Determinação da temperatura de armazenagem para pimentão amarelo
através da taxa de respiração.
Silvia Antoniali1; Paulo A.M. Leal2; Ana Maria de Magalhães3
1
Engenheira Agrônoma, doutoranda em Engenharia Agrícola, FEAGRI / UNICAMP. Cx.P.6011. CEP: 130832
970, Campinas-SP, (19) 3788-1037, e-mail: [email protected], Engenheiro Agrícola, Professor Associado.
3
MS5. CAC-TPC, FEAGRI/ UNICAMP, Campinas-SP, [email protected]; Bolsista de Iniciação Científica
CNPq, FEAGRI/UNICAMP, Campinas-SP.
RESUMO:
A velocidade com que se processa a respiração é um bom índice de tempo para
avaliar a conservação de frutas e hortaliças após a colheita, ou seja, altas taxas respiratórias
estão, geralmente, associados à vida curta no armazenamento. Este trabalho teve como
objetivo determinar a temperatura de estocagem do pimentão amarelo levando em
consideração a taxa respiratória, liberação de CO2. Os pimentões foram colocados em
frascos hermeticamente fechados e acondicionados em 4 B.O.Ds com diferentes
temperaturas: 5, 10, 15 e 20°C. As leituras do CO2 foram feitas em cromatógrafo gasoso
VARIAN 3400, sendo realizada cinco leituras por temperatura durante um período de oito
dias. O delineamento estatístico utilizado foi o inteiramente casualizado. Conclui-se, portanto
que, durante o processo de amadurecimento do pimentão amarelo ocorre acréscimo na sua
taxa respiratória e que a temperatura de 5°C mostrou-se como a melhor para a redução
deste processo em frutos de pimentão amarelo.
Palavras-chave: Capsicum annuum, pós-colheita.
ABSTRACT:
Determination of the storage temperature for yellow bell pepper through
respiration rate.
The process of the respiration speed it is a good time index to evaluate the
conservation of fruits and vegetable at the post harvest, since high respiratory rates are,
generally, associates to the short life in the storage. This work had as objective to determine
the temperature of the yellow bell pepper storage taking in consideration the respiratory tax,
CO2 release. The bell pepper had been placed in bottles closed and conditioned in 4 B.O.Ds
with different temperatures: 5, 10, 15 and 20°C. The readings of CO2 had been made in
gaseous chromatograph VARIAN 3400, being carried through five readings for each
temperature during a period of seven days. The used statistical delineation was entirely
casualty. It concludes that the process of ripeness of the yellow bell pepper increases its
respiratory tax, and that the temperature of 5°C revealed as the best one for the reduction of
this process in yellow bell pepper fruits.
Keywords: Capsicum annuum, post harvest.
Em países de clima tropical, com altas temperaturas é indispensável o uso da
refrigeração para que os produtos não percam sua qualidade desde o momento em que é
colhido, até chegar ao consumidor final. Em trabalhos relatados por Barros et al (1994), do
local de produção até o consumidor, há um grande aumento no preço do produto, e
conseqüentemente, qualquer perda após a colheita resultam em acréscimo no custo da
comercialização. A velocidade com que se processa a respiração é um bom índice de tempo
para avaliar a conservação de frutas e hortaliças após a colheita, ou seja, altas taxas
respiratórias estão, geralmente, associados à vida curta no armazenamento. Segundo a Lei
de Van't Hoof, a velocidade de uma reação biológica aumenta a razão de 2 a 2,5 vezes, a
cada 10oC de elevação da temperatura (Phan et al, 1975). Este trabalho teve como objetivo
determinar a temperatura de estocagem do pimentão amarelo, Zarco HS comercial, levando
em consideração a taxa respiratória, liberação de CO2.
MATERIAL E MÉTODOS
Os experimentos foram conduzidos nos Laboratórios da Faculdade de Engenharia
Agrícola da UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas. Foram utilizados frutos de
pimentão amarelo que são retangulares longos, medem de 14 a 16cm de comprimento por
08 a 10cm de largura, têm 04 lóculos, peso entre 200 e 240g e são amarelos quando
maduros. As amostras foram colhidas em estufas em propriedade localizada em Salto - SP.
Os
pimentões
foram
colocados
em
frascos
hermeticamente
fechados
e
acondicionados em 4 B.O.Ds com diferentes temperaturas: 5, 10, 15 e 20°C. Foram
utilizados 5 frascos com aproximadamente 0,5 kg de produto por temperatura. Foi utilizado
o sistema de fluxo contínuo de ar dentro dos frascos com auxílio de um fluxômetro (flow
board) (Claypool et al, 1942) que permite, então, um cálculo mais correto da taxa respiratória
do produto.
As leituras do CO2 foram feitas em cromatógrafo gasoso VARIAN 3400 utilizando
coluna empacotada “Chromosorb 106 60/80” com vazão de 21,43 ml/min. O delineamento
estatístico utilizado foi o inteiramente casualizado.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A taxa respiratória do pimentão amarelo aumenta à medida que aumenta a temperatura
conforme explica Phan et al (1975) através da Lei de Van’t Hoof. O produto submetido à
temperatura de 5°C apresentou uma taxa respiratória entre 2 e 7 mg de CO2 /kgh, valores
aproximados porém inferiores aos encontrados por Scholz et al (1963) apud Hardenburg et
al (1986) para a mesma temperatura. Para os demais tratamentos, 10°C, 15°C e 20°C,
houve um ligeiro aumento na taxa variando de 3 a 11,3 mg de CO2 /kgh, 5 a 23 mg de
CO2/kgh e 9,8 a 41,7 mg de CO2/kgh respectivamente. Estes valores se mostram próximo
aos encontrados pelos mesmos autores, quando estudaram este mesmo parâmetro para
variedades do Texas – EUA, (Figura 1).
A análise de variância da taxa
respiratória
de
pimentão
amarelo,
em
diferentes temperaturas durante os dias de
armazenamento,
mostrou
para
a
temperatura de 5oC, um F=20,46 com uma
diferença altamente significativa ao nível de
1% de probabilidade, assim como para a
temperatura de 10oC com F = 46,69, 15oC
com F = 126,69 e 20oC com F = 52,34,
todos com diferença altamente significativa
em nível de 1% de probabilidade.
A partir do teste de Tukey, verificou-se uma maior taxa respiratória nos dois primeiros
dias de estocagem e uma diminuição em função do tempo e menor temperatura de
armazenamento. Quanto menor a temperatura de estocagem do pimentão, meno r será sua
taxa respiratória e conseqüentemente maior será sua conservação pós-colheita.
Os picos mostrados na Figura 1, para o segundo dia de armazenamento podem ser
considerados como um pico de respiração, característica de produtos climatérios, mesmo o
pimentão não sendo um produto climatério, mas este comportamento leva a necessidade de
um estudo mais aprofundado para a verificação desta característica.
Verificou-se que a temperatura de 5ºC é uma temperatura adequada para estocagem
de pimentão amarelo, discordando de Hochmuch (1991), Hartz et al (1996), Sargent et al
(2000) e Jobling (2001) que afirmam que a as condições ideais de estocagem estão na faixa
de 7 a 13ºC.
Diferentemente de experimentos realizados por Antoniali et al (2002), as taxas
respiratórias se mostraram menores que as obtidas para a mesma variedade estudada, isto
pode ser relacionado com a época climática que os experimentos foram realizados (verão x
inverno). Observa -se, então, que o produto sofre interferência da época do ano em que o
mesmo for colhido, acentuando a necessidade de uma rápido retirada do calor de campo do
produto logo após a colheita e em especial para os produtos colhidos no verão.
Assim, a temperatura de 5ºC para a estocagem do pimentão amarelo apresentou uma
menor taxa respiratória, conseqüentemente maior redução nas suas atividades metabólicas
e com isso um maior tempo de estocagem, mostrando-se portanto a melhor temperatura de
estocagem para o produto em estudo.
LITERATURA CITADA:
ANTONIALI, S.; LEAL, P.A.M.; MAGALHÃES, A.M. de; FUZIKI, R.T.; SANCHES, J.
Respiração de pimentão amarelo em diferentes temperaturas.
In:
CONGRESSO
BRASILEIRO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA, 31., 2002, Salvador. CDroom... 2002.
CLAYPOOL, L.L., KEEFER, R.M. A colorimetric method for CO2 determination. Porc. Am.
Soc. Hort. Scie., v.40, p.177-186,1942.
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Publication 7217, Vegetable Research and Information Center, Vegetable Production Series.
3p., 1996.
HOCHMUTH, G. Florida Greenhouse Vegetable Production Handbook. vol. 3. Florida
Cooperative Extension Service Publication SP-48.1991.
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SCHOLZ,E. W., JOHNSON, H.B., BUFORD, W.R.,1963 apud HARDENBURG, R. E.;
WATADA, A. E.; WANG, C. Y. The commercial storage of fruits, vegetables and florist and
nursery stocks. Washington: Department of Agriculture, Agricultural Research Service, 1986.
136p. (Agricultural Handbook Number 66).
AGRADECIMENTOS
À FAPESP pelo financiamento do projeto, ao SAE/PIBIC pela concessão da bolsa de
iniciação científica, ao CNPq pela concessão da bolsa de doutorado.
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