SUMÁRIO
05
Primeiras Palavras
Vivendo um novo tempo!
10
13
LIÇÕES
28 O que é culto
32 Cultuar é necessário
36 Adoração extravagante, 1
40 Adoração extravagante, 2
44 Adoração sincera
o principal
48 Deus:
oficiante do culto
data
Palavras do redator
O que é adorar?
data
data
data
Educação Religiosa
A Sagrada Engenharia
17
data
data
20
Igreja
Unidade e solidariedade
52 Estilos de culto
56 Música na Bíblia, 1
60 Música na Bíblia, 2
assunto
64 Cristo:
central no culto
data
data
23
Vida Cristã
Pecado Zero, Viva o lado
santificado da vida!
data
data
68 Músicos ou Levitas?
72 Viver para cultuar
76 Adoração e Missão
data
27
Saúde Emocional
Do solidário ao solitário –
percurso amigo no viver de
irmão
Apresentação
data
data
Quero parabenizar o pastor José
Gomes da Silva (Igreja Batista de Ponte
Preta – Queimados – RJ), pelo excelente
comentário sobre o livro de “Neemias”,
em que o autor abordou com muita
propriedade a “Destruição de Jerusalém”,
pelos Babilônicos, dando início ao
cativeiro. A cidade foi totalmente arrasada,
os judeus sofreram muito. Quero ressaltar
a visão de Neemias na restauração dos
muros de Jerusalém em cinquenta e dois
dias, sofrendo oposição de Sambalate,
Tobias e outros, mas não recuou um só
instante. Quantos sofrimentos, quantas
vidas destroçadas, até a cultura do povo
foi prejudicada. Confesso que aprendi
muito nestas 13 lições em que o autor
abordou com muita profundidade,
extraindo de um “Resumo Histórico”
acontecimentos de um povo que foi
escolhido por Deus para ser o porta-voz
às nações, mas negligenciaram e foram
derrotados pelos opositores babilônicos.
Quero registrar também meus
cumprimentos aos autores das demais
matérias publicadas na revista e solicito
ao pastor Francisco Nicodemos Sanches
que escreva as 13 lições sobre o livro de
Jó, pelo qual tenho muita apreciação,
pelo seu conteúdo doutrinário profundo,
que certamente trará muita contribuição
às igrejas batistas.
Fica aqui registrada a minha
contribuição.
Cordialmente,
Ailton Marques
1ª IB Mesquita / RJ
Quero mas uma vez parabenizar a
revista Palavra e Vida, que já faz parte da
minha vida, pois todos os dias estudo as
lições e tenho aprendido muito. Quero
parabenizar o pastor Lécio Dornas pela
iniciativa de colocar o significado de
palavras não muito comuns no nosso
vocabulário diário. Falei sobre isso na
revista outubro/novembro/dezembro
2009, sobre a dificuldade de pessoas
entenderem as lições, por muitas delas
não terem acesso a dicionários, por isso
quando olhei a revista deste trimestre
fiquei muito feliz. A paz do Senhor para
todos.
André Marcos Porto Nascimento
3ª IB de Macaé - RJ
Olá, queridos!
Graça e Paz!
As lições do 4º trimestre estão ótimas,
contextualizadas. Aliás, as lições do 2º e
3º estão se complementando. Parabéns!
Quero salientar a necessidade de
uma revisão detalhada, cuidadosa, com
relação aos vocábulos empregados nas
lições. Se estamos em uma “Escola”
precisamos ser práticos e facilitadores.
Gosto das palavras rebuscadas, mas
elas se encaixam melhor nos “halls”
das universidades e não nos bancos da
EBD. Deduz-se que, caso os professores
tenham alguma dificuldade, recorram
ao dicionário ou internet, mas, e aqueles
alunos que não têm acesso estes? Sem
2
falar que pode interromper uma linha
de raciocínio enquanto se vai à busca de
ajuda.
Salomão, o mais sábio dos homens,
escreveu “teses” profundas, mas de
fácil assimilação. O que dizer de Jesus,
o Mestre dos mestres, a essência da
sabedoria, que usava as coisas simples
para ensinar grandes verdades. Até as
crianças estavam ao redor dele!
Faço questão de ler as “prédicas” dos
pastores José Maria de Souza e Marcos
Zumpichiatte, quanta profundidade
com tanta simplicidade! E as palavras
da Lucimery (tive a honra de conhecê-la
no Congresso de EBD em Austin (ela é
bênção pura!) falou exatamente o que
aconteceu comigo em 2010 quando eu
quis recusar ser diretora de EBD: Deus me
perguntou o que eu tinha nas mãos e me
fez lembrar o milagre que foi conquistar o
bacharelado. E quando as coisas ficaram
complicadas e resolvi parar, Deus me
levou até Eclesiastes 9.4,10. Por isso,
enquanto eu tiver o sopro da vida e a
graça de Deus, procurarei ajudar aqueles
que Deus me confiou. Glórias, honras,
adoração e louvor ao único que é digno
de receber: o Deus Todo-Poderoso! Um
forte abraço a todos.
Jaine P. S. Alexandrino
1ª IB em Piraí/RJ
Olá, Irmã Lucimery
Ontem recebi a revista do
trimestre e fiquei muito feliz em ler um
artigo seu.
Realmente Deus a abençoou com o
dom da escrita, porém mais que isso,
o discernimento que você tem, a visão
do todo. Irmã, me identifiquei muito.
Sou do tipo que utiliza todos os recursos
disponíveis... se não tem isso, uso
aquilo, e assim realizamos a obra.
Eu era membro de uma igreja maior,
mais cidade. Quando me transferi para Vila
Brasil em Itaboraí e apareci na EBD com
tiras de papel com tópicos previamente
escritos. Para minha surpresa a classe
amou, o diretor veio me parabenizar. Eu
pensei: Se aparecesse na outra igreja com
isso seria chamada de arcaica.
Fiz recentemente o estudo do
Manual na JCA utilizando um álbum
seriado, confeccionado por mim. Foi
um sucesso e serviu de exemplo no
treinamento de professores da EBD.
Obrigada por reforçar a ideia que o
que vier às nossas mãos precisa ser bemfeito com os recursos disponíveis.
Deus a abençoe constantemente,
como tem feito.
Fico aqui orando e aguardando sua
próxima palavra.
Beijão, Nilma Beltrão Escreva para nossa redação.
[email protected]
Mande suas sugestões, críticas e observações.
3
Primei
Vivendo
um novo
tempo!
“Então lhes contou esta
parábola: ‘Ninguém tira um
remendo de roupa nova e o
costura em roupa velha; se o fizer,
estragará a roupa nova, além do
que o remendo da nova não se
ajustará à velha. E ninguém põe
vinho novo em vasilha de couro
velha; se o fizer, o vinho novo
rebentará a vasilha, se derramará,
e a vasilha se estragará. Ao
contrário, vinho novo deve ser
posto em vasilha de couro nova.’”
Lucas 5.36-38
N
aturalmente que no Mundo
Antigo não havia vasilhames de
vidro e plástico, senão cantis
feitos de peles de animais e moringas
feitas de barro. O texto antes fala
do remendo novo que não deve ser
colocado em roupa velha, pois esta
não resistiria e acabaria se rompendo
causando desperdício de tempo e
recursos.
Dentro da cultura do seu tempo,
como lhe era de costume, Jesus usa
estas duas figuras: remendo novo em
roupa velha e vinho novo em odres
velhos, para falar de mudanças e
transformações.
De um modo geral podemos
afirmar que há um princípio claro
nessa parábola: realidades e situações
novas requerem estruturas novas
para serem vivenciadas. De um outro
ponto de vista, podemos afirmar que
se desejamos resultados diferentes
em um novo tempo, precisamos ter
ações ou atitudes diferentes, caso
contrário, como temos aprendido, é
insanidade.
Se você vai para uma atividade
nova, seja um esporte, um
trabalho, uma situação nova,
5
normalmente isso vai exigir de
você que aprenda habilidades
novas. Por exemplo, se você
vai entrar num relacionamento
novo no emprego, nos estudos,
na vizinhança, e até mesmo no
casamento e vida em família, isso
vai requerer de você a capacidade
de adquirir novas atitudes.
Se você deseja viver um novo
tempo, se as nossas igrejas
desejam experimentar um novo
tempo, ainda que entremos num
novo ano, isso não ocorre de
modo automático. Quantas e
quantas vezes vemos pessoas,
famílias, empresas, igrejas
entrarem num novo tempo (ano)
e não experimentarem nada novo.
Sem dúvida, um novo tempo vai
estar relacionado sempre a novas
atitudes.
Aplicando à vida pessoal, o que
poderia ser chamado de odres
velhos ou remendos velhos?
Velhas maneiras de pensar, hábitos
velhos, velhos modos de agir, de
falar, de responder. Aplicando à
vida da igreja, poderíamos falar de
estratégias que já deram certo e
hoje pela conjuntura atual já não
funcionam mais, ainda que no
passado tenham produzido bons
frutos, mas hoje já não produzem
mais.
Que tal diante de um novo ano,
fazermos uma revisão dos nossos
procedimentos, de nossos hábitos,
de nossas estratégias? Nós não
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precisamos abrir mão de nossas
convicções, para nos abrirmos para
novas estratégias e metodologias.
Considerando esta possibilidade
quero desafiá-lo a, diante dos
novos problemas, reagir com
criatividade; diante das novas
pressões reagir com convicção e
diante das novas possibilidades,
reagir com coragem.
Em primeiro lugar, diante
dos novos problemas reaja
com criatividade. Se você tem
dúvidas, eu tenho certeza
que você enfrentará muitos
problemas em 2013 e vários deles
se apresentarão de forma que
você não estava acostumado a
enfrentar. Tenho aprendido que ser
inteligente é ter a capacidade de
estar aberto a novas ideias e até
mesmo a procurar por elas. Posso
afirmar, pela observação, que a
maioria das pessoas gasta mais
tempo e energia girando em volta
dos problemas do que tentando
resolvê-los com criatividade. Ser
criativo na busca de solução dos
velhos e novos problemas implica
você deliberadamente evitar
endurecer em suas opiniões.
Lembro-me muito bem quando
fazia os meus trabalhos de
seminário e com muito custo usava
a máquina de escrever, quando era
possível. Pode rir, mas sou desse
tempo. Algum tempo depois,
numa instituição, mesmo com a
chegada do computador, ainda era
proibido entregar os trabalhos de
pós-graduação digitados, tinham
que ser datilografados. Hoje, é
impossível se pensar num trabalho
de pós-graduação que não seja
preparado em um computador.
Diante dos novos problemas,
vamos reagir com criatividade.
Em segundo lugar, diante
das novas pressões, reaja
com convicção. Uma coisa é a
capacidade criativa para buscar
estratégias novas e outra coisa é
manter a nossa convicção diante
das pressões da vida. “Não se
amoldem ao padrão deste
mundo, mas transformemse pela renovação da sua
mente, para que sejam
capazes de experimentar e
comprovar a boa, agradável
e perfeita vontade de Deus”.
Romanos 12.2
O ensino do texto é que não se
pode permitir que o mundo molde
você, as suas convicções, mas ao
contrário você vai se deixar ser
moldado por Deus. Nada pode ser
mais valioso do que o conjunto de
crenças que temos conosco. De
acordo com o que cremos vamos
ser bem ou malsucedidos em
nossas vidas em todas as áreas. A
guerra não é uma coisa boa, mas
apenas para ilustrar, a guerra para
alguns é apenas uma tarefa que
se cumpre em nome de algum
país, enquanto para outros, é uma
questão de honra, de luta por um
ideal. O diferencial é o que se crê,
são os valores que se tem.
Pergunto eu: quais são os
valores em que você acredita
pessoalmente, como família? Quais
são os valores inegociáveis de sua
igreja? Um líder sem convicção
não vai a lugar algum com os seus
liderados. Pessoas sem convicção
não realizam grandes coisas.
Diria que uma frase que revela
convicção seria: Farei somente a
coisa certa não importando quais
sejam as consequências.
Daniel, o servo de Deus da
Bíblia, fez isso. Diante do manjar
do Rei, posicionou-se em não
comê-lo, correndo todos os riscos.
O resultado foi a bênção de Deus
sobre sua vida. Faça uma reflexão
pessoal, diante da oportunidade
de viver um novo ano, rever os
seus valores e suas convicções,
sendo eles coerentes com Deus e
com a sua Palavra, reafirme-os e
Deus abençoará você.
Em terceiro lugar, diante das
novas possibilidades, reaja com
coragem. Se um novo ano traz
consigo novas possibilidades isso
pode significar uma oportunidade
de crescimento. Quando uma
porta se abre, se temos a certeza
de que é de Deus para nós,
devemos reagir com fé, com
coragem. Eu creio que Deus
ao nos dar um novo tempo,
está nos dando também novas
possibilidades. Precisamos estar
7
com os olhos abertos para elas
e nos lançarmos para realizá-las,
ainda que isso signifique correr
algum risco. A bem da verdade,
você se lembra de algum ato de
fé na Bíblia que não tinha consigo
riscos iminentes?
Que tal identificar velhos e
maus hábitos e lutar contra eles
mudando para novos e bons hábitos
abençoados por Deus? Que tal
adotarmos uma disciplina específica
seja relacionada à vida espiritual,
física, familiar ou até mesmo
profissional, visando obtermos
resultados novos e duradouros? O
que você espera colher de forma
diferente do que você tem colhido até
aqui, requer que você semeie. Uma
colheita diferente na vida familiar,
financeira, física, espiritual, familiar,
profissional, requer uma semeadura
diferente e corajosa. Diz a Bíblia:
“Pois o que o homem semear, isso
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também colherá” (Gálatas 6.7). Se
você deseja que sua vida material
cresça, que sua vida espiritual
cresça, que a sua igreja cresça, você
precisa estar aberto a assumir novos
compromissos com coragem e fé.
Vivendo um novo tempo:
diante de novos problemas ou
situações, use a sua criatividade
dada por Deus; diante das
pressões sejam elas quais forem,
aja com convicção e baseado
nos seus valores; diante das
novas possibilidades, mantenha a
coragem e a fé.
Aproveite a ocasião de um novo
ano, para que com ele você viva
de fato um novo tempo do agir de
Deus em sua vida, em sua história,
em sua liderança e na vida da sua
igreja.
José Maria de Souza
Pastor, diretor executivo da CBF
O que é
adorar?
“Mas a hora vem, e agora é, em
que os verdadeiros adoradores
adorarão o Pai em espírito e em
verdade; porque o Pai procura a
tais que assim o adorem.”
(João 4.23)
Jesus afirma com autoridade que
o Pai procura adoradores que o
adorem em espírito e em verdade,
porque Deus sempre quis do homem
uma atitude de adoração verdadeira
e voluntária. Por isso nós, que hoje
nos levantamos como adoradores,
se queremos adorar ao Senhor
da maneira certa devemos antes
entender o verdadeiro significado da
adoração.
ADORAR: O dicionário Aurélio
define adoração como culto a
uma divindade; culto, reverência
e veneração. O mesmo dicionário
define o verbo adorar como render
culto a (divindade); reverenciar,
venerar (Dicionário Aurélio
Eletrônico). No original grego
encontramos a palavra proskuneo,
que tem como significado: prostrarse, vergar-se, obedecer, mostrar
reverência, homenagear, louvar,
adorar.
Na adoração a Deus não existe
uma fórmula exata de como
fazer ou um modelo de adoração
predefinido. A adoração é algo que
deve ser feito com espontaneidade,
voluntariedade, em espírito e em
verdade como o próprio Jesus
falou.
A mulher samaritana trouxe a
Jesus uma pergunta muito difícil
de ser respondida, pois qualquer
um que não fosse entendido diria
que o modelo certo de adoração
10
seria o da sua igreja. Aquela mulher
sendo samaritana sabia que os seus
pais adoravam nos montes, mas
ela também sabia que Jesus era
judeu e que os judeus adoravam
em Jerusalém, no Templo feito para
adoração. Porém Jesus conhece o
verdadeiro significado da adoração
e ao responder Ele nos dá uma lição,
uma grande lição.
Não existe lugar específico para
adorar a Deus. Os samaritanos
subiam os montes para adorar, mas
ao descer esqueciam todo o sentido
da reverência e o verdadeiro amor ao
Pai, enquanto que os judeus iam ao
Templo para adorar, faziam longas
viagens até Jerusalém no intuito de
adorarem a Deus, mas também não
conseguiam entender o verdadeiro
sentido da adoração. Jesus responde:
nem nos montes, nem em Jerusalém,
mas em espírito e em verdade.
O que será que Jesus quis dizer com
este “adorar em espírito e em
verdade”? Adorar em espírito
e em verdade, implica buscar a
Deus de todo o nosso coração:
Deus nos garantiu que o acharíamos,
ao buscá-lo de todo o nosso coração
(Jr 29.12,13 – “Então vocês
clamarão a mim, virão orar a
mim, e eu os ouvirei. Vocês
me procurarão e me acharão
quando me procurarem de todo
o coração”).
O rei Davi entendeu muito bem
este fato e escreveu salmos lindos,
contando este fato:
11
Sl 111.1 “Aleluia! De todo
o coração renderei graças ao
Senhor, na companhia dos
justos e na assembleia”.
Sl 138.1,2 “Render-te-ei
graças, Senhor, de todo o
meu coração; na presença
dos poderosos te cantarei
louvores. Prostrar-me-ei para
o teu santo templo e louvarei
o teu nome, por causa da
tua misericórdia e da tua
verdade, pois magnificaste
acima de tudo o teu nome e a
tua palavra”.
Deus está à procura de
adoradores. Mas Ele não quer
“qualquer tipo” de adoradores
e sim os “verdadeiros
adoradores”. Como já vimos, o
verdadeiro adorador é aquele está
ansioso por desenvolver diariamente
com o Senhor um relacionamento
íntimo e de comunhão.
As lições deste trimestre irão
enfocar o tema “Adoração &
Adoradores – princípios bíblicos
para o culto cristão”, e foram
escritas por Elildes Junio
Macharete Fonseca, pastor titular
na Primeira Igreja Batista no Bairro
São João (São Pedro da Aldeia/RJ).
Desfrute destas lições que falam
de Adoração baseadas no Culto
Cristão.
Pr. Marcos Zumpichiatte Miranda
Diretor de Educação Religiosa
Redator da Revista
A Sagrada
Engenharia
"Estou convencido de que aquele
que começou boa obra em vocês vai
completá-la até o dia de Cristo Jesus.” Filipenses 1.6
N
a arquitetura ou na engenharia
a capacidade de elaboração
e avaliação dos projetos, da
observância e cumprimento das
normas técnicas e padrões de
qualidade são competências essenciais
para que um profissional alcance
excelência em seus empreendimentos.
Construir é – em linhas simples e gerais
– gerenciar etapas preestabelecidas
por um projeto sem deixar de
preencher as exigências dos órgãos
reguladores da construção civil, no
caso de um edifício, por exemplo.
No Brasil, quem dita tais critérios é
a Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT) e quem habilita e
fiscaliza o profissional da construção
é o Conselho Regional de Engenharia,
Arquitetura e Agronomia (CREA).
Sendo assim, aprendemos que toda
construção obedece a um padrão. E
essa lógica também opera em nosso
caminho de santificação. Deus está
realizando uma obra sublime em
nós e o seu referencial de perfeição
é a imagem de seu Filho Amado. A
esse processo chamo de A Sagrada
Engenharia. Vamos compreender um
pouco mais dessa transformação a
partir dos ensinos paulinos e da vida
de Jesus.
O Projeto do Pai
Logo no início de sua carta aos
Filipense, o apóstolo Paulo apresenta
sua convicção de que o Pai atua
13
contínua e diretamente na vida dos
que se sujeitam à sua autoridade. É no
coração de Deus que a transformação
da humanidade encontra sua origem.
O texto bíblico nos revela que Deus é
quem começa em nós uma boa obra.
Ele nos amou primeiro, veio ao nosso
encontro na pessoa histórica de Jesus
de Nazaré, nos salvou graciosamente
na morte e ressurreição do Cristo e
opera em nós e conosco a santificação
pela obra libertadora do Espírito. Na
jornada de nos fazer sua habitação,
Deus mesmo é quem efetua toda a
engenharia santificadora. Nas palavras
do Dr. Russel Shedd: “Se Deus já
começou a operar em você, cuidado!
Pois é muito difícil escapar de seus
braços insistentes e amorosos”.
O próprio Pai, na condição de
construtor da nossa espiritualidade,
tem um referencial em mente ao
trabalhar na vida de cada um de nós.
O paradigma de excelência de Deus
é Jesus, O Filho que lhe apraz e que
lhe honra a santidade. A finalidade do
projeto de Deus é construir a imagem
de Jesus em nós. O propósito de Obra
de Deus é que a semelhança com
Filho nos faça seus familiares. Jesus é
o protótipo da nova humanidade e a
Meta da obra redentora. O Irmão mais
velho da Casa ao qual o Pai quer que
seus filhos mais novos se assemelhem.
O exemplo de perfeição do Filho é a
norma que Deus usa para efetuar em
nós suas intervenções santificadoras
(Romanos 8.29). Outro texto bíblico
que relata este projeto de crescimento
14
e de transformação que tem Jesus
como padrão é o de Gálatas 4.19:
“Meus filhos, por quem sofro de novo
dores de parto, até que Cristo seja
formado em vó” (grifo do autor).
Quando Deus concluir sua obra, o que
se verá é uma nova família de pessoas
justificadas pelo Cristo e perfeitas
como Jesus, em tudo. Enquanto não
chega o "dia de Cristo", estamos em
obra!
Na prática o que é ser como Jesus?
É evidente que quando falamos
sobre semelhança com Cristo não
estamos nos referindo a questões
estéticas. Não se trata se uma
aparência de santidade. A semelhança
com Jesus ocorre quando o caráter
do Messias molda nosso caráter;
quando nascemos em Cristo e nos
identificamos com sua vida, valores,
visão e formas de atuação no mundo.
Ser como Jesus é encarnar uma
vida plena de sentido, abundante:
assumindo a mente santa e sábia do
Filho de Deus, a ética revolucionária
do Cristo, sua paixão constrangedora
pela Missão e suas atitudes
libertadoras, humildes e compassivas
em direção aos injustiçados, aos
inválidos, aos miseráveis e aos
oprimidos de seu tempo. Ser como
Jesus é viver em adoração voluntária
ao Pai e em obediência e serviço
incondicionais às suas palavras.
Esse processo de similaridade
acontece de forma natural e
espontânea, e não mecânica e
burocrática. É na relação com a
pessoa de Jesus e não num contato
filosófico com seus ensinos que nos
assemelhamos a Ele. A fé cristã não
é acúmulo sistemático de conteúdos
"sagrados", é, sim, nutrição afetiva
e relacionamento estreito com uma
pessoa real e amável – Jesus Cristo. Ele
é nosso padrão e nossa "norma" de
santidade, não porque regulamenta e
moraliza nosso comportamento por
meio de rígidos códigos de conduta
religiosa e prescrições morais,mas, sim
por SER um exemplo de ser humano,
um modelo de vida e de como se vive.
Ser discípulo de Jesus, portanto, é
acolher na consciência e no afeto sua
vida admirável – real e realizável. A
mera recepção fria e dogmática de suas
verdades não nos fará seus seguidores,
não nos fará seus imitadores, seus
familiares. Quanto mais nos rendemos à
sua escandalosa graça e nos sujeitamos
à operação renovadora da Palavra que
santifica, tanto mais semelhantes ao
Primogênito seremos.
Quem garante o sucesso
do projeto?
Ainda no texto de Paulo aos
Filipenses, o apóstolo nos ensina que
pertence a Deus o querer e o efetuar
(2.13) e na carta aos Tessalonicenses (1Ts
5.24) qualifica o Engenheiro responsável
pela boa obra como fiel. Qualquer obra
exige responsável técnico qualificado,
ainda mais a obra da santificação.
Logo, quem garante que a construção
do Cristo em nós será um sucesso é a
fidelidade que o engenheiro tem ao
amor que nutre pela sua criação. Por
fidelidade a Ele mesmo e à sua Palavra,
nos redimirá, por completo, observando
a mais linda expressão de santidade – a
vida do Filho. Deus não nos abandonará
inacabados. Ele não deixa suas obras
pela metade. Até o dia de Cristo
seremos como Cristo, para glória de
Deus-Pai.
Pr. Fellipe dos Anjos
Igreja Batista Maria Paula
Presidente da JUBERJ
[email protected]
15
Unidade e
solidariedade
A
solidariedade está conectada
a unidade, seja pessoal ou
coletiva. Vejamos os irmãos
primitivos. Como eles eram unidos
e solidários (Atos 2.42-47; 4.32-37)!
A solidariedade não tem segundas
intenções, pois está intimamente
ligada à unidade de pensamento
e de coração em Cristo, em
contraposição à esquizofrenia deste
mundo pós-moderno. Paulo ensina
esta verdade em Filipenses 2.1,2.
Brennan Manning citando Nouwen,
diz: “Conforto é o grande presente
humano que gera a comunidade.
Aqueles que se unem em uma
vulnerabilidade mútua ficam presos
uns aos outros por uma força nova
que os torna um só corpo”. Isto é
ser Igreja.
Ser bondosos e compassivos
uns para com os outros significa
17
o exercício da solidariedade.
Conheço um irmão que, ao sair
de casa de carro, viu uma senhora
pobre levando uma bolsa e um
móvel bem incômodos para serem
carregados. Ela passou por ele
carregando o móvel velho e parava
por causa do peso... Ele saiu com
o carro e passando por ela seguiu
em frente. Mais adiante, certo
do seu amor cristão, ele voltou,
emparelhou com ela, ofereceu
carona, colocando o móvel no
banco de trás, conduzindo-a
ao lar. O que ele fez? Agiu com
solidariedade.
Sejamos imitadores de Deus,
pois Ele é perfeitamente Solidário.
Como filhos amados, vivamos em
amor (Ef 5.1). A natureza de Deus
é amor (1 João 4.8). Andemos em
amor como Cristo nos amou e a
Si mesmo se entregou a Deus por
nós como oferta e sacrifício com
aroma suave (Ef 5.2). Olhemos
para a vida do Salvador nos
evangelhos e veremos o quanto
Ele realizou para cumprir toda a
vontade do Pai, fazendo sempre
o bem.
Precisamos de solidariedade
neste mundo voltado para si
mesmo. Há muitos solitários que
precisam de solidariedade. Jan
Vanier, catedrático, professor da
Universidade de Toronto, com
todo o conforto do primeiro
mundo, largou o seu trabalho,
movido por amor ao próximo,
e foi para os arredores de Paris,
onde alugou uma casa e adotou
dois jovens com paralisia cerebral.
Foi assim que começou as
comunidades L’Arche (A Arca) com
mais de 100 unidades ao redor do
mundo.
Nós precisamos parar de
olhar para o nosso umbigo,
centrado em nós mesmos, e
olharmos para os necessitados.
Exercermos a solidariedade.
Quando andamos em amor,
deixamos de olhar somente
para os nossos interesses e
nos importamos com o outro.
Há muita gente vivendo para
si mesma, inclusive em nossas
igrejas. Neste mundo pósmoderno, as pessoas estão
cada vez mais voltados para si
mesmas, para a satisfação do
‘deus do entretenimento’. O
solitário precisa do solidário.
A Igreja que vive a unidade
a partir do amor fraterno
ensinado por Jesus, se torna
uma Comunidade Solidária,
voltada para as necessidades mais
profundas das pessoas. Uma igreja
em que seus membros entram no
processo de cura pela prática da
diaconia, do serviço ao outro em
profundo amor. Reter é pecado,
mas doar-se é viver uma vida de
santificação, “sem a qual ninguém
verá o Senhor” (Hb 12.14).
Ser solidário a partir da nossa
unidade em Cristo é agir com
amor. Este amor intercede, se
importa, busca, cuida, persevera,
ensina, aprende, louva, cura e
caminha na dependência do
Pai. Sejamos solidários num
mundo cheio de gente solitária e
egocêntrica. Tenhamos as atitudes
e os atos de Jesus, vivendo para
a Glória de Deus, nosso Pai
sempre SOLIDÁRIO – Aquele que,
em Si mesmo, tem unidade e
solidariedade.
Oswaldo Luiz Gomes Jacob, pastor.
IB Barra Mansa, 2ª.
[email protected]
18
Pecado
Zero, Viva
o lado
santificado
da vida!
Introdução
605 a.C - O cenário: escravidão,
opressão e imposição de uma
cultura sobre outra.
É assim que começa a história de
quatro rapazes que foram retirados
de suas famílias para viver dentro
do palácio do rei Nabucodonosor
com a missão de viver, aprender e
posteriormente disseminar a cultura
egípcia para todo o povo oprimido
de Judá. Daniel, Hananias, Misael
e Azarias não deviam ser muito
diferentes dos jovens da Barra da
Tijuca. Jovens fortes, com saúde,
inteligentes viviam próximo à
nobreza de israel e por isso foram
selecionados para aprender toda a
cultura babilônica.
Tudo, tudo que a cultura
babilônica ordenava fazer era
pra eles como se fosse uma
afronta, pois a cultura israelita
era completamente diferente do
cultura do governo dominante.
Mas escravos não têm escolhas e
esses jovens passam a conviver no
palácio sjueitos à sorte e a uma
cultura imposta, mas nada disso foi
suficiente para restrigir um poder
muito maior, o poder de Deus.
20
A história pode ser simples,
quatro rapazes que fazem uma
opção por não comer da refeição
do rei, mostrando o quanto
isso era saudável. Também
confirmam suas convicções a
respeito do que aprenderam
durante boa parte de sua vida.
O resultado não poderia ser
diferente: estes rapazes se
destacam em todos os sentidos,
passam a ser referência, tornamse funcionários do palácio e
muito bem quistos pelo rei.
Mas o que de fato posso
aprender com essa história? Por
que a decisão destes rapazes foi
fundamental para alcançar tantas
bênçãos num momento tão dificil
para seu povo? O que podemos
aplicar ao nosso contexto diário
e em que sentido a santidade se
aplica neste contexto?
A Primeria lição é a seguinte:
Você está enserido num mundo de
valores completamente diferentes
dos seus. O Fato: É preciso resistir.
(Daniel 1.1-4)
A segunda lição: A
tentação para que se quebrem
determinados valores pode
acontecer de qualquer forma
ou de qualquer jeito. O fato: é
preciso persistir. (Daniel 1.5)
Terceira lição: Mesmo inseridos
num “mundo” é possível vencer
as tentações. O fato: É preciso
ter sabedoria e disciplina. (Daniel
1.8-15)
21
Quarta lição: O mundo nos
considerar verdadeiros “estranhos”.
Deus sempre está ao nosso lado
nos protegendo. O fato: É preciso
reconhecer essa proteção. (Daniel
1.19)
Quinta lição: A vitória está ao
seu alcance. O fato: É preciso foco
na santificação. (Daniel 1.19-21)
Conclusão
Ser diferente num mundo tão
opressor como o de hoje é começo
para uma vida vitoriosa em todos
os sentidos. O segredo é antigo: se
seguirmos os ensinos deixados por
Deus na Bíblia, vamos alcançar uma
vida santa, sem ser monótona, e
vitoriosa. (Efésios 5.1-21)
Perguntas
1. É possível, assim como Daniel
e seus amigos, viver e vencer
em santidade em um mundo
pecaminoso?
2. Cite circunstâncias que se
igualam aos manjares do rei e
que podemos vencer com uma
vida santa.
3. Que tipo coisa precisamos
renunciar nos dias de hoje para
alcançarmos uma vida santa,
e por conseguinte a vitória tão
desejada?
Pr. Hugo Pereira Sampaio
Email: [email protected]
Do solidário
ao solitário
– percurso
amigo no viver
de irmão
J
esus ensinou que o resumo dos
mandamentos é o amor a Deus
e ao próximo (Mt 22.38,39). Isto
resume o Antigo e o Novo Testamento
nas relações humanas. A família é o
lugar ideal para ensinar, experimentar
e expressar esse amor de irmãos.
Infelizmente, desde Caim até os nossos
dias, muitos integrantes da família
têm desobedecido ao mandamento.
Em resumo: não é opcional; é cumprilo ou desobedecer-lhe, pois foi o
próprio Jesus que ensinou: “Um novo
mandamento vos dou, que vos ameis
uns aos outros; assim como eu vos
amo” (Jo 13.34). Salomão em todos
os seus livros exaltou a fidelidade de
irmão, referindo-se principalmente
à amizade em família: “Em todo
tempo ama o amigo...”; “há amigo
mais chegado do que um irmão” (Pv
23
17.17; 18.24) e em 27.10b, ensina:
“Mais vale o vizinho perto que o irmão
longe”. Este longe não é só distância
geográfica, mas psicológica, como
disposição para socorrer. Diria então:
“Nem todo irmão é amigo, mas todo
amigo é um irmão”. Neste texto serão
apresentadas três situações de angústia
vividas em família:
O solitário, até mesmo,
no seio da família.
O sintoma de uma doença de
relação, segundo a psicologia, é o
AUTISMO (um “certo prazer” de viver
isoladamente, como se não houvesse
pessoas a sua volta). A agitação e
a competição, mesmo em família,
têm produzido falta de prazer nas
trocas familiares. Com os problemas
no relacionamento, um familiar
pode escolher isolar-se e em alguns
casos tornar-se o “bode expiatório”,
como o culpado por todos os erros
ali cometidos. Com isso torna-se
excêntrico no comportamento,
afastando-se das trocas e assumindo
estilo diferenciado de viver socialmente.
Os outros membros do grupo e até
da família passam, também, a tratálo com certa indiferença. Esta pessoa
pode ser um filho, o pai ou a mãe, ou
até alguém do convívio estreito (sogra,
cunhado, etc.). Há outra doença na
família que surge, quase sempre, em
decorrência do citado acima:
Viciado: toda familia teve, tem ou
terá um.
O viciado é alguém que precisa
de estímulos externos, como álcool,
tabaco, maconha, crack, cocaína,
medicamentos como Frisiun, Lexotan,
Diazepan e outras formas de
estímulos. O viciado é um dependente
físico, social e/ou emocional que
se tornou-se o bode espiatório e
tomará, por sua fragilidade e pressão
do grupo, a culpa por todas as
questões dos atritos em família. Há
uma tendência, quase natural, de
envolver-se no alcoolismo e em drogas
ilícitas: praticamente toda família vive,
direta ou indiretamente os efeitos
dessas dependências. São chamadas
de codependentes seja em cuidados
exagerados de uns ou desprezo
de outros. Assim, todos na família
contribuíram para haver viciado(s).
O problema daquele pode ter fatores
físicos hereditários; ou os sociais,
definidos por “certa rejeição” vinda
do ventre pela não expectativa de
sua vinda; crises de relacionamento,
questões congênitas (incidentes
na gravidez) e mais o contexto
socioeconômico e cultural, como
a desnutrição coletiva e o medo
produzido pela violência social. Cada
ato na família que reforce a culpa em
alguém, como desejo de punição ao
errado, reafirma o bode expiatório. Os
problemas de relacionamento conjugal
são definidores de motivos para que se
“escolha” quem ocupará aquele lugar.
A saída para o viciado de qualquer
substância dependerá da consciência de
todos na família, como serão tratados.
Desemprego e falência econômica
Esvaziando o bolso e enchendo de
angústia a alma e o coração. As últimas
décadas de instabilidade econômica
no país, aliadas à tradição cultural de
competição fora e dentro da família,
têm feito muitos brasileiros perderem as
condições de vida e, conseqüentemente,
a paz no relacionamento familiar. O
índice de desemprego e o número de
empresas, grandes e pequenas, que
têm perdido a condição de produção,
e o fechamento, aliado à falta de novos
postos de emprego, faz com que
cerca de 50 milhões de pessoas vivam
situações de miséria. Naturalmente
que todas as famílias, atualmente,
têm desempregados, subempregados
ou pequenos empresários vivendo
situações de penúria econômica
financeira. Vale destacar que nem
24
só a falência e desemprego geram
angústia na família. Há um fator ético
que precisa ser considerado: o sucesso
econômico e social desproporcional
de um dos familiares. Quando um
familiar se destaca economicamente
pode gerar angústia em dois lados
diferentes da relação em família. O que
cresceu e, algumas vezes, desprezou
a família; até os pais, os que ficaram
pobres e desenvolveram inveja/ciúme
e até certa dependência exploratória
daquele que cresceu. Uma e outra
posição são posturas antiéticas; doenças
de personalidade que precisam de
tratamento. A melhor forma de corrigir
tais distorções é:
O solidário acolhendo o dependente/
carente
Levai a carga uns dos outros e assim
cumprireis a lei de Cristo (Gálatas
6.2). O desempregado, o falido, o
viciado são, ou se tornarão solitários.
Da mesma forma que este se torna o
bode expiatório. Haverá alguém que
se sustentará, equilibrado, naquela
família. Mesmo sendo uma carga
muito pesada sobre seus ombros. É
este (pais ou irmãos) que deverá liderar
um movimento de solidariedade para
reacender a comunhão em família. As
armas espirituais serão a busca de Deus
por intermédio da oração própria e de
amigos mais chegados que um irmão
(cumprindo o que diz Tiago 5-13 a 16).
A comunhão espiritual nas orações e
súplicas a Deus resultará em equilíbrio.
25
Outra arma, que também precisa ser
vista como Ação Social da igreja é
assumir o lugar profético em meio às
perversões sociais; considerando os
desmandos, injustiça e desonestidade
bastante ocultas até mesmo por líderes
evangélicos que, na vida política, têm
sido coparticipantes dessas questões.
Cada crente e cada igreja assumindo
a posição de João Batista, mesmo
correndo o risco de perder a cabeça,
mas até que tal aconteça manter-se de
cabeça erguida.
Conclusão
Sê fiel até (se preciso) a morte e darte-ei a coroa da vida (Apocalipse 2.10).
A igreja como instituição, ou cada
membro como cidadão do Reino neste
mundo, precisa ser um SOLIDÁRIO
EM BUSCA DO SOLITÁRIO; seja ele
dentro da família, na sarjeta ou até nos
palácios, proclamando o que o próprio
Jesus se autodenominou, reafirmando
o que o profeta Isaías afirmou: “O
Espírito do Senhor é sobre mim... para
dar liberdade aos cativos” (Lucas 4.18).
Se reconhecemos que também sobre
nós está o Espírito Santo, assumamos o
lugar de mensageiros de Deus, arautos
da justiça divina e se preciso for: Um
guerreiro como Davi. Entendendo,
assim, que a luta é contra o mal, por
meio das astutas ciladas do diabo (Ef
6.10 a 19).
Pr. Alfredo Neves Brum
E-mail [email protected]
26
C
ulto é um assunto que envolve
diretamente todos os cristãos. É
a primeira prática em que somos
inseridos. Esta edição de Palavra &
Vida se dedica ao assunto, a partir
do tema “Adoração & Adoradores
– princípios bíblicos para o culto
cristão”.
Nossa proposta é analisar passagens
bíblicas que tratem de princípios
para o culto cristão, coletiva e
individualmente. A partir desses
textos selecionados, desenvolvemos
conceitos bíblicos, teológicos e
doutrinários, sempre com caráter
aplicativo.
Quanto às leituras diárias,
lançamos um prazeroso desafio:
ler todos os Salmos durante o
trimestre. Será uma rica experiência
devocional, investindo tempo na
meditação de grandes verdades
registradas num estilo poético.
Sem dúvida, lendo diariamente os
Salmos, nossas mentes e corações
serão tocados pela graça redentora
de Deus.
Bom estudo!
Quem escreveu?
Elildes Junio Macharete Fonseca é
casado com Thaís Caetano de Miranda
Fonseca, pastor titular na Primeira Igreja
Batista no Bairro São João (São Pedro
d’Aldeia/RJ) e doutorando em Teologia pela
PUC-Rio. Mestre e bacharel em Teologia
pelo Seminário do Sul e licenciado em
letras (português/grego) pela UFF. Foi
vice-presidente da Convenção Batista
Fluminense e presidente da Associação
Batista Gonçalense. É professor no
Seminário do Sul (licenciado), no Seminário
Teológico Ministerial Batista Litorâneo e no
Seminário Teológico Batista da Região dos
Lagos. Atualmente, é membro do Conselho
Deliberativo da Convenção Batista
Fluminense.
27
Data do Estudo
Licao 1
Texto Bíblico: Romanos 12.1
O que é culto
28
Introdução
O que não é culto
ela graça de Deus, estamos
iniciando uma abençoadora
caminhada, refletindo sobre
princípios para o culto cristão. Um
passo necessário é definir o que
entendemos por culto.
Há diversas definições de culto, que
competentes estudiosos registraram.
Selecionamos uma, de Nelson Kirst,
que diz que “culto é o encontro da
comunidade com Deus e liturgia é
o conjunto de elementos e formas
através dos quais se realiza esse
encontro” 1.
Essa definição nos ajuda a
compreender algo muito importante:
culto é a essência e liturgia, a
forma, os elementos.
Embora as formas de culto possam
ser variadas, a sua essência deve
permanecer inalterada. O culto de
anos atrás, quando as igrejas tinham
menos recursos – algumas utilizavam
lamparinas, inclusive – é o mesmo
de hoje, com vários instrumentos,
boletim, multimídia etc. O que mudou
de lá para cá? Os recursos, as formas,
ou seja, a liturgia, mas não a essência
que caracteriza um verdadeiro culto
cristão.
Se essa essência foi mudada,
alguma coisa está errada. Será preciso
rever o valor do culto e a importância
dos seus elementos.
Lamentavelmente, não basta
definir o que é culto, também se faz
necessário dizer o que não é culto.
Denise Frederico afirmou que “o
culto cristão não é um show, como se
vê na televisão, com um apresentador
famoso lá na frente, tentando ganhar
pontos no Ibope para a sua emissora.
Não é uma performance, com atrações
variadas, apresentações pessoais e
coletivas para abrilhantar e fazer a
plateia sair satisfeita por ter usado bem
seu tempo e seu dinheiro”2.
A pluralidade deste tempo tem
dominado as mentes. As pessoas
estão sendo “engolidas” pela febre
do imediato, do descartável e do
clientelismo. Essa visão de mercado, se
não houver cuidado, acaba chegando
aos membros da igreja. São aquelas
pessoas que se acham no direito de
serem clientes dos cultos das suas
igrejas, para usufruir bons produtos
“sacros”.
O pior de tudo acontece quando
a liderança acredita e transforma o
culto em show. Esquece-se de que
se deve agradar ao Senhor e passase a agradar aos “clientes”. Aí acaba
valendo tudo e, por conseguinte, “não
tem nada a ver”. Que desastre!
P
1 KIRST, Nelson. Nossa liturgia: das origens até
hoje. São Leopoldo: Sinodal, 2003, p. 11.
Culto é sacrifício vivo
O apóstolo Paulo exortou os
romanos – e a nós, também – a
2 FREDERICO, Denise. O Que é Liturgia? Rio de
Janeiro: MK, 2004, p. 13.
29
se apresentarem integralmente a
Deus, “como sacrifício vivo, santo e
agradável” (Romanos 12.1). Esse é o
culto espiritual!
Aqui, vale a pena destacar duas
nuances do culto: a individual e
a coletiva. Ao longo dos estudos,
faremos destaques desses dois
aspectos.
Prestamos culto a Deus na
individualidade. O culto pessoal não
tem intervalos, é contínuo, dura a vida
toda. Como servos do Senhor, todos
os nossos pensamentos e atitudes se
constituem em culto, ou seja, devem
glorificar a Deus.
É colocar o nosso corpo, a nossa
vida, por inteiro, à disposição de Deus.
É um oferecimento ininterrupto. É
como diz o hino 543 do Hinário Para
o Culto Cristão: “em palavras, ações e
atitudes refletirei sua luz”.
Refletindo Cristo, cultuamos
a Deus, exaltando a sua pessoa
e testemunhando os seus feitos
poderosos e inigualáveis.
Prestamos culto a Deus na
coletividade. Somos família de Deus,
integramos o corpo de Cristo. A
dimensão do culto é tanto individual
quanto coletiva.
A Bíblia é clara ao recomendar:
“não abandonemos a prática de nos
reunir, como é costume de alguns,
pelo contrário, animemo-nos uns aos
outros, quanto mais vedes que o Dia
se aproxima” (Hebreus 10.25). Deus
sempre externou o seu desejo de ver
o povo reunido para cultuá-lo: “deixa
30
o meu povo ir para que me cultue”
(Êxodo 7.16).
O culto litúrgico sempre reúne
pessoas. A própria palavra liturgia
significa “ação do povo”. É uma
resposta coletiva ao amor de Deus,
que nos faz próximos em Cristo Jesus.
O domingo é um dia muito
esperado por nós, pois nele a
comunidade de fé, a família espiritual
se ajunta para adorar a Deus.
Não devemos vir para o culto
coletivo com o rosto fechado, com
o semblante caído, como quem é
forçado a fazer algo indesejável. Não!
A vinda para o ajuntamento solene é
motivo de festa, de regozijo espiritual,
pois é o próprio Deus, o Rei dos reis, o
Criador, quem nos convida.
Servir a Deus e pertencer à sua
família é um privilégio que deve ser
valorizado ao extremo.
Pra que serve a liturgia
“A liturgia serve para moldar o culto
cristão, ou seja, ‘desenhar’ o culto”.3
Dela fazem parte todos os elementos
que são usados para se ordenar o
culto.
Denise Frederico diz que “fazer
liturgia é como projetar uma casa”4 e
sugere imaginar-se como um arquiteto
que vá desempenhar um projeto para
um cliente. Uma das necessidades
primeiras é conhecer bem o cliente.
Se a condição financeira for boa, o
3 FREDERICO, Denise. O Que é Liturgia?, p. 15.
4 FREDERICO, Denise. O Que é Liturgia?, p. 15.
Para pensar e agir
Cultuar a Deus é privilégio e
compromisso do cristão. Quando
cultuamos, reconhecemos quem Deus
é e quem somos.
Uma tendência daninha tem sido
difundida por alguns, ensinando
o erro de se exigir de Deus o
atendimento das vontades humanas.
É justamente o contrário. Deus é
o Senhor e nós nos adequamos
à sua vontade. Ele manda, nós
obedecemos.
Cultos que não celebram a Deus e
os seus feitos devem ser repensados.
É possível idolatria numa celebração
evangélica, basta tirar o foco de
Deus. Às vezes, pensamos que
idolatria só acontece diante de uma
imagem, mas a questão é muito
ampla. Quando os feitos humanos
roubam a cena dos feitos de Cristo, a
celebração é idólatra.
Por isso, a recomendação paulina
deve estar sempre viva em nossas
mentes, pois culto é “sacrifício vivo,
santo e agradável a Deus”. É para Ele
e por Ele que cultuamos.
Não gastemos tempo com questões
secundárias, mas aproveitemos
bem cada oportunidade de celebrar
a Deus, com vida santificada e
agradecida pela bênção da salvação.
Leituras Diárias
arquiteto poderá até projetar uma casa
grande, mas, se não for, será colocado
no papel o mínimo essencial. Logo,
assim como no processo de construção
de uma casa, na construção de uma
liturgia há coisas que poderão ser
descartadas e outras não.
Na igreja, no início, não havia uma
forma de culto, mas os cristãos foram
criando formas próprias de culto, ao
mesmo tempo em que frequentavam
o templo. A Bíblia era o único livro
litúrgico utilizado (parte do Antigo
Testamento e, mais tarde, o Novo
Testamento). Entre os primeiros
cristãos não havia regras litúrgicas
precisas. Apenas era mantida uma
tradição comum.
A busca da liturgia nas páginas
do Novo Testamento será pouco
produtiva, pois a igreja primitiva não
sacralizou uma liturgia. Entretanto,
nas páginas do Novo Testamento,
observa-se que a ênfase no culto não
está nos feitos dos homens, mas nos
feitos de Deus.
Esse assunto não agrada muito,
pois, como característica humana,
as pessoas querem ser invocadas e
aplaudidas. O culto não é para isso.
Nele são enfatizados os feitos de Deus.
Resumindo, liturgia é o somatório
de todos os elementos que constituem
a ordem do culto cristão.
Segunda
Terça
Quarta
Quinta
Sexta
Sábado
Domingo
Salmos 1 e 2
Salmos 3 e 4
Salmos 5 e 6
Salmo 7
Salmo 8
Salmo 9
Salmo 10
31
Data do Estudo
Licao 2
Texto bíblico: Salmo 100.2
Cultuar é necessário
Introdução
T
em crescido o número daqueles
que defendem que o culto
coletivo não é necessário. Eles
afirmam que o culto útil a Deus é
aquele que se traduz em serviço ao
próximo. É uma espécie de culto
“indireto”, ou seja, Deus é adorado
por intermédio do serviço prestado
aos outros.
32
Não há dúvidas de que a prática das
boas obras é uma ação da fé cristã
que glorifica a Deus, quando nascidas
na sinceridade do coração, mas não
é razão para apagar da “agenda” do
cristão o culto da comunidade de fé.
É um erro de interpretação bíblica tal
concepção! Uma coisa não pode ser
elevada em detrimento da outra.
O culto é necessário. Refletiremos
sobre quatro justificativas dessa
necessidade1.
1. O culto é necessário por ter sido
instituído por Jesus Cristo
Cristo não só instituiu mas também
ordenou o culto. Quando a igreja
celebra o culto, simplesmente obedece
à ordem de Jesus. Culto não é
invenção da igreja, mas odediência:
“Fazei isto em memória de mim”
(Lucas 22.19; 1Coríntios 11.24,25).
A igreja se reúne para reviver
a memória do sacrifício perfeito,
da entrega suficiente, da morte e
ressurreição do Salvador. Cultuar é
anunciar o sacrifício e a volta de Jesus,
envolvidos no memorial da ceia do
Senhor (1Coríntios 11.26).
Relembrar o sacrifício de Jesus na
cruz e o túmulo que ficou vazio faz da
nossa adoração uma demonstração
de gratidão, que gestos e palavras não
dão conta de expressar.
1 Para este estudo, tomamos emprestados
os tópicos das justificativas levantadas por VON
ALLMEN, J. J. O Culto Cristão: teologia e prática. São
Paulo: Aste, 2005, p. 109-114.
Um culto que não começa e
termina em Jesus está carente
de propósito, podendo até ser
transformado numa reunião social.
O chamado de Jesus ao culto
envolve a comunhão com o Pai e
entre os irmãos, ambas possíveis
pela mediação dele. Em Jesus, as
nossas individualidades e preferências
dão lugar à coletividade e ao bem
comum. O cristão que pensa que o
culto é para ser realizado do seu jeito
está muito enganado. Há outros que
se comportam como se estivessem
sozinhos no templo ou como se
Deus apenas olhasse para eles. Pobre
raciocínio. Quem não aprende a viver
em comunhão evidencia que não ouviu
o chamado de Jesus para o culto.
2. O culto é necessário porque é
suscitado pelo Espírito Santo
Negar a necessidade de culto é
contestar a ação do Espírito Santo na
vida do salvo (2Coríntios 1.22). É o
próprio Espírito que “dá testemunho
ao nosso espírito de que somos filhos
de Deus” (Romanos 8.16).
O culto é uma celebração de
gratidão daqueles que estão sendo
preparados por Deus, na garantia do
seu Espírito (2Coríntios 5.5).
A ação de graças daqueles que
foram alcançados pelos milagres
de Cristo, conforme registram os
evangelhos, são notáveis exemplos
da necessidade de culto suscitada
pelo Espírito Santo: o paralítico,
33
curado, voltou para a sua casa
gloricando a Deus (Lucas 5.25); a
mulher enferma, curado por Jesus
num sábado, se endireita e dá glória
a Deus (Lucas 13.13); o leproso, que
diferentemente dos outros nove,
compreendeu o significado da sua
cura, retonou “glorificando a Deus
em alta voz” (Lucas 17.15); o cego
de Jericó, curado, decide seguir a
Jesus, dando louvores a Deus (Lucas
18.43). Não só aqueles que foram
alvos das ações miraculosas de Jesus
foram movidos a render graças, mas
todos que alcançaram a salvação em
Cristo. A própria confissão de que
Jesus é o Senhor é pelo Espírito Santo
(1Coríntios 12.3).
Cultuando a Deus, rendemos
graças pelo seu perdão, que nos
restituiu a capacidade de adorar,
perdida por causa do pecado.
Aquele que tem a presença do Espírito
Santo de Deus na vida é movido a
cultuar.
3. O culto é necessário porque é um
dos meios de efetivação da história
da salvação
O fato de Jesus ter morrido de uma
vez por todas pela salvação do mundo
não significa que toda a humanidade
está salva automaticamente. Para que
o ser humano seja salvo é necessário
arrependimento dos pecados e
fé em Jesus Cristo como único e
suficiente Salvador. É assim que tem
34
prosseguimento a história da salvação.
O Espírito Santo nos convence do
pecado, da justiça e do juízo (João
16.8), passamos a fazer parte do
corpo de Cristo – a igreja – e nele
somos mantidos.
No culto, celebramos a Palavra
da salvação, relendo a narrativa
bíblica. O ser humano, criado por Deus
à sua imagem e semelhança, pecou e
foi separado de sua glória (Romanos
3.23). A recompensa do pecado é a
morte (Romanos 6.23). Deus mesmo
providenciou o meio de reconciliação
e o fez conhecido na sua encarnação
(João 1.14). Em Jesus, todos têm acesso
a Deus. Esse caminho de retorno é
celebrado no culto cristão e efetivado
por obra do Espírito Santo na vida do
pecador que se arrepende.
Portanto, afirmar que o culto
não é necessário ao salvo equivale
a desprezar a fonte da graça e a
esquecer as palavras de Jesus.
4. O culto é necessário porque
o reino de Deus ainda não se
manifestou em todo o seu poder
A igreja terrena é militante. Somente
no céu a igreja será triunfante.
Quando estivermos no céu, não
precisaremos congregar nos templos,
pois o santuário será o próprio Senhor
Deus, o Todo-Poderoso, e o Cordeiro
(Apocalipse 21.22). Enquanto na terra,
é necessário o ajuntamento do povo
de Deus para o culto.
Para pensar e agir
Cultuar é necessário, mas não como
quem “bate cartão” por obrigação
numa empresa, mas com voluntária
alegria (Salmo 100.2).
Li uma história narrada por um
pastor, como verídica, que dizia
o seguinte: “ao final do ano, um
irmão (daqueles “cheios de cargos”)
disse ao pastor que não assumiria
nenhum cargo ou ministério para o
ano seguinte, pois queria um tempo
de “descanso, sombra e água fresca”
(aspiração de quem está prestes a
se aposentar, mas de “impossível”
aplicação na igreja de Cristo). Mesmo
orientado pelo pastor, o irmão
manteve-se irredutível em sua decisão.
Poucos dias após, exatemente no dia
31 de dezembro, o dito irmão faleceu
(como qualquer mortal), mas o pastor
observou alguns fatos curiosos:
o irmão descansou exatamente
no último dia dos “compromissos
assumidos”; seu sepultamento
deu-se à sombra de uma frondosa
amendoeira, e, como só acontece
em casos especiais, num calor de 40
graus, ao término do sepultamento,
caiu uma pesada chuva (daquelas que,
nem correndo, dá tempo de não se
molhar) e regou abundantemente a
sepultura. Curioso, – deduziu o pastor
– o irmão teve seu pedido atendido
integralmente: descansou, foi
sepultado à sombra de uma frondosa
amendoeira e recebeu água fresca em
abundância”.
Não percamos tempo, abrindo
mão de participar do culto coletivo
por motivos infundados. Valorizemos
as oportunidades, priorizemos as
celebrações. Cultuar é necessário.
Façamos a nossa parte.
Leituras Diárias
O reino de Deus já está presente
entre nós, mas não em sua plenitude.
Os que se comportam como se
tudo na terra já fosse o reino de
Deus erram por não considerar a
dimensão escatológica da igreja no
mundo. Noutras palavras, este mundo
passará e a igreja, santa e purificada,
continuará viva na eternidade de
Deus.
O culto celebra a esperança
da volta de Jesus, reafirmando,
de contínuo, que não estamos
sozinhos na caminhada, mesmo
que enfrentemos lutas e privações, tão
naturais à realidade humana.
No céu, não precisaremos nos
ajuntar para o culto, porque sempre
estaremos juntos e em culto diante do
Cordeiro de Deus, gloricados por Ele,
definitivamente livres da presença do
pecado.
Segunda
Terça
Quarta
Quinta
Sexta
Sábado
Domingo
Salmos 11, 12 e 13
Salmos 14 e 15
Salmos 16 e 17
Salmo 18
Salmo 19
Salmos 20 e 21
Salmo 22
35
Data do Estudo
Licao 3
Texto Bíblico: Lucas 7.36-38
Adoração extravagante, 1
Introdução
E
stamos diante de um gesto de
adoração bastante incomum.
Os quatro evangelhos registram
o gesto extravagante de Maria ao
ungir os pés de Jesus. O fato de cada
evangelista ressaltar um aspecto
do episódio tem levado estudiosos
a pensar que houve dois casos da
unção. Eles podem estar certos,
embora as duas situações apresentem
pontos comuns.
Mateus mostra o evento dizendo
que ele se deu “estando Jesus em
36
Betânia, casa de Simão, o leproso”
(Mateus 26.6). Ressalta, também, que
o vaso de alabastro estava “cheio de
um bálsamo muito caro” (v.7).
Marcos também faz menção da casa
de Simão, mas destaca mais a bênção
que Jesus dirigiu à mulher. Lucas
apresenta um relato mais detalhado.
Informa que Simão era fariseu e que
a mulher era uma pecadora (Lucas
7.36,39), deixando a entender que era
uma prostituta.
João informa também que o
episódio ocorreu em Betânia, mas
ascrecenta que o banquete foi
realizado na presença de Jesus e de
Lázaro, a quem ressuscitara (João
12.1,2). O nome da mulher é citado
– Maria – e o efeito do perfume,
destacado: “e a casa se encheu com o
perfume do bálsamo” (João 12.3).
Somadas as informações dos quatro
evangelhos, temos diante de nós uma
“história na íntegra”. Cornwall, ao
analisar o episódio, assim sintetizou:
“um fundamentalista a quem Jesus
havia curado de lepra resolveu dar
uma festa para celebrar a ressurreição
de Lázaro. Era uma espécie de
comemoração pela volta dele. O relato
dá a entender que Lázaro estaria
sentado à cabeceira da mesa, no lugar
de honra, enquanto Jesus era apenas
um dos convidados” 1.
Os registros bíblicos deixam claro
que Jesus não foi alvo de nenhuma
das atenções geralmente dirigidas
1 CORNWALL, Judson. Adoração como Jesus
ensinou. Venda Nova: Betânia, 1995, p.124.
aos convidados. Era comum lavar os
pés dos convidados ilustres, ungir a
sua cabeça e saudarem com um beijo
(que no Oriente corresponde ao nosso
aperto de mão).
Lucas registra, inclusive, a
repreensão de Jesus: “E, voltando
para a mulher, disse a Simão: vês
esta mulher? Entrei em tua casa, e tu
não me deste água para os pés; mas
ela os molhou com suas lágrimas e
enxugou-os com seus cabelos. Não
me cumprimentaste com beijo; ela,
porém, não para de beijar-me os
pés, desde que entrei. Não colocaste
óleo sobre a minha cabeça; mas ela
derramou perfume sobre os meus
pés” (Lucas 7.44-46).
1. Lágrimas de arrependimento e
gratidão
a) contexto joanino
Considerando o relato do quarto
evangelho, ninguém poderia estar
mais feliz de ver Lázaro ressuscitado
e recebendo os seus amigos do que
Maria, sua irmã.
A morte do “homem da casa” era
um risco enorme para as mulheres.
Certamente, o padrão de vida cairia.
Seria muito difícil para Maria manter
propriedades e valores que partilhava
com seu irmão. A injustiça era grande
com as viúvas, mas também com as
solteiras que dependiam dos seus
falecidos irmãos.
O retorno de Lázaro à vida e,
consequentemente, à família, era
37
muito significativo. Era o retorno da
estabilidade no lar de Maria e Marta.
b) contexto sinótico
Mateus, Marcos e Lucas são
chamados evangelhos sinóticos,
por terem uma mesma forma de
apresentação. E o relato deles
evidencia que Jesus estava sendo
ignorado pelo anfitrião. O desprezo
foi tamanho que a honraria partiu
de uma mulher desprezada pela
sociedade.
A pecadora, com a desenvoltura de
uma mulher que conhece os homens
no que têm de pior, foi abrindo
caminho entre os presentes – alguns
certamente lhe opunham resistência
– e chegou até onde Jesus se
encontrava reclinado à mesa. Aos pés
de Jesus, chorou intensamente.
As lágrimas da mulher corriam pelos
pés de Jesus, molhando-os a ponto
de serem lavados. Lágrimas brotavam
como uma fonte.
Simão se lembrou da antiga
vida daquela mulher. Ela também,
podendo até estar diante de alguns
dos seus antigos clientes, talvez
tenha recodado a sua vida pregressa.
Certas recordações, em comparação
com a mudança operada pela graça
redentora de Jesus, tendem a levar às
lágrimas.
Vale destacar que ela chorou muito,
mas chorou diante de Jesus. Não
foram lágrimas de remorso, foram
lágrimas de gratidão, extravasando
emoções de amor.
38
Nós também, motivados por
orgulho, rebeldia e iniquidade, nos
mantivemos longe do amor do
Senhor, até que Deus nos mostrou tais
condições, chamando-as de pecado.
Pensando na mulher pecadora, suas
lágrimas podem ser denominadas,
também, de lágrimas de alívio, por ter
se arrependido dos seus pecados e
desfrutado do perdão de Jesus.
Nem sempre um choro
será de arrependimento, mas,
diante de Jesus, o ideal é que
nossas lágrimas demonstrem
arrependimento e gratidão.
Arrependimento porque
sabemos que somos pecadores
e gratidão porque a Bíblia nos
dá a certeza do perdão, que nos
coloca na condição de libertos da
condenação (Romanos 8.1).
Ver-se como alvo do amor de Deus
é algo tão maravilhoso que é difícil
conter as lágrimas. Ainda bem que
na presença de Jesus não precisamos
reprimir as lágrimas, mas podemos
extravasá-las, desde que sinceras.
Jesus valorizou as lágrimas daquela
mulher, pois Deus valoriza as lágrimas
dos seus adoradores: “Tu contas
minhas aflições; põe minhas lágrimas
no teu odre; não estão elas registradas
no teu livro?” (Salmo 56.8).
Deus tem o poder de ver o choro
de tal forma, discernindo-o como
demonstração de força, e não de
fraqueza. E chorar também não
é necessariamente evidência de
descontrole emocional.
Para pensar e agir
A próxima lição será a continuação
desta, mas não podemos concluir uma
reflexão sem alguns compromissos de
aplicação à vida. É essencial, diante da
Palavra de Deus, tomar decisões que
nos levem a imitar Cristo no dia a dia.
O fato de termos alcançado o
perdão de Jesus não nos leva, de
imediato, para o céu. A vida continua
neste mundo. Se estamos estudando
esta lição, é porque ainda estamos
peregrinando por aqui.
Vivemos neste mundo, sujeitos às
tentações e continuamos pecadores.
O que nos distingue daqueles que
ainda não tiveram um encontro com
Jesus, reconhecendo-o como Salvador
e Senhor, é que não temos mais
prazer no pecado. Quando pecamos,
logo nos arrependemos, porque nos
machuca entristecer a Deus.
Uma vez que continuamos
pecadores, o arrependimento
deve ser nosso companheiro na
jornada cristã. É muito difícil lidar
com alguém que não se arrepende
dos seus erros. De igual forma, é
muito difícil a caminhada cristã sem
o arrependimento, pois os frutos não
aparecerão.
Reconhecer nossos pecados e nos
arrepender deles é condição essencial
para uma adoração verdadeira.
Assim como o arrependimento,
a gratidão também deve ser
companheira inseparável do
cristão. Não somos ingratos, pelo
contrário, somos agradecidos por tudo
o que Jesus fez por nós.
“Arrependimento e gratidão” é
uma receita básica demonstrada nas
lágrimas da mulher pecadora na casa
de Simão. Colocando-a em prática,
comprovaremos a bênção de uma vida
em dia com Jesus.
Leituras Diárias
A Bíblia também registra que
Jesus chorou e, ainda mais, que tal
reação demostrou o seu amor por
Lázaro (João 11.35,36). Uma amizade
tão especial que as lágrimas foram
inevitáveis.
Assim como a mulher pecadora
chorou prostrada aos pés de Jesus,
não se importando com as pessoas
que estavam a sua volta, Jesus
também chorou diante do túmulo de
Lázaro, independentemente do que
poderiam dizer.
O exemplo de Jesus deve ser
seguido por nós. É apreciável ter
amigos e demonstrar o valor devotado
às amizades. O exemplo da pecadora
chorando aos pés de Jesus também
deve ser seguido por nós, pois Ele
merece toda a nossa demonstração de
arrependimento e gratidão.
Segunda
Terça
Quarta
Quinta
Sexta
Sábado
Domingo
Salmos 23 e 24
Salmos 25 e 26
Salmos 27 e 28
Salmos 29 e 30
Salmo 31 e 32
Salmos 33 e 34
Salmo 35
39
Data do Estudo
Licao 4
Texto Bíblico: Lucas 7.36-38
Adoração extravagante, 2
Introdução
A
lição de hoje é a continuação da
anterior. Releia o texto bíblico
que narra o evento-base da
reflexão que prosseguiremos.
Trazendo à memória o estudo
passado, estamos diante de um gesto
40
de adoração bastante incomum, e já
analisamos o primeiro aspecto dele:
as lágrimas intensamente vertidas
pela mulher chamada pecadora.
Aprendemos que foram lágrimas de
arrependimento e gratidão e firmamos
o compromisso de uma vida cristã
com essas virtudes.
Agora, veremos mais dois aspectos
dessa adoração extravagante, sempre
na perspectiva de relacionarmos
princípios bíblicos para o culto cristão.
2. Um ato de coragem
Na opinião das pessoas presentes
na casa de Simão, a atitude daquela
mulher foi de rebaixamento. Afinal,
ela se colocou aos pés de Jesus, em
adoração, chorou a ponto de molharlhe os pés, e os secou com os cabelos.
Para uma mulher judia, o cabelo
tinha grande significado. Era a sua
“arma de sedução”, cuidado e
guardado, por isso quase não era
exposto. Naquela época, nenhuma
mulher usava o cabelo solto em
público. Ela só o soltava dentro de
casa e na presença do marido.
Aquela mulher rompeu com
a opinião pública e, num ato de
coragem, usou os próprios cabelos
para secar os pés do Mestre.
Interessante que Simão logo a
chamou de “pecadora”, ao invés de
dizer “ela era pecadora”, porque Jesus
a libertara dessa condição.
É possível que os seus atos tenham
dado a Simão a impressão de
que talvez ela ainda não estivesse
totalmente liberta, que vinha apenas
se reprimindo. A incredulidade do
anfitrião o fazia julgá-la. Ele teve
olhares para a antiga vida da mulher,
mas não foi sensível para perceber a
sua nova vida, após o contato com
Jesus.
A coragem dela foi tamanha,
que demonstrou maturidade e
entendimento de que reputação é
simplesmente aquilo que os outros
pensam de nós. A essência do que
somos é o nosso caráter.
Por mais que o seu ato tenha
sido alvo de críticas, assim como
a aceitação de Jesus, no íntimo,
a mulher sabia que Ele em nada
comprometeu o seu caráter,
muito pelo contrário. Quando
expressamos amor a Jesus,
adorando-o sinceramente, o nosso
caráter é edificado.
Aquela mulher arriscou-se,
mas não deixou de render a sua
adoração a Jesus. Mais do que a
preocupação com o que “os outros
pensarão de mim”, o cristão precisa
se preocupar com “o que Jesus
pensará de mim”.
Realmente a adoração dessa mulher
foi extravangante, um legítimo ato de
coragem. Ela usou o melhor, pois o
frasco de óleo perfumado valia, pelo
menos, o salário de um ano de um
trabalhador. Possivelmente era toda
a sua riqueza, pois naquela época
era comum as pessoas investirem seu
dinheiro em ouro e especiarias. Não
41
eram usuais os depósitos bancários
como o fazemos hoje.
A verdade incontestável é que
aquela mulher ofereceu o seu melhor
a Jesus. Foi um ato tão corajoso e
singular que Jesus disse que “em
todo o mundo, onde quer que seja
pregado o evangelho, também o que
ela fez será contado em sua memória”
(Marcos 14.9).
É emocionante constatar que a
palavra de Jesus não se perdeu com
o passar dos anos. Nós, os seus
seguidores deste tempo, temos
contado este episódio e perpetuado a
memória daquela mulher.
3. Amor demonstrado em ação
Quando o fariseu viu o ato
extravangante de adoração, pensou
com ele mesmo que Jesus não
era profeta, porque, se o fosse,
saberia que aquela mulher era uma
pecadora, uma pessoa de conduta
reprovada.
Mas Jesus, numa demonstração do
seu poder, respondeu ao pensamento
de Simão, fazendo-lhe uma pergunta,
cuja resposta certamente o levou a
arrepender-se de ter duvidado da
divindade de Jesus.
Jesus exaltou as atitudes da
criticada mulher que deveriam ser
as atitudes de Simão, como anfitrião
(Lucas 7.44-47). A mulher tida
como repugnante pelo fariseu foi
exemplo de amor demonstrado
em ação. Simão se achava bom nas
42
palavras, mas Jesus lhe mostrou que
era falho nas ações.
Enquanto Simão recebeu a
repreensão, a mulher recebeu o
perdão: “Jesus disse à mulher: os teus
pecados estão perdoados (...). A tua
fé te salvou; vai em paz” (Lucas 7.48
e 50).
Nada do que fizermos poderá
se igualar à grandeza do amor
de Deus, resumida (e ampliada)
na morte de Jesus na cruz, para
propiciar o reencontro entre Criador
e criatura. Mas Deus espera que o
amemos, muito mais que palavras.
O culto aceitável é fruto do amor
verdadeiro.
Jesus disse: “Aquele que tem os
meus mandamentos e os guarda,
esse é o que me ama. E aquele que
me ama será amado por meu Pai, e
eu o amarei e me manifestarei a ele”
(João 14.21). E ainda: “Quem não me
ama não obedece às minhas palavras”
(João 14.24).
O amor é provado em ações. A
mulher pecadora provou o seu amor
em ações, assim como Deus fez: “Mas
Deus prova o seu amor para conosco
ao ter Cristo morrido por nós quando
ainda éramos pecadores” (Romanos
5.8).
O exemplo vem de cima, vem do
Deus eterno e perfeito. Ele nos amou
e provou, amplamente, o seu amor.
Ouvi, certa vez, de um grande
pregador, a seguinte ilustração:
“Havia na Índia um trem da meianoite, conhecido como ‘corujão’.
Para pensar e agir
Mexe conosco saber que um
episódio tão antigo ainda fala tão alto.
Isso nos ensina o valor da adoração.
Aquela mulher nos ensinou que para
adorar a Deus, verdadeiramente, é
preciso compromisso de vida.
Faz lembrar uma fábula muito
interessante: Certa vez, a galinha
procurou o porco e propõs que
oferecem um delicioso café da manhã
na floresta. O porco gostou da ideia e
começaram a fazer os prepartivos para
o cardápio da efeméride. Foi quando a
galinha sugeriu ao porco: já sei o que
podemos preparar! Bacon com ovos!
Eu dou os ovos e você o bacon.
A moral é obvia. A galinha daria algo
de si e o porco daria a própria vida. A
galinha, após o café, continuaria viva,
pondo outros ovos. Já o porco...
Cultuar é mais do que envolvimento,
é compromisso. Cultuar é celebrar
a Deus pela nova vida, pela vida
ressuscitada, pelo dom perfeito: “não
sou mais eu quem vive, mas é Cristo
quem vive em mim. E essa vida que
vivo agora no corpo, vivo pela fé no
Filho de Deus, que me amou e se
entregou por mim” (Gálatas 2.20).
Leituras Diárias
Numa dessas viagens da madrugada,
adentrou um passageiro falando alto,
dando gargalhadas, contando piadas,
e as pessoas pediam que falasse mais
baixo porque precisavam aproveitar
a viagem para descansar. Só que não
adiantava; quanto mais as pessoas
pediam que fizesse silêncio, mais
aquele homem as atormentava. Até
que alguém disse: moço, o senhor
sabe quem é essa pessoa à sua frente?
É Mahatma Gandhi, o libertador da
Índia. Diz a ilustração que o homem se
espantou e exclamou: é o Dr. Gandhi!
Logo abriu a sua bolsa, pegou o
seu violino e começou a tocar uma
belíssima música. Ao concluir, todos o
aplaudiram, menos Gandhi. O homem
perguntou: Dr. Gandhi, o senhor não
gostou da minha música? Gandhi
respondeu: não gostei, porque você
não sabe obedecer”.
A simples ilustração nos ajuda a
entender que sem obediência, sem
ação, o amor fica comprometido, pois
se resume a discurso, a oratória, a
falação.
A mulher da narrativa de Lucas
poderia entrar na casa de Simão
e fazer um impecável discurso
de amor a Jesus, mas não seria
tão contundente quanto a sua
ação silenciosa. O amor, princípio
fundamental no culto cristão, deve ir
além da letra das músicas e ganhar o
sentido real das Escrituras: “o amor
seja sem fingimento” (Romanos 12.9).
Segunda
Terça
Quarta
Quinta
Sexta
Sábado
Domingo
Salmos 36 e 37
Salmos 38 e 39
Salmos 40 e 41
Salmos 42 e 43
Salmos 44 e 45
Salmos 46 e 47
Salmos 48 e 49
43
Data do Estudo
Licao 5
Texto Bíblico: Mateus 15.21-28
Adoração sincera
Introdução
J
osué, sucessor de Moisés, pouco
antes de morrer, desafiou o povo
de Israel ao culto sincero: “Temei
o Senhor e cultuai-o com sinceridade
e com verdade. (...) Cultuai o Senhor”
(Josué 24.14). O termo sinceridade
aqui empregado significa “sem
mácula, não adulterado”.
Paulo, dirigindo-se aos filipenses,
registrou: “E peço isto em oração:
que o vosso amor aumente cada vez
44
mais no pleno conhecimento e em
todo entendimento, para que aproveis
as coisas superiores, a fim de serdes
sinceros e irrepreensíveis até o dia de
Cristo” (Filipenses 1.9,10). O apóstolo
utilizou o vocábulo grego significando,
ao pé da letra, “julgado à luz do sol”,
ou seja, examinado para se verificar
sua autenticidade.
Noutra passagem, Paulo disse:
“Porque não somos mercenários
da palavra de Deus, como tantos
outros; mas falamos em Cristo com
sinceridade, da parte de Deus e na sua
presença” (2Coríntios 5.17). O termo
empregado nesse verso quer dizer
“legítimo, genuíno”.
Cornwall apresentou uma
interessante informação, que “cai como
uma luva” para esclarecer o termo: “A
palavra ‘sincero’ provém do termo latino
sincerus, formado pela aglutinação
de dois outros: sin, “sem”, e caries,
“deterioração”. Portando, o significado
básico de ‘sincero’ é ‘sem deterioração’.
No passado, os negociantes
de metais preciosos costumavam
promover sua mercadoria afirmando
que ela era ‘sincera’, isto é, ‘sem cera
ou enchimento’. Era muito comum
os artífices desonestos encobrirem as
falhas de um produto aplicando-lhe
uma cera da mesma cor, que lhe dava
a aparência de acabamento perfeito.
Mas se alguém chegasse o artigo ao
fogo, a cera derreteria e escorreria, e
a falha seria exposta. Quando algum
negociante anunciava um produto
‘sincero’ queria dizer que ele não fora
retocado com cera” 1.
Deus requer de nós que lhe
prestemos um culto sincero, autêntico,
genuíno, não adulterado e sem
deterioração.
1. Interesse sincero
O interesse de adoração esboçado
por Herodes foi mentiroso: “Então
1 CORNWALL, Judson. Adoração como Jesus
ensinou. Venda Nova: Betânia, 1995, p.132.
Herodes chamou secretamente
os magos e procurou saber deles
com precisão quando a estrela
havia aparecido. E, enviando-os a
Belém, disse-lhes: ide e perguntai
cuidadosamente sobre o menino.
Quando o achardes, avisai-me, para
que eu também vá adorá-lo” (Mateus
2.7,8).
A boca de Herodes falou uma coisa,
mas a intenção dele era outra. É nítido
que ele não queria adorar Jesus, pelo
contrário, ele queria eliminar um
possível rival. Herodes disse “adorar”,
mas queria mesmo era “destruir”.
O desejo de adoração do rei
Herodes não passaria no teste da
sinceridade. Sua real intenção era
manipular circunstâncias.
Temos de nos cuidar para não
repetir o erro de Herodes, salvas as
devidas proporções. Não queremos
e nem podemos matar o “recémnascido Rei dos judeus”. A falta de
sinceridade, a mentira em nossa
adoração pode acontecer de
outras formas. O simples fato de
estar num culto por obrigação
caracteriza uma adoração falsa,
porque nada brotará do coração
e sim de um ritual mecânico. Uma
espécie de “culto de corpo presente e
mente e coração ausentes”.
O fato de o ajuntamento solene do
povo de Deus acontecer regularmente
não significa que será uma repetição
sem sentido, pois todo culto é uma
novidade. Cada celebração é uma
nova oportunidade de encontro, de
45
reflexão, de crescimento, e deve ser
vivida como se fosse a última, ou seja,
valorizada intensamente.
Pobre Herodes... ele podia enganar
a muitos, menos a Deus. Os magos
foram avisados em sonho para não
regressarem a Herodes e um anjo do
Senhor disse a José para fugir com o
menino e a mãe para o Egito (Mateus
2.12,13). Esse é o nosso Deus, digno
de adoração! Ninguém pode parar o
seu agir!
Um bom exercício espiritual é fazer
como Davi: “Sonda-me, ó Deus, e
conhece o meu coração; prova-me
e conhece os meus pensamentos; vê
se há em mim algum caminho mau e
guia-me pelo caminho eterno” (Salmo
139.23,24).
2. Disposição sincera
É curioso observar que muitos dos
que adoraram a Jesus nos evangelhos
não eram judeus. O primeiro emprego
do termo “adoração” no Novo
Testamento refere-se aos magos do
Oriente. O grande discurso de Jesus
sobre adoração foi dirigido à mulher
samaritana. Um chefe romano adorou
a Jesus pedindo que ressuscitasse
a sua filha. Gregos também vieram
adorá-lo. Um nobre de Cafarnaum foi
outro que o adorou.
A explicação joanina é convincente:
“Ele veio para o que era seu, mas os
seus não o receberam. Mas a todos
que o receberam, aos que creem no
seu nome, deu-lhes a prerrogativa de
46
se tornarem filhos de Deus; os quais
não nasceram do desejo da carne,
nem da vontade do homem, mas de
Deus” (João 1.11-13).
É claro que há também exemplos
de adoradores do povo de Jesus,
mas é interessante que o primeiro
mencionado por Mateus foi um
leproso (Mateus 8.2). João menciona
um cego (João 9.38). Os primeiros
a se prostrar foram os que mais
reconheciam suas carências e aflições.
O texto-base do nosso estudo
apresenta o episódio da mulher
cananeia. Mateus nos conta que
depois de um confronto com os
escribas e fariseus, “Jesus seguiu para
a região de Tiro e Sidom. Uma mulher
cananeia, vindo daquelas redondezas,
pôs-se a gritar: Senhor, Filho de Davi,
tem compaixão de mim! Minha filha
está horrivelmente endemoninhada”
(Mateus 15.21,22).
Diante de um pedido tão veemente,
é intrigante que Jesus nada respondeu
à mulher, identificada por Marcos
como sendo grega, de origem sirofenícia (Marcos 7.26). Ela persistiu, e
continuou seguindo Jesus, insistindo
no seu pedido.
Os discípulos se aproximaram e
rogaram a Jesus que mandasse a
mulher embora, porque estava aos
gritos atrás deles. Imagino que os
discípulos já estivessem irritados com
ela.
O apelo da cananeia apresentava
um argumento que não se aplicava
a ela. Sendo grega, ela não tinha
adoração, prostrando-se e adorando
com disposição correta, Jesus a
respondeu: “Mulher, grande é a
tua fé! Seja feito a ti como queres”
(Mateus 15.28).
Para pensar e agir
Aquele que deseja uma resposta
positiva de Jesus precisa ser sincero
na adoração. O ensinamento
é claro: “Deus é Espírito, e é
necessário que os que o adoram o
adorem no Espírito e em verdade”
(João 4.24).
A encarnação de Cristo, ou seja,
a sua vinda ao mundo tomando a
forma humana, nos possibilitou a
comunhão imediata com Deus. O
Filho, que é a perfeita manifestação
de Deus, colocou ao nosso alcance a
capacidade de adorá-lo em espírito e
em verdade.
Vale a pena parar e refletir: qual a
real motivação da nossa adoração?
Temos sido sinceros? Passamos no
teste da exposição à luz?
O desejo de Deus, explícito na
Palavra, é que sejamos achados fiéis e
verdadeiros adoradores.
Leituras Diárias
o direito de reivindicar o favor de
Jesus como Filho de Davi. Alguns
comentaristas sugerem que a
mulher estava alegando ser filha
de Israel, quando não o era, e que
possivelmente teria visto Jesus ser
assim chamado por outros, atendendo
seus pleitos. Logo, ela quis aproveitar
uma fórmula que deu certo com
outros.
É mais fácil ir até Jesus com
fórmulas prontas, mas Ele busca
pessoas que queiram segui-lo, que
queiram caminhar com Ele; isso
significa relacionamento.
Quem procura por Jesus com
um relacionamento inexistente,
certamente receberá o silêncio
como resposta, mesmo que utilizem
fórmulas corretas.
Um coração com disposição errada
não será respondido. Hebreus 10.22 é
uma boa dica: “Aproximemo-nos com
coração sincero, com a plena certeza
da fé, com o coração purificado da má
consciência e tendo o corpo lavado
com água limpa”. Adorador que não é
sincero merece o silêncio de Jesus.
Jesus foi categórico e esclarecedor
na sua resposta aos discípulos: “Eu fui
enviado somente às ovelhas perdidas
da casa de Israel” (Mateus 15.24).
Ele não estava sendo insensível, sua
ação foi para o bem daquela mulher,
retirando a sua máscara, levando-a
a um nível mais profundo de
relacionamento com Deus.
No instante em que aquela mulher
demonstrou sinceridade em sua
Segunda
Terça
Quarta
Quinta
Sexta
Sábado
Domingo
Salmos 50 e 51
Salmos 52 e 53
Salmos 54 e 55
Salmos 56 e 57
Salmos 58 e 59
Salmos 60 e 61
Salmos 62 e 63
47
Data do Estudo
Licao 6
Texto Bíblico: Mateus 18.20
Deus: o principal
oficiante do culto
Introdução
N
a lição 1, aprendemos um pouco
mais sobre o que é culto. Nela,
definimos alguns termos, como
culto (coletivo e individual) e liturgia.
Vale a pena rever esses conceitos
antes de prosseguir. Fica a dica.
Quando a igreja se reúne para
cultuar, todos se constituem em
oficiantes do culto. Essa tarefa não é
só do pastor ou do dirigente. O único
que assiste ao culto é Deus, pois é o
alvo exclusivo da adoração.
48
É sempre positivo relembrar que não
é correto dizer que vamos ao templo
assistir ao culto. Na verdade, vamos
ao templo prestar culto, participando,
ativamente dele.
Vamos ao teatro assistir a um
espetáculo, vamos ao estádio assistir
a uma partida de futebol, mas não
vamos ao templo assistir a um culto.
Há, porém, um cuidado que
temos de ter quando pensamos no
relacionamento entre Deus e o culto.
Embora o Senhor seja assistente, ele
também é o principal oficiante. Ele é
o recebedor da adoração, bem como
o propiciador da oportunidade de
adoração.
1. Participação de Deus no culto
De tanto sabermos que Deus
se faz presente na reunião do seu
povo (Mateus 18.20), temos tanto a
tendência de tomar a sua presença
como pressuposta, como evidente, que
na maior parte das vezes a omitimos
como presença oficiante do culto.
É a ordem de Deus que transforma
o ato de culto em algo mais do
que mero desejo ou anseio. É a sua
presença que faz dele algo mais do
que uma simples ilusão.
É a presença de Deus que nos
redime do perigo da vaidade, que nos
cura da cegueira espiritual. É o amor
de Deus que impede que o culto se
transforme num cerimonial mecânico
individualista. A liberdade de Deus
eleva o culto acima do nível de uma
espécie de chantagem espiritual.
Com isso, temos de aprender
que Deus é, ao mesmo tempo e
de forma perfeita, sujeito e objeto
do culto cristão. No culto, Deus
serve e é servido, ordena e recebe
a celebração, fala e escuta. Deus é
aquele a quem imploramos e que
concede o que pedimos.
O culto seria uma farsa
criminosa sem a presença de Deus,
seria uma grande mentira.
Von Allmen nos brinda com uma
profunda declaração: “É por meio
da fé que a igreja percebe que o
seu culto não é nem criminoso, nem
mentiroso, nem enganoso, porque
sabe que é Deus que a chama à
adoração, na qual Ele se dá à igreja e
a acolhe” 1.
2. Participação do pastor no culto
Vamos tratar da figura do pastor,
mas também se inclui aqui todo
aquele que participa como dirigente
do culto ou pregador, no caso de não
ser o pastor.
Logo de início, é importantíssimo
destacar que o culto não é do pastor,
mas da comunidade. Às vezes,
corremos o risco, pela habitualidade,
de pensar que a igreja ajuda o pastor
a celebrar o culto. É justamente o
contrário. O pastor é quem ajuda
a igreja a celebrar o culto, ele é
um facilitador da ação conjunta da
comunidade de fé.
Quando o pastor é elevado à
categoria de oficiante exclusivo
(solitário) do culto, nasce a tentação
de se achar “estrela”. São os
chamados “showmen”, aqueles
“pastores” que transformam o culto
em performances pessoais. Parece que
se eles não estiverem presentes, não
há culto. Eles são “os caras”. Se não
tomar cuidado, se colocam acima do
próprio Deus.
Devemos aprender com a discrição
de Jesus. Como Pastor Supremo,
1 VON ALLMEN, J. J. O Culto Cristão. São Paulo:
Aste, 2005, p.183.
49
Jesus levou os seus seguidores
a um relacionamento profundo
com o Pai. Jesus sabia que o povo do
Senhor deveria cultuar pela fé, noutras
palavras, deveria cultuar além do que
se pode ver.
O pastor ou dirigente de culto é
tão somente um servo, destacado
entre os outros servos, para auxiliar a
congregação no culto coletivo. Não
se adora pastor. Só Deus é digno de
adoração.
Diante de Jesus, pastor também
é ovelha. A igreja precisa entender
isso. Os pastores também precisam
de oração e cuidado. Nunca uma
igreja deve agir com o pastor como se
estivesse agindo com uma máquina.
Pastor se cansa, precisa de tempo e
tem o dever de ser adorador.
3. Participação da congregação no
culto
O cristão deve assimilar a graça de
poder celebrar culto a Deus como
um direito e um dever. Um direito
outorgado pela obra salvífica de Cristo
e um dever prazerosamente assumido
como resposta a esta mesma obra.
Alguns requisitos devem ser
atendidos por todos nós, quando
reunidos em culto:
SINCERIDADE. A congregação
deve ser íntegra na sua celebração.
Não vale de nada se reunir
corporalmente e mentalmente
permanecer distante. A adoração
deve ser sincera, noutras palavras,
50
a verdade deve imperar na mente e
no coração dos celebrantes. Vir ao
templo e ficar pensando maldades,
conversando sobre a vida alheia
(a popular fofoca) é uma atitude
repugnante perante Deus.
REVERÊNCIA. É triste celebrar
a Deus com uma congregação
indisciplinada. Ambiente leve,
informal e descontraído não significa
irreverência. O culto ao Senhor,
embora não seja formalista, não é
uma desordem ou confusão. Quando
lemos a Bíblia, por exemplo, lemos a
Palavra de Deus, logo, somos “boca
de Deus” ao proclamar a Palavra.
Isso não pode acontecer de qualquer
maneira. Devemos evitar o famoso
“levanta e sai” a todo instante no
culto. Ficamos duas horas assistindo
a um filme no cinema, por que não
podemos ficar o mesmo tempo (ou
menos, geralmente) em reverência no
culto? É uma questão de prioridade
e valorização. Parece que estamos
nos “acostumando” demais com a
presença de Deus a ponto de faltar
com o respeito. Deus é nosso amigo,
mas nunca deixará de ser nosso
Senhor. Volto a dizer que culto não
é uma ditadura, mas também não é
uma anarquia. Deus não é um ditador,
mas governa sobre nós, exigindo
“decência e ordem” (1Coríntios
14.40).
UNIDADE. No culto individual,
somos nós e Deus, mas, no culto
coletivo, que é o nosso caso aqui,
somos nós, os outros e Deus.
ter concluído o ensino médio, por
exemplo. Não somos reconhecidos
na celebração litúrgica pelos títulos
conquistados, embora tenham a sua
importância, mas sim pelo amor,
que é o vínculo especial. A igreja é
realmente algo sublime, pois nela
todos aprendem e ensinam. É uma
troca mútua, na mediação de Jesus.
Para pensar e agir
O culto cristão deve ser centrado
em Deus. Nossas celebrações precisam
ser cristocêntricas. É um perigo para
a fé apoiar-se em extremos, ou seja,
o culto será frio e vazio de sentido
se o adorador entender Deus como
alguém totalmente distante dele,
demasiadamente transcendente. Por
outro lado, o culto será irreverente e
desvalorizado se o adorador entender
Deus como alguém à sua altura,
uma pessoa como qualquer outra. O
ideal é o entendimento de que Deus
é sempre mais do que nós, embora
se faça nosso amigo próximo. É
intimidade respeitosa. É submissão
alegre. Enfim, é relacionamento
saudável.
Leituras Diárias
É uma experiência em grupo,
reunindo pessoas diferentes, mas
que devem nutrir um ideal comum.
Daí a necessidade de unidade na
celebração litúrgica. A conhecida
ilustração das batatas cai bem agora,
pois batatas dentro de uma mesma
sacola simbolizam união e batatas
cozidas, amassadas e feitas em purê
simbolizam unidade. As batatas
juntas na sacola se espalham se a
abrirmos, mas um purê de batatas
selará a unidade das batatas daquele
momento em diante. O culto é
comparado ao purê de batatas.
Fomos todos cozidos, amassados e
transformados em purê pelo Espírito
Santo de Deus. As preferências
individuais serão sempre secundárias
diante das coletivas.
HUMILDADE. Há muitos outros
requisitos, mas concluiremos nossa
lista com a humildade. Há um ditado
popular que afirma que “ninguém é
tão grande que não possa aprender,
nem tão pequeno que não possa
ensinar”. Uma verdade visível e
possível no culto por intermédio da
humildade exemplificada por Cristo.
Não devemos ficar “armados”,
bloqueando o aprendizado de coisas
novas, pelo contrário, devemos nos
submeter a Deus, humildemente,
rogando que Ele continue usando seus
servos para nos ensinar. Na igreja não
deve haver preferências e honrarias
por titularidades acadêmicas ou
eclesiásticas. Ninguém será preferido
por ser doutor e preterido por não
Segunda
Terça
Quarta
Quinta
Sexta
Sábado
Domingo
Salmos 64 e 65
Salmos 66 e 67
Salmo 68
Salmo 69
Salmos 70 e 71
Salmo 72
Salmo 73
51
Data do Estudo
Licao 7
Texto Bíblico: Efésios 5.19; Colossenses 3.16
Estilos de culto
Introdução
F
alar em estilos de culto coletivo
é falar em liturgia. Enquanto
batistas usamos pouco o termo
liturgia. Para alguns, liturgia é “coisa
de católico”. Para outros, liturgia traz
a ideia de algo formatado, quadrado,
limitado. Nossa caminhada pelas
lições anteriores nos permite entender
que, na verdade, liturgia não é nem
uma coisa nem outra. Liturgia é tão
somente a “parte visível” do culto, é
a nossa tradicional “ordem de culto”,
que contém os elementos de tudo o
que acontece numa celebração.
52
Uma vez que liturgia é algo
secundário em relação ao culto,
a variação de estilos litúrgicos em
si não é um problema. Problema
seria a variação do culto, porque
comprometeria a essência. Mas,
para facilitar o nosso entendimento,
utilizaremos o termo “culto”
entendendo-o, nesta lição, como
“liturgia”. Com a devida explicação,
passemos a refletir no tema de hoje:
estilos de culto.
1. Culto nas igrejas batistas
Diferentemente das lições
anteriores, começaremos esta com um
pouco da história do culto batista1.
Há, pelo menos, três teorias sobre
a origem dos batistas. Sem entrar
no mérito, pois o propósito aqui não
é este, uma dessas teorias afirma
que a denominação batista nasceu
na Inglaterra. Isso aconteceu por
intermédio do ex-anglicano John
Smyth, um pastor da ala separatista,
que estava sendo perseguido. Face à
perseguição, Smyth mudou-se para a
Holanda e desligou-se dos separatistas
ingleses.
Smyth era contrário aos manuais
litúrgicos, pois entendia que esses
livros eram obstáculos à adoração no
culto. O culto de Smyth era longo,
1 Denise Frederico, nossa irmã em Cristo e membro
de uma igreja batista da CBB, publicou algumas obras
interessantes sobre esse assunto, que foram úteis
durante as pesquisas de preparação das lições. Indico,
nesta ocasião, a leitura de FREDERICO, Denise. O que é
liturgia? Rio de Janeiro: MK, 2004.
centrado no sermão, mas dando
oportunidade para que os presentes
debatessem o assunto explicado
pelo pastor. Eram cultos parecidos
com o modelo atual de Escola Bíblica
Dominical.
O Pastor Smyth também não
permitia que fossem utilizados materiais
impressos. Para ele, o importante era
que a Palavra fosse pregada e que o
Espírito Santo tivesse liberdade para
orientar a ordem litúrgica.
Nos dias atuais, há várias tendências
de estilos de culto nas igrejas batistas.
Vejamos algumas2:
• A que segue uma estrutura de
culto baseada em Isaías 6.1-8,
transplantada pelos missionários
norte-americanos, que a ensinaram
nos seminários teológicos. Essa
liturgia seria “tradicional” ou
“erudita”, porque praticamente
só é usada nas igrejas onde há
ministros(as) de música ou pastores
que tenham sido alunos de
seminários da denominação.
• Existe uma liturgia que se pode
rotular como “temática”, uma vez
que nela são comemoradas datas
de interesse denominacional, tais
como: Dia de Missões Nacionais,
de Missões Mundiais, do Pastor, de
Educação Religiosa, além de outras
datas. Sendo assim, a ordem de
culto visa prestigiar cantos e leituras
que abordem o tema do dia.
2 Adaptação de FREDERICO, Denise. A música na
igreja evangélica brasileira. Rio de Janeiro: MK, 2007.
p.119.
53
• A liturgia que segue o tema do
sermão do pastor para aquele dia
e que pode ser denominada de
“liturgia homilética” 3.
• Existem igrejas que mantêm,
no culto dominicial da noite,
uma ordem de culto oriunda
dos metodistas “da fronteira”.
James White cita essa liturgia,
que ficou conhecida como
“liturgia sanduíche”. Ela consiste,
resumidamente, em música,
mensagem e música, sempre com
ênfase evangelística.
• Existe a “liturgia renovada”. Talvez
seja a que mais esteja se expandindo
dentro das igrejas batistas: é aquela
livre, espontânea, influenciada pelos
neopentecostais. Sua estrutura é
praticamente igual à das igrejas
carismáticas. Existem duas partes: a
primeira, com o chamado período
de louvor, em que inúmeros cânticos
são entoados, entremeados por
orações espontâneas feitas pela
equipe de cantores e instrumentistas
que lideram o momento. A segunda
parte consiste na exposição da
Palavra.
Ainda há aquelas igrejas que fazem
uma mistura de muitos dos tipos
descritos acima. Fica, então, difícil, dar
um nome para essa liturgia. Talvez o
nome mais apropriado seja “liturgia
livre”.
3 Homilética, numa explicação simples e direta, é a
arte de preparar e pregar sermões. Por isso, falar em
“liturgia homilética” significa dizer que a ordem de culto
(liturgia) será elaborada à luz do assunto da mensagem
(homilética).
54
2. Princípios para o culto
Diante de tantos estilos, não seria
sábio brigar por um ou mais deles. De
igual forma, não é o melhor caminho
buscar uma uniformidade. Creio que o
razoável é primar pelos princípios que
fazem de nós o que somos. Destacarei
dois elementos fundamentais para a
nossa reflexão:
MÚSICA. Esta é uma das questões
mais importantes quando se fala em
zelo pela liturgia, porque a música fica
mais facilmente gravada em nossas
mentes. A seleção das músicas para o
culto cristão deve ser muito bem feita,
passando um rigoroso “pente fino”.
Quando se fala em seleção de
músicas para o culto, deve-se
levar em conta a comunidade de
fé. Não devemos moldar a liturgia
esquecendo-nos das pessoas que
participam do culto. O teólogo Erik
Routley afirmou que a qualidade
básica para que uma música sirva
à liturgia é que ela seja acessível às
pessoas comuns. Ao usar o termo
comuns, ele se referiu à variedade de
pessoas que vão aos cultos: gente
de classes sociais diferentes, de
idades diversas, de culturas distintas.
Regra geral, as músicas que ficam
em nossa mente e que nos pegamos
cantarolando no dia a dia têm essas
características. Geralmente são
simples, com frases musicais curtas e
repetições que ajudam a gravá-las.
Pensando na música para o
culto, deve-se também pensar na
Para pensar e agir
Na maioria das vezes, mais
importante do que conhecer o
“porquê” de alguma coisa é saber o
“para que”.
Certa vez uma pessoa perguntou ao
pastor o que ele achava de orar com
a mão para cima. O pastor respondeu
que achava a mesma coisa de orar
com a mão para baixo.
Quando a igreja se prende às coisas
secundárias ela se perde no caminho.
Devemos nos focar no essencial, no
que faz o culto ser verdadeiramente
culto.
Há uma velha ilustração de uma
igreja que se dividiu em três por causa
de uma bobagem. Um professor da
EBD começou a pensar que, se Adão
não tinha nascido da barriga de uma
mulher, não teria cordão umbilical,
logo, não teria umbigo. Então ele
começou a defender a tese de que
Adão não tinha umbigo. Um grupo
concordou, outro grupo discorcou
efusivamente e outro ficou na dúvida,
esperando o grupo vencedor para se
unir a ele. Foi uma confusão, porque
havia aquele irmão que não falava
com o outro porque não cria no
umbigo de Adão.
É muito triste quando a igreja, que
tem tanta coisa para fazer por Cristo,
se prende a detalhes insignificantes,
como o umbigo de Adão. Fujamos
dessas mediocridades e avancemos na
qualidade litúrgica que Deus merece.
Leituras Diárias
sua teologia. Nossas crenças, como
batistas, precisam transparecer nas
músicas que cantamos. É muito triste
mentir, mesmo que seja cantando
com a congregação no culto. Cantar
o que não se crê, só porque está
“bonbando” na mídia, é incoerente.
DOUTRINA. O mau uso do
termo desgatou um pouco o valor
da doutrina em algumas igrejas. Há
pessoas que têm verdadeiro pavor
quando se fala em doutrina, pois
pensam logo em algo limitador da
adoração. Doutrina não é limitadora,
é norteadora. Toda igreja tem uma
doutrina, mesmo que assuma não
tê-la. Nós, batistas, temos nosso corpo
de doutrinas. São esses os ensinos
que devemos proclamar no culto:
ensinos de Cristo. Doutrina é a forma
como sistematizamos, no dia a dia da
comunidade de fé, o aprendizado dos
ensinamentos de Cristo, exarados na
Palavra.
Descuidar da doutrina é entregar
o culto coletivo aos devaneios dos
modismos. É possível um culto
vibrante, dinâmico, participativo e bem
doutrinado, pois doutrina está acima
de estilo de culto.
Segunda
Terça
Quarta
Quinta
Sexta
Sábado
Domingo
Salmos 74 e 75
Salmos 76 e 77
Salmo 78
Salmos 79 e 80
Salmos 81 e 82
Salmos 83 e 84
Salmo 85
55
Data do Estudo
Licao 8
Texto Bíblico: Êxodo 15.1-18
Música na Bíblia, 1
Introdução
A
música, embora tão admirada,
ainda tende a ser um assunto
controvertido no culto,
lamentavelmente. O problema não
está na preferência de determinado
estilo musical, mas na intolerância com
os outros estilos musicais.
Entre nós, batistas, a inclusão da
música no culto não foi um assunto
fácil. Benjamim Keach foi quem
introduziu o canto nas igrejas batistas
inglesas. Keach conseguiu, em 1673,
que a igreja em Horsleydown cantasse
um hino no fim da ceia, permitindo
que os contrários se retirassem antes
de ser cantado1.
Nesta e quaisquer outras questões,
a Bíblia é quem define, até porque
1 FREDERICO, Denise. Liturgia: das origens até os
batistas brasileiros. Porto Alegre: EST, 1994, p. 36.
56
nos é valioso demais o princípio da
autoridade da Bíblia como única regra
de fé e prática.
Por isso, vamos caminhar, de forma
bem resumida, pelas páginas bíblicas,
com a finalidade de extrair o que a
Palavra diz sobre a música na prática
coletiva de culto.
1. Música no Antigo Testamento
Os judeus tinham músicas para
diversas ocasiões. Quando o povo
passou pelo mar Vermelho, entoou
com Moisés o hino que lemos como
texto de referência nesta lição (Êxodo
15.1-18).
É um primitivo cântico religioso
lindíssimo, acompanhado de
instrumentos e de uma responsiva
antífona, dirigida por Miriã, irmã de
Moisés: “Cantai ao Senhor, porque
triunfou gloriosamente; lançou no mar
o cavalo e o seu cavaleiro” (v. 21).
Moisés, no fim do seu ministério,
podemos assim dizer, deixou um hino
para Israel (Deuteronômio 32.1-43),
introduzido no capítulo 31: “Então
Moisés proferiu todas as palavras
deste cântico, enquanto toda a
assembleia de Israel o ouvia” (v. 30).
Após o cântico, o verso 44 arremata:
“Então Moisés veio e proferiu todas
as palavras deste cântico na presença
do povo, ele e Oseias, filho de Num”.
Antes de morrer, Moisés deixou uma
música para o seu povo!
Davi é outro exemplo de líder que
dava à música um lugar de destaque.
Foi com música que ele levou a arca
do concerto para o tabernáculo.
“Davi ordenou que os chefes dos
levitas escolhessem alguns músicos,
dentre seus parentes, para tocarem
instrumentos musicais, com lira, harpas
e címbalos, e cantarem com alegria”
(1Crônicas 15.16). O verso 28 volta a
falar dessa ordem, agora cumprida:
“Assim, todo Israel levou a arca da
aliança do Senhor, com júbilo, ao som
de cornetas, trombetas e címbalos,
acompanhado de liras e harpas.”
Em 2 Crônicas 5, encontramos a
música sendo utilizada na dedicação
do Templo construído por Salomão.
Interessante, também, é o fato do
maior livro da Bíblia – Salmos – ser um
hinário2.
2 Indico como leitura sobre o assunto a obra
de McCommom, que foi muito útil na pesquisa:
MCCOMMON, Paul. A Música na Bíblia. Rio de Janeiro:
JUERP, 1995.
2. Louvor e Adoração no Antigo
Testamento
A expressão “louvor e adoração”
tem sido muito comum nas
celebrações para designar o
momento em que a congregação,
conduzida por uma equipe de
músicos, entoa cânticos avulsos.
O perigo está em confundir o
momento de cânticos espirituais
como único momento de louvor e
adoração no culto. Os cânticos são
uma das expressões possíveis de
louvor e adoração.
Philip Yancey afirmou que “adorar
a Deus hoje significa preencher aos
brados todo e qualquer silêncio”
e, ainda, falou sobre um autor
de várias canções que se disse
preocupado com a música de
adoração que está pondo o foco
nos músicos e não em Deus3. Temos
de fugir desse erro!
G. Wainwright disse que “o louvor
público é também testemunho diante
do mundo. Deve ter Deus como seu
propósito (...). Um hino cuja intenção
não seja o louvor a Deus de alguma
forma deveria ser considerado uma
idolatria”4.
O verdadeiro ambiente de
adoração, conforme a visão de
Isaías 6.1-8, é aquele que conduz
o adorador à consciência dos
3 YANCEY, Philip. Prostar-se e beijar. In: Revista
Enfoque Gospel, jul/95, p. 98.
4 Geoffrey Wainwright foi citado em FREDERICO,
Denise. A Música na Igreja Evangélica Brasileira. Rio de
Janeiro: MK, 2007, p. 43.
57
seus pecados e à necessidade
de se buscar a santidade de
Deus, que sempre nos impulsiona
ao cumprimento da missão e ao
serviço.
As referências de culto no Gênesis
falam de Abraão, Isaque e Jacó
(12.9, 13.4, 26.25 e 33.20). Eram
pequenas cerimônias litúrgicas.
Nos mandamentos, conforme
Êxodo 20.1-6, Deus orienta Moisés
e o povo judeu sobre como
deveria ser a adoração. A ordem
de abandonar outros deuses foi
clara. São vários os textos no
Antigo Testamento que mostram
a correção divina face à adoração
corrompida e idólatra. Isso nos
ajuda a entender que, para Deus,
não importa o estilo de música
no culto e, sim, a vida dos
adoradores. O que Deus pede
para que o culto seja aceito é
santidade: “Eu detesto e desprezo
as vossas festas; não me agrado das
vossas assembleias solenes. Ainda
que me ofereçais sacrifícios com as
vossas ofertas de cereais, não me
agradarei deles; nem olharei para as
ofertas pacíficas de vossos animais
de engorda. Afastai de mim o som
dos vossos cânticos, porque não
ouvirei as melodias das vossas liras.
Corra porém a justiça como águas,
como o ribeiro perene” (Amós 5.2124). Há outros textos que reforçam
a mesma ideia, como 2Crônicas
26.26-20 e Isaías 1.11-17.
58
3. Louvor e Adoração nos Salmos
Embora o Antigo Testamento tenha
sido comentado no tópico anterior,
daremos um destaque aos Salmos, por
se tratar do hinário do povo judeu.
Os salmos evidenciam expressões de
louvor e adoração de todos os povos
(22.27; 66.4; 89.9; 96.6). É um tema
bem abordado na coletânea.
Davi, embora seja o autor da
maioria dos salmos, não foi o único.
Os filhos de Coré, Asafe, Moisés e
até Salomão também compuseram
salmos.
O livro é dividido em cinco partes,
tornando-o semelhante às leis judaicas
– Torá – que também estão contidas
em cinco livros.
Os quatro primeiros livros terminam
com a expressão “bendito seja o
nome do Senhor”. O último, com
“todo ser que respeira louve o
Senhor”.
DIVISÃO DOS SALMOS
Livro I
1 a 41
Livro II
42 a 72
Livro III
73 a 89
Livro IV
90 a 106
Livro V
107 a 150
Apresentaremos a classificação
dos salmos elaborada pelo estudioso
Hans-Joachim Kraus5:
5 Informações complementares dessa classificação
podem ser obtidas em FREDERICO, Denise. A Música
na Igreja Evangélica Brasileira. Rio de Janeiro: MK,
2007. p. 50-52.
Para pensar e agir
Deus requer de nós santidade.
Nós, humanos, pelas limitações
peculiares, nos limitamos, na
maioria das vezes, à aparência.
Como Deus nos conhece
perfeitamente, Ele é o único que
tem o poder de reconhecer a
verdadeira adoração.
O melhor caminho para
nós é buscar a santificação e
deixar os assuntos de menor
importância como secundários.
Podemos trocar ideias sobre
estilos musicais, mas sem
descuidar do estilo de vida que
estamos vivendo, diante de Deus
(adoração), principalmente,
e diante da sociedade
(testemunho).
Uma boa disciplina espiritual
para o crescimento em santidade
é a oração e a leitura da Palavra.
Aproveito para relembrar o desafio
deste trimestre: a leitura de todo
o livro dos Salmos, conforme as
orientações das leituras diárias.
Na próxima lição, continuaremos no
mesmo tema, com ênfase no Novo
Testamento.
Leituras Diárias
Salmos de louvor. São aqueles
que começam com uma expressão
hebraica que foi traduzida por
“canção de louvor”. Estão arrolados
nesta categoria, por exemplo, todos
os salmos que contêm a expressão
“Louvai ao Senhor” ou “Aleluia”
(Exemplo: Salmo 146).
Cantos de oração. Aqui estão
elencados os salmos para oração
individual, nos quais o pronome
pessoal “eu” é usado. “Salve-me, ó
Deus”, por exemplo (Salmo 54).
Salmos de ação de graças.
“Rendei graças ao Senhor, invocai o
seu nome; anunciai seus feitos entre
os povos” (Salmo 105.1).
Salmos “reais”. São aqueles
que falam acerca de reis. Contêm
elementos também encontrados na
literatura do Oriente Próximo, como
oráculo e prosperidade para o rei
(Exemplo: Salmo 72.15).
Cantos de Sião. Como diz o
nome, são os que citam essa cidadela,
conforme o Salmo 125.1.
Salmos didáticos. Apresentam
expressões hebraicas equivalentes à
sabedoria e entendimento. São ainda
colocados nessa mesma classificação
aqueles que trazem sabedoria
proverbial (Exemplos: Salmos 90, 127
e 133).
Salmos que falam de adoração.
Kraus afirma que é necessário ter
cautela, pois não é tarefa fácil dizer
com exatidão onde são encontrados
os cultos no Antigo Testamento.
Aponta três salmos: 50, 81 e 95.
Segunda
Terça
Quarta
Quinta
Sexta
Sábado
Domingo
Salmos 86 e 87
Salmo 88
Salmo 89
Salmos 90 e 91
Salmos 92 e 93
Salmos 94 e 95
Salmo 96
59
Data do Estudo
Licao 9
Texto Bíblico: Lucas 1.46-55
Música na Bíblia, 2
Introdução
N
a lição anterior, estudamos sobre
a música no Antigo Testamento,
destacando nele, também, o
entendimento da expressão “louvor
e adoração”, além do destaque para
os Salmos. Continuaremos na mesma
60
temática, agora, com ênfase no Novo
Testamento.
1. Música no Novo Testamento
Ao ler o Novo Testamento,
continuamos a ser advertidos sobre a
importância da música na adoração.
Lucas registrou que as milícias
celestiais surgiram no firmamento
com o seu “glória a Deus nas maiores
alturas, e paz na terra entre os homens
a quem ele ama” (2.14). Fala também
que “os pastores voltaram glorificando e
louvando a Deus por tudo o que tinham
visto e ouvido, como lhes fora falado”
(2.20). Simeão, já com a idade avançada,
louvou entusiasticamente a Deus, ao ter
Jesus em seus braços (2.28).
O próprio Jesus, enquanto
realizava o seu ministério terreno,
foi visto constantemente no Templo,
participando dos cultos solenes de
adoração, e não há registro algum
de que Ele proferiu palavras de
reprovação às músicas entoadas para
o louvor do Pai celestial. Na noite em
que foi traído, inclusive, Jesus realizou
a ceia com os discípulos e cantou
com eles (Mateus 26.30). Estudiosos
registram que foram cantados no
fim da ceia os chamados “Salmos de
Hallel” (hallel significa “louvor”).
O apóstolo Paulo exortou, em suas
cartas, ao ensino com cânticos (Efésios
5.19; Colossenses 3.16). Na prisão, ele
e Silas, à meia-noite, cantaram hinos
de louvor a Deus e fizeram orações
(Atos 16.25).
João, o último dos doze, quando
estava no exílio na Ilha de Patmos,
ouviu e escreveu sobre uma música
jamais ouvida pela humanidade, antes
e depois daquele tempo: “Ouvi um
som do céu, como o barulho de um
grande temporal e o estrondo de um
grande trovão. O som que ouvi era
como o de harpistas que tocavam suas
harpas” (Apocalipse 14.2).
Tanto no Antigo como no Novo
Testamento, a música tem lugar na
celebração a Deus.
2. Louvor e Adoração no Novo
Testamento
Diferentemente do Antigo, o Novo
Testamento não fornece tantos
detalhes acerca do culto, da liturgia ou
do canto no culto.
No evangelho de Lucas, capítulos
1 e 2, são encontrados os chamados
“cânticos de infância”: o de Maria,
conhecido como Magnificat (1.4655); o de Zacarias, conhecido como
Benedictus (1.68-79); o dos anjos,
que ficou conhecido como Gloria
in Excelsis Deo (2.14); o de Simeão,
também denominado Nunc dimittis,
que equivale a “podes despedir
em paz o teu servo” (2.29-32).
Todos esses cânticos registrados por
Lucas foram entoados quando do
nascimento de Jesus, baseados em
textos do Antigo Testamento.
O texto que narra o encontro de
Jesus com a mulher samaritana é um
dos primeiros que fala sobre louvor e
adoração no Novo Testamento. Ela tinha
dúvida sobre o local em que se deveria
adorar a Deus. Jesus a esclareceu com
um conceito novo até para os judeus
(João 4.23), pois Ele falava sobre a
espiritualidade do culto: “adoração em
espírito e em verdade”, que é muito
mais importante do que hora e lugar.
61
Na igreja primitiva, louvor e adoração
foi considerado atividade diária (Atos
2.42-47). Paulo também se referiu à
entrega da vida como ato de culto
em Romanos 12.1: “Portanto, irmãos,
exorto-vos pelas compaixões de Deus
que apresenteis o vosso corpo como
sacrifício vivo, santo e agradável a
Deus, que é o vosso culto racional”.
O autor da carta aos Hebreus falou
sobre o valor da reunião como igreja
de Cristo: “Não abandonemos a
prática de nos reunir, como é costume
de alguns, mas, pelo contrário,
animemo-nos uns aos outros, quanto
mais vedes que o Dia se aproxima”
(Hebreus 10.25).
Apocalipse, último livro da Bíblia,
é recheado de referências acerca da
igreja e do seu futuro, quando adorará
a Deus para sempre (19.1-8). Fato
interessantíssimo é que no fim da
visão, João assim registra: “Eu, João,
ouvi e vi todas essas coisas. Quando
as vi e ouvi, prostei-me aos pés do
anjo que as mostrava a mim, para
adorá-lo. Mas ele me disse: olha, não
faças isso, porque eu sou conservo teu
e de teus irmãos, os profetas, e dos
que guardam as palavras deste livro.
Adora a Deus” (22.8,9).
Uma coisa é totalmente enfatizada
em toda a Bíblia: Deus é o único que
deve receber a nossa adoração.
3. Considerações
• A Bíblia dá ênfase à música no
culto, mas nem tudo no culto
62
é música. Noutras palavras, o
culto não é só música. Outro
cuidado que devemos ter é não
considerarmos a música como
preparação para o culto, pois a
música faz parte do próprio culto
e deve proclamar a Palavra de
Deus com a mesma seriedade
e profundidade do sermão. De
forma alguma a música no culto
deve ser vista como intervalo
entre alguma coisa e outra, como
descanso para a congregação ou
como tempo para a acomodação
das pessoas no templo.
• Graças a Deus, superamos as
antigas insistências de que
determinados instrumentos não
devem ser usados no culto (o
piano e a bateria, por exemplo, em
épocas diferentes, foram vítimas
desses argumentos). Sabemos que
o Novo Testamento traz poucas
referências a instrumentos, mas
não podemos desconsiderar o
fato de que no tempo do Novo
Testamento as congregações não
podiam gastar muito dinheiro com
instrumentos caros, como faziam
no tempo do Antigo Testamento.
A maior parte das igrejas do Novo
Testamento, devido à perseguição,
mudava-se e, portanto, dispunha
de pouco ou de nenhum tempo
para desenvolver a música ou
capacitar seus músicos. Não
devemos esquecer, também, que
as igrejas do Novo Testamento,
em seus primeiros passos, usaram,
que decidirá por todos. Pelo
contrário, a comunidade deve ser
ouvida e respeitada.
Para pensar e agir
Num dos cultos na Primeira
Igreja Batista no Bairro São João,
onde tenho a alegria de servir,
juntamente com a minha esposa,
fui profundamente tocado quando
entoávamos a canção “Jesus, Essência
do Louvor” (1ª IB Curitiba). Transcrevo
parte da letra, que, certamente, nos
provocará à reflexão e ação:
Quando o som se vai tudo se desfaz,
eu me achego a ti para dar-te, ó Deus,
algo de valor, que alegre a ti.
Dar-te hei mais que uma canção,
pois a música em si não é o que
queres de mim.
Tu sondas meu interior, sabes
tudo que sou
e queres meu coração.
Quero adorar-te com minha alma,
és o meu Salvador, a essência do meu
louvor.
Perdão, Senhor, é o que mais quero.
És o meu Redentor, a essência do meu
louvor. Leituras Diárias
tanto quanto possível, o mesmo
programa dos tempos do Antigo
Testamento, pois a maioria dos
cristãos era constituída de judeus.
• A música, além de ser uma
bênção no culto coletivo, também
deve ser usada como expressão
de sentimento devocional do
nosso coração e de consagração
ao nosso Salvador. A música
também deve ser empregada
no lugar secreto de nossas
devoções particulares, quando
temos comunhão com Deus e nos
derramamos em sua presença.
• Não devemos menosprezar o
valor didático da música. Regra
geral, ela fica mais na mente do
que o sermão. A música é um
meio eficiente para a pregação do
evangelho. Certa ocasião, André
Fletcher disse: “Dai-me o direito
de compor as canções de uma
nação e eu não me preocuparei
com quem faz as suas leis”. A
música tem grande poder de
influência. Devemos utilizá-la com
sabedoria.
• A música, ou qualquer outro
assunto, não deveria causar
divisões na igreja. Tudo tem o seu
tempo e qualquer fato novo tende
a ser rejeitado de início. É comum
e lamentável ouvir de divisões por
questões culturais. A igreja é uma
comunidade e, como tal, deve ser
trabalhada para o equilíbrio. Para
que alcancemos esse equilíbrio,
não é a cabeça de um e de outro
Segunda
Terça
Quarta
Quinta
Sexta
Sábado
Domingo
Salmos 97, 98 e 99
Salmos 100, 101 e 102
Salmos 103 e 104
Salmo 105
Salmo 106
Salmo 107
Salmos 108 e 109
63
Data do Estudo
Licao 10
Texto Bíblico: 1Coríntios 3.1-23
Cristo: assunto
central no culto
Introdução
F
anny Jane Crosby, ao compor a
letra do hino 547 do Hinário Para
o Culto Cristão, registrou:
“Sabeis falar de tudo que neste
mundo há,
mas não dizeis palavras de Deus que
tudo dá?
“Falamos do mau tempo, do frio e do
calor.
Oh, bem melhor seria falar do
Salvador!”.
E prosseguiu, exortando:
“Irmãos, irmãos, falemos de nosso
Salvador”.
O principal assunto da igreja
é Cristo. Ele é a Boa-Nova para a
humanidade (Lucas 2.10,11). Fora
dele, não há igreja; pois igreja é uma
comunidade de pessoas regeneradas
por Cristo, biblicamente batizadas
e comprometidas em segui-lo,
imitando-o em pensamentos, palavras,
ações e atitudes. Simplificando, igreja
é um grupo de pessoas que querem
ser como Cristo.
64
É preocupante que numa igreja
outros assuntos ganhem mais
evidência que Cristo. É um sinal de
afastamento da missão, o que requer
retorno à santidade. Qualquer voz que
tente competir com a de Cristo deve
ser refutada.
Em diversos momentos na história
da igreja cristã surgiram falsas vozes,
buscando encontrar espaço entre os
servos de Cristo, promovendo ensinos
daninhos à fé verdadeira: “Mas entre
o povo também houve falsos profetas,
assim como entre vós haverá falsos
mestres. Às ocultas, introduzirão
heresias destruidoras, negando até o
Senhor que os resgatou e trazendo
sobre si mesmos repentina destruição”
(2Pedro 2.1).
Uma igreja ocupada com Cristo
saberá discernir entre o que é
bíblico e o que é vã filosofia humana
(Colossenses 2.8). A recomendação
divina é clara: “Já que fostes
ressuscitados com Cristo, buscai
as coisas de cima, onde Cristo está
assentado à direita de Deus. Pensai
nas coisas de cima e não nas que são
da terra; pois morreste, e a vossa vida
está escondida com Cristo em Deus”
(Colossenses 3.1-3).
O próprio Jesus, após libertar o
gadareno da opressão maligna,
o “ocupou” com o assunto mais
importante para um cristão: “Volta
para a tua casa e conta tudo o que
Deus te fez. E ele foi, aunciando por
toda a cidade tudo quanto Jesus lhe
havia feito” (Lucas 8.39).
Se Cristo é assunto que não se
esgota nem fica ultrapassado, que a
igreja viva, pense, imite, siga e fale
de Cristo. E que esse estilo de vida
em Cristo ganhe visibilidade no culto,
individual e coletivo.
1. Culto à personalidade
Lamentavelmente, o “culto à
personalidade” não é apenas uma
estratégia dos políticos em campanhas
eleitorais. Numa definição simples,
“o culto de personalidade ou culto
à personalidade é uma estratégia
de propaganda política baseada
na exaltação das virtudes – reais e/
ou supostas – do governante, bem
como da divulgação positivista de
sua figura. Cultos de personalidade
são frequentemente encontrados
em ditaduras, embora também
existam em democracias” (Fonte:
Wikipédia).
Sabemos que Deus reprova
cabalmente a prática da idolatria.
O perigo é pensarmos em idolatria
somente em relação às imagens e
descuidarmos da idolatria de pessoas,
até porque o conceito de idolatria
não se resume aos cultos pagãos.
Idolatria é toda e qualquer honraria e
veneração a alguma coisa ou a alguém
no lugar de Deus.
Quando Cristo deixa de ser
o assunto central no culto,
fatalmente a idolatria entrará em
cena. Cultuar é adorar e, se Deus não
é o adorado, alguém ou alguma outra
coisa o será.
Temos de tomar cuidado para não
competirmos com a glória que é
exclusivamente de Deus. Há pessoas
que se julgam tão importantes,
que chegam a pensar que são
indispensáveis para a qualidade do
culto na sua igreja.
Há também o erro de só ir ao culto
se o pastor fulano pregar, se o irmão
tal cantar, etc. Será que isso não pode
ser uma espécie de idolatria, de culto
à personalidade?
Está na moda, mais do que nunca,
o “pastor pop star”. São estrelas,
artistas, hipócritas, menos pastores de
65
verdade. São falsificadores da fé, que
levam as pessoas a se curvarem diante
deles, a engordarem suas contas
bancárias, menos a se arrependerem
dos seus pecados e confessarem a
Cristo como Salvador e Senhor.
Às vezes, pensamos que isso está
longe de nós e que somos inatingíveis.
Pensar assim é andar à beira do
precipício. Temos de nos vigiar
constantemente e pedir a Deus que
nos livre da assimilação do erro da
autoidolatria.
2. Culto ao mercado
Assim como a idolatria, o culto ao
mercado é um grande estrago para
a igreja. O que queremos dizer com
“culto ao mercado”? É abrirmos mão
de nossos princípios para “comprar” o
que está na moda, o que todo mundo
faz, mesmo que seja contrário ao que
cremos.
Exemplificando: uma determinada
música está caindo na graça do povo,
mas a sua letra contraria o que cremos
e, mesmo assim, a cantamos, só para
“estar na moda”, para manter o culto
da igreja “atualizado” com o que está
“bombando” no mercado gospel.
Isso não acontece só com a música, é
claro.
Não podemos esquecer a exortação
bíblica: “não acompanhe a maioria
para fazer o mal” (Êxodo 23.2).
Contextualizar o culto é preciso,
mas isso não significa banalização
de princípios em busca de sucesso
66
e de falso crescimento. Nem tudo
o que está no mercado é “produto”
apropriado.
3. Fundamento do culto
No texto bíblico de referência
para esta lição, encontramos o
ensinamento paulino sobre a
carnalidade, que causa divisões na
igreja. Ele repreendeu os sintomas da
“espiritualidade infantil” dos coríntios,
que não podiam tolerar verdades
espirituais mais profundas, pois
ainda careciam de conhecimento dos
fundamentos básicos da fé.
Os coríntios competiam entre si,
tentando mostrar superioridade e
exaltando determinados pregadores,
aliando-se a um e a outro, criando
partidos rivais. Eles pensavam
que eram sábios (1Coríntios 3.18),
grandes conhecedores e cheios de
espiritualidade. Estavam cegos para
as suas verdadeiras necessidades
espirituais.
Paulo ensinou a inferioridade dos
pregadores em relação a Cristo, pois
são simplesmente servidores daquele
que faz a obra crescer. Também deixa
claro que nenhum cristão precisa
“reivindicar” nada, porque Deus nos
deu todas as coisas em Cristo.
A igreja é o edifício de Deus,
tendo Cristo como fundamento.
Paulo instrui que Cristo é o
“material” exclusivo para a fundação.
Noutras palavras, Cristo é o próprio
fundamento, o alicerce (3.11).
Para pensar e agir
Somos cristãos porque assumimos
um compromisso com Cristo. Como
casa edificada na rocha, somos igreja
edificada em Cristo (Mateus 7.24-29).
Não dependemos de circunstâncias
para a firmeza na fé, porque a
firmamos em Cristo, e Cristo não é
circunstancial e temporal, como nós.
Ele é eterno, suficiente e perfeito.
Partindo desse pressuposto
evidenciado pela Palavra de Deus e
comprovado no dia a dia da igreja,
atentemos para alguns detalhes que
fazem toda a diferença:
• Cristo é o ponto de partida e de
chegada. Lembremos que “todas
as coisas são dele, por ele e para
ele” (Romanos 11.36). Cristo não
é pretexto para o culto, e sim o
assunto principal.
• Culto não é palco para
lançamento de celebridades.
Só há uma pessoa em evidência
na celebração, e se chama Cristo
Jesus. Essa afirmação não pode
ser apenas retórica. Estamos
todos abaixo de Jesus e em
igualdade entre nós. Essa ideia de
“supercrente”, de “guro espiritual”
não combina com as nossas
doutrinas neotestamentárias. O
sacerdócio universal de todos os
crentes deve ser constantemente
relembrado. Noutras palavras,
todos temos livre acesso a Deus
por meio de Jesus, único e
suficiente mediador.
• Piedade e compromisso com a
excelência são fundamentais. A
piedade nos leva a uma postura de
servo, com humildade e profundo
respeito às coisas de Deus.
Junto à piedade, precisa estar o
compromisso com a excelência,
porque ser humilde não é sinônimo
de aceitar que o culto aconteça de
qualquer maneira. Deus merece
o melhor, sempre. A cada culto,
a igreja precisa demonstrar mais
qualidade. O discurso de que
determinada programação não
ficou boa, mas deixa assim mesmo
porque é para Deus não é correto.
Temos de buscar a excelência em
todo o tempo.
Leituras Diárias
Somos cooperadores na construção
sobre o fundamento, que é Cristo,
até porque nós mesmos estamos
edificados nele. Não devemos
fazer parte do grupo daqueles que
tentam, frustradamente, destruir o
fundamento com falsos ensinos.
O fundamento para o culto é
Cristo. Qualquer celebração edificada
fora dele ruirá. Se Cristo não for o
foco, não for o centro, o culto será
falso.
Segunda
Terça
Quarta
Quinta
Sexta
Sábado
Domingo
Salmos 110 e 111
Salmos 112 e 113
Salmos 114 e 115
Salmos 116, 117 e 118
Salmo 119.1-32
Salmo 119.33-64
Salmo 119.65-96
67
Data do Estudo
Licao 11
Texto Bíblico: Números 8.5-26
Músicos ou Levitas?
Introdução
O
assunto pode até ser batido entre
nós, mas a verdade é que vez
por outra é ouvida a expressão
levita em relação aos músicos nas
igrejas, especialmente àqueles que
participam da “equipe de louvor”. É
correto chamar os músicos das igrejas
de levitas?
1. Quem são os levitas?
A Bíblia nos informa sobre a
importância da música no culto. No
tempo de Davi e Salomão, o ministério
da música era uma parte integrante
do culto hebraico. Os músicos vinham
68
da tribo levítica e eram obreiros de
tempo integral, separados para o
trabalho do culto.
“Dos trinta e oito mil levitas, quatro
mil foram separados para servir ao
Senhor, com os instrumentos musicais
feitos por Davi”1.
Em 1Crônicas encontramos os
deveres dos diferentes levitas e, entre
eles, os músicos. Quenanias, chefe dos
levitas, foi citado como encarregado
dos cânticos (1Crônicas 15.22).
Os levitas eram pessoas
separadas para ministrar a vida
espiritual de Israel. Eles tinham
1 MCCOMMON, Paul. A Música na Bíblia. Rio de
Janeiro: JUERP, 1995. p. 76.
também a responsabilidade de
cuidado e manutenção do Templo.
O levita era isento de alguns
compromissos: “vos notificamos que
não é permitido cobrar impostos,
tributos ou taxas de nenhum dos
sacerdotes, levitas, cantores, porteiros,
servidores do templo e de outros
que trabalham nesse templo” (Esdras
7.24).
A questão fundamental é
que nos tempos do Antigo
Testamento, todo músico era
levita, mas nem todo levita era
músico.
Levi, terceiro filho de Jacó e Lia
(Gênesis 19.34), e sua tribo foram
eleitos por Deus para cuidar das
questões que envolviam o culto em
Israel. Moisés e Arão eram da tribo
de Levi (Êxodo 2.1, 4.14, 6.16-27).
Esta tribo foi separada das demais,
sendo incumbida de conduzir os
sacrifícios, de desmanchar, transportar
e erguer o tabernáculo no tempo de
peregrinação.
Os levitas tinham um ministério
auxiliar aos sacerdotes. O serviço dos
levitas começava quando atingiam
a idade de vinte e cinco anos, indo
até os cinquenta (Números 8.2426). Posteiromente, quando Davi
estabeleceu um local fixo para a arca
da aliança, a idade foi baixada para
vinte anos.
O sustento dos levitas vinha do
dízimo do povo. Eles não possuíam
herança na terra; nenhuma porção da
Terra Prometida lhes coube (Números
18.23). Por outro lado, os israelitas
tinham grandes responsabilidades com
os filhos de Levi (Deuteronômio 12.12,
18-19; 14.28-29).
2. Temos levitas hoje?
Com essa interrogação latejando
em minha mente, pesquisei algumas
opiniões sobre o assunto. É sempre
difícil a tendenciosa tarefa de
selecionar uma ou outra dentre
tantas opiniões, mas, por questões de
tempo, espaço e concordância, fiquei
com duas, como seguem:
José Barbosa Júnior foi tão
enfático e preciso que o citarei na
íntegra: “Como tirados de folhas
amareladas pelo tempo, eles surgem
para atrapalhar a já atrapalhada
igreja evangélica de nossos dias.
São os “levitas”, os grandes homens
e mulheres que ministram louvor
em várias igrejas pelo país. Um
pouquinho só de conhecimento
bíblico já nos faz ver que por trás
disso tudo há um grande equívoco.
Um movimento re-judaizante, com
fortes tendências neo-pentecostais
traz em seu bojo figuras como essa,
tema de nosso breve comentário. (...)
Quem se diz levita, não sabe o que
está dizendo. Creio que o desejo de
ser levita surge, antes de qualquer
coisa, de uma vontade de possuir
títulos nobres, o que é bem comum
em nosso meio. Apóstolos, bispas,
bispos, que assim se autodenominam
são comuns em nossos arraiais. Gente
69
que carece de profundidade bíblica
e de seriedade no modo de encarar
a verdade revelada. Gente que fica
buscando no Antigo Testamento
coisas que já foram abolidas há muito
tempo, há pelo menos 2.000 anos” 2.
A segunda opinião vem de Josaías
Júnior, que publicou um interessante
artigo com o título “7 razões para não
chamar músicos de ‘levitas’” 3. Citarei
algumas razões, comentando-as:
1. Nem todos os levitas eram
músicos. Já falamos sobre isso
no tópico anterior. A Bíblia fala de
levitas que cuidavam da música,
mas também fala de outras
atividades levíticas envolvendo
o ambiente de culto, como os
sacrifícios e tarefas administrativas
e operacionais (limpeza e
organização do espaço, por
exemplo).
2. O chamado levítico
originalmente envolvia toda a
humanidade. O chamado para a
adoração e o cuidado do “templo”
é para todos, dado aos nossos
primeiros pais, assim como o
casamento, a família, o trabalho e
o descanso.
3. O levita tinha um papel de
mediador, assumido por
Cristo. Os levitas, como ungidos
do Senhor, tinham o papel de
mediar a aliança entre Deus e o
povo de Israel. Esse papel hoje é
perfeitamente cumprido por Jesus,
nosso supremo Pastor e sumo
sacerdote.
4. Chamar os músicos de hoje
de levitas cria uma divisão
entre crentes “levitas” e “não
levitas”. Essa razão é mais prática
que teológica. Essa divisão entre
os “ministros de louvor” e a
congregação não é saudável e
traz problemas no entendimento
da verdadeira espiritualidade.
Sabemos que aqueles que vão à
frente para ministrar devem ter
um cuidado todo especial com as
suas vidas, mas isso não faz deles
“supercrentes”, não os coloca
numa condição superior aos
demais. Todos somos aceitos por
Deus, todos o louvamos, não só
um determinado grupo no culto.
As opiniões que acabamos de
conhecer são valiosas, mas cada
um de nós deve entender a razão
pela qual não é correto associar os
músicos de hoje aos levitas do Antigo
Testamento. É mais do que uma
questão de nomenclatura, e não deve
ser assimilada sem pensar ou por
autoritarismo. É necessário entender
que o ministério levítico é muito mais
abrangente do que o ministério da
música.
2 http://www.pulpitocristao.com/2010/03/
socorro-os-levitas-voltaram/
3 http://iprodigo.com/textos/7razoes-para-nao-chamar-musicos-de%E2%80%9Clevitas%E2%80%9D.html
3. Poderíamos ter levitas hoje?
70
O fato é que, biblicamente falando,
não os temos, mas poderíamos? Não
hoje, além dos problemas
bíblico-teológicos, é uma
questão de vaidade, nada além
de vaidade. Um cristão que deseja
trabalhar para o Senhor não precisa
se rebaixar a uma questão de
nomenclatura.
Para pensar e agir
Seria ideal se pudéssemos dar
condições para que todos os músicos
da igreja atuassem em tempo integral,
cuidando do culto, diariamente. Mas
essa realidade está distante da maioria
absoluta de nossas igrejas. Os recursos
não são suficientes para tamanha
estrutura.
Mas, embora não recebendo
dinheiro, é importante que cada
pessoa dê o seu melhor no exercício
do ministério cristão, nas suas
múltiplas áreas.
Vale a pena a reflexão: estamos
exercendo os nossos dons e
ministérios da melhor forma possível,
ou estamos “empurrando com a
barriga”? Que nota daríamos para o
nosso compromisso com Deus e a sua
igreja?
Leituras Diárias
seria justo ressuscitar a figura
do levita do Antigo Testamento
assumindo somente os bônus
da função. Há coisas mais leves no
ministério levítico, mas há aquelas
bem mais pesadas.
Devemos lembrar que os levitas
eram escolhidos, consagrados e
separados para o trabalho em tempo
integral, ou seja, dedicação exclusiva,
e recebiam por isso. Mas, poderia ser
que hoje o sustento do levita ficasse
aquém do mercado de trabalho.
Um levita atual teria de estar
disposto a limpar o templo, abrir
e fechar, esperando que a última
pessoa se retire, com paciência e
amor, repetidas vezes. Caberia ao
levita a zeladoria da igreja. Não
sei se seria muito bom misturar
as coisas. Penso que não seria
produtivo o trabalho do músico
acumulando tantas outras
responsabilidades.
Por outro lado, voltar ao sistema
levítico afetaria drasticamente o
voluntariado na igreja. Formaríamos
equipes de levitas para todas as
áreas, em tempo integral e com seus
sustentos, e os que quisessem servir
voluntariamente naquelas áreas
ficariam no “banco de reservas”.
Na verdade, a questão é
complexa. Há muitos outros
argumentos, até mesmo os
favoráveis.
Posso estar errado, mas tomo
a coragem de afirmar que um
retorno ao ministério levítico
Segunda
Terça
Quarta
Quinta
Sexta
Sábado
Domingo
Salmo 119.97-120
Salmo 119.121-144
Salmo 119.145-176
Salmos 120, 121 e 122
Salmos 123, 124 e 125
Salmos 126, 127 e 128
Salmos 129 e 130
71
Data do Estudo
Licao 12
Texto Bíblico: Gálatas 2.20
Viver para cultuar
Introdução
D
esde a primeira lição, temos visto
princípios bíblicos para o culto
cristão, individual e coletivo.
Por se tratar de estudos para toda
a igreja, temos dado mais ênfase às
celebrações coletivas, ao ajuntamento
solene do povo de Deus.
72
Hoje, de forma específica e não
menos importante, nos voltaremos
exclusivamente para o culto individual. É
mais difícil tratar deste assunto, porque
cada pessoa nutre a sua intimidade com
Deus, mas passaremos pelo “caminho
comum” do culto individual.
Quando pensamos nas reuniões do
povo de Deus para o culto coletivo,
podemos até citar dia e horário, início
e fim de uma celebração litúrgica,
mas, em relação ao culto individual,
não há dia e hora, pois viver em
Cristo é viver cultuando, em todos
os dias e em todas as horas.
Paulo disse que a sua vida não era
mais vivida por ele, mas pela fé no
Filho de Deus (Gálatas 2.20). Era a
vida de Cristo dando sentido a sua
vida. Também disse que todo o corpo
deve ser oferecido em culto a Deus
(Romanos 12.1).
Todas as ações do cristão devem ser
dignas de culto. Uma simples refeição
precisa ser um ato para a glória de
Deus e em oferecimento a Ele.
1. Culto na família
Todos lutamos pelo ideal
de Josué: “eu e a minha casa
serviremos (cultuaremos) ao
Senhor” (24.15). Isso é nobre e
deve ser mesmo o nosso ideal. Mas
há um porém, há uma condição
por vezes esquecida. Também
deveríamos parafrasear Josué e
dizer: eu na minha casa servirei
(cultuarei) ao Senhor.
Sabemos que dentro de casa
somos mais nós mesmos. Na rua
ou no templo, não somos tão nós
mesmos. Em casa usamos roupas
que não usaríamos diante de pessoas
que não compoem o nosso círculo
de intimidade. Saímos bem vestidos,
preparados para respostas mansas e
politicamente corretas.
É por isso que em casa há mais
conflitos, porque há mais verdade.
Fora de casa há menos conflitos, mas
também há menos verdade.
No culto coletivo, somos
“santíssimos” e dentro de casa, o
inverso. Isso pode acontecer, não é
verdade? Mas não deveria.
O cristão da rua e do templo
deve ser o mesmo cristão dentro
de casa, quando os olhares da
sociedade não o alcançam.
Não adianta de nada abraçar a
todos no templo, doar sorrisos mil,
estampar etiquetas e viver emburrado
com a família. A pessoa que age assim
cultua só no templo, porque em casa
desfaz tudo. Logo, o culto no templo
ficou comprometido, porque foi falso
diante de Deus.
Há famílias que, quando saem de
casa para ir ao templo, vão brigando,
reclamando, dizendo para os seus
vizinhos, com tais atitudes, que não
vale a pena eles se converterem e
frequentarem os cultos, porque não
faz a menor diferença.
Deveria ser justamente o contrário.
Sair com a família para o templo é
momento de festa, é privilégio e
enriquecimento.
Mas, às vezes, estamos tão
preocupados com o que acontece fora
de casa, que não cultuamos a Deus
em nossas casas.
Temos de cuidar de nós, para
que não sejamos “coronéis” na
igreja com uma vida horrível
na família. A palavra paulina foi
73
fortíssima: “Mas, se alguém não cuida
dos seus, especialmente dos de sua
família, tem negado a fé e é pior que
um descrente” (1Timóteo 5.8).
Penso que um bom começo para
ajustar o cultuar na família é admitir
que não somos perfeitos e passarmos
a viver a experiência da ajuda mútua
pela busca de uma espiritualidade
verdadeira.
Todos ensinamos e aprendemos
quando somos família!
2. Culto nos relacionamentos
Uma vez que a nossa vida
é um culto a Deus, os nossos
relacionamentos devem fazer parte
dele, pois tudo deve ser para esse
fim: “Portanto, seja comendo, seja
bebendo, seja fazendo qualquer outra
coisa, fazei tudo para a glória de
Deus” (1Coríntios 10.31).
Como no templo e em casa,
a nossa vida deve ser culto
agradável a Deus nos nossos
relacionamentos com a sociedade
em geral.
Podemos ampliar a exigência bíblica,
pois “o que se requer de pessoas assim
encarregadas é que sejam encontradas
fiéis” (1Coríntios 4.2).
Essa fidelidade, que, em nossa lição,
se traduz numa vida ininterrupta de
culto a Deus, deve ser presente no
ambiente de trabalho, na escola e/ou
na faculdade.
A dedicação ao estudo deve ser
tamanha, porque é para a glória
74
de Deus, em primeiro lugar. Se
um estudante se empenhar para
que seus estudos sejam dignos de
culto ao Senhor, certamente esses
estudos serão capazes de fazer dele
um ótimo estudante, acumulando
conhecimentos para a vida e também
para atender às demandas de sua
complexidade, como os vestibulares,
por exemplo.
Não estou dizendo que, ao invés de
estudar, a pessoa deve ficar orando
em sala de aula. Definitivamente
não! Não defendo um retorno radical
ao pietismo. Estou afirmando que a
dedicação ao estudo, encarada como
um ato de glorificação a Deus, fará
desse estudante um brilhante aluno,
porque a consciência da glória de
Deus nos impulsiona para a excelência
em todas as coisas de que lançamos
mão (Eclesiastes 9.10). Um cristão
verdadeiro não deveria aceitar a
mediocridade nos estudos. É uma
questão de santidade.
De igual forma, as atividades
profissionais exercidas por um cristão
devem ser para a glória de Deus,
vividas como um ato de culto. Um
cristão, no exercício de uma função
pública, por exemplo, nunca aceitará
suborno, porque a ética que vem da
imagem e semelhança com o Criador,
restaurada em Jesus, o impedirá.
Santidade moral. É lamentável quando
um cristão não dá exemplo, porque
ele sabe que a sua vida deve glorificar
a Deus. Mais triste ainda é quando
“os de fora”, como alguns gostam de
Para pensar e agir
O cristão é aquele que vive para
cultuar, pelo profundo etendimento
bíblico de que todas as coisas devem
ser para a glória de Deus.
Mas, embora conscientes dessa
verdade, erramos, porque somos
pecadores. Só que não devemos
nos acomodar com a realidade da
natureza pecaminosa, pelo contrário,
devemos avançar em santificação.
Quando crianças, pensamos que
o limpo é aquele que pouco se suja.
Quando vamos amadurecendo,
constatamos que o limpo é
aquele que muito se lava. Isso é
uma realidade também na vida
espiritual. Pecamos, até mesmo não
intencionalmente, porque somos de
natureza humana, maculada pelo erro.
Viver é estar exposto ao erro e ao
acerto. Ao alcançarmos a maturidade
desse entendimento, buscamos nos
lavar, ou seja, nos santificar, para que
o culto da vida seja sincero.
A Bíblia é repleta de orientações
para a santificação. Reafirmamos
uma receita básica, que nos ajuda
na percepção e na assimilação da
vontade de Deus para nós: leitura da
Bíblia e oração.
O diálogo com o Criador faz a
criatura ser melhor!
Leituras Diárias
chamar, dão aula de ética para “os
de dentro”, e ainda dizem: mas não
é você que segue a Jesus que deveria
ser exemplo para nós?
Sei que este assunto causa
polêmica, mas, às vezes,
temos religiosos nas igrejas
e não cristãos. Temos pessoas
comprometidas com culturas de
guetos religiosos e não com os ensinos
transformadores de Cristo Jesus.
Seguem valores institucionais, mas
não vivem os valores bíblicos.
Não é sábio, nem santo, julgar as
pessoas, especialmente nesse quesito,
pois “quem é idôneo para essas
coisas?” (2Coríntios 2.16). É fato que
“não há um justo, nem um sequer”
(Romanos 3.10). Olhemos para nós e
nos avaliemos, diante de Deus.
Às vezes, somos tentados ao erro
de institucionalizar o pecado. O que
é isso? Criamos a nossa lista do que é
pecado. Com isso, pecado acaba sendo
o que eu não gosto de fazer e o outro
faz. Assim é fácil demais! Pecado não
é uma lista feita por mãos humanas.
Pecado é tudo o que Deus condena.
Ele tem a exclusiva autoridade e
competência de aceitar ou rejeitar o
culto que a nossa vida tem oferecido.
Como andam os nossos
relacionamentos? São dignos de culto
a Deus?
Segunda
Terça
Quarta
Quinta
Sexta
Sábado
Domingo
Salmos 131 e 132
Salmos 133, 134 e 135
Salmo 136
Salmos 137 e 138
Salmo 139
Salmos 140 e 141
Salmo 142
75
Data do Estudo
Licao 13
Texto Bíblico: Mateus 17.1-8, 14-20
Adoração e Missão
Introdução
C
hegamos ao fim de uma série
de estudos sobre princípios
bíblicos para o culto cristão.
Há muito que se falar sobre o assunto,
mas, durante o trimestre, pudemos
pelo menos oferecer lampejos,
“pontapés iniciais” para reflexões mais
profundas e extensas.
Hoje, veremos que a adoração da
igreja está intimamente relacionada
com a missão. Um tema chama o
outro. Adoração e missão andam de
mãos dadas, até porque adoração
76
sem consciência de missão pode
ser alienante, e missão sem
consciência de adoração pode ser
apenas uma militância ideológica.
Como família de Deus, temos
de fugir das águas correntes do
extremismo. Adotar um extremo
como estilo de vida é mais fácil que
buscar o equilíbrio. As circusntâncias,
até mesmo eclesiásticas, podem nos
empurrar para os extremos, assim
como as águas do mar fazem com um
bainhista, que, para sobreviver, fugirá
da correnteza.
Faz parte da mensagem cristã a
vida futura. O céu é um tema bíblico
e deve ser cantado e pregado nas
celebrações litúrgicas e fora delas. Mas
a esperança do céu deve nos levar
à missão e não à acomodação.
O reino de Deus é futuro, mas
também é presente. O “venha o teu
Reino” (Mateus 6.10), da oração
conhecida como Pai-Nosso, continua
e sempre continuará sendo verdade
absoluta de Deus. O problema não
é a vinda do reino de Deus, e sim
o comprometimento parcial dos
cristãos com ele. Temos falhado por
nos doarmos tão pouco à causa do
Reino, talvez pela ilusão da ocupação
com causas menores.
1. Adoração na Tranfiguração
Lemos o belíssimo relato da
Transfiguração. É um dos textos que
mais me encantam na Bíblia. Julgo-o
essencial para entender o significado da
adoração e da missão. Passar de lado
diante desse registro sagrado é perder
um elo precioso entre os Testamentos.
Seis dias depois da confissão de
Pedro em Cesareia de Filipe (Mateus
16.13-16), aconteceu o episódia da
Transfiguração. Ele não é um acaso
na história da igreja, porque Jesus
trabalhou por aproximados três anos
para que os discípulos entendessem
que Ele era o Messias, o enviado da
parte de Deus, e para que chegassem
à profundidade da adoração que leva
à missão.
Com a confissão, Jesus passa a
orientar os seus discípulos para outro
momento em sua trajetória terrena:
a morte de cruz (a paixão). Antes da
crucificação, era de suma importância
que os discípulos entendessem que
Jesus é o Emanuel, o Eterno, O DeusHomem. A Transfiguração é o ponto
central desse entendimento, porque
naquele monte os três discípulos da
linha de frente (Pedro, João e Tiago)
viram o Pai transfigurar o Filho: “o seu
rosto resplandeceu como o Sol e suas
roupas tornaram-se brancas como a
luz” (v.2).
Estava sendo anunciado o que Paulo
registrou em Colossenses 2.9: “[Em
Jesus] habita corporalmente toda a
plenitude da divindade”. Jesus não é
um homem comum; Ele é especial,
é divino, é o próprio Deus morando
entre a humanidade.
Ainda aparecem Moisés e Elias
conversando com Jesus. Lucas
informa o assunto da conversa deles:
“apareceram em glória e falavam
da sua partida, que ele estava para
cumprir em Jerusalém” (Lucas
9.31). Moisés tipifica a lei, e Elias, os
profetas. Diante dos discípulos,
portanto, estão a lei, os profetas e
a nova revelação: Jesus.
Na Transfiguração, os discípulos
aprenderam a centralidade cristológica
da adoração. Moisés e Elias foram
muito importantes, mas passaram.
Seus ministérios foram circunstanciais.
Jesus é diferente, pois o seu ministério
é perfeito, pleno, suficiente e cabal.
77
A igreja é de Cristo e qualquer voz
que tente competir com a dele, deve
ser refutada. Só Deus é digno de
adoração!
2. Missão na Transfiguração
Estava tudo tão bom lá em cima,
que Pedro sugeriu que ficassem por
lá mesmo: “Senhor, é bom estarmos
aqui; se quiseres, farei aqui três
tendas: uma para ti, outra para Moisés
e outra para Elias” (v.4). Essa proposta
excluía a missão e foi reprovada pelo
Pai.
Pedro e os outros discípulos
ficaram maravilhados com tudo o que
estavam vendo. Era um presente ver
Moisés, Elias e Jesus conversando,
especialmente no imaginário de
um judeu. Imaginem a emoção de
contemplar a lei, os profetas e o
Messias! Mas essa contemplação não
era o propósito de Deus para eles. A
Transfiguração tinha um sentido muito
mais profundo para o reino de Deus.
Pedro ainda estava falando e veio
uma nuvem, que os cobriu, e Deus
falou do meio dela: “Este é o meu
Filho amado, em quem me agrado;
a ele ouvi” (v.5). Pedro queria a
contemplação e Deus os estava
preparando para a missão.
Ficar no monte é muito bom, é
ótimo até, mas a vida cristã real
acontece no vale. O monte dá uma
ideia de estabilidade, mas a adoração
que ganha sentido prático acontece
no vale.
78
Os discípulos precisavam entender
que não seriam Moisés e Elias aqueles
que dariam suporte para a missão
no vale, mas Jesus Cristo, o Senhor
da igreja. Foi Jesus quem disse: “e
indo, pregai, dizendo: o reino do céu
chegou” (Mateus 10.7). E também:
“ide, fazei discípulos de todas as
nações (...) e eu estou convosco todos
os dias” (Mateus 28.19,20).
Interessante que os discípulos
ficaram com medo quando ouviram
a voz de Deus (v.6). Eles foram
confrontados diante de uma postura
equivocada, por mais que possa ter
sido bem intencionada.
Jesus os consolou, reanimandoos, e eles perceberam que não havia
mais ninguém a não ser Jesus (v. 7,8).
Vale a pena aproveitar e lembrar
que todos podem nos abandonar,
mas Jesus nunca nos abandona. Ele
tratou os discípulos e tem nos tratado
constantemente. Glória a Jesus!
Pensando em missão, o episódio
seguinte ao da Transfiguração é muito
apropriado. Os discípulos queriam
continuar na contemplação, mas, ao
descerem do monte, a vida real já se
apresentou duramente. Um homem
procura a Jesus e diz: “Senhor, tem
compaixão de meu filho, porque ele
tem convulções e sofre muito; pois
muitas vezes cai no fogo, e muitas
vezes, na água. Eu o trouxe aos teus
discípulos, mas eles não conseguiram
curá-lo” (v.15,16). Jesus reprovou os
discípulos, chamando-os de geração
incrédula e perversa (v.17). É claro que
Para pensar e agir
Jesus é o nosso modelo perfeito
de adoração e missão. Temos de
aprender com Ele e enraizar o ideal
maior de querer ser iguais a Jesus.
No fim do século 19, o pastor
americano Charles Sheldon
escreveu um livro que marcou
muitas gerações: “Em seus passos,
o que faria Jesus?”. A obra de
ficção, mas cheia de realismo,
fala de uma igreja em que o
pastor Maxwell ia muito bem
até que lá chegasse um bêbado.
Durante décadas, esse livro foi
o mais lido depois da Bíblia. Ele
inspirou, no passado, muitos
cristãos a se despojarem de bens
para colocarem em primeiro lugar
o reino de Deus, principalmente
vendo no próximo a figura de
Jesus.
Tomando emprestada a questão
levantada por Charles Sheldon,
concluindo a lição – e também o
trimestre – sugiro que, em todas
as circunstâncias da vida, nos
perguntemos: em meus passos (ou
em meu lugar) o que faria Jesus, aqui
e agora?
Leituras Diárias
Jesus também expulsou o demônio,
contemplando, assim, o pedido
daquele pai (v.18).
No monte Jesus é glorificado, no
vale os demônios agem ferozmente.
Volto a dizer que adoração e missão
têm de andar de mãos dadas
porque é no mundo, ou seja, no
meio das pessoas que Jesus nos
quer como sinalizadores do seu
Reino. É no vale que acontece o
nosso ministério.
Temas como esperança, paz e
justiça também precisam fazer parte
dos repertórios das músicas e dos
sermões nas celebrações litúrgicas. Os
cultos devem abordar a adoração, sem
falhar com a missão. Noutras palavras,
cumprir a missão é expressão de
adoração.
Devemos entrar no templo com
mente e coração voltados para a
adoração, mas devemos sair dele
inflamados com a missão. A igreja se
reúne e se espalha. Tão importante
quanto a sinceridade da adoração
para a reunião, é o compromisso
com a missão para o envio. Sair do
templo é sair para o nosso campo
missionário.
Um dos momentos que mais me
comovem no culto (são tantos, na
verdade) é quando dispeço os meus
irmãos em nossa igreja com a bênção
pastoral em nome de Jesus. Mexe
comigo saber que aquele povo,
espalhado pela cidade, está em
missão, na autoridade do Supremo
Comissionador.
Segunda
Terça
Quarta
Quinta
Sexta
Sábado
Domingo
Salmo 143
Salmo 144
Salmo 145
Salmo 146
Salmo 147
Salmos 148 e 149
Salmo 150
79
Currículo 2013
Primeiro Trimestre
Adoração e adoradores
Princípios bíblicos para o culto cristão
Pr. Elildes Fonseca
Segundo Trimestre
Libertos para Servir – Lições Gálatas
Pr. Davi Freitas
Revista da Convenção Batista Fluminense
Ano 10 - nº36 - Janeiro/Fevereiro/Março de 2013
Diretor Executivo: Pr. José Maria de Souza
Diretoria da Convenção Batista Fluminense:
Presidente - Pr. Geraldo Geremias
Primeiro Vice-Presidente – Pr. Nilson Gomes Godoy
Segundo Vice Presidente – Pr. Ceza Alencar Rodrigues Duarte
Terceiro Vice-Presidente – Pr. José Laurindo Filho
Primeira Secretária – Jane Célia da Silva Rodrigues
Segundo Secretário – Pr. Gerson Januário
Terceiro Secretário – Pr. Juvenal Gomes da Silva
Quarto Secretário – Pr. Ozéas Dias Gomes da Silva
Diretor de Educação Religiosa:
Pr. Marcos Zumpichiatte Miranda
Terceiro Trimestre
Vidas que marcaram seu tempo Personagens do antigo testamento
Pr. José Gomes
Quarto Trimestre
Viva bem – Provérbios
Pr. Antonio Regly
Seja mordomo
Algumas Igrejas poderão estar recebendo mais
revistas que o número de jovens e adultos
matriculados na EBD ou em outro grupo de estudo
bíblico. Por favor, avise a Convenção se for este o
seu caso. Queremos investir seu dízimo também em
outros projetos.
Veja no novo site:
sugestões didáticas
Redação: Pr. Marcos Zumpichiatte Miranda
Revisão Bíblico-Doutrinária:
Pr. Francisco Nicodemos Sanches
Pr. Paulo Pancote
Patricia Conceição Grion
Pr. Oswaldo Luiz Gomes Jacob
Revisão Geral: Adalberto de Souza
Produção Editorial: oliverartelucas
Direção de Arte: Rogério de Oliveira
Projeto Gráfico: Vitor Coelho
Diagramação: Andréa Menezes
Distribuição:
Telecarga Express Transporte Rodoviário Ltda
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Esta revista foi elaborada pela Convenção
Batista Fluminense, com o dízimo dos
crentes batistas, com a participação de
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