Solenidade de Todos os Santos - 01 de novembro de 2015
FIQUEM ALEGRES E CONTENTES, PORQUE SERÁ GRANDE PARA VOCÊS A RECOMPENSA NO
CÉU. Comentário de Pe. Alberto Maggi OSM ao Evangelho
Mt 5,1-12ª: AS BEM-AVENTURANÇAS
Jesus viu as multidões, subiu à montanha e sentou-se. Os discípulos se aproximaram, e Jesus
começou a ensiná-los:
"Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu.
Felizes os aflitos, porque serão consolados.
Felizes os mansos, porque possuirão a terra.
Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.
Felizes os que são misericordiosos, porque encontrarão misericórdia.
Felizes os puros de coração, porque verão a Deus.
Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus.
Felizes os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino do Céu.
Felizes vocês, se forem insultados e perseguidos, e se disserem todo tipo de calúnia contra
vocês, por causa de mim. “Fiquem alegres e contentes, porque será grande para vocês a
recompensa no céu”.
A nova relação de amor entre Deus e seu povo necessita de uma nova Aliança. É isso que nos
apresenta Mateus em seu evangelho no capítulo 5 com as Bem-Aventuranças de Jesus.
O evangelista apresenta Jesus sobre a “montanha”. O artigo determinativo indica que não é
uma qualquer montanha, mas “a montanha” já conhecida. Ele quer representar o monte Sinai,
onde Moisés recebeu de Deus a Aliança com o povo de Israel.
Pois bem, agora Jesus não recebe de Deus, mas, sendo ele mesmo Deus - e o evangelista
tinha-o já apresentado como “o Deus conosco” (1,23) - oferece uma nova Aliança com o povo.
Moisés, o servo do Senhor, havia imposto uma Aliança entre servos e seu Senhor, baseada na
obediência. Jesus, que não é o servo do Senhor, mas o Filho de Deus, propõe uma Aliança entre
filhos e seu Pai, baseada na acolhida e na prática do seu Amor!
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Então, Jesus abre a boca e enumera as Bem-Aventuranças. O evangelista cuidou de forma
especial deste texto! O número das Bem-Aventuranças são oito. Porque oito? Jesus ressuscitou
no primeiro dia da semana, ou seja, no oitavo dia e, esse número, no início do cristianismo,
sempre significou a vida capaz de superar a morte. O número oito era o número da
ressurreição.
Portanto, o evangelista, que tem em mente o Decálogo de Moisés, apresenta a alternativa das
Bem-Aventuranças. Enquanto, a aceitação e a prática do Decálogo garantia longa vida sobre a
terra, a aceitação e a prática das Bem-Aventuranças garante uma vida tão forte, tão poderosa
que não poderá ser interompida, nem mesmo pela morte!
Allora l’evangelista, che ha in mente il decalogo di Mosè, presenta l’alternativa delle
beatitudini. Mentre l’accoglienza e la pratica del decalogo garantiva lunga vita in questa terra,
l’accoglienza e la pratica delle beatitudini garantisce una vita talmente forte, talmente potente
che non sarà interrotta neanche dalla morte.
Não só isso, o evangelista ainda calcula com quantas palavras - de acordo com o estilo literário
daquele tempo - vai compor esse trecho. Pois bem, são exatamente 72 palavras. Porque 72?
Porque, segundo o livro do Gênesis, esse era o número de nações pagãs conhecidas naquele
tempo. Enquanto, o Decálogo era exclusivo para o povo de Israel, as Bem-Aventuranças são
para a humanidade toda.
Há mais! O Decálogo (conf. Exodo cap. 20) começava com uma afirmação: a reivindicação de
Deus como o único Senhor de seu povo.
A primeira das Bem-Aventuranças não é igual às outras, ela tem o verbo no presente. É a
escolha do Pai como único Deus!
No Decálogo, em seguida, se continuava com três mandamentos, que eram exclusivos do povo
de Israel, e eram as obrigações absolutas em relação a Deus.
Nas Bem-Aventuranças não existem obrigações em relação a Deus, porque Jesus é “o Deus
conosco”, ou seja, Deus tornou-se gente e portanto, temos a missão de ir com ele e como ele
em direção da humanidade.
Eis porque, nas Bem-Aventuranças, enumeram-se, em seguida, situações de sofrimento da
humanidade com a possibilidade de solução com a ajuda de Deus e de seu povo!
Depois o Decálogo continua com sete mandamentos em relação ao proximo.
Pois bem, nas Bem-Aventuranças não existem esses mandamentos em relação ao proximo, mas
é presernte a ação de Deus na comunidade que acolhe as Bem-Aventuranças.
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Portanto, aceitando e vivendo as Bem-Aventuranças, irá acontecer um florescimento de
diferentes atitudes que emergem não como qualidade de alguém sozinho, mas como atitudes
reconhecíveis por aqueles que, acolhendo as Bem-Aventuranças, serão, por sua vez,
“misericordiosos como o Pai é misericordioso, serão puros de coração, serão promotores de
paz”.
E, por fim, a ùltima Bem-Aventuranças, que, de novo, há o verbo no presente, como no
primeira: a aceitação e a fidelidade às Bem-Aventuranças não irão levar aos aplausos das
pessoas, mas levarão à perseguição. Mas, como a escolha da primeira Bem-Aventurança, a da
pobreza, isto é, a decisão de compartilhar alegremente e livremente com os outros, não traz
nenhum efeito negativo, porque o próprio Deus cuida dessas pessoas, assim também a última
Bem-Aventurança, a da perseguição, é aliviada pelo fato que Deus cuida de todos os
perseguidos!
A primeira Bem-Aventurança tem ligações com o último dos mandamentos. E qual era o último
dos mandamentos? “Não desejar as coisas dos outros”. A primeira Bem-Aventurança é:
“Desejar que os outros tenham as mesmas coisas que você tem”.
Essa é a novidade do Reino que Jesus veio nos propor!
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TUTTI I SANTI – 1 novembre 2015