SUBSTRATO E TEMPERATURA NA GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE
Phytolacca dioica L. (UMBU) EM CONDIÇÕES DE LABORATÓRIO
Denis Borges Tomio1; Elaine Cosma Fiorelli²; Sérgio Roberto Garcia dos Santos³
Resumo
Phytolacca dioica, conhecida como umbu ou ceboleiro é uma espécie pioneira de rápido crescimento, utilizada
para recuperação de áreas degradadas e paisagismo; nativa das regiões sudeste e sul do Brasil. Não foram
encontradas em literaturas científicas e nas Regras para Análise de Sementes recomendações de uso para
substratos e temperaturas em testes laboratoriais com essa espécie. Dessa maneira, o presente trabalho teve por
objetivo avaliar diferentes substratos, temperaturas e suas interações na germinação e no vigor de sementes de
Phytolacca dioica L. O experimento foi instalado em esquema fatorial de 6x6 (temperaturas x substratos) com
quatro repetições de 25 sementes cada. Foram testados os substratos: areia, papel mata-borrão e vermiculita nas
modalidades “entre” e “sobre” semeadura, e as temperaturas constantes de 20, 25 e 30ºC e as alternadas de 2025, 20-30 e 20-35ºC. Os parâmetros analisados foram a porcentagem de germinação e o Índice de Velocidade de
Germinação. As melhores temperaturas e substratos, levando-se em consideração os resultados médios de
germinação e vigor, foram: 20-25°C: sobre areia, entre papel e sobre vermiculita; 20-30°C: entre areia, sobre
areia e sobre vermiculita e 30°C: entre areia e sobre papel.
Palavras chaves: ceboleiro, área degradada, padrão de germinação.
SUBSTRATE AND TEMPERATURE ON GERMINATION OF Phytolacca dioica L. (UMBU) IN LABORATORY
CONDITIONS
Abstract
Phytolacca dioica, known as umbu or ceboleiro is a pioneer species, fast-growing used to recover degraded
areas and landscaping; native to southern and southeastern Brazil. Were not found in scientific literature and the
Rules for Seed Analysis recommendation for use of substrates and temperatures in laboratory tests with this
species. Thus, this study was to evaluate different substrate temperatures and their interactions on germination
and vigor of seeds of Phytolacca dioica. The experiment was installed in a system with 6x6 factorial scheme
(temperatures x substrates), with four replicates of 25 seeds each. Were tested as substrates: sand, blotting paper
and vermiculite in the ways "between" and "on" seeding, and the constant temperatures of 20, 25 and 30°C and
alternate 20-25, 20-30 and 20-35ºC. The parameters analyzed were the percentage of germination and
germination speed index. The best temperature and substrate taking into account the average results of
germination and vigor were: 20-25°C: on sand, between paper and on vermiculite; 20-30°C: between sand, on
sand and on vermiculite and 30°C: between sand and on paper.
Key words: ceboleiro, degraded area, standard of germination
¹Eng. Agrônomo, mestrando em Produção Vegetal, Universidade Federal do Acre, [email protected]
² Professora Assistente, Eng. Agr., Mestre, Fundação Universidade Federal de Rondônia,
³ Pesquisador Científico, Eng. Agr., Doutor, Instituto Florestal de São Paulo, [email protected]
INTRODUÇÃO
As análises de sementes florestais são importantes por fornecer informações sobre a qualidade
fisiológica do lote de sementes, com objetivo tanto de preservação como de utilização das espécies florestais
com os mais variados interesses como produção de mudas, plantações comerciais para retirada de essências e
madeira (ANDRADE; PEREIRA, 1994).
A qualidade da semente é determinada através da padronização de metodologias para análises de
sementes, utilizando testes de germinação, pureza, vigor e sanidade (FIGLIOLIA et al, 1993). O principal meio
utilizado é o teste de germinação, realizado sob condições ideais para cada espécie (MARTINS et al., 2008;
PASSOS et al., 2008).
Apesar da grande diversidade de espécies nativas no Brasil, poucas estão incluídas nas Regras de
Analise de Sementes - RAS (BRASIL, 2009). Este conhecimento é escasso, principalmente para as espécies
florestais típicas de vegetação secundária, que são pouco conhecidas e utilizadas comercialmente (MELO et al.,
2005).
A germinação é um processo importante de retomada da atividade metabólica nas sementes e requer
condições adequadas para que ocorra, sendo influenciada por fatores ambientais como substrato, temperatura e
luz, além daqueles inerentes às sementes como a dormência (BRASIL, 2009).
O substrato constitui o suporte físico no qual a semente é colocada e tem a função de manter as
condições adequadas para a germinação e o desenvolvimento das plântulas (FIGLIOLIA et al., 1993).
A esterilidade do substrato é importante porque favorece o aumento da taxa de germinação das
sementes, não servindo como fonte de patógenos de solo que poderiam afetar o estabelecimento das plântulas
(CAVALCANTE, 2004).
Características como aeração, estrutura, capacidade de retenção de água, entre outros, podem variar
entre os substratos, favorecendo ou prejudicando a germinação das sementes (BARBOSA et al., 1985; SCALON
et al., 1993). Então, segundo Fanti e Perez (1999), na escolha do material para o substrato deve ser levado em
consideração o tamanho das sementes, sua exigência com relação à umidade, sensibilidade ou não a luz e, ainda,
a facilidade que este oferece para o desenvolvimento das plântulas.
Dentre os principais fatores que afetam a germinação das sementes a temperatura é um dos que
merecem maior destaque (LABOURIAU, 1983). A temperatura pode regular a germinação de três maneiras:
determinando a capacidade e taxa de germinação; removendo a dormência primária ou secundária e induzindo
dormência secundária (BEZERRA et al., 2002). A temperatura afeta tanto a percentagem final como a
velocidade de germinação (CARVALHO; NAKAGAWA, 2000; BEZERRA et al., 2002).
As sementes apresentam comportamento variável em diferentes temperaturas, não havendo uma
temperatura ótima e uniforme de germinação para todas as espécies. A faixa de 20 a 30ºC mostra-se adequada
para a germinação de grande número de espécies subtropicais e tropicais, uma vez que estas são temperaturas
encontradas em suas regiões de origem, na época propícia para a germinação natural (FIGLIOLIA et al, 1993;
ANDRADE et al., 2000).
A Phytolacca dioica L., espécie pioneira de rápido crescimento e conhecida vulgarmente como umbu
ou ceboleiro é uma árvore nativa das florestas semidecíduas do sul de Minas Gerais ao sul dos pampas
argentinos. Pertence à família Phytolaccaceae e é muito utilizada para o paisagismo e recuperação de áreas
degradadas. A espécie é considerada padrão de terra boa e seus frutos são muito apreciados por pássaros que são
os grandes responsáveis pela sua disseminação natural (LORENZI, 2002).
Esta espécie ainda não possui parâmetros técnicos específicos para realização de testes e análises
laboratoriais, sendo assim este estudo teve por objetivo avaliar a germinação das sementes de P. dioica em
diferentes substratos e temperaturas a fim de determinar quais são os mais indicados para a espécie.
MATERIAL E MÉTODOS
Este experimento foi realizado no Laboratório de Sementes da Seção de Silvicultura do Instituto
Florestal do Estado de São Paulo, na cidade de São Paulo.
As sementes utilizadas neste trabalho foram coletadas no município de Assis – SP e estavam
armazenadas no Centro de Sementes do Instituto Florestal em São Paulo, em câmara fria à 4ºC e com umidade
do ar controlada de 90%.
No experimento foram avaliadas a porcentagem e a velocidade de germinação das sementes de
Phytolacca dioica L., em seis tipos de substratos e seis temperaturas, num delineamento inteiramente
casualizado, em um esquema fatorial de 6x6 (substratos x temperaturas) com quatro repetições. Sendo que a
diferenciação entre os tratamentos foi feita pelo Teste de Tukey com 5% probabilidade. Cada repetição era
composta de um gerbox com 25 sementes.
Os substratos utilizados foram: areia, papel mata-borrão e vermiculita. Cada substrato foi testado nas
modalidades “entre” e “sobre”. Foram utilizados na modalidade sobre substrato: 150 g/gerbox de areia, 25
g/gerbox de vermiculita e duas folhas de papel/gerbox nos respectivos tratamentos. Nos tratamentos entre
substrato as sementes foram colocadas a 2 mm de profundidade tanto na areia como na vermiculita, com a
mesma quantidade de material utilizado na modalidade anterior, e para o papel foi colocado um folha cobrindo
as sementes.
O umedecimento dos substratos foi feito com água destilada, nas seguintes quantidades: em areia
foram adicionados 40 ml/gerbox, em vermiculita foram 60 ml/gerbox e em papel nos tratamentos “sobre” usouse 10 ml/gerbox e 15 ml/gerbox nos tratamentos na modalidade “entre” substrato.
As temperaturas testadas foram as constantes de 20, 25 e 30°C e as alternadas dem 20-25, 20-30 e 2035°C. Essas temperaturas foram mantidas em germinadores regulados e com variação menor do que 0,5°C. A
luminosidade foi de oito horas diárias para todos os tratamentos. Para as temperaturas alternadas, o germinador
esteve regulado para 8horas na menor temperatura e 16 horas para a maior .
O material utilizado foi esterilizado. A areia e a vermiculita ficaram por 24 horas em estufa a 105ºC.
O papel mata-borrão foi envolto com papel alumínio e permaneceu por três horas em estufa a 105ºC. Os gerbox
foram lavados e ficaram imersos em hipoclorito de sódio a 2% por três dias, no momento de instalação do
experimento foram desinfetados com álcool 70%.
As avaliações foram realizadas depois de constatado o início da germinação. Utilizou-se o critério
botânico de protrusão radicular (LABORIAU, 1983) ao considerar como germinadas as sementes que
apresentavam emissão radicular superior a 5 mm.
As contagens foram feitas a cada dois dias, para a determinação do Índice de Velocidade de
Germinação – IVG, adotando a formula indicada em Valentini e Pinã-Rodrigues (1995).
Sementes mortas ou chochas, encontradas durante as avaliações, também foram retiradas e devidamente
registradas. As sementes não germinadas até o final do ensaio foram consideradas mortas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Através da Tabela 1 observa-se que para valores de germinação houve uma interação significativa entre
temperatura e substrato e que a diferenciação dentro de cada fator foi altamente significativa.
Tabela 1 - Porcentagem de germinação das sementes de Phytolacca dioica (umbu) obtidas em diferentes
temperaturas e substratos.
Table 1 - Percentage of germination of seeds of Phytolacca dioica (umbu) obtained at different temperatures and
substrates.
Substrato
Temperatura (ºC)
20
25
30
20-25
20-30
20-35
Média
E.A.
38 Bd
8Cd
47ABab
42Bbc
68Aab
15Cc
36cd
S.A.
9Dbc
32BCbc
30BCb
70Aa
48ABb
23CDc
35d
E.P.
26Cbc
38BCbc
35BCab
58ABab
45ABCb
65Aa
45bc
S.P.
51Aab
57Aab
56Aa
39Abc
43Ab
47Aab
49ab
E.V.
0Bcd
23Acd
36Aab
30Ac
45Ab
31Abc
28e
S.V.
70Aa
32C
69Aa
38BC
36Bab
40B
72Aa
52A
75Aa
54A
29Bbc
35BC
59a
Média
Fator Temperatura (T) – 17,41**
Fator Substrato (S) – 25,31**
Fator Interação (TxS) – 9,38**
Coeficiente de Variação (%) – 17,94
Desvio Padrão Médio – 7,14
Médias seguidas pela mesma letra, minúscula na coluna (comparam valores médios de substrato) e maiúscula na linha (comparam valores
médios de temperatura), não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%. Onde E.A. – entre areia, S.A. – sobre areia, E.P. – entre papel, S.P. –
sobre papel, E.V. – entre vermiculita e S.V. sobre vermiculita.
Na média dos resultados de germinação (Tabela 1), considerando a temperatura, as duas melhores
foram 20-25 e 20-30°C. Para estas duas temperaturas, o substrato SV foi considerado o melhor, embora não
diferisse estatisticamente de SA e EP em 20-25°C e de EA em 20-30°C.
Quando se considera o desempenho médio dos substratos (Tabela 1), dois se sobressaem, SV e SP.
Sendo que no tratamento SV somente a temperatura de 20-35°C não se mostrou adequada. Para o substrato SP,
todas as temperaturas testadas servem, pois apresentam equivalência estatística.
Na Tabela 2 onde estão descritos os valores de velocidade de germinação, através do IVG; os fatores
temperatura e substrato, igualmente ao observado com a germinação (Tabela 1), se interagem. Do mesmo modo,
a diferenciação dentro de cada um destes fatores é altamente significativa.
Os valores dos Coeficientes de Variação para germinação, 17,94%, na Tabela 1 e, 31,01% para o
Índice de velocidade de Germinação na Tabela 2 são considerados de acordo com Gomes (1987), como médio e
muito alto respectivamente. Estes valores são compatíveis com resultados de experimentos com sementes de
espécies florestais nativas não melhoradas geneticamente (SANTANA; RANAL, 2000; GONZALES et al.,
2009).
Ao analisar os valores médios de temperatura (Tabela 2), três delas se destacam e são equivalentes
estatisticamente 30, 20-25 e 20-30°C. Dentro de cada uma destas temperaturas os melhores substratos testados
são: EA e SP para 30°C; SA, EP e SV para 20-25°C e EA, SA e SV para 20-30°C.
Tabela 2 - Índice de Velocidade de Germinação das sementes de Phytolacca dioica (umbu) obtidas em
diferentes temperaturas e substratos.
Table 2 - Speed Index Germination of seeds of Phytolacca dioica (umbu) obtained at different temperatures and
substrates.
Substrato
E.A.
S.A.
E.P.
S.P.
E.V.
S.V.
Média
Temperatura (ºC)
20
25
30
20-25
20-30
0,38CDbc
0,09 Dcd
0,28Cbcd
0,52 Bab
0,00 Cd
0,80 ABa
0,35C
0,10 Dd
0,36BCDbcd
0,47 BCbc
0,59 Bb
0,23 BCcd
0,99 Aa
0,46BC
0,80ABab
0,54ABCbc
0,75 ABbc
1,15 Aa
0,42 ABc
0,54 BCbc
0,70A
0,49BCbc
0,86 Aa
0,68ABab
0,41 Bbc
0,32ABCc
0,85 ABa
0,60AB
0,93 Aab
0,68ABabc
0,58 BCbc
0,57 Bc
0,60 Abc
1,01 Aa
0,73A
20-35
0,21 CDc
0,31CDc
0,99 Aa
0,73 Bab
0,43ABbc
0,41 Cbc
0,51B
Média
0,49bc
0,47cd
0,63ab
0,6a
0,40d
0,77a
Fator Temperatura (T) – 17,52**
Fator Substrato (S) – 19,53**
Fator Interação (TxS) – 7,54**
Coeficiente de Variação (%) – 31,01
Desvio Padrão Médio –0,17
Médias seguidas pela mesma letra, minúscula na coluna (comparam valores médios de substrato) e maiúscula na linha (comparam valores
médios de temperatura), não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%. Onde E.A. – entre areia, S.A. – sobre areia, E.P. – entre papel, S.P. –
sobre papel, E.V. – entre vermiculita e S.V. sobre vermiculita.
Quando são considerados os valores médios dos substratos (Tabela 2), tem-se que os resultados
significativamente superiores são obtidos por EP, SP e SV. As melhores temperaturas testadas dentro de cada um
destes substratos foram: 30, 20-25 e 20-35°C para EP; 30°C para SP e 20; 25; 20-25 e 20-30°C para SV.
Considerando os resultados obtidos nestes dois parâmetros, tem-se que as temperaturas de 20-25 e 2030°C são igualmente eficientes.
Após analise dos dados, constata-se que a temperatura alternada de 20-30°C obteve as melhores
médias de germinação e de velocidade de germinação. Para os substratos testados dentro desta temperatura, o
SV apresentou os maiores valores nos dois parâmetros utilizados, embora não diferisse estatisticamente de outros
substratos como já exposto.
A temperatura alternada 20-25°C apresenta resultados médios equivalentes estatisticamente aos
obtidos à 20-30°C, nos dois parâmetros analisados, embora não tão expressivos com relação a velocidade de
germinação. Na temperatura de 20-25°C, os valores percentuais e de velocidade de germinação se destacam
para os substratos SV e SA, embora o substrato EP seja equivalente a eles.
A temperatura de 30°C, considerando os valores médios de velocidade de germinação, apresenta
equivalência estatística às temperaturas de 20-25 e 20-30°C. Nesta temperatura o substrato sobre papel (SP) se
destaca em relação aos outros testados, embora não se diferencie estatisticamente de EA .
Sendo assim, três temperaturas destacam-se, com a vantagem para a alternada 20-30°C que é
igualmente eficiente, tanto para o percentual quanto para a velocidade de germinação, o mesmo ocorrendo com o
substrato SV, nesta temperatura, nos dois parâmetros analisados.
Por ser considerada uma espécie pioneira (LORENZI, 2002), o bom desempenho germinativo das
sementes de Phytolacca dióica frente às temperaturas alternadas, 20-25 e 20-30°C, é coerente. Sendo que para
20-25°C apresenta bons resultados germinativos, mas não tão eficientes. Segundo Oliveira et al. (1996) a escolha
de temperaturas alternadas como as de 20-25 e 20-30ºC, por espécies florestais são esperadas.
Parece ser uma espécie que prefere médias e pequenas clareiras, evitando as grandes, em razão dos
resultados obtidos nas amplitudes de temperatura testadas (5, 10 e 15°C). A espécie teve preferência para
amplitudes de 5 e 10°C, respectivamente 20-25 e 20-30°C.
A Phytolacca dióica prefere solos úmidos (LORENZI, 2002); deste modo os maiores valores de
germinação e velocidade de germinação obtidos com o substrato SV, em relação a areia e papel parecem
confirmar a consideração feita por Figliolia et al. (1993) e Piña- Rodrigues et al. (2004), isto é, que este tipo de
substrato apresenta uma boa absorção e retenção de água. Barros et al (2005) avaliando pau-d’alho, Gallesia
integrifolia, da mesma família da P. dioica, Phytolaccaceae, sugerem que os testes padrão dessa espécie devam
ser feitos em substrato de vermiculita. De acordo com Rosa e Ohashi (1999) a grande variação de resultados
quanto aos substratos depende, sobretudo, das necessidades que cada espécie apresenta em termos de umidade.
Mas os resultados significativos, não tão expressivos, obtidos com outros substratos e modalidades de
semeaduras testadas se devem provavelmente a algumas de suas caracteristicas. Por exemplo, o uso da areia com
sementes de espécies florestais tem se mostrado como uma ótima opção, além de reduzir os problemas com
microorganismos (PIÑA-RODRIGUES; VIEIRA, 1988), mas é também um substrato que tem restrições de uso
para espécies sensíveis ao ressecamento, como é o caso da Phytolacca dióica (FIGLIOLIA et al., 1993). Do
mesmo modo a semeadura sobre papel para sementes pequenas de espécies florestais tem sido indicada
(FIGLIOLIA et al., 1993), embora Melo et al. (2005) informem que a baixa condutividade térmica do papel
pode afetar o percentual de germinação de sementes, causando um efeito negativo do substrato na germinação.
Em todos os tratamentos foi identificada a presença de fungos, notadamente nos substratos com papel
mata-borrão, indicando uma facilidade de desenvolvimento nesse substrato, confirmando o que foi observado
por Varela et al. (2005) e que pode ter contribuído para uma menor germinação. Porém é valido ressaltar que as
sementes, independente no grau de contaminação, ainda apresentavam alguma germinação.
CONCLUSÕES
Considerando os valores médios de germinação e velocidade de germinação, as melhores temperaturas
e substratos dentro de cada uma delas foram:
- 20-25°C: sobre areia, entre papel e sobre vermiculita
-20-30°C: entre areia, sobre areia e sobre vermiculita
-30°C: entre areia e sobre papel
REFERÊNCIAS
ANDRADE, A.C.S.; PEREIRA, T.S. Efeito do substrato e da temperatura na germinação e no vigor de sementes
de cedro – Cedrela odorata L. (Meliaceae). Revista Brasileira de Sementes, v.16, n.1, p.34-40, 1994.
ANDRADE, A.C.S.; SOUZA, A.F.; RAMOS, F.M.; PEREIRA, T.S.; CRUZ, A.P.M. Germinação de sementes
de jenipapo: temperatura, substrato e morfologia do desenvolvimento pós-seminal. Pesquisa Agropecuária
Brasileira, v.35, n.1, p.609-615, 2000.
BARBOSA, J.M.; BARBOSA, L.M.; SILVA, T.S.; FERREIRA, D.T.L. Influência do substrato, da temperatura
e do armazenamento sobre germinação de sementes de quatro espécies nativas. Ecossistema, v.10, n.1, p.46-54,
1985.
BARROS, S.S.U.; SILVA, A.; AGUIAR, I.B. Germinação de sementes de Gallesia integrifolia (Spreng.) Harms
(pau-d’alho) sob diferentes condições de temperatura, luz e umidade do substrato. Revista Brasileira de
Botânica, v.28, n.4, p.727-733, 2005.
BEZERRA, A.M.E.; MOMENTÉ, V.G.; ARAÚJO, E.C.; MEDEIROS FILHO, S. Germinação e
desenvolvimento de plântulas de melão-de-são-caetano em diferentes ambientes e substratos. Revista Ciência
Agronômica, v.33, n.1, p.39-44, 2002.
BRASIL. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Regras para análise de sementes. Secretaria de
Defesa Agropecuária. Brasília: Mapa/ACS, 2009. 399 p.
CARVALHO, N.M.; NAKAGAWA, J. Sementes: ciência, tecnologia e produção. 4. ed. Jaboticabal: Funep,
2000. 588 p.
CAVALCANTE, J.A.M. Avaliação de diferentes substratos na germinação e no desenvolvimento
vegetativo do açaizeiro (Euterpe oleracea Mart.) – Arecaceae. 2004. 50p. Dissertação (Mestrado)
Universidade Federal Rural da Amazônia e Museu Paraense Emílio Goeldi. Belém.
FANTI, S.C.; PEREZ, S.C.J. Influência do substrato e do envelhecimento acelerado na germinação de olho-dodragão (Adenanthera pavonina L. – Fabacea). Revista Brasileira de Sementes, v.2, n.2, p.135-141, 1999.
FIGLIOLIA, M.B.; OLIVEIRA, E.C; PINA-RODRIGUES, F.C.M. Análise de Sementes. In: AGUIAR, I.B.;
PINA-RODRIGUES, F.C.M.; FIGLIOLIA, M.B. (Coord.). Sementes Florestais Tropicais. 1. ed.
Brasília:Abrates, p.37-74, 1993.
GOMES, F.P. Curso de estatística experimental. 1.ed. Piracicaba: Nobel, 1987. 467 p.
GONZALES, J.L.S.; PAULA, R.C.; VALERI, S.V. Teste de condutividade elétrica em sementes de Albizia
hassleri (Chodat) burkart. fabaceae-mimosoideae. Revista Árvore. v.33, n.4, p. 625-634, 2009.
LABOURIAU, L.G. A germinação das sementes. OEA, Washington, 1983.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas do Brasil. 2.ed. São
Paulo: Nova Odessa, 2002. 368p.
MARTINS, C.C.; MACHADO, C.G.; CAVASINI, R. Temperatura e substrato para o teste de germinação de
sementes de pinhão-manso. Ciência Agrotecnica, Lavras, v. 32, n. 3, p. 863-868, 2008.
MELO, R.R.; FERREIRA, A.G.; JUNIOR, F.R. Efeito de diferentes substratos na germinação de sementes de
angico (Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan) em condições de laboratório. Revista Científica Eletrônica
de Engenharia Florestal. v.5, n.1, p.77-82, 2005.
OLIVEIRA, E.C.; PIÑA-RODRIGUES, F.C.M.; FIGLIOLIA, M.B. Propostas para a padronização de
metodologias em análise de sementes florestais. Revista Brasileira de Sementes,v.11, n.1, p.1- 42, 1996.
PASSOS, M.A.A; SILVA, F.J.B.C.; SILVA, E.C.A.; PESSOA, M.M.L.; SANTOS, R.C. Luz, substrato e
temperatura na germinação de sementes de cedro-vermelho. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.43, n.2,
p.281-284, 2008.
PIÑA-RODRIGUES, F.C.M.; FIGLIOLIA, M.B.; PEIXOTO, M.C. Testes de qualidade In: Ferreira, F. G.;
Borghetti, F. (ed.) Germinação: do básico ao aplicado. Porto Alegre: Artmed, 2004. cap. 18. p.283-297.
PIÑA-RODRIGUES, F.C.M.; VIEIRA, J.D. Teste de germinação. In: Piña-Rodrigues, F.C.M. (ed.). Manual de
análise de sementes florestais. Campinas: Fundação Cargill, 1988. p.70-90.
ROSA, L.S.; OHASHI, S.T. Influência do substrato e do grau de maturação dos frutos sobre a germinação do
pau-rosa (Aniba rosaedora Ducke). Revista de Ciências Agrárias, v.1, n.31, p.49-55, 1999.
SANTANA, D.G.; RANAL, M.A. Análise estatística na germinação. Revista Brasileira de Fisiologia Vegetal.
v.12 (Edição especial). p. 205-237. 2000.
SCALON, S.P.Q.; ALVARENGA, A.A.; DAVIDE, A.C. Influencia dos substrato, temperatura, umidade e
armazenamento sobre a germinação de sementes de paupereira (Platycyamus regnelli Benth). Revistra
Brasileira de Sementes, v.15, n.1, p.143-146, 1993.
VALENTINI, S.R.T.; PINÃ-RODRIGUES, F.C.M. Aplicação do teste de vigor em sementes. IF Série de
Registros, v.1, n.14, p.75-84, 1995.
VARELA, V.P.; COSTA, S.S.; RAMOS, M.P.B. Influência da temperatura e do substrato na germinação de
sementes de itaubarana (Acosmium nitens (Vog.) Yakovlev) – Leguminosae, Caesalpinoideae. Acta Amazônica,
v.35, n.1, p.35-39, 2005.
Download

SUBSTRATO E TEMPERATURA NA GERMINAÇÃO DE