP-05) e para Namibia em conjunto com a
Emgepron.
2.5 A INDÚSTRIA DE SUPORTE, MANUTENÇÃO, APLICAÇÕES DIVERSAS E
SERVIÇOS GERAIS
- Britanite Indústrias Químicas Ltda:
Com sua matriz localizada em Curitiba, esta indústria fundada em 1961,
especializada na fabricação de explosivos, pólvoras e detonantes, atua desde então
junto aos setores de mineração e “construção civil pesada”, oferecendo soluções
técnicas no “desmonte de rochas”, através de explosões controladas. Sua “parceira”
com o setor público nacional é constante, sendo que esta foi uma das participantes
da “construção” da usina hidroelétrica de Itaipu e da ferrovia dos Carajás entre
outras. Para nossas forças armadas a Britanite fornece uma ampla gama de
materiais explosivos e produtos finalizados como artefatos de explosão controlados
83
como “bombas” de várias potências e “minas antiterrestres”. Equipamentos estes
condenados pela ONU, tanto nas versões AC ou anticarro (para veículos) quanto AP
ou antipessoal, usados pela engenharia militar para “obstruir” ou atrasar o
deslocamento de unidades móveis inimigas, são na verdade uma brutal arma, que
assim como as demais, afeta diretamente as populações civis as quais são expostas
a este produto industrial. “A Britanite SA – Indústrias Químicas atua na fabricação de
granadas para morteiros, bombas convencionais e guiadas e foguetes ar-terra
lançados de aeronaves” (FERREIRA; SARTI, 2011).
Atualmente, além de sua matriz paranaense, conta com várias filiais e
distribuidores que cobrem todo o mercado brasileiro de explosivos (BA, CE, RS, PA,
MG, MA, GO, RJ, PE, SC e SP) aonde esta é líder do setor e unidade instalada na
América Central no Panamá para o mercado latino.
Atualmente fornece material explosivo que é utilizado nos mísseis e bombas
teleguiadas, produzidas pela Mectron de São José dos Campos – SP (0356) e
recentemente vendeu uma parcela de sua subsidiária de fabricação de explosivos
civis e detonadores IBQ Indústrias Químicas S.A para a chilena Enaex S/A e a
peruana Exsa S/A.
- Ceppe Equipamentos Industriais e Comércio Ltda:
É empresa brasileira atuante no mercado desde 1987, é especializada no
desenvolvimento e na fabricação de equipamentos, maquinários e veículos de
propósitos especiais. É especializada em atender demandas do mercado militar,
onde participa dos processos de renovação dos veículos blindados do EB, também
atua no mercado de segurança, produzindo veículos blindados para o transporte de
valores “carro-forte” para o mercado civil e veículos “antitumulto” para as forças
policiais.
- Columbus Internacional Comercial Importadora e Exportadora Ltda:
Localizada em São Paulo – SP, esta é uma empresa genuinamente
brasileira, criada em 1993 por ex-funcionários da área técnico/industrial da empresa
Engesa S/A que havia falido. Esta presta serviços de manutenção e realiza
programas de modernização e de implementação de novas tecnologias, toda a linha
de viaturas militares (EE-15 e EE-25, EE-12) e veículos de combate (EE-9 Cascavel,
EE-11 Urutu), fabricados pela Engesa S/A e adquiridas por nossas forças armadas
no século XX, possibilitando suas atuais utilizações por parte de nossas armas.
Também desenvolveu o projeto do “Marruá”, esse projeto foi vendido à empresa
84
Agrale S/A, sendo produzido por esta última tanto para o mercado civil quanto para
os Exércitos do Brasil e Argentina.
- Comercial Molytrol Ltda:
É uma empresa carioca do setor petroquímico, produtora e responsável pelo
fornecimento de óleos graxos, fluidos hidráulicos e lubrificantes especiais de acordo
com especificações militares para o Ministério da Defesa Brasileiro para serem
utilizados em armas como canhões e tanques do EB.
- Condor Tecnologias Não Letais:
Especializada em equipamento de aplicação não letal dentre os quais,
armas químicas de emprego “leve” e não letal como gás lacrimogêneo e de pistolas
de pulsos elétricos entre outros. Desde sua fundação em 1985 desenvolveu mais de
100 produtos com aplicabilidade pelas forças de segurança (policiais), Forças
Armadas, empregadas pelas Forças de Paz das Nações Unidas e em países
importadores nas operações de contenção passiva.
- ELEB Equipamentos Ltda:
Criada como uma subsidiária, a Embraer Divisão Equipamentos (EDE), em
1984, durante o programa “AMX Internacional” de capacitação de nossa indústria
aeronáutica sob julgo militar se especializou na fabricação de trens de pouso,
atuadores hidráulicos, válvulas entre outras partes mecânicas de emprego no setor
aeronáutico.
Origem da empresa remonta aos anos 70, quando o Brasil e a Itália
decidiram desenvolver em conjunto um novo programa militar que consistia
em um caça bombardeiro tático chamado de AMX. Foi decidido pelo
Governo Brasileiro que o programa deveria também trazer para o país o
“know-how” associado à tecnologia de desenvolvimento e produção local do
sistema de trem de pouso e componentes hidráulicos para a indústria
aeronáutica. A responsabilidade de trazer este tipo de tecnologia para o
Brasil foi dada à Embraer – Empresa Brasileira de Aeronáutica, que por sua
vez criou a EDE – Embraer Divisão Equipamentos, em 1984.
Anos mais tarde, em 1999, a EDE foi estabelecida como empresa, através
da criação de uma “joint venture” entre a Embraer e a empresa europeia
Liebherr Aerospace SAS, passando a se denominar ELEB – Embraer
Liebherr Equipamentos do Brasil S.A., com a Embraer passando a deter
60% de seu controle acionário e a Liebherr 40%. A maior parte dos ativos
da EDE foram transferidos para a ELEB (http://www.eleb.net/html/
interna.php?pagina=a-empresa&indique=sim).
Assim como sua mantenedora esta também passou à iniciativa privada,
agora denominada ELEB Equipamentos Ltda, mas continua realizando trabalhos em
85
conjunto com as demais empresas do setor e nossas Forças Armadas. Entre seus
trabalhos estão projetos para a Embraer, a FAB e o projeto do A-4 da Marinha, além
do emprego de sua produção nas linhas de montagem da Embraer.
- Grupo Inbrafiltro:
O conglomerado brasileiro paulistano, Inbrafiltro, foi criado em 1979 com o
objetivo de produzir equipamentos de proteção de alta tecnologia, especialmente em
fibra de aramida e materiais compostos de polietileno, cerâmica e materiais
balísticos avançados de blindagem e proteção. Fornece “coletes a prova de balas”,
escudos balísticos e capacetes para as forças policiais brasileiras. Também o grupo
atua na área de blindagem de veículos, embarcações, edificações e aeronaves, para
as Forças Armadas brasileiras, além de fornecer capacetes de combate adotados
por várias de nossas unidades de infantaria do Exército. A Inbrafiltro também fabrica
materiais e compostos utilizados no setor aeronáutico.
- Moto Peças S/A:
Empresa fundada em Sorocaba – SP em 1956. Com a desativação dos M-4
Sherman em 1980 passaram por processos de conversão, visando atender as
necessidades de carros especializados. Esse projeto do CTEx foi realizado pela
Moto Peças S/A, que desenvolveu sobre o chassi do M-4 Sherman uma viatura
blindada especial de engenharia de combate, agora denominada M-4A1, foram
produzidas apenas 11 unidades das 83 possíveis, pois como seu desempenho foi
considerado insatisfatório o projeto foi cancelado (0376). Esse “know-how” não foi
desperdiçado, foi com ele que a Moto Peças desenvolveu seu “carro de combate”
próprio. O “carro blindado de transporte de pessoal” ou CBTP Charrua, com
desempenho satisfatório em testes de nossos fuzileiros navais e no Exército foi
abandonado como praticamente todos os demais projetos iniciados por nossa
indústria de veículos militares no final dos anos 80, não teve prosseguimento
durante os “sombrios” anos do início da década de 90.
- Novatração Artefatos de Borracha S/A:
É uma empresa brasileira fundada em 1954, especializada na fabricação e
reparação das esteiras, sapatas ou lagartas, rodas e rolos de apoio, pneus maciços
e rodas para veículos industriais de nossas Forças Armadas, particularmente
participou dos programas relativos aos modelos M-108, M-41, M-578, M-3AI, Marder,
M-60 do EB e no desenvolvimento do Charrua entre outros.
86
3 A PRODUÇÃO E O COMÉRCIO GLOBAL E A INDÚSTRIA DE DEFESA
NACIONAL
Neste capítulo ímpar, a proposta é mapear o “escoamento” e “aceitação”
desta produção no mercado exterior, a “fidelização” de um determinado grupo de
clientes e identificá-los também como responsáveis pelo estimo e permitindo à nossa
indústria bélica nacional desenvolver novos programas e novos produtos para
atender a estes clientes “parceiros” e conquistar novos mercados ao redor do globo.
Também destacaremos como esse comércio é tratado de maneira “estratégica” e
como este comércio deve seguir uma série de regulações de acordo com os ditames
do Itamaraty neste mercado de produtos “controláveis”. Como veremos aqui, a
Política Nacional de Exportação de Material de Emprego Militar (PNEMEM) parte do
critério que o comércio internacional de armas implica relevantes consequências
políticas,
econômicas
e
estratégicas,
especialmente
quando
se
trata
de
transferências para países em conflito interno ou regional. Visto que essas
transferências de armas, principalmente para regiões conflituosas, não podem ser
consideradas transações comerciais “normais” entre países, haja vista existirem uma
série de restrições impostas por considerações geopolíticas de nível global, bem
como princípios éticos, norteadores deste setor industrial em suas “negociações”
com clientes estrangeiros. Ou seja, os “dividendos” oriundos destas negociações
devem ser entendidos não só através dos fatores econômicos, como também devem
ter um caráter “político” para ser considerável ao seu valor, não apenas sob a óptica
do lucro, mas também sobre a representação das políticas de um complexo
industrial militar “simbiótico” entre os interesses privados e públicos, em relação ao
quadro geopolítico global aonde estes interesses se inserem.
Mesmo com nossa tardia industrialização nossas empresas nacionais se
estabeleceram de maneira destacada neste segmento econômico de nível mundial,
com vendas “vultosas” e significativas para “teatros de operação” tão distintos,
quanto o Oriente Médio, a América Central, o Mediterrâneo e a África subsaariana.
Incluindo valores expressivos por conceito de exportações anuais – estimase que durante o decênio de 1980 tais exportações flutuaram anualmente
entre os US$ 200 milhões e US$ 1 bilhão. Aeronaves, veículos blindados e
artilharia, sistemas de navegação e radar, mísseis, navios de guerra e
armas ligeiras (espingardas, pistolas, granadas) formavam parte dos
inventários disponíveis no país. Vale acrescentar, ainda, que mais de 70%
87
da produção brasileira de armamento era destinada ao mercado
internacional. Note-se, ademais, que os produtos brasileiros – desenhados
com base em tecnologia de mediana sofisticação – foram bem recebidos no
mercado internacional, devido ao seu alto desempenho em operações reais
de combate, às facilidades financeiras para as aquisições, ao baixo custo de
manutenção, e aos preços competitivos, entre outras ponderações. Em
consequência, entre 1971 e 1991, o Brasil foi capaz de exportar material de
emprego militar para mais de 25 países (AVILA, 2009).
Diante deste quadro de relevância, a presença de nossas empresas de
defesa no mercado internacional de equipamentos bélicos será mapeada de forma
generalizada dentro de seus respectivos segmentos de mercado com vistas ao
mercado exterior.
3.1 ARMAS LEVES E PORTÁTEIS
O primeiro apontamento que se faz necessário nesta parte relativa ao
mercado global de armas de fogo e o papel de nossas indústrias de “armas de fogo”
é o fato de os Estados Unidos da América absorver esta produção em quantidades
muito superiores aos demais países. O mercado civil “norte-americano” absorve não
só pistolas, revólveres e rifles, como os mercados consumidores de alta regulação
como o brasileiro, sendo naquele país permitido uma série de dotações, de uso
vedado nestas terras, como a venda de fuzis e metralhadoras. Mesmo com essa
“regulamentação” o sucesso de nossas empresas no mercado mundial é invejável e
incontestável como veremos a seguir.
Quanto à presença e participação já na década de 60 de nossas empresas
nacionais neste mercado americano, num primeiro momento destacamos já os
projetos licenciados de revólveres e pistolas da Colt Americana e replicados em
Itajubá – MG (hoje Imbel), importados atualmente para o mercado americano por
intermédio da Springfield Inc. Estas armas já foram empregadas em agências
governamentais como o FBI e forças policiais.
Confirmação do sucesso da Fábrica de Itajubá, seja na produção de
armamentos militares, seja na produção de armamentos civis, está
consagrado na exportação de pistolas, realizada há mais de quinze anos
para a Springfield Armory Inc., localizada nos Estados Unidos da América,
que é sem dúvida, o mais exigente mercado mundial. Destaque-se também,
de forma especial, a utilização do armamento produzido pela Fábrica de
Itajubá, pelo Federal Bureau of Investigation, FBI, nos Estados Unidos da
América (DELLAGNEZZE, 2008).
88
Também a INA se fez presente neste mercado global com exportações da
sua submetralhadora INA modelo-1950 para os países latinos como Chile, Paraguai
e Uruguai entre outros. No mercado norte-americano a INA disponibilizou seus
modelos de revólveres réplicas dos Smith & Wesson, estes INA Tigre ou “Tiger”, se
tornou o primeiro revólver “Made in Brazil” exportado regularmente durante os anos
60 para os Estados Unidos, e em 1966 a CBC importava suas primeiras espingardas
para o mercado norte-americano.
Nossa indústria se desenvolveu e se fortaleceu e aumentou e muito a
fabricação e comércio desses armamentos progressivamente entre 1974 e 1983,
principalmente voltando-se para o mercado exterior, devido às restrições impostas
pelos militares. “A década de 60 foi marcada por grandes tensões políticas no país,
que resultaram numa regulamentação extremamente rígida para a comercialização
de
armas”
(http://www.taurus.com.br/?on=empresas&in=historico&decada=1960).
Neste período nota-se a consolidação da Taurus S/A no mercado de armas leves, o
fortalecimento da CBC com exportações de munições para várias forças militares ao
redor do mundo, a criação da Imbel e a falência da INA.
No início da década de 80, precisamente no ano de 1981, é fundada em
Miami na Flórida – EUA a TIMI. Esta “subsidiária” foi a responsável pelo crescimento
da Taurus no mercado americano de armas portáteis, haja vista que esta inclusive
passou a produzir pistolas em solo americano e distribuindo também nossos
produtos fabricados pela Taurus aqui do Brasil. A TIMI desde então atua com
“sucesso” neste mercado norte-americano, segue também exportando para mais de
80 países e é a principal indústria do setor na América Latina.
A Rossi por sua vez produziu revólveres, rifles e espingardas que foram
disponibilizados para o mercado internacional, distribuídos pela Interarms nos
Estados Unidos e após sua incorporação pela Taurus passou a ter seus produtos
distribuídos pela Braztech Internacional L.C. na América do Norte, aonde segue
sendo distribuída.
Outra grande empresa brasileira do setor de destaque no mercado “yankee”
é a CBC, esta já exportava desde a década de 70 munições para vários países e em
1983 a Companhia Nacional de Cartuchos, anteriormente ligada a Remington Arms,
volta ao mercado americano de munições “CBC 1983 começa a exportar munição
comercial aos Estados Unidos” (http://intl.cbc.com.br/the-company/history). No início
da década subsequente a CBC cria a sua subsidiária em terras “norte-americanas”,
89
a Magtech se instalou inclusive com um parque fabril, em Minneápolis, Minnesota –
EUA. Esta empresa passa a ser a “marca” internacional da CBC, distribuindo sua
ampla gama de produtos, desde munições de vários calibres e armas como rifles e
submetralhadoras, e segundo dados da própria empresa, já no ano de 1998, esta
empresa exportava 70% de sua produção total, para mais de 60 países, inclusive
munições para o US Army. Atualmente a Magtech tem também instalações em
Hamburgo na Alemanha e a CBC tem outras subsidiárias como a MEN na Alemanha
e a Sellier & Bellot na República Tcheca. A CBC é assim como a Taurus,
considerada uma das maiores do setor no mundo.
Nos anos 80 o Brasil “flexibilizou” a PNEMEM, com vistas ao aumento das
vendas destas empresas privadas, este descontrole do setor gerou um mal-estar
internacional, rapidamente reconhecido quando nossas armas de fabricação
nacional estavam entre aquelas “transferidas” aos rebeldes, numa negociação
triangular
clandestina
entre
iranianos
e
afegãos,
a
CIA
e
guerrilheiros
nicaraguenses, num dos maiores escândalos políticos da época, denominado “IrãContras” durante o governo Reagan.
Contudo, tal modificação na PNEMEM deu lugar a uma pouco conhecida,
surpreendente e perturbadora transferência de armamento brasileiro para os
“contras” nicaraguenses, através de empresas privadas estadunidenses
vinculadas à comunidade de inteligência e a grupos empresariais
conservadores daquele país. Não está claro quando iniciaram os
embarques de material de emprego militar destinado aos “contras”
nicaraguenses, aparentemente sem conhecimento das autoridades
brasileiras (AVILA, 2009).
Estas armas brasileiras além dos “Contras” nicaraguenses; “40 mil rifles de
fabricação brasileira em poder dos contrarrevolucionários da Nicarágua” (AVILA,
2009). Teriam também durante esse período e dentro desta operação secreta,
abastecido por intermédio Sherwood International Export Corporation, dos EUA e da
própria CIA, repassado armamentos para milícias de Angola e para os guerreiros
Mujahedin do Afeganistão.
É importante destacar também que no final do século XX as exportações
para o nosso “vizinho” Paraguai foram suspensas por nossa indústria a fim de
controlar o mercado paralelo destas armas via contrabando para o Brasil. Apesar de
alegarem estas indústrias, esta ser uma tentativa de combater a criminalidade, nota-
90
se também o interesse destas empresas por evitar a concorrência de suas próprias
armas via “descaminho e contrabando”.
O Brasil é um dos líderes mundiais em produção e vendas neste segmento
industrial bélico (pistolas, carabinas, rifles, submetralhadoras e munições). Em 2011
segundo o Small Arms Trade Survey, em seu respeitado estudo sobre essa
indústria, o Brasil foi o quarto maior exportador mundial de armas leves, atrás
apenas dos Estados Unidos, Itália e Alemanha, e frente de Rússia e Israel.
3.2 VEÍCULOS DE COMBATE
Na questão relativa à nossa base industrial de defesa e a produção e
comércio de veículos de combate, com vista às exportações, destacamos que este
“comércio” é tardio, porém destacado no quadro geopolítico global de nosso século
XX. O fato de nossa industrialização se implementar lentamente, nas décadas de 30
e 40 com os setores metalúrgico e mecânico e nos anos 50 com as indústrias
automobilísticas e petroquímicas, permitiu a nossa indústria de “veículos de
combate” só surgir na década de 60.
O primeiro “veículo de combate” produzido no Brasil e exportado para outros
mercados foi a Rural Willys de versão militar em 1962, que foi adquirido pelo
Exército de Portugal, para ser empregado em suas campanhas militares em Guiné e
Angola.
“Em 1962, no início da guerra colonial, Portugal adquiriu da Willys Overland
do Brasil 150 unidades da pickup militar Willys, destinadas ao Exército, para serem
empregadas
na
África”
(http://pamarangoni.blogspot.com.br/2011/07/exercito-
portugueso-sumico-das-pick ups.html).
Nos anos 70, durante o regime militar brasileiro, a Engesa, que vivia seu
“apogeu” com vendas para nossos governos militares (Exército e Marinha) passou
junto deste governo a vender seus equipamentos para países, os quais haviam
possibilidades estratégicas, sempre respeitando-se a lógica de nossa “Política
Nacional de Exportação de Material de Emprego Militar” e seu impacto no cenário
geopolítico. Sendo assim, esse acesso se dá em mercados periféricos como o
terceiro mundo não alinhado, em cenários conflituosos como nos países do Oriente
Médio, nos movimentos de descolonização e lutas sectárias na África e nas lutas
“anti-insurreições” na América Latina. Ainda nos anos 70, o fortalecimento de nossa
91
indústria automobilística permitia as exportações de caminhões para o emprego
militar da Mercedes-Benz do Brasil para países da América Central.
No “portfólio” de clientes da Engesa devemos destacar o líder líbio
Muammar Gaddafi, o presidente do Iraque Saddam Hussein, o governo GregoCipriota da ilha de facto dividida com os turcos em 1974, os governos ditatoriais
latinos e os governos miseráveis africanos, entre outros.
Seu primordial produto e meio de inserção nestes mercados foi o Engesa
EE-11 Urutu. Este veículo 6x6 blindado e anfíbio de transporte de pessoal foi
exportado, aproximadamente cerca de 800 unidades, para inúmeros países como:
Chipre, Líbia, Tunísia, Gabão, Marrocos, Zimbábue, Angola, Emirados Árabes,
Jordânia, Iraque, Chile, Venezuela, Equador, Colômbia, Suriname, Paraguai e
Bolívia.
Junto deste o Engesa EE-09 Cascavel, um pequeno tanque sobre rodas,
com um potente canhão, fraca blindagem e de grande mobilidade no campo de
batalha, teve cerca de 1300 unidades exportadas para países como: Chipre, Líbia,
Burkina Faso, Zimbábue, Nigéria, Togo, Gana, Catar, Iraque, Chile, Uruguai,
Venezuela,
Equador,
República
Dominicana,
Colômbia,
Guiana,
Suriname,
Paraguai, Bolívia e outros.
Em 1977 o líder da Líbia firmou uma série de acordos comerciais com a
Engesa e nosso governo ditatorial militar, dando a este “general” africano, viaturas
de combate para a sua invasão do Chade. Este comércio foi interrompido com a
apreensão de quatro aviões líbios carregados de armas brasileiras na Nicarágua em
1983 e só retomado em 1986.
Uma relação de abastecimento de armas com o Brasil começou em 1977
com uma ordem da Líbia por várias centenas de carros blindados a um
custo de mais de US$ 100 milhões. Um contrato em 1981 de US$ 250
milhões de compras de carros adicionais blindados, foguetes, bombas e
lança-mísseis. As negociações foram interrompidas em 1983 com a
apreensão de quatro aeronaves líbias em trânsito carregado com armas do
Brasil na Nicarágua (LIBRARY OF CONGRESS COUNTRY STUDIES,
1987).
Ambos os modelos, a partir do início dos anos 80, também já mostraram
excelentes resultados no campo de batalha, engajados no lado iraquiano nas
incursões ao território iraniano durante a Guerra Irã-Iraque, o que fez de seu
presidente Saddam Hussein, um “satisfeito consumidor” e financiador de nossa
92
indústria bélica brasileira e da vizinha indústria bélica chilena também sob julgo
militar.
Outros países estavam prontos para preencher o vácuo através da oferta de
bens e serviços em condições preferenciais. Empresas do Brasil, Coreia do
Sul, Índia, Iugoslávia e Turquia, apoiada por garantias de crédito à
exportação dos seus governos, foram ganhando uma fatia cada vez maior
do mercado iraquiano (LIBRARY OF CONGRESS COUNTRY STUDIES,
1988).
Essa aproximação e os acordos comerciais dos governos militares
“ditatoriais meridionais” de Chile e Brasil, com o Iraque de Saddam Hussein, foram
intensos e lucrativos, para estas indústrias e governos, colocando o Brasil como o
principal exportador para este país. “Em 1985, o Brasil foi o principal destino das
exportações iraquianas, o que representa 17,7 por cento do total” (LIBRARY OF
CONGRESS COUNTRY STUDIES, 1988). “Exportações (em ordem de magnitude),
em 1986, Brasil, Espanha e Japão” (LIBRARY OF CONGRESS COUNTRY
STUDIES, 1988). Estes negócios não sofreriam interferências de Washington, até a
invasão iraquiana do Kuwait.
Destacamos que além de “acompanhar” e “adquirir” os projetos da Engesa,
Saddam Hussein financiou alguns projetos como o caso do Engesa EE-T4 Ogum e
outros. “De acordo com uma estimativa do Stockholm International Peace Research
Institute (SIPRI), 40 por cento de todas as transferências de armas brasileiras 19851989 foi para o Iraque” (LIBRARY OF CONGRESS COUNTRY STUDIES, 1997),
porém com a “Operação Tempestade do Deserto” o projeto foi abortado, restando
alguns protótipos abandonados em terras iraquianas.
“Ele foi concebido para atender as necessidades do Iraque então em guerra
com o Irã e que necessitava de um veículo sobre lagartas na faixa de quatro
toneladas, destinado principalmente a ser utilizado como plataforma de armas leves”
(BASTOS, 2012).
Outros destaques desta empresa no mesmo período é carro de combate
leve 4x4 e veículo de reconhecimento, Engesa EE-03 Jararaca, estas unidades
produzidas em série no final da década de 70, todas voltadas ao mercado exterior,
estas foram adquiridas pelos governos latinos de Equador e Uruguai, pelo africano
Gabão, pelo governo grego-cipriota do Chipre e pelo Iraque. Também foram
vendidos cerca de 270 caminhões militares Engesa EE-50 enviados para Angola na
93
década de 80, os “jipes” Engesa EE-12 para Jordânia, Suriname e Angola. Houve
ainda os projetos já vistos, dos Engesa EE-15 Sucuri, Engesa EE-T4 Ogum e
Engesa EE-T1 Osório que apesar de passarem por testes “satisfatórios”, em outros
países como Iraque e Arábia Saudita, não foram fabricados em série.
Outro grande sucesso do segmento nacional de veículos de combate é o
“sistema” ASTROS, fabricado pela Avibras, também atendendo a um requisito
específico do governo Saddam Hussein, a partir de 1981, que necessitava de uma
plataforma de “artilharia por saturação” em sua guerra contra o Irã.
Com os recursos financeiros injetados pelo já cliente Iraque, então um
grande aliado do Ocidente, e com o apoio de satélites americanos que
informavam as posições e deslocamento das forças Iranianas, este sistema
funcionou de forma impecável (BASTOS, Astros II).
O sistema ASTROS nada mais é que uma plataforma com vários casulos
para o lançamento de mísseis de vários calibres e com alcances distintos (9 km a 90
km), montados sobre um chassis de caminhão blindado. Desde então este “sistema”
passou a ser adquirido por várias forças ao redor do mundo, teve seu projeto
“copiado” pelos americanos devido ao seu sucesso nos anos 90 quando da invasão
iraquiana ao Kuwait. Em 1995 o Brasil foi denunciado por Israel, por desrespeitar o
embargo de armas da ONU ao vender esse “sistema de artilharia” ASTROS para o
governo líbio do general Gaddafi. “Em junho de 1995, o adido militar israelense em
Brasília denunciou Brasil para as vendas contínuas de lançadores de mísseis Astros
II superfície-superfície e bombas pesadas para Líbia, apesar de os embargos da
ONU” (LIBRARY OF CONGRESS COUNTRY STUDIES, 1997). Este eficiente
“veículo de combate” continua sendo fabricado pela Avibras na sua versão
modernizada ASTROS II e atualmente vem sendo adquiridos por diversos países já
no século XXI.
O ASTROS II é hoje o mais completo sistema de foguete da artilharia de
saturação do mundo, com o grau de teste de alta flexibilidade de emprego
operacional. O sistema ASTROS II foi provado em combate nas últimas
duas guerras do Golfo, e que tem sido cada vez mais adotado por Exércitos
de vários países.
Características ASTROS II também permitir que o sistema a ser empregado
em operações de guerra Littoral com sucesso extraordinário (http://
www.epicos.com/epicos/extended/brazil/avibras/avibras_defence.html).
94
Devemos destacar também que os veículos Engesa já citados nos conflitos
Irã-Iraque e invasão do Chade, participaram de várias outras campanhas militares
dignas de nota, outros conflitos entre a Líbia do general Muammar Gaddafi no norte
da África e no controle de zonas na fronteira entre turcos e gregos no Chipre entre
outros. O Engesa EE-11 Urutu destacou-se nas operações militares antiguerrilha na
Colômbia e também foi usado na invasão do Kuwait pelas tropas de infantaria
motorizadas de Saddam
Hussein. Os “Cascavéis” iraquianos foram “mal
empregados” pelos militares deste país durante a “Operação Tempestade no
Deserto”, pois ao invés de usarem de sua mobilidade nas areias do deserto, optaram
por alinhá-los como “tank-destroyers”, semienterrados na areia, os tornando alvos
fáceis da coalizão aérea americana. “Na Segunda Guerra do Golfo (1991), vários
deles foram destruídos por ataques aéreos de aviões A-10 Thunderbolt II e muitas
das fotos os mostram enterrados” (BASTOS, 2006).
Já durante o século XXI, estes seguem sendo vistos em operações militares
ao redor do globo, como nos recentes conflitos desencadeados na “Primavera
Árabe” (Líbia, Bahrain, Egito e Tunísia), e estão sendo usados pelo “novo” Exército
do Iraque, “modernizados” por empresas americanas no atual cenário mesopotâmico
do médio oriente, de “guerra ao Terror”. Estes também seguem sendo usados
ativamente por tropas de vários países “peacemakers” em suas missões de paz da
ONU como no Haiti, no Kosovo e no Mali.
No atual momento geopolítico global, após a falência da Engesa e da
Bernardini, resta a Avibras, que atualmente produz o ASTROS II, como já citado,
exportado com muito sucesso para todo o globo e está iniciando as vendas de um
carro de combate ligeiro 4x4 designado Avibras Guará, desenvolvido junto com a
Ceppe para o mercado exterior. Há ainda o Marruá, um projeto Engesa, hoje
fabricado pela Agrale e já vendido para vários países, principalmente na América
Latina.
3.3 EMBARCAÇÕES
Quanto às nossas embarcações e o mercado global devemos destacar
primeiramente o papel do plano de metas do governo JK, que buscava desenvolver
esse setor e as exportações.
95
A política de desenvolvimento da indústria naval brasileira tem seu ponto de
partida com a Lei 3.381, de abril de 1958, conhecida como a Lei do Fundo
de Marinha Mercante (FMM) com o objetivo de prover recursos para a
renovação, ampliação e recuperação da frota mercante nacional; evitar a
importação de navios; diminuir despesas com afretamento de navios
estrangeiros; assegurar a continuidade das encomendas de navios e
estimular a exportação de embarcações www.sinaval.org.br/docs/BalancoHistoria.pdf).
Mas nossos estaleiros não conseguiam atender nem mesmo nosso mercado
interno. No governo Costa e Silva, houve uma nova retomada de investimentos do
setor naval, mas as necessidades da Marinha Mercante e da indústria petrolífera
sempre absorveram esta produção, sendo assim neste setor, apenas embarcações
de utilidade foram produzidas, sem embarcações de emprego militar vendidas ao
estrangeiro.
A Emgepron, que atua tanto no ramo de construção naval, quanto no de
munições para embarcações, fez vendas no mercado global destas “balas de
canhão”.
A produção inclui os calibres 4,5” MK-8; 3” L/50 e 5” L/38 para canhões
navais; 105 mm Light Gun, M-1 e M-57; 40 mm L/60 e L/70; e salva de 47
mm e de 105 mm. A excelente relação custo x benefício destas munições
resultaram em diversos negócios na América do Sul, África e Ásia
(http://www.infodefensa.com/latam/2012/05/24/noticia-emgepron-desenvolve
-novas-versoes-do-sistema-de-controle-tatico-siconta-para-o-programa-pro
super.html).
Apenas nos recentes anos, o Brasil atingiu a capacidade de exportar
embarcações, fornecendo algumas fragatas de guerra para marinhas do continente
africano como Namíbia e Moçambique num projeto conjunto da Emgepron,
desenvolvido em parceria com a Inace, Marinha do Brasil e Itamaraty.
3.4 AERONAVES
Na parte relativa ao comércio global de nossas aeronaves de fabricação
nacional, destacamos que apenas iremos deter-nos nas negociações que envolvam
aeronaves adquiridas para ter seu emprego no campo militar. Sendo assim, não
observaremos as vendas de modelos “duais” (civil + militar) quando estes forem
vendidos para o mercado civil exterior, mantendo-se o critério de destinação ao
consumo militar como critério de mapeamento destas aeronaves.
96
Apesar de algumas unidades terem sido vendidas ao exterior nos primórdios
de nossa aviação e indústria aérea, esses não atendiam a este emprego específico
militar e não podemos comprovar este emprego. Sendo assim, nossa “base de
pesquisa” se inicia com os programas conjuntos da FAB, do CTA e de empresas
como Aerotec e Neiva, e torna-se uma realidade tangível na indústria aeronáutica
com a formação Embraer, por nosso governo federal em 1969.
Sendo assim, o projeto Aerotec modelo 122, desenvolvido em 1965,
repontencializado para o emprego militar em 1967 e produzido em série a partir de
1968, para abastecer a FAB, foi a primeira das aeronaves de configurações
“modernizadas” produzidas no país e foi também a primeira aeronave de emprego
militar específico a ser vendida para o mercado externo, em números aproximados
foram 18 aeronaves vendidas para a Bolívia e outras 16 foram exportadas para o
Paraguai, e em momentos distintos dos anos 70 e 80 aonde estes Aerotec T-23
Uirapuru atualmente seguem ativos.
Outro modelo saído das pranchetas no final dos anos 60 foi o projeto da
Neiva, designado Neiva T-25 Universal, de “design” arrojado e dotado de uma série
de novas incorporações tecnológicas, na fuselagem, trem de pouso e aerodinâmica.
“Monoplano de asa baixa de construção toda em metal, com trem de pouso retrátil”
(http://en.wikipedia.org/wiki/Neiva_Universal). Este modelo além de ser adotado pela
nossa FAB teve algumas unidades adquiridas pelo então nosso “novo cliente” no
campo militar, o recente governo do General Pinochet no Chile.
No início de 1975, as 150 unidades já haviam sido produzidas: 140 foram
incorporadas à FAB, incluindo a versão armada T-25A, destinada a integrar
os esquadrões de reconhecimento armado (EMRA), e outras 10 foram
exportadas para o Chile (http://www.esquadrilha dafumaca.com.br/index.
php/quem-somos-52/aeronaves/5-n-621-neiva-t-25-quniversalq).
O governo paraguaio do General Alfredo Stroessner também passou a
contar com algumas unidades deste turboélice brasileiro a partir de 1983. E
atualmente estes “obsoletos” modelos estão sendo doados por nossos atuais
governos para o mesmo Paraguai e Bolívia.
A Embraer, constituída em 1969, com vistas à fabricação do Bandeirante
desenvolvido pelo CTA em 1965, já o produzia em série no início dos anos 70,
abastecendo o mercado aeronáutico com esta modelagem de emprego “dual” (civil +
militar). As suas versões civis foram adquiridas por cerca de 45 companhias aéreas
97
e teve estas versões de transporte, vigilância e utilitárias vendidas para forças
armadas como: Colômbia, Cabo Verde, Uruguai, Guiana, Angola e outros. A versão
“militarizada” do Bandeirante, designada EMB-111 “Bandeirulha” (bandeirante +
patrulha) para emprego em guerra “antissubmarina”, além da FAB, foi adquirida pela
Força Naval do Chile em 1978 e pelo Gabão em 1981, mais para Argélia e Angola
foi emprestada pelos nossos militares para a Argentina durante sua guerra pelas
“Malvinas”.
Em seu processo de fomento a nossa indústria aeronáutica em particular a
Embraer, em 1971, o nosso governo militar adquiriu os direitos de produção do
modelo italiano Aermacchi MB-326 desenvolvido em 1962 e que também estava
sendo replicado na África do Sul na Austrália. Nestas terras, esse modelo de caça
supersônico foi “rebatizado” de EMB-326 Xavante e desta produção seriada pela
Embraer, além da FAB foram adquiridos por Paraguai, Togo e Colômbia. Como já
destacamos anteriormente em 1976 foi desenvolvido o EMB-121 Xingu, projeto
similar ao do “Bandeirante”, porém de menor escala e pressurizado com capacidade
de transporte executivo, exclusivamente produzido para o mercado militar. Foram
produzidas pouco mais de 100 aeronaves, sendo que cerca de metade destas para
a FAB e metade para as Forças Aérea e Aeronaval Francesa, aonde esta aeronave
utilitária foi recebida em 1982, esta aeronave ainda é utilizada.
No início dos anos 80 a Aerotec lançou o projeto Aerotec A-132 Tangará,
que teve apenas seis unidades seriadas produzidas, estes aviões utilitários foram
vendidos e construídos especificamente para a Força Aérea Boliviana, além de um
protótipo. E no mesmo período, a Embraer atinge o mercado global de maneira
definitiva com seus projetos exitosos do EMB-120 Brasília e EMB-312 Tucano.
O avião EMB-120 Brasília é voltado para o mercado civil, mas com
capacidade “dual”. Este avião de porte médio e bom raio de alcance foi empregado
por algumas forças armadas no transporte de cargas e pessoal pelo Equador,
Angola e Uruguai.
Já o EMB-312 Tucano, um avião turboélice, genuinamente de aplicação
militar, tem entre suas principais capacitações a diversidade de empregos, podendo
ser
operado
como:
interceptador,
bombardeiro
leve
em
vigilância/contrainsurgência e como excelente treinador avançado.
missões
de
98
Este “versátil” modelo passou a dotar a FAB e já exportado para outros
países em 1983 o “Tucano” teve seu projeto vendido sob licença para o governo do
Egito com financiamento saudita para a montagem destes turboélices em seu
complexo estatal de Helwan em parceria com o governo Iraquiano de 1984 a 1989
de modo sazonal. Uma empresa Short Brothers plc. do Reino Unido, também
comprou suas licenças e o fabricou com distinta motorização em Belfast na Irlanda a
partir de 1986, estes “Short-Tucanos” foram vendidos para a RAF do Reino Unido,
mais Kuwait e Quênia.
As unidades produzidas em solo brasileiro pela Embraer foram adquiridas
por inúmeros países dentre os quais: Argentina, Honduras, Colômbia, França,
Mauritânia, Gabão, Angola, Paraguai, Peru e Venezuela.
Ainda destacamos o programa AMX Internacional, desenvolvimento conjunto
e compartilhado entre Aeritalia e Aermacchi da Itália e Embraer. Este caça
subsônico de combate “ligeiro”, apenas 30% brasileiro, voou apenas pelas forças de
Brasil e Itália.
Desenvolvido no início dos anos 90 e com capacidade “dual” (civil + militar),
o avião de reatores a jato de médio porte Embraer EMB-145 passou a ter emprego
militar, através de modificações, que lhes dotam de capacidades para “guerra
eletrônica”. Estes modelos são: o Embraer EMB-145 MP/ASW, de vigilância aérea
marítima e guerra antissubmarina, o Embraer EMB-145 RS/AGS, usado em
“sensoriamento remoto” e o Embraer EMB-145 AEW&C, destinado a vigilância e
controle do espaço aéreo, e em missões de “alerta aéreo antecipado”, há ainda uma
versão de transportes de cargas para o emprego militar designada Embraer EMB145 C-99. Atualmente essas aeronaves levando-se em conta apenas aquelas
“adquiridas” por forças militares, estão presentes na Colômbia, Bélgica, Tailândia,
Índia, Panamá, México, Grécia, Equador e Angola. Atualmente segue produzindo e
vendendo no mercado externo, o sucessor de seu famoso “Tucano”, “O Super
Tucano tem valor de US$ 9 milhões a US$ 14 milhões, dependendo de sua
configuração a Embraer espera vender até 40 Super Tucanos em oito meses”
(http://economia.terra.com.br/noticias/noticia.aspx?idNoticia=201106211424_RTR_1
308666185nN1E75K09U), o EMB-314 Super Tucano já se encontra nas unidades
militares de países como Colômbia, Equador, Chile, Mauritânia, Indonésia, Burkina
Faso, República Dominicana, Angola e Senegal. Além disto, esta aeronave está em
processos de licitações do governo americano para dotar a sua própria Marinha e as
99
novas forças aéreas do Afeganistão e vários outros países estudam a sua aquisição.
A Embraer foi proibida pelos EUA de vender esta aeronave ao governo Hugo
Chavez devido este modelo ter motorização de tecnologia controlada por
americanos. A Embraer está no momento desenvolvendo um “gigantesco” avião de
emprego militar, de projeto designado KC-390, já encomendado por Brasil e
Colômbia, possivelmente fará seu primeiro voo em 2014.
100
CONCLUSÃO
Em nossa conclusão após esta análise, das partes envolvidas na formação
deste “mapa bélico” brasileiro do século XX, primeiramente destacaremos algumas
observações sob o prisma economicista.
Em nosso primeiro capítulo relativo aos campos militares (forças armadas),
policiais e agências coercitivas e o mercado civil, destacamos serem estes
“segmentos” consumidores, de uma “necessária” demanda deste setor produtivo
bélico, no entanto, até os anos 50, este mercado consumidor “nacional” carecia de
uma oferta suficiente, a fim de suprir sua demanda deste equipamento bélico para o
nosso mercado interno.
Essa notada defasagem foi notada por todos os governos neste período
secular inicial, mas somente Getúlio Vargas conseguiu implementar uma indústria de
base, fornecedora de matérias-primas intermediárias, capazes de abastecer essa
base industrial de defesa inicial, a produzir, equipamentos militares de maior valor
agregado. Durante os anos do governo JK as instalações tanto industriais quanto
tecnológicas criadas na “era Vargas” começaram a desenvolver projetos, visando
atender este mercado consumidor nacional. Desde então este sistema produtivo de
equipamentos bélicos vem desenvolvendo-se entre progressos (era militar) e
retrocessos (pós-Collor), produtos a fim de abastecer esses setores nacionais. O
terceiro adendo de nossa pesquisa é focado na produção do “excedente”, no caso
particular brasileiro para o mercado de exportações, com as carências internas
teoricamente já estarem com uma regulação de suprimento agora constante e
ininterrupta.
101
De maneira conclusiva sobre as armas leves este foi o setor aonde
unicamente atingimos uma “autonomia” e “independência” total de outros complexos
estrangeiros, haja vista que desde os anos 40, há indústrias nacionais a suprir a
demanda local e sua produção, agrega alto teor de qualidade e competitividade no
mercado global, sendo inclusive líderes em seus segmentos de armas leves e
munições. Essas armas leves “Made in Brazil” (Taurus, CBC, Imbel) são
encontradas em forças militares, policiais e entre criminosos, nos mercados civis e
internacionais, inclusive aqueles mercados clandestinos e paralelos, em escala
global desde então.
Já no caso dos veículos de combate, aeronaves militares e embarcações, o
quadro é bastante distinto, visto que, mesmo produzindo com altas capacidades
nestes setores, ainda carecemos de alta tecnologia para a produção de itens de
melhor proficiência técnica e tecnológica. Um exemplo claro desta dependência é a
nossa indústria de aeronaves de combate, pois os motores usados nestas são de
origem estrangeira, adquiridos no exterior e acoplados a nossas aeronaves. O
mesmo ocorre com os reatores nucleares de nossos submarinos e no caso de
alguns componentes de mísseis e outros equipamentos de maior proficiência
tecnológica, ou seja, apesar de nossa capacidade de produção de eficientes
produtos bélicos, os itens mais complexos e tecnológicos, desta nossa indústria de
defesa, seguem tendo um quadro de dependência dos complexos industriais
estrangeiros. Uma dependência inaceitável em relação ao quadro geopolítico global,
aonde um cenário de instabilidade pode representar uma falta de capacidade
produtiva.
Do ponto de vista geográfico já havíamos destacado que esta distribuição
geográfica de nosso setor produtivo é bastante óbvia. Enquanto as empresas de
menor proficiência técnica, como laminação, metalurgia e detonantes, se espalham
pelos polos industriais do Brasil como em Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio de
Janeiro e, principalmente, São Paulo, as empresas de alta tecnologia estão
praticamente todas concentradas em São José dos Campos – SP.
Conclusivamente, a fim de estabelecer um breve prognóstico sobre o
encaminhamento desta temática, diante do final do século XX, no particular de
nosso mercado militar de carros de combate, as aquisições dos “tanques” Leopard
(alemães) e M-60 (americanos) durante os anos 90 pelo nosso EB e o programa da
Viatura Blindada Iveco Guarani e do veículo ligeiro Agrale Marruá, sendo atualmente
102
incorporados, mostram que este setor está totalmente estagnado e sem mercado
interno ou financiador estatal.
No setor naval o quadro é de um maior “otimismo” diante das “promessas”
do setor petrolífero e mercante nacional, além das atuais vendas de navios de
guerra para as marinhas de nações africanas subdesenvolvidas e alguns programas
de “modernização” de embarcações para a nossa Marinha. Permitindo as empresas
estatais como a Emgepron e privadas como a Inace, uma ativa participação no
mercado atual.
Quanto ao quadro geopolítico do século XX nosso complexo industrial militar
foi um constante receptor de tecnologias ultrapassadas norte-americanas não
compartilhadas
por
estes.
Estas
tecnologias
foram
“absorvidas”
mediante
engenharia reversa. O Brasil foi um costumas “parceiro” de franceses, italianos,
britânicos, holandeses, belgas e alemães ocidentais, na aquisição de ferramentais,
tecnologias e equipamentos, em melhores condições políticas que as oferecidas por
americanos.
Já no papel de “transferidor de tecnologias e equipamentos” nossa presença
foi periférica se levarmos em conta as melhores tecnologias de emprego nos
campos de batalha deste período, tendo nossos equipamentos papéis secundários
nestes teatros de operações.
A era da informática e da informação vivida pela sociedade contemporânea
atual trouxe para o setor industrial bélico um momento de constante necessidade de
incremento tecnológico que vem sendo “parcamente” atendido pelas nossas
indústrias privadas e pelos nossos centros tecnológicos estatais, se compararmos
com outros países, sejam estes potências tradicionais ou emergentes de
desenvolvimentos industriais semelhantes ao caso brasileiro.
O atual mundo globalizado é de guerras preventivas, com novos atores,
ganhando destaque e emergindo neste cenário geopolítico atual. Resta ao Brasil
buscar novamente recuperar o tempo perdido e nossa defasagem no setor, se
levarmos em conta os programas industriais bélicos em desenvolvimento na
atualidade, por outras nações emergentes, pois desde o fim dos governos militares
nossas forças armadas, centros tecnológicos e indústrias do setor passaram por um
processo descaso governamental, identificado até nossos dias atuais.
103
FONTES BIBLIOGRÁFICAS
AVILA, C. F. D. Armas brasileiras na América Central: um estudo sob a
perspectiva da Política Nacional de Exportação de Material de Emprego Militar. Belo
Horizonte: UFMG, 2009.
BASTOS, E. C. S. A crise na indústria aeronáutica brasileira: 1945-1968. Juiz de
Fora: UFJF.
BASTOS, E. C. S. Agrale Marruá: um legítimo 4x4 militar “Made in Brazil”. Juiz de
Fora: UFJF.
BASTOS, E. C. S. Artilharia antiaérea. Juiz de Fora: UFJF.
BASTOS, E. C. S. Astros II. Juiz de Fora: UFJF.
BASTOS, E. C. S. Bernardini e o repotenciamento do M-41 na Dinamarca e
Uruguai. Juiz de Fora: UFJF.
BASTOS, E. C. S. Blindados sobre lagartas ou sobre rodas. Juiz de Fora: UFJF.
BASTOS, E. C. S. Caminhões FNM. Juiz de Fora: UFJF.
BASTOS, E. C. S. Caminhoneta militar Jeep, Willys Overland/Ford: um projeto
brasileiro. Juiz de Fora: UFJF.
BASTOS, E. C. S. Charrua, carro blindado transporte de pessoal. Juiz de Fora:
UFJF.
BASTOS, E. C. S. Consolidação dos blindados no Brasil. Juiz de Fora: UFJF.
BASTOS, E. C. S. Destruidor de tanques. Juiz de Fora: UFJF.
104
BASTOS, E. C. S. Dodge 6x6 WC-63 da Força Expedicionária Brasileira. Juiz de
Fora: UFJF.
BASTOS, E. C. S. EE-3 Jararaca: um conceito esquecido. Juiz de Fora: UFJF.
BASTOS, E. C. S. EE-T4 Ogum: o blindado leve da Engesa. Juiz de Fora: UFJF,
2012.
BASTOS, E. C. S. Lançador de foguetes XLF-40: artilharia sobre lagartas. Juiz de
Fora: UFJF.
BASTOS, E. C. S. Light Tank M-41 Walker Bulldog in the Brazilian Army. Juiz de
Fora: UFJF.
BASTOS, E. C. S. M3 A1 Scout Car: o primeiro 4x4 blindado do exército brasileiro.
Juiz de Fora: UFJF.
BASTOS, E. C. S. Militar do Rio de Janeiro: uma necessidade urgente. Juiz de
Fora: UFJF.
BASTOS, E. C. S. Mirage-III: o espécime da Dassault. Juiz de Fora: UFJF.
BASTOS, E. C. S. Mísseis no exército brasileiro: 1958-2009. Juiz de Fora: UFJF.
BASTOS, E. C. S. O caça-tanque EE-18 Sucuri II: o mais sofisticado e esquecido
6x6 da Engesa. Juiz de Fora: UFJF.
BASTOS, E. C. S. O carro de combate da Bernardini. Juiz de Fora: UFJF.
BASTOS, E. C. S. Os projetos da Columbus Internacional Ltd. Juiz de Fora:
UFJF.
BASTOS, E. C. S. Primórdios da motorização no exército brasileiro: 1919-1940.
Juiz de Fora: UFJF.
BASTOS, E. C. S. Renault FT-17 in Brazilian Army: 1921-1942. Juiz de Fora:
UFJF.
BASTOS, E. C. S. Revolução de 30: blindados de construção nacional. Juiz de
Fora: UFJF.
BASTOS, E. C. S. Sistema de artilharia de foguetes ASTROS-II. Juiz de Fora:
UFJF.
105
BASTOS, E. C. S. Uma realidade brasileira: a produção de blindados nas décadas
de 1920 a 1930. Juiz de Fora: UFJF.
BASTOS, E. C. S. Uma realidade brasileira: as exportações dos veículos militares
Engesa. Juiz de Fora: UFJF, 2006.
BASTOS, E. C. S. Uma realidade brasileira: desenvolvimento de blindados sobre
rodas. Juiz de Fora: UFJF.
BASTOS, E. C. S. Uma realidade brasileira: o desenvolvimento de blindados sobre
lagartas. Juiz de Fora: UFJF.
BASTOS, E. C. S. Uma realidade brasileira: projetos ainda viáveis. Juiz de Fora:
UFJF.
BASTOS, E. C. S. Unimog U 2450 6x6, do Corpo de Fuzileiros Navais. Juiz de
Fora: UFJF.
BASTOS, E. C. S. Veículo Antidistúrbio Bernardini AM-IV 4x4. Juiz de Fora:
UFJF.
BIAGI, O. L. O (quase) envolvimento militar do Brasil na Guerra do Vietnã. Rio
de Janeiro: FAAT, 2004.
DELLAGNEZZE, R. 200 anos da Indústria de Defesa no Brasil. Brasília: Cabral
Editora, 2008.
DREYFUS, P.; LESSING, B.; PURCENA, J. C. A indústria brasileira de armas
leves e de pequeno porte: produção legal e comércio. Rio de Janeiro: VivaRio/ISER, 2011.
FERREIRA, M. J. B.; SARTI, F. Diagnóstico: base industrial de defesa brasileira.
Campinas: UNICAMP, 2011.
FLAP INTERNACIONAL. Aviação Militar na América Latina, n. 490, ano 50, Ed.
Spacat, 2013.
FURASTÉ, P. A. Normas técnicas para o trabalho científico: explicitação das
normas da ABNT. 16. ed. Porto Alegre: Dáctilo Plus, 2013.
GIORDANI, M. C. História do século XX. Rio de Janeiro: Ideias & Letras, 2012.
HUDSON, R. Terrorist and organized crime groups and the tri-border area of
South America. Washington: Library of Congress, 2003.
106
LENS, S. A fabricação do império americano. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2006.
MARIGUELLA, C. Mini manual do guerrilheiro urbano. 1969.
MORAES, R. F. Mercado internacional de equipamentos militares: negócios e
política externa. Brasília: IPEA, 2011.
NOGUEIRA, S. P. A relação entre estrutura organizacional e o processo de
inovação: um estudo de caso no Centro Tecnológico do Exército. Rio de Janeiro:
Portal Estacio, 2012.
SVARTMAN, E. M. O pragmatismo brasileiro na cooperação militar com os
Estados Unidos, nas décadas de 1930 e 40. Porto Alegre: PUC/RS, 2008.
U.S. CONGRESS. OFFICE OF TECHNOLOGY ASSESSMENT. Global arms trade.
Washington: DC U.S. Government Printing Office, 1991.
107
SITES CONSULTADOS
A COMPANHIA AERONÁUTICA PAULISTA. Disponível em: <http://www.museutec.
org.br/resgatememoria2002/old/enciclop/cap002/029.html>. Acesso em: 03/06/2013.
A CONSTRUÇÃO NAVAL DO BRASIL. Disponível em: <http://quilha.blogspot.
com.br/2009/05/historia-da-construcao-naval-parte-ii.html>. Acesso em: 13/05/2013.
A FÁBRICA DO GALEÃO. Disponível em: <http://www.museutec.org.br/resgate
memoria2002/old/enciclop/cap002/026.html>. Acesso em: 09/05/2013.
A FABRICAÇÃO DE HELICÓPTEROS NO BRASIL. Disponível em: <http://www.
museutec.org.br/resgatememoria2002/old/enciclop/cap002/039.html>. Acesso em:
06/06/2013.
A HISTÓRIA DA RURAL E DA PICKUP, DERIVADAS DO INDESTRUTÍVEL JEEP.
Disponível
em:
<http://www.so4x4.com.br/materiasmostra.php?CodMateria=1>.
Acesso em: 28/05/2013.
AEL SISTEMAS S/A. Disponível
4093.html>. Acesso em: 30/05/2013.
em:
AEL SISTEMAS. Disponível
Acesso em: 30/05/2013.
<http://pt.wikipedia.org/wiki/AEL_Sistemas>.
em:
<http://www.army-guide.com/eng/firm
AEL SISTEMAS. Disponível em: <http://www.ael.com.br/ael_sistemas.php>. Acesso
em: 30/05/2013.
AERMACCHI MB-326. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/Aermacchi_MB326>. Acesso em: 04/06/2013.
AERMACCHI MB-326. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Aermacchi_MB326>. Acesso em: 04/06/2013.
108
AERÓDROMO MINAS GERAIS. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/NAeL_
Minas_Gerais>. Acesso em: 13/05/2013.
AEROTEC TANGARÁ. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/Aerotec_Tangar
%C3%A1>. Acesso em: 03/06/2013.
AEROTEC UIRAPURU. Disponível
Uirapuru>. Acesso em: 03/06/2013.
em:
<http://en.wikipedia.org/wiki/Aerotec_
AEROTEC. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/Aerotec>. Acesso em:
03/06/2013.
AEROTEC. Disponível em: <http://www.centrohistoricoembraer.com.br/sites/iba/ptBR/Historia/Paginas/Detalhes.aspx?IDI=1>. Acesso em: 03/06/2013.
AIR-TO-GROUND TARGETS. Disponível em: <http://www.equipaer.com/air-toground.php>. Acesso em: 05/06/2013.
AMADEO ROSSI AS. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Amadeo_Rossi_
S.A>. Acesso em: 23/05/2013.
AMX INTERNACIONAL. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/AMX_Interna
tional_AMX>. Acesso em: 04/06/2013.
AMX. Disponível em: <http://www.centrohistoricoembraer.com.br/pt-BR/Historia
Aeronaves/Paginas/AMX.aspx>. Acesso em: 04/06/2013.
ANCIENT CHINESE WEAPONS. Disponível em: <http://www.history.com/videos/qinshi-huangs-army#ancient-chinese-weapons>. Acesso em: 04/05/2013.
ARMAMENTOS INTELIGENTES. Disponível em: <http://www.mectron.com.br/
armamentos-inteligentes.asp>. Acesso em: 07/06/2013.
ARMAS DE USO PERMITIDO NO BRASIL. Disponível em: <http://www.defesa.org/
quais-sao-as-armas-de-uso-permitido-no-brasil/>. Acesso em: 16/05/2013.
ARMAS LEVES INA. Disponível em: <http://amigosdaguardacivil.blogspot.com.br/
2009/08/industria-andreense-de-armas-leves-ina.html>. Acesso em: 21/05/2013.
ARSENAL DE GUERRA DO EB, HISTÓRICO. Disponível em: <http://www.agr.
eb.mil.br/paginas/historico.php>. Acesso em: 11/05/2013.
ARSENAL DE GUERRA DO EB, PRODUTOS. Disponível em: <http://www.agr.eb.
mil.br/paginas/produtos.php>. Acesso em: 11/05/2013.
109
ARSENAL DE MARINHA DO RIO DE JANEIRO. Disponível em:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Arsenal_de_Marinha_do_Rio_de_Janeiro>. Acesso em:
13/05/2013.
ARSENAL DE MARINHA DO RIO DE JANEIRO. Disponível em: <https://www.mar.
mil.br/amrj/>. Acesso em: 13/05/2013.
AS ARMAS DO CRIME. Disponível em: <http://clava-forte.blogspot.com.br/2012/01/
as-armas-do-crime.html>. Acesso em: 18/05/2013.
AS ARMAS MAIS VENDIDAS DO MUNDO. Disponível em: <http://www.defesa.org/
as-5-armas-mais-vendidas-no-mundo/>. Acesso em: 18/05/2013.
ASTROS 2. Disponível em: <http://www.army-guide.com/eng/product3277.html>.
Acesso em: 24/05/2013.
ASTROS II MLRS. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/Astros_II_MLRS>.
Acesso em: 24/05/2013.
ASTROS-II SISTEMA LANÇADOR DE FOGUETES DE ARTILHARIA. Disponível
em: <http://www.areamilitar.net/DIRECTORIO/TER.aspx?nn=23&p=15>. Acesso em:
24/05/2013.
AVANÇOS TECNOLÓGICOS NAS GRANDES NAVEGAÇÕES DO SÉCULO XV.
Disponível em: <http://www.historiamais.com/avancos.htm>. Acesso em: 04/05/2013.
AVIBRAS 108-R. Disponível em: <http://www.army-guide.com/eng/product4433.
html>. Acesso em: 24/05/2013.
AVIBRAS ASTROS. Disponível em: <http://guerraearmas.wordpress.com/armasbrasileiras/avibras-astros-ii-iii-o-destaque-brasileiro-em-foguetes-de-saturacao/>.
Acesso em: 24/05/2013.
AVIBRAS DEFENCE. Disponível em: <http://www.epicos.com/epicos/extended/
brazil/avibras/avibras_defence.html>. Acesso em: 24/05/2013.
AVIBRAS. Disponível
24/05/2013.
em:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Avibras>.
Acesso
em:
AVIBRAS. Disponível em: <http://www.centrohistoricoembraer.com.br/sites/iba/ptBR/Historia/Paginas/Detalhes.aspx?IDI=2>. Acesso em: 24/05/2013.
AVIBRAS. Disponível em: <http://www.epicos.com/epicos/extended/brazil/avibras/
avibras_home.html>. Acesso em: 24/05/2013.
110
AVILA, C. F. D. Armas brasileiras na América Central: um estudo sob a
perspectiva da Política Nacional de Exportação de Material de Emprego Militar. Belo
Horizonte: UFMG, 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script
=sci_arttext&pid=S0104-87752009000100015&lng=es&nrm=iso&tlng=es>. Acesso
em: 19/06/2013.
AVIÔNICOS. Disponível em: <http://www.mectron.com.br/avionicos.asp>. Acesso
em: 07/06/2013.
B-25 MITCHELL. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/North_American_B25_Mitchell>. Acesso em: 14/05/2013.
BELL UH-1 IROQUOIS. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/UH-1_Iroquois>.
Acesso em: 16/05/2013.
BERETTA HISTORY. Disponível em: <http://www.beretta.com/en/world-of-beretta/
since-1526/>. Acesso em: 05/05/2013.
BERNARDINI MB-3 TAMOYO “MAIN BATTLE TANK”. Disponível em: <http://www.
militaryfactory.com/armor/detail.asp?armor_id=481>. Acesso em: 25/05/2013.
BERNARDINI S/A INDÚSTRIA E COMÉRCIO. Disponível em: <http://www.armyguide.com/eng/firm1399.html>. Acesso em: 25/05/2013.
BERNARDINI. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/Bernardini_(company)>.
Acesso em: 25/05/2013.
BOARD OF ORDNANCE. Disponível em: <http://www.royalarmouries.org/tower-oflondon/power-house/institutions-of-the-tower/board-of-ordnance>.
Acesso
em:
05/05/2013.
BOEING 707-320 KC-137 DA FAB. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/
wiki/Boeing_707-320c_FAB_KC_137>. Acesso em: 14/05/2013.
BOEING B-17 FLYING FORTRESS. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/
Boeing_B-17_Flying_Fortress>. Acesso em: 14/05/2013.
BOMB AND ROCKET DISPENSERS. Disponível em: <http://www.equipaer.com/eqbrd-20.php#>. Acesso em: 05/06/2013.
BRASIL É O 2º MAIOR FABRICANTE DE ARMAS LEVES NO OCIDENTE.
Disponível em: <http://www.douradosagora.com.br/noticias/brasil/brasil-e-o-2-maiorfabricante-de-armas-leves-pais-tem-17-6-mi-de-armamentos>.
Acesso
em:
18/05/2013.
111
BRASIL PRODUTOR EXPORTADOR DE ARMAS. Disponível em: <http://www.apu
blica.org/2012/01/brasil-produtor-exportador-de-armas/>. Acesso em: 18/06/2013.
BRIGADA MILITAR, HISTÓRIA. Disponível em: <https://www.bm.rs.gov.br/Historia/
museubm/index.html>. Acesso em: 16/05/2013.
BRITANITE E MECTRON JUNTAS NO DESENVOLVIMENTO DA BOMBA-GUIADA
NACIONAL. Disponível em: <http://www.aereo.jor.br/2009/04/17/britanite-e-mectronjuntas-no-desenvolvimento-da-bomba-guiada-nacional/>. Acesso em: 11/06/2013.
BRITANITE, INSTITUCIONAL. Disponível em: <http://www.britanite.com.br/?p=
ConteudoBritanite&Pagina=3&Area=Institucional>. Acesso em: 11/06/2013.
C-130 HERCULES. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/C-130_Hercules>.
Acesso em: 14/05/2013.
CADE APROVA ACORDO ENTRE AVIBRAS, EMBRAER E AEL. Disponível em:
<http://www.aereo.jor.br/2013/10/14/cade-aprova-acordo-entre-embraer-avibras-e-ae
l-sistemas/>. Acesso em: 24/05/2013.
CAP PAULISTINHA. Disponível em: <http://www.aviacaopaulista.com/aeronaves/
paulistinha.htm>. Acesso em: 03/06/2013.
CAP
PAULISTINHA.
Disponível
em:
<http://www.naval.com.br/anb/ANBaeronaves/CAP_Paulistinha/CAP_Paulistinha.htm>. Acesso em: 03/06/2013.
CBA-123 VECTOR. Disponível em: <http://www.centrohistoricoembraer.com.br/ptBR/RecuperacaoAeronaves/Paginas/CBA-123-Vector.aspx>.
Acesso
em:
04/06/2013.
CBC, HISTÓRIA DA EMPRESA. Disponível em: <http://www.cbc.com.br/sobre-aempresa-historia>. Acesso em: 20/05/2013.
CBC, HISTORY. Disponível em: <http://intl.cbc.com.br/the-company/history>. Acesso
em: 20/05/2013.
CENTRO TECNOLÓGICO DO EXÉRCITO, ATIVIDADES. Disponível em:
<http://www.ctex.eb.br/index.php/pesquisa-e-desenvolvimentonossa-atividade-fim/
projetos>. Acesso em: 11/05/2013.
CENTRO TECNOLÓGICO DO EXÉRCITO, HISTÓRICO. Disponível em:
<http://www.ctex.eb.br/index.php/o-ctexinstitucionalcols2/historiconossas-origens>.
Acesso em: 11/05/2013.
112
CENTRO TECNOLÓGICO DO EXÉRCITO, INSTITUCIONAL. Disponível em:
<http://www.ctex.eb.br/index.php/o-ctexinstitucionalcols2/quem-somosperfil-institucio
nal>. Acesso em: 11/05/2013.
CEPPE EQUIPAMENTOS INDUSTRIAL E COMÉRCIO LTDA. Disponível em:
<http://www.army-guide.com/eng/firm3058.html>. Acesso em: 12/06/2013.
CEPPE, EMPRESA MILITAR. Disponível em: <http://www.ceppe.ind.br/empresa_
militar.asp>. Acesso em: 12/06/2013.
CEPPE, PRODUTOS MILITAR. Disponível em: <http://www.ceppe.ind.br/produtos_
militar.asp>. Acesso em: 12/06/2013.
CESSNA T-37 NA FAB. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Cessna_T37#Emprego_na_For.C3. A7a_A.C3.A9rea_Brasileira>. Acesso em: 14/05/2013.
CLASSE AUDAZ DA MARINHA. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/
Classe_Audaz>. Acesso em: 13/05/2013.
CNNA. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/CNNA>. Acesso em: 03/06/2013.
COLUMBUS INTERNACIONAL, A EMPRESA. Disponível em: <http://www.columbus
parts.com.br/index.html>. Acesso em: 12/06/2013.
COMPANHIA AERONÁUTICA PAULISTA (CAP). Disponível em: <http://www.
centrohistoricoembraer.com.br/sites/iba/pt-BR/Historia/Paginas/Detalhes.aspx?IDI=
7>. Acesso em: 03/06/2013.
COMPANHIA BRASILEIRA DE CARTUCHOS. Disponível em: <http://en.
wikipedia.org/wiki/Companhia_Brasileira_de_Cartuchos>. Acesso em: 20/05/2013.
COMPANHIA NACIONAL DE NAVEGAÇÃO AÉREA / FÁBRICA BRASILEIRA DE
AVIÕES. Disponível em: <http://www.centrohistoricoembraer.com.br/sites/iba/ptBR/Historia/Paginas/Detalhes.aspx?IDI=3>. Acesso em: 03/06/2013.
COMPANHIA NACIONAL DE NAVEGAÇÃO AÉREA. Disponível em: <http://www.
museutec.org.br/resgatememoria2002/old/enciclop/cap002/025.html>. Acesso em:
03/06/2013.
CONDOR NON-LETHAL TECHNOLOGIES, GENERAL INFORMATION. Disponível
em: <http://www.epicos.com/EPCOMPANYprofileweb/GeneralInformation.aspx?com
pany=condor>. Acesso em: 14/06/2013.
CONDOR NON-LETHAL, PRODUCTS. Disponível em: <http://www.epicos.com/EP
COMPANYprofileweb/Products.aspx>. Acesso em: 14/06/2013.
113
CONSOLIDATED
CATALINA.
Disponível
em:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/
Consolidated_PBY_Catalina>. Acesso em: 14/05/2013.
CORPO DE FUZILEIROS NAVAIS. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/
Corpo_de_Fuzileiros_Navais>. Acesso em: 13/05/2013.
CORVETA CARIOCA. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Cv_Carioca_(C1)>. Acesso em: 13/05/2013.
CR ALMEIDA VENDE PARTE DA BRITANITE. Disponível em: <http://www.gazeta
dopovo.com.br/economia/conteudo.phtml?id=1241677&tit=CR-Almeida-vende-parteda-Britanite-para-chilenos-e-peruanos>. Acesso em: 11/06/2013.
CURIOSIDADES RURAL WILLYS. Disponível em: <http://ruralwillys.tripod.com/
diversos/curiosidade.htm>. Acesso em: 11/05/2013.
DASSAULT MIRAGE III. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Dassault_
Mirage_III>. Acesso em: 14/05/2013.
DCTA. Disponível em: <http://www.fcmf.org.br/sitenovo/cta.php>. Acesso em:
15/05/2013.
DECRETO DE CRIAÇÃO DA FÁBRICA DE PÓLVORA DA LAGOA. Disponível em:
<http://www.historiacolonial.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid
=987&sid=107>. Acesso em: 04/05/2013.
DECRETO Nº 87.336, DE 28 DE JUNHO DE 1982. Disponível em:
<http://legis.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=127312>. Acesso
em: 09/06/2013.
DHC-5 BUFFALO. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/De_Havilland_
Canada_DHC-5_Buffalo>. Acesso em: 14/05/2013.
DHC-5 BUFFALO. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/De_Havilland_
Canada_DHC-5_Buffalo>. Acesso em: 14/05/2013.
DIRETORIA DE FABRICAÇÃO DO EB HISTÓRICO.
<http://www.df.eb.br/historico.html>. Acesso em: 11/05/2013.
DOUGLAS A-20. Disponível em:
Havoc>. Acesso em: 14/05/2013.
Disponível
em:
<http://en.wikipedia.org/wiki/Douglas_A-20_
ELEB PRODUTOS. Disponível em: <http://www.eleb.net/html/interna.php?pagina=
produtos&indique=sim>. Acesso em: 15/06/2013.
114
ELEB, A EMPRESA. Disponível em: <http://www.eleb.net/html/interna.php?pagina=a
-empresa&indique=sim>. Acesso em: 15/06/2013.
ELEB. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Eleb>. Acesso em: 15/06/2013.
EMB-111 BANDEIRULHA. Disponível em: <http://www.centrohistoricoembraer.com.
br/pt-BR/HistoriaAeronaves/Paginas/EMB-111-Bandeirante-Patrulha.aspx>. Acesso
em: 04/06/2013.
EMB-120 BRASÍLIA. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/Embraer_EMB_
120_Brasilia>. Acesso em: 04/06/2013.
EMB-120 BRASÍLIA. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Embraer_EMB120_Bras%C3%ADlia>. Acesso em: 04/06/2013.
EMB-120 BRASÍLIA. Disponível em: <http://www.centrohistoricoembraer.com.br/ptBR/HistoriaAeronaves/Paginas/EMB-120-Brasilia.aspx>. Acesso em: 04/06/2013.
EMB-121 XINGU. Disponível em: <http://fr.wikipedia.org/wiki/Embraer_EMB-121_
Xingu>. Acesso em: 04/06/2013.
EMB-312 TUCANO. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/Embraer_EMB_
312_Tucano>. Acesso em: 04/06/2013.
EMB-312 TUCANO. Disponível em: <http://www.centrohistoricoembraer.com.br/ptBR/HistoriaAeronaves/Paginas/EMB-312-Tucano.aspx>. Acesso em: 04/06/2013.
EMB-326 XAVANTE. Disponível em: <http://www.centrohistoricoembraer.com.br/ptBR/HistoriaAeronaves/Paginas/EMB-326-Xavante.aspx>. Acesso em: 04/06/2013.
EMBRAER CBA-123 VECTOR. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Embraer
_CBA-123_Vector>. Acesso em: 04/06/2013.
EMBRAER EMB-314 SUPER TUCANO. Disponível em: <http://en.wikipedia.
org/wiki/Embraer_EMB_314_Super_Tucano>. Acesso em: 22/06/2013.
EMBRAER ERJ 145 FAMILY. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/Embraer_
ERJ_145_family>. Acesso em: 22/06/2013.
EMBRAER KC-390. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/Embraer_KC-390>.
Acesso em: 22/06/2013.
EMBRAER, ANOS 2000. Disponível em: <http://www.centrohistoricoembraer.com.br/
sites/timeline/pt-BR/Paginas/default.aspx#todos/2000>. Acesso em: 04/06/2013.
115
EMBRAER, ANOS 70. Disponível em: <http://www.centrohistoricoembraer.com.br/
sites/timeline/pt-BR/Paginas/default.aspx#todos/1970>. Acesso em: 04/06/2013.
EMBRAER, ANOS 80. Disponível em: <http://www.centrohistoricoembraer.com.br/
sites/timeline/pt-BR/Paginas/default.aspx#todos/1980>. Acesso em: 04/06/2013.
EMBRAER, ANOS 90. Disponível em: <http://www.centrohistoricoembraer.com.br/
sites/timeline/pt-BR/Paginas/default.aspx#todos/1990>. Acesso em: 04/06/2013.
EMBRAER, HISTÓRICO. Disponível em: <http://www.centrohistoricoembraer.com.
br/pt-BR/HistoriaEmbraer /Paginas/Historico.aspx>. Acesso em: 04/06/2013.
EMBRAER, LINHA DO TEMPO. Disponível em: <http://www.centrohistoricoembraer.
com.br/sites/timeline/pt-BR/Paginas/default.aspx#todos/antes>.
Acesso
em:
04/06/2013.
EMBRAER, TRADIÇÃO E HISTÓRIA. Disponível em: <http://www.embraer.com.
br/pt-BR/ConhecaEmbraer/TradicaoHistoria/Paginas/Home.aspx>.
Acesso
em:
04/06/2013.
EMGEPRON, A EMPRESA. Disponível em: <https://www.emgepron.mar.mil.br/
index/aempresa.php>. Acesso em: 10/06/2013.
EMGEPRON, CONSTRUÇÃO NAVAL. Disponível em: <https://www.emgepron.
mar.mil.br/index/construcao_naval.php>. Acesso em: 10/06/2013.
EMGEPRON, MUNIÇÃO. Disponível em: <https://www.emgepron.mar.mil.br/index/
municao.php>. Acesso em: 10/06/2013.
EMPRESA
GERENCIAL
DE
PROJETOS
NAVAIS.
Disponível
em:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Empresa_Gerencial_de_Projetos_Navais>. Acesso em:
10/06/2013.
ENGENHEIROS ESPECIALIZADOS S.A. – ENGESA. Disponível
<http://www.army-guide.com/eng/firm 1036.html>. Acesso em: 25/05/2013.
em:
ENGESA EE-11 URUTU. Disponível em: <http://army-guide.com/eng/product
553.html>. Acesso em: 25/05/2013.
ENGESA EE-34. Disponível em: <http://quatrorodas.abril.com.br/carros/classicosbrasileiros/engesa-ee-34-729752.shtml>. Acesso em: 25/05/2013.
ENGESA EE-9 CASCAVEL. Disponível em: <http://army-guide.com/eng/product
551.html>. Acesso em: 25/05/2013.
116
ENGESA EE-T4 OGUM. Disponível
4492.html>. Acesso em: 25/05/2013.
em:
<http://army-guide.com/eng/product
ENGESA S/A. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/Engesa>. Acesso em:
25/05/2013.
ENGESA/AGRALE
MARRUÁ.
Disponível
em:
<http://guerraearmas.
wordpress.com/armas-brasileiras/engesaagrale-marrua/>. Acesso em: 26/05/2013.
EQUIPAER COMPANY. Disponível em: <http://www.equipaer.com/company.php#>.
Acesso em: 05/06/2013.
EXÉRCITO
BRASILEIRO,
ENTIDADES
VINCULADAS.
Disponível
<http://www.eb.mil.br/entidades-vinculadas>. Acesso em: 21/05/2013.
em:
EXÉRCITO PORTUGUÊS; O SUMIÇO DAS PICKUPS WILLYS BRASILEIRAS.
Disponível em: <http://pamarangoni. blogspot.com.br/2011/07/exercito-portuguesosumico-das-pickups.html>. Acesso em: 19/06/2013.
F-85 CACHORRO LOUCO. Disponível em: <http://esquadraodalama.wix.com/site#!f85-cachorro-louco/c1gx>. Acesso em: 19/06/2013.
FÁBRICA DO GALEÃO. Disponível em: <http://www.centrohistoricoembraer.com.br/
sites/iba/pt-BR/Historia/Paginas/Detalhes.aspx?IDI=5>. Acesso em: 14/05/2013.
FÁBRICAS
ANTIGAS
DO
BRASIL
–
INA.
Disponível
em:
<http://vitrinedaarmaria.blogspot.com.br/2009/06/fabricas-antigas-do-brasil-ina.html>.
Acesso em: 21/05/2013.
FAIRCHILD PT-19. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Fairchild_PT-19>.
Acesso em: 14/05/2013.
FATORELLI, C. Aviação e as empresas Pignatari. Disponível em:
<http://carlosfatorelli27013.blogspot.com.br/2011/11/aviacao-e-as-empresas-pignata
ri.html>. Acesso em: 03/06/2013.
FEDERAL POLICE (BRAZIL). Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/Federal_
Police_(Brazil)>. Acesso em: 16/05/2013.
FRAGATA INDEPENDÊNCIA. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/F_Inde
pend%C3%AAncia_(F-44)>. Acesso em: 13/05/2013.
FRAGATA LIBERAL. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/F_Liberal_(F-43)>.
Acesso em: 13/05/2013.
117
FRAGATA UNIÃO. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/F_Uni%C3%A3o_(F45)>. Acesso em: 13/05/2013.
FUZILEIROS NAVAIS, HISTÓRICO. Disponível em: <http://www.mar.mil.br/cgcfn/
museu/historicofn.htm>. Acesso em: 13/05/2013.
GESPI, INSTITUCIONAL. Disponível em: <http://gespi.com.br/?page=institucional>.
Acesso em: 05/06/2013.
GLOSTER METEOR. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Gloster_Meteor>.
Acesso em: 14/05/2013.
GRUPO CBC. Disponível em: <http://www.cbc.com.br/grupo-cbc>. Acesso em:
18/06/2013.
GRUPO INBRA, COMPANY PROFILE. Disponível em: <http://www.epicos.com/
epicos/extended/brazil/inbra/inbra_home.html>. Acesso em: 16/06/2013.
GRUPO INBRA, EMPRESAS. Disponível em: <http://www.grupoinbra.com.br/
empresas.php>. Acesso em: 16/06/2013.
GRUPO INBRA, O GRUPO. Disponível em: <http://www.grupoinbra.com.br/
o_grupo.php>. Acesso em: 16/06/2013.
GRUPO INBRA, SERVIÇOS. Disponível
servicos.php>. Acesso em: 16/06/2013.
em:
<http://www.grupoinbra.com.br/
GUERRILHA DO ARAGUAIA. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerrilha_
do_Araguaia>. Acesso em: 10/05/2013.
HELIBRAS COMEMORA 35 ANOS DE FUNDAÇÃO. Disponível em:
<http://www.defesanet.com.br/helibras/ noticia/10312/Helibras---Comemora-35-anosde-fundacao>. Acesso em: 06/06/2013.
HELIBRAS, A EMPRESA. Disponível em: <http://www.helibras.com.br/a-helibras_aempresa.php>. Acesso em: 06/06/2013.
HELIBRAS, HISTÓRICO. Disponível em: <http://www.helibras.com.br/a-helibras
_historico.php>. Acesso em: 06/06/2013.
HENRIQUE LAGE E A CNNA – COMPANHIA NACIONAL DE NAVEGAÇÃO
AÉREA. Disponível em: <http://1000tao.blogspot.com.br/2012/04/henrique-lage-ecnna-companhia-nacional.html>. Acesso em: 03/06/2013.
HISTÓRIA DA BRIGADA MILITAR. Disponível em: <http://bav-bm.blogspot.com.br/
2012/06/historia-da-brigada-militar_15.html>. Acesso em: 16/05/2013.
118
HISTÓRIA DA BRIGADA MILITAR. Disponível em: <http://zerohora.clicrbs.com.
br/rs/geral/fotos/relembre-a-historia-da-brigada-militar-25359.html>. Acesso em:
16/05/2013.
HISTÓRIA DA MERCEDES-BENZ. Disponível em: <http://www.infoescola.com/
multinacionais/historia-da-mercedes-benz/>. Acesso em: 27/05/2013.
HISTÓRIA DA TOYOTA NO BRASIL. Disponível em: <http://www.toyota.com.br/
sobre_toyota/historia_toyota_brasil.aspx>. Acesso em: 29/05/2013.
HMS VENGEANCE. Disponível em: <http://www.fleetairarmarchive.net/ships/
VENGEANCE.html>. Acesso em: 13/05/2013.
IMBEL HISTÓRICO. Disponível
historico>. Acesso em: 21/05/2013.
em:
<http://www.imbel.gov.br/index.php/pt/
IMBEL, A FÁBRICA DE ITAJUBÁ. Disponível em: <http://www.imbel.gov.br/
index.php/pt/features-mainmenu-48/fi>. Acesso em: 21/05/2013.
IMBEL, A FÁBRICA DE JUIZ DE FORA. Disponível em: <http://www.imbel.gov.
br/index.php/pt/features-mainmenu-48/fjf>. Acesso em: 21/05/2013.
IMBEL, A FÁBRICA DE MATERIAIS DE COMUNICAÇÃO E ELETRÔNICA.
Disponível em: <http://www.imbel.gov.br/index.php/pt/features-mainmenu-48/fmce>.
Acesso em: 21/05/2013.
IMBEL, A FÁBRICA ESTRELA. Disponível em: <http://www.imbel.gov.br/index.
php/pt/features-mainmenu-48/fe>. Acesso em: 21/05/2013.
IMBEL, A FÁBRICA PRESIDENTE VARGAS. Disponível em: <http://www.imbel.
gov.br/index.php/pt/features-mainmenu-48/fpv>. Acesso em: 21/05/2013.
IMBEL. Disponível
21/05/2013.
em:
<http://www.imbel.gov.br/index.php>.
INACE, HISTÓRICO. Disponível
=historico>. Acesso em: 10/06/2013.
em:
Acesso
em:
<http://www.inace.com.br/novo/?pagina
INACE. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/INACE>. Acesso em: 10/06/2013.
INDÚSTRIA NACIONAL DE ARMAS SUSPENDEM EXPORTAÇÕES AO
PARAGUAI. Disponível em: <http://www.dgabc.com.br/Noticia/207360/industrianacional-de-armas-suspendem-exportacoes-ao-paraguai>. Acesso em: 16/05/2013.
INDÚSTRIA NACIONAL DE ARMAS. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/
wiki/Ind%C3%BAstria_Nacional_de_Armas>. Acesso em: 21/05/2013.
119
INDÚSTRIA NAVAL DO CEARÁ. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/
Ind%C3%BAstria_Naval_do_Cear%C3%A1>. Acesso em: 10/06/2013.
INSPETORIA GERAL DAS POLÍCIAS MILITARES, HISTÓRICO. Disponível em:
<http://www.coter.eb.mil.br/igpm/index.php/igpm/historico>. Acesso em: 16/05/2013.
INSPETORIA GERAL DAS POLÍCIAS MILITARES. Disponível em: <http://pt.
wikipedia.org/wiki/Inspetoria_Geral_das_Pol%C3%ADcias_Militares>. Acesso em:
16/05/2013.
LASSANCE, ANTONIO: GETÚLIO VARGAS E A REVOLUÇÃO DE 1930. Disponível
em: <http://antoniolassance.blogspot.com.br/2010/10/destaques_26.html>. Acesso
em: 17/05/2013.
LEND-LEASE SHERMAN TANKS. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/LendLease_Sherman_tanks>. Acesso em: 07/05/2013.
LEND-LEASE-ACT. Disponível em: <http://www.history.com/topics/lend-lease-act>.
Acesso em: 07/05/2013.
LEOPARD TANK. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Leopard>. Acesso em:
13/05/2013.
LIBRARY OF CONGRESS COUNTRY STUDIES. Brazil and Asia. Washington:
Library of
Congress,
1997. Disponível em:
<http://lcweb2.loc.gov/cgibin/query/r?frd/cstdy:@field(DOCID+br0114)>. Acesso em: 21/06/2013.
LIBRARY OF CONGRESS COUNTRY STUDIES. Brazil defense industries.
Washington: Library of Congress, 1997. Disponível em: <http://lcweb2.loc.gov/cgibin/query/r?frd/cstdy:@field(DOCID+br0122)>. Acesso em: 21/06/2013.
LIBRARY OF CONGRESS COUNTRY STUDIES. Iraq, economy. Washington:
Library of
Congress,
1988.
Disponível em:
<http://lcweb2.loc.gov/cgibin/query/r?frd/cstdy:@field(DOCID+iq0006)>. Acesso em: 21/06/2013.
LIBRARY OF CONGRESS COUNTRY STUDIES. Iraq, foreign trade. Washington:
Library of
Congress,
1988. Disponível em:
<http://lcweb2.loc.gov/cgibin/query/r?frd/cstdy:@field(DOCID+iq0068)>. Acesso em: 21/06/2013.
LIBRARY OF CONGRESS COUNTRY STUDIES. Libya: western restrictions on
arms transactions. Washington: Library of Congress, 1987. Disponível em:
<http://lcweb2.loc.gov/cgi-bin/query/r?frd/cstdy:@field(DOCID+ly0158)>. Acesso em:
21/06/2013.
LIST OF ACTIVE BRAZILIAN MILITARY AIRCRAFT. Disponível em:
<http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_active_Brazilian_military_aircraft>. Acesso em:
16/05/2013.
120
LISTA DE AERONAVES ATUAIS DA FAB. Disponível em: <http://pt.
wikipedia.org/wiki/Anexo:Lista_de_aeronaves_atuais_da_For%C3%A7a_A%C3%A9r
ea_Brasileira>. Acesso em: 16/05/2013.
LISTA DE AERONAVES QUE SERVIRAM A FORÇA AÉREA BRASILEIRA.
Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Lista_de_aeronaves_que_servi
ram_a_For%C3%A7a_A%C3%A9rea_Brasileira>. Acesso em: 14/05/2013.
LISTA DE ARMAMENTOS DA FAB. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/
Anexo:Lista_de_armamentos_da_For%C3%A7a_A%C3%A9rea_Brasileira>. Acesso
em: 16/05/2013.
LISTA DE EMBARCAÇÕES DA MARINHA DO BRASIL. Disponível em:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_das_embarca%C3%A7%C3%B5es_da_Marinha_
do_Brasil>. Acesso em: 13/05/2013.
LISTA DE NAVIOS CONSTRUÍDOS PELO ARSENAL DE MARINHA DO RIO DE
JANEIRO. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_navios_constru%C3
%ADdos_no_Arsenal_de_Marinha_do_Rio_de_Janeiro>. Acesso em: 13/05/2013.
LISTA DE NAVIOS DESCOMISSIONADOS DA MARINHA DO BRASIL. Disponível
em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Lista_de_navios_descomissionados_da_ Mari
nha_do_Brasil>. Acesso em: 13/05/2013.
LOCKHEED HUDSON. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/Lockheed_
Hudson>. Acesso em: 14/05/2013.
M-113 ARMORED PERSONNEL CARRIER. Disponível em: <http://www.
globalsecurity.org/military/systems/ground/m113.htm>. Acesso em: 11/05/2013.
M-3 STUART. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/M3_Stuart>. Acesso em:
09/05/2013.
M-41 CAXIAS. Disponível em: <http://www.redetec.org.br/inventabrasil/caxias.htm>.
Acesso em: 11/05/2013.
M-41 WALKER BULLDOG. Disponível em: <http://es.wikipedia.org/wiki/M41_Walker
_Bulldog>. Acesso em: 09/05/2013.
M-8 GREYHOUND. Disponível em: <http://www.portalfeb.com.br/equipamentos/
veiculos-feb/m8-greyhound/>. Acesso em: 10/05/2013.
MACIEL, C. Estudo mostra que maioria das armas apreendidas é nacional.
Disponível em: <http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/estudo-mostra-que-maioriadas-armas-apreendidas-e-nacional>. Acesso em: 18/05/2013.
121
MADE IN BRAZIL – MISSILES, BOMBAS Y SIMILARES. Disponível em:
<http://www.aviacionargentina.net/foros/sistemas-de-armas.26/3747-made-brazil-mis
siles-bombas-y-similares-4.html>. Acesso em: 13/05/2013.
MAGTECH AMMUNITION. Disponível em: <http://www.magtechammunition.com/
sitepages/pid52.php>. Acesso em: 20/05/2013.
MARIGUELLA, C. Mini manual do guerrilheiro urbano: 1969. Disponível em:
<http://www.dhnet.org.br/denunciar/tortura/mariguella.htm#4>.
Acesso
em:
18/05/2013.
MARINHA DO BRASIL – IPqM. Disponível em: <http://www.mar.mil.br/ipqm/
v.1.0.0/index.htm>. Acesso em: 13/05/2013.
MARINHA DO BRASIL NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL. Disponível em:
<http://www.defesabr. com/Historia/historia_mb_2gm.htm>. Acesso em: 13/05/2013.
MARINHA DO BRASIL, AMRJ DÉCADA DE 60. Disponível
<http://www.mar.mil.br/amrj/h_xx60.htm>. Acesso em: 23/06/2013.
em:
MARINHA DO BRASIL, AMRJ DÉCADA DE 70. Disponível
<http://www.mar.mil.br/amrj/h_xx70.htm>. Acesso em: 23/06/2013.
em:
MARINHA DO BRASIL, AMRJ DÉCADA DE 80. Disponível
<http://www.mar.mil.br/amrj/h_xx80.htm>. Acesso em: 23/06/2013.
em:
MARINHA DO BRASIL, AMRJ DÉCADA DE 90. Disponível
<http://www.mar.mil.br/amrj/h_xx90.htm>. Acesso em: 23/06/2013.
em:
MARINHA DO BRASIL, HISTÓRIA. Disponível em: <http://www.mar.mil.br/menu_h/
historia/historia_naval/histor.htm>. Acesso em: 13/05/2013.
MECTRON, HISTÓRIA. Disponível em: <http://www.mectron.com.br/historia.asp>.
Acesso em: 07/06/2013.
MECTRON. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/Mectron>. Acesso em:
07/06/2013.
MERCEDES-BENZ
DO
BRASIL,
INSTITUCIONAL.
Disponível
em:
<http://www.mercedes-benz.com.br/Homeinterna.aspx?categoria=140>. Acesso em:
27/05/2013.
MERCEDES-BENZ, HISTÓRIA ANOS 60. Disponível em: <http://www1.mercedesbenz.com.br/historia/produto/cenhistoriaproduto_1960.htm>.
Acesso
em:
27/05/2013.
122
MERCEDES-BENZ, HISTÓRIA ANOS 70. Disponível em: <http://www1.mercedesbenz.com.br/historia/produto/cenhistoriaproduto_1970.htm>.
Acesso
em:
27/05/2013.
MERCEDES-BENZ, HISTÓRIA ANOS 90. Disponível em: <http://www1.mercedesbenz.com.br/historia/produto/cenhistoriaproduto_1990.htm>.
Acesso
em:
27/05/2013.
METRALHADORA INA 1950. Disponível em: <http://promemoriaforcapublica.
blogspot.com.br/2010/09/ armamentos-metralhadora-ina-1950.html>. Acesso em:
21/05/2013.
METRALHADORA
INA.
Disponível
em:
<http://www.gpeb.org/products/
metralhadora-de-m%C3%A3o-ina-/>. Acesso em: 21/05/2013.
MILITARY
POLICE
OF
RIO
DE
JANEIRO.
Disponível
em:
<http://en.wikipedia.org/wiki/Military_Police_of_Rio_de_Janeiro_State>. Acesso em:
16/05/2013.
MILITARY POLICE OF SÃO PAULO. Disponível em: <http://en.wiki
pedia.org/wiki/Pol%C3%ADcia_Militar_do_Estado_de_S%C3%A3o_Paulo>. Acesso
em: 16/05/2013.
MISSILE ADAPTOR. Disponível em: <http://www.equipaer.com/eq-alm.php>. Acesso
em: 05/06/2013.
MODERN EQUIPMENT OF THE BRAZILIAN ARMY. Disponível em:
<http://en.wikipedia.org/wiki/Modern_equipment_of_the_Brazilian_Army>.
Acesso
em: 11/05/2013.
MOLYTROL LTDA. Disponível em: <http://www.army-guide.com/eng/firm3086.html>.
Acesso em: 12/06/2013.
NAE A-12 SÃO PAULO – MARINHA DO BRASIL. Disponível em:
<http://www.militarypower.com.br/frame4-armas2.htm>. Acesso em: 13/05/2013.
NAVIOS DA MARINHA. Disponível em: <http://www.revistadehistoria.com.br/
secao/artigos/navios-da-discordia>. Acesso em: 13/05/2013.
NAVIOS DE GUERRA BRASILEIROS. Disponível
brasileiros.com.br/>. Acesso em: 13/05/2013.
em:
<http://www.navios
NEIVA REGENTE. Disponível em: <http://www.musal.aer.mil.br/regente_l42.htm>.
Acesso em: 08/06/2013.
123
NEIVA T-25 UNIVERSAL. Disponível em: <http://www.esquadrilhadafumaca.com.br/
index.php/quem-somos-52/aeronaves/5-n-621-neiva-t-25-quniversalq>. Acesso em:
08/06/2013.
NEIVA UNIVERSAL. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/Neiva_Universal>.
Acesso em: 08/06/2013.
NEIVA, INSTITUCIONAL. Disponível em: <http://www.aeroneiva.com.br/ptBR/Institucional/Paginas/ Historia-Tradicao.aspx>. Acesso em: 08/06/2013.
NETO, C. F. P. Fuzis Mauser e as espingardas da Fábrica de Itajubá. 2011.
Disponível em: <http://armasonline.org/armas-on-line/as-espingardas-da-fabrica-deitajuba/>. Acesso em: 12/05/2013.
NORTHROP F-5E TIGER II. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Northrop_F5E_Tiger_II>. Acesso em: 14/05/2013.
NOVATRAÇÃO
ARTEFATOS
DE
BORRACHA
S/A.
Disponível
<http://www.army-guide.com/eng/firm 3088.html>. Acesso em: 16/06/2013.
em:
O ACIDENTE QUE VITIMOU O PRESIDENTE CASTELLO BRANCO. Disponível
em: <http://www.gpformodelismo.com/gpformodelismo/artigos/gpfor-narrando-histo
ria-o-acidente-que-vitimou-o-presidente-castello-branco/>. Acesso em: 14/05/2013.
O BATALHÃO DE SUEZ. Disponível em: <http://www.batalhaosuez.com.br/
batsuez1.htm>. Acesso em: 26/05/2013.
O
BRASIL
NA
PRIMEIRA
GUERRA
MUNDIAL.
Disponível
em:
<http://www.suapesquisa.com/primeiraguerra/ brasil_primeira_guerra.htm>. Acesso
em: 13/05/2013.
O JEEP CANHONEIRO. Disponível em: <http://jeepguerreiro.blogspot.com.br/
2010/06/o-jeep-canhoneiro.html>. Acesso em: 10/05/2013.
O
TOYOTA
BRASILEIRO.
Disponível
classicos/band-4.htm>. Acesso em: 29/05/2013.
em:
<http://bestcars.uol.com.br/
ORIGEM DA IMBEL. Disponível em: <http://www.imbel.gov.br/>. Acesso em:
06/05/2013.
P-2 NEPTUNE. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/P-2_Neptune>. Acesso
em: 14/05/2013.
P-47 THUNDERBOLT NA FAB. Disponível em: <http://www.rudnei.cunha.nom.br/
FAB/br/p-47.html>. Acesso em: 14/05/2013.
124
P-47 THUNDERBOLT. Disponível em: <http://thunderbolt.sentandoapua.com.br/
intro.htm>. Acesso em: 14/05/2013.
PINHEIRO, L. A política externa de Vargas. Disponível em: <http://cpdoc.fgv.br/
producao/dossies/AEraVargas2/artigos/EleVoltou/PoliticaExterna>.
Acesso
em:
08/05/2013.
PINTO, T. República Velha: 1889-1930. Disponível em: <http://www.brasilescola.
com/historiab/republica-velha-1889-1930.htm>. Acesso em: 06/05/2013.
POLÍCIA MILITAR DO RIO GRANDE DO NORTE. Disponível em: <http://pt.
wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADcia_Militar_do_Rio_Grande_do_Norte>. Acesso em:
17/05/2013.
POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/
Pol%C3%ADcia_Rodovi%C3%A1ria_Federal>. Acesso em: 16/05/2013.
PREÂMBULO
DA
CONSTITUIÇÃO
DA
UNESCO.
Disponível
<http://brasunesco.itamaraty.gov.br/pt-br/>. Acesso em: 03/05/2013.
em:
PRIMEIROS BLINDADOS NO BRASIL. Disponível em: <http://www.cibld.
ensino.eb.br/index.php/primeiros-blindados-brasil>. Acesso em: 17/05/2013.
PROGRAMA ALAC. Disponível em: <http://www.basemilitar.com.br/forum/
viewtopic.php?f=5&t=1913>. Acesso em: 21/05/2013.
PROJECT ASTROS. Disponível em: <http://www.army-technology.com/projects
/astros/>. Acesso em: 24/05/2013.
QUEM É O GRUPO INBRAFILTRO. Disponível em: <http://www.aereo.
jor.br/2010/06/23/quem-e-o-grupo-inbrafiltro/>. Acesso em: 16/06/2013.
REBELIÕES NA REPÚBLICA VELHA. Disponível em: <http://www.brasilescola.
com/historiab/rebelioes-na-republica-velha.htm>. Acesso em: 08/05/2013.
REINERT,
J.
C.
A
história
da
marca
FNM.
<http://alfafnm.com/historia-da-fnm/>. Acesso em: 26/05/2013.
Disponível
em:
ROSSI, HISTORY. Disponível em: <http://www.rossiusa.com/history.cfm>. Acesso
em: 23/05/2013.
RURAL WILLYS. Disponível em: <http://bestcars.uol.com.br/classicos/rural-2.htm>.
Acesso em: 11/05/2013.
S-2 TRACKER. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/S-2_Tracker>. Acesso
em: 13/05/2013.
125
SAMAHÁ, F. Derivada do indestrutível Jeep, a Rural e o Pickup Willys ajudaram
a desbravar nossas estradas. Disponível em: <http://bestcars.uol.com.br/
classicos/rural-1.htm>. Acesso em: 28/05/2013.
SANTIAGO, E. História do exército brasileiro. 2012. Disponível em:
<http://www.infoescola.com/curiosidades/historia-do-exercito-brasileiro/>.
Acesso
em: 06/05/2013.
SANTIAGO, E. Indústria naval. Disponível em: <http://www.infoescola.com/
economia/industria-naval/>. Acesso em: 13/05/2013.
SOCIEDADE CONSTRUTORA AERONAÚTICA NEIVA. Disponível em: <http://www.
centrohistoricoembraer.com.br/sites/iba/pt-BR/Historia/Paginas/Detalhes.aspx?IDI=
8>. Acesso em: 08/06/2013.
SOUZA, F. A história da polícia militar começou no império. 2008. Disponível
em: <http://pessoas.hsw.uol.com.br/policia-militar1.htm>. Acesso em: 17/05/2013.
SOUZA, F. Como funciona o tráfico de drogas. Disponível em:
<http://pessoas.hsw.uol.com.br/trafico-de-drogas3.htm>. Acesso em: 19/06/2013.
TAURUS COMPRA A ROSSI. Disponível em: <http://kiminda.wordpress.com/
2008/09/11/armas-taurus-compra-a-amadeu-rossi/>. Acesso em: 23/05/2013.
TAURUS HISTÓRICO DÉCADA DE 2000. Disponível em: <http://www.taurus.
com.br/?on=empresas&in=historico&decada=2000>. Acesso em: 17/06/2013.
TAURUS HISTÓRICO DÉCADA DE 90. Disponível em: <http://www.taurus.
com.br/?on=empresas&in=historico&decada=1990>. Acesso em: 17/06/2013.
TAURUS HISTORY. Disponível
Acesso em: 23/05/2013.
em:
<http://www.taurususa.com/history.cfm>.
TAURUS, EMPRESAS. Disponível em: <http://www.taurus.com.br/?on=empresas>.
Acesso em: 23/05/2013.
TAURUS, HISTÓRICO DÉCADA DE 40. Disponível em: <http://www.taurus.
com.br/?on=empresas&in=historico&decada=1940>. Acesso em: 23/05/2013.
TAURUS, HISTÓRICO DÉCADA DE 50. Disponível em: <http://www.taurus.
com.br/?on=empresas&in=historico&decada=1950>. Acesso em: 23/05/2013.
TAURUS, HISTÓRICO DÉCADA DE 60. Disponível em: <http://www.taurus.
com.br/?on=empresas&in=historico&decada=1960>. Acesso em: 23/05/2013.
126
TAURUS, HISTÓRICO DÉCADA DE 70. Disponível em: <http://www.taurus.
com.br/?on=empresas&in=historico&decada=1970>. Acesso em: 23/05/2013.
TAURUS, HISTÓRICO DÉCADA DE 80. Disponível em: <http://www.taurus.
com.br/?on=empresas&in=historico&decada=1980>. Acesso em: 23/05/2013.
TOYOTA BANDEIRANTE. Disponível
Bandeirante>. Acesso em: 29/05/2013.
em:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Toyota_
TOYOTA'S FIRST PRODUCTION OUTSIDE JAPAN AT TOYOTA DO BRASIL.
Disponível em: <http://www.toyota-global.com/company/history_of_toyota/75years/
text/taking_on_the_automotive_business/chapter2/section9/item3_a.html>. Acesso
em: 29/05/2013.
VIANA, A. M-8 Greyhound. 2010. Disponível em: <http://www. portalfeb.com.br/
equipamentos/veiculos-feb/m8-greyhound/>. Acesso em: 07/05/2013.
VIATURA BLINDADA DE ENGENHARIA – CONVERSÃO SHERMAN. Disponível
em:
<http://armasnacionais.blogspot.com.br/2013/08/viatura-blindada-especial-deengenharia.html>. Acesso em: 10/05/2013.
VIATURA M-113. Disponível em: <http://viaturasdoeb.blogspot.com.br/2009/03/
viatura-m113-exercito-brasileiro.html>. Acesso em: 11/05/2013.
VIATURA TÁCTICA LIGEIRA (WILLYS). Disponível em: <http://www.areamilitar.net/
DIRECTORIO/ter.aspx?NN=196&P=15>. Acesso em: 11/05/2013.
VIATURA TÁCTICA LIGEIRA WILLYS, M-38 A1 Jeep. Disponível
<http://www.areamilitar.net/DIRECTORIO/ter.aspx?NN=196&P=15>. Acesso
28/05/2013.
em:
em:
VIATURAS
CLÁSSICAS.
Disponível
em:
<http://quatrorodas.abril.com.br/
reportagens/viaturas-classicas-vao-museu-682198.shtml>. Acesso em: 16/05/2013.
VIATURAS DA POLÍCIA MILITAR DO RIO DE JANEIRO. Disponível em: <http://
boletimocorrenciapolicial.blogspot.com.br/2012/05/as-viaturas-da-pmerj-policia-mili
tar-do.html>. Acesso em: 16/05/2013.
VIATURAS DE POLÍCIA. Disponível em: <http://viaturasbrasil.blogspot.com.br/p/
policia.html>. Acesso em: 29/05/2013.
VIATURAS POLICIAIS ANTIGAS. Disponível em: <http://www.estadao.com.br/
jornal-do-carro/noticias/antigos,patrulhas-do-tempo--conheca-viaturas-antigas,7756,
0.htm>. Acesso em: 14/05/2013.
127
VIATURAS POLICIAIS DE MINAS GERAIS. Disponível em: <http://www.cyber
policia.com.br/index.php/logistica-policial/veiculos-policiais/240-viaturas-policiais-demg>. Acesso em: 16/05/2013.
VOSPER THORNYCROFT. Disponível em: <http://www.battleships-cruisers.
co.uk/vosper_thornycroft.htm>. Acesso em: 13/05/2013.
WILLYS OVERLAND DO BRASIL. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Willys
_Overland_do_Brasil>. Acesso em: 28/05/2013.
WILLYS OVERLAND DO BRASIL. Disponível em: <http://www.angelfire.com/
wi/willysbr/willys1.html>. Acesso em: 28/05/2013.
Download

rafael welfer tcc